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DESEMPENHO RECENTE DO SETOR DE ALIMENTOS NO OESTE DE SANTA CATARINA Alessandro Schlickmann1 Ana Lucia Martins dos Santos2 Angélica Daiane Hoepers3 Luana Vaz Rodrigues4 Milene Rodrigues Alupp Alves5 RESUMO O setor produtivo de alimentos no Brasil é de grande significância para o crescimento econômico, visto que o país ainda obtém riquezas geradas a partir da produção agropecuária. No sul do país, mais precisamente na região oeste de Santa Catarina, o contexto não é diferente, grande parte da produção é inserida no setor agropecuário ou indústria de alimentos. Nesse sentido buscou-se meios de contextualizar e significar o desempenho recente do setor de alimentos do oeste catarinense, tal busca baseia-se no contexto histórico da região do estado. A verificação feita por meio de pesquisa qualitativa e quantitativa desencadeou a confirmação de que o desempenho do setor de alimentos é explicado por um contexto histórico, desde a colonização e formação da base produtiva, até a ampliação e consolidação do setor no oeste catarinense. Palavras chave: oeste catarinense. Alimentos. Agropecuária. 1 INTRODUÇÃO O estudo desenvolvido nesta pesquisa se baseia na ideia do contexto histórico do setor de alimentos para realizar uma análise sobre o atual cenário das atividades desse setor na economia e como está a divisão por regiões dessa atividade em Santa Catarina. O setor de alimentos surgiu inicialmente com uma ligação à prática agrícola desenvolvida por açorianos, tendo uma ampliação de variedades produzidas com a chegada de uma nova leva de imigrantes. Durante o passar das décadas o setor sofreu diversas alterações, junção de empresas e desenvolvimento da indústria, mas apesar de todas essas alterações o setor de alimentos se manteve como uma importante peça para a economia catarinense tanto em relação ao mercado interno quanto e externo, atualmente o setor é o principal em exportações do estado, o que leva a um sistema muito complexo que envolve diversos outros setores como o de infraestruturas. 5 Ciências Econômicas, Graduanda da 4ª fase - milene.ralupp@unidavi.edu.br 4 Ciências Econômicas, Graduanda da 4ª fase - luanavazrodrigues@unidavi.edu.br 3 Ciências Econômicas, Graduanda da 4ª fase - angelica.hoepers@unidavi.edu.br 2 Ciências Econômicas, Graduanda da 4ª fase - ana.santos@unidavi.edu.br 1 Ciências Econômicas, Graduando da 4ª fase - alessandro.schlickmann@unidavi.edu.br O presente artigo tem como objetivo geral analisar o desempenho recente do setor de alimentos no Oeste de Santa Catarina; números atualizados do desempenho; Atual cenário das empresas no mercado interno e externo; Perspectivas das empresas em relação ao futuro do setor. 2. REFERENCIAL TEÓRICO O referencial teórico da presente pesquisa foi estruturado em quatro tópicos, a saber: A origem no século XIX; As pequenas propriedades e a safra agrícola; A expansão do setor; Desnacionalização do complexo agroindustrial; O cenário contemporâneo. 2.1 A ORIGEM NO SÉCULO XIX Até meados do século XIX o setor industrial de alimento no estado de Santa Catarina se restringia a atividade desenvolvidas pelos açorianos que habitavam o estado, a produção por esses era diretamente ligada com a produção agrícola realizada pelos mesmos, onde se fazia o cultivo de cana de açúcar, café, mandioca, e produção de melado, aguardente e demais produtos do gênero. Após a chegada de novos imigrantes italianos na região catarinense que se teve uma ampliação e diversificação na produção, como a banha, manteiga, queijo e salame. Após 1875, se teve a terceira leva de imigrantes, que também foi responsável por uma nova diversificação produtiva, onde se teve o desenvolvimentos de produtos laticínios, além da produção de vinho e farinha de mandioca. (GOULARTI FILHO, 2001) Em 1905, após a realização do Censo econômico, foi possível notar a relevância do setor de alimentos para a economia catarinense, representando mais de 30% do valor da produção, com amplo destaque para a banha que era o destaque do setor. Já no Censo de 1920, os alimentos representavam quase 35% do valor de produção, com diversas atividades do setor sendo desenvolvidas em diversas regiões do estado.(GOULARTI FILHO,2001) As características do estado faziam com que a produção agrícola se desse por meio de pequenas propriedades, mas apesar disso o estado desde o início da colonização se tinha a exportação de produtos como banha, carne suína, entre outros alimentos até o Rio de Janeiro. Essa situação se perpetuou por um longo tempo na região sul do estado, fazendo com que a produção de pequenos proprietários.(GOULARTI FILHO,2001) Com muitas áreas de pequenas propriedades rurais sendo vendidas para a extração de minerais delas, fez com que se ocorresse uma alteração nos meios de produção das regiões, o mesmo se deu no Vale do Itajaí, se direcionando para o setor têxtil. Segundo Goularti Filho(2001) : Essas atividades agrícolas mercantis formaram o primeiro núcleo gerador da acumulação capitalista. O sistema colônia-venda e a exploração da mão-de-obra de expropriados deram condições para a formação de um mercado interno que se desdobrava e ampliava. Mesmo num regime de pequenos proprietários, surgem pequenos capitalistas que acumulam mais e passam a subordinar os mais frágeis. Essa subordinação ocorreu em virtude da diferenciação social que se desenvolve dentro da pequena propriedade. O comércio de cabotagem estadual, até I 920, era feito principalmente com o Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. Após essa data, aumentam as transações comerciais com São Paulo. Mesmo comercializando alimentos com vários Estados (RS, PR e RJ), São Paulo era o maior consumidor da farinha, da banha e da manteiga catarinense. O mate ia mais para o Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso e a madeira para o Rio de Janeiro.(p.66) Com produção do setor de alimentos em diversas regiões do estado, foi na chegada de novas ondas de colonização no oeste, onde por meio da criação da ferrovia São Paulo-Rio Grande, isso acabou fazendo com que o setor ganhasse um grande impulso e aí toma o rumo de industrialização do mesmo, com a criação de diversas grandes empresas que terão destaque no mercado interno e externo. (GOULARTI FILHO,2001) Durante a inauguração do frigorífico Seara, que tinha uma alta capacidade produtiva, no ano seguinte a empresa criou bases comerciais em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. No entanto em 1980 se tem a venda da empresa para Ceval, com isso a família Paludo,que tanto se vangloriava da sua identidade com Seara, simplesmente abandonou a cidade, mostrando que o interesse econômico sempre esteve acima dos laços de amizade com a população local. (GOULARTI FILHO,2001) O século XIX com a chegada de novos imigrantes na região, trazendo com eles novas produções para o setor alimentar, como o leite e a carne suína. Após a terceira leva de imigração se teve um aumento ainda maior na diversificação de alimentos, também se tem início a produção de vinho e farinha de mandioca, deixando ainda mais de lado o cultivo de cana de açúcar que era cargo chefe na primeira leva de imigrantes. (GOULARTI FILHO,2001) Com as alterações ocorridas no modo de produção tivemos significativas marcas no processo de construção do espaço. A transformação dos pequenos frigoríficos em grandes agroindústrias que tiveram enormes e efetivas repercussões, tanto na agricultura quanto no comércio e na indústria regional. (GOULARTI FILHO,2001) Houve também um crescimento da população urbana, como consequência a agricultura e a indústria de alimentos, precisaram passar por mudanças para atender às novas “necessidades” da população que estavam em meio mudanças nos hábitos alimentares, com isso, as agroindústrias crescem em ritmo acelerado.(GOULARTI FILHO,2001) Apesar do desenvolvimento do setor de alimentos no Sul, Vale e também na região litorânea do estado, foi ao chegar no oeste que se iniciou uma fase de extrema importância para a consolidação e industrialização dosetor em Santa Catarina. (GOULARTI FILHO,2001) A partir dos anos 40 se tem a transformação e desenvolvimento da industrialização desse setor, com o aumento das vendas para as regiões diversas no Brasil, em especial para o estado de São Paulo. Durante essa época surgiram diversos frigoríficos e moinhos, mas ao longo dos anos três empresas acabam tendo um certo destaque que perduram até os dias de hoje, que são elas a Perdigão, Sadia e Seara. A Perdigão tem início após a junção da Frey & Kellermann que associa-se à Ponzoni, Brandalise e Cia. e ambas acabam criando a Sociedade de Banha Catarinense Ltda. e a Fábrica de Produtos Suínos & Cia., e, em 1940, acaba se dando a fundação da Perdigão S.A. Já a História da Sadia se dá em 1935, a partir da criação da casa comercial Fuganti, Fontana & Cia, por Attilio Fontana, que praticava a comercialização de alfafa na região, em São Paulo e Paraná, em 1940, Attilio sai da sociedade e assume o Frigorífico Concórdia S.A, pertencente a Dogelo Goss, e em seguida montou o Moinho Concórdia. A partir desses dois empreendimentos, em 1944 nasceu a Sadia. Nessa época a região oeste já era destaque no setor em nível estadual e nacional. (GOULARTI FILHO,2001) A história da Seara acaba se entrelaçando com a da família Paludo em Nova Milano, em 1935, Biagio Aurélio Paludo troca o trabalho de transporte de madeira para trabalhar na casa comercial que havia comprado. Em 1951 vamos ter a fundação do moinho Seara S.A. indústria e comércio, com altos investimentos, com importação de equipamentos que possibilita uma maior produção, a produção era destinada para todo o país, com destaque para Salvador, norte do Paraná e São Paulo. Com as expansões como a criação de dois armazéns, uma fabricação de ração entre outras, e com o desdobramento da acumulação de capital, em 1956, Biagio Aurélio Paludo, Theodoro Barbieri e Artemio Paludo, criam uma nova sociedade que tinha como objetivo fundar em frigorífico, objetivo esse que se concretiza em 1959, com a inauguração do frigorífico Seara, que tinha uma alta capacidade produtiva, no ano seguinte a empresa cria bases comerciais em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. No entanto em 1980 se tem a venda da empresa para Ceval, com isso a família Paludo,que tanto se vangloriava da sua identidade com Seara, simplesmente abandonou a cidade, mostrando que o interesse econômico sempre esteve acima dos laços de amizade com a população local.(GOULARTI FILHO,2001) 2.2 AS PEQUENAS PROPRIEDADES E A SAFRA AGRÍCOLA O estado de Santa Catarina é um estado que possui características muito particulares comparado ao restante do país. Por um lado, se observarmos a evolução fundiária catarinense desde 1920 até 1995, é perceptível que a maioria dos estabelecimentos está nos estrados de 10 a 100 hectares, e que concentram quase a metade da área rural e, ao todo, em torno de 80% dos estabelecimentos, o ocupante é o proprietário. Por outro lado, também podemos pensar que aproximadamente 0,2% dos estabelecimentos com mais de 1.000 hectares, que correspondem aproximadamente a 500 propriedades, detêm 15,0% da área rural, concentrando-se, a maioria, no planalto serrano (45,0%), na região de Canoinhas (11,0%) e Joaçaba (11,0%). De acordo com o Censo Agropecuário de 1995-1996, o oeste barriga-verde era responsável por 56,9% da safra catarinense de grãos, com 69,7% da produção de trigo, 67,8% de milho, 62,3% de soja, 51,5% de feijão e apenas 3,0% da produção de arroz. Além disso, o oeste representa 91,2% da produção de uva, 66,9% da de maçã e 59,0% da produção de tomate. No setor de carne, representa 81,7% da criação de suínos, 42,9% do rebanho de bovinos para corte e 46,3% do efetivo de aves. Toda a produção de milho e soja na região está diretamente vinculada aos complexos agroindustriais de carne, que reúnem em torno de si mais de 24 mil pequenos criadores de suínos e aves. Destaca-se também o complexo fumageiro, que representa 19,2% da produção estadual. A região oeste perde apenas na produção de arroz e fumo, que se concentram no sul do Estado. O restante da safra de grãos é distribuído da seguinte forma: planalto norte e litoral norte, com 12,9%; sul, com 11,4%; planalto serrano, com 9,7%; e Vale do Itajaí, com 7,8%. Ao longo dos anos 70, 80 e 90, observa-se que o Vale de Itajaí e a região de Florianópolis reduziram suas participações na produção agrícola do Estado; o sul e o planalto norte mantiveram-se na mesma; e o planalto serrano e o oeste aumentaram. No planalto norte e litoral norte, destaca-se a produção de banana com 49,5%. Na região de Canoinhas, destacam-se a produção de soja, com 21,3%, e de batata, com 20,5%. A produção agrícola de Joinville é medíocre, concentra-se apenas na produção de arroz e cana-de-açúcar. No Vale do Itajaí, sobressai a produção de cebola, na região de Ituporanga, que representa aproximadamente 15,0% da produção nacional. Em seguida, vem o fumo, a banana e o arroz. O planalto serrano se destaca nacionalmente na produção de alho (58,8%) e maçã (32,2% ). A região de Curitibanos é responsável por 15,0% da produção nacional de alho. Também é grande produtor de batata (44,9%) e de trigo (25,6%). A pecuária de corte está fortemente ligada à sua formação histórica. No entanto, é interessante observar o quanto a região vem perdendo de posição, ao longo dos últimos 20 anos, para o oeste, no efetivo de gado para corte. Em 1970, a região representava 62,6% do efetivo de gado e o oeste apenas 20,2%, e em 1985 já era respectivamente 24,7% e 37,6%. Atualmente (1995-1996), a região serrana representa 21,6% e o oeste 42,9% do efetivo de gado. Já o sul, é líder no cultivo de arroz irrigado (57,2%) e de fumo (32,7%). Ao passar dos anos obteve-se um aumento da produção leiteira no oeste catarinense, nos anos mais recentes, a região passou a ser a maior produtora do Estado, apresentando algumas características de um complexo agroindustrial. Com a brutal redução da suinocultura praticada por pequenos agricultores, a produção de leite surgiu como uma possibilidade de manutenção da renda para muitas famílias em todo o oeste catarinense. 2.3 EXPANSÃO DO SETOR Em 1950, ocorreu uma expansão, no Oeste catarinense, em massa no setor alimentícios, mais precisamente em relação aos frigoríficos isso em volta do mercado nacional, levando empresas pequenas a ter grande nome, reconhecimento e capital alto para investimentos, junto com os frigoríficos se inicia a industrialização da agricultura, investindo fortemente em maquinários de tecnologias avançadas, como por exemplo os tratores, instrumento mais usado no setor agrícola. Nesse momento da periodização formulada por Goularti Filho (2001) a agricultura passa a ser agroindústria, e junto dessa expansão há o registro de mudanças no processo produtivo pois os pequenos produtores, principalmente criadores de suínos, passaram a produzir através do sistema de integrados, o que os deixava subordinados as grandes indústrias, principalmente ao frigoríficos. Segundo GOULARTI FILHO (2001), a expansão do setor de alimentos no oeste do estado catarinense deu origem às grandes empresas ligadas à produção de carnes. Nesse período surge a S.A. Indústria e Comércio Chapecó (1952), a Frigorífico Seara (1956) e a SA Frigorífico Itapiranga, Safrita, (1962). [...] A história do Frigorífico Seara está ligada à família Paludo em Nova Milano (atual município de Seara). [...] No ano de 1951, foi inaugurado o moinho Seara S.A. Indústria e Comércio, com equipamentos importados da Suíça, o sistema Buhler, com capacidade de moer 15.600 quilos por dia, e com motor próprio de geração de energia. (GOULARTI FILHO, 2001, pág. 111) O autor ainda afirma que os anos 50 e 60 foram demarcados pela abertura de diversos moinhos e pequenos frigoríficos que ao longo do tempo foram absorvidos pelas indústrias maiores e consolidadas no mercado nacional - Seara, Sadia, Perdigão e Chapecó - que afirmaram o oeste catarinense como uma região de grandepotencial produtivo de carnes e seguimento de alimentos no geral. 2.4 DESNACIONALIZAÇÃO DO COMPLEXO AGROINDUSTRIAL Após a expansão do setor, durante os anos 90, o país passava por um momento de alta valorização cambial, o que facilitava a entrada de capital externo para a compra de ativos nacionais, segundo GIAMBIAGI e MOREIRA (1999, pág. 295) “A década de 90 marcou a transição da indústria brasileira para um novo regime de comércio, deixando para trás pelo menos quatro décadas de forte proteção contra as importações.”, isso fez com que as empresas do setor agroindustrial catarinense sofressem consideravelmente com a reestruturação patrimonial de multinacionais, GOULARTI FILHO (2001) descreve que a reestruturação fez com que tivéssemos uma redução brusca na suinocultura durante essa época, além de uma reorganização imposta pelos frigoríficos, também contribuiu com diminuição dos suinocultores. Entre 1990 e 1999 observou-se uma redução de 38,4% de integrados das empresas sadia, perdigão, aurora e Chapecó. As modernizações implementadas durante esse período afetou também o setor da avicultura, mas não da mesma forma que a suinocultura no oeste do estado catarinense. No setor de avicultura, ocorreu o mesmo processo de modernização, mas o número de integrados não reduziu. Os aviários foram modernizados com a introdução de novos bebedouros e comedouros, ventilação, aquecimento, iluminação e cama de forração, além de novos promotores de crescimento, antibióticos e para aumentar a escala de produção dos aviários, o lote de pintinhos de um dia passou de 12 para 13, 14 e até 15.000 pintinhos. O tempo para o abate foi sendo paulatinamente reduzido, passando de 70 dias em 1950, para 49 em 1970 e atualmente, dada a enorme quantidade de hormônios e aceleradores de crescimento, o que tem um efeito maléfico para a saúde do animal e humana, estão abatendo frangos com até 35 dias e alguns, que são destinados á exportação, chegam a 25 dias. (GOULARTI FILHO, 2001, pág. 275) Ainda segundo a descrição contida na tese de Goularti Filho (2001), em 1994, perante a primeira grande mudança patrimonial, a Perdigão saiu definitivamente das mãos da família Brandalise e passou a ser gerenciada por um fundo de pensões, pelo Bradesco e outras instituições. Com isso, houve a desativação de algumas unidades de forma temporária e outras foram fechadas definitivamente ou vendidas. Com a venda da empresa, a família Brandalise deixou a cidade de Videira demonstrando o real interesse econômico pela cidade. Neste mesmo período, meados da década de 90, grandes grupos da indústria alimentícia também se desfizeram de algumas unidades para dedicarem-se totalmente a um setor produtivo de acordo com GOULARTI FILHO (2001), como a Avícola Eliane sendo adquirida pela Seara, e optou por se desfazer da unidade de alimentos para concentrar-se apenas no segmento de revestimentos cerâmicos; e a Cia. Hering que se desfez da Ceval-Seara para dedicar-se unicamente ao setor têxtil. Da mesma forma, a Sadia abdicou da exclusividade do segmento de carne, grãos e derivados em 1997; a Chapecó teve as atividades reduzidas devido aos prejuízos acumulados ao longo dos anos 90, e acabou sendo absorvida pela Alimbra S.A. Assim, as empresas originárias do oeste catarinense - Perdigão, Sadia, Seara e a Aurora - se consolidaram no complexo de carnes nacional e internacional absorvendo grande parte do mercado, e a Ceval depois de adquirida pelo grupo Bunge tornou-se a maior processadora de soja da América Latina. 3. METODOLOGIA A metodologia, em sentido etimológico, significa via pela qual realizar-se-á algo, e consiste no apontamento das técnicas empregadas para construção da pesquisa. A pesquisa pode ser de natureza quantitativa ou qualitativa, no presente trabalho os resultados apresentados foram constituídos por meio de pesquisa qualitativa, pois a pesquisa foi realizada com base em documentos eletrônicos - livros, artigos e sites de busca - segundo SEVERINO (1941, pág. 119) “São várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidade metodológicas.” Os dados históricos e teóricos são embasados em artigos, documentos e dados disponibilizados por órgãos governamentais e instituições econômicas do setor, visando analisar o cenário atual e a elaboração da evolução histórica do setor de alimentos de Santa Catarina. 4. O CENÁRIO CONTEMPORÂNEO Atualmente o setor de alimentos tem uma importante função na questão econômica do estado de Santa Catarina, em 2019 o setor foi responsável por 41% das exportações, com destaque para a carne de aves e suínos, ao todo o valor de produtos exportado do setor chegou a 2,75 bilhões. O setor também tem uma importante participação do setor no PIB industrial do estado, com 15,9% no PIB do setor no estado. Atualmente o estado conta com cinco das dez principais empresas do sul do país, sendo três delas do setor de alimentos. Segundo os dados da Secretaria do Estado da Fazenda, pode-se analisar que o setor de alimentos no oeste catarinense é crescente ainda no cenário contemporâneo. Por meio dos dados apresentados na tabela abaixo, observa-se que o Valor Adicionado por município das três associações do oeste do estado, AMEOSC, AMOSC e AMERIOS, continua crescente nas atividades relacionadas à produção de carnes na comparação dos anos de 2008 e 2018. Ano Abate e fabricação de produtos de carne 2008 R$ 538.335.691,04 2009 R$ 701.120.659,68 2010 R$ 347.995.641,33 2011 R$ 996.040.372,96 2012 R$ 1.026.909.853,03 2013 R$ 1.247.972.775,60 2014 R$ 1.455.038.730,75 2015 R$ 1.801.208.644,79 2016 R$ 1.595.888.423,41 2017 R$ 1.771.401.397,66 2018 R$ 1.706.077.079,53 Fonte: elaborada pelos autores com base nos dados da Secretaria do Estado da Fazenda. Grandes empresas do setor em âmbito nacional e internacional passaram por inúmeros processos de mudanças, atualmente temos a Sadia e Perdigão fazendo parte da BRF( Brasil Food), Seara pertencendo ao grupo JBS e a Aurora se consolidando como cooperativa, além dessas gigantes do setor mais focado para produtos derivados da carne, devemos a expansão e diversificação por diversas regiões do estado, como a Bunge, de Gaspar, Pamplona de Rio do Sul, onde hoje elas juntamente com as já tradicionais fazem parte do dia a dia de milhares de famílias pelo mundo. No atual cenário do setor de produção alimentar, a região oeste continua sendo o grande destaque do estado, apesar desse maior destaque, é possível dividir o setor em quatro polos, que são eles: Extremo Oeste, Meio Oeste, Oeste e Vale do Itajaí. Vamos ter em especial a cultura de frangos e suínos, Chapecó é um dos municípios que mais se destaca no setor, tanto em âmbito estadual quanto nacional. É em Chapecó que temos o maior frigorífico de suínos do Brasil, pertencente à empresa Aurora, uma cooperativa que conta com mais de 100 mil pessoas envolvidas nos mais diversos setores, com destaque para os mais de 65 mil empresários rurais cooperados. A empresa que tem mais de cinco décadas de tradição no mercado interno atualmente passa por um processo de expansão da sua atuação no mercado externo, por isso a cooperação nunca esteve com tanto destaque na empresa, pois a expansão de suas fábricas seriam inviáveis sem os mesmo e a força produtiva que eles desenvolvem para que a empresa tenha o seu êxito. A Seara Alimentos atualmente é controlada pelo grupo JBS, ela foi adquirida em 2013 por mais de 5 bilhões de reais, a empresa passou por uma forte expansão para o mercado externo desde 2000, se tornando nesse tempo a maior exportadora de carnes suínas do mundo, passando a atuar em quase 30 países, a empresa buscando sempre a inovar, trouxe para seu catálogo de produtos uma linha de produtos vegetarianos, que por meio de vegetais tenta reproduzir produtos tradicionalmente feitos de carnes para um público novo, visando assim expandirseu nicho consumidor, a empresa conta com a grande maioria de suas instalações em Santa Catarina mesmo após ser comprada por um grande empresa de sede em São Paulo, fazendo com que a venda da empresa não gerasse desemprega dos ou perdas econômicas para o estado. Desde 2016 duas gigantes nacionais do setor de alimentos se fundiram, são elas a Perdigão e a Sadia, que juntas formam a BRF Foods. Com a fusão ambas empresas continuam tendo atuação de destaque no mercado, atualmente o grupo conta com 1 centro de inovação, 35 unidades produtivas, 20 centros de distribuição e quase 90 mil funcionários. Ao contrário da Seara, a BRF que gerencia as duas empresas possui sua sede em Santa Catarina, e grande parte das instalações da mesma também, desde a fusão das empresas lançou mais de 90 produtos com foco na sua expansão tanto para o mercado interno quanto para o mercado externo. Mesmo que essas grandes empresas do estado tenham sofrido grandes alterações em suas estruturas, a região oeste continua sendo uma peça de extrema importância para todas elas, sendo o grande centro de produção de todas, consolidando ainda mais a tradição que perdura há décadas na região, sendo sinônimo de qualidade e confiança tanto para o mercado interno quanto externo. Atualmente a empresa tem um valor de mercado de aproximadamente US$19 bilhões. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O setor de alimentos tem uma grande importância na história econômica e cultural de Santa Catarina, em especial para a cultura carbonífera na região oeste do estado, onde se surgiu com a primeira leva de imigrantes na região, e foi se diversificando a cada nova onda de imigração. Com o passar dos anos as empresas que eram constituídas na região acabaram se unindo a outras ou sendo compradas por empresas maiores, com isso foi se desenvolvendo o setor ao longo dos anos e se consolidando no mercado interno e externo, o setor é responsável por 41,71% das exportações do estado em 2019, sendo o principal produto exportado no ano, o setor também representou uma participação de 15,9% no PIB industrial do estado. Atualmente o setor é dividido em quatro pólos dentro do estado, que são eles: Extremo Oeste, Meio Oeste, Oeste e Vale do Itajaí, a região é a grande responsável pelo efetivo carbonífero, com destaque para a produção de aves, que sozinha representa 22% das exportações no estado. As grandes empresas do estado passaram por algumas modificações nos últimos anos, a Aurora ampliou sua base como cooperativa, a Sadia e Perdigão se uniram e desde 2016 fazem parte da BRF Foods, além delas a Seara foi comprada pela JBS, apesar da empresa ter sede em São Paulo, as operações da empresa ainda se dão em grande parte em Santa Catarina. O setor continua sendo um importante agente econômico, em todos os quatro polos, desde as pequenas empresas até as gigantes do setor, com os grandes índices de exportação e uma ampliação de mercado, faz com que as empresas do setor tenham uma grande perspectiva financeiras e produtivas para as próximas décadas, em todas elas a busca pela inovação e desenvolvimento da produção é algo cotidiano nas mesmas. REFERÊNCIAS BORGES, Paulo Roberto Santana. A região oeste catarinense no contexto do desenvolvimento regional após os efeitos da interiorização da administração pública. Cidade Futura, Florianópolis, v.1, n 1, p. 01-24, 2004. Disponível em : file:///D:/Downloads/1178-Texto%20do%20Artigo-3687-1-10-20121221.pdf . Acesso em : 14 de nov. de 2020. ELIAS, Lilian de Pellegrini et al . Impactos socioeconômicos do Programa Nacional de Alimentação Escolar na agricultura familiar de Santa Catarina. Rev. Econ. Sociol. Rural, Brasília , v. 57, n. 2, p. 215-233, June 2019 . 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