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Geogra�a Regional do Brasil Aula 8: Economia e planejamento no nordeste Apresentação Durante quase dois séculos (XVI e XVII), a região nordestina foi regida pelo ciclo da cana-de-açúcar, que ofereceu singularidade na liderança econômica colonial à região. Com o desenvolvimento da atividade holandesa, nas Antilhas, a concorrência fez os preços caírem, inviabilizando a produção regional. Com isso, houve um esvaziamento econômico e populacional da região. Nas últimas décadas, a região Nordeste voltou a ser protagonista na área econômica, por meio da criação e do funcionamento de polos e complexos industriais. Objetivos Analisar o ciclo da cana-de-açúcar; Discutir as políticas de desenvolvimento regional; Demonstrar o processo de industrialização recente do Nordeste. Primeiras atividades econômicas Na história da ocupação do território brasileiro, a região Nordeste foi a primeira a ser apropriada e explorada pelos portugueses durante as décadas iniciais do Brasil colonial. A primeira atividade econômica foi a extração do pau-brasil, espécie retratada na �gura a seguir. Árvore de Pau-brasil. (Fonte: Leo Fernandes/Shutterstock). Com o nome cientí�co de Caesalpinia echinata, a planta é nativa do Brasil e é creditada dessa forma por dar o nome ao país (os primeiros colhedores eram chamados brasileiros). A árvore produz um corante vermelho-escuro que foi altamente valorizado durante o período de exploração precoce do Novo Mundo. Os portugueses utilizam-no para tingir tecidos e móveis a �m de melhorar a venda desses produtos. O pau-brasil foi explorado até a exaustão no país. No detalhe, a �gura do tronco da árvore. A planta era facilmente encontrada no litoral do território recém-conquistado e, com a ajuda da escrava mão de obra indígena, os colonizadores colhiam abundantemente essa madeira. Um dos primeiros empreendedores a se bene�ciar dessa atividade econômica foi Fernando de Noronha, que, em 1501, conseguiu a autorização, junto a Portugal, para tanto, tornando-se o primeiro grande extrator da madeira tão desejada. (Fonte: Leo Fernandes/Shutterstock). Vale ressaltar que os portugueses não estavam interessados em colonizar o território, uma vez que a atenção comercial deles estava voltada para as Índias Orientais. No entanto, piratas e aventureiros franceses, que não respeitavam o Tratado de Tordesilhas, aproveitavam-se da pouca vigilância do território e extraíam a madeira ilegalmente, sem pagar as taxas à coroa portuguesa. Com isso, constatou-se a necessidade de ocupar o território. Brotos na plantação de cana de açúcar. (Fonte: JamesDeMers / Pixabay). Outro produto que gerou interesse estrangeiro foi a cana-de- açúcar. A produção de açúcar, o primeiro empreendimento agrícola colonial em larga escala, foi possibilitada por uma série de condições favoráveis. Portugal possuía o conhecimento agrícola e manufatureiro de suas ilhas atlânticas e fabricava equipamentos próprios para extrair açúcar da cana. Além disso, estando envolvido no comércio de escravos na África, teve acesso à mão de obra necessária. Finalmente, Portugal con�ou nas habilidades comerciais dos holandeses e no �nanciamento da Holanda para permitir uma rápida penetração de açúcar nos mercados da Europa. Esse empreendimento comercial precisava �car no Nordeste, a�nal, além de ser a área até então conhecida pelos portugueses, �cava um pouco mais próximo da Europa, o que impactava nos preços das exportações. Além disso, dispunha de solo adequado, o chamado massapê, e clima favorável (quente e úmido). Saiba mais Solo massapê: https://www.suapesquisa.com/geogra�a/massape.htm Com o crescimento da produção açucareira, notadamente em Pernambuco e na Bahia, o Nordeste tornou-se o centro dinâmico da vida social, política e econômica do Brasil. A empresa açucareira brasileira foi, durante os séculos XVI e XVIII, a maior empresa agrícola do mundo ocidental. Até o início do século XVII, portugueses e holandeses mantinham um monopólio virtual das exportações de açúcar para a Europa. No entanto, entre 1580 e 1640, Portugal foi incorporado à Espanha, um país em guerra com a Holanda, o que inviabilizou a parceira luso-holandesa. Os holandeses ocuparam a área açucareira do Brasil no Nordeste entre 1630 e 1654, estabelecendo o controle direto do suprimento mundial de açúcar. javascript:void(0); Quando os holandeses foram expulsos, em 1654, eles já haviam adquirido o conhecimento técnico e organizacional para a produção de açúcar. Seu envolvimento na expansão do açúcar no Caribe contribuiu para a queda do monopólio português. Percebendo que só poderia manter o Brasil se fossem descobertos minerais preciosos, Portugal aumentou seus esforços exploratórios no �nal do século XVII. Como resultado, no início do século XVIII, foram encontrados ouro e outros minerais preciosos. A maior concentração desse material foi descoberta no Sudeste, principalmente no que é hoje o estado de Minas Gerais. O núcleo de interesse comercial da coroa portuguesa passou, portanto, da região Nordeste para a região Sudeste, esvaziando a importância econômica do Nordeste, que nunca se recuperou dessa jogada �nanceira. Por ser a primeira região brasileira de destaque, foi também uma das primeiras a passar por um adensamento populacional. “Nos seus primórdios, a cana-de-açúcar, a pecuária e a cultura do algodão foram as culturas que permitiram uma estruturação produtiva inicial” (ABLAS e PINTO, 2009, p. 826). Escravos trabalhando na região de diamantes.(Fonte: MultiRio). Em razão de a economia ser voltada para o abastecimento dos mercados europeus, sobretudo da metrópole Portugal, era mais simples que toda a produção de mercadorias que seriam mandadas para lá estivesse localizada em pontos estratégicos de melhor escoamento. Por esse motivo, durante muito tempo, a costa nordestina esteve no centro econômico do país. Além disso, politicamente, a primeira capital foi Salvador (BA), o que conferia a essa região o coração das decisões administrativas da colônia e, na conjunção desses dois fatores, um forte condicionante de atração populacional. Além das atividades elementares que são estudadas com mais a�nco pela academia (pau-brasil, cana-de-açúcar, algodão etc.), temos também aquelas que, sendo secundárias, não se voltavam para a exportação, embora fossem de extrema importância para o abastecimento do mercado interno. Estamos falando da pecuária extensiva e do tabaco, por exemplo. A primeira delas, inicialmente, era feita dentro das fazendas de cana, mas, por exigir grandes áreas, acabaram sendo empurradas para o interior. Os bandeirantes foram aqueles que prepararam o terreno para a interiorização do Nordeste, levando o gado e outros animais de pequeno porte para serem introduzidos nessas áreas, após a proibição da criação de gado no litoral em 1701. Diferentemente das fazendas de cana-de-açúcar, a pecuária era realizada por meio de mão de obra livre e/ou familiar. Os vaqueiros, como eram chamados, criavam esses animais que serviam a diversas funções dentro da colônia, desde o fornecimento de bois, para movimentar as moendas no litoral, até a carne, para alimentar os colonos e aproveitar o couro para a fabricação de roupas, sapatos e utensílios diversos. Quanto à produção de tabaco, pode-se dizer que aconteciam em locais inapropriados para a cana, como algumas partes de Pernambuco e Bahia. Apesar de possuir mão de obra escrava, ela era utilizada em menor escala do que aquela dos engenhos; no entanto, sua relação com o mercado negreiro era estreita, uma vez que era utilizada como moeda de troca na África, e isso impulsionava o trá�co de homens negros. 2. Políticas de Desenvolvimento Regional A questão das desigualdades regionais começou a ser tratada nos países industrializados no pós-crise de 1929, quando esse problema apareceu com mais força. Assim, uma série de políticas de desenvolvimento regional passou a ser pensada (DINIZ, 2009). Ainda de acordo com o mesmo autor, no Brasil,essa preocupação existe desde o século XIX, em razão das secas no Nordeste e da necessidade de controle do território amazônico, mas sob outra denominação. Em 1904, foram nomeadas comissões para discutir o problema das secas cearenses e potiguares, e foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS), transformada em Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), em 1906, e em Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), em 1945. Em 1920, havia sido criada a Caixa Especial de Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis no Nordeste do Brasil, com 2% do orçamento da União. Em 1923, a Constituição Federal �xou em 4% do orçamento federal para o controle das secas. Em 1945, foi criada a Companhia Hidroelétrica do São Francisco, que funciona até hoje. A nova Constituição Federal, aprovada em 1946, estabeleceu vinculações orçamentárias especí�cas para o desenvolvimento das regiões Nordeste e Amazônica. Por essa razão, foi criada a Comissão de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), em 1948. Em 1951, seria instituído o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) (DINIZ, 2009, p. 234). O responsável pela idealização de um plano que pudesse integrar o Nordeste ao território brasileiro de forma efetiva e não só em nível local, como havia sido feito até então, foi Celso Furtado. Saiba mais Quem foi Celso Furtado? //www.sudene.gov.br/quem-foi-celso-furtado A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) foi originalmente criada, pela Lei 3.692 de 1959, durante o governo Juscelino Kubitschek, como expressão das políticas desenvolvimentistas adotadas naquele momento, cujo objetivo era produzir formas concretas de diminuição das desigualdades entre as regiões geoeconômicas brasileiras, sobretudo o Nordeste. A criação da Sudene foi fruto de uma visão que Furtado passou a desenvolver nos estudos citados acima, onde ele negava que os problemas do Nordeste eram originários da seca, assim como de que o subdesenvolvimento era uma etapa para o desenvolvimento, como estava amplamente aceito pela literatura internacional. De acordo com Celso Furtado, o subdesenvolvimento “é o resultado de uma formação histórico-estrutural particular e que ele só pode ser superado por transformações estruturais” (DINIZ, 2009, p. 237). Celso Furtado, 1979. Foto de Fernando Rabelo. (Fonte: Biblioteca Celso Furtado). Com base nessa ideia, a Sudene passou a representar o propósito de desenvolvimento da economia regional, por meio de uma série de investimentos levados para o Nordeste. No entanto, pelo seu caráter concentrador, acabou não tendo o êxito esperado, pois os investimentos que chegavam tinham como centro as capitais dos três principais estados nordestinos (Bahia, Pernambuco e Ceará), e não a região como um todo. Além disso, há uma tendência histórico-cultural de que as políticas desenvolvidas no Brasil estejam de acordo com o interesse das elites locais, e no Nordeste isso não é diferente. Dessa forma, qualquer iniciativa que vise quebrar esse domínio sofre resistência, como é o caso da Sudene. De acordo com Diniz (2009, p. 240), “desde sua criação, a Sudene enfrentou fortes reações político-ideológicas de parcela signi�cativa das elites empresariais, políticas e intelectuais do Nordeste, no que se refere às suas linhas de orientação e proposições”. Sendo que nunca alcançou de fato os resultados esperados. javascript:void(0); Clique nos botões para ver as informações. Durante o golpe militar de 1964, muitos órgãos que estavam em vigência acabaram perdendo a força, por serem incorporados a outros. No caso da Sudene, houve uma destruição de sua autonomia quando passou a fazer parte do Ministério do Interior, sendo que tanto seus recursos quanto seus objetivos foram deturpados e enfraquecidos naquela época. Essa superintendência foi fechada em 2001, em razão de denúncias de favorecimento de determinados grupos. Durante o golpe militar de 1964 Na década de 1990, o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), retratado na �gura ao lado, também desenvolveu programas de desconcentração industrial que visavam o desenvolvimento de outras regiões que não apenas o Centro-Sul. As políticas de investimentos em infraestruturas, redução e isenção de impostos, com o intuito de atrair capital industrial, deu certo até certo ponto, pois a atração promovida se deu pela instalação de indústrias altamente automatizadas. A exigência por mão de obra especializada acaba não gerando os empregos necessários, uma vez que não se utilizam da mão de obra local. Dessa forma, as bene�ciadas na prática foram as transnacionais e multinacionais, e não a região em si. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso Presidente Fernando Henrique Cardoso. (Fonte: Wikipedia). Durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, retratado na �gura ao lado, houve a recriação de políticas de desenvolvimento regional, tanto que aconteceu a recriação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). As superintendências “continuaram desprovidas de instrumentos efetivos de ação, tanto de recursos humanos e materiais quanto da legitimidade institucional para coordenar e implementar planos regionais de desenvolvimento”. Embora tenha sido uma política bem estruturada e formulada com proposições consistentes, não pôde se estabelecer durante o referido governo, por conta de “características estruturais do Estado brasileiro”. Isso quer dizer predominância de um congresso conservador, que só vota em favor dos próprios interesses, em sua maioria (COÊLHO, 2016) Durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Fonte: Wikipedia). 3. Industrialização do Nordeste (Fonte: felipequeiroz / Shutterstock). Nos últimos anos, a Região Nordeste vem apresentando um mediano processo de industrialização, sobretudo com o processo de desconcentração industrial do Sudeste. Segundo Pacheco (2020), nesse processo, as grandes unidades fabris estão se transferindo das grandes cidades e regiões metropolitanas para pequenas e médias cidades do interior, atraídas pela oferta de generosos incentivos �scais, de mão de obra mais barata, melhor infraestrutura de transporte etc. As condições socioespaciais das grandes metrópoles não têm dado conta da concentração de atividades e habitantes, o que se con�gura em problemas graves, como engarrafamento, aumento do preço das mercadorias, poluição de todas as formas, desmatamento, aumento da violência e encarecimento da mão de obra e de impostos. As empresas têm buscado condições produtivas mais lucrativas, e nos grandes centros, onde a ação dos sindicatos trabalhistas é bem atuante, o preço da mão de obra tem sido mais valorizado, o que não interessa àqueles que desejam rápida lucratividade. Você já ouviu falar em guerra �scal? Estados e municípios declaram uma verdadeira “guerra �scal” para atrair novas empresas. Podemos citar como exemplo de incentivo �scal a redução ou isenção de impostos, anistia de multas, o alongamento de prazos para pagamento de tributos, fornecimento de terrenos etc. (PACHECO, 2020). O resultado de todo esse processo é a redução de fábricas e postos de trabalhos em áreas industriais tradicionais e o crescimento de novos distritos industriais em cidades, até então, sem vocação no setor. Os exemplos são inúmeros, como é o caso da Ford, Mitsubishi, Hyundai e Volkswagen, que transferiram seus maiores investimentos de São Paulo para o Nordeste. O polo automotivo Fiat Chrysler Automobiles, em Goiana (Pernambuco) gerou inúmeros empregos diretos, quando foi instalado, e novos investimentos já foram anunciados. Saiba mais Fonte: CNI Leia a matéria: Investimento de R$ 7,5 bilhões no polo automotivo da Jeep em Goiana https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/economia/2019/05/investimento-de-r-7-5-bilhoes-no-polo-automotivo-da-jeep.html Mais duas fabricantes de veículos tentam obter incentivos �scais para se instalar no Nordeste. Depois da Fiat – que garantiu benefícios para a unidade que construirá em Pernambuco, orçada em 3 bilhões de reais –, os grupos SHC, do empresário Sérgio Habib, e Caoa, de Carlos Alberto de Oliveira Andrade, inscreveram projetos na região. Ambos são brasileiros e representam no país a montadora chinesa JAC e a coreana Hyundai, respectivamente. O Nordeste também �cará com um novo programa de investimentos da Ford para a produção de modelos inéditos e ampliação da fábrica na Bahia (REVISTA VEJA, 2011). Além da migração de indústrias, é bom destacar que as muitas empresas aproveitam a região em por causa da proximidade com matérias-primas fundamentais para o processo produtivo, como algodão, frutas, cacau, cana-de- açúcar, tabaco, sobretudo o segmento alimentício, de bebidas e de roupas e calçados. Muitas indústrias aproveitam a mão de obra barata, pois não necessitam de grande quali�cação pro�ssional para a produção de mercadorias que não exigem aparatos tecnológicos, como a fabricação de roupas e calçados. Plantação de algodão em Correntina – Bahia. (Fonte: lourencolf / Shutterstock). Os estados da Bahia, de Pernambuco e do Ceará destacam-se na produção industrial da região. Porém, os que mais possuem participação industrial em seu PIB são Bahia, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Norte, conforme mostra o quadro a seguir, obtido com CNI (2020). Estados nordestinos PIB industrial (R$ milhões) Participação da indústria no PIB do estado (%) Bahia 52.984,30 22,40 Pernambuco 32.583,10 20,90 Ceará 22.194,50 17,10 Maranhão 13.473,70 17,00 Rio Grande do Norte 10.689,10 18,60 Paraíba 8.432,40 15,10 Sergipe 6.964,10 19,10 Alagoas 6.018,20 12,60 Piauí 4.916,70 12,10 javascript:void(0); Nesse cenário, destaca-se o Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, que conta com mais de 90 empresas químicas e petroquímicas instaladas. O Polo nasceu essencialmente petroquímico, mas cresceu e se diversi�cou ao longo do tempo, transformando-se no maior Complexo Industrial Integrado do Hemisfério Sul. Hoje, abriga mais de 90 empresas, não só nas áreas química e petroquímica, mas também de diversos outros segmentos produtivos, como automóveis, pneus, fertilizantes, metalurgia do cobre, têxtil, celulose, fármacos, bebidas, serviços e energia eólica (P40A, 2020). De forma geral, a Bahia tem recebido fortes investimentos industriais, e os setores industriais com maior representatividade estão presentes no grá�co a seguir. Principais setores industriais na Bahia – Participação percentual do setor no PIB industrial – 2017 Fonte: CNI Em Pernambuco, o Complexo Industrial Portuário de Suape, retratado na �gura a seguir, �ca localizado na cidade de Ipojuca, a 40km ao sul da cidade do Recife, e é um dos principais polos de investimentos do país. O polo abriga mais de 120 empresas, dentre elas a Re�naria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, a Petrobras Distribuidora S/A, a Shell do Brasil S/A, a Arcor do Brasil Ltda, a Bunge Alimento etc. Instalado na BR-101, entre Recife e João Pessoa, o Polo Automotivo da Jeep �ca localizado no município de Goiana (PE) e emprega atualmente mais de 13 mil pessoas. O complexo reúne a fábrica do Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles), que opera em 3 turnos e produz 1000 veículos por dia, além de 16 empresas que fornecem peças para a produção da picape Fiat Toro e dos SUVs Jeep Renegade e Compass. A instalação do polo, em abril de 2015, aqueceu a indústria de Pernambuco, um dos poucos Estados em que o setor registrou expansão na participação da geração de riquezas entre 2006 e 2016 (CNI, 2019). Complexo Industrial Portuário de Suape (Fonte: Wikipedia) Pernambuco tem recebido fortes investimentos industriais, e os setores industriais com maior representatividade estão presentes no grá�co a seguir. Juntos, eles respondem por quase 68% do PIB industrial do estado. Principais setores industriais em Pernambuco – Participação percentual do setor no PIB industrial – 2017 Fonte: CNI Ao redor do Recife, na Região Metropolitana, estão instaladas indústrias mecânicas, de papel, de produtos alimentícios, de cimento, têxtil, de material elétrico, entre outras. Por sua vez, Ceará destaca-se na produção industrial de máquinas, materiais elétricos, tecidos, calçados e bolsas, alimentos e álcool, conforme mostra o grá�co a seguir. Essas atividades respondem a quase 76% do PIB industrial do estado. Principais setores industriais no Ceará – Participação percentual do setor no PIB industrial – 2017 Fonte: CNI Fortaleza constitui um centro industrial nos setores têxtil, alimentar, de calçados e de confecção de roupas. No Ceará, existe o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) – retratado na �gura seguir –, um exemplo de como o desenvolvimento de novos polos produtivos pode atrair capital estrangeiro. Porto no Ceará (Fonte: ceara.gov) No �nal de 2018, a Ceará Portos, empresa que administrava as operações portuárias, passou a ter o Porto de Roterdã como sócio. Da união, nasceu o CIPP, uma joint venture com 70% de capital do governo do Ceará e 30% de capital do parceiro holandês. O CIPP engloba o terminal portuário, o complexo industrial focado no mercado interno e a 1ª Zona de Processamento de Exportações (ZPE) a operar no país – uma zona de livre comércio que oferece benefícios �scais e liberdade cambial para as empresas ali instaladas, que devem destinar pelo menos 80% da produção para exportações (CNI, 2020). Apesar do incremento na produção industrial da região, esta necessita melhorar muito, pois a indústria ainda não se encontra diversi�cada. A distribuição das indústrias pelos estados da região se restringe a algumas áreas, fazendo com que cidades do interior permaneçam excluídas do desenvolvimento. A Rota do Vinho, no Vale do Rio São Francisco, com sete vinícolas instaladas nas cidades de Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande, todas em Pernambuco e Juazeiro, na Bahia, concentra um polo industrial e turístico, com toda a infraestrutura para os visitantes. Atividade 1.Enem 2012 Leia o texto a seguir. Em um engenho, sois imitadores de Cristo cruci�cado porque padeceis em um modo muito semelhante ao que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa, em um engenho, é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo, parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio. VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado). O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e: a) A atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros. b) A função dos mestres de açúcar durante a safra de cana. c) O sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios. d) O papel dos senhores na administração dos engenhos. e) O trabalho dos escravos na produção de açúcar. 2. De acordo com as políticas de desenvolvimento regional impulsionadas com maior força no governo JK, temos uma iniciativa que pretendia uma integração mais geral e menos localista para a região nordestina, encabeçada por Celso Furtado e reativada durante o governo Lula. Que iniciativa foi essa? a) SUDAM b) SUDENE c) CHESF d) DNOCS e) CODEVASF 3. Brasil Escola Observa-se, atualmente, certa mobilidade da atividade industrial no território brasileiro. Outrora muito concentradas em alguns poucos pontos, as indústriasvêm buscando novas áreas, antes pouco industrializadas, no território nacional a �m de obter vantagens que auxiliem na obtenção de lucros maiores. Esse processo é chamado de: a) Migração fabril. b) Desconcentração industrial. c) Redistribuição produtiva. d) Secundarização da economia. e) Expansão da fronteira industrial. Notas Referências ABLAS, Luís Augusto de Queiroz; PINTO, Rafael Fontana. Nordeste Brasileiro: crescimento e dinâmica espacial no período 1970- 2008. Revista Econômica do Nordeste, v. 40, n. 4, p. 821-832, 2009. COÊLHO, Vitarque Lucas Paes. A política regional do governo Lula (2003-2010). In: Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégias e perspectivas. Brasília: IPEA, 2016. 65-95 p. CNI – Confederação Nacional da Indústria. Polos industriais aceleram desenvolvimento no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Publicado em 02 dez 2019. Disponível em: https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/economia/polos-industriais- aceleram-desenvolvimento-no-norte-nordeste-e-centro-oeste/. Acesso em: 21 jan. 2020. CNI – Confederação Nacional da Indústria. Ranking dos Estados - 2017. Disponível em: //per�ldaindustria.portaldaindustria.com.br/ranking?cat=9&id=2253. Acesso em: 21 jan. 2020. DINIZ, Clélio Campolina. Celso Furtado e o desenvolvimento regional. Nova economia, v. 19, n. 2, p. 227-249, 2009. P40A – Polo Industrial de Camaçari. Abordagens Sobre Competitividade Marcam Celebração Dos 40 Anos Do Polo. Disponível em: https://www.polo40anos.com.br/#!. Acesso em: 21 jan. 2020. PACHECO, Allan Fábio Veríssimo. Plano de aula – A desconcentração industrial na maior metrópole brasileira. Disponível em: https://novaescola.org.br/plano-de-aula/5915/a-desconcentracao-industrial-na-maior-metropole-brasileira. Acesso em: 21 jan. 2020. REVISTA VEJA. Mais duas montadoras buscam incentivos no Nordeste. Publicada em: 20 jan. 2011. Disponível em: https://veja.abril.com.br/economia/mais-duas-montadoras-buscam-incentivos-no-nordeste/. Acesso em: 21 jan. 2020. Próxima aula javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Centro-Sul e o dinamismo econômico. Explore mais Assista ao vídeo: Codevasf Leia os textos: Nordeste é conhecido hoje pelo seu dinamismo econômico, diz Mantega javascript:void(0); javascript:void(0);