Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA JUCIARA NAYARA DA SILVA MELO NATANNY KELLY DO NASCIMENTO SILVA RELATÓRIO 9: TEMPERATURA E SOLUBILIDADE Natal/RN 2022 1. INTRODUÇÃO A solubilidade, por definição, é a concentração de um soluto dissolvido em um solvente em equilíbrio com o soluto não dissolvido a temperatura e pressão especificadas, ou seja, é a medida da quantidade máxima de soluto que pode ser dissolvida em um determinado solvente. A capacidade de dissolução de um sal em água é fortemente influenciada pela entalpia de dissolução (ΔH) , que representa o calor envolvido na dissolução de uma substância e m um dado solvente à pressão constante, e pode ser determinada pelo balanço energético das etapas teórica as envolvidas na formação da solução. Embora a capacidade de dissolução de um sal seja fortemente afetada pela entalpia de dissolução, somente este parâmetro não define a sua solubilidade. Para muitos sais, a contribuição do fator antrópico no processo de dissolução é comparável à entalpia d e solvatação. Sais formados por associação do íon nitrato com cátions monovalentes pequenos apresentam energias de rede baixas. É incomum a formação de sais inorgânicos com cátions muito maiores que o íon nitrato. Quando o sal é formado por combinação com cátions monovalentes que possuem raios mais próximos aos raios do NO3- espera-se um aumento na energia de rede, favorecido pelo fator geométrico. Cátions com raios muito grandes e cargas pequenas terão baixa entalpia de hidratação, porém alta entropia (ΔS). A variação da energia livre (ΔG) na dissolução de nitratos geralmente é negativa, determinando a espontaneidade do processo. No entanto, podem-se perceber alguns valores ΔsolG positivos. Os processos de dissolução destes sais são endotérmicos, o que significa dizer que as reações de precipitação são exotérmicas, porém a precipitação é entropicamente desfavorável. Considerando que os íons devem abandonar um meio onde a entropia é elevada para se agregarem e retornarem à forma cristalina, a energia livre de precipitação envolvida é muito pequena quando confrontados os dois termos (ΔpptH e –TΔpptS, processo inverso a dissolução), o que permite um certo grau de solubilidade a estes sais. Quando um sólido é posto em contato com um líquido, no qual é solúvel, dá-se a passagem contínua de moléculas da fase sólida para a solução até que a concentração do soluto nesta atinja um valor definido, independente da quantidade de sólido em excesso. Nessa situação se estabelece um estado de equilíbrio entre a solução saturada e a fase sólida presente. O equilíbrio se caracteriza por ser um equilíbrio dinâmico pois a velocidade com que as moléculas de soluto na solução passam para a fase sólida é igual à velocidade com que as moléculas de soluto passam da fase sólida para a solução. A temperatura age sobre o sistema, aumentando ou diminuindo a solubilidade, influenciando diretamente na constante de equilíbrio. A influência da temperatura sobre a constante de equilíbrio é dada pela equação de van’t Hoff. 𝑑 𝑙𝑛𝐾 𝑑𝑇 = ∆𝐻 𝑅𝑇2 onde K é a constante de equilíbrio, T a temperatura em Kelvin e ∆H é o calor envolvido no processo de dissolução. A equação de van’t Hoff pode ser integrada em função da temperatura, considerando que ∆H permanece constante em intervalos pequenos de temperatura. A equação de van’t Hoff pode ser aplicada à solubilidade considerando que no ponto de saturação se estabelece um equilíbrio dinâmico cuja constante é a concentração do soluto na solução a uma dada temperatura. A equação fica então: 𝑑 𝑙𝑛𝑆 𝑑𝑇 = ∆ 𝑠 𝐻 𝑅𝑇2 + C𝑙𝑛𝑆 =− ∆ 𝑠 𝐻 𝑅𝑇 onde S representa a solubilidade em diferentes temperaturas, dada em massa de soluto em 100 g de solvente. O efeito térmico ∆SH é o calor de solução referente a 1 mol de soluto dissolvido numa solução saturada. No presente trabalho, a reação será: 𝐾𝑁𝑂 3 (𝑠) + 𝐻 2 𝑂 (𝑙) → 𝐾 (𝑎𝑞) + + 𝑁𝑂 3 (𝑎𝑞) − O nitrato de potássio é um sal bastante solúvel em água, sua solubilidade a 25°C é de aproximadamente 40g do sal/100g de água, outro fator bastante importante é a temperatura. O efeito da temperatura sobre a solubilidade depende do efeito térmico que acompanha a dissolução do precipitado. Se o processo de dissolução for endotérmico, um aumento na temperatura aumenta a solubilidade do precipitado. Se o processo de dissolução for exotérmico, um aumento na temperatura diminui a solubilidade do precipitado. Como a dissolução da maioria dos precipitados é endotérmica, eles são solúveis em água quente em maior proporção do que em água fria. O efeito pode ser muito acentuado para alguns precipitados e pouco acentuado para outros. Este fator altera o valor numérico do Kps. 2. OBJETIVOS Estudar a variação do coeficiente de solubilidade de uma substância em função da temperatura e calcular o calor envolvido no processo. 3. METODOLOGIA 3.1 Materiais: Equipamentos e Reagentes - KNO3 - H2O destilada - Pipetas graduadas de 10 mL - Banho termostatizado - Bico de bunsen - Termômetro - Béquers de 100 mL - Tripé e tela de amianto - Bastão de vidro 3.2 Procedimento Experimental 3.2.1 Parte A - Procedimento geral - Enumerar béqueres de 1 a 5 e pesá-los;- - Em um béquer adicional, pesar 70 g de KNO3 e adicionar 60 mL de água destilada; - Agitar a mistura KNO3 + H2O em temperatura ambiente (anote a temperatura) durante 10 minutos com o bastão de vidro; - Decantar o excesso de KNO3, pipetar 5 mL de solução sobrenadante e colocar no béquer número 1. Medir a temperatura da solução neste béquer; - Pesar o béquer número 1 com a solução e anotar a massa; - Colocar o béquer número 1 numa chapa de aquecimento, já ligada, para evaporar a água e obter um resíduo seco de KNO3. Anote a massa do béquer mais o resíduo seco. 3.2.2 Parte B - Solubilidade em diferentes temperaturas - Adicione 50 mL de água a um béquer de 250 mL e coloque-o sobre uma segunda chapa aquecedora; - Insira neste béquer aquele com a solução KNO3 + H2O; - À medida que a temperatura da solução de KNOKNO a subir, alíquotas de 5 mL do sobrenadante deverão ser retiradas nas temperaturas de 25, 35, 45 e 55 ºC e colocadas nos béqueres acima numerados; - Proceda com as duas últimas etapas do procedimento geral para cada béquer. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com os dados obtidos neste experimento foi possível calcular a solubilidade do KNO3 em diferentes temperaturas. Para a solução estoque foram pesados 62,025g KNO3 e diluídos em 53mL de água destilada, a solução estava a uma temperatura de 19°C. Para o estudo da solubilidade deste sal foram utilizadas 5 amostras de 5mL nas temperaturas conforme mostradas na tabela abaixo: Tabela 1 - Volumes e temperaturas utilizados no experimento. Amostras Volume de KNO3 (L) Temperatura em (°C) Temperatura (K) 1 0,005 23 296,15 2 0,005 25 298,15 3 0,005 35 308,15 4 0,005 45 318,15 5 0,005 55 328,15 Com os dados da Tabela 1 é possível calcular o inverso da temperatura de cada amostra: 𝑇−1 = 1𝑇,𝐾 𝑇 1 = 1296,15 = 3, 3767 × 10 −3𝐾−1 𝑇 2 = 1298,15 = 3, 3540 × 10 −3𝐾−1 𝑇 3 = 1308,15 = 3, 2452 × 10 −3𝐾−1 𝑇 4 = 1318,15 = 3, 1432 × 10 −3𝐾−1 𝑇 5 = 1328,15 = 3, 0474 × 10 −3𝐾−1 Tabela 2 - Massas obtidas experimentalmente. Massa do Béquer (g) Massa do Béquer + Solução (g) Massa do Béquer + Resíduo Seco (g) Massa de Solução KNO3 (g) Massa do Sal KNO3 (g) 99,583 105,530 102,039 5,947 2,456 100,028 105,638 102,176 5,610 2,148 100,194 105,789 101,654 5,595 1,460 97,521 103,164 98,796 5,643 1,275 100,509 106,139 101,593 5,630 1,084 A molaridade das amostras podem ser calculadas a partir das massas de sal expressas na Tabela 2, de acordo com a seguinte expressão: 𝑀 = 𝑀𝑀𝑀*𝑉 𝑀 1 = 2,456 101,1032* 5,947*10−3 = 4, 084 𝑚𝑜𝑙/𝐿 𝑀 2 = 2,148 101,1032* 5,610*10−3 = 3, 787 𝑚𝑜𝑙/𝐿 𝑀 3 = 1,460 101,1032* 5,595*10−3 = 2, 581 𝑚𝑜𝑙/𝐿 𝑀4 = 1,275 101,1032* 5,643*10−3 = 2, 235 𝑚𝑜𝑙/𝐿 𝑀 5 = 1,084 101,1032* 5,630*10−3 = 1, 904 𝑚𝑜𝑙/𝐿 A partir da molaridade obtida para cada massa do sal, é possível então calcular a constante de equilíbrio. 𝐾𝑁𝑂 3 (𝑠) + 𝐻 2 𝑂 (𝑙) → 𝐾 (𝑎𝑞) + + 𝑁𝑂 3 (𝑎𝑞) − 𝐾 = [𝐾+][𝑁𝑂 3 −] = 𝑋 ∗ 𝑋 = 𝑋2 Então, a constante de equilíbrio poderá ser calculada pelo quadrado da molaridade. 𝐾 1 = 𝑀 1( ) 2 → 𝐾1 = 4, 084 𝑚𝑜𝑙/𝐿( ) 2 = 16, 678 𝐾 2 = 𝑀 2( ) 2 → 𝐾2 = 3, 787 𝑚𝑜𝑙/𝐿( ) 2 = 14, 341 𝐾 3 = 𝑀 3( ) 2 → 𝐾3 = 2, 581 𝑚𝑜𝑙/𝐿( ) 2 = 6, 661 𝐾 4 = 𝑀 4( ) 2 → 𝐾4 = 2, 235 𝑚𝑜𝑙/𝐿( ) 2 = 4, 995 𝐾 5 = 𝑀 5( ) 2 → 𝐾5 = 1, 904 𝑚𝑜𝑙/𝐿( ) 2 = 3, 625 Logo, é possível calcular o lnK: 𝑙𝑛𝐾 1 = 2, 814 𝑙𝑛𝐾 2 = 1, 331 𝑙𝑛𝐾 3 = 1, 896 𝑙𝑛𝐾 4 = 1, 608 𝑙𝑛𝐾 5 = 1, 288 Considerando os dados calculados, foi possível elaborar o gráfico do logaritmo da constante de equilíbrio pelo inverso da temperatura, e seu comportamento pode ser observado na figura abaixo. Esperava-se uma linearidade dos pontos, no entanto os pontos calculados se encontram fora da reta, o que pode ser explicado por alguns fatores como perda de material e erros ocasionados durante o processo de aquecimento das amostras. Figura 1- Gráfico da relação entre lnK x T-1 Para ser calculada a entalpia do processo, é necessário que se tenha o coeficiente angular e linear da equação de reta, atribuída a reta que passa pelos pontos que interceptam a relação gráfica entre o logaritmo da constante de equilíbrio (posicionado na ordenada) e o inverso da temperatura ( posicionado na abscissa) e utilizando a temperatura mostrada na Tabela 1. Então, temos para o ΔsH: ∆ 𝑠 𝐻 = − 𝑅𝑇(𝑙𝑛𝐾 − 𝑏) ∆ 𝑠 𝐻 1 = − (8, 314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(296, 15 𝐾)( 2, 814 − 0, 016) =− 6889, 2 𝐽/𝑚𝑜𝑙 ∆ 𝑠 𝐻 2 = − (8, 314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(298, 15 𝐾)( 1, 331 − 0, 016) =− 3259, 6 𝐽/𝑚𝑜𝑙 ∆ 𝑠 𝐻 3 = − (8, 314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(308, 15 𝐾)( 1, 896 − 0, 016) =− 4816, 4 𝐽/𝑚𝑜𝑙 ∆ 𝑠 𝐻 4 = − (8, 314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(318, 15 𝐾)( 1, 608 − 0, 016) =− 4210, 9 𝐽/𝑚𝑜𝑙 ∆ 𝑠 𝐻 5 = − (8, 314 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(328, 15 𝐾)( 1, 288 − 0, 016) =− 3470, 3 𝐽/𝑚𝑜𝑙 5. CONCLUSÃO Com o referido trabalho foi possível observar a variação da solubilidade do KNO3 de acordo com diferentes temperaturas. Para cada uma das 5 amostras foi calculado parâmetros que foram utilizados para elaborar o gráfico que relaciona o logaritmo da constante de equilíbrio pelo inverso da temperatura, o comportamento do gráfico obtido neste experimento não apresentou o aspecto linear esperado, o que pode ser justificado por erros no procedimento realizado. 6. REFERÊNCIAS ATKINS, P.W.; Físico-Química, 7ª Ed., RJ, Ed. LTC, 2004. BUENO, W. A.; DEGREVE, L. Manual de Laboratório de Físico-Química. São Paulo, Mc Graw Hill, 1980 NETZ, P. A. e GONZÁLEZ-ORTEGA, G. Fundamentos de Físico-Química. Porto Alegre: Artmed, 2002 CASTELLAN, G. N. Fundamentos de Físico-química, Rio de Janeiro : Livros técnicos e Científicos, 1996.
Compartilhar