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A população negra teve que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social, e frequentemente procurou fazê-lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte, sobretudo o futebol, música, sobretudo o samba, e dança, sobretudo o carnaval, foram os principais canais de ascensão social dos negros até recentemente. A libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aos privilégios e arrogâncias de poucos correspondem o desfavorecimento e a humilhação de muitos. CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado). Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma democracia racial, o autor demonstra que: Esse mito camuflou formas de exclusão em relação aos afrodescendentes. Essa ideologia equipara a nação a outros países modernos. Esse modelo de democracia foi possibilitado pela miscigenação. Essa dinâmica política depende da participação ativa de todas as etnias. Essa peculiaridade nacional garantiu mobilidade social aos negros. De maneira geral, "a cultura escolar continua fortemente marcada pela lógica da homogeneização e da uniformização das estratégias pedagógicas" (CANDAU, 2011). Isso significa que, embora ocorra a presença cada vez maior de estudantes oriundos de grupos socioculturais, os mais diversos no cotidiano escolar, a perspectiva intercultural na educação ainda tem um longo caminho para se consolidar nas práticas cotidianas das escolas. (CANDAU, V. M. F. Diferenças culturais, cotidiano escolar e práticas pedagógicas. Currículo sem Fronteiras, v.11, n.2, pp.240-255, Julho/Dezembro 2011) Para incrementar a perspectiva decolonial, a escola deve: Combater toda forma de preconceito e discriminação no contexto escolar. Reconhecer e valorizar os princípios norteadores de sua ação educativa. Aplicar com eficácia e combatividade as normas disciplinares, reforçando o comportamento ético dos estudantes. Favorecer a construção de identidades culturais, de acordo com as diretrizes gerais da escola. Fomentar os princípios neoliberais como solução para o processo educativo. O conceito de minoria possui uma característica recorrente oriunda do senso comum: grupo menor. Quando, no entanto, debatemos minoria à luz das perspectivas das ciências humanas, como a Sociologia e a Educação, essa leitura torna-se muito mais complexa. A importância para a Educação do estudo sobre as minorias pode ser percebida em seu papel de: Reforçar as diversidades e ampliar o papel das mobilizações coletivas. Manter um padrão em nossa sociedade. Construir práticas educativas unilaterais. Fomentar os movimentos sociais das minorias. Estudamos a necessidade de fugir das generalizações sobre as minorias e respeitar as manifestações subjetivas. Leia as opções abaixo e escolha aquela que não reforça essa generalização: Compreender as peculiaridades dos sujeitos. Pautar o planejamento apenas numa realidade cultura. Ignorar as ações cotidianas. Seguir um roteiro de ações único para todas as comunidades. Silenciamentos. Esse conceito nem parece um conceito. Mas todos nós já ouvimos que “religião não se discute”; essa é a construção do senso comum sobre o debate religioso em qualquer lugar, inclusive na escola. No entanto, a ação na escola precisa ser diferente. O papel de romper com o silenciamento na escola precisa ser feito uma vez que: É preciso dialogar sobre fé cotidianamente, realizando as mediações necessárias para a superação do preconceito. A escola é a responsável pela educação, logo, deve abordar todos os aspectos da vida cotidiana, inclusive a religião. Na tradição histórica brasileira, pautada em uma sociedade em que o preconceito é velado, a religião faz parte dos currículos escolares e precisa ser explicada como conteúdo aos alunos. As crises religiosas, marcadas por atentados fundamentalistas, precisam ser apresentadas de forma a promover a tolerância religiosa e o respeito mútuo. Considerando a legislação vigente no Brasil durante o Período Colonial, é correto afirmar: Não havia impedimento legal para escravos serem alfabetizados, mas a alfabetização era extremamente restrita devido às suas condições de vida. Por decreto de Dom João III, escravos eram legalmente proibidos de serem alfabetizados. Os jesuítas dedicavam-se à instrução de indígenas e escravos de origem africana em colégios criados para ambos os grupos. Havia permissão para a alfabetização de escravos, desde que as aulas fossem ministradas pelos professores régios. Nossas leituras e conversas sobre periferia atentaram para a diversidade do conceito. Assinale a única opção que consegue afirmar a complexidade do conceito de periferia. A leitura do conceito deve ser plural e centrada nas subjetividades. Todas as comunidades periféricas são iguais. É necessário criar uma definição nacional para o conceito. A ideia de totalidade é uma resposta para a leitura do conceito. As periferias estão associadas diretamente às mobilizações sociais coletivas, e as escolas de nosso país precisam inserir esses movimentos no currículo escolar. Apresentamos algumas situações do cotidiano escolar que reforçam a afirmação apresentada acima. Assinale a alternativa que contenha uma prática que não corresponde a ela: As periferias devem receber uma política pública padronizada e as escolas não precisam incluir as memórias locais em suas ações. A comunidade escolar deve fazer parte das constituições das práticas educativas. As ações locais são cotidianas e oferecem ao educando um acolhimento no tocante às suas subjetividades. As periferias possuem diversas mobilizações e sua complexidade não pode ser ignorada. Nossas leituras e conversas sobre periferia atentaram para a diversidade do conceito. Assinale a única opção que consegue afirmar a complexidade do conceito de periferia. A leitura do conceito deve ser plural e centrada nas subjetividades. Todas as comunidades periféricas são iguais. É necessário criar uma definição nacional para o conceito. A ideia de totalidade é uma resposta para a leitura do conceito. Conforme estudado, a Constituição de 1824 determinava que a instrução primária era gratuita para todos os cidadãos. Foi no século XIX que surgiram as primeiras leis visando organizar a educação do país recém-independente. Sobre isso, podemos afirmar que: O modelo de país que se constituiu a partir da Independência estimulava a discriminação, reservando à população negra a aprendizagem de serviços manuais, negando aos escravos e libertos o ingresso em escolas, como aponta, entre outras, a proposta de reforma educacional de Leôncio Carvalho (1879). O Ato Adicional à Constituição determinava que as Províncias seriam as responsáveis pela organização da educação. Isso fez com que em muitos lugares negros libertos passassem a frequentar as escolas, ainda que em classes separadas das dos brancos. Durante as discussões para a criação da Lei do Ventre Livre, Tavares Bastos, forte crítico da escravidão, conseguiu que fosse aprovada a sua proposta de acesso dos libertos à escolarização, aumentando de forma exponencial o número de alfabetizados no Brasil. omente com a implantação da República a situação da população negra mudou. Ainda em seu início, em 1911, a Reforma Rivadávia Correia ampliou o acesso da maior parcela da população, negros e pobres, à educação formal. Conforme visto, o Movimento Negro foi o grande articulador das propostas educacionais que visavam combater as desigualdades raciais a partir da inclusão de temas como preconceito racial, racismo ou conteúdos de História da África e dos afrodescendentes dentro da escola e, ao mesmo tempo, possibilitar o acesso dos negros à educação formal, especialmente o Ensino Superior, de maneira que as desigualdades econômicas e sociais entre brancos e negros também pudessem ser combatidas. Nesse sentido, sobre o Movimento Negro, marque a alternativa que não corresponde ao seu histórico: Tratava-se de um grupo com perfil heterogêneo que se organizouem um período relativamente recente, a partir da Marcha Zumbi contra o Racismo, na década de 1980, atuando na defesa da população negra e da inserção de suas reivindicações na Constituição de 1988. Possui raízes históricas que remontam ao período do Brasil Colonial, em associações de trabalhadores e irmandades religiosas que, além de promover cultos religiosos e atividades de lazer, atuavam em questões concretas, como no amparo à saúde dos seus membros e na luta pelo acesso à educação pública. Foi perseguido e teve atividades suspensas durante o período da ditadura Vargas e da Ditadura Militar a partir de 1964, só conseguindo se reorganizar em finais dos anos 1970. Teve participação atuante na elaboração da Constituição de 1988 e foi um dos principais articuladores para a implantação da lei 10.639/03 e do Estatuto da Igualdade Racial. Muitas vezes ouvimos expressões como, “Raça não existe” ou “Só existe a raça humana”. No senso comum, a discriminação racial é interpretada mais como uma discriminação de classe do que de cor. A partir dos estudos realizados neste módulo, marque a alternativa correta: Na escola, é recorrente o uso de que os chamamentos racistas não são realmente importantes. Alunos argumentam que são amigos e que aquilo é uma forma de brincadeira. O humor para hostilizar as pessoas devido à cor da pele, tipo de cabelo, condição econômica etc., é visto como um ato desimportante, mas deve ser entendido como uma forma de violência e receber a intervenção da escola. A escola tende a ter menos conflitos claros, uma vez que os alunos pertencem a uma mesma classe social, assim, formas como: cabo-verde, sarará, mulato, pretinho, mostram uma naturalização da relação de pares. A escola brasileira convivia com uma realidade de comunidade imaginada, como se, apesar de estar no Brasil, não se metia com as relações do Brasil. Tudo mudou com o estabelecimento da lei 10.639/03: houve uma ampla mudança nos materiais didáticos e nas práticas dos professores em sala de aula, impedindo que casos de racismo ocorram na escola e aumentando a permanência dos alunos negros. Os dados levantados em pesquisa pelo IBGE mostram a eficácia das diversas políticas afirmativas no Brasil, como a Lei de Cotas, por exemplo. Atualmente, a população negra (negros e pardos) corresponde à maioria dos matriculados nas universidades, o que tem levado à equiparação do salário desse grupo com o dos brancos, vencendo o problema histórico de nossa desigualdade social. Os estudos mais recentes, como visto neste módulo, têm mostrado que não é possível entender as desigualdades no Brasil sem considerar as questões raciais e de gênero que se intercruzam. O contexto educacional, portanto, também não pode excluir essa conjuntura de suas análises. Nesse sentido, de acordo com o que foi estudado, marque a alternativa mais adequada. Estudos históricos demonstram que as crianças, ao perceberem nos brinquedos, nas lojas e nos meios de comunicação que o belo é o que eles não são, acabam crescendo com um olhar que nega a si, seja o seu cabelo, sejam os seus traços. Meninas e meninos negros enfrentam os mesmos problemas de desigualdade racial e os mesmos obstáculos no processo de escolarização e no mercado de trabalho. A política de filtragem racial é uma prática análoga para brancos e negros no processo de seleção para as vagas de trabalho, considerando a aparência física de cada um. Nas escolas, a partir da lei 10639/03, os estudos sobre a escravidão negra no Brasil passaram a ser vistos por crianças e adolescentes negros como referência para suas vidas. No Brasil, a educação indígena tem uma trajetória histórica própria que pode e deve ser pensada de modo independente das demais modalidades de ensino. Essa especificidade coincide com o percurso das relações de contato interétnico entre os povos indígenas e não indígenas, desde o processo de colonização até os dias atuais. Sobre essa trajetória, assinale a única alternativa incorreta: A trajetória histórica da educação indígena no Brasil costuma ser dividida em quatro diferentes fases, sendo a primeira e mais extensa correspondente apenas ao período de domínio colonial e, consequentemente, à dinâmica assimilacionista. Já as fases posteriores coincidem com o contexto histórico pós-independência. Dividida em quatro diferentes fases históricas, a trajetória da educação indígena no Brasil evidencia o predomínio da experiência assimilacionista herdada do projeto colonial, apontando para uma recente transformação em direção à autonomia, fruto do protagonismo indígena em defesa da construção e autogestão da educação escolar indígena formal. A terceira fase da história da educação indígena aponta para o sucesso das relações, alianças e parcerias entre os povos indígenas e não indígenas no enfrentamento de uma política indigenista desfavorável aos povos originários. A quarta fase da trajetória histórica da educação indígena pode ser pensada como uma experiência de ruptura com o projeto assimilacionista, tendo em vista as reivindicações dos povos indígenas por protagonismo nos processos de elaboração e autogestão da educação escolar indígena formal.