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SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................... 3 2. Evolução médica ......................................................10 3. Pacientes graves e complexos - fast hug ......17 4. Documentos médicos na ética médica ..........23 Referências bibliográficas ........................................25 3EVOLUÇÃO HOSPITALAR 1. INTRODUÇÃO Por definição, documentos médicos são informações obrigatoriamente emitidas por profissionais habilita- dos, responsáveis pelos atos médicos específicos de acordo com a legisla- ção vigente. Podem ser divididos em documentos médicos simples, do- cumentos médicos legal e docu- mentos médicos judiciais. FLUXOGRAMA – CLASSIFICAÇÃO DOCUMENTOS MÉDICOS DOCUMENTOS MÉDICOS Legal Simples Judicial Notificação compulsória Ofícios Atestado Parecer Laudo Laudo Prontuário médico Relatório médico Receita médica 4EVOLUÇÃO HOSPITALAR Entre os documentos médicos sim- ples, o prontuário médico é um dos mais utilizados e importantes, sendo definido pelo Conselho Federal de Medicina como sendo “o documen- to único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens re- gistradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigilo- so e científico, que possibilita a co- municação entre membros da equi- pe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo” (Resolução no 1.638/2002) e con- siderado de elaboração obrigatória pelo Código de Ética Médica. O sigilo das informações do prontuário é um dever do médico, definido pelo Có- digo de Ética Médica, Código Penal, Código Civil e Resoluções do Conse- lho Federal de Medicina. Por ser constituído do registro de to- das as atividades executadas pela equipe de saúde ao paciente, durante o período de internamento do mes- mo, o prontuário torna-se, então, ne- cessário para elucidação de ques- tões jurídicas, éticas e de evolução do paciente. Por todos esses motivos, o prontuário é um elemento valioso e útil para di- versos segmentos, como o paciente, a instituição, o médico, bem como para o ensino, a pesquisa e os servi- ços de saúde pública, servindo tam- bém como instrumento de defesa legal. A partir da publicação da a Resolução CFM 1.821/07, ficou estabelecido que os prontuários médicos devem ser ar- mazenados pelo período mínimo de 20 anos. Tem como objetivos facilitar a assistência ao paciente, promover meios de comunicação entre os pro- fissionais de saúde, assegurar a con- tinuidade do atendimento e oferecer suporte para a área administrativa do hospital, nos aspectos financeiros e legais. 5EVOLUÇÃO HOSPITALAR CONCEITO! Segundo a Resolução 1331/89, o prontuário do paciente é o conjunto de documentos padronizados e ordenados, destinados ao registro dos cuidados profissionais, prestados ao pa- ciente pelos serviços de saúde públicos ou privados. Com relação ao seu papel legal, o prontuário médico é um documen- to de valor probatório e serve tanto como defesa ética profissional quan- to prova administrativa e financeira, como nos casos de auditoria realiza- da pela instituição médica. O prontuário bem organizado é im- portante para facilitar o entendimento da história clínica e da evolução dos pacientes, auxiliar no fornecimento de atestado ou relatório, além de pos- sibilitar pesquisas científicas Há diversas formas de organizar o conteúdo do prontuário, de acordo com as características de atendimen- to de cada hospital e com a cultura médica local. Dessa forma, sua com- posição em geral é compreendida por: FLUXOGRAMA – FUNÇÕES DO PRONTUÁRIO MÉDICO http://www.medicina.ufba.br/educacao_medica/atualizacao/ext_pediatria/prontuario.pdf PRONTUÁRIO MÉDICO Assistência Apoio diagnóstico Legal Epidemiológicos: internos e externos Pesquisa e ensino Administração 6EVOLUÇÃO HOSPITALAR Destes itens abordados, dois são co- muns a todas as atividades assisten- ciais e devem estar no início da pasta: os dados de identificação e lista de problemas. A identificação é formada por informações cadastrais necessá- rias para comunicação da equipe com o paciente, familiares ou responsá- veis bem como para a elaboração de trabalhos científicos e levantamentos epidemiológicos. SE LIGA! Em geral, esses dados pes- soais são colhidos pelo pessoal admi- nistrativo da Instituição, cabendo aos profissionais da equipe de saúde alertar no caso de verificação de erros ou incor- reções nessas informações. Por conseguinte, a lista de problemas é uma síntese dos problemas atuais e ativos ou passados do paciente e des- tina-se a fornecer uma visão geral da situação clínica do paciente e permitir FLUXOGRAMA– COMPONENTES BÁSICOS DO PRONTUÁRIO Dados de identificação do paciente Anamnese e exame físico Prescrição Termos de consentimento Lista de problemas Evolução médica Sumário de alta Exames complementares https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5795/prontuario_de_pacientes_ finalidades_preenchimento_e_questoes_eticas_e_legais.htm 7EVOLUÇÃO HOSPITALAR a integração da equipe multidiscipli- nar. Deve ser elaborada em ordem nu- mérica crescente e com o menor grau de abstração possível. Podem ser in- cluídos na lista: sinais ou sintomas, diagnósticos, perturbações fisio- lógicas, emocionais, síndromes, achados morfológicos e sinais ou anormalidades laboratoriais. SAIBA MAIS! De acordo com o Artigo 87, do Código de Ética Médica, é vedado ao médico: deixar de ela- borar prontuário legível para cada paciente. E o prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa condução do caso, sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data, hora, assinatura e número de registro. Deve estar sob a guarda do mé- dico ou da instituição que assiste o paciente e cabe ao médico assistente ou a seu substituto elaborar e entregar o sumário de alta ao paciente ou, na sua impossibilidade, ao seu repre- sentante legal. Modelo SOAP O SOAP é um acrônimo utilizado em prontuário orientado por problemas e evidências para registro da evolução dos problemas das pessoas aten- didas na prática médica diária. Esse método foi criado por Dr. Lawrence Weed, na década de 60, é constituído por quatro letras que refere-se ao um tipo de informação: Subjetivo, Obje- tivo, Avaliação e Plano. Tem como função a objetividade, pra- ticidade, organização e maior facilida- de ao acesso das informações para tomada de decisões e dos planos diagnósticos e terapêuticos durante o acompanhamento do paciente. FLUXOGRAMA – MÉTODO SOAP S – Subjetivo Informações sobre o motivo da consulta ou o problema de saúde, além das impressões subjetivas do profissional de saúde e do paciente Achados do exame físico e dos exames complementares Conclusões sobre a situação do paciente, pensamentos relativos ao diagnóstico e a resposta ao tratamento Cuidados ou condutas que serão tomados em relação ao problema ou necessidade avaliada O - Objetivo A – Avaliação P – Plano https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/ unidade15m/unidade15m.pdf 8EVOLUÇÃO HOSPITALAR SE LIGA! Este método permite ordenar as informações do atendimento em uma sequência lógica para rápida consulta quando necessário, inclusive no próxi- mo encontro com o paciente, quando o médico pode questionar se o mesmo colocou em prática o Plano proposto no último item do registro, o “P”, como uso de fármacos prescritos ou realização de exames solicitados. Na avaliação, as informações são fundamentadas sobretudo através dos pensamentos relativos ao diag- nóstico e a resposta ao tratamento, tomando por base os achados subje- tivos e objetivos. Caso não haja elementos para ela- borar um diagnóstico preciso durante a consulta, podem ser reproduzidos novamente os sinais/sintomas mais pertinente para sua linha de raciocí- nio clínico, como por exemplo: cefaleia hemicraniana pulsátil há 24 horas.A proposta terapêutica inclui exames a serem solicitados, as razões para inclusão, modificação de doses ou retirada de itens da terapêutica e as informações prestadas aos pacien- tes e familiares visando orientação e educação. Os planos podem ser di- vididos em alguns subtipos, como descrito na tabela: FLUXOGRAMA – TIPOS PRINCIPAIS DE PLANOS TERAPÊUTICOS https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/ unidade15m/unidade15m.pdf Tipos principais de planos Planos Terapêuticos Planos Diagnósticos Planos de Seguimento Planos de Educação em Saúde Registros das informações e orientações apresentadas e negociadas com o paciente e familiares Estratégias de seguimento longitudinal e continuado do paciente e do problema Indicações terapêuticas para a resolução ou manejo do problema: medicamentos, dietas ou mudanças de hábitos Planejamento de provas diagnósticas necessárias para elucidação do problema 9EVOLUÇÃO HOSPITALAR O SOAP não funciona com um sim- ples instrumento de organização de dados, mas principalmente como meio de qualificar o raciocínio clíni- co e o cuidado oferecido. Sendo um processo que exige método, habilida- de e competência na sua elaboração. O método considera “problema” tudo aquilo que requer uma ação da equipe de saúde e como consequên- cia motivará um plano de intervenção. Para ter um melhor aproveitamento e encontrar os dados rapidamente, preconiza-se para as anotações na evolução uma forma simplificada. O fluxograma a seguir traz um exemplo de evolução pelo método SOAP. FLUXOGRAMA – EXEMPLO DE SOAP S – Subjetivo Motivo da Consulta – Pessoa vem para controle do diabetes, o qual trata desde os cinco anos de idade, sem controle adequado da glicemia. Impressão do profissional – “Pessoa evita o contato visual.” Expressões da pessoa – “Estou cansada de aplicar a insulina diariamente.” IMC (Índice de Massa Corporal) – 29 Pressão Arterial – 140/90 Exame da pele – Maceração interdigital nos pés O - Objetivo Diabetes insulinodependente Sobrepeso Medida de pressão arterial elevada Micose interdigital A – Avaliação Diagnóstico: glicemia de jejum, creatinina, microalbuminúria, Hb glicada, colesterol total, HDL, LDL, triglicérides Terapêutico: diabetes e sobrepeso: a) reeducação alimentar; b) caminhadas diárias; micose: a) lavagem e secagem diária dos pés de forma adequada; b) antimicótico local Seguimento: diabetes: monitoramento ambulatorial da glicemia às 8, 12, 16 e 20 horas por uma semana; sobrepeso: monitoramento semanal do peso; pressão arterial elevada: curva pressórica em dias e horários diferentes por 3 semanas Educação em Saúde: conversado sobre o diabetes e suas complicações, sobre o risco da micose nos pés para as pessoas diabéticas e sobre a importância da aplicação da insulina e do controle da dieta P – Plano https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/ unidade15m/unidade15m.pdf 10EVOLUÇÃO HOSPITALAR 2. EVOLUÇÃO MÉDICA Formando também parte do prontuá- rio, a evolução médica é caracteriza- da como o registro das informações obtidas do paciente e dos familiares sobre o estado geral do paciente e dos problemas. CONCEITO! Com base na resolução Nº 1.638, do Conselho Federal de Medici- na, a evolução médica deve ser com- posta por data e hora, discriminação de todos os procedimentos aos quais o pa- ciente foi submetido e identificação dos profissionais que os realizaram, assina- dos eletronicamente quando elaborados e/ou armazenados em meio eletrônico. Na evolução as informações devem ser registradas de forma precisa, para deixar evidente as razões de conti- nuar ou alterar as condutas diagnós- ticas ou terapêuticas, assim como, o planejamento do seguimento do atendimento. SE LIGA! Além da evolução médica, existem as evoluções multiprofissionais no prontuário, como o controle da enfer- magem, da nutrição ou da fisioterapia. No âmbito hospitalar, a evolução mé- dica é feita diariamente pelos médi- cos da enfermaria que acompanham o paciente, na maioria das vezes é computadorizada e tem uma estrutu- ração básica, definida pela instituição médica. O acompanhamento médico diário deve ser feito com entrevista com o paciente e/ou seus responsáveis, questionando sobre intercorrências, sinais de melhora ou outros achados relevantes ao paciente. Prossegue-se com exame físico completo. A estrutura da evolução medica pode variar de acordo com a Instituição re- gente, tendo assim, sua conforma- ção básica composta por cabeçalho, queixa principal, história da doença atual, evolução diária, exame físico, exames complementares, lista de problemas e a conduta. Cabeçalho Devem conter os dados de identi- ficação com as informações cadas- trais básicas do paciente do hospi- tal, essenciais para o contato com o paciente, familiar ou responsável, a elaboração de trabalhos científicos e a análise dos dados epidemiológicos e podem ser colhidos por auxiliares administrativos. No início, deve-se colocar a identifi- cação do paciente com informações básicas, como nome, sexo, idade, es- tado civil, cor, profissão, religião, natu- ralidade, e procedência. Além dos dados pessoais, é impor- tante conter a informações referen- tes a internação, como motivo da internação (queixa principal), du- ração da queixa, data de início da 11EVOLUÇÃO HOSPITALAR internação do paciente e qual dia da internação. Na breve apresentação da paciente, pode-se incluir também comorbida- des prévias que influenciam o esta- do do paciente, como doenças crôni- cas, oncológicas e degenerativas. Por exemplo: ID: S.M.A.S, sexo feminino, 80 anos, viúva, parda, aposentada, evangélica, natural e proceden- te de Feira de Santana-BA. Motivo: Paciente portadora de DPOC, hipertensa e diabética há 4 dias com febre e tosse produtiva (escarro amarelado) Data da internação: 24/04/2020 Data de hoje: 27/04/2020 (D3) História da moléstia atual (HMA) Parte que contém mais informações sobre o processo saúde-doença atu- al do paciente, mas também são as mais difíceis para serem obtidas cor- retamente. Deve conter a totalidade e os detalhes dos sintomas per- tinentes ao caso de forma resumi- da, caracterizados adequadamente. Além de identificar a ocorrência do fato que levou o paciente a procu- rar o atendimento, todos os procedi- mentos terapêuticos adotados até o momento, situações que atenuam ou agravam os sinais e sintomas. A HMA deve ser escrita de forma organizada e obedecendo a uma ordem temporal de instalação dos sintomas, do mais antigo para o mais recente. Deve-se ter o cuida- do para se descrever cada sintoma individualmente, sendo interessan- te que toda a evolução de um sintoma, inclusive resposta a tratamentos efetuados, estejam incluídos em um mesmo parágrafo. 12EVOLUÇÃO HOSPITALAR Lista de problemas Um problema pode ser um sinal, um sintoma, um diagnóstico, uma sín- drome, bem como problema de or- dem psicoativa, socioeconômica, que esteja causando o agravo atual ao paciente. É importante identificar os problemas ativos e inativos e fazer uma lista em ordem de gravidade para ajudar no raciocínio clínico. Tem como objetivos analisar ampla- mente o contexto, melhorar gestão do tempo, permitir fácil acesso a dados para planejar ações preventivas e re- dução de custos, facilitar para avaliar tentativas de tratamento anteriores e quais pensamentos o profissional já teve diante daquele caso e auxiliar o trabalho em equipe, expandindo essa forma de registro para diversas cate- gorias profissionais. FLUXOGRAMA – CARACTERIZAÇÃO DOS SINTOMAS CARACTERIZAÇÃO DOS SINTOMAS Manifestações associadas Consultas, exames e tratamentos anteriores e resultados obtidos Fatores agravantes e atenuantes Quantidade Localização Corporal Qualidade Cronologia 13EVOLUÇÃO HOSPITALAR Durante o registro da lista de proble- mas, deve-se priorizar os sintomas graves (para o médico) ou muito preocupantes (para o paciente),de forma que, o médico possa garantir o cuidado centrado na pessoa e es- tabeleça o melhor plano de manejo para o paciente. Evolução diária Contém dados para demonstrar o estado atual do paciente nas últimas 24 horas, para garantir a estabilida- de clínica e hemodinâmica do mes- mo. Além da ocorrência de intercor- rências verificadas pela equipe de enfermagem, assim como os dados vitais, eliminações fisiológicas, per- das. Todas essas informações devem ser adicionadas ao prontuário médico diariamente. Segue sua composição básica: FLUXOGRAMA – COMPOSIÇÃO DA EVOLUÇÃO DIÁRIA Estabilidade clínica e hemodinâmica Suporte ventilatório Queixas Atualizações/pendências Apetite/alimentação Diurese e dejeções Intercorrências Ciclo sono-vigília SE LIGA! Se o paciente tiver apresen- tado febre, deve-se anotar o número de episódios febris e horários. Em relação aos dados vitais, a ano- tação deve conter os valores míni- mos e máximos e horários de cada mensuração, através do controle de enfermagem. As informações diárias sobre o pa- ciente devem ser organizadas de forma sistemática, podem incluir ain- da os procedimentos realizados, resultados de exames e novas in- formações sobre o caso. Deve-se 14EVOLUÇÃO HOSPITALAR transcrever os exames laboratoriais e/ ou radiológicos aos quais o paciente foi submetido, para posterior interpre- tação clínica e conduta frente aos re- sultados. Importante ressaltar a che- cagem do andamento de exames de culturas e anatomopatológicos. SE LIGA! Durante o exame físico diário parâmetros como saturação, tempera- tura, frequência cardíaca e respiratória e pressão arterial podem ser acrescenta- das e atualizadas ao prontuário. Exemplo de evolução: Paciente evolui na enfermaria clínica e hemodinamicamente estável, res- pirando bem em ar ambiente, com saturação de 97%, sem desconforto respiratório. Sem episódios de febre nas últimas 24 horas, em uso de an- tibioticoterapia. Apresenta melhora do quadro da tosse e redução da se- creção amarelada. Refere episódio de cefaleia frontal, de intensidade 7/10, sem irradiação, na última noite, fazendo uso de analgésico. Relata apetite preservado com boa aceitação da dieta por via oral. Diurese e dejeções presentes, nega alterações. Ciclo sono-vigília preservado. Controle (últimas 24 horas): Temperatura axilar: 36,2ºC – 37ºC Frequência cardíaca: 88-102 bpm Frequência respiratória: 16-24 irpm Saturação: 95-98% (em ar ambiente) Exames complementares: Pode conter exames laboratoriais, anatomopatológicos, radiológicos e ultrassonográficos Nome do exame (data da realização do exame): resultado do exame Conduta do caso: Pode conter solicitação de inter-consulta com outras especialidades, pedido de exames, alteração na medicação, novas propostas de pro- pedêutica e terapêuticas ou pendências. 15EVOLUÇÃO HOSPITALAR FLUXOGRAMA – EVOLUÇÃO DIÁRIA Dados vitais Suporte ventilatório Atualizações e pendências Apetite/ alimentação Eliminações fisiológicas Ciclo sono-vigíliaQueixas EVOLUÇÃO DIÁRIA Intercorrências Febre Anafilaxia Perdas Vômitos e diarreia Evacuações Anafilaxia Aspecto, consistência e quantidade Curva térmica Frequência cardíaca e respiratória Pressão arterial Saturação de oxigênio Novas Mudanças Volume em ml/m2/hora ou ml/Kg/min Aspecto Persistência 16EVOLUÇÃO HOSPITALAR Exame físico Após a checagem de dados importan- tes do paciente segue o exame físico do dia, que se inicia com a coleta dos dados vitais. Dados antropométricos como peso e circunferência abdominal, são uteis em alguns casos específicos. Dados novos e importantes podem sur- gir enquanto se realiza o exame físico. O exame físico geral consiste na ava- liação do estado geral, como nível de consciência, fácies, fala, confusão mental, mobilidade, entre outros. O paciente pode estar em bom esta- do geral (BEG), regular estado geral (REG) ou mau estado geral (MEG; avaliação do grau de palidez: impor- tante observar mucosa palpebral da conjuntiva, mucosa oral, leito ungueal e palma das mãos (caso se encontre descorado, classificar o grau em cru- zes); avaliação do grau de hidrata- ção: observar umidificação da muco- sa oral, globo ocular e turgor da pele (caso se encontre desidratado, clas- sificar o grau em cruzes); avaliação da presença de icterícia: observar coloração da palma da mão, esclera e freio da língua; avaliação da pre- sença de cianose e do padrão res- piratório: observar se há dificuldades para respirar ou se está usando força excessiva (uso de musculatura aces- sória) para inspirar. Seguido da avaliação da cabeça e pes- coço, sistema cardiovascular, sistema pulmonar, região abdominal, sistema osteoarticular, sinais neurológicos e extremidade. Todos os registros de- vem ser anotados ao prontuário. FLUXOGRAMA – AVALIAÇÃO DO ESTADO GERAL AVALIAÇÃO DO ESTADO GERAL Avaliação da presença de cianose Avaliação do padrão respiratório Avaliação da presença de icterícia Avaliação do grau de hidratação Avaliação do estado geral Avaliação do grau de palidez Dados vitais Adaptado de https://semiologiamedica.ufop.br/anamnese- 17EVOLUÇÃO HOSPITALAR Medicações Durante o exame físico, pode-se ve- rificar a dieta prescrita, quais os me- dicamentos em uso (especialmente os de uso venoso), a rotulagem de hidratação venosa e de medicamen- tos em curso. Trata-se de importante ferramenta de conferência para a se- gurança ao paciente. Como deve-se conter o registro de todas as medidas necessárias ao tra- tamento do paciente, as medidas de reabilitação e interação com as equi- pes multidisciplinares e sua adesão devem ser anotadas ao prontuário. SE LIGA! É essencial verificar o dia de antibiótico, dia do acesso venoso e dia das medicações não usuais com tempo de término. Condutas São feitas de acordo com os proble- mas identificados, explicações e pla- nejamento após a análise do caso pelo médico especialista. Todos os manejos, como plano diagnóstico e plano terapêutico devem ser descri- tos de forma clara e objetiva. CONCEITO: A conduta é um conjunto de alternativas terapêuticas definidas pelo médico, a partir da avaliação de cada caso, com enfoque multiprofissio- nal e interdisciplinar (no decorrer dos exames e/ou internação), que visa obter maior adesão do paciente e de seus res- ponsáveis ao tratamento. 3. PACIENTES GRAVES E COMPLEXOS - FAST HUG O FAST HUG, expressão inglesa que pode ser traduzida como Rápido Abraço, corresponde a um mnemô- nico que se destina principalmente a servir como lembrete ao profissional médico responsável por unidades de terapia intensiva a respeito de pon- tos-chave no manejo de pacientes críticos e atualmente passou a ser usada pela medicina interna de forma geral. O checklist FAST HUG, quando em- pregado com critério pelos profissio- nais de saúde, resulta em melhoria da qualidade do cuidado oferecido. São, a seguir, listados os componentes do mnemônico: 18EVOLUÇÃO HOSPITALAR Alimentação Nesse item, chama-se atenção para a evidência de que a nutrição do pa- ciente, quando inadequada, con- corre sobremaneira para um maior risco de complicações clínicas e, consequentemente, para um pior prognóstico. Não é incomum a che- gada de pacientes em ambiente de UTI já com algum grau de compro- metimento nutricional, principalmente aqueles portadores de afecções crôni- cas, como neoplasias malignas do tra- to gastrintestinal em estado avançado. Por outro lado, há também aque- les que, em decorrência de um es- tado prolongado de sepse grave, apresentam síndrome consumptiva significativa. O suporte nutricional merece ser re- visto diariamente e o jejum deve ser reservado nas horas que antecedem um exame ou cirurgia e nos pacientes muito graves, com dose alta de amina e/ou disfunção orgânica múltipla. https://pebmed.com.br/ja-fez-o-fast-hug-no-seu- paciente-hoje/ FLUXOGRAMA – FAST HUG Feeding – alimentação Head of bed elevated – cabeceira elevada do leito S TH U G A F Prevenção de úlcera de estresse Controle glicêmico Analgesia Sedação Profilaxia de tromboembolismo SAIBA MAIS! Metas de necessidade diária: 25 Kcal/Kg/dia (50-60 % de Carboidratos e 25-35% de Lipí- deos), 0,8-1 g/Kg/dia de Proteínas, com possibilidade até 1,2-1,6 g/Kg/dia e 30-35 mL/Kg/ dia de água. Nos casos de vítimas de trauma ou portadores de sepse, situações em que o estresse metabólico e as ne- cessidades nutricionais são mais importantes, a dieta deve ser plane- jada de modo a garantir em média o dobro do teor energético. 19EVOLUÇÃO HOSPITALAR Quando a via oral não se encontra dis- ponível para a administração da dieta, a enteral e, posteriormente, a paren- teral podem ser utilizadas. O deses- calonamento, isto é, o retorno de die- ta parenteral para enteral ou mesmo para oral é recomendável sempre que possível. SE LIGA! Contraindicação à alimenta- ção enteral: Obstrução gastrointestinal. Contraindicações relativas: íleo paralíti- co, hemorragia digestiva alta, náuseas e vômitos refratários à medicação, instabi- lidade hemodinâmica, isquemia mesen- térica, fístula gastrointestinal de alto dé- bito e anastomose gastrointestinal distal à infusão. Analgesia A dor é um das causas mais impor- tantes de desconforto do paciente crítico internado em UTI, seja ela ad- vinda da própria doença de base, seja de procedimentos inerentes à rotina do serviço, como aspirações traque- ais, banhos, mudanças de decúbito, coleta de sangue para exames labo- ratoriais, dentre outros. Deve-se adequar uma sequência lógica para os analgésicos, sempre ponderando risco e benefício, pois sua ocorrência pode repercutir em piora hemodinâmica, aumento do metabolismo, depressão imunológi- ca e distúrbios da coagulação. Dessa forma, desvencilhar o paciente desse tipo de problema não só torna mais humanizado o atendimento, mas também acelera a sua recuperação fisiológica. Sendo um parâmetro de difícil men- suração, a avaliação subjetiva da expressão facial e dos movimentos merece ser realizada, além do acom- panhamento de parâmetros como pressão arterial e frequência cardía- ca, que geralmente são alterados nos episódios álgicos. Assim, emprega-se tratamento far- macológico com classes diversas de analgésicos, como AINEs, acetami- nofeno, opióides (morfina, fentanil, remifentanil), devendo-se optar pela infusão contínua em detrimento da aplicação repetida de bolus. SE LIGA! Vale ressaltar que o efeitos colaterais dessa abordagem podem ser esperados, dentre eles depressão respiratória, constipação, hipotensão e alucinações. Sedação Este é um item importante, pois a se- dação excessiva aumenta o tempo de ventilação mecânica e o risco de com- plicações infecciosas e níveis baixos podem levar a agitação e ansiedade. Entretanto, não existem regras bem definidas sobre a quantidade e a fre- quência de administração de drogas sedativas em pacientes críticos. A sedação não pode ser usada como substituta à analgesia, mas sim como 20EVOLUÇÃO HOSPITALAR complementar. Como preceito geral, adota-se a CCC rule – que almeja a manutenção do paciente em um es- tado calmo, confortável e cooperativo. A escala de Ramsay é uma das mais populares e é empregada no sentido de melhorar a precisão da ‘profundi- dade’ de sedação em que o paciente se encontra. 1 Ansioso, agitado ou inquieto 2 Cooperativo, orientado e tranquilo 3 Sedado, porem responde às ordens verbais 4 Sedado, com resposta lenta ao leve estímulo glabelar ou forte estímulo auditivo 6 Não responsivo Tabela 1. Escalas de Ramsay. Fonte: Marcos L. Mi- randa, Carlos D. A. Bersot, Nivaldo R. Villela. Sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular na unidade de terapia intensiva. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2013;12(3):102-109 SE LIGA! A overdose de sedativos ge- ralmente cursa com aumento do risco de trombose venosa, menor motilidade intestinal, hipotensão, queda da taxa de extração de oxigênio tecidual, aumento do risco de polineuropatia do paciente crítico e prolongamento da estadia na UTI. Profilaxia de tromboembolismo Essa medida costuma ser eventual- mente esquecida, mesmo nas pres- crições feitas por profissionais expe- rientes no lidar com pacientes críticos, o que resulta em um aumento de 13- 31% do risco de tromboses venosas profundas, índice ainda mais signi- ficativo quando se tem em vista pa- cientes vítimas de trauma. A profilaxia pode ser feita com me- didas não farmacológicas, como deambulação precoce, meias de compressão, colchão pneumático e mudanças de decúbito, ou farma- cológicas. Todos, salvo exceções em que o risco supera o benefício da me- dida, merecem receber pelo menos heparina subcutânea. SE LIGA! Estudos ainda não apresen- tam consenso no que diz respeito ao melhor tipo de droga a ser usada na profilaxia. Deve-se atentar para a chan- ce de sangramentos! Head of bed elevated - Cabeceira elevada do leito Essa intervenção foi pensada como uma medida barata, simples e eficaz em reduzir a principal complicação infecciosa da hospitalização: pneu- monia. Contudo, ela deve ocorrer no contexto do cuidado como um todo e pode envolver outros protocolos de prevenção, como da infecção urinária e do cateter venoso profundo. A manutenção do tronco elevado a 30º-45º, também reduz a incidência de refluxo gastresofágico em pacien- tes sob ventilação mecânica. Usada principalmente em pacientes idosos, debilitados ou recebendo nutrição enteral. 21EVOLUÇÃO HOSPITALAR SE LIGA! A medida é formalmente con- traindicada em pacientes cuja perfusão cerebral encontra-se ameaçada. Stress ulcer prevention – Prevenção de úlcera de estresse Influenciada por fatores como pres- são e fricção, idade, estado cogniti- vo/medular, capacidade de mobili- dade, estado nutricional, umidade/ incontinência, temperatura corpo- ral e histórico de tabagismo. Trata-se de uma profilaxia importan- te, sobretudo se há concomitância de insuficiência respiratória aguda, coa- gulopatia, corticoterapia, histórico de úlcera gastro-duodenal. Provavelmente, não faz-se necessá- ria para todos os pacientes de UTI, incluindo aqueles politraumatizadas ou em pós-operaório. Opções far- macológicas para a profilaxia são os antiácidos, o sucralfato, os anti-hista- mínicos, os inibidores de bombas de prótons. A úlcera de decúbito e a de córnea são também frequentemente negli- genciadas na prática, fato que provo- ca maior morbidade. Glucose control – Controle glicêmico De um modo geral, quando compa- radas as repercussões negativas ad- vindas da hipoglicemia e da hipergli- cemia (leve), sabe-se que a primeira apresenta maior risco de danos ime- diatos ao paciente, devendo ser pre- ferencialmente evitada. Uma meta entre 140-180mg/dL é razoável para a maioria dos pacientes. 22EVOLUÇÃO HOSPITALAR FLUXOGRAMA – RESUMO DO FAST HUG FAST HUG Prevenção de úlcera de estresse Controle glicêmico Alimentação Analgesia Sedação Profilaxia de tromboembolismo Cabeceira elevada do leito Metas de necessidade diária Infusão contínua Complementar a analgesia Farmacológicas Não farmacológicas Manutenção do tronco elevado a 30º-45º Farmacológicos Não farmacológicos Analgésicos Meta entre 140-180mg/dL 25 Kcal/Kg/dia (50-60 % de Carboidratos e 25-35% de Lipídeos) 0,8-1 g/Kg/dia de Proteínas, com possibilidade até 1,2-1,6 g/Kg/dia 30-35 mL/Kg/dia de água AINEs, acetaminofeno, opioides Antiácidos, os anti-histamínicos e os inibidores de bombas de prótons Adaptado de: https://pebmed.com.br/ja-fez-o-fast-hug-no-seu-paciente-hoje/ 23EVOLUÇÃO HOSPITALAR 4. DOCUMENTOS MÉDICOS NA ÉTICA MÉDICA Para elaboração dos documentos médicos devem ter cuidados acerca da ética médica, dessa forma, o ca- pítulo X do Código de Ética Medica decreta que é vedado ao médico: Art. 80. Expedir documento médi- co sem ter praticado ato profissio- nal que o justifique, que seja ten- dencioso ou que não corresponda à verdade. Art. 81. Atestar como formade ob- ter vantagem. Art. 82. Usar formulários institu- cionais para atestar, prescrever e solicitar exames ou procedimentos fora da instituição a que pertençam tais formulários. Art. 83. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmen- te, ou quando não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plan- tonista, médico substituto ou em caso de necropsia e verificação médico-legal. Art. 84. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando houver indícios de morte violenta. Art. 85. Permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas ao si- gilo profissional quando sob sua responsabilidade. Art. 86. Deixar de fornecer laudo médico ao paciente ou a seu repre- sentante legal quando aquele for encaminhado ou transferido para continuação do tratamento ou em caso de solicitação de alta. Art. 87. Deixar de elaborar prontu- ário legível para cada paciente. Art. 88. Negar ao paciente ou, na sua impossibilidade, a seu repre- sentante legal, acesso a seu pron- tuário, deixar de lhe fornecer có- pia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações ne- cessárias à sua compreensão, sal- vo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros. Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda exceto para atender a ordem judicial ou para sua própria defesa, assim como quando autori- zado por escrito pelo paciente. § 1º Quando requisitado judicial- mente, o prontuário será enca- minhado ao juízo requisitante. § 2º Quando o prontuário for apre- sentado em sua própria defesa, o médico deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional. Art. 90. Deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu pacien- te quando de sua requisição pelos Conselhos Regionais de Medicina. Art. 91. Deixar de atestar atos exe- cutados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou por seu representante legal. 24EVOLUÇÃO HOSPITALAR FLUXOGRAMA 13. RESUMO EVOLUÇÃO MÉDICA História da moléstia atual Lista de problemas Exame físico CondutaEvolução diária EVOLUÇÃO DIÁRIA Cabeçalho Dados de identificação do paciente Motivo da internação Data da internação Queixa principal e duração GeralDados vitais Apetite e ciclo sono-vigília Intercorrências Queixas e atualizações Exames complementares Diurese e dejeções Plano diagnóstico Plano terapêutico 25EVOLUÇÃO HOSPITALAR REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CFM. Código de Ética Médica. Brasília: CFM, 2019 Prática clínica na Estratégia Saúde da Família − organização e registro. https://www.unasus. unifesp.br/ http://www.medicina.ufba.br/educacao_medica/atualizacao/ext_pediatria/prontuario.pdf Gusso, Gustavo; Lopes, J.M.C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade . Porto Alegre, Artmed, 2012. https://pt.slideshare.net/alcindoneto/pucpr-aspecleg-aula-8-e-9-documentos-mdico-legais http://www.cremesp.org.br/pdfs/eventos/eve_11112013_102947_PRONTUARIO%20ME- DICO%20E%20PRONTUARIO%20ELETRONICO.pdf Prontuário de pacientes finalidades preenchimento e questões éticas e legais. Disponível:ht- tps://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5795/prontuario_de_pacientes_finalida- des_preenchimento_e_questoes_eticas_e_legais.htm Barros E, Albuquerque G, Pinheiro C, Czepielewski MA. Exame clínico. Consulta rápida - 2º ed. Porto Alegre: Artmed; 2004. https://semiologiamedica.ufop.br/soap http: //ftp.medicina.ufmg.br/clm/2013/Manual_de_Atendimento_Clinico_Semiolo- gia_I_26082013.pdf http://www.digimed.ufc.br/wiki/index.php/Fast_Hug Rosane S. Goldwasser; Cid Marcos David, Weaning from mechanical ventilation: let’s per- form a strategy - Rev. bras. ter. intensiva vol.19 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2007 Marcos L. Miranda, Carlos D. A. Bersot, Nivaldo R. Villela. Sedação, analgesia e bloqueio neu- romuscular na unidade de terapia intensiva. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2013;12(3):102-109 26EVOLUÇÃO HOSPITALAR
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