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PRÁTICA II Determinação dos parâmetros de Arrhenius da reação de redução do persulfato de potássio pelo íon iodeto em meio aquoso INTRODUÇÃO A constante de velocidade de uma reação química depende de vários fatores como a temperatura, pressão, presença ou não de catalisador, etc. Para pequenos intervalos de temperaturas, a constante de velocidade de uma reação varia exponencialmente com a temperatura de acordo com a lei de Arrhenius. Matematicamente, a lei de Arrhenius é expressa pela constante de velocidade de uma reação química como: 𝒌 = 𝑨𝒆− 𝑬𝒂 𝑹𝑻 (equação 1) Na lei de Arrhenius, Ea é a energia de ativação da reação química (em unidades de energia por mol), R a constante dos gases ideais e A, o fator pré-exponencial, é uma constante independente da temperatura. A energia de ativação de uma reação química corresponde, em termos clássicos, ao conteúdo mínimo de energia que os reagentes devem possuir para que a reação química se inicie. Neste experimento será determinada, em diferentes temperaturas, a constante de velocidade da reação de redução do persulfato de potássio (S2O82-) pelo íon iodeto (I- ) em meio aquoso: S2O82- (aq) + 2 I-(aq)→2 SO42-(aq) + I2(aq) (reação 1) Esta reação possui cinética de segunda ordem e a equação de velocidade é dada abaixo: − 𝒅[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−] 𝒅𝒕 = 𝒌[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−][𝑰−] (equação 2) onde k é a constante de velocidade da reação. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIENCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Nome: Izabella Figueiredo Gagliardi Lamari Matrícula: 2015063603 Professor: João Paulo Ataide Martins Disciplina: Cinética Quimica Se a concentração dos íons iodeto for mantida constante então a cinética da reação passa a ser de pseudo-primeira ordem com relação ao íon persulfato. A equação de velocidade passa então a ser expressa por: − 𝒅[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−] 𝒅𝒕 = 𝒌′[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−], 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝒌′ = 𝒌[𝑰−] (equação 3) Escrevendo a equação acima na forma integrada temos ∫ − 𝒅[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−] 𝒅𝒕 = ∫ 𝒌′[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−]𝒅𝒕 ∴ 𝒍𝒏[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−] = −𝒌′𝒕 + [𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−] 𝟎 (equação 4) onde [S2O82-]0é a concentração inicial dos íons persulfato. Podemos reescrever a equação 4 na forma: 𝒌′ = 𝟏 𝒕 𝒍𝒏[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−] 𝟎 𝒍𝒏[𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−] (equação 5) Com a equação 5 é possível calcular a constante de velocidade do processo de pseudo-primeira ordem k’, medindo a concentração de íons persulfato, [S2O82-], em função do tempo de reação t. Para que a concentração de iodeto se mantenha constante, o mesmo é regenerado através da reação competitiva do iodo produzido na reação 1 com o íon tiossulfato: I2(aq) + 2S2O32- (aq)→ 2I-(aq)+S4O62-(aq) (reação 2) Como a reação 2 é muito mais rápida do que a reação 1, então o iodo (I2) somente será detectado após todo o tiossulfato ser consumido. Quando não houver mais íons tiossulfato no meio, então o iodo restante formará um complexo azul com o amido. Este é o momento da viragem no experimento, o tempo t, no qual todo o tiossulfato é consumido. É comum observar que após algum tempo a solução adquire a coloração verde pois além da complexação do iodo com o amido reação 3 também ocorre a formação do íon I3- reação 4 que é vermelho-alaranjado, resultando em uma coloração verde. I2 + amido → complexo azul (reação 3) I2 + I-→ I3- (vermelho-alaranjado (reação 4) A reação global então pode ser escrita somando-se a reação 1 e 2: S2O82- (aq) + 2S2O32- (aq) → 2SO42-(aq) + S4O62-(aq) (reação global) Observando a reação global vemos que, 1 mol de persulfato reage com 2 mols de tiosulfato. O número de mols iniciais de persulfato (n0 S2O82-) e tiosulfato (n0 S2O32-) podem ser calculados multiplicando-se as concentrações molares das suas soluções pelo volume de solução usado: 𝒏𝟎(𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−) = [𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−] ∗ 𝑽 (𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−) (equação 6) 𝒏𝟎(𝑺𝟐𝑶𝟑 𝟐−) = [𝑺𝟐𝑶𝟑 𝟐−] ∗ 𝑽 (𝑺𝟐𝑶𝟑 𝟐−) (equação 7) 𝒏(𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−) = 𝒏𝟎(𝑺𝟐𝑶𝟖 𝟐−) − − 𝒏𝟎(𝑺𝟐𝑶𝟑 𝟐−) 𝟐 (equação 8) A constante de velocidade k’ pode ser determinada em diferentes temperaturas através da medida do tempo necessário para que o tiosulfato adicionado seja consumido pelo iodo, de acordo com a equação 9: 𝑘′ = 1 𝑡 𝑙𝑛 { 𝑛0(𝑆2𝑂8 2−) 𝑛(𝑆2𝑂8 2−) } (equação 9) OBJETIVO Este experimento, portanto, consiste em determinar a energia de ativação e o fator frequência da reação. Além de determinar a fração de íons persulfato que reage no intervalo de tempo cronometrado. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ➢ Solução 0,5 mol.L-1 de iodeto de potássio; ➢ Solução 0,01 mol.L-1 de persulfato de potássio; ➢ Solução 0,01 mol.L-1 de tiosulfato de potássio ➢ Solução de amido ➢ 2 tubos de ensaio ou erlenmeyers de 100 mL; ➢ Béquer de 2,0 L ou recipiente que sirva como banho; ➢ Um cronômetro com precisão de décimos do segundo ➢ Duas provetas 25 mL ➢ 1 proveta de 10 mL ➢ Um termômetro com graduação de ±0,1oC ➢ Suporte com haste metálica e garras ➢ Gelo ➢ Chapa de agitador mecânico com aquecimento ➢ Barra de agitação magnética PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL A sequência de procedimentos práticos abaixo permite a realização de um experimento para medir o tempo necessário para que a reação em estudo ocorra em diferentes temperaturas: 1- Colocou-se em um tubo de ensaio 20 mL da solução de iodeto de potássio e 10 mL da solução de tiossulfato de sódio (Tubo 1). 2- Em outro tubo de ensaio colocou-se 20 mL da solução de persulfato de sódio e 4 gotas da solução de amido (Tubo 2). 3- Fixou-se cada tubo em uma garra no suporte metálico. 4- Preparou-se um banho de gelo e água à temperatura de aproximadamente 150C (verificou-se com o termômetro a temperatura do banho). Anotou-se a temperatura. 5- Posicionou-se o banho abaixo da montagem preparada no item 3. Certificou-se de que os dois tubos estão imersos no banho de gelo. Retirou-se os dois tubos das garras presas ao suporte e agitou-se dentro do banho e aguardou-se 2 minutos (para que atinjam o equilíbrio térmico com o banho). 6- Adicionou-se o conteúdo do Tubo 1 no Tubo 2 (mante-se o Tubo 2 dentro do banho), acionando-se imediatamente o cronômetro. Agitou-se o Tubo 2 no banho e anotou- se o tempo gasto para que a mistura fique azul. 7- Repetiu-se os procedimentos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 com banhos de água nas temperaturas de aproximadamente 20, 25, 30 e 350C. 8- Para realizar o experimento em temperaturas superiores à ambiente colocou-se o banho de água sobre a chapa de agitação magnética e colocou-se o agitador magnético dentro do banho. Ligou-se o aquecimento da chapa até que a temperatura do banho atinja o valor desejado. Verificou-se a temperatura do banho com um termômetro. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS EXPERIMENTAIS Utilizando as equações 6, 7 e 8, foram obtidos os respectivos valores: Tabela 1. Numero de mol de ions da reação. n0(S2O82-) n0(S2O32-) n(S2O82-) 2E-4 mol 1E-4 mol 1,5E-4 mol A partir disto, foram calculadosvalores de K’ e ln K’ através da equação 9, e foi construída a seguinte tabela: Tabela 2. Determinação da constante de velocidade T/(ºC) Tempo (s) 1/t (s) T/K 1/T/K-1 (10-3) K' ln K’ 10 477 2,10E-03 283 3,532 6,03E-04 -7,41 15 322 3,11E-03 288 3,47 8,93E-04 -7,02 20 219 4,57E-03 293 3,411 1,31E-03 -6,63 25 142 7,04E-03 298 3,354 2,03E-03 -6,20 30 110 9,09E-03 303 3,299 2,62E-03 -5,95 De posse dos valores, construiu-se o gráfico ln k’ x 1/T, conforme apresentado abaixo. A equação de Arrhenius (ln K = ln A – Ea/RT) pode ser descrita da forma: 𝑦 = 𝐵𝑥 + 𝐴 𝑙𝑛𝐾 = − 𝐸𝑎 𝑅𝑇 + 𝑙𝑛𝐴 y = -6,4519x + 15,378 R² = 0,9963 -8,00 -7,00 -6,00 -5,00 -4,00 -3,00 -2,00 -1,00 0,00 3,25 3,3 3,35 3,4 3,45 3,5 3,55 ln k ' T-1 / 10-3 K-1 Através do gráfico, e pelo ajuste, vemos que ele se comporta linearmente. Através da linearização obtemos os valores de A e B, sendo eles 15,378 e -6,4591 respectivamente. Temos então que ln A = 15,378 e -Ea/R = -6,4591x103. Logo a Ea = 8,314 x 6,4591 x 103 = 53,70 kJ/mol. e ln A= 15,378 A = e 15,378 = 4,77x106 s-1 Ea = energia de ativação por mol = 53,70 KJ/mol A = fator de frequência = 4,77 x 106 s-1 Para determinar a fração de íons persulfato que reage no intervalo de tempo cronometrado usamos a seguinte reação: S2O82- (aq) + 2S2O32- (aq) → 2SO42-(aq) + S4O62-(aq) Sabendo que 1 mol de persulfato reage com 2 mol de tiossulfato, e usando os valores obtidos na tabela 1, podemos calcular: 𝐧𝟎(𝐒𝟐𝐎𝟖𝟐−) 𝒏( 𝐒𝟐𝐎𝟖𝟐− ) = 𝒏𝟎( 𝐒𝟐𝐎𝟖𝟐−) 𝑛0( 𝐒𝟐𝐎𝟖𝟐 − ) − 𝒏𝟎( 𝐒𝟐𝐎𝟖𝟐− ) 𝟐⁄ 𝐧𝟎(𝐒𝟐𝐎𝟖𝟐−) 𝒏( 𝐒𝟐𝐎𝟖𝟐− ) = 𝟐𝑬 − 𝟒 (𝟐𝑬 − 𝟒) − (𝟏𝑬 − 𝟒) 𝟐⁄ = 𝟏, 𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑 Podemos concluir que houve um consumo de um pouco mais da metade da quantidade dos íons persulfato no intervalo de tempo cronometrado. CONCLUSÃO Pode-se perceber através da construção do gráfico e de acordo com os dados obtidos que a relação da constante k’ com a temperatura é direta e linear, logo o aumento ou diminuição da mesma causa alteração na constante. Quanto maior a constante e quanto maior for a temperatura, maior será o número de colisões efetivas. Em relação aos dados experimentais, é possível verificar que o método empregado é válido e possibilita o estudo e determinação dos parâmetros de Arrhenius, fornecendo valores coerentes e satisfatórios, R2= 0,9963, mostrando assim um bom ajuste de linearização. Erros experimentais podem estar relacionados com a medição da temperatura pelo termômetro e no uso do cronometro, que são erros humanos cabíveis à praticas experimentais. BIBLIOGRAFIA ➢ Atkins, P. W. e de Paula, J, Físico-Química, vol.1, 7ª. Edição,LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., Rio de Janeiro, 2003; ➢ Roteiro de Aulas Práticas de Cinética Química. UFMG 2020.
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