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CINESIOLOGIA E 
BIOMECÂNICA APLICADAS 
AO EXERCÍCIO
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Vinícius Morato
Indaial - 2019
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M831c
 Morato, Vinícius da Silva
Cinesiologia e biomecânica aplicadas ao exercício. / Vinícius 
da Silva Morato. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
152 p.; il.
ISBN 978-85-7141-386-3 
ISBN Digital 978-85-7141-387-0
1.Cinesiologia. - Brasil. 2. Biomecânica. - Brasil II. Centro Univer-
sitário Leonardo Da Vinci.
CDD 612.044
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
SISTEMA MUSCULAR .....................................................................7
CAPÍTULO 2
CINESIOLOGIA ..............................................................................61
CAPÍTULO 3
SISTEMA LOCOMOTOR .............................................................105
APRESENTAÇÃO
O que é Cinesiologia? O que é Biomecânica? São a mesma coisa? Por 
que estudá-las? Onde e como aplicá-las? Quais conceitos, sistemas, tipologia, 
funções, estruturas, mecanismos que compõem esses estudos? Questões como 
estas serão abordadas e esclarecidas no decorrer deste livro, através de uma 
abordagem sucinta, porém dinâmica, englobando desde o básico ao complexo, 
buscando a contextualização com a realidade.
Serão apresentados desde a definição e constituição de um músculo ao 
sistema de alavancas, tal percurso denotará em três capítulos intitulados: Sistema 
Muscular, no qual serão apresentados a tipologia muscular, os componentes e 
composições, os nomes e seus papéis nos principais movimentos; Cinesiologia, 
no qual denotaremos o que é e o porquê de estudá-la, uma análise mais 
científica dos músculos e as variações das posições do corpo; por fim, o Sistema 
Locomotor, que apresentará todos os componentes que o envolvem, suas 
características fisiológicas e mecânicas originando o sistema de alavanca.
Atualmente, as equipes profissionais de diversos esportes, principalmente 
os esportes individuais, como os de lutas, vêm investindo cada vez mais em 
contratação de profissionais da área de fisiologia, cinesiologia e biomecânica, 
visando à otimização do rendimento no treinamento, buscando uma melhor 
performance em competições, pois com o domínio dessas ciências há uma 
tendência maior em traçar uma estratégia que envolve a relação de controle do 
treino e nutrição. Conhecer cientificamente o movimento específico de um gesto 
motor pertencente a uma modalidade específica semelhante ao tipo de recurso 
alimentar que possa potencializar e fornecer mais energia para tal, aumentando 
sua eficácia, torna-se uma vantagem para atletas de elite.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
SISTEMA MUSCULAR
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
Saber: o aluno conhecerá a constituição de um músculo, seu funcionamento, 
finalidades, tipos, sua manutenção para melhor eficácia e seu papel no movimento 
humano aplicado no exercício e no esporte.
Fazer: o aluno saberá identificar a localização de um músculo específico, suas 
ações e seu papel em um determinado movimento, paralelo à compreensão de 
cuidados e aplicações para manter uma musculatura saudável e eficaz.
8
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
9
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O que se entende quando ouvimos e/ou lemos a nomenclatura sistema 
muscular? É bem simples, trata-se de todo um conjunto de músculos existentes 
no nosso corpo que é totalmente responsável por uma série de funções. Que 
funções são essas? São várias, por isso se chama sistema! O sistema muscular 
é considerado o maior sistema orgânico do corpo humano, responsável pela 
geração de calor (energia térmica) para todo o organismo, é responsável também 
pelo equilíbrio postural, sustentação, circulação sanguínea e está totalmente 
ligado a qualquer tipo de movimento, seja dinâmico (em movimento) ou estático 
(no qual o corpo se encontra parado, porém, há contração muscular) (MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2016).
A estrela, ou como podemos dizer, o protagonista que terá todo o nosso foco 
neste capítulo, será o músculo, por isso precisamos entender o que realmente ele 
é, do que ele é formado, suas características e classificações, o que faz o músculo 
funcionar e que recursos são utilizados para um melhor funcionamento, quais 
tipos de músculos existem e quais suas funções em determinados movimentos.
Já parou para analisar que exatamente nesse momento em que você está 
lendo esse parágrafo, nosso sistema muscular está trabalhando em pleno vapor? 
Que ao usar o dedo no mouse, ou clicar no teclado para rolar a página, até 
mesmo nos movimentos dos olhos para acompanhar o texto, diversos músculos 
estão atuando? Então pare para fazer essa análise e observe a magnitude desse 
sistema.
2 O QUE É UM MÚSCULO? DE QUE 
É FORMADO E QUAIS SÃO SEUS 
COMPONENTES?
Para falarmos sobre um sistema, seja ele qual for, precisamos conhecer 
e entender seus componentes, como um sistema específico de um carro, mais 
precisamente o sistema de aceleração, no qual para entendê-lo, devemos conhecer 
quais peças fazem parte e qual a função de cada uma para o funcionamento geral 
desse sistema. Seguindo essa premissa, teremos agora acesso a uma básica e 
breve noção sobre conceitos e definições relacionadas aos músculos.
10
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Informações mais detalhadas sobre esse tema encontram-se 
em obras de anatomia e fisiologia geral e esportiva, como os livros 
citados a seguir. 
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
PAULSEN, F.; WASCHKE, J.; PASSOS, M. A. R. F. Sobotta - Atlas 
de anatomia humana. v. 1, 2 e 3. São Paulo: Grupo Gen, 2018. 
FIGURA 1 – EXEMPLOS DE MÚSCULOS ESQUELÉTICOS 
SUPERFICIAIS DO CORPO HUMANO
FONTE: https://www.passeidireto.com/arquivo/34755473/sistema-
muscular-do-corpo-humano. Acesso em: 2 jul. 2019.
O que é um músculo? O músculo é um órgão formado por fibras contráteis 
(células longas que possuem miofibrilas que ajudam na movimentação corporal), 
controladas por um outro sistema (Sistema Nervoso Central), é de cor vermelha 
devido à existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue nas 
fibras musculares. Podem estar ligados diretamente à nossa estrutura óssea, 
denominando-se músculos esqueléticos, essas são estruturas que cruzam 
articulações executando vários tipos de movimento; ou fazem parte da estrutura 
11
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
de órgãos e/ou aparelhos, no qual chamam-se músculos viscerais. Os músculos 
representam entre 40 a 50% do peso corporal total, somando mais de 650 
músculos no corpo humano, cada um tendo um papel específico para executar. 
Quimicamente dizendo, as fibras são compostas por proteínas estruturais, como 
actina e miosina; mioglobina; substâncias energéticas como o glicogênio; além de 
enzima, íons de cálcio e fosfatos livres.
Miofibrilas: organelas cilíndricas formando diversos feixes 
longitudinais que ocupam quase todo o citoplasma das células 
musculares. Quando elas entram em contato com a membrana 
celular, tornam-se responsáveis pelo processo decontração 
muscular.
FIGURA 2 – VISÃO ORGANIZACIONAL DOS COMPONENTES MUSCULARES
FONTE: https://docplayer.com.br/47001184-Tema-b-organizacao-
microsacopica-e-contracao-muscular.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
O músculo contém água (aproximadamente 75% de seu peso é água), 
proteínas (16 a 22%), gordura (entre 1,5 a 13%), carboidratos (0,5 a 1,3% do peso 
muscular, falando apenas do glicogênio) e constituintes inorgânicos. A água é o 
principal constituinte dos fluidos extracelulares e várias substâncias químicas são 
dissolvidas ou despejadas nela, por isso, a água age como um meio de transporte 
dessas substâncias, entre a camada vascular e as fibras musculares. A matéria 
12
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
sólida muscular é formada principalmente pelas proteínas que são classificadas, 
geralmente, por sua capacidade de se dissolver no sarcoplasma, miofibrilas e do 
estroma. Existe também nos músculos a presença de outros compostos, que são 
as substâncias nitrogenadas, como as substâncias nitrogenadas não proteicas, 
que incluem vários compostos químicos (aminoácidos, peptídeos simples, 
creatina, creatina fosfato, creatinina, vitaminas, nucleosídeos e nucleotídeos, 
incluindo adenosina trifosfato (ATP)) (WILMORE; COSTILL, 2001). 
Com relação à gordura, a quantidade é variável (pois depende da 
individualidade e contextualização de cada ser humano), constituindo-se 
praticamente apenas de lipídios neutros (triglicerídeos) e fosfolipídios. No que 
diz respeito a carboidratos, o músculo apresenta, em média, uma quantidade 
pequena. O glicogênio é o carboidrato mais presente no músculo, pois a maioria 
dos outros carboidratos consiste em glicosaminoglicanos, glicose e outros mono 
ou dissacarídeos e intermediários do metabolismo glicolítico. Além de todas essas 
substâncias, o músculo contém vários constituintes inorgânicos, entre eles cálcio, 
magnésio, potássio, sódio, ferro, fósforo, enxofre e cloro. 
Os músculos se dividem em nove grupos pelo corpo: cabeça, pescoço, 
abdômen, região posterior do tronco, tórax, membros inferiores, membros 
superiores, órgãos dos sentidos e períneo. Dentre as principais funções dos 
músculos, podemos citar:
• A produção de movimentos: que podem ir desde os mais simples, 
que são os movimentos naturais (andar, engatinhar, pular) aos mais 
complexos (escrever, rebater uma bola, executar um golpe).
• Estabilização corporal: a contração muscular esquelética atua como 
estabilizador articular, produzindo o equilíbrio, permitindo algumas 
posturas, como ficar em pé ou simplesmente sentar.
• Controle do volume dos órgãos: a contração sustentada das faixas 
anelares dos músculos lisos (como os esfíncteres) pode impedir a saída 
do conteúdo de um órgão oco.
• Movimentação e transporte de substâncias intercorporal: a 
intensidade do fluxo sanguíneo é controlada pelos músculos lisos das 
paredes dos vasos. Nutrientes e oxigênio são levados aos músculos pela 
corrente sanguínea através do movimento (bombeamento) do músculo 
cardíaco.
• Produção de calor: há manutenção da temperatura corporal a partir de 
uma quantidade de calor produzida em uma contração muscular.
Consequentemente, os músculos são os órgãos que melhor se adaptam à 
realidade do sujeito, seja ele uma pessoa normal ou um atleta de elite. Podemos 
citar dois exemplos, um em cada tipo de músculo diferente. No caso dos músculos 
13
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
viscerais, podemos apontar o coração, que é considerado um órgão 
nobre que se adapta à necessidade do ser humano. Consequentemente, 
o coração dos praticantes de exercícios e atletas tem a estrutura 
cardíaca modificada naturalmente para suprir as necessidades do 
corpo, a hipertrofia do ventrículo esquerdo e o aumento da espessura 
da veia aorta são um exemplo de adaptação fisiológica estrutural, pois 
na necessidade de melhor e maior bombeamento sanguíneo para levar 
maior quantidade e mais rápido os nutrientes e o oxigênio para todo o 
corpo buscando sua melhor performance, essas estruturas se modificam 
e se adaptam. Já os músculos esqueléticos, através do exercício físico, 
podem desenvolver maior volume e aumentar seu ganho de força e/ou 
resistência. 
2.1 TECIDO FASCIAL 
Antes de avançarmos em nosso estudo para entendermos o funcionamento 
muscular, seja estrutural ou como parte de um sistema, precisamos entender e 
saber que os músculos não trabalham de maneira individual ou em grupos e que 
não são os únicos responsáveis pelo movimento. Existe uma rede sistemática 
de diversos componentes que fazem parte desse processo, que vão desde 
mecanismos neurais a tecidos conjuntivos. Por isso, essa seção fará, de certa 
maneira, uma espécie de introdução para a próxima etapa.
Ao fim deste capítulo, você entenderá que o sistema muscular é caracterizado 
por apresentar todo um complexo sistema de sustentação, contenção, ligação, 
envolvimento e proteção, além, é claro, de estar presente em todos os 
compartimentos e cavidades corporais. 
O tecido fascial (ou sistema fascial) tem participação direta em todo esse 
sistema. Caracteriza-se por ser uma estrutura viscoelástica formada por tecidos 
conjuntivos presente em todo o corpo, sendo composta principalmente por tecido 
conectivo, ou seja, promove também conexões (os tecidos conectivos estão 
presentes na maioria dos tecidos que participam de ações durante os exercícios 
físicos). 
O coração dos 
praticantes de 
exercícios e atletas 
tem a estrutura 
cardíaca modificada 
naturalmente 
para suprir as 
necessidades do 
corpo, a hipertrofia 
do ventrículo 
esquerdo e o 
aumento da 
espessura da 
veia aorta são 
um exemplo 
de adaptação 
fisiológica estrutural.
14
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 3 – IMAGEM DO TECIDO FASCIAL INTRA E EXTRAMUSCULAR
FONTE: https://anatomiaefisioterapia.com/2018/05/07/
redescobrindo-a-fascia-muscular/. Acesso em: 2 jul. 2019.
As bainhas em torno dos nervos e vasos, os órgãos, a constituição 
do peritônio e da pleura, a junção do osso ao osso, músculo ao osso 
e as bandas tendíneas são exemplos de elementos estruturais e 
funcionais que sofrem interferência direta do tecido fascial, seja como 
proteção, constituição e/ou auxílio em formação. Em uma visão mais 
geral, o tecido fascial penetra e envolve todos os órgãos, músculos 
(individualmente e em todas a conexões), ossos, tecidos fibrosos 
(ligamentos, tendões, retináculos, cápsulas articulares) e fibras 
nervosas. Encontram-se em todas as direções e sentidos do corpo, sendo o único 
sistema conectivo que tem como característica se interligar a todos os músculos 
simultaneamente, criando um ambiente funcional único para todos os sistemas 
do corpo, ou seja, literalmente, o tecido fascial permite que todos os sistemas 
trabalhem interligados em um ambiente comum a todos.
Caracterizado como um sistema multifuncional (várias funções), o 
sistema fascial tem como principal importância seu papel na manutenção e na 
estabilização da postura ereta do corpo, porém, também tem importante papel na 
proteção intermuscular, ou seja, ele impede que haja atrito de um músculo com 
outro. Dependendo da área corporal, as fáscias podem ser extremamente finas e 
frágeis ou fortes e resistentes. As fáscias se subdividem em dois grupos, sendo 
eles:
Superficial: encontra-se unida na camada inferior à pele. É composta por 
O tecido fascial 
permite que 
todos os sistemas 
trabalhem 
interligados em um 
ambiente comum a 
todos.
15
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
tecido fibroelástico, estruturas vasculares sanguíneas e linfáticas, gordura e 
terminações nervosas, há a presença dos corpúsculos de Pacini e dos receptores 
cutâneos de pressão.
Profunda: como o nome já diz, encontra-se em áreas mais profundas, como 
áreas intramusculares (envolve e separa os músculos) e/ou se aderindo em 
proeminências ósseas. Possui uma fáscia dura, resistente e compacta.
Corpúsculo de Pacini: terminação nervosa periféricaque faz 
papel de receptor mecânico.
FIGURA 4 – IMAGEM DA LOCALIZAÇÃO DAS FÁSCIAS 
MUSCULARES SUPERFICIAIS E PROFUNDAS
FONTE: https://www.facebook.com/abfascias/photos/
d41d8cd9/1901136373539910/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Agora que temos uma breve noção de que o músculo não trabalha sozinho 
no corpo humano, podemos entender como o músculo funciona em sua estrutura 
interna e em todo o sistema muscular.
16
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
3 O QUE FAZ UM MÚSCULO 
FUNCIONAR?
Acabamos de entender que o músculo não tem vida própria, certo? Ou será 
que ele resolve se contrair e criar movimentos do nada? Claro que não, seria uma 
loucura, não é? Já imaginou você, querendo dormir, mas seus músculos resolvem 
dançar? Obviamente algo ou alguém é responsável pelo seu funcionamento 
além de toda uma estrutura química. Alguém dá as ordens! Há um general, e os 
músculos, como bons soldados, seguem essa ordem de maneira perfeita. É uma 
hierarquia corporal, mas quem será que dá as ordens? Como essas ordens chegam 
ao conhecimento dos músculos? Como estes respondem? Essas são algumas 
das perguntas que serão respondidas nas próximas seções. Agora faremos uma 
pergunta diferenciada com um outro objetivo, e gostaríamos que você a fixasse e 
aplicasse em cada parte da leitura desta seção, procurando respondê-la de maneira 
resumida, clara e objetiva. Ao final desta seção, apresentaremos a resposta e você 
reflitará se está de acordo com a sua análise, se há a necessidade de alteração ou 
não, combinado? A pergunta é a seguinte: O que faz um músculo funcionar?
3.1 SISTEMA NERVOSO CENTRAL
O general se chama sistema nervoso e é responsável por enviar estímulos 
à musculatura, e baseado nesses estímulos, todo um sistema é solicitado para 
trabalhar, desde o oxigênio e os nutrientes levados pela corrente sanguínea ao 
músculo até o movimento corporal propriamente dito. Você se lembra de que 
falamos um pouco sobre o sistema fascial? Então, o sistema nervoso utiliza esse 
sistema para conduzir as ações motoras. A reação do procedimento de contração 
muscular ocorre devido à combinação de impulsos neurais inibitórios (quando o 
sinal produzido na membrana pós-sináptica for de hiperpolarização, a ação 
resultante será inibitória do potencial de ação) e excitatórios (quando o sinal 
produzido na membrana pós-sináptica for a despolarização, iniciando o potencial 
de ação), que transmitem estímulos contínuos aos neurônios e determinam seu 
potencial de ação para a excitação, assim, os impulsos excitatórios se sobressaem 
aos impulsos inibitórios das fibras musculares, resultando numa contração e 
estimulando o recrutamento de unidades motoras (são essas unidades funcionais 
que são responsáveis pelo fenômeno do controle neuromuscular no que diz 
respeito à parte final de toda a estrutura desse processo) (MAIOR; ALVES, 2003; 
WILMORE; COSTILL, 2001).
Imagine dois carros, um vermelho e um azul paralelos e em movimento na 
mesma velocidade, pois recebem a mesma energia, e você tem o poder de apertar 
um botão para gerar em um desses carros uma energia extra, contudo, em cada 
17
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
carro há uma reação. Enquanto o carro azul ao receber mais energia se torna mais 
veloz, o carro vermelho ao receber mais energia se torna mais lento. Digamos que 
a ação excitatória do músculo seja a energia extra no carro azul e que esse botão, 
para ter efeito, depende de alguns mecanismos, os mecanismos neurais! 
O que é uma unidade motora? É um conjunto de elementos funcionais 
formado por um motoneurônio (neurônios motores) e todas as fibras musculares 
que ele inerva, assim, essas fibras, de maneira sincronizada, sofrem ativação por 
um axônio motor, resultando na contração, como podemos ver na figura a seguir. 
FIGURA 5 – IMAGEM DE UMA UNIDADE MOTORA
FONTE: https://www.saberatualizado.com.br/2016/06/como-explicar-
nossos-momentos-de-super.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
Existem dois tipos de motoneurônios:
• Pequenos: aqueles que inervam poucas fibras musculares, formando 
unidades motoras capazes de produzir menos força. 
• Grandes: aqueles que inervam maior quantidade de fibras musculares, 
formando unidades motoras maiores e mais potentes, consequentemente, 
gerando mais força.
Como supracitado, essas contrações são comandadas pelo sistema nervoso 
central através dos mecanismos neurais. Com relação a esses mecanismos, 
daremos ênfase para o órgão tendinoso de Golgi (OTG) e para os fusos 
musculares. 
18
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
3.2 MECANISMOS NEURAIS - ÓRGÃO 
TENDINOSO DE GOLGI (OTG)
O órgão tendinoso de Golgi está localizado entre os tendões e as fibras 
musculares, exatamente onde ocorre essa junção, misturando-se entre as 
fibras de colágeno que respondem instantaneamente a estímulos de variação 
do comprimento do músculo, assim como o aumento de tensão, provocando 
um relaxamento reflexo. Quando os tendões recebem uma carga de tensão 
extrema, os receptores do órgão tendinoso de Golgi enviam um grande comando 
de ação para as fibras conducentes do seu nervo sensorial, que seguem para a 
membrana plasmática da célula muscular desenvolvendo um efeito inibitório nos 
motoneurônios (que são responsáveis pelo relaxamento do músculo), diminuindo 
a carga de tensão. O que isso quer dizer? Esse mecanismo é um sistema de 
proteção reflexo, que atravanca (trava, diminui) a ação muscular, limitando e 
controlando a contração. 
FIGURA 6 – ÓRGÃO TENDINOSO DE GOLGI
FONTE: https://www.slideshare.net/dimitryjunior/fundamentos-
da-avaliao-neurolgica. Acesso em: 2 jul. 2019.
É como o papel de um disjuntor no quadro de luz. Para evitar um curto-circuito e 
uma provável tragédia, ou simplesmente a perda de um eletrodoméstico, o disjuntor, 
quando recebe uma carga excessiva de eletricidade, desarma, ou seja, ele deixa 
de ser condutor de energia e a corrente elétrica é cortada, não passando para os 
eletrodomésticos, tomadas etc. O órgão tendinoso de Golgi é o nosso disjuntor.
19
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 7 – FUSO MUSCULAR
FONTE: https://docplayer.com.br/115012146-Aula-2-neurofisiologia-
do-movimento.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
3.3 MECANISMOS NEURAIS - FUSO 
MUSCULAR
O segundo componente dos mecanismos neurais que temos como ênfase é o 
fuso muscular. Esses são os receptores de flexibilidade ativos na nossa musculatura, 
logo, são acionados por qualquer alteração muscular no que diz respeito ao avanço 
sobre o limiar de extensão. Quando tal fato ocorre, o fuso muscular envia informações 
sensoriais à medula, que responde de imediato (resposta reflexa). Essa resposta 
reflexa é transformada em excitação tônica das fibras musculares extrafusais pelos 
neurônios motores do tipo alfa. É esse fenômeno tônico que permite que um certo 
nível de tensão permaneça em um músculo mesmo estando em repouso, este 
acontecimento é conhecido como tônus muscular.
20
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Além dos neurônios motores do tipo alfa, o tônus muscular também sofre 
interferência de outro neurônio, localizado na ponta anterior da medula: o neurônio 
motor tipo gama (ver Figura 9). O que ele faz? Seu axônio é como o cabo USB do 
carregador de um celular, ele leva a eletricidade da tomada ao telefone, esse cabo 
é um axônio (ver Figura 5), acompanha o axônio do neurônio motor alfa chegando 
até o músculo esquelético, fazendo sinapse (sinapse é o local exato onde 
ocorre a junção entre dois neurônios, ali a atividade elétrica de um influencia a 
atividade do outro, resultando na sinapse excitatória ou inibitória, como já falamos 
anteriormente) com a fibra do fuso muscular, contraindo as suas extremidades. 
Isso ocasiona a diminuição de tensão da região central do fuso, incentivando o 
reflexo monossináptico (mono = um, ou seja, apenas uma sinapse) elevando a 
tensão no músculo.
Axônio: é uma parte do neurônio que é responsável pela 
condução do impulsoelétrico do corpo celular até o músculo.
FIGURA 8 – IMAGEM DE UMA SINAPSE, JUNÇÃO ENTRE DOIS NEURÔNIOS
FONTE: https://psicoativo.com/2017/01/sinapses-partes-funcoes-
e-tipos-de-sinapses.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
21
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
Cada fuso muscular é composto por:
• Cápsula: bainha de tecido conjuntivo que recobre as fibras intrafusais.
• Fibras intrafusais: são fibras musculares que se localizam dentro do 
fuso muscular.
• Fibras aferentes (sensoriais e motoras): fibras que captam a informação 
e levam para o centro nervoso.
As fibras intrafusais (como o próprio nome já diz “intra” = dentro; interno) 
se encontram no interior do fuso muscular. Essas fibras não são contráteis e 
não possuem miofibrilas na sua porção central, contudo, em suas extremidades, 
contêm fibras que se contraem quando estimuladas pelos neurônios motores, 
nesse caso, o neurônio motor gama. Um típico fuso muscular é composto por 
duas fibras de saco nuclear e um número variável de fibras de cadeia nuclear 
(geralmente, em média, contém cinco).
FIGURA 9 – IMAGEM DE UM SISTEMA NEUROMUSCULAR
FONTE: https://slideplayer.com.br/slide/363271/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Já as fibras eferentes motoras do tipo gama, que se distribuem nas 
extremidades contráteis das fibras intrafusais, têm como função o controle 
do comprimento do músculo, independente do estado em que se encontra 
(alongado ou encurtado). O encurtamento, nesse caso, ocorre somente nas 
22
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
suas extremidades, onde estão presentes os filamentos de actina e de miosina 
(proteínas contráteis) que são responsáveis pela ação de encurtamento da linha 
M durante a contração (a linha M faz parte do sarcômero, localizada em uma 
região chamada zona H, que é composta exclusivamente por filamentos grossos 
(miosina), que se encontram entre os filamentos finos (actina)).
Quando acontece a ativação das fibras aferentes, imediatamente a medula 
recebe essa informação, produzindo uma ação reflexa dos motoneurônios, que 
dirige a contração com maior força, diminuindo o estímulo de estiramento. Esse 
sistema de contração é responsável por evitar lesões como a hiperextensão 
muscular e é conhecido como reflexo do estiramento, pois quando há uma 
contração muscular, a coativação dos motoneurônios tipo alfa e gama garante a 
atividade permanente do fuso muscular. 
Para um entendimento mais específico e detalhado sobre o 
sistema nervoso central e mecanismos neuromusculares, consulte 
os seguintes livros de fisiologia do exercício.
MAIOR, A. S. E.; ALVES. A. A contribuição dos fatores neurais 
em fases iniciais do treinamento de força muscular: uma revisão 
bibliográfica. Motriz. Rio Claro, v. 9, n. 3, p. 161-168, 2003.
WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do 
exercício. 2. ed. São Paulo: Manole, 2001.
3.4 BIOQUÍMICA MUSCULAR
Além de todo o funcionamento estrutural comandado pelo sistema nervoso 
central, há também elementos e substâncias químicas que estão presentes 
e atuantes em todo o processo, estas são produzidas pelo próprio corpo e/ou 
oriunda externamente, é por isso que uma alimentação saudável, paralela à 
hidratação, contribui para a manutenção e o funcionamento do nosso corpo.
Através dessa união (alimentação e hidratação), temos acesso a vários 
nutrientes e macronutrientes que serão utilizados em todo o processo de 
funcionamento muscular (e de todos os outros sistemas), um rápido exemplo: 
23
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
o hidrato de carbono (carboidrato) é armazenado nos músculos e no fígado 
na forma de glicogênio, que é a primeira fonte de energia utilizada durante o 
exercício, exercendo assim funções, como fonte de energia, preservação das 
proteínas, ativador metabólico e combustível para o sistema nervoso central. A 
proteína é um dos nutrientes que desempenha maior número de funções nas 
células, fazendo parte da estrutura básica dos tecidos e desempenhando funções 
metabólicas relevantes (transporte de oxigênio etc.). A gordura, apesar de não 
representar fonte energética determinante durante um momento específico de 
uma ação, exerce papel essencial no metabolismo (WEINECK, 2000; MORATO, 
2016). 
Já foi observado, por exemplo, que os atletas que consumiam 
baixos valores de gordura e altos valores de hidratos de carbono 
apresentaram maior força muscular e maior velocidade em seus 
movimentos (WILMORE; COSTILL, 2001; MORATO, 2016). De fato, 
para todo o mecanismo do corpo funcionar perfeitamente e melhor, 
há a necessidade de recursos suplementares naturais, simplesmente, 
uma boa alimentação. Esse tema foi abordado bem superficialmente no 
intuito de apenas mostrar que há todo um conjunto que faz parte do 
funcionamento de um simples músculo. 
Voltando ao nosso “protagonista”, como dito anteriormente, os músculos são 
constituídos de fibras, que são compostas por proteínas estruturais. Fazendo um 
apanhado geral, no caso das miofibrilas, estas são constituídas por proteínas 
contráteis chamadas actina e miosina. Há nas fibras também a presença de uma 
proteína semelhante à hemoglobina, a mioglobina, responsável não só pela cor 
avermelhada do músculo, mas também é responsável pelo transporte do oxigênio 
para as mitocôndrias. Além disso, as fibras possuem substâncias energéticas, 
necessárias para o trabalho muscular, como o glicogênio. Como são células com 
grande atividade metabólica, as fibras musculares apresentam grande quantidade 
de enzima, íons de cálcio e fosfatos livres.
Para todo o 
mecanismo do 
corpo funcionar 
perfeitamente 
e melhor, há a 
necessidade 
de recursos 
suplementares 
naturais, 
simplesmente, uma 
boa alimentação.
24
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 10 – EXEMPLO DE MOLÉCULAS DE PROTEÍNAS ACTINA E MIOSINA E 
MOLÉCULAS DE PROTEÍNAS REGULADORAS TROPONINA E TROPOMIOSINA
FONTE: https://mind42.com/public/4c81972b-0730-4f90-
8f6b-895dfe02c23a. Acesso em: 2 jul. 2019.
Quando falamos de porcentagem, 75 a 80% das proteínas miofibrilares 
são formadas pelas proteínas miosina (50 a 55% das proteínas miofibrilares 
caracterizam-se por sua grande proporção de aminoácidos carregados (positiva 
ou negativamente)) e actina (20 a 25%), enquanto o restante é constituído pelas 
proteínas reguladoras da função muscular, atuando direta ou indiretamente no 
complexo adenosina trifosfato-actina-miosina. As principais proteínas reguladoras 
são a tropomiosina e troponina (entre 16 a 20% das proteínas miofibrilares 
são formadas pela tropomiosina e troponina juntas (que estão associadas ao 
filamento de actina)). A tropomiosina é responsável pela sensibilidade do sistema 
actomiosina ao cálcio, que libera a contração, e a troponina é a proteína que 
recebe esse íon (Figura 10); há ainda as proteínas da linha M (creatina quinase, 
miomesina e proteína M), α actinina, proteína C e β actinina, que se enquadram 
também como proteínas reguladoras. Como será apresentado na Figura 11, 
durante a contração muscular, as cabeças de miosina formam ligações com os 
filamentos de actina, originando a actomiosina, proporcionando um estado de 
rigidez e de relativa inextensibilidade muscular. Na fase de relaxamento muscular, 
essas ligações se rompem, por isso, quando o músculo está em repouso 
praticamente não existem ligações. 
25
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 11 – O MOMENTO EM QUE AS CABEÇAS DE MIOSINA 
FAZEM LIGAÇÕES COM OS FILAMENTOS DE ACTINA
FONTE: https://www.youtube.com/watch?v=j-5959hSHCc. Acesso em: 2 jul. 2019.
Assim como um carro precisa de combustível para funcionar, o nosso 
músculo também precisa de uma fonte de energia para realizar algumas funções, 
no caso do processo de contração, a principal fonte de energia usada se 
chama adenosina trifosfato, ou simplesmente “ATP”, e é justamente no 
processo de contração que o músculo necessita de maior quantidade de 
energia. O mecanismo mais eficiente para a quebrada molécula de ATP 
consiste numa série de reações decorrentes do metabolismo aeróbico. 
Estas reações envolvem a glicólise (é a sequência das reações que 
convertem a glicose em ácido pirúvico, com produção simultânea de 
ATP) e o ciclo do ácido tricarboxílico. A glicólise é um meio de obtenção 
rápida de ATP sob condições anaeróbicas. 
Quando o músculo contrai rapidamente, o suprimento de oxigênio 
torna-se insuficiente para uma nova quebra da molécula de ATP via 
metabolismo aeróbio, havendo um acúmulo de íons hidrogênio no 
músculo (ocasionando a produção de ácido lático), permitindo que 
a glicólise se processe rapidamente em conjunto à menor produção 
de energia e diminuição do pH sanguíneo (aumento de acidez). Esse 
evento ocasiona a fadiga, que resulta no mal funcionamento muscular, 
uma vez que a falta de energia e o acúmulo de acidez fazem com que 
o músculo não consiga mais contrair. Para o músculo se recuperar 
da fadiga, o ácido lático acumulado é transportado pela corrente 
sanguínea até o fígado, no qual é reconvertido em glicose e o ATP então 
é novamente produzido através do processo aeróbico normal. Sabe 
Sabe quando você 
resolve dar uma 
corridinha no fim de 
tarde ou vai jogar 
futebol nos fins de 
semana e durante 
essas atividades 
aparecem as 
câimbras? Então, 
nesse momento, 
significa que não 
está tendo oxigênio 
suficiente na 
corrente sanguínea 
para quebrar as 
moléculas de ATP 
e produzir energia 
suficiente para o seu 
músculo continuar a 
funcionar, ao invés 
disso, seu músculo 
se encheu de íons 
de hidrogênio, 
dando origem final 
ao lactato.
26
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
quando você resolve dar uma corridinha no fim de tarde ou vai jogar futebol nos 
fins de semana e durante essas atividades aparecem as câimbras? Então, nesse 
momento, significa que não está tendo oxigênio suficiente na corrente sanguínea 
para quebrar as moléculas de ATP e produzir energia suficiente para o seu 
músculo continuar a funcionar, ao invés disso, seu músculo se encheu de íons de 
hidrogênio, dando origem final ao lactato.
FIGURA 12 – EXEMPLO DE ELEMENTOS PARTICIPANTES 
NA PRODUÇÃO DE ENERGIA MUSCULAR
FONTE: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-obtida-a-
energia-que-faz-nosso-corpo-funcionar/. Acesso em: 2 jul. 2019.
No músculo, o glicogênio é metabolizado pela via glicólica. O piruvato é 
metabolizado no ciclo do ácido tricarboxílico, formando dióxido de carbono e 
água ou sendo convertido a ácido lático. O ácido lático, o dióxido de carbono e 
a água são removidos do músculo através da corrente sanguínea (isso mostra a 
importância de uma boa hidratação). Parte da energia deste metabolismo não é 
utilizada para a contração muscular e é liberada no músculo na forma de calor para 
a manutenção da temperatura do corpo. É por esse motivo que alguns métodos 
de perda de peso muito utilizados, principalmente nos esportes de combates, não 
são aconselháveis, pois impedem a ação de controle térmico corporal, podendo 
ocasionar a morte (podemos usar, por exemplo, o ato de treinar de casaco, ou 
com saco plástico na tentativa irregular de perder peso). O excesso de calor é 
removido pela corrente sanguínea e é dissipado pela pele e pelos pulmões. 
Você conseguiu responder à pergunta que fizemos no início? O que faz um 
músculo funcionar? Simples: o músculo funciona a partir da ação paralela do 
sistema nervoso central e da bioquímica muscular. Enquanto um é responsável 
27
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
pelas ações neuromusculares (tipos de estímulo, condução, respostas, contração), 
o outro é responsável pelo tipo de fonte de energia (elementos (nutrientes) e 
substâncias químicas ingeridas, produzidas, solicitadas, transportadas) e as vias 
metabólicas utilizadas.
 
Conseguimos ter uma breve ideia de como o corpo humano é perfeito, 
não é? Um sistema complexo, porém, dinâmico, que fornece energia para o 
funcionamento do músculo. 
Para saber mais sobre o sistema energético, leia sobre fontes 
de energias e vias metabólicas em “Fisiologia do exercício”.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Agora que sabemos como funciona e o que faz um músculo funcionar, 
conheceremos os tipos de músculos existentes.
4 TIPOLOGIA MUSCULAR
Quando falamos de tipologia, nos referimos a vários tipos de alguma coisa, 
nesse caso, os vários tipos de músculos. Obviamente que o que foi abordado na 
primeira seção era uma visão mais geral dos papéis e funções do músculo no 
corpo, contudo, nesta seção, a abordagem será mais específica, pois além de 
conhecer os tipos de músculos, conheceremos também a função específica de 
cada um, formas, entre outras informações.
Ao classificar os músculos com relação à localização, encontramos dois 
tipos, que se expressam na Figura 13.
 
Superficiais ou cutâneos: estes se encontram bem na superfície logo 
abaixo da pele e têm pelo menos uma parte inserida na camada profunda da 
derme. Podemos vê-los na região do crânio e da face e na região das mãos e 
pescoço, por exemplo, o músculo peitoral.
28
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Profundos ou subaponeuróticos: esses músculos não possuem ligações 
inseridas na parte profunda da derme, porém, são inseridos nos ossos, como o 
serrátil.
FIGURA 13 – EXEMPLOS DE MÚSCULOS SUPERFICIAIS 
(ESQUERDA) E PROFUNDOS (DIREITA)
FONTE: https://br.pinterest.com/pin/217861700703189101/. Acesso em: 2 jul. 2019.
29
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
Já com relação à forma, os músculos se dividem em três tipos, são eles: 
FIGURA 14 – FORMAS DOS MÚSCULOS
FONTE: http://filosonatural.blogspot.com/2017/02/anatomia-musculos-
configuracao-externa.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
• Longos: os músculos mais longos são os superficiais, estes podem 
ultrapassar duas ou mais articulações, como no caso do músculo 
sartório, que se localiza na coxa, originando-se na crista ilíaca superior e 
se inserindo na parte medial da tuberosidade tibial.
• Curtos: os músculos curtos são aqueles que se encontram em locais 
com pouca amplitude articular, porém não quer dizer que sejam fracos 
ou que não tenham um desempenho importante, os músculos da mão se 
encaixam nesse exemplo.
• Largos: estes são caracterizados por terem um formato laminar (imagine 
uma massa de pizza logo após ser esticada), encontram-se nas paredes 
do abdômen e tórax, como o diafragma.
Com relação ao posicionamento das fibras, os músculos podem ser 
classificados como:
• Reto: paralelo à linha média, como o reto abdominal.
• Transverso: perpendicular à linha média, como o transverso abdominal.
• Oblíquo: diagonal à linha média, como o oblíquo externo.
30
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 15 – TIPOS DE MÚSCULOS COM RELAÇÃO 
AO POSICIONAMENTO DE SUAS FIBRAS
FONTE: https://blog.queimadiaria.com/contrair-o-abdome-
durante-os-exercicios/. Acesso em: 2 jul. 2019.
No que diz respeito às funções, os músculos possuem quatro:
• Agonistas: são considerados os músculos principais, responsáveis 
pela ativação de um movimento específico do corpo, o que produz a 
ação. Eles se contraem para realizar o movimento desejado, como na 
execução do exercício “rosca bíceps”, o músculo agonista é o bíceps 
braquial, pois é o músculo que faz a ação e se contrai.
• Antagonistas: são os músculos contrários aos que executam a ação, 
consequentemente, no momento em que os agonistas se contraem, 
os antagonistas se alongam. No exemplo anterior, na rosca bíceps, no 
qual o bíceps braquial é agonista, executando toda a ação e contração, 
o tríceps braquial faz papel de antagonista, se relaxando. Entretanto, 
se o trabalho fosse, por exemplo, “tríceps no pulley”, então o tríceps 
se transforma na musculatura agonista enquanto o bíceps executa um 
papel antagonista.
• Sinergistas: auxiliam na movimentação dos agonistase/ou antagonistas, 
fornecendo também a estabilização para uma execução sem riscos 
indesejáveis durante a ação principal. Ainda usando o exemplo da “rosca 
bíceps”, o bíceps braquial age como agonista, o tríceps braquial como 
antagonista e os flexores e extensores do punho exercem uma contração 
para estabilizar as articulações do cotovelo e do punho.
• Fixadores: por fim, os fixadores, que são responsáveis por estabilizar a 
origem do músculo que executa a ação (antagonista), para este executar 
o movimento com maior segurança e eficácia.
31
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 16 – EXECUÇÃO DE UMA FLEXÃO DE COTOVELO, 
APRESENTANDO A FUNÇÃO DE CADA MÚSCULO
FONTE: http://blogdescalada.com/musculatura-antagonista-
escalada/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Enfim, para finalizarmos a tipologia muscular enfatizando de fato os tipos 
de músculos com relação à estrutura e à função, estes se subdividem em três: 
músculo liso, músculo cardíaco e músculo esquelético.
4.1 MÚSCULO LISO
O músculo liso se encontra nas paredes do sistema digestivo, sistema 
respiratório (vias respiratórias), sistema reprodutor (ductos urinários e genitais), 
sistema cardiovascular (paredes arteriais, veias e grandes vasos linfáticos) e na 
pele (ZANELA, 2015). É regulado pelo sistema nervoso autônomo, por hormônios 
e por situações e condições fisiológicas, logo, não está sobre controle voluntário, 
ou seja, nós não temos controle sobre essa musculatura (eu não posso escolher a 
hora em que meu estômago deve digerir algum alimento).
32
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 17 – IMAGEM DE UM EXEMPLO DE ÓRGÃO COMPOSTO 
POR MÚSCULO LISO E UM CORTE TRANSVERSAL
FONTE: https://descomplica.com.br/blog/biologia/quais-as-principais-
caracteristicas-do-tecido-muscular/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Esse tipo de musculatura possui fibras que normalmente são alongadas com 
as extremidades mais estreitas (Figura 17), contudo variam de forma dependendo 
de sua localização. Atuam de modo que a parte mais espessa de uma está 
aplicada sobre as extremidades delgadas de fibras adjacentes. Observando o 
corte transversal, o músculo liso apresenta contornos que variam de arredondados 
até triangulares ou poligonais e uma diferenciação considerável em relação ao 
diâmetro entre as células.
A actina e a miosina estão presentes nas mesmas proporções que no 
músculo esquelético, porém, não há formação de estrias. As células musculares 
lisas podem se apresentar isoladas ou em pequenos grupos formando feixes. 
Independente do jeito que se apresentam, são envolvidas por um tecido conjuntivo 
que as mantém unidas e que transmite a força de contração simultaneamente. 
Assemelha-se ao cabeamento de fios elétricos que temos em casa, todos são 
encapados, essa capa exerce exatamente o papel que o tecido conjuntivo executa 
nas fibras. Esse mesmo tecido conjuntivo também preenche os espaços que 
existem entre as fibras, juntamente às fibras nervosas e aos vasos sanguíneos, 
no entanto, as fibras do músculo liso são menos irrigadas que as do músculo 
esquelético, que conheceremos mais à frente.
33
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
4.2 MÚSCULO CARDÍACO
Apesar de o músculo cardíaco, no que diz respeito à biomecânica e à 
cinesiologia, não ter interesse-alvo, entender seu funcionamento e função é 
essencial, pois esta musculatura é responsável pelo batimento cardíaco e, 
consequentemente, toda a circulação corporal, que é a máquina que faz tudo 
funcionar, ou seja, o músculo cardíaco é o motor do carro. O coração é um órgão 
nobre que tem a capacidade de se adaptar ao tipo de esforço que o indivíduo se 
submete de acordo com a sua modalidade desportiva ou contextualização diária, 
com a finalidade de suprir suas necessidades relacionadas ao bombeamento 
sanguíneo, é por isso que o treinamento intensivo e constante dos atletas instiga 
adaptações cardiovasculares, contudo, essas adaptações incluem alterações 
funcionais, estruturais e anatômicas, que podem exceder os valores de referência 
de uma pessoa normal (PELLICCIA et al., 1999; PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 
2002; MORATO, 2016). 
Para ter um conhecimento mais aprofundado sobre esse 
tema, sugerimos que busque ler sobre o sistema cardiovascular e 
cardiorrespiratório geral e aplicado ao exercício.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
ZANELA, C. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Seses, 2015.
Assim, estruturalmente, o músculo cardíaco apresenta uma mistura de 
características semelhantes às do musculo esquelético e liso e é por isso que a 
sua especialização é realizar as contínuas e involuntárias contrações necessárias 
para o bombeamento sanguíneo. As fibras do músculo cardíaco (ou miocárdio) 
são menores que as fibras do músculo esquelético, há uma quantidade maior 
de glicogênio em seu sarcoplasma e suas mitocôndrias são maiores e em maior 
número. Além de todas essas diferenças, as células do miocárdio são compostas 
por um único núcleo (localizado ao centro) e são ramificadas. Seus miofilamentos 
se juntam formando várias fibrilas, que variam muito em tamanho, contudo, os 
filamentos de actina e miosina permanecem alinhados, caracterizando um formato 
estriado.
34
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 18 – EXEMPLO DE UM MÚSCULO CARDÍACO E 
UM CORTE TRANSVERSAL DE SUAS FIBRAS
FONTE: https://descomplica.com.br/blog/biologia/quais-as-principais-
caracteristicas-do-tecido-muscular/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Outra característica exclusiva do músculo cardíaco é a presença dos discos 
intercalares, uma espécie de membrana dupla, são junções intercelulares que 
aparecem como linhas retas ou escalariformes (têm um aspecto de escada), 
são responsáveis pela manutenção da junção entre as fibras e pela transmissão 
da tensão das fibrilas ao longo do eixo da fibra de uma unidade celular para a 
seguinte, ou seja, atuam na sincronia da contração. A distribuição do tecido 
conjuntivo, vasos e fibras nervosas, é igual à dos músculos esqueléticos e lisos, 
exceto pelo fato de possuir uma maior rede de capilares sanguíneos, esse fator 
contribui para o fato de o músculo do miocárdio possuir capacidade maior para o 
metabolismo oxidativo.
4.3 MÚSCULO ESQUELÉTICO
Este grupo muscular é o que mais nos interessa no que diz respeito 
à cinesiologia e à biomecânica do movimento aplicado no exercício. 
Tudo o que já foi falado sobre mecanismos neurais, bioquímica funcional 
muscular, transportes, execuções, tipos de contração, entre outros 
temas, se aplica nesse grupo. Não que os outros tipos musculares 
sejam inferiores e/ou não importantes para a educação física e o 
exercício, mas, de fato, para esta disciplina, o músculo esquelético 
é o nosso carro-chefe, afinal é responsável por toda a produção de 
movimento. O músculo esquelético é o músculo ligado ao esqueleto.
Este grupo muscular 
é o que mais nos 
interessa no que 
diz respeito à 
cinesiologia e à 
biomecânica do 
movimento aplicado 
no exercício.
35
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
4.4 COMPOSIÇÃO FUNCIONAL DA 
MUSCULATURA ESQUELÉTICA
O músculo esquelético é constituído por dois grandes conjuntos 
celulares, um especializado na produção da contração, este é composto 
pelas miofibrilas, e o outro é responsável pela sustentação, composto 
pelo tecido conjuntivo. Podem ter ligações diretamente aos ossos, às 
cartilagens, às fáscias e à pele. 
A estrutura física do músculo esquelético é composta por um 
conjunto de fibras musculares (miofibrilas), e como dito anteriormente, 
são células altamente especializadas, longas, cilíndricas e 
multinucleadas. No músculo, as miofibrilas se agrupam de forma 
paralela, literalmente como um cabeamento de fios elétricos formando 
vários feixes de fibras, associados de modos diferentes e variados, 
formando, assim, tipos diferentes de músculos. Essas fibras muscularessão recobertas por um tecido conjuntivo (sarcolema), porém, dependendo de sua 
localização, a nomenclatura é alterada. Por exemplo, quando envolve o músculo, 
esse tecido recebe o nome de epimísio, já os delgados septos, que se estendem 
para dentro circundando todos os feixes, recebem o nome de perimísio e a rede 
que recobre as fibras musculares individualmente se chama endomísio. Como 
podemos observar, todos são tecidos conjuntivos, porém, cada um com um nome 
específico de acordo com a sua localização. Observe a figura a seguir.
O músculo 
esquelético é 
constituído por 
dois grandes 
conjuntos celulares, 
um especializado 
na produção da 
contração, este é 
composto pelas 
miofibrilas, e o 
outro é responsável 
pela sustentação, 
composto pelo 
tecido conjuntivo.
FIGURA 19 – EXEMPLO DE ESTRUTURA DE MÚSCULO ESQUELÉTICO
FONTE: http://fisioterapiafisioex.blogspot.com/2013/05/
neuromuscular.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
36
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
A miofibrila é composta por miofilamentos, que podem ser finos e grossos. 
O miofilamento fino é composto pela proteína actina, como observado na seção 
referente à bioquímica celular, e o grosso, pela proteína miosina. A produção da 
contração muscular ocorre mediante a interação destes dois. Dois miofilamentos 
de actina entrelaçados um no outro formam o miofilamento fino. Nos locais em 
que esses dois filamentos se encontram, forma-se uma espécie de ligação, nessa 
ligação existe a molécula de proteína chamada troponina, e ocorre a ligação 
com a molécula de proteína tropomiosina. O cálcio é ativado exatamente pela 
troponina e tropomiosina, tornando-as elementos essenciais reguladores da 
contração muscular (ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 2001). 
No entanto, as moléculas de miosina são organizadas formando um longo 
filamento, o miofilamento grosso, no qual cada molécula possui uma cabeça 
(uma espécie de alargamento). Essas cabeças de miosina são capazes de se 
movimentar, ligando-se aos locais onde se encontra a actina (Figura 11), gerando 
a contração e/ou relaxamento muscular.
FIGURA 20 – ORGANIZAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR
FONTE: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/
epitelio22.php. Acesso em: 2 jul. 2019.
Os tendões musculares são originados pela capacidade elástica dos 
tecidos fasciais (o tecido conjuntivo colagenoso que envolve os músculos), e os 
37
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
componentes elásticos paralelos funcionam como sustentação da fibra muscular. 
Assim, quanto maior for a porcentagem de colágeno para as fibras elásticas, maior 
será o número de fibras orientadas na direção do estresse, consequentemente, 
quanto maior a área transversal do tendão, mais forte ele será. Como dito 
anteriormente na Seção 2.1 (Tecido Fascial), a sua composição viscoelástica é 
essencial, correspondendo ao limite de elasticidade.
Existe um momento em que as fibras musculares vão se afunilando, dando 
origem aos tendões (onde ocorre a transmissão da força), esse local chamamos de 
região musculotendínea. Ocorre uma redução de até 90% das fibras musculares 
para que se juntem ao tecido tendíneo, aumentando consideravelmente a 
tensão através da área de secção transversa, conjuntamente às unidades 
funcionais contráteis (os sarcômeros), que estão localizados próximo à junção 
musculotendínea (são normalmente menores), produzindo menor geração de 
força, porém, aumentando a taxa de contração e diminuição da capacidade de 
mudança de comprimento. Em cada ponta da fibra muscular há uma grande dobra 
de sarcolema, que conectada aos terminais de actina do sarcômero e do tecido 
tendíneo (pela proteína transmembrana), acabam diminuindo o impacto causado 
pelo sarcômero.
 
Não podemos falar de tendões sem pensar em flexibilidade muscular, 
não é? Para um bom entendimento desse fenômeno, é necessária a 
compreensão do comportamento mecânico do músculo esquelético. 
O tecido muscular, por exemplo, é composto por dois elementos, um 
contrátil e outro elástico. O elemento contrátil é representado pelo 
componente ativo, já mencionado, que é formado pelos miofilamentos de actina 
e miosina. O elemento elástico é representado pelo componente passivo, 
formado pelo tecido conjuntivo conectivo (endomísio, perimísio e epimísio). Estes 
elementos resistem à deformação tendínea e muscular no momento que são 
submetidos a uma força de tração, contribuindo para a diminuição da flexibilidade. 
As fibras elásticas são compostas por elastina e são capazes de alongar-se até 
150%, ou seja, possuem uma grande capacidade de alongamento, diferente das 
fibras de colágeno (ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 2001; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Funcionalmente dizendo, as fibras nervosas, assim como os vasos que 
trazem sangue nutrido e oxigenado ao músculo esquelético, acompanham 
os septos de tecido conjuntivo a partir do epimísio e vão se ramificando até 
alcançarem as fibras musculares. As arteríolas e vênulas são conduzidas no 
sentido transversal em relação às fibras musculares e a maioria dos capilares são 
direcionados paralelamente ao eixo longitudinal das fibras. Esta organização de 
funcionalidades e localização permite uma cobertura mais expansiva da superfície 
da célula para a troca de nutrientes e produtos do metabolismo celular. Como 
As fibras elásticas 
são compostas 
por elastina e são 
capazes de alongar-
se até 150%.
38
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
falado anteriormente em Mecanismos Neurais, cada fibra nervosa pode se 
ramificar e enervar numerosas fibras musculares, e esse contato ocorre através 
dos axônios terminais.
Para um entendimento mais profundo sobre arteríolas e vênulas, 
leia sobre o sistema circulatório nos livros indicados a seguir.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
ZANELA, C. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Seses, 2015.
4.5 COMO A MUSCULATURA 
ESQUELÉTICA SE COMPORTA?
 
O músculo se comporta de acordo com o tipo de estímulo que 
recebe, a irritabilidade, a contratilidade, a extensibilidade, a elasticidade 
e a capacidade de desenvolver tensão são as propriedades mais 
comuns que determinam o desempenho muscular quando falamos de 
variação de sobrecarga e velocidade.
No caso da irritabilidade (ou excitabilidade), esse comportamento 
se caracteriza pelo fato de o músculo ser capaz de responder a 
estímulos vindos de um neurônio motor. A contratilidade, por sua vez, 
corresponde à capacidade que o músculo tem de gerar tensão ao 
realizar o seu encurtamento após receber uma estimulação competente. 
Você sabia que o nosso corpo possui músculos que são capazes de se 
encurtar dentro de uma amplitude que varia de 50% a 70%?
A extensibilidade é definida pela capacidade que o nosso músculo tem de se 
alongar além do comprimento de repouso. Paralelo à extensibilidade, a elasticidade 
se caracteriza pelo fato de a fibra muscular retornar ao seu comprimento de 
repouso após o término da força de alongamento. Tanto a extensibilidade quanto 
a elasticidade são estipuladas pela quantidade de tecido conjuntivo presente nos 
músculos.
A irritabilidade, a 
contratilidade, a 
extensibilidade, 
a elasticidade e 
a capacidade de 
desenvolver tensão 
são as propriedades 
mais comuns 
que determinam 
o desempenho 
muscular quando 
falamos de variação 
de sobrecarga e 
velocidade.
39
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
Dependendo do comprimento em que o músculo se encontra no momento 
em que está recebendo um estímulo, é capaz de produzir, ou não, força (ou 
tensão). No momento em que o músculo está perto do seu comprimento de 
repouso, é produzida a força máxima, porém, em uma posição de encurtamento, 
a força diminui (primeiro lenta e depois mais rapidamente), e quando ocorre um 
alongamento, a força diminui de maneira progressiva (HAMILL; KNUTZEN, 1999; 
AMADIO;BARBANTI, 2000; NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
4.6 TIPOS DE MÚSCULOS 
ESQUELÉTICOS COM RELAÇÃO ÀS 
ARTICULAÇÕES
Um músculo, na maioria das vezes, realiza o movimento de um único 
segmento (o segmento que o músculo atravessa a articulação). Estes músculos 
são chamados de monoarticulares, contudo, existe outro tipo de músculo que 
não se encaixa nesse perfil: os músculos biarticulares ou poliarticulares. Esses 
músculos atravessam mais de uma articulação, criando um número relativo de 
movimentos que ocorrem de modo oposto entre si. 
A posição corporal e a interação do músculo são influenciadas por algumas 
variáveis externas no que diz respeito a uma determinada ação, como a superfície 
em que o membro está apoiado ou o objeto no qual esse membro está fixado. 
O gasto energético dos músculos monoarticulares é consideravelmente reduzido 
graças à atuação dos músculos biarticulares, pois estes permitem o trabalho 
positivo em uma articulação e o negativo em uma outra articulação adjacente. 
FIGURA 21 – DOIS EXEMPLOS DE MÚSCULOS 
MONOARTICULARES E BIARTICULARES
FONTE: http://virtual.udabol.edu.bo/pluginfile.php/166749/mod_resource/content/1/
WORK%20PAPER%20biomecanica%20del%20musculo.pdf. Acesso em: 2 jul. 2019.
40
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Estes músculos podem apresentar com maior frequência um fenômeno 
conhecido como insuficiência, que se classifica em ativa e passiva. A insuficiência 
ativa ocorre quando um músculo atinge um ponto em que não pode mais ser 
encurtado. Sabe quando, por exemplo, o músculo bíceps braquial realiza uma 
flexão de cotovelo e acaba realizando também uma flexão de ombro? Então, se 
tentarmos realizar uma flexão de ombro e cotovelo ao mesmo tempo, ocorrerá 
a proximidade de suas inserções, nesse momento o bíceps se encontrará em 
insuficiência ativa. Agora, quando um músculo não pode mais ser alongado sem 
danificar suas fibras, como os músculos isquiotibiais ao realizarem duas ações 
diferentes em duas articulações, por exemplo a flexão do joelho e a extensão do 
quadril, se fletimos o quadril com o joelho estendido, os isquiotibiais ficam em 
insuficiência passiva (NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
5 IMPORTÂNCIA DO SISTEMA 
MUSCULAR PARA O EXERCÍCIO 
FÍSICO E O ESPORTE
Todo o conteúdo apresentado anteriormente foi uma maneira de apresentar 
de forma geral e resumida sobre a fisiologia do músculo, suas funções, objetivos, 
estrutura, funcionamento e classificações, pois é impossível entender como 
um sistema funciona sem saber alguns detalhes de seus componentes. Ainda 
nessa perspectiva muscular, todo o assunto apresentado foi com relação a um 
mecanismo universal de qualquer ser humano, mas quando se trata de migrar 
esses conhecimentos para pessoas praticantes de exercícios, sejam essas 
pessoas apenas simples praticantes ou atletas/superatletas, todas essas funções 
são potencializadas, pois esses indivíduos solicitam desses sistemas funções 
superiores aos das funções básicas do dia a dia. 
Ainda usando o exemplo de um carro (afinal, por que um carro? Porque um 
carro é uma máquina estruturada e nosso corpo é como se fosse uma), o seu 
mecanismo estrutural funcional é igual em todos, mas o que diferencia um carro 
popular (pessoa convencional) de uma Ferrari (superatleta), são as estruturas e 
os componentes introduzidos e adaptados. Logo existe uma série de adaptações 
e recursos que aumentam e melhoram o desempenho do sistema muscular nos 
exercícios. 
41
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 22 – ESSA IMAGEM SATIRIZA UMA ATLETA COM SUAS ESTRUTURAS 
TÃO POTENCIALIZADAS A PONTO DE SUPERAR LIMITES HUMANOS
FONTE: http://augusthocesar.blogspot.com/2011/05/
como-treinar.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
É uma sequência mais suprida de elementos. Por exemplo: quando 
o indivíduo pratica exercício físico, o corpo tem que se adaptar, portanto, 
automaticamente, toda a quantidade nutricional deve ser aumentada, afinal 
aumenta-se a solicitação de combustível e, consequentemente, o consumo 
de energia, o coração precisa mandar ainda mais oxigênio e nutrientes para o 
músculo que, por sua vez, para se adaptar e promover uma execução técnica 
específica de uma modalidade específica, recebe os estímulos necessários para 
seguir com um melhor desempenho e eficácia. 
Vários estudiosos e investigadores científicos, como Morato (2016), 
Weineck (1989; 1999; 2000), Willett (1990) e Paiva (2009), aplicam e 
observam testes em busca de novas descobertas que contribuam para 
a relação otimização de rendimento com a melhora de desempenho 
(seja no treino ou em competição) e menores riscos de lesões. Esse 
processo envolve toda uma estratégia de controle de treino, com 
suporte nutricional e psicológico, modificando o corpo estrutural e 
fisiologicamente.
5.1 AÇÕES MUSCULARES
Qualquer aumento de trabalho requer o aumento de outros componentes, 
sejam nutricionais ou até de repouso. Através do treinamento, o atleta desenvolve 
Esse processo 
envolve toda 
uma estratégia 
de controle 
de treino, com 
suporte nutricional 
e psicológico, 
modificando o 
corpo estrutural e 
fisiologicamente.
42
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
a capacidade de acionar ao mesmo tempo e em maior número as unidades 
motoras musculares, gerando uma melhor e maior contração, com certeza possui 
uma melhor coordenação muscular. Quer um exemplo? Enquanto uma pessoa 
convencional (não atleta) só consegue colocar em ação ao mesmo tempo uma 
certa porcentagem de suas fibras musculares ativáveis, os atletas conseguem 
atingir nitidamente uma porcentagem mais alta e podem atingir até 100% das 
referências estabelecidas.
Ao praticar um exercício ocorre naturalmente um aumento da solicitação 
muscular, esse aumento está correlacionado a um desempenho maior da 
sincronização das unidades motoras, é por isso que se consegue maior 
velocidade de contração e aumento da capacidade muscular durante a contração. 
Contudo, essa solicitação das unidades motoras depende do tipo de exercício 
que está sendo executado, pois nem todas as unidades motoras são solicitadas 
simultaneamente, isso varia de acordo com o tamanho do seu motoneurônio, que 
se agrupa estimulando as fibras musculares de acordo com as suas características 
(fibras do tipo I, IIa e IIb) para realizar a contração.
Motoneurônio é um neurônio capaz de exercer atividade motora 
em um determinado músculo.
FIGURA 23 – FIBRAS DO TIPO I E DO TIPO II COM SUAS CARACTERÍSTICAS
FONTE: https://blogpilates.com.br/como-ativar-cada-tipo-
de-fibra-muscular/. Acesso em: 2 jul. 2019.
43
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
As fibras do tipo I são as fibras vermelhas, de contração lenta, as quais 
usam o oxigênio como principal sistema energético, ou seja, a via aeróbia. São 
mais resistentes à fadiga e mais requisitadas em exercícios contínuos de grande 
volume e baixa intensidade, como a natação (fundista) e a corrida (maratona). Já 
as fibras do tipo II são as fibras brancas, que utilizam como fonte de energia a 
fosfocreatina e a glicose, ou seja, a via anaeróbia. Possuem como característica 
a contração rápida, contudo, têm pouca resistência à fadiga. São requisitadas em 
atividades explosivas e com alta intensidade, como a musculação ou esportes de 
combates.
Durante o exercício ocorrem vários estímulos externos. Estes estímulos 
produzem impulsos nervosos que são recebidos pelas unidades motoras, que 
a partir dessas informações definem que tipo de contração e relaxamento será 
realizado, ou seja, quanto maior for o impulso nervoso produzido por esses 
estímulos, maior será a quantidade de unidades motoras solicitadas para a 
contração muscular (de acordo com o tipo de fibras). Quando as pessoas 
se inscrevem em uma academia e procuram obter ganho de massa muscular, 
aumentando seu volume, querem ter ênfase em hipertrofia. Fisiologicamente, o 
que ocorre no músculo é a ativação de todas as unidades motoras, produzindo 
força máxima(isso ocorre devido à soma de unidades motoras múltiplas), 
gerando ganho de força e, em alguns casos, sem alteração na área de secção 
transversa da musculatura (ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 
2001; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016; POWERS; HOWLEY, 2009; PEREIRA; 
SOUZA JÚNIOR, 2004).
Os exercícios apresentam uma resistência (externa) aos músculos que, 
por sua vez, enviam ao cérebro essas informações, solicitando às unidades 
motoras a produção de tensão muscular (tensão essa de acordo com a atividade 
proposta). Diante disso, ocorre a produção da força muscular, ou torque, sobre 
as articulações, ocorrendo a produção do movimento para suportar a sobrecarga. 
Isso significa que as ações musculares, sejam elas quais forem, dependem do 
nível de estimulação e da força desenvolvida pelo músculo diante da resistência 
imposta a ele. Além de gerar o movimento, os músculos também podem trabalhar 
como estabilizadores, contribuindo para um movimento específico em uma 
articulação adjacente. Essas ações musculares são as contrações musculares. 
Dentre os tipos de contração muscular, podemos listar dois (exemplificados na 
Figura 24): 
• Contração isotônica: quando a tensão muscular ocorre em graus 
diferentes, promovendo a mudança dos ângulos articulares. Esta se 
subdivide em duas: 
o	 Contração concêntrica: efetua uma ação mais concentrada, ou 
44
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
seja, há um encurtamento muscular provocando uma tração em outra 
estrutura, reduzindo o ângulo de uma articulação e aproximando uma 
extremidade de outra, como na flexão de cotovelo, onde o ângulo 
é diminuído devido à contração do bíceps braquial, aproximando a 
extremidade da mão à extremidade do ombro. 
o	 Contração excêntrica: quando aumenta o comprimento total 
do músculo durante a contração. Usando o exemplo anterior, é 
quando a flexão do cotovelo muda para a fase de extensão e há 
um alongamento do bíceps braquial com uma leve contração para 
segurar a volta do movimento.
• Contração isométrica: ocorre quando é gerada uma tensão muscular 
sem movimento, geralmente quando se sustenta algum objeto ou um 
próprio membro em uma certa posição no ar, também tem como objetivo 
estabilizar as articulações enquanto outras são movidas.
Ainda com o exemplo da flexão de cotovelo, quando ocorre a contração 
muscular na flexão ou extensão, a contração isométrica ocorrerá no momento em 
que o indivíduo parar no meio do movimento, sustentando o peso.
FIGURA 24 – OS TIPOS DE CONTRAÇÕES, SENDO RESPECTIVAMENTE: 
ISOTÔNICA CONCÊNTRICA, ISOTÔNICA EXCÊNTRICA E ISOMÉTRICA
FONTE: http://cinesiologiaemfisioerapia.blogspot.com/2012/02/
miologia-o-que-sao-os-musculos.html. Acesso em: 2 jul. 2019.
45
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
1 Vamos fazer uma pequena investigação seguida de uma análise? 
Faremos de duas formas: primeiro você buscará em qualquer 
site que contenha vídeos, uma execução de algum movimento 
simples (exceto flexão e extensão de cotovelo) e, ao observar o 
vídeo, tente identificar qual músculo está realizando a contração 
concêntrica e qual está realizando a contração excêntrica (se 
necessário busque outro vídeo em que ocorra a contração 
isométrica). Após essa análise, observe outra execução de 
movimento, porém em você mesmo ou em outra pessoa, e faça 
o mesmo procedimento analítico (nesse caso, se houver dúvidas 
sobre o acerto, busque novamente em vídeos o movimento 
proposto e certifique-se). 
No que diz respeito ao consumo de energia e à produção de força, essas 
ações musculares são muito diferentes. No caso da contração excêntrica, ela é 
capaz de gerar a mesma força ou até maior que os outros dois tipos de ações 
musculares, realizando a solicitação de um menor número de fibras. Isso ocorre 
no nível do sarcômero. Já a contração concêntrica possui uma capacidade menor 
de produzir força por conta da diminuição do número de pontes cruzadas formadas 
com o aumento da velocidade de contração. Essa diferença de força gerada 
que ocorre entre as contrações excêntricas e concêntricas é consequência das 
ações que geram movimentos verticais, pois a produção de força, nesse caso, 
é influenciada por torques desenvolvidos pela ação gravitacional, como em um 
trabalho de agachamento. Nesse movimento existe um torque imposto pela força 
gravitacional (torque descendente) paralelo à ação excêntrica do músculo.
Além das contrações mencionadas, existem ainda mais dois tipos que 
são importantes para o nosso conhecimento: a contração isocinética e a 
isoinercial. A contração muscular isocinética é a contração dinâmica, caracteriza-
se pela velocidade do movimento, que se mantém constante, associada a 
uma sobrecarga muscular, oriunda de um equipamento específico, como nos 
exercícios de musculação. Essa contração também favorece a resistência 
muscular. Já a contração isoinercial é uma resistência em que o músculo se 
contrai constantemente (HAMILL; KNUTZEN, 1999; AMADIO; BARBANTI, 2000; 
NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
46
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
5.2 VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NA 
FORÇA MUSCULAR
Há várias variáveis (controláveis ou não), que podem interferir de 
maneira positiva e/ou negativa na produção de força muscular. Essas 
variáveis podem ser oriundas de fatores internos ou externos. Nesta 
seção, denotaremos algumas das correlações mais importantes a 
respeito da correlação força e mecânica do movimento, como a área do 
corte transversal muscular; o ângulo de inserção muscular; a correlação 
comprimento x tensão, força x velocidade, excêntrico x concêntrico e 
tempo x tensão. O entendimento e a compreensão dessas relações 
de fato contribuem para um treinamento mais específico, otimizando 
resultados e aumentando o desempenho.
Em vários momentos desse capítulo o nome “área transversa do músculo” 
foi citado, mas enfim, o que ela é? Simples, podemos dizer que é a porção inteira 
de um músculo (exatamente uma visão transversa) com os seus componentes, 
onde podemos ter uma ideia de dimensão, espessura, largura, como se pôde 
observar na Figura 3. Isso significa que quanto maior essa seção, maior volume 
terá o músculo, maior tamanho, não em relação ao comprimento, mas em 
espessura, consequentemente, maior força. Imagine um pedaço de carne, essa 
carne é retangular, se fizer um corte em bife seguindo seu comprimento teremos 
uma visão longitudinal, já para ter um corte transversal, teríamos que tornar esse 
retângulo em dois quadrados, consequentemente, teremos uma visão da secção 
transversa dessa carne. 
A produção de valências, como a força e a velocidade muscular, podem ser 
determinadas de acordo com a arquitetura muscular. A área de corte transversal de 
uma fibra depende do grau de separação, inclinação ou dispersão do sarcômero, 
que admite mudanças na velocidade de encurtamento do músculo, por isso, 
quanto maior separação (volume) ou área de corte transversal fisiológica, maior 
capacidade de gerar força, contudo, com perda na velocidade de contração. As 
fibras longas paralelamente exibem uma área de trabalho mais extensa, gerando 
maior amplitude de movimento e velocidade de contração.
A aproximação e o afastamento de um osso com relação à articulação 
dependem da estabilização ou desestabilização de um músculo em relação 
ao segmento proposto, realizada pelo ângulo em que este se insere, ou seja, 
dependendo do ângulo que ocorrer uma inserção muscular, esta pode promover a 
estabilização ou o inverso de um segmento. Usando mais uma vez o movimento 
de extensão e flexão de cotovelo como exemplo, quando o ângulo do tendão for 
O entendimento 
e a compreensão 
dessas relações 
de fato contribuem 
para um treinamento 
mais específico, 
otimizando 
resultados e 
aumentando o 
desempenho.
47
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
reto sobre o osso, a força muscular é direcionada ao longo da extensão do osso 
e para dentro da articulação, já para ocorrer a flexão, é necessárioque ocorra 
uma força ainda maior para realizar o movimento dos segmentos em torno da 
articulação, promovendo a estabilização articular no momento em que ocorre o 
deslocamento do antebraço na direção do cotovelo.
Os componentes “rotatórios” e “de deslizamentos” são dois constituintes da 
força, que independentemente de qualquer tensão muscular ocorrente durante o 
movimento, sempre vão variar de acordo com o ângulo de inserção do músculo. 
O primeiro age de forma perpendicular ao eixo longitudinal do segmento e é 
responsável pelo torque, permitindo o movimento rotacional do segmento em 
torno da articulação, e o segundo está associado à força muscular, atuante 
paralelamente ao eixo longitudinal do segmento.
O resultado da relação entre comprimento e tensão dos sarcômeros dará 
origem ao tipo de tensão proporcionada pela fibra muscular. Como supracitado, 
a contração e/ou o encurtamento muscular são provocados pelas proteínas 
contráteis do sarcômero, devido a estímulos enviados pelo sistema nervoso. 
Nesse processo estão envolvidos as proteínas estruturais e os tecidos conjuntivos 
não contráteis que estão por fora das células musculares (epimísio, perimísio 
e endomísio) e são os componentes elásticos paralelos (tecidos que repousam 
paralelamente às fibras ativas, como o perimísio) e seriados (estruturas que 
repousam alinhadas em série com as proteínas ativas, como os tendões) do 
músculo. 
O estiramento muscular resulta em um alongamento dos componentes 
elásticos paralelos e seriados, gerando uma curva de tensão passiva (essa 
tensão é produzida pela força elástica dos tendões ou pelas proteínas estruturais), 
que é uma parte importante da capacidade de geração de força da unidade 
musculotendínea. Essa tensão passiva é essencial para os músculos 
estirados, pois estes realizam a movimentação e a estabilização das 
articulações contra as forças gravitacionais.
Sobre a correlação força x velocidade, podemos dizer que o tipo 
de ação do músculo que definirá essa relação. Por exemplo, na ação 
concêntrica, ocorre a diminuição da força simultaneamente ao aumento 
da velocidade. Quando chega em um momento em que a velocidade é 
zero, ocorre o alcance à força máxima, porém, vale ressaltar que o modo 
inverso também pode ocorrer, ou seja, quanto maior a força, menor a 
velocidade e quanto maior velocidade significa que há uma força menor. 
Vale ressaltar que esse é um dos princípios básicos da musculação, no 
qual por segurança e por eficácia em resultado, usamos a velocidade de 
execução do movimento de acordo com a sobrecarga imposta, ou seja, 
Esse é um dos 
princípios básicos 
da musculação, no 
qual por segurança 
e por eficácia em 
resultado, usamos 
a velocidade de 
execução do 
movimento de 
acordo com a 
sobrecarga imposta, 
ou seja, quanto 
maior a carga, 
menor a velocidade 
e vice-versa.
48
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
quanto maior a carga, menor a velocidade e vice-versa. No momento em que 
aumentamos a carga e, consequentemente, reduzimos a velocidade, produzimos 
também uma potência maior, por isso, a potência é resultado da força pela 
velocidade.
Já nas ações realizadas pelos grupos musculares antagonistas (ações 
excêntricas), ocorre o aumento da tensão muscular com a velocidade de 
alongamento, exatamente pelo fato desses músculos estarem sofrendo um 
alongamento durante a contração.
Há alguns detalhes bem específicos sobre o trabalho das fibras (rápidas 
e lentas) com relação a sua participação no efeito de pré-alongamento e na 
modificação da tensão depois de um certo tempo de alongamento. No ciclo 
que envolve o alongamento e o encurtamento muscular, ocorre um aumento de 
tensão devido ao acúmulo de energia potencial elástica. Esse acúmulo acontece 
no componente elástico, logo, toda essa energia armazenada será recuperada 
após uma contração de tempo razoável (esta gira em torno de 0,9 segundo) e 
logo em seguida será novamente utilizada no movimento oposto. Semelhante 
ao funcionamento de uma mola, algumas estruturas musculares devolvem essa 
energia acumulada, contudo, se ocorre um período de tempo significativo de 
alongamento muscular, essa energia elástica acumulada se perderá por meio da 
produção de calor e perderá seu papel efetivo de contribuição para o movimento 
oposto.
Há uma técnica muito conhecida que contribui para que haja 
um aumento no desempenho da ação muscular concêntrica, ela se 
caracteriza por um pré-alongamento muscular com uma pequena 
amplitude em um curto período de tempo, o que contribui principalmente 
com relação ao retorno da energia elástica e ao aumento da ativação 
muscular. Consequentemente, essa ação acelera a capacidade de 
receber maior retorno da energia absorvida durante a ação excêntrica. 
Neste caso, o músculo sofre um rápido alongamento (que se caracteriza 
como uma ação excêntrica) e logo em seguida sofre uma ação concêntrica no 
final do alongamento. Esta técnica se chama pliometria, que é um protocolo de 
exercício que tem como objetivo utilizar a maior quantidade de músculos possíveis 
em movimentos explosivos. 
Sobre a correlação entre tempo e tensão, podemos dizer que quanto maior 
o tempo de duração de uma contração, maior será a sua produção de força 
até chegar ao ponto de tensão máxima, ou seja, toda tensão é proporcional ao 
tempo de contração. Logo, uma contração mais lenta produzirá maior força que 
uma contração mais rápida, fisiologicamente isso deve-se ao fato de haver um 
tempo maior disponível para que a força produzida seja levada aos elementos 
Pliometria, que 
é um protocolo 
de exercício que 
tem como objetivo 
utilizar a maior 
quantidade de 
músculos possíveis 
em movimentos 
explosivos.
49
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
elásticos e aos tendões (HAMILL; KNUTZEN, 1999; AMADIO; BARBANTI, 2000; 
NORDIM; FRANKEL, 2003; HALL, 2003; KNUDSON, 2007; MAIOR; ALVES, 
2003; ABERNETHY, 1994; CARROLL; RIEK; CARLSON, 2001).
5.3 EFEITOS DO TREINAMENTO NO 
SISTEMA MUSCULAR
Como abordado na Seção 3.4 (Bioquímica Muscular), o treinamento 
esportivo potencializa um sistema realizando uma adaptação de todo um 
conjunto de processos relacionados aos mecanismos de produção de 
energia, síntese proteica e vias metabólicas, que provocam a síntese de 
substratos para a liberação de ATP até chegar na contração muscular. 
Por isso, para melhorar ainda mais algumas capacidades físicas, 
como força e potência, é preciso que haja alterações na quantidade 
das atividades de determinadas proteínas estruturais específicas 
(regulatórias ou de transporte), no qual esse acréscimo se resulta através 
das repetidas sessões de treino, por isso, na musculação, dependendo 
de seu objetivo, há toda uma ciência na elaboração do treinamento, 
envolvendo número de séries, repetições e carga. Não há treinamentos que 
promovam apenas adaptações neurais sem as musculares, nem morfológicas 
(composição corporal) sem as funcionais (capacidades biomotoras) (VOLEK et 
al., 2006; AUCOUTURIER; BAKER; DUCHÉ, 2008; ARAÚJO; MENÓIA, 2008; 
ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH; 
KATCH, 2016).
Não há treinamentos 
que promovam 
apenas adaptações 
neurais sem as 
musculares, nem 
morfológicas 
(composição 
corporal) sem 
as funcionais 
(capacidades 
biomotoras)
1 Propomos a você um pequeno desafio: durante a leitura desta 
seção e somente com relação ao conteúdo nela apresentado, 
enumere em um papel os efeitos do treinamento no sistema 
muscular, no final, compare com o resultado apresentado e 
verifique se estão de acordo e/ou fazendo parte das informações 
expostas; se faltou ou não alguma colocação e se há algum efeito 
mencionado no texto que não foi apontado.
Quando comparamos um atleta a uma pessoa normal, ou a um praticante 
de esporte amador, as primeiras características observadas são estruturais e em 
50
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
seguida fisiológicas direcionadas à performance, à capacidade de fazere realizar 
algumas façanhas que nenhuma pessoa convencional (não atleta) conseguiria. 
Para realizar tais façanhas, o indivíduo se submete a diferentes e contínuas 
cargas de treinamento (gerais e específicas) para cada valência que necessita, 
somando à particularidade da modalidade. O nosso corpo tem a capacidade de 
se adaptar à realidade do atleta e a sua modalidade para suprir as necessidades 
para melhorar ainda mais o seu desempenho. O músculo cardíaco modifica a 
sua estrutura com essa finalidade, essa adaptação é conhecida como coração de 
atleta.
O coração é um dos órgãos que modifica a sua estrutura devido ao exercício 
imposto para suprir a necessidade do corpo em receber maior quantidade de 
sangue nutrido. 
FIGURA 25 – NA ESQUERDA DENOTA-SE UM CORAÇÃO NORMAL, NA DIREITA 
UM CORAÇÃO DE ATLETA COM HIPERTROFIA NO VENTRÍCULO ESQUERDO
FONTE: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/left-ventricular-
hypertrophy/symptoms-causes/syc-20374314. Acesso em: 2 jul. 2019.
Dois tipos de exercícios podem alterar a estrutura do coração e de outros 
elementos corporais, os exercícios dinâmicos (no qual existe um maior número 
de grupamentos musculares em ação aumentando o consumo de oxigênio e o 
débito cardíaco, sobrecarregando o volume no ventrículo esquerdo, causando o 
alargamento e a hipertrofia) e os exercícios estáticos (no qual a via metabólica 
que predomina é a anaeróbia, explosiva, causando uma sobrecarga de pressão 
51
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
sanguínea no coração, aumentando especificamente a sua massa muscular sem 
o aumento do volume). Em prática, quase todos os esportes relacionam os dois 
tipos de exercício, por isso ocorre um aumento das dimensões das estruturas 
cardíacas acompanhada de hipertrofia simétrica. Essa constante exposição a 
sobrecargas resulta em alterações no automatismo cardíaco como: bradicardia de 
repouso e alteração de condução atrioventricular, despolarização e repolarização 
ventricular.
Os esportes de combates e esportes com levantamentos de peso 
apresentam uma grande sobrecarga de pressão, resultando numa hipertrofia 
cardíaca, ao contrário de modalidades esportivas, como corrida e ciclismo de 
longa duração, no qual há maior sobrecarga de volume, além de ocorrerem a 
hipertrofia e a dilatação. No caso do fisiculturismo, é comum encontrar tal 
hipertrofia do ventrículo esquerdo oriunda do treinamento de força, já em atletas 
de endurance adultos, essas respostas são caracterizadas por uma lentidão 
anormal na frequência cardíaca de repouso, expansão e hipertrofia do ventrículo 
esquerdo (MCCALL et al., 1996; PELLICCIA et al., 1999; 2002; PUFFER, 2002; 
PAVLIK et al., 2010; MORATO, 2016). 
 O sistema nervoso central pode se adaptar para melhorar sua função 
recrutando grandes quantidades de unidades motoras, afetando diretamente 
o número de fibras, o conteúdo de ATPase (enzima fornecedora de energia), a 
miosina e a densidade capilar. Por exemplo, em exercícios de força pura ou de 
potência muscular (musculação) ocorrem alterações na expressão genética da 
ATPase, nos componentes estruturais da miosina e na função contrátil da miosina 
em fibras musculares específicas. A velocidade de contração é uma das alterações 
provenientes das alterações na função contrátil da miosina, fornecendo ação 
específica para cada modalidade ou estímulo externo (a proporção de solicitação 
de fibras musculares rápidas (tipo IIa e IIb) não é alterada).
Já em exercícios de resistência muscular (corrida), o número de vasos 
capilares sofre um considerável aumento quantitativo por cada área da secção 
transversa muscular, aumentando também a densidade capilar ao redor das 
fibras vermelhas (tipo I, de contração lenta e com grande potencial aeróbio). 
No treinamento de resistência aeróbia (exercícios de longa duração com maior 
utilização de oxigênio), ocorre também um aumento da densidade capilar, 
elevando consideravelmente o fluxo sanguíneo das fibras musculares em 
atividade, fornecendo mais oxigênio para as fibras musculares tipo I e tipo IIa, 
(devido à integração das vias metabólicas, esses novos vasos capilares não 
podem estar associados somente às fibras musculares do tipo I). A oxigenação 
das fibras musculares do tipo IIa, acaba servindo como substrato, aumentando a 
capacidade da respiração mitocondrial desse tipo de fibra.
52
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Seguindo essa premissa, podemos afirmar que quanto mais e melhor se 
estimula corretamente o sistema neuromuscular, ocorrem melhores resultados 
com relação a adaptações aos exercícios físicos e ao treinamento, alcançando 
um melhor desempenho motor para uma ação específica, paralelo à melhor 
atuação das demandas metabólicas e neuromotoras, obtendo o aumento da 
força, a hipertrofia e a hiperplasia.
5.4 FENÔMENO DA HIPERTROFIA E 
HIPERPLASIA
A hipertrofia basicamente é caracterizada pelo aumento do volume 
muscular, isso pode ser observado visualmente porque há de fato um aumento 
na secção transversa do músculo, essa é a principal adaptação que ocorre 
devido ao treinamento constante de força. A hiperplasia se caracteriza pelo fato 
de ocorrer o aumento das dimensões das fibras e/ou o aumento da quantidade 
de células musculares, isso ocorre devido à capacidade máxima de produção 
de força muscular, que surge a partir do trabalho de hipertrofia, ou seja, a 
hipertrofia favorece o desenvolvimento da hiperplasia, contudo, alguns estudiosos 
apresentam que o fenômeno da hipertrofia está associado diretamente ao 
aumento da área de secção transversa e não à hiperplasia. É como se fizéssemos 
uma massa de pão (músculo), e usamos o fermento (hipertrofia) para essa massa 
crescer, consequentemente, o fermento também produz um sabor (hiperplasia) 
ao pão, porém esse sabor não interfere no crescimento da massa.
FIGURA 26 – DIFERENÇA ENTRE CÉLULAS MUSCULARES 
NORMAIS, HIPERTROFIADAS E HIPERPLASIADAS
FONTE: https://theartofmed.wordpress.com/2015/05/23/cellular-
adaptation-to-stress/#more-12. Acesso em: 2 jul. 2019.
53
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
No que diz respeito ao aumento por área de secção transversa, o aumento 
do número de miofibrilas e de filamentos de actina e miosina contribui para o 
desenvolvimento da hipertrofia, pois quanto maior a quantidade de miofibrilas 
e filamentos, maior a quantidade de pontes cruzadas para a produção de força 
durante a contração máxima muscular. Além disso, há também o fator “aumento 
da síntese de proteínas musculares”, pois dependendo da necessidade do corpo 
em relação à realização de algum exercício, o conteúdo proteico no músculo 
se encontra em um estado de fluxo contínuo e as proteínas são sintetizadas e 
degradadas sem interrupção.
FIGURA 27 – DIFERENÇA ENTRE UMA MUSCULATURA 
NORMAL E HIPERTROFIADA, RESPECTIVAMENTE
FONTE: https://vocemaisaudavel.wordpress.com/2014/05/21/
hipertrofia-muscular-o-que-e/. Acesso em: 2 jul. 2019.
A capacidade de gerar maior força e potência muscular é uma das 
características funcionais morfológicas de um músculo que sofreu hipertrofia. Por 
isso podemos notar que, em indivíduos iniciantes em algumas atividades físicas, 
como na musculação, o ganho de força é perceptível logo na fase inicial do 
treinamento (esses aumentos podem ser atribuídos à melhora na solicitação das 
unidades motoras devido ao aumento das atividades neurológicas). O hormônio 
masculino produzido e secretado por células intersticiais nos testículos (hormônio 
testosterona), também é um agente que contribui no processo de hipertrofia. Não 
é incomum encontrar mulheres que frequentam academias e que utilizam recursos 
suplementares anabólicos para aumentar seu ganho de massa muscular, no 
entanto, elas apresentam algumas características masculinas, obviamente esses 
suplementos contêm hormônios masculinos facilitadores de ganho de massa 
muscular (BILLAT, 2002; BOGDANIS, 2012; WEINECK, 1989; 1999; HALL, 2003; 
MCCALL et al., 1996).
54
 Cinesiologiae Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Saindo um pouco da parte biomecânica, porém fazendo um importante e 
breve ressalto, devido aos efeitos do exercício físico não só no sistema muscular, 
mas em todos os sistemas corporais, que acabam sofrendo uma grande melhora 
em seu desempenho funcional, assim como no âmbito psicológico. Essas 
atividades, sendo orientadas por um profissional qualificado, consequentemente 
contribuem para a manutenção da saúde do indivíduo paralelo à prevenção de 
lesões, fatores como esses transformam o exercício físico em tratamento não 
medicamentoso.
Então, fez suas anotações? A seguir, os efeitos causados pelo treinamento 
no sistema muscular descrito nessa seção, confira:
• Potencialização do sistema bioquímico muscular.
• Aumento das estruturas cardíacas.
• O recrutamento de grandes quantidades de unidades motoras.
• Aumento quantitativo e da densidade dos valos capilares.
• Maior desempenho motor.
• Maior demanda metabólica.
• Hipertrofia e hiperplasia.
• Menor risco de lesões.
Está correto? Ou será que faltou algum?
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Para um bom entendimento funcional de qualquer coisa, precisamos seguir 
toda uma progressão pedagógica, ou seja, começar da origem de algo até o bem 
final. 
A biomecânica e a cinesiologia estudam e observam o movimento do corpo, 
seja com o olhar científico ou simplesmente funcional, porém, para essas análises 
serem observadas e estudadas, precisamos de fato entender como os elementos 
desse fenômeno funcionam e, para isso, saber toda a sua composição e os 
mecanismos de ação. Depois dessas concepções, entendendo que o básico 
é aplicado em qualquer ser humano, temos que ter a capacidade de transferir 
esses conhecimentos para o público praticante de exercício, com o entendimento 
de potencialização de todas as funções.
Baseado nessa concepção, antes de avançarmos para o estudo do 
movimento em si, tivemos acesso a um dos componentes principais para 
a produção do movimento: o músculo. Iniciamos com a definição sobre o 
55
SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
músculo, quais os componentes que o formam, apresentando de maneira geral 
suas principais funções para o corpo humano e seus grupos pelo corpo. Foi 
apresentado também que o músculo não funciona sozinho.
Em seguida, falamos sobre o que faz um músculo funcionar e tivemos acesso 
a todo um sistema que envolve a parte neuromotora, os mecanismos neurais 
com o papel dos neurônios motores, as ativações e os elementos que realizam 
essas ativações e comunicações com o sistema nervoso central, assim como a 
parte bioquímica, que envolve todo um processo de sistemas energéticos, com 
fontes de energias, vias metabólicas, como essa energia é liberada, transportada, 
utilizada e os efeitos que causa no desempenho muscular.
Tivemos acesso aos tipos de músculos em diversas características, como 
com relação as suas formas, sua localização, seus nomes com relação à posição 
de suas fibras, ao tipo de contração e, por fim, seu tipo em geral, no qual, para o 
nosso estudo, se destaca a musculatura esquelética.
Por fim, destacamos a importância dos músculos para o exercício e o 
esporte. Foram abordadas as ações musculares, as variáveis que influenciam 
a força muscular e os efeitos do treinamento em nosso corpo. Paralelo a isso, 
mostrou-se a diferença de uma pessoa não atleta para um atleta, a diferença 
estrutural e funcional dos sistemas corporais devido a uma potencialização de 
ações e nutrição e, consequentemente, os benefícios que o exercício traz para 
esses sistemas. 
De fato, o mais importante a ser denotado é sabermos o porquê 
de os atletas de elite cometerem façanhas que uma pessoa não atleta 
não tem condições de realizar. Vimos na essência do funcionamento 
geral do sistema muscular o que precisa ser feito para todo o processo 
funcionar buscando a melhor eficácia. Entendemos como é complexo, 
porém sistemático e adaptável à realidade do sujeito, isso significa que, 
um treinador que possui essas informações tem uma maior possibilidade 
de desenvolver em seu atleta vantagens com relação ao desempenho 
estrutural, funcional e fisiológico do seu corpo.
Foram apresentados em conjunto vários sistemas que atuam paralelos ao 
sistema muscular, estes foram devidamente apontados. Foram indicadas também 
as possíveis áreas que devem ser pesquisadas para um entendimento mais 
detalhado. Após toda essa abordagem, podemos iniciar o próximo capítulo, que 
se dedica especificamente à cinesiologia.
Um treinador que 
possui essas 
informações 
tem uma maior 
possibilidade de 
desenvolver em seu 
atleta vantagens 
com relação ao 
desempenho 
estrutural, funcional 
e fisiológico do seu 
corpo.
56
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
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SISTEMA MUSCULAR Capítulo 1 
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60
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
CAPÍTULO 2
CINESIOLOGIA
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
Saber: o aluno conhecerá como funciona o movimento humano especificamente 
aplicado no exercício e no esporte, seus conceitos e os principais grupos 
musculares.
Fazer: o aluno analisará cientificamente um determinado movimento, sabendo 
exatamente quais e que tipos de músculos fizeram parte, seu trabalho e que tipo 
de ação foi executada.
62
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
63
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
No primeiro capítulo deste livro, tivemos acesso ao sistema muscular, no 
qual entender esse sistema e conhecer toda a sua estrutura e funcionamento é 
essencial para darmos o próximo passo, que é compreender a cinesiologia. A 
cinesiologia é uma área que não trabalha sozinha, é uma área multidisciplinar 
científica, que envolve anatomia, fisiologia, biomecânica e outras subáreas que 
envolvem o movimento do corpo humano.
Este capítulo tratará deste assunto, colocando em questão sua definição e a 
importância de seu estudo, como aplicá-la no exercício e no esporte, apresentará 
sua funcionalidade muscular e suas variações de posicionamento muscular com 
uma visão mais científica e analítica.
Atualmente, o conhecimento cinesiológico está muito além da área de 
conhecimentos fundamentais e básicos, há uma valorização mais considerável e 
respeitosa dessa área, pois seu conhecimento e domínio é necessário para uma 
aplicabilidade correta na execução de movimentos simples e complexos, seja na 
vida cotidiana ou na busca de melhor eficácia gestual de um atleta. 
Um exemplo bem breve dessa importância e valorização, ressaltando que 
a cinesiologia se aplica em todas as áreas esportivas, é o trabalho de Personal 
Training, pois obviamente que a execução correta de um movimento gera um 
melhor resultado, com maior rapidez e com menor risco de lesão, portanto, os 
profissionais com posse desse conhecimento são mais requisitados que os 
demais, gerando, é claro, o direito de ter um valor (financeiramente falando) mais 
alto em relação ao que não tem o domínio desse conhecimento. 
Portanto, conhecer e dominar a cinesiologia lhe dará vantagens e 
condições de atuar como profissional de excelência e responsabilidade, 
tornando-o de fato, um profissional facilitador da qualidade de vida, 
promoção da saúde física e mental.
2 O QUE É CINESIOLOGIA E POR 
QUE ESTUDÁ-LA?
Afinal, o que é cinesiologia? Os mais íntimos dessa área a chamam de 
“cinésio”, então, cinésio se trata de uma área científica do estudo do movimento 
humano, porém um estudo mais analítico, mais criterioso do ponto de vista 
Dominar a 
cinesiologia lhe 
dará vantagens e 
condições de atuar 
como profissional 
de excelência e 
responsabilidade, 
tornando-o de fato, 
um profissional 
facilitador da 
qualidade de vida, 
promoção da saúde 
física e mental.
64
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
científico, e como se trata de executar essa análise com relação ao 
movimento humano. Obviamente, toda a ênfase se encontra na relação 
osso x músculo (esquelético) x articulação paralela à ação das forças 
internas e externas e posicionamento corporal.
Você deve estar se perguntando: “Qual é a diferença da 
biomecânica para a cinésio?”. Ambas estudam o movimento humano, 
isso é fato, mas a diferença se encontra exatamente na perspectiva que 
cada área estuda. A biomecânica tem uma perspectiva voltada para a 
relação da execução do movimento com a produção de força (e como 
esta foi gerada) e resistência aplicada, já a cinésio tem uma perspectiva 
mais geral do movimento humano com um ponto de vista científico, ou 
seja, observa os músculos que participaram do movimento, o movimento desses 
músculos, as forças externas, o tipo de movimento com relação à gravidade etc., 
inclusive a cinésio se engloba em áreas, como fisiologia, anatomia, entre outras. 
Apesar de serem distintas, uma depende da outra para um bom entendimento.
Cinésio se trata de 
uma área científica 
do estudo do 
movimento humano, 
porém um estudo 
mais analítico, mais 
criterioso do ponto 
de vista científico, 
e como se trata 
de executar essa 
análise com relação 
ao movimento 
humano.
FIGURA 1 – ESTA IMAGEM REPRESENTA UMA ANÁLISE CIENTÍFICA 
DO ESTUDO DE UM DETERMINADO MOVIMENTO
FONTE: https://www.researchgate.net/publication/228328311_Desenvolvimento_
de_um_recurso_de_realidade_virtual_para_o_Ensino_a_Distancia_de_
cinesiologia_das_articulacoes_do_membro_superior/figures?lo=1&utm_source=google&utm_medium=organic. Acesso em: 2 jul. 2019.
Para um melhor entendimento dessa diferença, consulte o site 
a seguir. Disponível em: <https://universidadedofutebol.com.br/a-
diferenca-de-atuacao-entre-biomecanica-e-cinesiologia>. Você terá 
uma breve e sucinta ideia dessa diferença.
65
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
Sabendo o que é a cinésio, já fazemos ideia de por que estudá-la (assim 
como a biomecânica), principalmente para os profissionais na área de Educação 
Física. Com esses conhecimentos, podemos otimizar e potencializar todo um 
processo de treinamento (independente da população que este será aplicado), 
promovendo diversas variáveis que quando não controladas podem interferir 
negativamente no rendimento e no desempenho. Podemos exemplificar algumas 
como: maior economia de energia durante um gesto motor sem perder a qualidade 
da ação; velocidade da ação motora com precisão, posicionamento correto da 
postura corporal, dos membros e dos elementos externos; realizar a execução de 
um movimento com maior eficácia e adequadamente ao tipo de aparelho; prevenir 
e recuperar lesões, entre outras. Todas essas variáveis mencionadas estão 
diretamente ligadas ao sucesso ou insucesso de um atleta.
Quando pensamos em atividade física para uma melhor qualidade 
de vida, a primeira coisa que vem em nossa cabeça é a palavra “saúde”. 
Atualmente, a atividade física e o exercício são considerados um 
tratamento não medicamentoso (IRIGOYEN et al., 2003; NEGRÃO et 
al., 2001), porém, será mesmo que a atividade física trará saúde e bem-
estar para a pessoa? A resposta é sim, desde que seja orientada por um 
profissional capacitado e com domínio da cinésio. É nessa perspectiva 
que vemos a importância dessa área. Afinal, uma atividade física 
executada errada pode gerar graves problemas estruturais e fisiológicos, 
consequentemente, psicológicos, lembrando que estamos falando de 
atividade física para a população geral, imagine essa atividade mal 
ministrada para um atleta de elite. Isso significa que a verdadeira saúde 
e o bem-estar das pessoas dependem totalmente do profissional que 
as orienta, ou seja, “nós”. O domínio dessa ciência proporciona ao profissional 
orientar de maneira correta e segura a execução de um determinado movimento 
de uma modalidade específica com total entendimento de como esse movimento 
ocorre. 
Tendo uma visão mais evolutiva sobre conhecer e dominar a cinésio, sobre o 
princípio dessa ciência, segundo os estudiosos Floyd (2000) e Fornasari (2001), a 
maioria das alavancas mecânicas no corpo humano é otimizada para desenvolver 
a velocidade e não a força, essa análise denota que a espécie humana evoluiu 
“com”, “devido” e “para” o movimento, pois houve uma era em que a lei da 
natureza era soberana, ou seja, somente os mais fortes sobreviviam, e alguns 
seres humanos se adaptaram e sobreviveram a essa era graças à necessidade 
do movimento, seja para correr de um perigo ou de correr para caçar, enfim, 
correr para a sua sobrevivência. Isso mostra que houve uma evolução que 
direcionou as ações da Pré-História para a atual atividade física, por isso se 
torna exatamente importante estudar a ciência do movimento humano no que 
diz respeito a sua estrutura anatômica e funcional. Seguindo essa premissa, 
O domínio dessa 
ciência proporciona 
ao profissional 
orientar de maneira 
correta e segura 
a execução de 
um determinado 
movimento de 
uma modalidade 
específica com 
total entendimento 
de como esse 
movimento ocorre.
66
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
falaremos um pouquinho da história da cinésio, até porque o patrono de nosso 
centro universitário, o gênio que atuou em diversas áreas (desde a arte até a 
fisiologia), Leonardo da Vinci, fez parte dessa história.
2.1 HISTÓRIA DA CINÉSIO
Como supracitado, para o homem sobreviver durante a Pré-História, ele 
dependia do movimento e esse fator sempre foi de grande interesse para estudos 
de cientistas de épocas passadas. Esses estudiosos, além de cientistas, eram 
também físicos, filósofos e fisiologistas que tiveram um grande papel na sociedade. 
Estes sempre correlacionaram o movimento humano com diversos fatores que 
na época eram limitados com relação a informações, como a complexidade das 
alavancas motoras, toda a mecânica corporal, o funcionamento dos organismos 
vivos, a anatomia e a fisiologia humana. 
Podemos dizer que todo esse interesse e descoberta sobre o estudo do 
movimento partiu de dois homens bem famosos: Aristóteles (o pai da cinésio) e 
Galeno. Você pensava que eles eram só filósofos? Eles eram gênios em suas 
épocas e os primeiros registros que se têm na área levam seus nomes. 
O primeiro (Aristóteles) era grego e iniciou os estudos do movimento através 
da análise funcional dos músculos envolvidos na marcha dos animais, logo em 
seguida identificou as alavancas mecânicas como alavancas anatômicas que 
atuam no homem, isso tudo entre 384-322 a.C. O segundo (Galeno 131-201 d.C.) 
estudou a contração muscular e constatou que as artérias conduziam sangue ao 
invés de ar, como pensava-se, além de identificar que alguns ossos possuíam 
medulas e outros não. Seus estudos anteciparam uma época chamada de Idade 
das Trevas, ou Idade Média, e durante todo esse período, aproximadamente mil 
anos, não houve avanços científicos consideráveis (PORTELA, 2016; DOBLER, 
2003). Após a Idade das Trevas, entramos numa época conhecida como o 
Renascimento, e é nesse momento que nosso patrono aparece com outros 
estudiosos que também apresentaram contributos importantes para a evolução 
humana e científica, consequentemente, para a história da cinésio. 
67
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
FIGURA 2 – ARISTÓTELES
FONTE: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/hBo83H-
gkp2k-d9CjiSPPQ6gSz-O9ppyTEYq8S14jsih2KKu_
U4HtIpZyvKLzNkytqtgVBeCO39vDsZAqUrAYpGnMgDbCqfVacEECxdXTJ_
fQH0WhTo3WI0-aeNTRVkPznDyDQ=s0-d. Acesso em: 2 jul. 2019.
FIGURA 3 – GALENO
FONTE: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f5/
Galen_detail.jpg/540px-Galen_detail.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
Durante o Renascimento, por volta do ano de 1200, começaram a 
surgir universidades pela Europa, sendo que em 1500 já existiam por 
volta de setenta instituições (já parou para analisar que no ano de 1200, 
quando surgiram as primeiras universidades, o Brasil nem sonhava em 
ser descoberto?). É por isso que essa época se chama Renascimento, 
pois com a criação e o desenvolvimento dessas instituições educacionais, 
a dedicação e a razão do conhecimento científico “RENASCERAM”. 
Vários estudiosos dessa época contribuíram para esse renascimento, 
consequentemente, para a cinésio, dentre eles, Leonardo da Vinci.
Já parou para 
analisar que no 
ano de 1200, 
quando surgiram 
as primeiras 
universidades, o 
Brasil nem sonhava 
em ser descoberto?
68
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 4 – NOSSO PATRONO LEONARDO DA VINCI
FONTE: https://amenteemaravilhosa.com.br/wp-content/uploads/2019/03/
estatua-de-leonardo-da-vinci.gif. Acesso em: 2 jul. 2019.
Considerado como um gênio do Renascimento, da Vinci (1452-1519) era 
artista (pintor, escultor, músico) cientista (fisiologista, anatomista, mecânico) e 
engenheiro (arquiteto), seu maior interesse de estudo era a estrutura física humana 
com o foco maior na ação gravitacional no desempenho, equilíbrio e centro de 
resistência do corpo humano. Segundo alguns registros, da Vinci foi o primeiro a 
analisar e “publicar” (no sentido de registrar) cientificamente a marcha humana. 
Esse interesse na marcha humana por da Vinci se deve à intenção de mostrar 
que vários tipos de músculos participam dessa ação simultaneamente, paralelo 
ao tipo de movimento que esses músculos realizam. Para isso, ele utilizou cordas 
como substitutos dos músculos, as colocou fixas em um esqueleto, respeitando 
a origem e a inserção exata que cada músculo possuía, e executou o movimento 
de marcha com esse esqueletocomo se fosse um boneco de ventríloquo, tendo 
uma visão analítica do movimento e aproveitamento muscular. Além disso, 
trabalhou com dissecação de cadáveres e produziu mais de duzentos desenhos 
relacionados à anatomia humana. Apesar de todos esses trabalhos terem sido 
registrados, quando ainda era vivo, poucas pessoas na época acompanharam e 
aproveitaram suas publicações, pois a linguagem utilizada era muito difícil para 
pessoas leigas, por isso, só depois de 300 anos de sua morte que seus trabalhos 
foram real e amplamente utilizados. 
69
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
FIGURA 5 – UM DOS DESENHOS MAIS FAMOSOS DE DA VINCI COM 
RELAÇÃO À ANATOMIA, ESTE REPRESENTA A POSTURA CORPORAL
FONTE: http://www.sabercultural.com/template/especiais/fotos/
Leonardo-da-Vinci-Anatomia-Foto07.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
Além de da Vinci, outros estudiosos também contribuíram para a evolução da 
ciência e para o estudo da cinésio na época do Renascimento em diante, como 
Galileu Galilei (1564-1642); Alfonso Borelli (1608-1679); Isaac Newton (1642-
1727); James Keill (1673-1719); William Cheselden (1688-1752); Marie François 
Bichat (1771-1802); Eadweard Muybridge (1830-1904); Étienne-Jules Marey 
(1830-1904); Jules Amar (1879-1935) (RASCH; BURKE, 1977).
 Para conhecer detalhadamente cada um desses estudiosos e 
outros que também fizeram parte da evolução científica e da história 
da cinésio, busque informações em suas biografias e relacione 
com conteúdos estudados em cinesiologia, prática de exercícios e 
esportes, como no link a seguir. Disponível em: <https://pt.slideshare.
net/GlaukusBueno/histria-da-cinesio-e-biomecnica>.
Depois de todos esses anos e épocas acompanhando os avanços 
tecnológicos paralelos às análises do movimento humano, cada vez mais 
embasadas e fundamentadas, quando chegamos no século XX, a nossa querida 
disciplina de fato se consolida como área de conhecimento e é introduzida nas 
70
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 6 – ORIENTAÇÃO CORPORAL COM A 
POSIÇÃO ANATÔMICA E FUNDAMENTAL
universidades, inicialmente de Educação Física e Fisioterapia, como cadeira 
disciplinar indispensável para o estudo do movimento humano. Atualmente, 
compreender e dominar a cinesiologia como uma área científica multidisciplinar é 
fundamental para o profissional de Educação Física aplicar em seus alunos e/ou 
atletas os exercícios de forma eficaz, qualitativa e segura.
Agora que sabemos o que é a cinésio e a importância de estudá-la, 
conheceremos sua estrutura postural, funcional e como aplicá-la no esporte.
3 VARIAÇÕES DE POSICIONAMENTO 
POSTURAL
Como parte da análise científica de um movimento, é importante sabermos 
também as diferentes posições do corpo com relação ao centro gravitacional, pois 
estes são pontos de referências em determinadas descrições, por isso esta seção 
será focada nos posicionamentos e orientação, planos e eixos do corpo e sua 
relação com o centro gravitacional do planeta e do corpo. 
Iniciaremos pela orientação corporal, que são duas, a posição anatômica, 
que é uma posição mais utilizada para análises de estudo. Nesse caso, a pessoa 
se encontra em pé, ereta, com as pernas e os braços ligeiramente afastados e 
com a palma da mão para frente. Já a posição fundamental é mais natural, 
semelhante à posição anatômica, porém, os braços são encostados no corpo 
com as mãos viradas para o corpo, esta usamos mais no nosso cotidiano. Na 
figura a seguir pode-se ver como são essas posições.
FONTE: https://files.passeidireto.com/a38d20b0-2388-4652-
8b03-57be0ea024d6/bg2.png. Acesso em: 2 jul. 2019.
71
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
Tudo que está em nosso planeta sofre a ação da gravidade, certo? A gravidade é 
uma força física que a Terra exerce sobre todos os corpos, no seu respectivo centro, 
daí a expressão centro gravitacional da Terra. Portanto, essa força gravitacional 
permite que fiquemos em pé e nos locomovemos, porém, para isso acontecer existe 
uma relação entre equilíbrio corporal e o nosso centro de gravidade, pois é, nós 
também possuímos um centro gravitacional.
3.1 CENTRO GRAVITACIONAL E 
EQUILÍBRIO CORPORAL
Vamos relembrar alguns conceitos? Começaremos falando do equilíbrio, 
que é uma qualidade física essencial para as nossas vidas, afinal, sem ele não 
conseguiríamos sequer ficar em pé, isso significa que o equilíbrio, além de promover 
a manutenção da posição e dos segmentos corporais em relação a eles mesmos e ao 
ambiente, também promove o equilíbrio de nossa postura, quando ocorre a interação 
entre as forças que agem no nosso corpo na busca de um equilíbrio corporal durante 
algum movimento (HORAK, 2006).
Quando falamos de modalidades esportivas, elas podem ser cíclicas (que 
contêm movimentos mais simples e contínuos) ou acíclicas (que contêm movimentos 
mais complexos e em diversas direções, intermitentes), porém, não só nas 
modalidades esportivas possuímos esses tipos de movimentos, todo corpo humano 
possui movimentos simples e complexos, e para que eles ocorram, é preciso que 
haja equilíbrio. Nesses casos de diferentes movimentos, também se sugere diferentes 
formas de equilíbrio, são eles:
Equilíbrio estável: é aquele que se mantém por um longo período de tempo 
sem alteração na estabilidade corporal, por exemplo, uma pessoa caminhando numa 
esteira na academia, na mesma velocidade durante um bom tempo.
Equilíbrio instável: sabe aquela situação em que a pessoa está tentando andar 
em um meio-fio e constantemente ela se desequilibra e corre o risco de cair? Esse 
intervalo de tempo bem rápido em que ocorre o desequilíbrio é o equilíbrio instável.
Equilíbrio recuperado: este se encontra entre o equilíbrio estável e instável. 
É uma alternativa de uma nova posição (quantas vezes forem necessárias) para 
retomar o mínimo que seja de equilíbrio. Por exemplo, quando estamos andando e de 
repente escorregamos e mudamos nossa posição para recuperar o equilíbrio.
Seguindo essa linha de conceitos, quem nunca ouviu esse termo em um 
72
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
esporte: “Mantenha essa base” ou em um combate de judô, por exemplo: 
“não troque de base”. Essa posição (postura) de estar com uma “base” 
significa que estamos equilibrados (estavelmente) em relação ao centro 
gravitacional do planeta paralelo ao do nosso corpo, contudo, quando nos 
encontramos momentaneamente “fora de base” ocorre o oposto, ou seja, 
não há uma combinação entre postura, equilíbrio e centro de gravidade. O 
campo gravitacional do nosso planeta exerce uma força-peso diretamente 
no centro gravitacional de nosso corpo, essa força-peso ocorre devido 
à aceleração da gravidade que mantém ou altera o nosso equilíbrio. No 
corpo humano, a coluna vertebral sustenta grande parte do peso corporal 
devido a sua flexibilidade e resistência mecânica, suportando as alterações 
de cargas e sempre buscando a estabilidade para a realização dos 
movimentos. Na figura a seguir pode-se ver a diferença de um corpo em equilíbrio 
estável e instável em relação a sua base e ao centro gravitacional.
FIGURA 7 – EXEMPLO DE EQUILÍBRIO ESTÁVEL E INSTÁVEL DE UM 
CORPO EM RELAÇÃO A SUA BASE E AO CENTRO GRAVITACIONAL
FONTE: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/wp-content/
uploads/2017/08/f2-equilibrio-do-corpo.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
O campo 
gravitacional do 
nosso planeta 
exerce uma força-
peso diretamente no 
centro gravitacional 
de nosso corpo, 
essa força-peso 
ocorre devido à 
aceleração da 
gravidade que 
mantém ou altera o 
nosso equilíbrio.
73
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
Todo movimento do corpo humano precisa de estabilidade para ser realizado. 
Os tipos de equilíbrios supracitados (estável, instável e recuperado) fazem parte de 
duas classificações mais globais de equilíbrio, que são: equilíbrio dinâmico (em 
movimento) e o equilíbrio estático (parado). 
Como comentamos anteriormente, há uma relação entre equilíbrio e centro 
de gravidade,esta relação nos mantém estabilizados para realizar os diversos 
movimentos. Acabamos de ter uma rápida noção conceitual de equilíbrio e agora 
faremos o mesmo com relação ao centro de gravidade. Este é um ponto que alguns 
chamam de ponto de equilíbrio, é um ponto único no nosso corpo, centralizado onde 
todo o resto do corpo (seu peso) se encontra igualmente distribuído em todas as 
direções. É exatamente nesse ponto que ocorre a aceleração da gravidade (força-
peso), e adivinhe onde fica esse ponto? Quando estamos equilibrados, esse ponto se 
encontra onde todas as linhas de eixo corporal (transverso, sagital e frontal, falaremos 
desse assunto a seguir) se cruzam, próximo à cicatriz umbilical. Vale ressaltar que as 
mulheres possuem o centro gravitacional um pouco mais abaixo que os homens.
FIGURA 8 – LOCALIZAÇÃO DO CENTRO DE GRAVIDADE EM 
DIFERENTES POSIÇÕES DO CORPO E DE OBJETOS
FONTE: https://1.bp.blogspot.com/-g9pXuPWfpb8/V2LmYqlMS-I/AAAAAAAAAGY/
anu0a6YyW_MB4ZjJXSoGz8CAJiv5R4rvwCLcB/s1600/CG.png. Acesso em: 2 jul. 2019.
74
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Na figura anterior observa-se que o centro de gravidade do corpo humano 
pode se encontrar em lugares diferentes de acordo com o tipo de posicionamento 
e movimento. Quando o corpo se encontra em equilíbrio estável e há um centro 
de gravidade definido, traça-se uma linha gravitacional, relacionando a gravidade 
do planeta, o ponto de gravidade do corpo e a base. Alguns fatores, além de 
postural e movimento, podem também alterar o centro de gravidade do copo, 
como a idade, a composição corporal (seja no aumento de volume muscular e/ou 
distribuição da massa corporal), a expiração/inspiração etc. 
A figura também apresenta imagens de objetos com seus respectivos 
centros de gravidade, nesses casos, quando o objeto respeita uma total simetria 
(quadrado, círculo, retângulo) em sua forma e seu peso é igualmente distribuído, 
o centro de gravidade se encontra no centro geométrico do objeto, já nos objetos 
assimétricos (formato irregular), o ponto de gravidade se localizará onde as linhas 
referentes ao diâmetro, à altura e às linhas diagonais se cruzam.
3.2 PLANOS E EIXOS DE 
ORIENTAÇÃO DO CORPO
Agora que entendemos essa relação entre equilíbrio e centro gravitacional, 
você se lembra de que foi comentado que a localização do ponto do centro de 
gravidade envolve o cruzamento das linhas dos três planos da orientação do 
corpo? Conhecer esses planos de orientação e consequentemente seus eixos, 
é essencial para entendermos, analisarmos e descrevermos um movimento do 
ponto de vista cinesiológico. Os planos de orientação correspondem às dimensões 
espaciais em que ocorrem os movimentos com relação ao ambiente. São três: 
plano sagital, transversal e frontal.
Observando uma pessoa em pé posicionada em nossa frente, o plano sagital 
é aquele que corta o corpo humano em duas partes iguais, produzindo o lado 
direito e o lado esquerdo; o plano transversal corta o corpo no meio, dividindo em 
duas partes, sendo parte superior e parte inferior, é um corte horizontal; e o plano 
frontal corta o corpo lateralmente de maneira vertical, dividindo-o entre parte da 
frente (anterior) e parte de trás (posterior), esse plano também é conhecido como 
plano coronal. 
Ao visualizarmos os planos de orientação do corpo (Figura 9), podemos 
observar também os seus eixos, que são as linhas perpendiculares que cortam 
esses planos, são eles: o eixo bilateral, que é o eixo que permite o movimento 
de flexão e extensão, como a articulação do cotovelo, com uma visão horizontal 
75
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
perpendicular ao plano sagital, esse eixo também é conhecido como eixo crânio-
pedal, horizontal ou transversal; eixo vertical, que possibilita o movimento de 
rotação medial e lateral, como a articulação do ombro, visualiza o corpo de cima 
para baixo, perpendicular ao plano transversal; e o eixo anteroposterior, o 
próprio nome já sugere, este possibilita o movimento adução e abdução, como 
a articulação do quadril, segue a linha sentido anterior posterior do corpo, sendo 
perpendicular ao plano frontal. Na figura a seguir, pode-se ver com clareza o 
posicionamento dos planos e eixos do corpo.
FIGURA 9 – PLANOS E EIXOS DO CORPO
FONTE: https://i1.wp.com/enfermagemcomamor.com.br/wp-content/uploads/2018/04/
Sem-T%C3%ADtulo-1.png?fit=658%2C494. Acesso em: 2 jul. 2019.
Cada plano de orientação permite a análise e a observação de respectivos 
movimentos, são movimentos fundamentais como: no plano frontal visualizamos 
movimentos, como adução, abdução, hiperabdução e flexão lateral; no plano 
transverso visualizamos as rotações esquerda, direita, medial, lateral, a pronação 
e a supinação; e no plano sagital visualizamos além da flexão e da extensão, 
como supracitado, a hiperextensão e a hiperflexão.
76
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 10 – EXEMPLOS DE MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS COM 
RELAÇÃO AOS PLANOS E EIXOS DE ORIENTAÇÃO CORPORAL
FONTE: http://md.intaead.com.br/geral/cinesiologia/img/img8.png. Acesso em: 2 jul. 2019.
1 Uma vez que entendemos os planos e os eixos anatômicos da 
orientação corporal, podemos fazer uma análise mais científica 
dos movimentos. Agora, reflita sobre isso: imagine um movimento 
simples e escreva em um papel o tipo de movimento, os músculos 
que participam e em que plano e eixo este pode ser analisado, 
depois faça o mesmo com um movimento mais complexo, 
pratique e exercite.
4 CINESIOLOGIA FUNCIONAL 
MUSCULAR
No primeiro capítulo deste livro tivemos acesso ao sistema muscular, 
suas funções e ações, porém, de uma maneira mais abrangente. Nesta seção, 
apresentaremos vários tipos de movimentos mais específicos com uma análise mais 
científica, consequentemente, será impossível não denotar a participação óssea e 
articular, contudo, estas terão maior ênfase no próximo capítulo (Sistema Locomotor).
Quando analisamos um movimento, cinesiologicamente falando, muitas vezes 
o único recurso que temos é o recurso visual e, assim, tentamos modificar algo em 
um movimento para otimizar seu desempenho e aumentar sua eficácia. Obviamente, 
a análise biomecânica e cinesiológica de um movimento pode ser da maneira mais 
77
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
sofisticada e tecnológica possível, na qual requer diversos aparelhos 
dentro de um laboratório, ou de uma maneira mais simples e real, de 
acordo com o nosso cotidiano. Claro que cada particularidade de estudo 
envolve profissionais mais capacitados para tal, no nosso caso, conseguir 
fazer uma análise de maneira simples com os conhecimentos básicos 
conceituais já é o suficiente para melhorarmos o desempenho de um atleta, 
corrigir um aluno e promover uma melhor qualidade de vida em praticantes 
de exercícios. A partir desses conhecimentos e do objetivo de cada um, 
cabe seguir o caminho da especialização específica para uma atuação excepcional. 
Na cinésio podemos executar uma análise de maneira dedutiva ou indutiva. 
Analisar de maneira dedutiva significa observarmos um movimento específico 
e suas características baseado em um critério previamente definido, por exemplo: 
escolhemos como critério a correção postural de um praticante de musculação, 
solicitamos que o indivíduo faça um trabalho de remada curvada, então será analisado 
o movimento da remada visando à correção da postura durante esse exercício, 
ou seja, como esse movimento deve ser feito para se manter a postura correta. Já 
na análise indutiva avaliamos o que é preciso para melhorar o desempenho de 
um movimento, ou seja, significa analisar “o que fez” aquele movimento 
específico escolhido ter melhor eficácia. Usando o exemplo da remada 
curvada, a análise indutiva responderia à questão: “O que é possível fazer 
para essa remada ser executada da melhor maneira?”.
Enfim, o tipo de análise dependerá do tipo de objetivo proposto, 
correção estrutural ou aumento da performance, contudo, em ambas 
devemoster um conhecimento apurado da cinesiologia, considerar o 
princípio da individualidade e especificidade e utilizar bases teóricas 
cientificamente provadas com criatividade para a aplicação. Portanto, para 
analisarmos um movimento completo, devemos: dividir esses movimentos 
em partes; cada parte deve possuir a descrição da atuação articular e 
muscular; e definir quais critérios devem ser avaliados com relação ao 
movimento escolhido. 
A partir desses 
conhecimentos 
e do objetivo de 
cada um, cabe 
seguir o caminho 
da especialização 
específica para 
uma atuação 
excepcional.
Para analisarmos 
um movimento 
completo, devemos: 
dividir esses 
movimentos em 
partes; cada parte 
deve possuir a 
descrição da 
atuação articular e 
muscular; e definir 
quais critérios 
devem ser avaliados 
com relação 
ao movimento 
escolhido.
Antes de descrevermos os tipos de movimentos gerais, faremos 
uma breve análise dos principais músculos e suas funções interessantes 
para o exercício. Para ter acesso a informações detalhadas sobre cada 
músculo, sugerimos que as busque em livros de anatomia aplicada 
geral e anatomia aplicada ao exercício, como o livro a seguir:
SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2006. 
78
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Respeitando o plano de orientação corporal transverso, dividiremos o corpo 
em duas partes, parte superior e parte inferior, começaremos com a parte superior.
4.1 MOVIMENTOS DA PARTE 
SUPERIOR DO PLANO TRANSVERSO 
CORPORAL
Visando à parte superior do corpo em relação ao plano transverso, ela é 
composta pelos movimentos da cintura escapular, dos ombros, dos cotovelos e 
da coluna. Começando pelo movimento da cintura escapular (composta pelas 
escápulas e clavículas), podemos dizer que esta é uma estrutura extremamente 
instável, porém produtora de movimentos complexos, e toda sobrecarga 
imposta sobre ela será transferida através da musculatura local para a coluna. 
Os movimentos oriundos dessa estrutura têm origem na escápula, na qual a 
clavícula se movimenta apenas para ajudar a escápula a se posicionar em 
relação à caixa torácica, seus movimentos se resumem em rotação para cima e 
para baixo, retração, prostração, elevação e depressão. No quadro a seguir, serão 
apresentados os músculos que participam do movimento da cintura escapular, 
com sua origem, inserção e ação.
QUADRO 1 – PRINCIPAIS MÚSCULOS ENVOLVIDOS NO MOVIMENTO DA 
CINTURA ESCAPULAR, COM SUAS ORIGENS, INSERÇÕES E AÇÕES
Músculo Origem Inserção Ação
Subclávio
Superfície superior da 1ª 
costela.
Superfície inferior da 
clavícula.
Tracionar a clavícula medialmente, 
fixando-a ao esterno.
Peitoral maior
Borda anterior da 
clavícula, do esterno e 
das cartilagens das seis 
primeiras costelas.
Borda externa da 
goteira bicipital do 
úmero.
É responsável pela flexão do om-
bro, auxiliando a abdução, é motor 
primário da extensão e adução do 
ombro.
Peitoral 
Menor
Na 3ª, 4ª e 5ª costelas.
Extremidade do pro-
cesso coracoide.
Atuar como motor primário da 
abdução e rotação para baixo da 
escápula.
Serrátil
Superfície externa e 
lateral das oito ou nove 
primeiras costelas.
Superfície anterior 
da borda medial da 
escápula.
Prostração (porção superior) da 
escápula e rotação (porção infe-
rior).
Trapézio
Base do crânio e pro-
cessos espinhosos da 
7ª vértebra cervical até a 
12ª vértebra torácica.
Terço lateral da 
clavícula; acrômio e 
espinha escapular.
Elevação da escápula; a retração, 
adução e rotação da escápula.
79
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
Elevador da 
Escápula
Processo transverso das 
quatro ou cinco primei-
ras vértebras cervicais.
Borda medial da es-
cápula até o ângulo 
superior.
Elevar a escápula e manter a pos-
tura natural.
Romboide
Processos espinhosos 
das vértebras 7ª cervical 
até a 5ª torácica.
Borda medial da es-
cápula, da espinha 
até o ângulo inferior.
Realizar a adução do ângulo infe-
rior da escápula e limitar a rotação 
escapular, auxiliando no posiciona-
mento da cavidade glenoide.
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/novosite/. Acesso em: 2 jul. 2019.
FIGURA 11 – IMAGEM DOS MÚSCULOS QUE ATUAM NO 
MOVIMENTO DA CINTURA ESCAPULAR E DO OMBRO
FONTE: http://2.bp.blogspot.com/-XLzD4w16uQc/
TtrdlYyC4_I/AAAAAAAAALE/7u3eIIk4cCA/s1600/
OMBROEESC%25C3%2581PULA.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
80
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Subsequentemente, unida à estrutura da cintura escapular, apresentaremos 
os movimentos do ombro, que apesar de ser uma estrutura diferente, acaba 
compondo e sendo composta por alguns elementos da cintura escapular, como 
no caso, a escápula (ligação do úmero à cavidade glenoide), onde ocorre a 
estabilização dessa articulação devido aos ligamentos unirem o úmero ao acrômio 
e processo coracoide e, consequentemente, também pela clavícula, fazendo 
dela a articulação mais móvel do corpo humano. Ela executa os movimentos de 
flexão e hiperflexão, extensão e hiperextensão, abdução, adução, rotação (lateral 
e medial), adução horizontal e abdução horizontal. Na Figura 11, juntamente à 
musculatura da cintura escapular, podemos também visualizar os músculos da 
articulação do ombro. Na figura e no quadro a seguir, pode-se observar a estrutura 
articular do ombro e os músculos participantes.
FIGURA 12 – ARTICULAÇÃO DO OMBRO COM SEUS COMPONENTES
FONTE: http://saude.culturamix.com/medicina/conheca-a-cinesiologia-
da-articulacao-do-ombro. Acesso em: 2 jul. 2019.
QUADRO 2 – PRINCIPAIS MÚSCULOS ENVOLVIDOS NO MOVIMENTO 
DO OMBRO, COM SUAS ORIGENS, INSERÇÕES E AÇÕES
Músculo Origem Inserção Ação
Deltoide
Terço lateral da clavícula; 
acrômio; espinha da es-
cápula
Tuberosidade do 
úmero.
Flexão extensão, flexão lateral, 
rotação externa, rotação interna, 
abdução, adução e estabili-
zação.
Supraespinhoso Fossa supraespinhal.
Tubérculo maior 
do úmero.
Abdução do ombro e auxiliar na 
rotação externa.
81
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/novosite/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Conheceremos agora os movimentos do cotovelo (flexão, extensão pronação 
e supinação). Antes de apresentarmos os músculos participantes do movimento 
do cotovelo, vale ressaltar que ao contrário do que parece, não existe apenas uma 
articulação no cotovelo, mas, sim, três articulações, sendo elas as articulações 
umeroulnar, umerorradial e radioulnar. Essas três articulações permitem que o 
cotovelo tenha uma amplitude mediana de 150 graus limitada pela extensão e 
flexão.
Coracobraquial Processo coracoide.
Porção an-
teromedial do 
úmero.
Adução horizontal, auxiliar na 
flexão e estabilização.
Grande Dorsal
Processo espinhoso das 
seis vértebras torácicas 
inferiores e todas as lom-
bares, a crista ilíaca e as 
três costelas inferiores.
Sulco intertuber-
cular do úmero.
Motor primário em adução, ex-
tensão, hiperextensão do ombro, 
auxiliando na abdução horizontal 
e rotação interna.
Redondo Maior
Ângulo inferior da es-
cápula.
Goteira bicipital 
do úmero.
Motor primário na adução, ex-
tensão, rotação interna do om-
bro e estabilizador.
Subescapular
Superfície costal da es-
cápula.
Tubérculo menor 
do úmero.
Motor primário na rotação inter-
na do ombro e estabilizador.
Manguito Rotador x x
Conjunto de tendões de vários 
músculos (subescapular, 
supraespinhal, infraespinhal e 
redondo menor) que aproximam 
a cabeça do úmero na cavidade 
glenoide, aumentando a 
estabilidade.
QUADRO 3 – PRINCIPAIS MÚSCULOS NO MOVIMENTO DO 
COTOVELO, COM SUAS ORIGENS, INSERÇÕES E AÇÕES
Músculo Origem Inserção Ação
Tríceps Braquial
Escápula; da diáfise até o 
tubérculo maior; dorso inferi-
or do úmero.
Olecrano da ulna.
Motor primário da ex-
tensão do cotovelo.
Ancôneo Epicôndilo lateral do úmero.
Olecrano da ulna 
e face posterior da 
diáfise da ulna.
Extensão do cotove-
lo e participação na 
pronação.
Bíceps Braquial
Parte superior da cavidade 
glenoide; processocora-
coide.
Tuberosidade do rádio.
Flexão do cotovelo e 
auxiliar na supinação 
(articulação radioulnar).
Braquiorradial
Crista supraepicondilar e no 
septo lateral.
Processo estiloide do 
rádio.
Flexão do cotovelo e 
auxiliar na supinação.
Braquial Terço médio do úmero. Tuberosidade da ulna. Flexão do cotovelo.
82
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Pronador Re-
dondo
Epicôndilo medial do úmero 
e processo coronoide da 
ulna.
Superfície centro later-
al do rádio.
Auxiliar a pronação na 
articulação radioulnar e 
na flexão do cotovelo.
Pronador 
Quadrado
Porção anterodistal da ulna.
Porção anterodistal do 
rádio.
Pronação do antebraço.
Supinador Epicôndilo lateral do úmero.
Terça parte proximal 
lateral do rádio.
Supinação do antebraço.
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/novosite/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Apesar de ser uma estrutura estável, devido a sua mobilidade e ao uso de 
complementos externos com sobrecargas (sacolas de mercado, bolsas, raquete, 
tacos, entre outros) paralelo a grandes alavancas impostas, apresenta um grande 
risco de lesão.
FIGURA 13 – IMAGEM DOS MÚSCULOS QUE ATUAM NO 
MOVIMENTO DO COTOVELO, PUNHO E MÃO
FONTE: http://1.bp.blogspot.com/-Mc22yZxpF7M/UWIIO_JTW-I/AAAAAAAAAGY/
SyGUcc6G99o/s1600/cotovelo+musculos.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
Não precisamos mencionar aqui a importância que a mão exerce na vida 
do ser humano e obviamente nos movimentos cotidianos e nas modalidades 
esportivas, não é? 
83
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
Você sabia que possuímos um músculo que alguns primatas 
não possuem e que esse fato ajuda a comprovar a teoria evolutiva? 
Esse músculo permite que o polegar encoste em todos os outros 
dedos. Sabe como ele se chama? Oponente do polegar, inclusive 
o fato de possuirmos o polegar nos permite exercer o movimento de 
pinça para pegarmos os objetos, inclusive escrever.
A mão e o punho possuem uma estrutura dimensional pequena, contudo, 
com uma complexidade funcional extrema, possuindo 33 músculos e 27 ossos, 
que são unificados por 24 articulações e executam movimentos de flexão, 
extensão, abdução, adução e circundução. É claro que não apresentaremos 
aqui todos esses componentes, lembre-se de que a ideia é apenas conhecer os 
principais músculos e seus movimentos para termos uma análise cinesiológica 
mais contundente. 
Para ter mais informações sobre toda essa estrutura, procure 
obras na área de anatomia aplicada. Como sugestão, indicamos os 
livros a seguir:
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. Porto Alegre: Artmed, 
2000. 
SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2006. 
Com relação ao punho, mesmo possuindo vários músculos, a sua função 
se limita em ser extensor e flexor. A apresentação visual destes se encontra na 
Figura 13. No quadro a seguir, denotam-se alguns dos principais músculos que 
participam do movimento do punho e da mão.
84
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
QUADRO 4 – PRINCIPAIS MÚSCULOS NO MOVIMENTO DO PUNHO 
E DA MÃO, COM SUAS ORIGENS, INSERÇÕES E AÇÕES
Músculo Origem Inserção Ação
Flexor radial do 
carpo
Epicôndilo do úmero.
Superfície anterior do 2ª 
metacárpico.
Flexão e abdução do 
punho.
Flexor ulnar do 
carpo
Epicôndilo medial do 
úmero.
Osso pisiforme, base do 5º 
metacarpo e osso hamato.
Flexão e adução do 
punho.
Extensor radial 
longo do carpo
Crista supracondilar lat-
eral do úmero.
Porção dorsal do 2ª 
metacárpico.
Extensão e abdução do 
punho.
Extensor ulnar 
do carpo
Epicôndilo lateral do 
úmero.
Porção posterior do 5º 
metacárpico.
Extensão e adução do 
punho.
Flexor superfi-
cial dos dedos
Epicôndilo medial do 
úmero; processo coro-
noide da ulna.
Lados proximais das fa-
langes médias dos dedos 
(exceto polegar).
Flexão das falanges 
proximal, distal e do 
punho.
Flexor longo do 
polegar
Superfície anterior 
média do rádio e da 
membrana interóssea.
Porção anterior proximal da 
falange distal do polegar.
Flexão da falange distal, 
flexão e adução do meta-
carpo e do punho.
Oponente do 
polegar
Osso trapézio e no lig-
amento transverso do 
carpo.
Porção medial e radial do 1º 
metacárpico.
Movimento de circun-
dução (oposição) parcial 
do metacarpo do polegar.
Extensor dos 
dedos
Epicôndilo lateral do 
úmero.
Superfície dorsal da falange 
proximal; superfície dorsal 
proximal da falange média.
Extensão da falange 
proximal e do punho.
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/novosite/. Acesso em: 2 jul. 2019.
Falaremos agora sobre os movimentos da coluna, estes se resumem em 
flexão e extensão da lombar e da cervical, flexão lateral e rotação. A coluna tem 
algumas particularidades, além de ser composta por 33 vértebras, estas iniciam 
pela cabeça, sendo estruturalmente menores do que as vértebras que terminam 
no quadril (lombar), isso porque a maior carga (peso) é sustentada por essa 
região, além disso, algumas partes da coluna explicam sua anatomia e ação em 
função da adaptação e do funcionamento fisiológico, como é o caso das vértebras 
torácicas, que executam uma flexão menor para não comprimirem os órgãos. Outra 
particularidade é que entre as vértebras existem os discos intervertebrais, que estão 
ali para ajudar na movimentação e proteger o contato de uma vértebra com a outra. 
Ao estudar mais detalhadamente a coluna vertebral em livros e 
sites de anatomia aplicada, você perceberá que há uma quantidade 
maior de músculos extensores do que flexores. Por quê? Lembra de 
quando falamos sobre a ação da gravidade? A gravidade vai ajudar a 
posição de flexão, por isso não precisa de tantos músculos, porém, para 
retornar para a posição natural executando uma extensão, além da força 
a ser executada contra o peso do próprio corpo, ainda temos que vencer 
a força da gravidade, por isso a coluna tem mais músculos extensores. 
85
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
No quadro a seguir, apresentaremos alguns músculos importantes para o 
movimento da coluna.
QUADRO 5 – PRINCIPAIS MÚSCULOS NO MOVIMENTO DA COLUNA 
VERTEBRAL, COM SUAS ORIGENS, INSERÇÕES E AÇÕES
Músculo Origem Inserção Ação
Esternocleidomastoideo
Manúbrio do ester-
no; porção média da 
clavícula.
Processo mastoide.
Flexão lateral do 
pescoço.
Escaleno
Tubérculo posterior das 
apófises transversas de 
C3 a C7.
1ª costela posteriormente 
ao músculo escaleno 
anterior.
Flexão lateral do 
pescoço e auxil-
iar na respiração.
Transverso Processo xifoide.
Sínfise púbica e crista 
ilíaca.
Flexão lombar.
Reto abdominal
Da 5ª a 7ª cartilagens 
costais; processo xi-
foide; ligamento costo-
xifoide.
Púbis; Sínfise púbica. Flexão lombar
Esplênio do pescoço
Metade inferior do 
ligamento da nuca; pro-
cessos espinhosos da 
T1 a T6.
Tubérculos posteriores 
dos processos transver-
sos de C1 a C4.
Extensão das 
vértebras cerv-
icais.
Semiespinhal
Processo transverso de 
T1 a T6.
Processo medial da linha 
da nuca inferior e superi-
or do occipital.
Extensão das 
vértebras cerv-
icais.
Iliocostal Região cervical.
Região do sacro e cóc-
cix.
Extensão da 
coluna e ma-
nutenção pos-
tural.
Longuíssimo
Face dorsal do sacro; 
processo espinhoso de 
L5 a T12.
Processo acessório 
das vértebras lombares 
superiores; Processo 
transverso das vértebras 
torácicas.
Extensão da 
coluna e ma-
nutenção pos-
tural.
Oblíquo interno
Crista ilíaca, fáscia 
toracolombar e dois 
terços laterais do liga-
mento inguinal.
Bordas inferiores das 
últimas três costelas e 
linha alba.
Rotação do 
tronco.
Oblíquo externo Da 5° a 12° costelas.
Crista ilíaca, ligamento 
inguinal e bainha do reto 
abdominal.
Rotação do 
tronco.
Quadrado Lombar
Crista ilíaca e ligamento 
iliolombar.
12ª costela e apófises 
transversas da 1ª a 4ª 
vértebras lombares.
Flexão lateral.
Psoas
1ª a 4ª vértebras 
lombares; processos 
transversos de todas as 
vértebras lombares; 12ª 
vértebra torácica.
Trocânter menor. Flexão lateral.
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/novosite/.Acesso em: 2 jul. 2019.
86
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Com uma visão geral da musculatura da parte posterior/superior do corpo, a 
figura a seguir apresenta também alguns dos principais músculos responsáveis 
pelos movimentos da coluna. 
Para um maior detalhamento sobre anatomia, origens e 
inserções, além da bibliografia indicada na legenda inferior das 
tabelas, busque informações em sites como: <https://www.kenhub.
com/pt> e <https://www.auladeanatomia.com>.
FIGURA 14 – VISÃO DOS MÚSCULOS DA PARTE POSTERIOR/SUPERIOR DO CORPO
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/upload/site_pagina/
dorsosuperficial.jpg?x73193. Acesso em: 2 jul. 2019.
87
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
4.2 MOVIMENTOS DA PARTE 
INFERIOR DO PLANO TRANSVERSO 
CORPORAL
Dando sequência à apresentação específica dos movimentos corporais por 
região, iniciaremos agora a parte inferior do corpo no que diz respeito ao plano 
transverso de orientação corporal. Esta parte se resume aos movimentos da 
pelve, joelho e tornozelo, envolvendo os seguimentos da coxa, perna e pé. 
Iniciaremos pelos movimentos da cintura pélvica e coxa, formada por dois 
ossos ilíacos subdivididos em osso ílio, ísquio e púbis. Essa região executa 
movimentos de extensão, flexão, adução, abdução e rotação (lateral e medial) do 
quadril, coxa e joelho, oferecendo também apoio com relação aos movimentos do 
tronco e fazendo a ligação com os membros inferiores, ou seja, une o esqueleto 
apendicular (nesse caso os membros inferiores) ao esqueleto axial (que é 
composto pelo crânio, caixa torácica e coluna) através de músculos biarticulares, 
por isso, nessa parte da descrição dos músculos e seus movimentos, serão 
denotados os principais músculos responsáveis pelo movimento do quadril, da 
coxa, do joelho, da perna e do pé. 
Subsequentemente, o joelho é considerado uma estrutura complexa, apesar 
de seus movimentos serem simples (flexão extensão e rotação (lateral e medial)), 
isso porque além de unir o fêmur a outros dois ossos (tíbia e fíbula) através de 
uma cápsula articular composta por meniscos e ligamentos, toda força imposta ao 
corpo e recebida na coluna é direcionada aos joelhos, assim como todo impacto 
sofrido nas atividades mais simples, como uma corrida ou caminhada, também 
causa repercussão nos joelhos. 
A estrutura do tornozelo e do pé, assim como a da mão, é composta por uma 
grande variedade de componentes de diversos tamanhos, possui 26 ossos unidos 
por 33 articulações, essas articulações pertencem a cinco complexos articulares 
(talocrural, interfásicas, tarsometatársicas, metatarsofalângicas e interfalângicas), 
onde ocorrem vários movimentos articulares simultaneamente, dando origem aos 
movimentos conjuntos chamados: dorsiflexão, flexão plantar, inversão e eversão. 
É a área de ligação do corpo com a base (com o chão), logo, há todo um equilíbrio 
e formação para distribuir o peso do corpo de acordo com a realidade do sujeito 
(andando, correndo, saltando). 
88
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
QUADRO 6 – PRINCIPAIS MÚSCULOS NO MOVIMENTO DO QUADRIL, COXA, 
JOELHO, PERNA E PÉ, COM SUAS ORIGENS, INSERÇÕES E AÇÕES
Músculo Origem Inserção Ação
Sartório
Crista ilíaca anterossupe-
rior.
Superfície medial da 
tuberosidade tibial.
Flexão, abdução e 
rotação lateral da 
coxa; rotação medial 
do joelho.
Reto Femoral
Espinha ilíaca anteroinfe-
rior.
Patela e tuberosidade 
anterior da tíbia.
Flexão do quadril.
Glúteo Máximo
Linha glútea posterior do 
ilíaco, sacro, cóccix e liga-
mento sacrotuberoso.
Trato iliotibial da fáscia 
lata e tuberosidade 
glútea do fêmur
Extensão e rotação 
lateral do quadril.
Adutor Magno
Tuberosidade isquiática, 
ramo do púbis e do ísquio.
Linha áspera do tubér-
culo adutório.
Adução da coxa.
Tensor da Fáscia lata Crista ilíaca e EIAS. Trato iliotibial
Flexão, abdução e 
rotação medial do 
quadril e rotação 
lateral do joelho.
Pectíneo
Eminência ílo-pectínea, 
tubérculo púbico e ramo 
superior do púbis.
Linha pectínea do fêmur.
Flexão do quadril; 
adução da coxa.
Adutor Longo
Superfície anterior do púbis 
e sínfise púbica.
Linha áspera. Adução da coxa.
Grácil
Sínfise púbica e ramo infe-
rior do púbis.
Superfície medial da 
tuberosidade da tíbia.
Adução da coxa; 
flexão e rotação me-
dial do joelho.
Quadrado Femoral Tuberosidade isquiática. Crista intertrocantérica.
Rotação lateral e 
adução da coxa.
Obturador Externo
Ramos do púbis e ísquio; 
face externa da membrana 
obturatória.
Fossa trocantérica do 
fêmur.
Rotação lateral da 
coxa
Semitendinoso Tuberosidade isquiática.
Superfície medial da 
tuberosidade da tíbia.
Extensão do quadril; 
flexão e rotação me-
dial do joelho.
Semimembranoso Tuberosidade isquiática. Côndilo medial da tíbia
Extensão do quadril; 
flexão e rotação me-
dial do joelho.
Tibial Anterior
Côndilo lateral da tíbia; ¼ 
proximal da face lateral da 
tíbia; membrana interóssea.
Cuneiforme medial; 
base do 1º metatarso.
Flexão dorsal e in-
versão do pé.
Gastrocnêmico Lat-
eral
Côndilo lateral do fêmur. Calcâneo.
Flexão do joelho; 
flexão plantar do 
tornozelo.
Poplíteo Côndilo lateral do fêmur.
Linha solear da face 
posterior da tíbia.
Flexão e rotação 
medial do joelho.
Extensor Longo do 
Hálux
¼ intermediários da fíbula; 
membrana interóssea.
Falange distal do hálux.
Extensão do hálux; 
flexão dorsal; in-
versão do pé.
Fibular Curto
2/3 distais da face lateral 
da fíbula
Base do 5º metatarso
Flexão plantar; 
eversão.
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/novosite/. Acesso em: 2 jul. 2019.
89
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
FIGURA 15 – VISTA ANTERIOR DE ALGUNS MÚSCULOS QUE ATUAM 
NOS MOVIMENTOS DO QUADRIL E DOS MEMBROS INFERIORES
FONTE: https://powerandworks.files.wordpress.com/2011/10/
quadriceps.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
Agora que tivemos acesso a um breve entendimento das regiões funcionais 
do nosso corpo e alguns músculos que participam dos principais movimentos, 
podemos entender como somos capazes de produzir movimentos simples e 
complexos; obviamente, o treinamento dessas áreas resultará na potencialização 
dos movimentos, seja com maior força ou velocidade, além, é claro, de contribuir 
para uma melhor saúde corporal. Ao conseguirmos observar um determinado 
movimento de alguma modalidade com um olhar mais científico, estamos 
aplicando a cinesiologia, mesmo que de maneira simples. Agora, para finalizar 
este capítulo, aprenderemos alguns outros fatores que devemos saber para 
aplicar a cinesiologia, visando ao desempenho no exercício e no esporte.
QUADRO 7 – OS MOVIMENTOS COM SEUS RESPECTIVOS 
PLANOS E EIXOS ANATÔMICOS
Movimentos Plano Eixo
Flexão Sagital Transversal
Extensão Sagital Transversal
Abdução Frontal Anteroposterior
Adução Frontal Anteroposterior
Rotação Medial Transversal Vertical
90
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FONTE: Adaptado de Hay e Reid (1996) 
5 CINESIOLOGIA APLICADA NO 
EXERCÍCIO E NO ESPORTE
Com os conhecimentos que adquirimos nas seções anteriores 
deste capítulo, sem uma visão detalhada e pesada do assunto, mas de 
uma maneira geral sobre o que é a cinesiologia e o que esta estuda, 
já podemos ter uma noção da magnitude de contributos que ela pode 
oferecer para um praticante de exercícios e para um atleta de elite. 
Podemos compreender o quão é necessário ter o domínio, mesmo que 
básico, dos aspectos cinesiológicos para aplicá-los durante a prescrição 
de um exercício, ou num treino específico de uma modalidade, 
garantindo um bom desempenho e diminuindo as variáveis de lesões.
Para otimizar o trabalho em aplicar uma análise cinesiológica 
em um determinado movimento, precisamos ter algumas informações 
preliminares (o que vamos analisar?); conhecer as terminologias das 
ações articulares (elevação, flexão); saber qual é a ação articular a ser observada; 
saber a tendência da ação articular em questão por forças externas (peso do 
segmento ou do objeto a serutilizado); os grupos musculares ativos (motores 
primários ou acessórios); os tipos de contração (concêntrico, excêntrico); e os 
tipos de movimento do corpo. Exceto pela última observação (tipos de movimentos 
do corpo), já tivemos acesso a todas as outras informações. 
Ao analisarmos o movimento do corpo, este é feito de maneira subjetiva 
durante o desempenho de sua execução, podendo ser um único gesto motor ou 
uma atividade completa, ou seja, poder ser, por exemplo, apenas o gesto de flexão 
e extensão do tornozelo, ou a execução de um salto completo, tudo é feito pela 
O quão é necessário 
ter o domínio, 
mesmo que básico, 
dos aspectos 
cinesiológicos para 
aplicá-los durante 
a prescrição de um 
exercício, ou num 
treino específico de 
uma modalidade, 
garantindo um 
bom desempenho 
e diminuindo as 
variáveis de lesões.
Rotação Lateral Transversal Vertical
Circundução Combinado Combinado
Abdução Horizontal Transversal Vertical
Adução Horizontal Transversal Vertical
Pronação Transversal Vertical
Supinação Transversal Vertical
Dorsiflexão Sagital Transversal
Flexão Plantar Sagital Transversal
Eversão Combinado Combinado
Inversão Combinado Combinado
Retroversão Sagital Transversal
Anteroversão Sagital Transversal
91
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
observação. De uma forma mais global, quando falamos de desempenho, temos 
que ter conhecimento de alguns conceitos básicos com relação a movimento 
corporal. Os movimentos produzidos pelo nosso corpo podem ser classificados 
de várias maneiras e essas classificações serão a ênfase de nossa aprendizagem 
neste momento. Focaremos em seis tipos de movimentos, são eles: movimentos 
de força contínua; movimento passivo; movimento balístico; movimento 
dirigido; movimento equilibrado dinâmico e movimento oscilatório.
5.1 MOVIMENTOS CORPORAIS 
RELACIONADOS COM O 
DESEMPENHO
Sobre os movimentos de força contínua são movimentos em que há 
uma contração dos músculos motores primários (aqueles que são os principais 
responsáveis pela ação e se contraem para realizar o movimento), e essa 
contração se mantém durante a força (contínua) que é aplicada sobre uma 
resistência, independentemente de sua velocidade ou potência. Um bom exemplo 
é quando nos penduramos numa barra para executar o exercício “barra fixa”, o 
momento em que estamos realizando a puxada é considerado um movimento de 
força contínua. 
FIGURA 16 – EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE BARRA FIXA, ONDE O 
MOVIMENTO DE FORÇA CONTÍNUA OCORRE NA FIGURA DA DIREITA
FONTE: https://www.treinomestre.com.br/wp-content/uploads/2016/05/
barra-fixa-capa.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
92
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Já o movimento passivo se caracteriza por qualquer movimento que seja 
obrigatório, contudo, que não ocorra contração muscular contínua. Esse tipo de 
movimento se subdivide em mais três: movimento passivo de manipulação 
(quando a origem da força para executarmos a ação é uma outra pessoa, ou 
qualquer força que seja exterior, exceto a força gravitacional, como alguns 
movimentos de dança em dupla (a pessoa suspensa num passo de hip hop 
está sofrendo o movimento passivo de manipulação)); movimento de inércia 
(é a continuidade de um movimento iniciado, porém essa continuidade ocorre 
sem contração muscular, como a patinação, após o movimento inicial para se 
locomover, quando este termina, o corpo continua a mover-se sem contração 
muscular, porém, ocorre influência da fricção e resistência do ar, assim como o 
final de tensão que restou nos ligamentos e músculos); e movimento de queda 
ou gravitacional (sabe quando assistimos aqueles eventos de ginástica artística, 
em que as atletas fazem saltos e piruetas desafiando a força da gravidade? Antes, 
elas usam toda a velocidade e potência muscular para realizarem o salto ou o 
impulso, e é exatamente no momento de queda dessas piruetas que ocorre o 
movimento gravitacional, ou como o próprio nome já diz, movimento de queda.
FIGURA 17 – EXEMPLO DE UM MOVIMENTO PASSIVO, NESSE 
CASO O MOVIMENTO GRAVITACIONAL OU DE QUEDA
FONTE: https://docplayer.com.br/docs-images/71/65140694/
images/7-0.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
No que diz respeito ao movimento balístico, é um conjuntos de três 
movimentos separados por fases, por isso há uma fase inicial, intermediária e a 
fase final, ou seja, imagine um jogador de golfe preparado para lançar uma tacada, 
a primeira fase da tacada é realizada com o movimento de força contínua (pois 
há contração muscular contínua até acertar a bola), em seguida entra na fase 
93
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
de movimento passivo (pois há um movimento de inércia quando não há mais a 
contração muscular e ocorre a continuação do movimento) e, consequentemente, 
o movimento termina na fase final, que é a desaceleração do movimento 
(graças à realização da contração excêntrica). É claro que, durante a execução 
do movimento completo, essas fases são interligadas sem a possibilidade de 
separação, contudo, cinesiologicamente, esses três movimentos existem nesse 
tipo de ação.
FIGURA 18 – EXEMPLO DE UM MOVIMENTO BALÍSTICO COM 
AS TRÊS FASES QUE CONSTITUEM ESSE MOVIMENTO
FONTE: http://s2.glbimg.com/xMkMSEc7Lp1xuoXS35b_YnY1Gzs=/smart/e.glbimg.com/
og/ed/f/original/2015/09/30/0815-gd-isse01-01-thomas.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
Seguindo os tipos de movimentos com relação ao desempenho, 
falaremos sobre o quarto tipo: os movimentos dirigidos. Estes são 
aqueles movimentos que requerem uma coordenação motora mais 
definida, independente de velocidade e força, são gestos motores 
que requerem precisão e, para que isso ocorra, é preciso que haja 
um equilíbrio entre os músculos antagonistas e os músculos motores 
primários. Quando não há esse equilíbrio ocorrem os tremores, contudo, 
quando este equilíbrio é alcançado, o gesto motor ocorre com firmeza. 
Nesse tipo de movimento podemos exemplificar o ato de escrever ou 
de colocar algum objeto dentro de um espaço específico sem que este 
toque as extremidades do local. Imagine um fio de arame que segue 
em várias direções, ora reto, ora fazendo curvas, e você precisa percorrer esse 
arame com o interior de um anel, sem que o anel toque nesse arame, isso é um 
movimento dirigido.
Imagine um fio de 
arame que segue 
em várias direções, 
ora reto, ora fazendo 
curvas, e você 
precisa percorrer 
esse arame com 
o interior de um 
anel, sem que o 
anel toque nesse 
arame, isso é um 
movimento dirigido.
94
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 19 – NA TENTATIVA DE PERCORRER ESSE ARAME SEM 
TOCAR A ARGOLA SERÁ REALIZADO O MOVIMENTO DIRIGIDO
FONTE: http://www.dreaminc.com.br/sala_de_aula/wp-content/
uploads/kit-de-Eletronica.jpg. Acesso em: 2 jul. 2019.
Nos movimentos equilibrados dinâmicos, ocorre o trabalho simultâneo de 
vários componentes do sistema muscular. Você se lembra dos fusos musculares 
que estudamos no Capítulo 1? Então, nesses tipos de movimentos eles detectam 
as posições de equilíbrio que queremos para fazer alguma ação distinta, criando 
um sistema de autocontrole para realizar todas as correções necessárias para 
que o movimento que queremos realizar ocorra com eficácia. Para isso acontecer, 
há a participação de vários grupos musculares apropriados para tal movimento, 
realizando várias contrações reflexas para manter o equilíbrio corporal. Podemos 
citar como exemplo quando um atleta de vôlei está na posição expectativa e 
ocorre o movimento para receber a bola, seja numa cortada ou num saque, no 
momento que o atleta defende tal gesto, está produzindo o movimento equilibrado 
dinâmico.
95
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
FIGURA 20 – EXEMPLO DA REALIZAÇÃO DO MOVIMENTO EQUILIBRADO 
DINÂMICO AO DEFENDER UM SAQUE OU CORTADA NO VÔLEI
FONTE: http://www.grandefm.com.br/media/
images/3692/77420//578e0744dc99b915092e58d0e00a1852489d288c0a98d.
jpg. Acesso em: 3 jul. 2019.
Para finalizarmos os tipos de movimentos corporais relacionados ao 
desempenhodo atleta ou no exercício, temos os movimentos oscilatórios, que 
se caracterizam pela rápida mudança da direção inicial (se inverte) do movimento 
na parte final de cada execução curta de uma ação (contração curta). Esse 
movimento é promovido pela cocontração dos músculos antagonistas que se 
alternam na dominância. Consequentemente, acabam sendo a parte final de um 
movimento que, muitas vezes, é essencial para a realização perfeita e eficiente 
de um gesto motor. Podemos citar como exemplo o ato de sacudir um objeto, ou 
exemplificar no esporte os diversos movimentos do punho do judoca ao segurar 
e manusear o quimono do adversário, ou de um esgrimista a manusear a espada 
(florete).
96
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 21 – EXEMPLO DE MOVIMENTO OSCILATÓRIO NO MOMENTO EM QUE O 
ATLETA DISPUTA PEGADA EXECUTANDO DIVERSOS MOVIMENTOS DO PUNHO
FONTE: https://vhx.imgix.net/superstarjudo/assets/
ff56e3a5-31dd-4c73-a539-f8d9e020124a-c0e325b6.
jpg?auto=format%2Ccompress&fit=crop&h=360&w=640. Acesso em: 3 jul. 2019.
Após uma breve ideia dos tipos de movimentos do corpo humano com 
relação ao exercício e atividade física, conseguimos obter os fatores necessários 
para termos condições de realizar uma análise cinesiológica de um determinado 
movimento no que se refere a sua ação articular e muscular. Foram apresentados 
diversos fatores que auxiliam essa análise, agora precisamos ter algumas 
considerações a respeito da correlação “análise e desempenho”.
5.2 ANÁLISE COM RELAÇÃO AO 
DESEMPENHO 
A posse de informações relacionadas à área da cinesiologia ajuda o 
profissional de Educação Física (e outros profissionais) na correção dos 
movimentos, melhorando sua execução e diminuindo os riscos de lesão. Além 
disso, há toda uma economia de energia, tempo, força e outras variáveis que 
garantem a otimização e o rendimento do desempenho quando falamos de um 
atleta de elite ou um praticante de musculação que, por sua vez, acaba tendo 
resultados rapidamente.
Obviamente, assim como o corpo pode produzir movimentos naturais 
simples ou complexos, esses tipos de movimentos também variam de acordo com 
97
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
a modalidade ou com o contexto que encontramos, originando tanto 
padrões qualitativos quanto quantitativos, portanto há, de fato, uma 
interação de diversas áreas de conhecimento quando vamos analisar 
um movimento, podendo variar sua distinção de acordo com o grau de 
complexidade de cada tarefa a ser realizada. Por isso, quanto maior o 
grau de complexidade do movimento, maior será a interdependência, 
ou seja, maior a quantidade de relações de áreas de estudo a participar 
dessa análise, produzindo uma análise mais ampla e mais técnica 
cinesiologicamente (FLOYD, 2000; AMADIO; BARBANTI, 2000).
Quando usamos uma análise com a ajuda das áreas que utilizam 
a cinésio, temos a possibilidade muito maior de estabelecer correlações 
que envolvem as causas e os feitos do movimento. Essas constatações, 
graças ao auxílio das outras áreas (como matemática, fisiologia, física, 
anatomia etc.), podem ser mensuradas de maneira quantitativa, ou 
seja, podem ser mensuradas em números e utilizadas em publicações 
científicas, que atualmente são o respaldo que usamos para seguir uma linha 
de treinamento ou aplicação de um procedimento com embasamento teórico e 
científico. 
A interdisciplinaridade entre diversas áreas de conhecimento relacionando o 
movimento humano com a saúde, como visto anteriormente na história da cinésio, 
permitiu que atualmente haja vários estudos em diversas áreas do exercício, 
como no esporte de alto rendimento; esporte e atividade física escolar; prevenção 
e reabilitação orientadas à saúde; e as atividades do dia a dia e laborais. Todas 
essas áreas contribuíram (e contribuem) para formar alguns temas, produções e 
observações que hoje direcionam profissionais de Educação Física (entre outros) 
como: redução de carga excessiva no corpo; feedback pedagógico; adequação 
e desenvolvimento de equipamentos visando à reabilitação; correlação homem, 
trabalho e máquina (ergonomia) etc. (AMADIO; BARBANTI, 2000).
Com toda uma base no conhecimento do controle postural e equilíbrio, 
nas respostas anátomo-fisiológicas e biomecânicas, na estrutura biológica e 
produção de força através da contração e no processo evolutivo de otimização 
corporal, torna-se possível para o profissional de Educação Física um leque 
maior de opções para analisar, observar e se envolver em questões sobre a 
análise cinesiológica do movimento esportivo, ressaltando que essa análise é 
profissional e específica (os métodos para se realizar essa análise são precisos), 
as conclusões dependem de um ponto de vista pessoal, e um movimento 
simples não quer dizer que os movimentos musculares deste também sejam, 
pelo contrário, há toda uma relação com a força da gravidade (ou outras forças 
externas) e os diferentes tipos de contração. 
Quanto maior o grau 
de complexidade 
do movimento, 
maior será a 
interdependência, 
ou seja, maior 
a quantidade 
de relações de 
áreas de estudo 
a participar 
dessa análise, 
produzindo uma 
análise mais ampla 
e mais técnica 
cinesiologicamente 
(FLOYD, 2000; 
AMADIO; 
BARBANTI, 2000).
98
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
A aplicação da cinésio para melhorar o desempenho no esporte ou exercício 
tem maior produtividade quando aplicada individualmente e para isso devemos 
respeitar o princípio da individualidade (cada ser humano é diferente do outro 
(biopsicossociocultural) e da especificidade (o tipo de modalidade que pratica e 
suas características funcionais dentro dessa modalidade), são esses princípios 
que devem ser respeitados quando montamos um treinamento para um atleta, 
paralelo as suas deficiências que devem ser melhoradas (DALQUANO, 2006; 
MORATO, 2016). Por exemplo, vamos pensar em um atleta de Muay thai, 
o que devemos saber para montar um treinamento que colabore para o seu 
desempenho em uma competição? Com relação à individualidade, precisamos 
saber seu sexo, sua idade, seu peso, sua estatura e sua estrutura em geral. Já 
com relação à especificidade devemos saber sua dominância lateral, se ele usa 
mais os membros superiores ou inferiores, qual perna ele usa como apoio, se 
é um lutador passivo (defende mais que ataca) ou se é ativo (ataca mais que 
defende), como se comporta com relação ao sistema cardiorrespiratório, saber 
seu percentual de gordura (pois o peso interfere na categoria e no desempenho 
do combate), entre outras informações, somente assim seremos capazes de 
montar um treinamento o mais próximo possível da realidade desse atleta (PAIVA, 
2009; MORATO, 2016).
 Desta maneira, para a análise do desempenho individual de um atleta e/
ou praticante de exercícios, além dos princípios supracitados há também outros 
princípios individuais que são variáveis e essenciais para o sucesso e que de fato 
devem ser considerados, estes são: a potência, a resistência, a flexibilidade e 
a rapidez do movimento. 
Quando falamos de potência, colocamos ênfase em dois fatores, que são: 
a amplitude do movimento e a recuperação muscular. O primeiro se refere à 
execução do movimento, quando usada a amplitude total da articulação envolvida, 
consequentemente ocorrendo a distensão total do músculo (no início), assim 
como o encurtamento total (ao fim do movimento), causando o fortalecimento 
muscular, a produção da potência e o aumento da flexibilidade, devido à tensão 
máxima exercida (BILLAT, 2002; POWERS; HOWLEY, 2009). A regeneração 
muscular pode ser feita por uma recuperação ativa ou passiva (massagem) 
durante o intervalo ou repouso, aumentando a recuperação num período menor 
de tempo, estimulando o fluxo sanguíneo e, com isso, há uma maior retirada de 
sangue venoso, dissipação do lactato e a entrega de sangue oxigenado e nutrido 
para todos os sistemas do corpo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016; ROBERGS; 
ROBERTS, 2002).
Sobre a resistênciapodemos citar três tipos diferentes, a resistência 
respiratória, circulatória e muscular. Todas são ligadas diretamente ao 
desempenho do atleta, porém são fatores diferentes, ou seja, o desenvolvimento 
99
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
de uma nem sempre está paralelo ao desenvolvimento da outra. Para o 
desenvolvimento da resistência respiratória e circulatória, por exemplo, há a 
necessidade das capacidades aeróbia e anaeróbia elevadas, além disso, lembra-
se de que abordamos a importância das estruturas modificadas do coração 
para os praticantes de exercícios e para os atletas? Então, essas modificações 
aumentam a capacidade de bombeamento e fluxo sanguíneo, transportando mais 
oxigênio e nutrientes, exigindo mais absorção e potencializando as funções. Já 
no caso do desenvolvimento da resistência muscular, esta ocorre com a ajuda 
da destreza e da potência, pois quando ocorre um movimento eficaz e otimizado, 
ocorre também toda uma economia de energia e menor produção de lactato, 
automatizando e otimizando toda a biologia muscular (MCARDLE; KATCH; 
KATCH, 2016; ROBERGS; ROBERTS, 2002; MORATO, 2016; PELLICCIA et al., 
1999; 2002). 
Com relação à flexibilidade, esta é uma valência muito individual e 
sua existência e/ou permanência está ligada a variáveis incontroláveis, 
como sexo, idade, peso ósseo, estrutura corporal etc. A qualidade 
do desempenho de um gesto motor e/ou de um movimento geral do 
corpo pode ser influenciado pela falta de flexibilidade. Sua existência 
está correlacionada a hábitos de prática de atividades, assim como em 
inatividade essa valência diminui e/ou deixa de existir. Além desses 
fatores, praticar movimentos ou exercícios que utilizam a total amplitude 
articular aumenta a flexibilidade, contudo, exercícios que limitam essa 
amplitude articular, que restringem o movimento completo, a reduzem. 
Inclusive, as pessoas durante o processo de envelhecimento tendem a 
perder a flexibilidade exatamente por não manterem os exercícios em 
uma amplitude articular total (NORKIN; WHITE, 1995; FERNANDES, 2002).
Assim como a flexibilidade, a rapidez do movimento ou velocidade do 
movimento também é uma característica individual e sua qualidade também está 
relacionada a variáveis incontroláveis. Entretanto, independente da amplitude 
articular, essa valência está ligada ao tempo de ação e reação, apontada 
por alguns como ação instintiva, porém esta pode ser treinada através de 
procedimentos de treinos de atenção, destreza, ação/reação e estado mental. 
O ato contínuo de treinamento aumenta e mantém essa valência, porém, a 
inatividade a diminui. O conjunto de todas essas valências desenvolvidas e/ou 
potencializadas, paralelo à orientação e introdução correta de uma atividade e/ou 
treinamento, aumenta consideravelmente a chance de sucesso de um praticante 
de exercício e/ou atleta, com aumento de seu rendimento e menor risco de lesão.
As pessoas durante 
o processo de 
envelhecimento 
tendem a perder 
a flexibilidade 
exatamente por 
não manterem os 
exercícios em uma 
amplitude articular 
total (NORKIN; 
WHITE, 1995; 
FERNANDES, 
2002).
100
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
1 Depois de todas as informações abordadas nesse capítulo sobre 
a cinesiologia global, específica, histórica e aplicada ao exercício, 
será que você já consegue entender não apenas sua magnitude 
de aplicação, mas também a importância para um profissional da 
área esportiva? Disserte sobre como você aplicaria a cinesiologia 
no trabalho e/ou no cotidiano e que benefícios ela traz para você 
e para os seus alunos/atletas.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
É nítida a importância dos conhecimentos da cinesiologia e da biomecânica 
para a atuação excepcional do profissional de Educação Física. A partir de uma 
breve análise histórica de como essa área do conhecimento surgiu, podemos 
ver que vários estudiosos, filósofos, físicos, fisiólogos, artistas, entre outros de 
séculos atrás e que entraram para a história trazendo contributos para a evolução 
humana e para ciência, independentemente de suas áreas de interesse, todos 
tinham uma coisa em comum: fascínio pelo movimento humano. A fundição de 
todos os achados desses estudiosos contribuiu para o nascimento da cinesiologia, 
que hoje é uma área não só utilizada pela Educação Física, mas também pela 
Fisioterapia, Fisiologia, Medicina etc.
Por isso, no intuito de apresentar a importância e a magnitude dessa área de 
conhecimento para a aplicabilidade de treinamentos no esporte e nos exercícios, 
foram apresentadas, nesse capítulo, diversas etapas que compreendem conceitos 
e o porquê de estudar a cinésio. Tivemos acesso às variações de posicionamentos 
posturais, que englobam uma noção de postura e seus respectivos planos e eixos 
anatômicos, uma forma mais científica para uma análise de movimento. Em 
seguida observamos a cinesiologia muscular, com uma breve ideia dos principais 
músculos e seus movimentos com relação a cada área do corpo, sendo uma visão 
mais específica do movimento muscular, para em seguida chegar aos movimentos 
mais globais, que envolvem o desempenho humano.
Ao fim, ciente de como essa área é ampla e como é importante ter posse 
de seus conhecimentos, após uma visão geral no que diz respeito ao movimento 
humano, foi apresentada a aplicabilidade da cinésio no esporte e no exercício, 
mostrando algumas variáveis que podem ser controladas e otimizadas em prol 
de maior desempenho. Fica explícito como esses conhecimentos engrandecem 
101
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
profissionalmente um professor e/ou treinador, pois desde a aplicação de um 
exercício visando à qualidade de vida a um treinamento para um aleta de elite 
em nível olímpico, a probabilidade de sucesso é maior, pois a aplicabilidade de 
uma análise cinesiológica em um determinado movimento exerce o aumento do 
desempenho e rendimento deste nos treinos e competições, potencializa todos os 
sistemas fisiológicos, consequentemente, psicológicos, aumenta a recuperação e 
evita lesões.
Como qualquer profissional e estudioso que tem interesse em uma área 
específica e/ou em um tema, cabe a cada um se profissionalizar e buscar ainda 
mais informações através de novos achados, livros, artigos, entre outros recursos 
de aquisição de conhecimento. Além das referências utilizadas para a produção 
desse capítulo, no corpo do texto há várias sugestões de sites e livros acessíveis 
que colaboram para o processo de aprendizagem, com recursos de vídeos e 
imagens. 
Apesar de a cinesiologia ter uma visão analítica mais abrangente 
que a biomecânica, automaticamente envolvendo o sistema locomotor e, 
consequentemente, articular, optou-se por introduzir os conhecimentos do sistema 
locomotor no próximo capítulo.
102
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
REFERÊNCIAS
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103
CINESIOLOGIA Capítulo 2 
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2016.
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Mestrado. Universidade de Coimbra. Coimbra, Portugal, 2016.
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104
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
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WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercício. 2. ed. 
São Paulo: Manole, 2001.
CAPÍTULO 3
SISTEMA LOCOMOTOR
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
Saber: conhecer todo o sistema locomotor, seus componentes, funcionamento e 
aplicabilidade no exercício físico e esporte.
Fazer: reconhecer e aplicar as alavancas articulares (com conhecimento de sua 
fisiologia e mecânica) no contexto diário, procurando obter maior otimização e 
rendimento da performance no exercício e no esporte.
106
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
107
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O sistema locomotor, como o próprio nome já diz, “locomotor”, vem de 
locomoção, mobilidade, consequentemente, “movimento”, considerado o interesse 
de tantos estudiosos de áreas de conhecimentos distintas, como vimos no 
capítulo anterior, no qual foi informado que seria impossível falar de cinesiologia 
sem abordar algumas articulações, e assim foi feito, porém sem ênfase. 
No Capítulo 3, daremos ênfase exatamente a esse tipo de estrutura, além, 
é claro, de todos os seus componentes e dos elementos que fazem parte do 
sistema locomotor. Também será impossível apresentar esse tema sem citar os 
elementos do sistema muscular, mas esse você já conhece, portanto, terá uma 
percepção muito mais conceituada.
Para abordar o tema sistema locomotor, o presente capítulo será subdividido 
em quatro seções, iniciando pela composição de um sistema locomotor, 
no qual a ideia é apresentar todos os seus componentes e a sua constituição, 
subsequente direcionando para a próxima seção, que é conceituando os 
elementos que compõem o sistema locomotor e suas funções, aqui ocorre 
uma abordagem em todos os seus conceitos e funções. Em seguida será 
apresentado o tema fisiologia e mecânica do movimento, o foco é mostrar uma 
visão biomecânica do sistema locomotor, finalizando com alavancas motoras 
e sua importância para a aplicação no exercício e no esporte, que de fato 
é um dos temas de maior interesse e aplicabilidade na análise cinesiológica e 
biomecânica para o profissional de Educação Física.
Nós iniciamos com uma aprendizagem bem conceitual sobre o sistema 
muscular, porém sem conhecimento cinesiológico, logo, durante o estudo do 
Capítulo 2, automaticamente ocorreu uma análise cinesiológica do sistema 
muscular, criando uma percepção nova e mais científica, porém, ao iniciar o 
conteúdo do sistema locomotor, essa visão analítica já se encontra aflorada.
O sistema locomotor e a sua biomecânica são as peças que faltavam 
do conjunto análise do movimento para o profissional de Educação Física 
elevar ainda mais as suas capacidades profissionais e possuir por completo o 
conhecimento básico para uma boa análise, reduzindo o número de falhas e 
aumentando a otimização do trabalho proposto.
108
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
2 COMPOSIÇÃO DE UM 
SISTEMA LOCOMOTOR
O sistema locomotor é uma união de três sistemas: o sistema 
muscular, o sistema esquelético e o sistema articular. Isso significa 
que as peças dessa engrenagem (sistema locomotor), basicamente 
são ossos, músculos e cartilagens. No primeiro capítulo, o grande 
protagonista foi o músculo, neste, serão os ossos e as articulações, 
componentes do sistema esquelético e articular.
O sistema locomotor 
é uma união de 
três sistemas: o 
sistema muscular, o 
sistema esquelético 
e o sistema articular. 
Isso significa que 
as peças dessa 
engrenagem 
(sistema locomotor), 
basicamente são 
ossos, músculos e 
cartilagens.
FIGURA 1 – SISTEMA LOCOMOTOR COM A VISÃO DA 
ESTRUTURA MUSCULAR, ARTICULAR E ÓSSEA
FONTE: http://mundofutbolbase.es/upload/img/periodico/
img_13738.jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
Assim como qualquer organismo vivo, o osso cresce e se desenvolve. No 
que diz respeito ao crescimento, primeiramente este ocorre com relação ao 
diâmetro e em seguida ao cumprimento. Tendo conhecimento que a diáfise é a 
porção longa do osso entre as extremidades, o seu crescimento com relação ao 
diâmetro ocorre de formas variadas, podendo ser pela multiplicação de células-
fonte, secreção de matriz óssea, entre outras. Já com relação ao cumprimento, os 
osteoblastos (células que sintetizam a parte orgânica da matriz óssea) se apoiam 
sobre a matriz extracelular cartilaginosa servindo de modelo para o processo de 
109
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
ossificação, produzindo a matriz óssea, que é expelida e inserida sobre a matriz 
de cartilagem. 
Para um conhecimento mais aprofundado sobre o crescimento 
ósseo e seus componentes, busque sites relacionados à anatomia 
aplicada, como o indicado a seguir. Disponível em: <https://www.
infoescola.com/histologia/tecido-osseo/>.
Anteriormente, citamos os benefícios que o exercício e a atividade física 
causam nos músculos e, consequentemente, em todos os sistemas do corpo, 
então, você acha que os ossos também são beneficiados por essas práticas? 
A resposta é sim! A mineração e a densidade óssea aumentam com a prática 
de atividade física. Vale ressaltar que apesar de os fatores associados ao 
desenvolvimento do conteúdo e densidade mineral óssea não serem claramente 
identificados, quatro fatores desempenham papel importante: a genética, o estadohormonal, os exercícios e a nutrição (KELLY; EISMAN; SAMBROOK, 1990; 
POLLITZER; ANDERSON, 1989 apud ANDREOLI; MONTELEONE, 2001). 
A densidade mineral óssea é o resultado de um processo dinâmico de 
formação e reabsorção do tecido ósseo, no qual é chamado de remodelação. Essa 
remodelação ocorre em atividades físicas de maior sobrecarga provenientes do 
peso corporal, assim como o treinamento de força, pois estas, devido ao aumento 
do estresse mecânico localizado nos ossos, causam estímulos osteogênicos 
(CARDORE; BRENTANO; KRUEL, 2005), por exemplo, o volume de treino e o 
estresse causado pelo impacto nos esportes de combates, como o judô, causam 
estímulos osteogênicos que contribuem para o processo de remodelação, 
aumentando a densidade mineral que, por sua vez, é maior do que o estresse 
causado nos esportes aquáticos, contudo, ambas produzem essa remodelação 
(MORATO, 2016). Esse fato coincide com a conclusão de Block et al. (1989) 
e Andreoli e Monteleone (2001), em que através de estudos comparativos, 
chegaram à conclusão de que atividades com impacto estão associadas a 
maiores níveis de densidade mineral óssea, assim como os esportes de combate 
podem aumentá-la. 
O aumento da densidade óssea é consequência do aumento da quantidade 
de osteoblastos, que é derivado dos hábitos alimentares e da prática de exercícios. 
110
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Qual a importância disso? Simples: quanto maior o conteúdo mineral e 
a densidade óssea, mais forte o osso será, consequentemente, melhor 
será o seu desempenho em suportar as cargas externas. Assim como 
a prática de exercícios e um bom hábito alimentar aumentam essas 
propriedades, a inatividade e a má alimentação as diminuem, ou seja, 
ocorre a diminuição da densidade, força, rigidez óssea e resistência 
mecânica (NETTER, 2000; SACCO; TANAKA, 2008; MORATO, 2016).
Quanto maior o 
conteúdo mineral 
e a densidade 
óssea, mais forte 
o osso será, 
consequentemente, 
melhor será o seu 
desempenho em 
suportar as cargas 
externas.
Você se recorda que também foi falado que algumas estruturas 
do corpo são modificadas devido à prática de exercícios? Umas 
treináveis, que é o caso da hipertrofia, e outras adaptáveis, que 
é o caso do coração. Os ossos também se remodelam para se 
adaptarem a algumas situações mecânicas. Um estudioso e cientista 
alemão chamado Julius Wolff fez essa descoberta. Segundo ele, na 
presença de estresse, no caso uma tensão mecânica, ocorrem novas 
formações ósseas como forma de adaptação. Esse fenômeno de 
adaptação óssea ficou conhecido como Lei de Wolff. 
Com relação à quantidade, é normal encontrarmos na literatura que 206 
ossos formam o esqueleto humano, este, como já mencionado, se divide em 
esqueleto axial e esqueleto apendicular (SOBOTTA, 2006; NETTER, 2000). No 
quadro a seguir, apresentaremos o quantitativo ósseo relacionado às regiões do 
corpo.
QUADRO 1 – QUANTIDADE DE OSSOS DO CORPO HUMANO POR REGIÃO
Região Quantitativo
Cabeça 22 (Crânio = 8; Face = 14)
Pescoço 8 (Vértebras = 7; Hioide)
Tórax 37 (Costelas = 24; Vértebras = 12; Esterno)
Abdome 7 (Vértebras = 5; Sacro; Cóccix)
Membro Superior 32 (Cintura Escapular = 2; Braço = 1; Antebraço = 2; Mão = 27)
Membro Inferior 31 (Cintura Pélvica = 1; Coxa = 1; Joelho = 1; Perna = 2; Pé = 26)
Ouvido Médio (Ossículos) 3
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/novosite/. Acesso em: 8 jul. 2019.
111
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
Como supracitado, o esqueleto humano se divide em esqueleto 
axial (composto por cabeça, caixa torácica e coluna) e esqueleto 
apendicular (que são os membros superiores e inferiores). Como o nosso 
interesse está relacionado ao movimento humano aplicado ao exercício, 
as estruturas da cabeça e da caixa torácica, momentaneamente não são 
relevantes, por isso, para ter mais informações sobre essas estruturas, 
sugerimos que busque biografias na área da anatomia aplicada. 
Apresentaremos agora uma breve constituição do sistema locomotor, 
que envolve a coluna e os membros superiores e inferiores no que diz 
respeito aos componentes da estrutura óssea, articular e ligamentar, 
lembrando que os conceitos e as funções serão apresentados na 
próxima seção.
2.1 COMPOSIÇÃO LOCOMOTORA 
AXIAL
Para esse momento do estudo, o único componente do esqueleto axial que 
requer maior interesse é a coluna vertebral, seu componente muscular e seus 
principais movimentos já foram estudados nos capítulos anteriores, o foco agora 
será nos principais componentes ósseos, articulares e ligamentares. Com relação 
ao osso, a coluna é composta unicamente por vértebras, que ao todo somam 
33, contudo, 24 se unem realizando a flexibilidade e a mobilidade da coluna, 
dividindo-se em três grupos: cervicais, torácicas e lombares. As demais se 
fundem, formando um único osso, como o cóccix e o sacro. De maneira geral, uma 
vértebra é constituída pelo corpo, processo transverso, processo espinhoso, 
processos articulares, lâminas, pedículos e pelo forame. 
Apesar dessa característica geral, as vértebras se diferenciam entre si com 
relação ao grupo que fazem parte, obviamente, por conta do tipo de função que 
exercem. Dentro de cada grupo, podem ser diferentes entre si, como no caso do 
grupo de vértebras cervicais, no qual há uma discrepância total entre a 1ª (atlas), 
a 2ª (áxis) e a 7ª vértebra, juntas elas permitem o complexo movimento da cabeça 
e sua sustentação, além da ligação de uma com a outra. Na Figura 2, serão 
apresentados os diferentes tipos de vértebras e seus respectivos grupos.
No grupo das vértebras cervicais, sua principal característica, além de 
sua estrutura ser menor, é o fato de possuir forames (buracos) nos processos 
transversos, este grupo se constitui por sete vértebras e, exceto pela áxis e atlas, 
todas as outras são nomeadas pelo seu número antecedidas pela letra C, de 
cervical, esta amplitude se refere da C3 à C7. O grupo das vértebras torácicas é 
O esqueleto 
humano se divide 
em esqueleto 
axial (composto 
por cabeça, caixa 
torácica e coluna) 
e esqueleto 
apendicular (que 
são os membros 
superiores e 
inferiores).
112
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
composto por 12 vértebras (T1 à T12), nas quais fazem conexão com as costelas 
formando a caixa torácica, possuindo o processo espinhoso não bifurcado e com 
discos vertebrais finos e estreitos. O terceiro grupo, o das vértebras lombares, 
é composto por cinco vértebras (L1 à L5), são as maiores vértebras de toda a 
coluna, permitindo maior espaço para os nervos, seu forame se apresenta em 
forma de triângulo.
FIGURA 2 – VÉRTEBRAS ATLAS, ÁXIS, LOMBARES E 
TORÁCICAS E SEUS PRINCIPAIS COMPONENTES
FONTE: http://doubleedgedpublishing.com/
img/0c65e089029323de6d423a82013269c0.jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
Quando falamos de estrutura articular, esta é composta por articulações 
cartilaginosas (discos intervertebrais) e sinoviais. A primeira realiza o 
amortecimento de cargas, sobrecargas e pressões que são impostas à coluna, 
além de auxiliar nos movimentos; já a segunda permite um pequeno deslizamento 
nos processos articulares. A estrutura ligamentar é composta por seis ligamentos: 
amarelo, interespinhal, supraespinhal, responsáveis pela flexão, estando 
mais presentes na região lombar; o ligamento nucal, na região cervical; e os 
ligamentos longitudinal anterior (limita a extensão) e posterior (limita a flexão), 
que se estendem da áxis ao sacro. 
113
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
Para informações mais detalhadas e inclusive 
análise de movimentos em cores da coluna, busque na 
internet sites que contenham vídeos, como o indicado 
a seguir. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=GbGpQVUMXg0&list=PL2EA24FD77561661A>.
FIGURA 3 – EXEMPLOS DE ALGUNS LIGAMENTOS E 
PROCESSOS ARTICULARES DA COLUNA
FONTE: https://www.auladeanatomia.com/artrologia/
coluna11.jpg?x73193. Acesso em: 8 jul. 2019.
1 O próximo passo a ser estudado diz respeitoao esqueleto 
apendicular, que se divide em superior e inferior. Que tal, no 
percorrer das próximas seções, contabilizarmos alguns números? 
Então anote em um papel quantos ossos e quantas articulações 
serão apresentados e no final confira se chegamos no mesmo 
denominador!
114
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
3 COMPOSIÇÃO APENDICULAR 
SUPERIOR
O esqueleto apendicular superior pode ser dividido em duas partes, a 
parte fixa, que está presa ao esqueleto axial, formando o cíngulo do membro 
superior (ombro), composta por dois ossos e quatro articulações; e a parte livre, 
constituída por 30 ossos e oito articulações, formando o braço, o antebraço e a 
mão. Fazendo uma rápida análise sobre os ossos, a escápula e a clavícula são os 
ossos que fazem a ligação do esqueleto livre ao esqueleto fixo. Respectivamente, 
o primeiro é achatado e triangular e se encontra na parte posterior do corpo, o 
segundo é longo em forma de “S”, localizado na parte anterior do corpo. O úmero, 
o rádio e a ulna possuem epífises distais e proximais (extremidades alargadas de 
um osso longo ou médio) e diáfise (parte medial do osso situada entre as duas 
epífises), sendo que o primeiro é considerado um osso longo, nesse caso o maior 
dos membros superiores, e os outros dois são considerados ossos médios.
 
O braço, o antebraço e a mão se unem ao tronco através da ligação da 
parte proximal do úmero à escápula (articulação glenoumeral), enquanto a parte 
distal forma as articulações do cotovelo unindo-se à ulna e ao rádio, que se 
unem à mão, composta pelos ossos do carpo, metacarpo e falanges. A seguir, 
veremos um quadro e uma figura apresentando quantitativa e nominalmente os 
componentes do aparelho locomotor apendicular superior no que diz respeito ao 
osso e à articulação.
QUADRO 2 – OSSOS E ARTICULAÇÕES DO APARELHO 
LOCOMOTOR APENDICULAR SUPERIOR
Osso Articulação
Clavícula
Ombro (4):
- Esternoclavicular.
- Acromioclavicular.
- Glenoumeral.
- Escapulotorácica.
Escápula
Cotovelo (3):
- Umeroulnar.
- Umerorradial.
- Radioulnar (distal e proximal).
Membros Superiores
Úmero
Mão (5):
- Radiocarpal.
- Intercarpianas.
Ulna - Carpometacarpal.
115
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
Rádio - Metacárpica do polegar.- Metacarpofalângica.
Mão:
- Carpo (8)
- Metacarpo (5)
- Falanges (14)
- Interfalângicas.
Total 32 12
FONTE: Adaptado de Sobotta (2006)
FIGURA 4 – ESTRUTURA ÓSSEA E ARTICULAR DO 
ESQUELETO APENDICULAR SUPERIOR
FONTE: https://anatomiaonline.com/wp-content/uploads/2015/09/3.5-
Superior1.jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
116
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Falando um pouco sobre a estrutura articular, iniciaremos pelas articulações do 
ombro. Como falado nos capítulos anteriores, a articulação do ombro é a articulação 
mais complexa do corpo humano, pois é capaz de realizar movimentos em todos os 
planos e eixos anatômicos. É composta por três ossos e quatro articulações. Já a 
articulação do cotovelo, denotada como uma dobradiça, é composta por três ossos 
e três articulações, classificada como uma estrutura bem estável. No caso da mão 
é mais complexa, pois possui duas articulações, a que envolve o punho e a que 
envolve os dedos, a última (articulação intercarpiana) se subdivide em mais quatro, 
ou seja, são seis tipos de articulações com a participação de 27 ossos. No quadro a 
seguir, apresentam-se as principais articulações com algumas de suas características 
e os principais ligamentos, lembrando que para possuir informações mais detalhadas 
sobre toda a estrutura articular, componentes, características gerais, origem e 
inserções ligamentares, procure livros na área de anatomia aplicada ou anatomia 
geral ou sites com vídeos demonstrativos.
QUADRO 3 – ARTICULAÇÕES DO ESQUELETO APENDICULAR SUPERIOR 
COM SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E LIGAMENTOS
Articulação Principais Características Principais Ligamentos
Esternoclavicular
Articulação sinovial que permite 
a articulação da clavícula com o 
externo e a cartilagem da primeira 
costela.
Esternoclavicular anterior e 
posterior; Costoclavicular; 
Interclavicular.
Acromioclavicular
Pequena articulação sinovial que 
permite apenas movimentos limita-
dos (diartrodial irregular).
Acromioclavicular; Coraco-
clavicular (trapezoide e 
conoide).
Glenoumeral
Articulação esferoide, sua movi-
mentação depende da sinergia dos 
músculos do cíngulo e do complexo 
do ombro. 
Três feixes do ligamento do 
ombro; Coracoacromial.
Escapulotorácica Permite o contato da escápula com o tórax.
Inserida nos músculos ser-
rátil anterior e subescapular.
Umeroulnar Articulação em dobradiça. Lateral interno e externo.
Umerorradial Articulação em dobradiça. Lateral interno e externo.
Radioulnar Proximal Articulação sinovial trocoide. Anular; Colateral ulnar; Co-lateral radial menor.
Radioulnar Distal Articulação sinovial trocoide. Radioulnar ventral e dorsal.
Radiocarpal Apresenta superfície em forma elíp-tica e côncava.
Radiocárpico palmar e dor-
sal; Colateral ulnar; Colater-
al radial.
Carpometacarpal Articulação sinovial plana. Pisometacarpal.
Metacárpica do Po-
legar
Articulação sinovial selar que pas-
sa por toda a circunferência do 1º 
metacarpo.
Oblíquo posterior e anterior; 
Dorsal Radial; Intermeta-
carpal.
Metacarpofalângicas Articulação sinovial esferoide. Colateral; Palmar.
Interfalângicas Articulação sinovial gínglimo. Colateral; Palmar
FONTE: Adaptado de Netter (2000)
117
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
Agora que tivemos acesso a um breve conhecimento sobre os componentes 
do aparelho locomotor de uma parte do esqueleto axial e do esqueleto apendicular 
superior, daremos início ao último grupamento, que é o esqueleto apendicular inferior.
3.1 COMPOSIÇÃO APENDICULAR 
INFERIOR
Assim como acontece com os membros superiores, os inferiores também 
possuem uma parte fixa e uma parte livre. A parte fixa é presa ao esqueleto 
axial por meio da cintura pélvica (cíngulo), composta por dois ossos ilíacos, 
estes formados por mais três ossos e uma grande articulação. Já a parte livre é 
composta por 30 ossos e 11 articulações, que formam a coxa, a perna e o pé.
QUADRO 4 – OSSOS E ARTICULAÇÕES DO APARELHO 
LOCOMOTOR APENDICULAR INFERIOR
Osso Articulação
Ilíaco:
Ílio.
Ísquio.
Púbis.
Quadril
Fêmur
Joelho (3):
- Condilar lateral.
- Condilar medial.
- Patelofemoral.
Membros Inferiores Patela
Tibiofibular (2):
- Proximal.
- Distal.
Tíbia Pé (6)
Fíbula - Tornozelo.- Subtalar.
Pé:
- Tarso (7)
- Metatarso (5)
- Falanges (14)
- Mediotarsal.
- Taluscalcânea.
- Tarsometatarsais.
- Metatarsofalângicas.
- Interfalângicas.
Total 33 12
FONTE: Adaptado de Sobotta (2006)
Analisando resumidamente essa estrutura óssea, a parte fixa se une à parte 
livre através do osso ilíaco que, por sua vez, é um osso irregular, achatado e 
grande, constituído por outros três ossos (ílio, ísquio e púbis) que se juntam numa 
cavidade chamada acetábulo, local onde há a junção com a cabeça do fêmur. O 
118
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
fêmur, a tíbia e a fíbula também possuem epífises distais/proximais e diáfise, os 
três são considerados ossos longos, sendo o fêmur o maior do corpo humano. Já 
a patela, que se encontra presente na união do fêmur com a tíbia e a fíbula, é um 
osso pequeno, achatado, com uma mistura entre triangular e arredondado. A coxa, 
a perna e o pé se unem ao ilíaco através da parte proximal do fêmur (articulação 
do quadril), enquanto a parte distal forma as articulações do joelho, com o apoio 
da patela, se juntando à tíbia e à fíbula, que se unem ao pé pelas articulações do 
tornozelo, composta pelos ossos do tarso, metatarso e falanges. No Quadro 4, 
pode-se ter acesso à quantidade de ossos e articulações do aparelho locomotor 
apendicular inferior.
FIGURA 5 – ESTRUTURA ÓSSEA E ARTICULAR DO 
ESQUELETO APENDICULAR INFERIOR
FONTE: https://static.biologianet.com/conteudo/images/2018/11/
membro-inferior.jpg.Acesso em: 8 jul. 2019.
119
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
Sobre a estrutura articular do aparelho locomotor apendicular inferior, 
iniciaremos pela articulação do quadril. Semelhante à articulação do ombro, 
a articulação do quadril também é capaz de realizar movimentos em todos os 
planos e eixos anatômicos. É composta por dois ossos, sendo um deles (o 
ilíaco) composto por mais três ossos e uma articulação grande. O funcionamento 
perfeito dessa articulação se dá ao fato de uma de suas estruturas, chamada 
acetábulo, possuir formato côncavo e profundo, proporcionando o encaixe perfeito 
da cabeça do fêmur, além dessa concavidade, o acetábulo também é coberto 
por uma cartilagem articular hialina, sendo esta mais espessa em seu contorno. 
Conjuntamente ao lábio do acetábulo, fornecem todo o equilíbrio e a estabilidade 
da articulação. 
Já a articulação do joelho, semelhante à do cotovelo no que diz respeito a 
produzir o movimento de extensão e flexão, é composta por quatro ossos e três 
articulações, classificada como uma estrutura bem estável e forte, já que sustenta 
e suporta diversos tipos de cargas. O pé, como a mão, é mais complexo, com 
um diferencial, o pé faz contato com a base, no caso, o solo, então sua estrutura 
e funcionamento são projetados para equilibrar todo o corpo. O pé possui cinco 
articulações, sendo que uma delas (articulação do tornozelo) se subdivide em 
duas, ou seja, são seis tipos de articulações com a participação de 26 ossos. No 
quadro a seguir, apresentam-se as principais articulações com algumas de suas 
características e os principais ligamentos.
QUADRO 5 – ARTICULAÇÕES DO ESQUELETO APENDICULAR INFERIOR 
COM SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E LIGAMENTOS
Articulação Principais Características Principais Ligamentos
Quadril
Articulação esferoidal com três 
planos de movimento.
Transverso; Ligamento da cabeça 
do fêmur; iliofemoral; pubofemoral; 
isquiofemoral.
Condilar Lateral
Faz parte da cápsula articular 
do joelho, trabalha em par com 
a condilar medial em forma de 
dobradiça.
Ligamentos do joelho: colaterais medial e 
lateral; cruzados anterior e posterior.
Condilar Medial
Faz parte da cápsula articular 
do joelho, trabalha em par com 
a condilar lateral em forma de 
dobradiça.
Ligamentos do joelho: colaterais medial e 
lateral; cruzados anterior e posterior.
Patelofemoral
Faz parte da cápsula articular 
do joelho, ocorre entre a patela 
e o fêmur.
Ligamentos do joelho: colaterais medial e 
lateral; cruzados anterior e posterior.
Tibiofibular Proximal
Articulação sinovial plana 
coberta por cartilagens.
Anterior e posterior.
Tibiofibular Distal
É uma sindesmose sem 
movimentos apreciáveis.
Anterior; posterior; interior transverso; 
interósseo.
120
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Subtalar
Participam da cápsula articular 
do tornozelo, caracterizada 
como dobradiça.
Ligamentos do tornozelo: tibiofibular 
anterior e posterior; deltoide; talofibular 
anterior e posterior; transverso; 
interósseo; calcaneofibular; colateral 
lateral.
Mediotarsal
Participam da cápsula articular 
do tornozelo, caracterizada 
como dobradiça.
Ligamentos do tornozelo: tibiofibular 
anterior e posterior; deltoide; talofibular 
anterior e posterior; transverso; 
interósseo; calcaneofibular; colateral 
lateral.
Taluscalcânea Sinovial trocoide-esfenoide. Talocalcâneo lateral e posterior.
Tarsometatarsal Sinovial plana. Tarsometatársico
Metatarsofalângicas Sinoviais esferoides. Colateral; plantar.
Interfalângicas
Sinoviais em forma de 
fechadura.
Colateral; plantar.
FONTE: Adaptado de Netter (2000) 
Falando apenas do esqueleto apendicular (superior e inferior), já fez a 
contagem de quantos ossos e articulações estão envolvidos nesse sistema 
locomotor? Estamos falando das principais articulações apresentados na seção 
deste livro. E aí, chegou a algum valor? São 65 ossos e 24 articulações (principais) 
que atuam no sistema locomotor do esqueleto apendicular superior e inferior. 
Agora que conhecemos os principais componentes do sistema locomotor, 
chegou o momento de conceituá-los e entender um pouquinho suas principais 
funções.
4 CONCEITUANDO OS 
ELEMENTOS QUE COMPÕEM O 
SISTEMA LOCOMOTOR E SUAS 
FUNÇÕES
Quando pensamos em osso, sem sombra de dúvidas sabemos 
o que é, mas será que cientificamente sabemos seu conceito e sua 
composição? O osso é um tecido vivo, um órgão duro, sólido, porém 
complexo e dinâmico, que tende a ser branco, sendo o principal tecido 
de apoio do corpo. Sua estrutura é um tecido conjuntivo especial, em 
sua composição há colágeno tipo I, osteócitos (células) e sais minerais. 
A principal característica bioquímica do osso é a mineralização (através 
do cálcio) de sua matriz óssea, que é composta por fibras colágenas e 
O osso é um 
tecido vivo, um 
órgão duro, sólido, 
porém complexo e 
dinâmico, que tende 
a ser branco, sendo 
o principal tecido 
de apoio do corpo. 
Sua estrutura é um 
tecido conjuntivo 
especial, em sua 
composição há 
colágeno tipo I, 
osteócitos (células) 
e sais minerais.
121
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
proteoglicanos que, por sua vez, faz uma forte ligação com os sais minerais ricos 
em cálcio e fósforo, como a hidroxiapatita (NEUMAN, 2001; SACCO; TANAKA, 
2008; NETTER, 2000).
4.1 ESTRUTURA ESQUELÉTICA
Podemos dizer que o osso tem duas partes, a parte externa (periósteo) e 
a parte interna (endósteo). O periósteo é a parte externa, a mais dura do osso, 
um tecido conjuntivo muito denso e fibroso que reveste todo o osso, exceto na 
cartilagem articular. Além de proteger o osso, é no periósteo que os músculos se 
fixam. Já o endósteo é a parte interna do osso (cavidade medular), é revestida 
também por um tecido conjuntivo (SOBOTTA, 2006; NETTER, 2000).
O osso é formado por diversos tecidos, como tecido ósseo, conjuntivo 
(denso, adiposo, nervoso e epitelial), cartilaginoso e tecidos que formam o sangue. 
Com relação ao tecido ósseo, existem o primário e o secundário. O primário é 
considerado imaturo e não lamelar, enquanto o secundário é maduro, podendo ser 
lamelar (as fibras de colágeno no tecido ósseo se encontram organizadamente 
paralelas entre si, promovendo maior sustentação ao osso) ou não lamelar (não 
há organização com relação às fibras de colágeno no tecido ósseo). Além disso, 
o tecido ósseo também é diferenciado entre compacto e esponjoso, no qual o 
tecido ósseo compacto exerce uma maior proteção e suporte às forças produzidas 
pelos movimentos. Geralmente esse tecido está presente em maior quantidade 
nos ossos longos, precisamente em suas diáfises. Já o tecido ósseo esponjoso é 
a maior parte do tecido de ossos irregulares, chatos e curtos.
122
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 6 – ARQUITETURA DE UM OSSO LONGO
FONTE: https://docplayer.com.br/docs-images/62/47062456/
images/4-0.jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
O tecido ósseo participa continuamente de um processo de remodelagem 
(e manutenção), no qual sempre ocorre a produção de novos ossos à medida 
que vão se degradando ossos velhos. Nesse processo de remodelagem, assim 
como no crescimento ósseo, já supracitado na primeira seção, há a participação 
dos osteoblastos, que são as células que produzem a matriz óssea, que se 
depositam dentro da própria célula, sendo envolvidos pela matriz e fazendo parte 
de sua estrutura, nesse momento passam a se chamar osteócitos. Ainda há a 
célula osteoclasto, uma célula multinuclear que se encontra na superfície do osso, 
destruindo a matriz do tecido ósseo e promovendo a sua reabsorção. Resumindo: 
123
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
o tecido ósseo possui um sistema organizacional e equilibrado no que diz respeito 
à produção, à remodelagem e à manutenção, devido aos três tipos de células: 
os osteoblastos (produzem a matriz), os osteócitos (mantêm a matriz) e os 
osteoclastos (absorvem o tecido ósseo) (SOBOTTA, 2006; NETTER, 2000).
FIGURA7 – FORMAÇÃO ÓSSEA
FONTE: https://static.todamateria.com.br/upload/es/ta/
estagiosdaossificacao2-cke.jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
Pelo fato de o osso ser um organismo vivo, ele precisa ser nutrido e para isso é 
irrigado com sangue oxigenado e nutrido, essa irrigação é feita por dois componentes 
que damos o nome de canais: canais de Havers e canais de Volkmann. Os 
canais de Havers constituem um sistema chamado de sistema haversiano, e os 
canais de Volkmann fazem parte desse sistema. As lamelas (forma de organização 
das fibras de colágenos concêntricas), formam canais bastante estreitos e, entorno 
destes se encontram diversos tubos, que são os canais de Havers, que em seu 
interior, levam vasos sanguíneos e nervos para todo o tecido ósseo. Já os canais 
de Volkmann não possuem lamelas concêntricas, se encontram também no osso 
compacto de maneira perpendicular aos canais de Havers, e apesar de serem 
microscópicos, podem transportar pequenas artérias em todo o osso. 
Para ter acesso às informações mais detalhadas sobre irrigação, 
localização e toda a estrutura dos canais de Havers e de Volkmann, 
e até mesmo outras informações sobre o tecido ósseo, sugerimos 
que visite o site indicado a seguir. Disponível em: <https://afh.bio.br/
sistemas/sustentacao/2.php>.
124
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 8 – ESTRUTURA DO TECIDO ÓSSEO
FONTE: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/83/
Osso_-_esponjoso_e_compacto.gif. Acesso em: 8 jul. 2019.
Pertencente ao sistema esquelético, temos um componente fundamental que 
se chama cartilagem, esta é uma composição de tecido elástico conectivo, pois se 
insere em partes do osso onde ocorre o movimento, é uma estrutura semirrígida 
que não possui irrigação sanguínea própria, contudo, o oxigênio e os nutrientes 
que necessita são alcançados por difusão de grande alcance.
1 Após esses breves conceitos sobre osso e sistema esquelético, 
qual a sua concepção com relação a funções do sistema 
esquelético? Pense em palavras-chave! Enquanto você reflete 
sobre essa questão, antes de dar sequência à próxima leitura, 
anote essas palavras-chave que representam as funções do 
sistema esquelético que você deduz! Enquanto isso, será 
apresentado de uma maneira mais abrangente o mesmo tema. 
No final desta seção faremos uma comparação produtiva de 
resultados.
Como nossa área de estudo está relacionada ao movimento, obviamente 
essa será nossa ênfase no que diz respeito à função. Portanto, há uma 
explicação para que essa estrutura óssea apresentada seja composta por todos 
os componentes supracitados. Essa estrutura foi projetada e necessária para 
125
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
que o esqueleto possa sustentar, de maneira segura e eficaz, todo o 
corpo, além de proteger, equilibrar e óbvio: locomover. Já parou para 
analisar que também há uma explicação para termos literalmente uma 
caixa torácica ou uma caixa craniana, assim como o porquê de ter o que 
temos dentro dessas caixas? O corpo humano é perfeito.
Para que ocorra a locomoção, consequentemente o movimento, 
é preciso que o osso gere no corpo sustentação, criando um sistema 
de alavanca aos músculos, ou seja, cria-se uma base mecânica, se 
adaptando ao estresse e à carga (força) que ao corpo são impostos. A 
última seção desse capítulo será destinada às alavancas motoras. 
Você se lembra de que acabamos de falar sobre os osteoblastos 
e os osteoclastos? O primeiro está totalmente ligado à sintetização de 
colágeno e de depósito de sais minerais, este fator, quando se soma 
à força aplicada pela prática de atividades físicas e com o equilíbrio de cálcio 
regulado pela influência hormonal, permite que o osso se remodele, criando 
elementos facilitadores para a locomoção. Essa remodelação também recebe 
apoio dos osteoclastos no momento em que eles removem os ossos desgastados 
e velhos. 
Funcionalmente, o osso no momento em que é comprimido com relação 
ao seu eixo longo (sua haste) é quando demonstra a força em sua estrutura, 
enquanto suas extremidades, ao sustentarem o peso, recebem todas as forças 
com relação à compressão (multidirecional). Quando ocorre essa exposição 
ao estresse ou à carga, o osso a dissipa através do osso subcondral (parte da 
estrutura que se localiza logo abaixo da cartilagem) subsequentemente pelo osso 
esponjoso, que ao receber essas forças, as redireciona por todo o eixo longo 
do osso compacto. Todo esse sistema permite que o osso se mantenha firme e 
não quebre. Esse sistema de absorção e redirecionamento de cargas ou estresse 
também é transmitido para os outros segmentos, e assim ocorre simultaneamente 
em todo o corpo (NEUMAN, 2001; SACCO; TANAKA, 2008; KNUDSON, 2007).
Já com relação ao formato dos ossos, no quadro a seguir serão apresentadas 
oito categorias com suas principais características e exemplos.
Portanto, há uma 
explicação para que 
essa estrutura óssea 
apresentada seja 
composta por todos 
os componentes 
supracitados. 
Essa estrutura 
foi projetada e 
necessária para 
que o esqueleto 
possa sustentar, de 
maneira segura e 
eficaz, todo o corpo, 
além de proteger, 
equilibrar e óbvio: 
locomover.
Para ter acesso a informações mais detalhadas sobre os ossos, 
inclusive acesso visual no que diz respeito a vídeos, indicamos o 
site a seguir. Disponível em: <https://www.kenhub.com/pt/library/
anatomia/ossos>. 
126
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
QUADRO 6 – CATEGORIAS ÓSSEAS COM RELAÇÃO A SUA FORMA, 
COM EXEMPLIFICAÇÃO E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Categoria Principais Características Exemplo
Ossos longos
Possuem o comprimento maior que a largura e pouca 
envergadura, o que o possibilita ter maior resistência para 
sustentar o estresse mecânico.
Tíbia.
Ossos curtos
Possuem o comprimento praticamente igual a sua largura, 
assemelhando-se a um cubo.
Ossos do 
tarso.
Ossos laminares
São planos e finos, compostos por duas lâminas (camadas) 
paralelas de osso compacto externamente com uma camada 
esponjosa internamente.
Parietal 
(crânio).
Ossos alongados São achatados e longos sem canal central. Costela.
Ossos 
pneumáticos
São ossos ocos e leves (relação peso e volume) com cavidades 
cheias de ar.
Esfenoide.
Ossos irregulares
Apresentam formas totalmente assimétricas e irregulares, 
tornando impossível classificá-los em qualquer categoria.
Vértebras.
Ossos 
sesamoides
Em média são milimétricos e se encontram no interior de alguns 
tendões, onde ocorrem maior tensão e estresse físico (com 
exceção do exemplo citado).
Patela.
Ossos suturais
São pequenos ossos que se encontram nas suturas de alguns 
ossos cranianos.
Sutural 
bilateral.
FONTE: Adaptado de Netter (2000) 
FIGURA 9 – CLASSIFICAÇÃO ÓSSEA COM RELAÇÃO A SUA FORMA
FONTE: http://chinavacations.biz/img/dbfbe074667dfe7f5a031f8b1b5e95fd.
jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
127
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
Então, anotou as palavras-chave que você acha que representam as funções 
do sistema esquelético? Vamos conferir se há um acordo mútuo? Após toda a 
leitura feita, podemos dizer que o sistema esquelético tem a função de: sustentar; 
proteger; locomover; armazenar e suprir.
Em resumo, haverá agora um pequeno detalhamento dessas funções, ok?
• Sustentar: sustentação (apoio) do nosso corpo.
• Proteger: você se lembra das caixas torácicas e cranianas mencionadas 
no texto? A estrutura óssea também protege os órgãos, como os 
pulmões, o coração e o cérebro.
• Locomover: fornece toda a base biomecânica para o movimento 
humano.
• Armazenar: a estrutura óssea armazena sais minerais, como o cálcio.
• Suprir: você se lembra dos canais de Havers e Volkmann? Então, a 
estrutura óssea supre continuamente células sanguíneas novas.
4.2 ESTRUTURA ARTICULAR
Não é preciso dizer que se refere à estrutura articular, porém, é necessário 
explicar que uma articulação é exatamente o ponto em que se encontra um osso 
com o outro. Essa estrutura é como se fosseuma peça, composta por osso, 
cartilagem e tendões ligamentares, formando uma união funcional. Dependendo 
de sua estrutura e mobilidade, as articulações se dividem e se classificam em três 
grupos: sinartroses (fibrosas) ou imóveis, anfiartroses (cartilaginosas) ou com 
movimentos limitados, e diartroses (sinoviais) ou com movimentos amplos. 
1 Sem dúvida, todas as articulações têm sua importância e 
função no corpo, contudo, qual delas, para a Cinesiologia e 
a Biomecânica aplicada ao movimento, será de nosso maior 
interesse?
Sobre as articulações sinartroses, estas são articulações fibrosas que 
não participam de nenhum movimento mecânico e se encontram em todas as 
128
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
superfícies de ossos que estão quase em contato direto um com o outro. Um claro 
exemplo desse tipo de articulação são as que se encontram entre quase todos 
os ossos do crânio, sendo exceção no caso da articulação temporomandibular 
(articula o osso da mandíbula com o osso temporal). As articulações fibrosas se 
subdividem em três tipos principais: suturas, sindesmoses e gonfoses.
• Sutura: encontrada somente nos ossos planos do crânio, preenchendo 
uma pequena fenda entre estes ossos, formando uma conexão muito 
curta. Quando o ser humano se torna maduro, essas articulações fibrosas 
se fundem e tornam-se muito firmes, denominando-se sinostose, estas 
já se encontram no osso sacro.
• Sindesmose: esse tipo de sutura não ocorre no crânio, porém também 
é composto de fibra. Na literatura anatômica apenas se encontram 
registrados dois exemplos: sindesmose tibiofibular e radioulnar.
• Gonfose: essa articulação se encontra na maxila e na mandíbula, é 
responsável pela fixação dos dentes.
FIGURA 10 – EXEMPLO DE ARTICULAÇÃO SINARTROSE, NESTE CASO, A SUTURA
FONTE: http://md.intaead.com.br/geral/anatomia-geral-APAGAR/
img/capitulo3/figura1-small.png. Acesso em: 8 jul. 2019.
Já as articulações anfiartroses são articulações cartilaginosas que exercem 
pequenos movimentos e/ou movimentos limitados, estas se subdividem em duas 
articulações: sincondroses e sínfises.
• Sincondroses: os ossos que fazem parte dessa articulação se unem por 
uma cartilagem hialina. Algumas dessas articulações são permanentes 
(como as cartilagens das dez primeiras costelas) e outras temporárias, 
129
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
pois com o passar do tempo, estas são substituídas por ossos (como 
algumas entre os ossos do crânio). 
• Sínfises: os ossos que fazem parte dessa articulação se unem por uma 
cartilagem fibrosa. Os discos fibrocartilaginosos componentes dessa 
articulação absorvem os impactos de compressão, sendo uma das suas 
principais características. Podemos citar como exemplo a articulação 
entre os dois ossos pubianos.
FIGURA 11 – EXEMPLO DE ARTICULAÇÃO ANFIARTROSE, NESTE CASO, A SÍNFISE
FONTE: https://i.pinimg.com/originals/3f/37/50/3f37505da25320a1f7700d6d577f2271.
jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
As articulações diartroses são as articulações sinoviais com uma amplitude 
maior de movimento e estão ligadas diretamente à base mecânica do movimento 
humano, consequentemente, esse grupo inclui a maioria das articulações do corpo 
humano. Os ossos que pertencem a essa articulação são cobertos por cartilagens 
articulares e ligamentos (constituição de fibras de colágeno maleáveis, flexíveis, 
porém, fortes, resistentes e inelásticas, paralelas e/ou entrelaçadas entre si, que 
permitem a liberdade de movimento, estabilizando a articulação sem ceder às 
forças de estresse. 
Além dos ossos, cartilagens e ligamentos, em geral essa articulação também 
é composta por cápsulas articulares, bolsas e bainhas sinoviais que facilitam o 
deslizamento de músculos e tendões, seja para passar em túneis fibrosos ou 
proeminências ósseas e ligamentares. Algumas articulações sinoviais podem 
conter como seus componentes de separação óssea, meniscos e discos articulares 
que, por sua vez, podem realizar essa separação entre os ossos de maneira 
completa ou incompleta, uma vez que as faces livres desses componentes são 
130
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
cobertas por uma membrana sinovial e suas periferias dão continuidade com a 
cápsula fibrosa.
FIGURA 12 – ARTICULAÇÃO DO OMBRO COM ALGUNS 
COMPONENTES DE UMA ARTICULAÇÃO SINOVIAL
FONTE: https://scontent-atl3-1.cdninstagram.com/
vp/3b6df18510de66d509d91c7c8bfdcec9/5D7F09B5/t51.2885-15/e3
5/33886968_262574557814129_8956199258290126848_n.jpg?_nc_
ht=scontent-atl3-1.cdninstagram.com. Acesso em: 8 jul. 2019.
Com relação à funcionalidade das articulações, dependendo da quantidade 
de eixos que seus movimentam alcançam, ou seja, da quantidade de grau de 
liberdade de movimento, mudam sua nomenclatura e, consequentemente, 
seu grupo de subdivisão. As articulações podem participar de movimentos 
que contemplam um, dois ou três eixos, categorizando-as em articulações 
monoaxial, biaxial ou triaxial, sendo que cada grupo ainda se subdivide em 
grupos tipológicos. No quadro a seguir, apresentaremos de maneira sucinta essas 
subdivisões e alguns exemplos.
QUADRO 7 – CATEGORIA ARTICULAR, TIPOLOGIA E EXEMPLOS
Categoria Tipologia Exemplo
Monoaxial
- Gínglimo.
- Trocoide.
- Umeroulnar.
- Atlantoaxial.
Biaxial
- Condilar.
- Selar.
- Articulação do pulso.
- Carpometacárpicas do polegar.
Triaxial
- Esferoide.
- Plana
- Quadril.
- Carpo.
FONTE: https://www.todamateria.com.br/articulacoes-
do-corpo-humano/. Acesso em: 8 jul. 2019.
131
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
De acordo com o quadro anterior, falaremos um pouquinho dessas articulações, 
a começar pelas articulações monoarticulares (monoaxial). Como supracitado, 
cada categoria recebe um nome de acordo com o grau de liberdade de movimento 
que a articulação possui, nesse caso, as articulações possuem apenas um grau de 
liberdade de movimento, ou seja, realiza movimento apenas em torno de um eixo, 
articulações que executam apenas flexão e extensão são um exemplo. Contudo, essa 
categoria se subdivide em dois tipos: gínglimos e trocoides. A primeira, também 
conhecida como articulação em forma de dobradiça, ocorre movimento em apenas 
um plano, mantida e estabilizada por fortes ligamentos colaterais. Já a segunda 
também é conhecida como articulação em pivô, pois o movimento é exclusivamente 
o de rotação.
Com relação às articulações biaxiais, estas são articulações que possuem 
dois graus de liberdade de movimentos (em torno de dois eixos), como articulações 
que realizam extensão, flexão, adução e abdução, subdividindo-se em dois tipos: 
condilar e selar. A articulação condilar, também chamada de ovoide, é recebida 
em uma cavidade elíptica na qual exerce todos os movimentos supracitados, exceto 
o de rotação axial, enquanto as articulações selares, as faces ósseas se encontram 
convexas, permitindo os mesmos movimentos das condilares.
Por último, as articulações triaxiais, aquelas que possuem três graus de 
liberdade de movimento, ou seja, seus movimentos giram em torno dos três eixos. 
Os exemplos mais comuns são as articulações do ombro e do quadril que, como 
supracitado, são articulações complexas. Estas se subdividem em: esferoides e 
planas. As articulações esferoides possuem uma variedade de movimentos, se 
caracterizando como poliaxial, uma das características é o fato de a parte distal do 
osso ter um ponto fixo e movimentar-se em torno de vários eixos. Já a articulação 
plana permite apenas movimentos de deslizamentos, como algumas articulações 
entre corpos vertebrais, como no caso da coluna vertebral. Ocorre também nas 
articulações do carpo e do tarso. 
Após essas novas informações, você já conseguiu identificar quais articulações 
de fato possuem maior interesse para o estudo da cinesiologia e da biomecânica? 
São as articulações sinoviais, pois graças aos graus de liberdade de movimento 
que exercem estão diretamente ligadas ao movimento humano. 
Para informações mais completas e detalhadassobre todo o sistema articular 
e esquelético, sugerimos que busque por biografias na área da anatomia geral e 
anatomia aplicada, assim como para ter acesso às mesmas informações, porém, 
com acesso aos movimentos exercidos pelas articulações através de vídeos, acesse 
sites com os temas: Sistema Articular, Tipos de Articulações e Movimentos 
Articulares.
132
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Agora que conhecemos os principais componentes do sistema locomotor 
(esquelético e articular), sua composição e principais funções, paralelo ao conteúdo 
dos capítulos anteriores (sistema muscular e cinesiologia), avançaremos para uma 
nova etapa, que envolve a fisiologia e a mecânica do movimento e o sistema de 
alavanca do nosso corpo e, automaticamente, aplicá-la ao esporte e/ou ao exercício.
5 FISIOLOGIA E MECÂNICA DO 
MOVIMENTO 
Para entendermos a fisiologia mecânica do movimento, devemos iniciar por 
alguns conceitos, subsequentemente às áreas que são envolvidas, seguida pelos 
princípios e as valências e variáveis que fazem parte do processo. No capítulo 
anterior apresentamos a diferença entre cinesiologia e biomecânica enfatizando a 
cinésio, agora enfatizaremos a biomecânica.
Em 1967, as leis e os princípios básicos da Mecânica foram 
fundamentados por Isaac Newton, o famoso cientista das Leis de 
Newton, as leis do movimento, que se chamam: lei da inércia, lei da 
aceleração e lei da ação e reação. Essas leis ajudaram a argumentar 
a correlação existente entre força X articulação no que diz respeito às 
ações, devido à constatação de Newton em que havia uma relação 
calculável entre a força, a massa e o movimento. Baseado nessas 
leis, considerando as forças que atuam dentro e fora do corpo, em 
média, se tornou muito mais simples efetuar algumas análises de 
movimentos, independentemente de sua complexidade. 
FIGURA 13 – ISAAC NEWTON (1643-1727)
FONTE: https://www.starstatues.com/products/isaac-
newton?lang=es. Acesso em: 8 jul. 2019.
133
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
Segundo Hamill e Knutzen (1999), a biomecânica é o estudo da aplicação 
da mecânica aos sistemas biológicos. Avalia o movimento de um organismo 
vivo e o efeito da força, podendo ser analisada qualitativa e quantitativamente. 
É uma ciência que envolve várias disciplinas aplicadas principalmente à solução 
de problemas humanos, que se preocupa com análises e interpretações dos 
movimentos dos segmentos do corpo humano, através de conceitos básicos de 
física, matemática, anatomia, fisiologia etc. Como ferramenta de análise contribui 
no âmbito da ortopedia, da educação física, da engenharia de reabilitação, da 
fisioterapia, da ergonomia etc. (AMADIO; BARBANTI, 2000). Um dos estudos 
da biomecânica é focado no desempenho esportivo, nas diversas modalidades, 
visando à melhoria da performance com a aplicação correta do movimento, tendo 
conhecimento da melhor maneira de utilizar as alavancas, o centro de gravidade, 
evitando falhas e exageros no treinamento, promovendo, além disso, estudos 
para minimizar o índice de lesões (HALL, 2003).
Assim como a cinesiologia, as diversas áreas que utilizam a biomecânica 
cada vez mais produzem novos estudos próprios aplicados em seus interesses, 
criando assim novas metodologias, procedimentos e protocolos visando 
à estrutura funcional do movimento. Esse fato gera a produção de novas 
publicações científicas e, consequentemente, contribui para o avanço e para o 
crescimento da própria biomecânica. Quando falamos de maneira quantitativa, 
ou seja, quantidade, valores, números, a biomecânica mensura seus valores 
através de quatro áreas de estudos, são elas: a antropometria, a cinemetria, a 
dinamometria e a eletromiografia.
Quem nunca ouviu falar em antropometria? Geralmente usada na avaliação 
física antes de começar um trabalho em uma academia de musculação, ou 
utilizada por um preparador físico. Lá o avaliador, através de uma série de 
instrumentos, mensura circunferências, pregas cutâneas, estatura, volume, enfim, 
mensura em números as medidas da estrutura do corpo. A palavra antropo (do 
grego anthropos) significa homem e a palavra metro (do grego metron) significa 
medida. Conhecer essas medidas é muito importante para caracterizar as 
estruturas que pertencem ao sistema locomotor, principalmente durante uma 
análise cinemática do movimento, pois essas medidas estão diretamente ligadas 
à eficácia e ao desempenho funcional do sistema de alavancas, à distribuição 
de massa corporal, ao posicionamento articular, entre outras funções (AMADIO; 
BARBANTI, 2000).
134
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
FIGURA 14 – ADIPÔMETRO, UM DOS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PELA 
ANTROPOMETRIA PARA MENSURAR VALORES DE DOBRAS CUTÂNEAS
FONTE: https://images-americanas.b2w.io/produtos/01/00/
sku/9459/6/9459639_2SZ.jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
A cinemetria é uma metodologia de medição que adquire seus 
resultados através do estudo da ação das variáveis dependentes que 
influenciam o movimento (velocidade, deslocamento, aceleração etc.) 
através de recurso de câmeras de vídeo (cinemática), para depois 
analisá-lo através de imagens. Além de recursos de vídeo, a cinemática 
também utiliza outros métodos, como cronometria (medidas de tempo), 
goniometria (medidas de ângulos segmentos X eixos), acelerometria 
(medidas de aceleração) e cinematografia/cronofotografia (recursos 
de imagens fotográficas) (WINTER, 1991). Portanto, a cinemática, em 
sua análise, descreve um determinado movimento ou o movimento 
do corpo em geral, sem levar em consideração a força e/ou o torque 
que nele são exercidos, levando em consideração o fato de que: o 
segmento corporal se encontra em repouso quando este não altera 
seu posicionamento ao longo do tempo, enquanto este se encontra 
em movimento, quando há diferentes posicionamentos em diferentes momentos. 
Independentemente de estar em repouso ou não, um segmento corporal precisa 
de um outro segmento para ser utilizado como ponto de referência para determinar 
uma posição (WINTER, 1991; AMADIO; BARBANTI, 2000).
A cinemetria é 
uma metodologia 
de medição que 
adquire seus 
resultados através 
do estudo da ação 
das variáveis 
dependentes que 
influenciam o 
movimento através 
de recurso de 
câmeras de vídeo 
(cinemática), para 
depois analisá-lo 
através de imagens.
135
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
FIGURA 15 – CINEMETRIA 3D INICIADA COM O RECURSO DE 
CÂMERAS DE VÍDEO, FOTOCÉLULAS E UMA ROUPA ESPECÍFICA COM 
OS MARCADORES LOCALIZADORES, EM SEGUIDA OCORRE UMA 
RECONSTRUÇÃO TRIDIMENSIONAL REALIZADA POR UM SOFTWARE
FONTE: encurtador.com.br/bjk12. Acesso em: 8 jul. 2019.
Vale ressaltar que a cinemática e a cinética são conceitos diferentes, pois 
a primeira, como supracitado, estuda o movimento desprezando as forças que 
atuam sobre ele utilizando grandezas, como distância e deslocamento, assim como 
variáveis, como velocidade, rapidez e aceleração, enquanto a cinética estuda as 
forças que causam o movimento. Falaremos sobre cinética mais adiante em outra 
área de estudo da biomecânica, no caso, a dinamometria.
Dentro da análise cinemática são contemplados de uma forma generalizada 
dois tipos de movimentos, os movimentos lineares (translação) e os movimentos 
angulares (rotação). O primeiro se refere ao movimento em que todas as partes do 
corpo se movem simultaneamente e na mesma direção, podendo ser em linha reta 
ou em curva, como uma simples corrida. Já os movimentos angulares são aqueles 
que se movem em linhas circulares em torno de um eixo, como os giros durante uma 
dança ou patinação no gelo. Pense no movimento de rotação e translação do nosso 
planeta, enquanto a translação é o movimento da Terra em relação ao Sol, a rotação 
é o movimento da Terra em relação a ela mesmo pelo próprio eixo. 
No caso de nossas articulações, na maioria, o eixo de rotação está em seu 
interior. Quando estudamos especificamente os movimentos articulares, estamosestudando a artrocinemática, que em superfícies articulares curvas se baseia em três 
movimentos: rolamento, deslizamento e giro.
• Rolamento: quando há o encontro de vários pontos de uma superfície 
136
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
articular em rotação com outra superfície articular (vários X vários).
• Deslizamento: quando há o encontro de um único ponto de uma superfície 
articular com vários pontos da outra superfície articular (1 X vários).
• Giro: quando há um único ponto de uma superfície articular que se encontra 
com um único ponto de outra superfície articular (1 X 1).
Vale ressaltar que nem sempre esses movimentos ocorrem descordados, há o 
exemplo da articulação do joelho, que faz a combinação destes três movimentos no 
momento em que ocorre a extensão. Nesse momento, o que acontece é a rotação 
interna do fêmur, gerando o rolamento do côndilo que, por sua vez, se desliza com 
relação à tíbia.
A cinemática também permite a análise do movimento a partir do sistema de 
cadeias cinemáticas, que é uma série de segmentos articulados, como no caso 
dos membros superiores, no qual existe uma conexão entre a cintura escapular 
com o baço, o antebraço e a mão. Esse sistema possui duas categorias, a cadeia 
cinemática aberta e fechada, que normalmente é utilizada para caracterizar se a 
parte distal do segmento corporal analisado está ou não apoiado/fixado em alguma 
superfície/solo. Portanto, a cadeia cinemática aberta ocorre quando o segmento 
corporal está livre, sem fixação ou apoio em algum objeto fixo ou solo, como o 
momento de uma cortada ou um saque no vôlei. Já a cadeia cinemática fechada 
é o oposto, pois a parte distal do segmento se encontra fixo e/ou apoiado em algum 
objeto ou solo, como o trabalho de membros inferiores no agachamento ou dos 
braços numa flexão de solo (MOSER; MALUCELLI; BUENO, 2010).
FIGURA 16 – CADEIA CINEMÁTICA ABERTA (CCA) E FECHADA 
(CCF) COM RELAÇÃO AO MEMBRO SUPERIOR
FONTE: https://scontent.cdninstagram.com/vp/
dce061a403393e856e3c3c1b8b18b291/5D8F63FE/t51.2885-15/e35/
c0.97.1080.1080/s480x480/28427412_2104881326402311_81133572469450342
40_n.jpg?_nc_ht=scontent-lax3-1.cdninstagram.com. Acesso em: 8 jul. 2019.
137
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
A terceira área de estudo da biomecânica que abordaremos agora 
é a dinamometria. Esta utiliza como método de medição a cinética, 
que é um ramo do estudo da mecânica, que ao descrever os efeitos 
da força sob o corpo, envolve todos os tipos de medidas de força que 
são exercidas, seja internamente (tendões, ossos, músculos, interação 
osso-articulação) ou externamente (gravidade, corpo, apoio, ambiente 
(fluidos, resistência dinâmica), equipamentos), objetivando interpretar 
as respostas relacionadas ao desempenho mecânico do movimento 
humano. A análise cinética de um movimento pode proporcionar 
informações importantes sobre como ele é produzido e/ou como uma 
posição se mantém (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
Por exemplo, quando fazemos um exercício, seja dinâmico 
ou estático, durante o apoio do nosso corpo com o solo, ocorre uma 
transmissão de força (impulsão ou tração), esta é uma variável que 
influencia diretamente a alteração do movimento do centro gravitacional, 
podendo modificar o movimento, acelerando-o ou retardando-o. 
Outro exemplo é a ação de algumas variáveis, como o caso dos 
fluidos, podemos exemplificar o ar, que pode criar uma força de atrito 
aerodinâmico (força de arrasto) diminuindo a velocidade do movimento, 
em outras palavras, essa força de arrasto cria um atrito que se opõe 
ao movimento realizado, causando o seu retardamento, por exemplo: 
você já pedalou em uma bicicleta contra uma ventania? Qual é um dos 
principais efeitos que essa ventania vai nos causar? A primeira percepção 
que temos é a perda da velocidade seguida pelo aumento do desempenho das 
pedaladas, ou seja, um tipo de fluido alterou um tipo de resistência dinâmica que 
influenciou um movimento ou um corpo. 
Obviamente, a dinamometria, por ser um método de medição, possui diversos 
recursos e materiais para tal, como o dinamômetro isocinético e o dinamômetro 
manual. Estes aparelhos podem contribuir para nos trazer informações relevantes 
a respeito da referência de valores, melhora de desempenho específico de um 
segmento corporal ou geral e prevenção/recuperação de lesões.
O dinamômetro isocinético é um aparelho caracterizado por possuir 
velocidade angular constante, permitindo realizar o movimento na sua amplitude 
articular (PUHL et al., 1998). Entre os testes e equipamentos desenvolvidos para 
a avaliação do desempenho muscular nos extensores e flexores do joelho, os 
dinamômetros isocinéticos computadorizados são considerados padrão ouro 
(MAGALHÃES et al., 2004). Os testes feitos por esse aparelho podem nos 
fornecer informações importantes a respeito de funções musculares, como o 
torque, o tipo de trabalho, a potência, a velocidade, entre outras e a avaliação 
dessas informações tem permitido a comparação entre a musculatura agonista/
A cinética, que é 
um ramo do estudo 
da mecânica, que 
ao descrever os 
efeitos da força sob 
o corpo, envolve 
todos os tipos de 
medidas de força 
que são exercidas, 
seja internamente 
(tendões, ossos, 
músculos, interação 
osso-articulação) 
ou externamente 
(gravidade, corpo, 
apoio, ambiente 
(fluidos, resistência 
dinâmica), 
equipamentos), 
objetivando 
interpretar 
as respostas 
relacionadas ao 
desempenho 
mecânico do 
movimento humano.
138
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
antagonista e o apontamento de fatores determinantes para o risco de lesão. A 
relação entre agonista/antagonista é uma forma adequada para saber se existe 
proporção e, consequentemente, o equilíbrio muscular, pois o desequilíbrio entre 
os extensores e flexores da coxa pode ser prejudicial em termos de desempenho 
máximo para os atletas (HARILAINEN et al., 1995; NEWTON et al., 2006; DE STE 
CROIX; DEIGHAN; ARMSTRONG, 2003; ABERNETHY et al., 1994). Cada vez 
mais os ambientes de pesquisas utilizam o dinamômetro isocinético para o estudo 
da função muscular, principalmente no grupo muscular envolvido na articulação 
do joelho, pois além de ser de alta confiabilidade, consegue-se avaliar o torque 
máximo muscular durante toda a amplitude do movimento (O’SHEA et al., 2002; 
MORATO, 2016; GAINES; TALBOT, 1999; GLESSON; MERCER, 1996).
Já o dinamômetro manual tem sido utilizado com muita frequência por ter 
baixo custo, fácil manuseio e seus resultados são bem aceitos em pesquisas e 
em avaliações clínicas (RUIZ-RUIZ et al., 2002). Não é utilizado apenas para 
medir a força da mão, pode-se também utilizar para medir a força do corpo, 
o estado nutricional de pacientes pré e pós-cirúrgicos e a diminuição da força 
corporal com o aumento da idade (DESROSIERS et al., 1999; CETINUS et al., 
2005). A preensão manual devido a sua importância na disputa de pegada para 
alguns esportes de combate de agarre, como o judô, desde muito tempo tem sido 
alvo de diversos estudos, estes utilizam como método de medição o dinamômetro 
manual (MATSUMOTO et al., 1972; CLAESSENS et al., 1984; FARMOSI, 1980; 
MORATO, 2016).
FIGURA 17 – DINAMÔMETRO ISOCINÉTICO
FONTE: https://www.researchgate.net/profile/Rita_Tomas/publication/312095829/
figure/fig4/AS:450561553244160@1484433653664/Figura-6-Aparelho-para-realizacao-
de-exercicio-isocinetico-flexao-extensao-joelho.png. Acesso em: 8 jul. 2019.
139
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
A última área de estudo da biomecânica que abordaremos é a 
eletromiografia, que, por sua vez, registra de diversas maneiras a 
capacidade de medir a atividade elétrica durante a contração muscular. 
O sinal ou estímulo eletromiográfico é uma representação do estímulo 
enviado pelo sistema nervoso central para produzir a atividade elétrica 
associada à contração muscular, que é captada pelos eletrodos, por 
isso, para se fazer um registro correto dessas respostas, é importanteconhecer e entender os fundamentos funcionais básicos do músculo. 
Para a realização desse procedimento, são utilizados eletrodos 
intramusculares e de superfície, sendo os intramusculares aconselhados 
para as menores regiões corporais, enquanto os de superfície são 
indicados para regiões com maior diâmetro. Assim, é possível analisar 
e efetuar uma correlação entre o potencial de ação muscular e suas 
variáveis de força, tensão, fadiga, metabolismo, por exemplo (WINTER, 
1991; SACCO; TANAKA, 2008; AMADIO; BARBANTI, 2000). 
Esse procedimento contribui para diversas áreas de estudo e/ou de trabalho, 
como na área de reabilitação, que ajuda na reeducação da ação muscular, 
enquanto na área clínica fornece importantes informações para o diagnóstico 
de doenças neuromusculares. Já na área de anatomia e biomecânica, a 
eletromiografia aponta o tipo de ação muscular e indica o tipo de estresse sofrido, 
o padrão de movimento e os parâmetros de controle do sistema nervoso central. 
Essa última informação é muito importante, pois através desses parâmetros 
consegue-se determinar de maneira fidedigna a atividade voluntária do músculo 
de acordo com a sua respectiva ação (NEUMAN, 2001; WINTER, 1991).
FIGURA 18 – EXEMPLO DE UM ELETROMIÓGRAFO COM ELETRODOS SUPERFICIAIS
FONTE: https://i.ytimg.com/vi/YOAohS07Hrg/maxresdefault.jpg. Acesso em: 8 jul. 2019.
A eletromiografia, 
registra de 
diversas maneiras 
a capacidade de 
medir a atividade 
elétrica durante a 
contração muscular. 
O sinal ou estímulo 
eletromiográfico é 
uma representação 
do estímulo enviado 
pelo sistema 
nervoso central para 
produzir a atividade 
elétrica associada à 
contração muscular.
140
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Agora que tivemos acesso à fisiologia da mecânica do movimento com áreas 
que a biomecânica utiliza para mensurar seus resultados de maneira quantitativa, 
conheceremos as alavancas mecânicas que o nosso corpo produz. 
Para ter acesso a informações mais detalhadas sobre essas 
áreas de estudo da biomecânica, bem como estudos com atletas 
e/ou atuação de equipamentos, sugerimos que busque sites com 
recursos de vídeos, utilizando palavras-chave, como cinemetria, 
análise eletromiográfica, dinamometria isocinética em atletas, 
como o site indicado a seguir. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=o4o-sPeDPZ8>. 
6 ALAVANCAS ARTICULARES: O QUE 
SÃO E QUAL É A SUA IMPORTÂNCIA 
PARA APLICAÇÃO NO EXERCÍCIO E 
NO ESPORTE?
Um dia, um matemático grego chamado Arquimedes (287 a.C. - 212 a.C.) 
falou a seguinte frase: “Dê-me um lugar para me firmar e um ponto de apoio para 
a minha alavanca, que eu deslocarei a Terra”. Foi assim que nasceu a fama das 
alavancas. Desde os tempos mais remotos, o homem busca o conforto de chegar a 
um objetivo com o menor esforço, ou seja, otimizar seu rendimento e desempenho, 
e nessa incansável e instintiva ação, o homem pré-histórico, ao trabalhar para 
construir algo (armadilhas, estruturar cavernas, casas, monumentos) e/ou até 
mesmo para sobreviver e se preparar para guerrear com outros povos, descobriu 
uma maneira de chegar ao sucesso mais rápido, potencializando a força sob o 
trabalho e com menor esforço: utilizar um objeto rígido, como um osso longo, 
ou um pedaço comprido de madeira, em um ponto fixo de apoio, onde em uma 
extremidade ele aplica a força, fazendo com que a outra extremidade mova e/ou 
erga a sobrecarga a ser superada, ou seja, quanto maior a alavanca (mais longa), 
mais peso ele podia levantar, com menor esforço. 
141
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
FIGURA 19 – SISTEMA CLÁSSICO DE UMA ALAVANCA 
UTILIZADA PELO HOMEM PRIMITIVO
FONTE: encurtador.com.br/ahnET. Acesso em: 8 jul. 2019.
A partir dessa descoberta, o sistema de alavanca foi sendo aplicado em 
várias áreas e se tornou uma das bases da Antiguidade para a invenção das 
máquinas simples, que até hoje são bases para a criação de máquinas modernas, 
juntos a outros elementos (cunhas, engrenagens, molas, rodas, eixos e polias). 
Obviamente, esse conceito não demorou muito para ser aplicado no movimento 
humano, ganhando o nome de bioalavancas (alavancas anatômicas). 
No corpo humano, o objeto rígido de uma alavanca é o osso, 
enquanto o ponto fixo de apoio são as articulações, portanto, uma 
bioalavanca ou alavanca anatômica, é composta por ossos, articulações 
e músculos. Em resumo é bem simples: o movimento humano é 
consequência da geração de força pelos músculos inseridos em ossos 
que são movimentados pelas articulações, formando as bioalavancas. 
Esse conforto de produzir mais força com menor esforço durante a 
alavanca utilizada pelos primitivos e hoje chamada de otimização, 
chamamos de vantagem mecânica das alavancas.
Toda alavanca, independentemente de ser aplicada ao movimento humano 
e/ou em máquinas, possui três componentes: 
1. Ponto de apoio: é o ponto fixo. Na Figura 19, o ponto de apoio é representado 
pela pedra pequena apoiada no solo. No nosso corpo, o ponto de apoio são as 
articulações.
2. Potência (ou força motriz): é a ação muscular (esforço muscular através 
da contração) fundamental para o trabalho motor. A distância da potência 
O movimento 
humano é 
consequência da 
geração de força 
pelos músculos 
inseridos em 
ossos que são 
movimentados 
pelas articulações, 
formando as 
bioalavancas.
142
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
até o ponto de apoio é chamada de braço de potência ou de força, ou seja, o 
espaço que corresponde ao local onde se insere a força do homem primitivo 
(extremidade do objeto rígido) até a pedra que serve de apoio para a alavanca 
(ponto de apoio) (Figura 19), se chama braço de potência.
3. Resistência: é a carga a ser movimentada pela alavanca, ou seja, a grande 
pedra que o homem primitivo, na Figura 19, está tentando locomover. No 
movimento humano, pode ser caracterizada pelos segmentos corporais a 
serem movimentados; no treinamento muscular, a resistência são os objetos 
a serem utilizados e superados, como halteres; e em algumas modalidades 
esportivas, como a natação, a própria água ocupa o papel de resistência 
(trabalho resistente). A distância do ponto de apoio até a sobrecarga a ser 
movida se chama braço de resistência.
FIGURA 20 – ELEMENTOS DE UMA ALAVANCA, ONDE F É O PONTO DE 
POTÊNCIA OU FORÇA MOTRIZ E É O PONTO DE APOIO E R É A RESISTÊNCIA
FONTE: https://portal.lupmed.com.br/wp-content/uploads/2018/06/
Alavancas-no-Corpo-Humano-3.png. Acesso em: 8 jul. 2019.
As alavancas são categorizadas em três classes de acordo com o tipo 
de movimento e, consequentemente, do posicionamento dos elementos das 
alavancas. Estas são de primeira, segunda e terceira classe. 
• Primeira classe ou interfixa: são exatamente as alavancas 
representadas nas Figuras 19 e 20, ou seja, o ponto de apoio, ou fulcro, 
se encontra entre a potência e a resistência. No movimento humano, 
essas alavancas ocorrem quando há movimento dos músculos agonistas 
e antagonistas nas direções opostas com relação a uma articulação, 
exercendo um equilíbrio de força. Por exemplo: levantar a cabeça após 
o rosto estar voltado para baixo. Nesse caso, o peso da cabeça está 
143
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
localizado à frente da coluna, fazendo o papel da resistência, o eixo está 
localizado na articulação entre a base do crânio e a primeira vértebra 
cervical e o músculo trapézio e os sinergistas que estendem a cabeça 
proporcionam a força para mover a alavanca, permitindo que a cabeça 
fique equilibrada sobre a coluna.
• Segunda classe ou inter-resistentes: nessas alavancas, a resistência 
se localiza entre o ponto de apoio e a potência. Fazendo a transição para 
o movimento humano, podemos dizer que esse tipo de alavanca ocorre 
em movimentos raros, podemos citar como exemplo a produção de 
torque ao ficar na ponta dos pés. Neste caso, o eixo são as articulações 
metatarsofalangeanas; a força é proporcionada pelos músculos flexores 
plantaresinseridos via tendão calcâneo e a resistência entre o eixo e 
a força é o peso corporal. Essa potente alavanca impulsiona o corpo 
durante o exercício de panturrilha em pé na musculação, na marcha 
numa caminhada simples, na corrida e nos saltos.
• Terceira classe ou interpotentes: já nas alavancas de terceira classe, 
é a potência que se encontra entre o ponto de apoio e a resistência. Esta 
já se encontra em diversos movimentos corporais, como o trabalho de 
rosca bíceps. Neste caso, o eixo é a articulação do cotovelo, a fixação 
distal dos músculos bíceps braquial e braquial proporciona a força e a 
resistência é o peso do antebraço e/ou o peso do halter segurado pela 
mão.
FIGURA 21 – EXEMPLIFICAÇÃO APLICADA NA FÍSICA E NO 
MOVIMENTO HUMANO DAS CLASSES DE ALAVANCAS
FONTE: https://strengthconditioningscience.files.wordpress.com/2017/11/
alavancas1.jpg?w=502&h=415. Acesso em: 8 jul. 2019.
144
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Após esses conhecimentos sobre alavancas, acreditamos que você já 
entendeu a sua importância para o esporte e para o exercício, certo? Obviamente, 
um profissional de Educação Física com posse desses conhecimentos introduzirá 
de maneira mais precisa nos planejamentos de treinos, elementos e componentes 
associados ao controle do treino para alcançar o maior sucesso no que diz 
respeito ao desempenho, economizando energia e diminuindo o risco de lesões. 
1 Para um profissional de Educação Física que atua na área de 
musculação introduzir em seu aluno ou atleta, um treinamento 
voltado para a hipertrofia, especificamente para o bíceps, qual 
tipo de alavanca seria realizado para produzir esse fenômeno? 
Pense e se apoie nas leituras seguintes, ao final você saberá se 
acertou ou não.
Para uma aplicação correta nos esportes e nos exercícios, é preciso entender 
que há um momento em que ocorrem as alavancas, certo? Então, esse momento 
é representado pela multiplicação da potência pela distância de aplicação dessa 
força até o ponto fixo, no caso a articulação que envolve o movimento. A potência 
sendo representada pela letra “F” e a distância da aplicação da força sendo 
representada pela letra “d”, gera-se uma pequena fórmula: Momento = Força x 
distância (M = F . d). Alguns autores apresentam essa mesma fórmula, porém, 
com caracteres diferentes, por exemplo, utilizam o “M” como “T” referente ao 
torque, o “F” continua sendo usado como força e para a distância utilizam a letra 
“r”, dando origem à fórmula de momento de força da seguinte forma: T = F x r. 
Apesar de caracteres diferentes, o objetivo representativo é o mesmo: o momento 
de força que gera a alavanca.
Para que ocorra um torque (momento de força), é preciso a presença de 
uma alavanca, esta pode ser avaliada por sua eficácia, que como falamos 
anteriormente com relação ao homem primitivo, sua eficácia envolve a ocorrência 
da vantagem mecânica ou não. Fisicamente dizendo, a vantagem mecânica é a 
divisão entre o braço de potência (ou de força motriz) que será representado pela 
sigla “Bf” e o braço da resistência que vamos representar por “Br”, ou seja, no 
que diz respeito à fórmula, a vantagem mecânica se denota da seguinte maneira 
“Vantagem mecânica = Braço de Potência / Braço de Resistência” (Vm = Bf / Br). 
Para termos uma referência de vantagem e desvantagem mecânica, uma vez 
que esta é uma grandeza física adimensional, ou seja, sem representatividade por 
145
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
meio de unidade, apenas por número, na literatura geral, a referência 
utilizada é o número 1. Portanto, ocorre a vantagem mecânica quando 
o braço de potência é maior que o braço de resistência, ou seja, Vm> 1, 
consequentemente, a desvantagem mecânica ocorre quando o braço de 
potência é menor que o braço de resistência, ou seja, Vm< 1. Quando 
ocorre o mesmo tamanho entre o braço de potência e de resistência, a 
vantagem mecânica será igual a 1 (Vm= 1). Isso significa que quando 
ocorre Vm> 1, o momento de força é amplificado e ocorre a superação 
da resistência para realizar o movimento. Quando ocorre Vm< 1, é 
preciso que a força de potência seja muito maior para sustentar e/ou 
mover a força de resistência. Quando ocorre Vm= 1, ocorre o equilíbrio 
da alavanca, sem a ampliação da força de resistência e de potência 
(HAMILL; KNUTZEN, 1999).
Quando fazemos a transição desse conhecimento com a aplicação 
no esporte e/ou nos exercícios, precisamos levar em consideração 
também as cargas que atuam sobre o corpo humano, pois estas podem deformar 
e causar rupturas no sistema musculoesquelético (NORDIM; FRANKEL, 2003). 
Estas cargas são: a compressão, a tensão, a flexão, o cisalhamento e a torção 
(forças combinadas).
• Compressão: ocorre quando uma força externa tende a apertar as 
moléculas de um material em conjunto. 
• Tensão: ocorre quando a carga atua objetivando esticar e/ou separar o 
material. Por exemplo: o peso corporal comprime o pé contra o solo na 
fase de apoio de uma caminhada que, por sua vez, é resistido por uma 
carga de tração entre o feixe plantar e o ligamento longitudinal do pé.
• Flexão: ocorre quando temos simultaneamente a ação de uma força de 
compressão e de tensão dependendo do lado da estrutura analisado, por 
exemplo: quando uma pessoa apoia uma única perna no chão, a região 
medial do fêmur está em compressão, enquanto a face lateral está em 
tensão.
• Cisalhamento: ocorre quando uma carga em um ângulo reto atua em 
direções opostas, por exemplo: ao cortar um papel com uma tesoura, 
cria-se uma carga de corte através do papel com as lâminas.
• Forças combinadas: ocorre quando muitas forças agem 
simultaneamente sobre um corpo, podendo ocorrer a criação de outras 
cargas, como torção e flexão.
Como supracitado, essas cargas que ocorrem sobre o nosso corpo têm a 
capacidade de deformá-lo, e esta deformação ocorre após a distensão progressiva 
de um determinado material exposto constantemente durante um período 
Para termos 
uma referência 
de vantagem e 
desvantagem 
mecânica, uma vez 
que esta é uma 
grandeza física 
adimensional, 
ou seja, sem 
representatividade 
por meio de 
unidade, apenas por 
número, na literatura 
geral, a referência 
utilizada é o número 
1.
146
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
afincado, logo, no que diz respeito à correlação Carga X Deformação 
durante esse período em que ocorre a compressão ou o estiramento 
desse material, podem ocorrer dois tipos de deformações: deformação 
elástica e plástica.
A região elástica de um músculo, por exemplo, são os ligamentos, 
que são compostos pela porção não linear inicial (tendões) e pela 
região linear subsequente até próximo ao limite de ruptura, assim os 
ligamentos são continuamente distendidos até o seu limite elástico, 
realizando um importante papel de estabilização articular. Quando 
ocorre a retirada da carga sob o músculo, a maior parte da energia 
que foi utilizada na distensão (extensão) é liberada, enquanto a força 
é removida, ocorrendo o retorno do seu comprimento de origem (MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2006; BILLAT, 2002). 
Ao estender (alongar) o ligamento além de seu limite fisiológico, ocorre a 
lesão. Neste momento, o aumento da distensão (estiramento) resulta apenas no 
aumento da tensão (estresse). Esse fenômeno de um ligamento hiperestendido 
(ou supercomprimido) é conhecido como plasticidade. A hiperextensão é 
uma deformação plástica, onde sucede-se a falência de seu ligamento e, 
consequentemente, sua deformação, que é permanente (NEUMAN, 2001; 
BILLAT, 2002). 
A energia plástica não é completamente recuperada neste momento, nem 
mesmo quando a força deformadora é removida, ao contrário da energia elástica. 
Se ocorrer a permanência da ação da carga de estiramento ou compressão, o 
ligamento atinge seu ponto de falência final, ou seja, ocorre sua ruptura (parcial ou 
total), perdendo sua capacidade de suportar qualquer nível de tensão (NEUMAN, 
2001).
Por isso, na aplicação de um treinamentoe/ou em um simples exercício, 
é necessário um trabalho minucioso de aquecimento das estruturas corporais, 
subsequente com uma adaptação progressiva de sobrecargas, um respeito 
analítico à amplitude articular ao tempo correto de recuperação e a introdução 
de alongamentos localizados e gerais, sempre visando ao fortalecimento e ao 
aumento da capacidade de flexibilidade dessas estruturas. Dessa maneira 
cautelosa, porém eficaz, você trará ao atleta e/ou praticante de um determinado 
exercício, a eficácia de um trabalho resguardado pela segurança e menor risco de 
lesão. 
Depois dessa leitura, você conseguiu identificar qual tipo de alavanca seria 
realizado para produzir o fenômeno da hipertrofia no músculo do bíceps durante 
o exercício rosca bíceps? São as alavancas da terceira classe e/ou interpotentes. 
No que diz respeito 
à correlação Carga 
X Deformação 
durante esse 
período em 
que ocorre a 
compressão ou o 
estiramento desse 
material, podem 
ocorrer dois tipos 
de deformações: 
deformação elástica 
e plástica.
147
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
Estas, como ocorrem com maior frequência no corpo, de fato são mais utilizadas, 
porém, especificamente para o indivíduo que quiser hipertrofiar os músculos da 
panturrilha, estando na posição em pé com relação ao solo, a alavanca utilizada 
será a de segunda classe (inter-resistente).
É extremamente mais interessante analisar todo esse trabalho 
de alavancas, com ou sem vantagem mecânica e seus efeitos, 
com movimento, por isso, sugerimos que essas informações sejam 
adquiridas mais detalhadamente de maneira visual com recursos de 
vídeos em sites como os indicados a seguir. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=d8bCCA5jlF4> e <https://www.youtube.
com/watch?v=vRG7_FGt4wo>.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Entender e analisar o movimento humano, visando aplicar um determinado 
trabalho, não pode ser feito apoiado em coisas ditas como óbvias, baseado no 
senso comum, para nós, profissionais, é necessário utilizar o conhecimento 
científico.
Por isso, a composição desse livro possui informações necessárias para 
o conhecimento da cinesiologia e da biomecânica aplicada ao exercício. Nessa 
premissa, nesse último capítulo, abordamos o tema Sistema Locomotor, o 
qual envolve o sistema esquelético e articular, paralelo à fisiologia mecânica 
do movimento. Essas informações em conjunto ao sistema muscular e ao 
conhecimento cinesiológico, permitem de forma completa, ao profissional de 
Educação Física, uma visão científica e embasada para a aplicação de seu 
trabalho.
Por isso, iniciamos esse capítulo com a apresentação dos componentes 
do sistema locomotor, subsequente com seus conceitos e funções, possuindo 
ainda informações detalhadas sobre a composição desses elementos. Após 
essa abordagem conceitual, introduzimos a mecânica fisiológica do movimento, 
mostrando que há diversos tipos de forças internas e externas que influenciam 
o movimento, e finalizamos com as alavancas anatômicas, sinalizando a sua 
importância e como utilizá-la e controlá-la na realização de alguns objetivos 
específicos, sempre referenciando de uma maneira geral e efetuando a transição 
para o esporte e/ou exercício. 
148
 Cinesiologia e Biomecânica Aplicadas ao Exercício
Além das informações denotadas nesse livro, é essencial que o aluno busque 
sempre mais informações em outros recursos. Algumas indicações de livros e 
sites foram sugeridas no decorrer dos textos, porém, há uma gama de fontes que 
podem ser exploradas, podendo ser alcançadas com palavras-chave, além de 
todas as referências utilizadas e localizadas nas referências bibliográficas.
De fato, quando se une o conhecimento do sistema muscular e locomotor, 
introduzindo a base biomecânica do movimento com a análise cinesiológica, 
possuímos as ferramentas fundamentais para produzir um trabalho ético e 
profissional condizente com a conduta de um profissional de elite por excelência. 
Os profissionais de Educação Física, com base em todo esse conteúdo, 
têm a possibilidade de exercer um trabalho seguro, correto e otimizado, 
consequentemente, possuem diferencial no mercado de trabalho.
149
SISTEMA LOCOMOTOR Capítulo 3 
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