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FUNDAMENTOS DOS MOVIMENTOS BÁSICOS

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FUNDAMENTOS DOS MOVIMENTOS BÁSICOS
Anderson Nascimento Guimarães
Túlio Bernardo Macedo Alfano Moura
Walquiria Batista de Andrade
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CONHECENDO A DISCIPLINA
A disciplina Fundamentos dos Movimentos Básicos contribuirá para que você, futuro profissional/professor, expanda a sensibilidade quanto à percepção da importante tarefa de contextualizar e aplicar os conteúdos da Educação Física, por meio de movimentos básicos fundamentais para além do fazer prático. Mediante o reconhecimento dos princípios científicos e teóricos que se modificam com o tempo, as práticas corporais, por exemplo, promovem a vivência das danças, jogos, lutas, esportes e ginástica em um contexto lúdico, educativo e recreativo, que aproximam o estudo da corporeidade e da motricidade com a Educação Física.
Com este material didático você adquirirá conhecimentos no âmbito teórico e prático que serão relacionados facilmente à realidade do campo de atuação profissional, assim, identificará rapidamente a maestria da Educação Física em oportunizar o aprendizado através do movimento em diferentes contextos. Já se sabe que o processo de evolução do ser humano se dá pelo processo do autoconhecimento e pelo reconhecimento do indivíduo em sua totalidade, ou seja, o ser biológico, social e psicológico. Para facilitar esse entendimento, você verá as características da corporeidade e da motricidade humana e a relação entre elas. Logo em seguida, você estará pronto para conhecer os movimentos fundamentais do ser humano e suas influências antropológicas e filosóficas que apresentam diversas finalidades, entre elas a transformação de movimentos básicos para movimentos esportivos, como aqueles específicos do atletismo e da ginástica. 
Para tanto, na Unidade 1 - Corporeidade e motricidade humana - serão apresentados conteúdos que farão você adquirir conhecimento sobre a corporeidade, o corpo e suas diferentes concepções ao longo da história, assim como suas relações pessoais, com o outro e com o ambiente. Além disso, conhecerá também os diferentes planos e eixos anatômicos, as questões relacionadas a alinhamento postural, repouso e respiração, as posições de início de um movimento e sua finalização, conhecimento que o capacitará a alcançar êxito em suas futuras práticas profissionais. Na Unidade 2 – Movimentos básicos do ser humano – você terá a oportunidade de vivenciar na prática as aulas que o auxiliarão no entendimento e organização dos movimentos estabilizadores, locomotores, manipulativos e a combinação deles, bem como os tipos e padrões de movimentos. Também receberá um aporte teórico importante para compreender as bases antropológicas e filosóficas do movimento humano e as finalidades do movimento no contexto do aprendizado, da promoção da saúde, do lazer e do esporte. Já na Unidade 3 – Movimentos básicos do atletismo –, as aulas práticas contemplarão atividades aplicadas às provas específicas do atletismo, como caminhar, correr, saltar, lançar e arremessar, entre outras habilidades da modalidade, serão complementados pela construção de um conhecimento baseado na técnica de execução, nas fases de desenvolvimento das habilidades e nas etapas necessárias para seu entendimento geral. Por fim, na Unidade 4 – Movimentos básicos ginásticos -, serão contempladas as características dos movimentos da Ginástica Acrobática, Ginástica Artística e Ginástica Rítmica. Você sabe a diferença entre essas três modalidades? Veremos na prática a aprendizagem dos fundamentos básicos de equilíbrio, rolamento, giro e saltos, como também as habilidades manipulativas dos aparelhos corda, arco, bola, maças e fita.
Tenho certeza que os conteúdos a serem abordados neste material enriquecerão o seu processo de formação acadêmica e o incentivarão a buscar ainda mais conhecimento para se destacar no mercado de trabalho que tão cuidadosamente você escolheu. Meu convite é que você tenha um sonho que o transforme em objeto, assimilando que, para o tornar real, há que movimentar-se passo a passo, via corpo e/ou corporeidade.
Bons estudos!
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NÃO PODE FALTAR
O CORPO
Walquiria Batista de Andrade
Fonte: Shutterstock.
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CONVITE AO ESTUDO
Podemos perceber em nosso entorno o quanto questões voltadas ao corpo físico têm se evidenciado evidente e, diria, gerado um aspecto apelativo. Com certeza, você já assistiu anúncios ou propagandas apelativas voltadas para a aparência do corpo, que são divulgadas em diferentes meios de comunicação digitais e impressos. Já percebeu o quanto é enfatizado o cuidado com a saúde e a beleza, sensualidade e padrões esteticamente estabelecidos, que despertam nas pessoas o consumismo voltado aos cosméticos e cirurgias plásticas? A velocidade com que se propaga esse tipo de publicidade influencia e promove mudanças de comportamento que trazem à tona uma nova realidade e um life style talvez nunca imaginado. Por isso, a percepção de corpo construída pelo meio e a vivência de cada indivíduo precisa ser conhecida, contextualizada e, acima de tudo, respeitada. Você já parou para pensar alguma vez sobre qual é a sua relação com o seu próprio corpo e sob qual ponto de vista a imagem que tem do seu corpo foi construída ao longo de suas vivências corporais? As práticas corporais como conteúdos e estratégias da Educação Física poderão retratar muito bem a condição da educação “do” movimento e “pelo” movimento, solidificando um conhecimento que você terá que se apropriar para atuar profissionalmente. 
Partindo do pressuposto que somos seres corporais, podemos descrever a corporeidade como a manifestação do “eu”, ou seja, sobre quem somos, como interagimos com o meio, como desenvolvemos a consciência corporal própria e a do outro e como sobrevivemos no mundo. Nessa base epistemológica apropriada pela Educação Física é fundamental que você estude sobre as características da Corporeidade e da Motricidade Humana, para que, no aprendizado teórico e prático, você alcance a maestria de captar múltiplas possibilidades para as funções do corpo humano, destacando linguagens corporais distintas para a compreensão e organização do movimento humano que evolui ao longo do tempo.
Na Seção 1 desta unidade vamos dialogar sobre a corporeidade e suas dimensões, o processo histórico que esclarece os mais diferentes olhares sobre o corpo ao longo de uma linha do tempo cronológica, para melhor compreensão das relações estabelecidas do corpo consigo mesmo, com o outro e com o ambiente. A partir desses saberes, na Seção 2, veremos aspectos corporais voltados aos planos e eixos anatômicos que nortearão nosso entendimento sobre movimento corporal, respiração, repouso, posição inicial e final de um conjunto de ações mobilizadas para diferentes finalidades. Na Seção 3, contextualizaremos a Motricidade Humana a fim de trazer à consciência reflexões que emergem da Educação Física em seus mais diferentes objetos de conhecimento, esclarecendo aspectos sobre os movimentos anatômicos, a educação “do” e “pelo” movimento, cadeias musculares e as desordens do movimento.
PRATICAR PARA APRENDER
Olá, aluno!
Seja bem-vindo à disciplina Fundamentos dos Movimentos Básicos que incorpora conteúdos fundamentais para o embasamento de suas futuras práticas profissionais. Considerando a atual dinamicidade e evolução do conhecimento, os desafios de ensino e aprendizagem do século XXI são contínuos, especialmente para a Educação Física. Desde o reconhecimento da Educação Física, em tempos históricos distintos, há questões problematizadoras sobre os estudos do corpo e da corporeidade. Nesse sentido, nosso maior desafio é que se mantenha atualizado e que utilize os conhecimentos aqui propagados como norteadores para novas buscas e descobertas. Há um processo inserido na formação de pessoas que busca uma dimensão educativa que contemple um ser crítico, autônomo, liberto, consciente, emancipado, um ser sujeito e não um ser-objeto. Seguindo essa linha, elencamos conteúdos que trarão reflexões sobre o estudo da corporeidade, do corpo e das relações quese estabeleceram do indivíduo consigo mesmo, com os pares, com os demais indivíduos e com o ambiente até os dias atuais. Embora o pensar sobre o corpo apenas em uma perspectiva biológica e fisiológica seja sempre uma tendência, busca-se incentivar a criação de estratégias que permitam promover a criação de um ambiente no qual seja possível proporcionar vivências corporais que abranjam uma visão de totalidade em relação ao indivíduo, experenciando o mundo a partir de um corpo em sua plenitude, ou seja, considerando um ser que que sente, emociona-se, escolhe, pensa, narra, deseja, entre outros atributos humanos. 
Tente pensar que você já se formou em Educação Física e que, em um dos seus estágios obrigatórios, você se destacou chamando a atenção de um dos gestores da Fundação de Esportes da sua região. Você conquistou o público infanto-juvenil com o qual esteve em contato durante o período de estágio presencial e abrilhantou sua participação com atividades criativas e inovadoras. Agora, o gestor, sabendo de sua dedicação e responsabilidade com sua área de formação, convidou-o para dar aulas no período da manhã para os alunos do mesmo projeto social em que você estagiou: “Projeto Movimentar-se”. Esse projeto atende crianças de 6 a 17 anos, e você atenderá especificamente a faixa etária entre 14 e 15 anos. Diante dessa grande conquista, idealizada durante seu período na Universidade, você aceitou o regime contratual e, agora, o professor de Educação Física é você.
Sob orientação dos gestores do “Projeto Movimentar-se” você é instruído a abordar assuntos que despertem interesse dos adolescentes, visto que esta é uma fase da vida marcada por uma série de questionamentos que envolvem o indivíduo: questões corporais, de identidade, corporeidade e de (re) descoberta, já que entre 14 e 15 anos já não se é mais criança, e ainda não se é um adulto. Reconhecendo a relevância das temáticas propostas, por onde você começaria? Como você estruturaria um plano de aula que atendesse à demanda sugerida pelos gestores? 
Busque o conhecimento e referências que abranjam a sua área de atuação para estar bem preparado para atuar profissionalmente no futuro. Supere-se na busca e se surpreenda com os resultados. Bons estudos. 
CONCEITO-CHAVE
O CORPO
Pesquisas que envolvem o corpo humano não são realizadas somente pela Educação Física. Outras áreas, como Biologia, Psicopedagogia, Fisiologia, Medicina, entre tantas outras, enfocam suas investigações sobre o corpo humano, suas condutas, papel na sociedade, saúde doenças, etc. Essa divisão de áreas permite que o corpo humano seja dividido em partes, ou seja, corpo e mente, dicotomia que já foi contextualizada desde a Antiguidade Ocidental. Será que essa dicotomia está presente em nosso comportamento ainda nos dias de hoje? O modo de enfrentar e tratar a corporeidade, contudo, é produto de um constructo social que passou e passa por um processo de historicidade em que o meio compartilha e transforma o corpo e sua linguagem. Contudo, um corpo dicotômico não se apresenta por inteiro ou em sua totalidade, antes fragmenta-o em corpo e mente. Enxergá-lo e tratá-lo em sua inteireza é um dos desafios que a Educação Física o convida a enfrentar.
A CORPOREIDADE
A maneira com que um ser humano compreende e lida com o seu corpo são retratadas durante toda a vida. Um indivíduo poderá apresentar diferentes formas de se comportar a depender do ambiente, grau de escolaridade, condições econômicas, etc.
Sob o olhar da Educação Física a problemática que envolve os assuntos que tratam do corpo e da corporeidade é retratada em variados pontos de vista, em diferentes épocas históricas, portanto conhecer os antigos panoramas, desde os primórdios dos tempos até a atualidade, permitirá percepções distintas como a de ainda usarmos nosso corpo de forma arbitrária e irrefletida. A tomada de consciência de si mesmo por meio do corpo e sua existência pode promover melhor conhecimento de si mesmo e do outro e a dinamicidade contribui para a evolução do ser que ainda utiliza o corpo manipulado, adestrado e disciplinado para uma Educação Física humanista que promova experiências corporais que contemplem diferentes sentidos e significados, contribuindo para uma sociedade pensante, que reflita e aja contra coerções sociais a partir de sua corporeidade.
Já parou para pensar que uma criança, a partir de seu nascimento, passa a construir o entendimento de si mesma por meio do conhecimento que ela tem do próprio corpo? A descoberta das mãos, pés, demais partes do corpo e toda subjetividade que a envolve, como a anatomia, contexto social, ambiente, laços de afetividade e aspectos culturais, leva-nos a fazer uma reflexão sobre a unidade corporal do ser humano.
Nóbrega (2010, p. 66-67) afirma que o entendimento sobre o corpo não pode ser minimizado aos aspectos físicos e sua organização biológica, fisiológica e neurológica apenas, pois transcende essas características para o símbolo e o que ele representa na sociedade. Clifford James Geertz, antropólogo e professor emérito da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, cita, em sua obra A interpretação de culturas (2011), que o ser humano é um animal amarrado a teias de significado, tecidas por ele mesmo, e que a cultura e sua análise é uma delas. 
Estas citações reafirmam a nossa ideia central de que a corporeidade transcende o corpo físico tão só para a relação entre as experiências vividas no âmbito cultural, social, estético e afetivo. Bondía (2002, p. 21) destaca que, para que exista a experiência vivida, o indivíduo deve se colocar receptivo a possibilidades de que algo o toque, pois mesmo que dois indivíduos vivenciem o mesmo acontecimento, de fato, não experenciam as mesmas coisas, já que a experiência é angariada pelo que transcorre a cada um, e não de fato pelo episódio advindo.
Dessarte, é possível compreender que uma Educação Física que promove a corporeidade para além do físico somente, supera uma contemporaneidade que direta ou indiretamente reprime os indivíduos em seus desejos e necessidades e promove em seu caráter educativo a qualidade de vida voltada à saúde, também voltada a aspectos indissociáveis à formação de uma identidade individualizada e genuína.
A superação do corpo-objeto para o corpo-sujeito é uma das vertentes de que a Educação Física se apropria e se explica, porque utiliza dessa transcendência para despertar no educando uma consciência corpórea que lhe permita notar-se no hemisfério que habita. Esse movimento permite ao ser humano interferir criticamente no processo de construção de sociedade e, consequentemente, em seu bem-estar.
A partir dessa contextualização geral, decidimos por apresentar as diferentes concepções de corpo em tempos históricos organizados cronologicamente, no sentido de enriquecer essa vertente tão importante para a Educação Física: o estudo do corpo e a corporeidade.
A concepção de corpo passou um processo evolutivo desde os primórdios dos tempos, e se caracterizou da seguinte maneira: a) Corpo instrumento da alma (dualidade instrumental); b) Dualismo Cartesiano (corpo dilacerado e dividido); c) Totalidade humana (unidade e globalidade). Veja, na sequência, a concepção de corpo em diferentes épocas históricas.
O CORPO SOB DIVERSOS PONTOS DE VISTA
O corpo pré-histórico exercia atividades naturais voltadas à sobrevivência: caçar, atacar, nadar, saltar, andar, correr, etc. Nesse período, o homem primitivo gozava de sua existência plena e natural unido ao seu povo, à sua terra e a tudo o que envolvia a sua realidade, portanto a concepção de corpo, nesse período, é considerada na totalidade, ou seja, a alma, a mente e o inteligível está em pleno consonância com o corpo. Você sabia que a Motricidade Humana da Pré-História apresenta 5 características que estão entre si conectadas? São elas: 
•  Atividades naturais, caracterizada pela busca de alimento e/ou defesa contra outros animais. 
•  Atividades guerreiras, marcada pela sensibilidade em detectar a presença ou aproximação dos inimigos. 
•  Atividadesde práticas utilitárias, manifestadas pela construção de instrumentos como lanças, flechas, roupas, entre outros. 
•  Atividades religiosas, nas quais a dança, por exemplo, fazia parte de atos festivos e/ou culto aos mortos.
•  Práticas motoras, movidas por jogos e expressões recreativas.
Na Antiguidade Ocidental considerava-se a separação entre corpo e alma cultivada pelos gregos, dicotomia que marcou o pensamento ocidental. Para Arístocles, mais conhecido como Platão, um dos pensadores gregos mais influentes da história, o corpo era como uma prisão ou um tipo de moradia para a alma (PLATÃO, 1990). O corpo sensível perturba a alma racional que busca a verdade, no sentido de que o corpo só reproduz a cópia das ideias. Por este motivo, reafirmava-se a noção de dualidade instrumental. Essa dicotomia permaneceu na Idade Média até o Renascimento. Aqui é importante considerar que a Ginástica sistematizou as primícias teóricas dando origem à Educação Física. Os exercícios físicos e atividades corporais manifestados pelas corridas, arremessos, lutas, natação, lançamentos e outros eram denominados ginástica, e tinham o objetivo de educar de forma integral a sociedade grega. Nesse marcante período histórico temos uma citação conhecida da obra A República, de Platão: “Para o corpo temos a ginástica e para a alma a música”. Um retrato da dicotomia, não é mesmo?
Durante a Idade Medieval, há a presença da espiritualidade herdada do Cristianismo: a supervalorização da alma como espírito e o corpo como seu hóspede e servo reforçando a divisão do ser humano. Aurélio Agostinho de Hipona, conhecido como Santo Agostinho, teólogo e filósofo, relata que a alma tem funções superiores sobre o corpo e o conhecimento é adquirido pela razão e iluminado pelo divino: Deus. De corpo, morada da alma, a concepção de corpo passa a ser carne, templo do Espírito.
Desde a Antiguidade Clássica até o Renascimento, há a presença do dualismo instrumental, havendo, então, um elo entre corpo e alma. A noção de corpo da Grécia Antiga foi recuperada, bem como a Motricidade Humana, expressa em práticas militares, danças e brincadeiras populares e a Ginástica Acrobática, que será contextualizada na Unidade 4 deste livro didático. Essas atividades educativas foram indicadas por cientistas, pedagogos e demais educadores, ganhando destaque marcante para a época.
Na Idade Moderna, o homem é visto mais do que nunca sob a ótica da divisão. René Descartes, filósofo e matemático francês, não aceitava os conhecimentos clássicos ou tradicionais, mas buscava uma verdade que não podia ser contestada. Ele, porém, colocava tudo a prova. É dele a frase: “Penso, logo existo”. Vejam como essa forma de pensar reduz o homem a uma realidade pensante, chegando a negar a existência corporal do indivíduo. Para ele não havia união entre corpo e alma, somente o espírito. A alma não ocupa lugar no espaço, portanto é indivisível. Já o corpo ocupa lugar no espaço e, por esse motivo, pode ser decomposto em diferentes partes. Essa separação fez com que o corpo fosse considerado sob um prismas diferentes, ignorando, assim, a globalidade do homem. Sabe-se que a Educação Física nasceu na Modernidade e que foi legitimada pela sistematização de um conhecimento que fundamenta conceitos e princípios, do saber teórico ao fazer-prático.
Na Contemporaneidade destacamos o filósofo, também francês, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) que pensava diferente de Descartes. Merleau-Ponty defendeu que o corpo do homem não é simplesmente corpo, mas corpo humano que é capaz de interagir com uma dimensão mental por meio de expressões já conhecidas: sentir, pensar e agir, e nada é dissociado. Aqui é concebido o que é vivido com ênfase na corporeidade e na complexidade do ser e da cultura, consolidando, então, a união entre corpo, mente, sensível, inteligível, essência e existência.
Agora que conhece diferentes pontos de vista sobre a concepção de corpo em uma linha do tempo histórica, é muito importante que você as relacione com as dimensões da corporeidade da atualidade.
RELAÇÕES DO CORPO CONSIGO MESMO
Como contextualizado no início desta unidade de estudo, podemos atualmente fazer uma associação do corpo à ideia do consumo. É inegável que um corpo supervalorizado oportuniza ações capitalistas voltadas ao comércio, como, por exemplo, o excessivo uso de suplementos, muitas vezes não prescritos por profissionais capacitados, desenfreando o consumo de bens e serviços para manter um corpo supostamente forte e musculoso. Vende-se a ilusão de que, para ser próspero, feliz e popular, há um caminho que é o da conquista da beleza exterior, estética, um corpo esculpido em músculos bem aparentes. A mídia, de modo geral, convence de que quanto mais jovem e belo é o corpo, mais alto é seu valor.
Não são mulheres e homens “perfeitos”, com curvas corporais bem delineadas e porte atlético, que em outdoors, flyers, vídeos comerciais e institucionais, entre outros, vendem carros, eletrodomésticos, vestuários e tantos outros bens de consumo? Sustenta-se, desta forma, a veneração por um corpo jovem e perfeito e a negação de um processo comum a todos: o envelhecimento. Seria por essa realidade estampada diante de nossos olhos que os indivíduos, desde as crianças até os idosos, não aceitam sua própria imagem? As pessoas que não aceitam a própria imagem não se adequaram a padrões pré-estabelecidos pelo capitalismo? Há que se considerar que estamos inseridos em um contexto social em que a aparência é culturalmente valorizada e há infinitos recursos para transformar esse corpo no “ideal”. Como essa realidade poderia ser contextualizada pelo Professor de Educação Física em seus mais diferentes ambientes de trabalho?
De uma sociedade para outra, assim como de uma época para outra, a construção da imagem corporal é variável. Gonçalves (1994) relata que o homem pensa, age, sente e se expressa de acordo com convenções preestabelecidas que são impostas e que instigam as pessoas a se comportarem e buscarem os estereótipos padronizados, legitimando, portanto, uma visão de mundo em grupo. Sob esse ponto de vista, podemos inferir que o homem não vive seu corpo à sua maneira ou vontade, pois depende de uma subjetiva aprovação social de suas tomadas de decisão e conduta, ou seja, o corpo deve se comportar conforme as regras da sociedade à qual pertence. Na Era Medieval, a mulher bonita, por exemplo, apresentava formas arredondadas e volumosas que inspiravam pintores e artistas; no século XX, por exemplo, o ideal é marcado pelo corpo “malhado” e ser saudável é sinônimo de estar dentro de padrões esteticamente estabelecidos pela mídia. A propósito, Arnold Schwarzenegger é lembrado por seu físico desde a década de 1970, não é mesmo? A imagem corporal, nesse contexto, não surge das experiências vividas, mas de um corpo pré-determinado por modelos impostos e pelos valores culturalmente construídos. Ainda na década de 1980, a obsessão por corpos delineados por músculos bem aparentes promoveu o crescimento de academias, clínicas de estética e beleza, procedimentos de lipoaspiração, spas e cirurgias. Assim, configurou-se uma época em que o corpo musculoso é sinônimo de vigor e sucesso.
RELAÇÕES DO CORPO COM O AMBIENTE E COM O OUTRO
Em 2016, Ano Olímpico, o Brasil sediou as Olimpíadas no Rio de Janeiro e, nesse mesmo período, pesquisas sobre a beleza estética elencaram os atletas mais bonitos, de ambos os sexos. Corpos vitrines para empresas de diferentes segmentos divulgaram suas marcas. Quem vivenciou esse período histórico pode refletir sobre como os Jogos Olímpicos, além, claro, de sua genuína beleza e propósito, também se contaminam por interesses puramente comerciais. Ainda nesse contexto olímpico, em que o objetivo do atleta é quebrar alguma marca considerada instransponível, há, desde o século XIX, o uso do doping, ou substâncias ilegais ingeridas para postergar fadiga, classificados em analgésicos, diuréticos, esteroides anabolizantes e hormônios peptídicos. Considerando que um atleta ganha dinheiro enquanto está vencendo, issose torna um requisito obrigatório, pois em competições oficiais o importante é vencer. Esse paradigma levantou questões dualísticas, como, por exemplo, corpo exaltado (vitorioso), corpo humilhado (perdedor). No cenário olímpico, é importante a consciência de que, para estar na arena esportiva, o corpo é submetido a treinamentos exaustivos e dietas restritivas, ou seja, o corpo é submisso ao esgotamento (SANTIN, 1994). 
Medina (2014, p. 152) relata que não é fácil formar cidadãos quando o sistema pede robôs. Tão pouco é fácil desenvolver atletas-cidadãos, críticos e conscientes em um sistema que apela para máquinas submissas e descartáveis, quando deixam de apresentar um resultado anteriormente delineado. Se um professor ou profissional de Educação Física organizasse uma olimpíada recreativa para promover o pensamento, não de vencer o outro, mas de vencer a si mesmo em suas dificuldades e limitações, você acha que essa intervenção mudaria a percepção dos alunos em relação à competitividade?
Atualmente, os profissionais da saúde carregam consigo preocupações sobre um ideal de beleza que se estabeleceu na década 1990: a magreza. A indústria estimula, fortifica e estandardiza um corpo ideal em detrimento do corpo real, ou seja, perfeito e magro, aumentando a repercussão de cobrança e insatisfação de quem está fora desse estereótipo. Nesse período o número de casos de anorexia e bulimia tiveram um aumento significativo. A anorexia está relacionada a um desejo obsessivo de emagrecimento e também com a distorção da própria imagem, e a bulimia relaciona-se a uma compulsão por comer e seguidamente provocar vômito. Assim, o corpo alienado e escravizado pela indústria cultural molda e estimula práticas de modo a fazê-lo esquecer das próprias vontades e desejos. Lembramos, assim, que não só o corpo, mas o comportamento dos indivíduos vem sendo “doutrinado” a ponto de perder a própria identidade, pois essas circunstâncias reprimem emoções e legitimam, portanto, uma imposição local.
Considerando o contexto histórico da Educação Física de caráter higienista e militar de antigamente, os corpos eram classificados de acordo com aptidões e capacidade para a prática de exercícios específicos. O entendimento do que é a corporeidade foi minimizado ao físico tão somente, e se encontra, por vezes, atrelado a padrões que precisam ser discutidos e desmitificados. Para além do corpo físico, a Educação Física caminha para a direção corpo-sujeito. Há muito tempo, o esporte, por exemplo, perdeu seu caráter lúdico, a ideia de brincar, confraternizar, comunicar por meio do cumprimento de regras, livre de ameaças. O esporte competitivo perdeu sua ludicidade e foi transformado em movimento com regras rígidas nos quais prevalece a disciplina e a instrumentalização do corpo que será preparado para trazer a vitória e manter seus patrocinadores. Para Santin (1992), a Educação Física e o Esporte não permitem ao corpo vivenciar suas ações e mobilidade, uma vez que a ele são impostas regras. Nesse sentido, é primordial refletir sobre os rumos desses saberes de forma que um auxilie o outro. Em detrimento à competição opressora, precisamos enfatizar a conquista de desafios, a superação não do outro, mas de si mesmo, especialmente na Educação Básica onde a Educação Física está presente. Werneck (1995) cita que os jogadores precisam se reconhecer como parceiros e não adversários, para que outras formas de vivenciar o esporte ultrapasse os limites do “esporte de alto nível” gerando regras em um contexto coletivo, no cultivo da assimilação dos significados sociais, culturais, históricos, políticos, experimentados e gestualizados por meio do corpo.
O Professor ou Profissional da Educação Física terá de construir juntamente com os seus alunos um ambiente democrático que promova a vivência de experiências corporais, dando sentido e significado para o movimento experienciado, e deverá atuar de forma humanística, para que todos os alunos, de algum forma, sejam capazes de experienciar e sentir prazer na atividade, ainda que dentro de suas possibilidades e limitações em detrimento da exigência da vitória a qualquer preço ou custo. Nessa perspectiva, a atuação da Educação Física volta-se para o aprendizado em um ambiente de alegria, bem-estar e emoção, com espaços garantidos para cooperação e companheirismo.
Atualmente, a Educação Física vem criando condições favoráveis para uma reflexão contemporânea e mais corajosa, no sentido de olhar para o indivíduo como ser uno, inteiro e global, permitindo fundamentalmente que o indivíduo se conheça, não somente do ponto de vista do corpo, mas também em suas potencialidades, capacidades e também suas imperfeições.
Freire (1994, p. 40) relata que a área pedagógica que carrega consigo o dever de proporcionar educação às pessoas para se saberem corpo, se notarem corpo, é a Educação Física. O mesmo autor, Patrono da Educação Brasileira, relata que os profissionais dessa área deverão direcionar suas ações para que os indivíduos reparem e, sobretudo, descubram sua corporeidade.
Despertar para os horizontes de uma Educação Física que proporciona a vivência e não o uso do corpo - essa nova perspectiva da área trará ensinamentos sobre o aprender a se perceber, com consciência, possibilidades e descobertas. É um convite para abandonar o corpo anatômico e priorizar o saber sobre si próprio, único e indivisível. Nos conhecemos pelos números que contabilizam o nosso peso e pelas medidas de nossas circunferências, quase nunca pela delicadeza sensível do nosso corpo, que pensa, que sente, até porque esses atributos não são mensuráveis. O aprendizado de ouvir o corpo precisa ser incentivado como mais uma tarefa para a Educação Física que promoverá novas formas de viver. Isso só será possível quando formos capazes de viver a nossa sensibilidade e, enfim, a do outro. Somos um corpo e temos que despertar a nossa sociedade para um reencontro do indivíduo com ele próprio e também com os demais.
A Educação Física deve ser integrada ao ato educativo voltado para a formação do cidadão em dimensão pessoal e social, relacionando-se ao movimento do ser humano, portanto, com sua corporeidade. Não devemos negar todo o seu contexto histórico, mas refletir sobre qual Educação Física estamos desenhando para o futuro. A Educação Física, dentro e fora da escola, deverá se comprometer de forma ímpar com os seus objetos de conhecimento, transmitindo-os nas diferentes modalidades do ensino e demais campo de atuação, no sentido de promover a liberdade na elaboração de trabalhos que se relacionem com as vivências corporais. Os movimentos experimentados contribuirão na construção e formação de novos princípios dos quais todos se beneficiarão pela sua prática. De acordo com Santin (1992), a efetivação dessa mudança será possível se pararmos para refletir em 4 aspectos: 1) olhar o ser humano reconhecendo-o como exclusivo, para além do ser pensante; 2) considerar o indivíduo que se move e que suas ações corpóreas vão além de uma atividade puramente anatômica, cinesiológica, possibilitando a prática das atividades a todos de forma a adequá-los ao seu biótipo, capacidades e inclusive, apropriar-se de programas de atividades físicas que promovam a neutralização dos efeitos negativos promovidos pelo trabalho; 3) saber que o indivíduo é um ser que brinca e carrega consigo a dimensão humana da ludicidade; 4) respeitar o indivíduo como um ser que sente, e aqui registra-se a urgência de se considerar a sensibilidade do ser humano. Assim, voltemos nosso olhar para o corpo-sujeito e não mais o corpo-objeto, e que a Educação Física seja área precursora dessas infinitas possibilidades que estão intimamente ligadas ao ser humano.
REFLITA
Após se deparar com as diferentes concepções de corpo e as dimensões da corporeidade, você consegue identificar e apontar características da Educação Física que você vivenciou na Educação Básica? Você alteraria alguma coisa nas aulas de Educação Física das quais participou?
EXEMPLIFICANDO
Em uma aula de Educação Física procure adaptaras atividades propostas para atender a todos os alunos de forma que tenham as mesmas oportunidades de vivência, não praticando a política dos mais habilidosos. Da mesma forma, tenha olhos primeiro para o ser que se movimenta e aprende, não apenas o movimento.
Destacamos que a Educação Física é uma área de conhecimento que deve privilegiar a reflexão sobre a formação de cidadãos, desmitificando estereótipos, valores e atitudes, buscando, portanto, humanizar cada vez mais suas práticas a partir de sua realidade e experiências.
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
Como produtos da gestualidade, as danças, jogos, lutas, esportes e ginásticas são conceituados como um conjunto de práticas que promovem a vivência de habilidades específicas às habilidades especializadas, assim como o contato com bagagens culturais das mais variadas etnias.
Sobre as danças, jogos, lutas, esportes e ginástica é correto afirmar que:
a.  São práticas corporais.
b.  São imagens corporais.
c.  São corpos fragmentados da Idade Média
d.  São atividades recreativas com fins competitivos.
e.  São projetos sociais.
Questão 2
Em determinada época da história, a concepção de ser humano era de unidade, globalidade, totalidade, ou seja, a alma, mente, inteligível estava em plena harmonia e equilíbrio com o corpo e com o sensível. As atividades desse tempo foram caracterizadas em atividades naturais, guerreiras, práticas utilitárias, rituais religiosos e práticas motoras.
Identifique o tempo histórico contextualizado e marque a alternativa correta:
a.  Idade Moderna.
b.  Primórdios dos Tempos.
c.  Renascimento.
d.  Idade Média.
e.  Antiguidade Ocidental 
Questão 3
A Educação Física deve ser integrada ao ato educativo voltado para a formação do cidadão em dimensão pessoal e social que se relaciona com a corporeidade e o movimento do ser humano. Santin (1992) incentiva a efetivação de novas perspectivas para a Educação Física, considerando algumas premissas que quebram paradigmas construídos e arrastados ao longo da história.
Dentro desse contexto, analise as afirmações a seguir.
I. Olhar o indivíduo como um ser único e não apenas como um ser racional. 
II. Considerar a prática das atividades a todos de forma a adequá-los ao seu biótipo e limitações. III. Saber que o indivíduo é um ser que brinca e carrega consigo ludicidade. 
IV. Deixar de lado o corpo-objeto e olhar para o corpo-sujeito.
É correto o que se afirma em:
a.  I, apenas.
b.  II, apenas.
c.  I e III, apenas.
d.  II e IV, apenas. 
e.  I, II, III e IV. 
REFERÊNCIAS
BONDÍA, J. L. Notas sobre experiências e ao saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, n. 19, p. 20-28, 2002.
FREIRE, I. M.; DANTAS, M. H. Educação e corporeidade: um novo olhar sobre o corpo. Holos, v. 4, p. 148-157, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3fblAOT. Acesso em: 27 abr. 2021.
FREIRE, J. B. Dimensões do corpo e da alma. DANTAS, E. H. M. Pensando o corpo e o movimento. Rio de Janeiro: Shape, 1994. p. 31-45.
GEERTZ, C. J. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
GONÇALVES, M. A. S. Sentir, pensar e agir: corporeidade e educação. Campinas: Papirus, 1994.
MAREGA, M.; CARVALHO, J. A. M. Manual de atividades físicas para prevenção de doenças. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2012.
MEDINA, J. P. S. Reflexões sobre a fragmentação do saber esportivo. MOREIRA, W. W. Educação física & esportes: perspectivas para o século XXI. Campinas: Papirus, 2014. 
NÓBREGA, T. P. Uma fenomenologia do corpo. São Paulo: Livraria da Física, 2010. PESSANHA, J. A. M. Platão: Vida e obra. 
PLATÃO. Platão: diálogos. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
SANTIN, S. Perspectivas na visão da corporeidade. Educação física & esportes: perspectivas para o século XXI. Campinas: Papirus, 1992.
WERNECK, C. L. G. O uso do corpo pelo jogo de poder na Educação Física. Belo Horizonte: Escola de Educação Física da UFMG, 1995.
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
O CORPO
Walquiria Batista de Andrade
Fonte: Shutterstock.
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CONCEITO-CHAVE
Agora, como professor de Educação Física do “Projeto Movimentar-se” você deverá refletir sobre o que os alunos poderão aprender diante das temáticas anteriormente propostas pelos seus gestores e poderá elencar, para este primeiro encontro com os seus alunos, a corporeidade. A partir da escolha deste objeto de conhecimento você deverá organizar uma roda de conversa para identificar e dialogar juntamente com os adolescentes os diferentes conceitos que o mundo em sua dinamicidade atribuiu ao corpo humano, desafiando-os a refletir sobre a forte influência dos diversos meios de comunicação e como ela promove impacto em nosso comportamento diante da vida, do próprio corpo, na relação consigo mesmo, com o outro e com o meio. Nessa dinâmica, você incentiva os seus alunos a construírem o pensamento crítico e reflexivo sobre si mesmos, de forma a serem o agente principal na construção de suas crenças, ideias e atitudes. Durante esse momento dialogado você levanta o seguinte questionamento: você é um corpo ou tem um corpo? Você poderá pedir para que seus alunos registrem suas respostas, justificando-as, e que, depois, organizem-se em pequenos grupos para conversarem sobre suas constatações e o que as justificam. Após realizarem o debate, você, professor, permite que os alunos se dividam em dois grupos para jogar basquete, atividade anteriormente solicitada pelos próprios alunos. Após estabelecer o tempo do jogo e algumas regras pontuais, você os incentiva a driblar, lançar, encestar a bola e também a passar a bola para diferentes companheiros de equipe, a respeitar todos os colegas, inclusive os que, naquele momento, não fazem parte do mesmo time, além de notar que todos, em momentos distintos, elaboram estratégias para melhorar o passe de bola, para melhor se movimentar em quadra, entre tantos outros aspectos que envolvem um jogo, vezes comemorando, vezes notando suas próprias limitações, ora se superando, ora se frustrando. Ao final da partida, você os reúne novamente e contextualiza a corporeidade no sentido que há acreditem acreditar que o corpo é como um compartimento utilizado para armazenar a mente, que promove pensamentos e sentimentos, como se mente e corpo fossem coisas distintas e separadas e que, por outro lado, há quem pense que é o próprio corpo e que tem a compreensão de que as ideias são criações corpóreas próprias, pois nascem no cérebro via sistema neural e que permitem, portanto, a realização de atividades corporais, entre elas a ação de jogar, mas também a de pensar. 
Esclareça que, sob a perspectiva da Educação Física, somos um corpo que transcende o físico, corpo que sente e que se movimenta em torno da necessidade e do querer e que, para além dos apelos midiáticos, é preciso cuidar do corpo que você é, com amor para que haja um desenvolvimento sadio e feliz. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA
PALESTRANDO
Dois anos depois de sua contratação, os gestores do “Projeto Movimentar-se” seguem encantados com o trabalho que você realiza com muita responsabilidade e dedicação, não exclusivamente pelos conteúdos abordados com os alunos, mas pelo carisma e empatia com que trata os seus colegas de trabalho e, em especial, aos alunos, sejam eles da sua turma ou não. Contudo, o professor Eugênio, coordenador de eventos do projeto, compartilha em uma das reuniões de alinhamento com todos os participantes envolvidos, exceto os alunos, que um número significativo de pais e mães têm requisitado orientações sobre como melhor lidar com seus filhos adolescentes, em sua maioria insatisfeitos com o próprio corpo, que permanecem mais tempo sentados interagindo em redes sociais do que fazendo atividades ou exercícios físicos. Além disso, alguns pais estão preocupados com o comportamento alimentar de seus filhos que varia assustadoramente de consumo excessivo de fast food e energéticos para dias sem alimentos. O “Projeto Movimentar-se” é composto por profissionais da área da Nutrição, Pedagogia, Assistência Social, Fisioterapia e Educação Física. Você gosta de falar em público, é assertivo e já tem a admiração dos paispelo trabalho que desenvolve e, por esses atributos, todos os colegas em consenso o elegeram para essa tarefa desafiadora. Você tomaria iniciativa de palestrar para os pais, não fosse o incentivo dos colegas de trabalho? Já falou em público alguma vez? Como foi essa experiência?
RESOLUÇÃO
Você deverá procurar referências baseadas em pesquisas científicas, para poder falar com propriedade sobre a relevância em ser fisicamente ativo e o quanto isso impacta na imagem corporal que se tem e que se constrói. Também deverá se reunir com os demais profissionais do “Projeto Movimentar-se” para ouvir sugestões, orientações e dicas sobre os temas que deverão ser abordados em sua palestra. Complementando essa ação, você poderá propor aos gestores que, além das práticas corporais já ofertadas duas vezes na semana pelo projeto, possam verificar a possibilidade de, em horários alternativos, oferecer oficinas de gastronomia, reabilitação, reforço escola, e práticas corporais ainda não contempladas pelo projeto, como esportes de aventura, esgrima, atletismo, ginástica acrobática, entre outras opções que despertem o interesse dos adolescentes. Palestre aos colegas de trabalho do projeto antes de palestrar para os pais, pois assim você estará mais seguro e preparado para transmitir sua mensagem.
NÃO PODE FALTAR
POSTURA E POSIÇÃO
Walquiria Batista de Andrade
Fonte: Shutterstock.
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PRATICAR PARA APRENDER
Caro aluno, seja bem-vindo, à Seção 2 - Postura e posição. Esperamos que nesta etapa de estudo você continue adquirindo conhecimentos importantes sobre os aspectos que envolvem o movimento humano. Movimentar-se em diferentes planos, sentidos e direções com a consciência da corporeidade contribuirá para que você entenda a tridimensionalidade do corpo humano.
Nesse contexto, convido-o a prestar atenção, a partir de agora, nos movimentos que você faz no dia a dia com objetivo de compreender suas etapas de realização, desde os mais simples até os mais complexos. Quem nunca viu um movimento desportivo na quadra ou na televisão e ficou pensando: como o atleta conseguiu fazer esse movimento? Comece a se familiarizar com os movimentos a partir da atenção que você desprenderá para analisar e tentar compreender cada movimento, pois essa simples atividade melhorará tanto a sua percepção corporal como a percepção de movimentos que compõem diferentes modalidades esportivas, atividades físicas e uma variedade de exercícios físicos.
Conhecer e, acima de tudo, compreender sobre o conjunto organizacional do movimento humano é um convite para refletir sobre os planos e eixos cardinais, sobre a postura corporal, a respiração e muitos outros aspectos que contribuem de forma significativa para o professor e/ou profissional de Educação Física melhorar a técnica e a qualidade dos movimentos em diferentes contextos. Quanto mais conhecimento a respeito dos fatores que envolvem o corpo humano você tiver, melhor compreenderá as ações musculares que compõem os movimentos, melhor explicará o porquê da ação e, principalmente, saberá sobre como realizar de forma correta um exercício para que não haja prejuízo motor, lesões musculares ou articulares, promovendo melhor eficácia nos resultados propostos. 
O “Projeto Movimentar-se” continua crescendo na região onde você trabalha e, cada vez mais, crianças participam das atividades corporais promovidas pelos seus agentes e professores. Porém agora, no terceiro ano como professor do projeto, você assumiu uma turma de alunos com idade entre 6 e 7 anos, que nunca haviam antes participado do projeto. Em um dos primeiros encontros, você decide promover uma aula repleta de jogos e brincadeiras para que as crianças interajam entre si e para que a ludicidade seja, para as crianças, um fator motivacional de participação. Entre os jogos e brincadeiras que você propõe estão as mais populares: pular amarelinha, pular corda e cabo de guerra. Durante as atividades, você percebe que as crianças não sabem pular corda, têm dificuldade para pular em um pé só, dificuldade em jogar a pedrinha na amarelinha e caem muito facilmente durante o cabo de guerra, demonstrando a necessidade de vivenciarem movimentos básicos para aumentar o repertório de movimentos corporais. Considerando todo este contexto, de que forma você utilizaria os conhecimentos abordados nesta seção para enriquecer o aprendizado da sua turma? Sobre a questão postural, você falaria diretamente com os pais ou com as crianças, mesmo elas tendo apenas 6 e 7 anos de idade? Quais tipos de atividade você organizaria como estratégia para enriquecer o repertório de movimentos corporais dos seus alunos? Você conversaria com o seu gestor antes de montar qualquer estratégia? 
Sua motivação leva ao aprendizado. Bons estudos. 
CONCEITO-CHAVE
A área que estuda os movimentos do corpo humano é denominada Cinesiologia. Você já tinha ouvido falar desse termo? Os conhecimentos fundamentados na Cinesiologia são essenciais para a Educação Física porque ela explica, na teoria e na prática, como as ações musculares são organizadas e sistematizadas em nosso corpo. Além de estudar o movimento humano, conheceremos alguns conceitos que embasarão a nossa prática para promover ações anatômicas, funcionais e musculares da maneira correta. Nesse contexto, o profissional ou o professor de Educação Física poderá orientar e corrigir os seus alunos com o objetivo de melhorar a qualidade do movimento, otimizar resultados e prevenir dores e lesões. Para tanto, é necessariamente importante estudar sobre os planos e eixos anatômicos que compõem a estrutura corporal humana, assim como as questões voltadas para o alinhamento postural, repouso, respiração, posição inicial e final do movimento.
PLANOS E EIXOS ANATÔMICOS
Partimos da construção do conceito de simetria para que você compreenda melhor os planos anatômicos do corpo humano. Quando dividimos um elemento em duas partes e essas partes são iguais dizemos que há simetria. Se você olhar para a figura do corpo humano em sua posição anatômica, isto é, em pé e com o rosto voltado, membros superiores, membros inferiores, palmas das mãos e pés voltados para frente, perceberá que há uma simetria bilateral a partir de um plano vertical “S” imaginário posicionado bem ao centro do corpo humano. Considerando esse eixo vertical, o corpo humano estará dividido em lado direito e lado esquerdo e a este plano simétrico anatômico seccional chamamos de Plano Sagital. Porém, podemos ainda dividir o corpo traçando um plano imaginário “F”, de forma a dividir o corpo humano em parte da frente e parte de trás, ou seja, parte anterior e parte posterior, respectivamente. A essa secção denominamos Plano Frontal ou Coronal. Ainda podemos imaginar que podemos seccionar o corpo em parte de cima e parte de baixo, ou seja, parte superior e parte inferior. Se traçarmos um plano imaginário “T” na altura do Centro de Gravidade do corpo humano em posição anatômica conseguiremos, então, visualizar o Plano Transverso (DOBLER, 2003).
A Figura 1.1 e a Figura 1.2, a seguir, poderão auxiliar no entendimento da posição e dos planos anatômicos, respectivamente.
Figura 1.1 | Posição anatômica do corpo humano
Fonte: Shutterstock.Figura 1.2 | Planos anatômicos do corpo humano
Fonte: Shutterstock.
O plano sagital, frontal e transversal possui eixos perpendiculares que atravessam o corpo em posição anatômica; você perceberá que a partir dos Planos e Eixos Anatômicos relacionados será possível compreender melhor a localização exata do eixo de cada movimento, e esse entendimento irá beneficiá-lo para realizar, por exemplo, a identificação das articulações recrutadas e dos músculos envolvidos em cada ação motora, a percepção relacionada às forças que agem sobre as articulações e as trocas de funções por grupo muscular envolvido no movimento.
Veja nas Figuras 1.3, 1.4 e 1.5 sobre os Planos e seus respectivos Eixos Anatômicos:
Figura 1.3 | Plano sagital e seu eixo perpendicular transverso látero-lateral
Fonte: Shutterstock.Figura 1.4 | Plano frontal e seu eixo perpendicularanteroposterior
Fonte: Shutterstock.Figura 1.5 | Plano transverso e seu eixo perpendicular longitudinal
Fonte: Shutterstock.
Sabemos que os movimentos que podem ser realizados pelo corpo humano oferecem infinitas possibilidades. Para aprender a nomeá-los listamos no Quadro 1.1 os termos técnicos que consideramos mais utilizados na análise de um movimento. Após se apropriar destes termos, você é convidado para descrever e classificar alguns movimentos em seus planos e eixos anatômicos correspondentes. Você aceita esse desafio?
Quadro 1.1 | Expressões e Descrições Anatômicas
	
	Decúbito dorsal
	Corpo deitado com o ventre voltado para cima.
	Decúbito Ventral
	Corpo deitado com o ventre voltado para baixo.
	Decúbito Lateral
	Corpo deitado lateralmente, ou seja, de lado.
	Anterior / Frontal
	À frente do corpo em posição anatômica.
	Posterior / Dorsal
	Atrás do corpo em posição anatômica.
	Superior / Cranial
	Acima do corpo em posição anatômica.
	Inferior / Caudal
	Abaixo do corpo em posição anatômica.
	Medial
	Próximo ao plano sagital.
	Lateral
	Próximo ao plano sagital mediano.
	Mediano
	Sobre o eixo sagital mediano.
	Intermédio
	Entre o medial e o lateral.
	Médio
	Entre o anterior e o posterior.
	Proximal
	Próximo ao tronco.
	Distal
	Longe do tronco.
Fonte: elaborado pelo autor.
As expressões e descrições anatômicas do corpo humano, estático ou não, são fundamentais para a compreensão sobre como um movimento é realizado, e pensá-lo dessa maneira permitirá que você, profissional, descubra formas mais efetivas para ensinar, corrigir e otimizar os movimentos dos seus alunos. Para além do movimento, seja no esporte, nas atividades diárias, durante um exercício físico ou nas aulas de Educação Física, é essencial que a saúde seja promovida com qualidade e responsabilidade. Veja no Quadro 1.2 as descrições anatômicas de alguns movimentos articulares que podem ser realizados pelo corpo humano.
Quadro 1.2 – Articulações e Descrições Anatômicas
	
	Flexão
	Quando há diminuição angular da articulação em movimento.
	Extensão
	Quando há aumento angular da articulação em movimento.
	Abdução
	Quando há afastamento em relação à linha medial em movimento.
	Adução
	Quando há aproximação em relação à linha medial em movimento.
	Circundução
	Quando há movimento em forma de círculos de qualquer membro.
	Rotação
	Quando há movimento de rotação em torno do eixo longitudinal.
Fonte: elaborado pelo autor.
Você já havia se deparado com essas expressões dos Quadros 1.1 e 1.2? Todas as profissões utilizam termos técnicos para se comunicar com os colegas e até mesmo para orientar seus clientes ou alunos. Agora que você escolheu sua área de atuação profissional, é muito importante que se familiarize com o vocabulário específico da Educação Física.
Consegue perceber que, alicerçado nesse embasamento cinesiológico, o profissional ou professor de Educação Física terá melhores condições de aliar esse conhecimento teórico à prática quando necessário for, por exemplo, identificar os músculos e suas funções envolvidas nas contrações musculares e as articulações envolvidas em um movimento qualquer? Pegue uma bola imaginária de voleibol e simule o movimento de um saque a partir da linha de fundo da quadra de jogo. Pense que a posição de saque organiza-se desde a posição dos pés, joelho, tronco, braços, cabeça, ou seja, temos uma posição inicial ao se preparar para o saque e uma posição final após sua realização. Em que eixo e plano a bola é golpeada? Quais os músculos e articulações envolvidos no momento do movimento? O movimento completo de realizar o fundamento saque no vôlei envolve mais de um plano e/ou eixo seccional anatômico? Para responder a essas perguntas você terá que conhecer, analisar e aplicar os princípios da Cinesiologia Básica e da Biomecânica. Também é importante considerar fatores como as causas e efeitos do movimento em análise, pois esse conhecimento auxiliará o profissional ou professor de Educação Física a determinar um linear tolerável entre um estímulo externo e a capacidade de cada indivíduo (HIGINO, 2002). 
Espelhando esse cenário para aspectos voltados à saúde das pessoas, nota-se a relevância indiscutível desse conhecimento para melhorar os componentes da aptidão física das pessoas, por meio de programas de exercício físico, atividade física, orientações e outras intervenções, para manter ou promover melhor qualidade de vida.
Para refletir sobre os questionamentos propostos, sugerimos que você analise as informações do Quadro 1.3.
Quadro 1.3 | Eixos, planos e sentido do movimento
	Eixos
	Planos
	Movimento articular
	Sentido do movimento
	Látero-lateral
	Sagital
	Flexão e extensão
	Para frente e para trás: caminhar, rolamentos, etc.
	Anteroposterior
	Frontal
	Abdução e adução
	Para um lado e para outro: reversão lateral, flexão lateral, etc.
	Longitudinal
	Transversal
	Rotação
	Ao redor do próprio eixo: rotação da coluna, giro da bailarina ou ginasta, etc.
Fonte: elaborado pelo autor.
Agora que você já se deparou com os Planos e Eixos Anatômicos do corpo humano, vamos avançar nesse conteúdo para que você entenda a relevância desse assunto para outros aspectos do corpo humano, como o alinhamento postural, o repouso e a respiração.
ALINHAMENTO POSTURAL
O processo de evolução da espécie humana leva-nos a refletir sobre como nossos ancestrais se movimentavam e como nós nos movimentamos nos dias de hoje. A locomoção, por exemplo, certamente passou por transformações do andar em quatro apoios (quadrúpede) para 2 apoios (bípede). Pensando dessa forma, logo relacionamos esse contexto histórico com questões posturais do corpo humano e, consequentemente, com as características da coluna vertebral, da estabilidade e do centro de gravidade.
É importante destacar que, para que haja postura, é necessário que haja equilíbrio. Esses dois fatores estão diretamente relacionados ao bem-estar geral e à qualidade de vida dos indivíduos. O professor ou profissional da Educação Física deverá se manter sempre atualizado com sua área de conhecimento, especialmente sobre o funcionamento do corpo humano. Essa proficiência lhe permitirá identificar as limitações corporais na prática de uma atividade ou exercício físico e poderá, enfim, ofertar serviços em avaliação física e diferentes intervenções em saúde.
A postura corporal é conceituada por Lehmkuhl (1989) como uma forma de os indivíduos conseguirem sustentar a estrutura corporal. Para manter a postura saudável do corpo é fundamental que estejam envolvidas questões que se relacionam com o controle postural e sua estabilidade, assim como compreender a interação entre o sistema musculoesquelético e o sistema neural, pois é por meio desse entendimento que o Professor de Educação Física estará apto para criar diferentes estratégias para promover, desenvolver e contribuir para a manutenção das posições do corpo humano que são mais eficazes, minimizado, portanto, possíveis desgastes nos aspectos da locomoção.
O alinhamento corporal, ainda que consideremos o princípio da individualidade biológica, contribuirá para o corpo extrair o máximo de eficácia nos âmbitos da fisiologia e da biomecânica, evitando prejuízos causados por stress e esforço, que resultam em desvios posturais sérios, como a hiperlordose, hipercifose, escoliose, etc.
A hiperlordose é caracterizada pela curvatura acentuada entre as vértebras da cervical e da lombar. Já na hipercifose esse aumento na curvatura manifesta-se nas vértebras da dorsal, e por esse motivo as vértebras torácicas se sobressaem nas proximidades do ombro. A escoliose é caracterizada pela rotação das vértebras e pode se apresentar em forma de “C” quando o desvio é centralizado na região das vértebras torácicas ou lombares, por exemplo, ou em forma de “S” quando há ao menos duas curvaturas como, por exemplo, uma curvatura à direita na região torácica, e outra à esquerda na região lombar. Veja na Figura 1.6 a comparação do posicionamento correto da coluna vertebral com os desvios posturais comuns.
Figura 1.6 – Desvios posturaisFonte: Shutterstock.
Para o corpo se manter em equilíbrio o centro de gravidade do indivíduo em posição ortostática (posição anatômica) deverá estar sobre o centro de certas articulações, considerando os diferentes planos e eixos anatômicos do corpo.
O centro de gravidade é determinado pelo centro da massa que se relaciona com a força gravitacional do planeta Terra. Em um corpo em que a simetria e distribuição de massa são perfeitos, localizamos o centro de gravidade exatamente no seu centro. O corpo humano apresenta simetria bilateral sob o ponto de vista do plano sagital, portanto, o centro de gravidade corporal está localizado próximo à região umbilical; contudo, o centro de gravidade pode ser alterado porque dependerá do movimento e das posições em que se encontra a estrutura corporal.
Promover estratégias para avaliar o alinhamento corporal dos seus alunos auxiliará na melhora da postura corporal que estará associada à prática de exercícios de alongamento, força e à prática de esportes que dão ênfase à bilateralidade.
Você sabia que manter o corpo por muito tempo em uma postura inadequada poderá provocar uma sobrecarga mecânica? Um exemplo disso está relacionado com as longas horas que passamos no celular, com a cabeça inclinada para baixo, sobrecarregando a coluna.
As regiões da coluna vertebral estão organizadas da seguinte forma: região cervical, composta por 7 vértebras; região torácica, composta por 12 vértebras; região lombar, composta por 5 vértebras; região sacral, composta por 5 vértebras que estão acopladas no sacro; região do cóccix, composta por 3 ou 4 vértebras que se acoplam no osso cóccix. Para além das vértebras, a coluna vertebral também possui músculos, discos invertebrais e ligamentos. Os discos invertebrais somam o total de 23 e estão presentes da segunda vértebra até a primeira vértebra do sacro. Eles são primordiais para a manutenção e alinhamento postural, pois sua função é amortecer e sustentar o peso. Veja a Figura 1.7 para melhor compreensão da organização da coluna vertebral.
Figura 1.7 – Coluna vertebral
Fonte: Shutterstock.
A respiração é uma necessidade fisiológica baseada na troca de gases entre o organismo e o ambiente. Para o corpo humano a respiração consiste na captação de oxigênio e exteriorização do Gás Carbônico (CO2). O principal músculo envolvido na respiração humana é o diafragma. O diafragma é um músculo estriado composto pela superfície torácica e pela superfície abdominal.
No contexto da Educação Física e do estudo do movimento humano precisamos entender quais são os processos respiratórios que merecem especial atenção. Para toda atividade ou exercício físico há interação do sistema circulatório que é composto pelo coração, vasos sanguíneos, sangue, linfa e vasos linfáticos, e o sistema respiratório, que é composto pelos pulmões, fossas nasais, boca, faringe, laringe, traqueia e brônquios, e os alvéolos pulmonares, com a função de distribuir todo o sangue pelo organismo e garantir as trocas de gases, respectivamente. Essa participação dinâmica entre os dois sistemas viabiliza intervenções em saúde, como a de estabelecer, por exemplo, o esforço durante uma atividade. O consumo de Oxigênio (O2) assim como os processos ventilatórios envolvidos em uma cadeira respiratória, contribuem durante a realização de uma atividade ou exercício físico para elevar os graus de intensidade. É interessante destacar que o consumo de oxigênio requerido pelos músculos durante uma atividade ou exercício físico são diferentes do consumo de um corpo em repouso. Em repouso estima-se um consumo de 38% de O2, enquanto em uma atividade que requer um esforço máximo estima-se um consumo de 95%. Compreendendo essa diferença, podemos refletir sobre o quanto o nosso corpo se adapta a diferentes intensidades de tarefas buscando continuamente o que chamamos homeostase.
A ventilação é responsável pela renovação do ar nos pulmões, que se dá no momento da inspiração, quando o ar entra nos pulmões, e na expiração, caracterizada pela saída do ar do sistema pulmonar. A literatura científica aponta que, quando estamos em repouso, inspiramos aproximadamente 10 litros de ar; já em movimento, esse número pode ser até 25 vezes maior.
Destacamos, portanto, que, durante a prática de uma modalidade esportiva ou qualquer outro exercício que exige certo esforço físico, deve-se dar importância à respiração correta. Você já percebeu o quanto a frequência cardíaca aumenta quando você, por algum motivo, tem que correr, seja apostando corrida em uma aula de Educação Física, seja em uma emergência? Alguns autores defendem que a respiração durante uma corrida deve ser mantida no ritmo de dois tempos por dois. O que isso significa? Que é necessário inspirar por dois tempos e expirar por outros dois tempos. Além disso, você já estudou sobre a importância da postura e do alinhamento corporal, não é mesmo? Assim, durante uma corrida, a coluna deve estar ereta para que haja equilíbrio entre os músculos, especialmente os do sistema circulatório, para que os pulmões possam inspirar a maior quantidade de O2 possível. Para todas as modalidades de exercício físico é importante considerar a forma correta de respirar, pois uma musculatura que recebe maior quantidade de oxigênio não se fatigará tão facilmente. Acontece que há uma variedade quase que infinita de modalidades esportivas e exercícios físicos para que se estabeleça um linear respiratório para cada uma delas. Vamos focar nossa atenção nas referências de base. 
Em um exercício, quando o pulmão demonstra espaço para expandir, devemos inspirar o ar e, quando este espaço diminui, devemos expirar. Seguindo essa lógica, como você orientaria a respiração em um exercício abdominal ou de agachamento? 
Perceba que, durante o exercício abdominal, o ar deve ser expelido quando o tronco estiver próximo às pernas, enquanto a inspiração deve ser realizada quando se está retornando à posição de início. Já em um exercício de agachamento, o ar deve ser inspirado na fase excêntrica, ou seja, durante a descida, portanto, expirado na fase concêntrica, durante a subida (SANTOS, 2018, p.11).
As técnicas de respiração durante as aulas de Educação Física e diferentes modalidades esportivas e exercícios físicos são fundamentais para manter a oxigenação nos músculos recrutados durante a prática. Uma respiração ritmada auxilia na performance, além de favorecer a distribuição de nutrientes para as células musculares e suas auxiliares durante o esforço físico.
REPOUSO E RESPIRAÇÃO
Agora que você já teve contato com informações importantes sobre o movimento humano e compreendeu os planos e eixos anatômicos, os aspectos do alinhamento postural, do repouso e da respiração, vamos complementar esse conteúdo expondo fatores relevantes ao ensinar um movimento, seja ele desportivo, funcional ou outro.
A elaboração de exercícios e a execução de cada movimento técnico proposto pelo professor ou profissional de Educação física deve considerar que o homem, diferente da maioria dos animais, precisa desenvolver habilidades para aprender a se locomover, movimentar-se e viver. Nesse sentido, há que se promover ambientes propícios para que o indivíduo aprimore questões voltadas à consciência corporal, que é desenvolvida por meio da motricidade humana. A presença da consciência corporal auxilia significativamente na realização de exercícios com técnicas e posições corretas. Embora as danças, jogos, lutas, esportes e ginásticas sejam exploradas em um universo lúdico, recreativo e educativo, essas práticas corporais são excelentes estratégias para ensinar movimentos específicos, com técnica e precisão.
Se olharmos para os movimentos realizados em diferentes modalidades de ginástica, por exemplo, vamos perceber com mais facilidade que eles são organizados de acordo com peculiaridades biomecânicas e pedagógicas, e que, por esse motivo, são particionados em posição inicial, desenvolvimento e posição final. Os exercícios resistidos (os que são realizados com os aparelhos de uma academia de musculação) tambémseguem esses princípios. Se observarmos diferentes fundamentos de modalidades esportivas encontraremos essas mesmas características, por exemplo, no saque no voleibol que, com posicionamento de pés, tronco, braços e cabeça corretamente alinhados, facilitará o êxito na execução, pois todo movimento específico segue uma organização pedagógica já estudada ou que o próprio profissional da Educação Física poderá desenvolver.
A posição inicial é a posição de início de um movimento/exercício, que contribui na organização estrutural do corpo, auxilia no aprimoramento da técnica e promove melhor compreensão da trajetória do movimento.
O desenvolvimento é a própria execução do exercício ou do movimento proposto.
A posição final é a posição de término de um movimento/exercício e, muitas vezes, ela se assemelha ou até mesmo é igual à posição de início.
É importante que os movimentos sejam ensinados sempre do mais simples para o mais complexo, e o professor deverá ficar atento à compreensão e entendimento do aluno em relação ao movimento que ele precisará executar.
ASSIMILE
Estudando os músculos que são atuantes na coluna vertebral, você perceberá que há os flexores e os extensores, esse último em maior quantidade. Essa organização anatômica-muscular nos ajuda a entender o quão mais fácil é fazer a flexão da coluna, pois nesse movimento contamos com a força da gravidade que atua para baixo, facilitando a extensão, enquanto, para fazer a extensão da coluna, embora contemos com um número maior de músculos, é necessário superar a força da gravidade.
REFLITA
Suponhamos que você esteja assistindo pela internet ou televisão uma série de Ginástica Rítmica, aquela em que as ginastas usam diferentes aparelhos - corda, bola, arco, maças ou fita. Lembrou? Ao assistir, você fica encantado com as possibilidades de movimentos que nunca teria imaginado se não tivesse visto. Nesse contexto, você conseguiria identificar qual plano anatômico e seu eixo correspondente é utilizado quando vê que a ginasta lança a bola, executa 3 rolamentos para frente e, em seguida, recupera a bola com os pés? Lembre-se que todo movimento é realizado em torno de um eixo e que cada eixo está localizado perpendicularmente ao seu plano correspondente. E se, ao invés de rolamento para frente, a ginasta tivesse realizado uma reversão lateral, popularmente conhecida como “estrelinha”, o plano e eixo correspondente seriam outros? É possível que em um mesmo movimento seja utilizado mais de um plano anatômico e mais de um eixo correspondente? Para responder a essas perguntas, acesse o vídeo explicativo Análise de Movimentos Articulares 1, disponível no canal do Youtube.:
EXEMPLIFICANDO
Em uma aula de Educação Física, procure observar a postura corporal dos seus alunos, procurando conscientizá-los sobre a importância em manter um alinhamento corporal ideal para usufruir de boa qualidade de vida por meio de práticas corporais. Em uma escola, por exemplo, converse com outros professores para que fiquem atentos à forma com que os alunos estão sentados na cadeira, pois é em uma sala de aula fechada que os alunos passam a maior parte do tempo. Se estiver em uma aula remota, pergunte aos alunos sobre qual postura estão posicionados, criando oportunidades para orientá-los em relação a esses aspectos do corpo humano.
Enfatizamos a importância dos conhecimentos aqui explorados para que o professor e o profissional de Educação Física possam promover aos seus alunos as mais ricas experiências de movimento, seja por meio de atividade física, exercício físico, práticas corporais ou modalidades esportivas. Que todas as propostas de ensino e aprendizagem sejam fundamentadas em conhecimentos já estudados e publicados na literatura científica, trazendo ao cotidiano profissional intervenções nas quais estejam presentes a responsabilidade, o bom uso dos termos técnicos, o incentivo na superação das próprias limitações e, acima de tudo, a ética.
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
Considerando que o corpo humano em sua posição anatômica pode ser compreendido por meio de planos e eixos anatômicos, analise as afirmações a seguir.
I. Auxiliadores da localização de cada estrutura corporal e da direção dos movimentos corporais, todo plano anatômico, seja ele sagital, frontal ou transversal, possui um eixo perpendicular, a saber: eixo látero-lateral, anteroposterior e longitudinal, respectivamente.
II. Os planos anatômicos auxiliam na compreensão da localização de cada eixo anatômico, e esse entendimento ajuda o profissional a identificar as articulações recrutadas e os músculos envolvidos em cada ação motora.
III. Sagital é o nome do plano anatômico que possui o eixo Látero-Lateral como seu perpendicular. Nesse plano é possível imprimir movimentos articulares de flexão e extensão, assim como movimentos de caminhar para frente e para trás.
Está correto o que se afirma em:
a.  I, apenas.
b.  II, apenas. 
c.  I e III, apenas.
d.  II e III, apenas.
e.  I, II, III.
Questão 2
O alinhamento corporal e questões relacionadas à postura contribuem em muito para que o corpo possa conferir o máximo de eficácia nos âmbitos da fisiologia e da biomecânica, evitando prejuízos causados por estresse e esforços que resultam em desvios posturais sérios, como a hiperlordose, hipercifose, escoliose, etc.
Sobre a hiperlordose, assinale a alternativa que corresponde à resposta correta.
a.  A hiperlordose é caracterizada pela curvatura acentuada entre as vértebras da cervical e da lombar.
b. A hiperlordose apresenta aumento na curvatura da coluna e se manifesta nas vértebras da dorsal.
c.  A hiperlordose é manifestada nas vértebras torácicas que se sobressaem nas proximidades do ombro.
d.  A hiperlordose é caracterizada pela rotação das vértebras e pode se apresentar na forma de “C” quando o desvio é centralizado na região das vértebras torácicas.
e.  A hiperlordose é caracterizada pela rotação das vértebras em “S” quando há ao menos duas curvaturas: uma à direita na região torácica e outra à esquerda na região lombar. 
Questão 3
Os movimentos corporais realizados em diferentes modalidades de ginástica são, em geral, organizados de acordo com suas peculiaridades biomecânicas e pedagógicas; por esse motivo, são particionados em posição inicial, desenvolvimento e posição final. Nesse contexto, analise as afirmações a seguir.
I. A posição inicial de um movimento é a posição de início que contribui para a organização estrutural do corpo, auxiliando-o no aprimoramento da técnica e promovendo uma melhor compreensão da trajetória do movimento.
II. O desenvolvimento de um movimento é a própria execução do exercício ou o movimento proposto no processo pedagógico.
III. A posição final do movimento é a posição de término de um movimento/exercício e, muitas vezes, assemelha-se ou é igual à posição de início.
Está correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. I e III, apenas.
d. II e III, apenas.
e.  I, II e III. 
REFERÊNCIAS
ANÁLISE de Movimentos Articulares [S. l.; v. 1], 2016. Vídeo 24 min. Publicado pela canal: Movimento Humano. Disponível em: https://youtu.be/4DITxRK7czs. Acesso em: 28 abr. 2021.
DOBLER, G. Cinesiologia. São Paulo: Manole, 2003.
HIGINO, N. Apostila de sala. in: Planos e Eixos dos Movimentos Corporais. UNAMA, 2002.
LEHMKUHL, L. D.; SMITH, L. K. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. São Paulo: Manole, 1989. 
SANTOS, E. D. Manual do Movimento Agachamento. 63 páginas. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2018.
TEIXEIRA, L. R.; VANÍCOLA, M. C. A postura corporal nos programas de educação física. Revista da Escola Superior de Educação Física de Pernambuco, v. 1, n. 1, p. 7-14, 2001.
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
POSTURA E POSIÇÃO
Walquiria Batista de Andrade
Fonte: Shutterstock.
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SEM MEDO DE ERRAR
Para a faixa etária entre 6 e 7 anos, você reconhece a importância em promover atividades que vão oportunizar às crianças conhecer melhor o seu corpo, principalmenteem relação às possibilidades de movimentos que abarcam as habilidades básicas de locomoção, estabilização e manipulação. A partir do entendimento de que o corpo possui diferentes planos e eixos anatômicos você deverá organizar movimentos que contemplem a maior variedade possível de movimentos que considerem a tridimensionalidade do corpo humano. Uma sugestão de estratégia seria promover circuitos motores desafiantes nos quais as crianças pudessem passar repetidamente por eles, mas de forma divertida e motivante. Para planejar os desafios do circuito, você deverá aplicar o conhecimento baseado na cinesiologia a respeito dos eixos e planos anatômicos, assim como os conhecimentos sobre o repouso, a respiração e a posição inicial e final dos movimentos. 
A partir desses entendimentos você poderá propor diferentes formas de caminhar; durante o percurso, mostre como andar de frente, para trás, de lado, do outro lado, engatinhando, agachado (Plano Sagital), lembrando que todo movimento se dá em torno de um eixo anatômico, nesse caso, o eixo látero-lateral. Querendo contemplar todos os planos, você também pode incluir no trajeto do circuito movimentos de um lado para o outro, saltando com os dois pés, um pé só, também simulando o andar dentro de um barco alternando lateralmente pé direito e esquerdo, assim como os giros, imitando bailarinas ou ginastas, estabelecendo padrões de posição inicial e final para alguns dos movimentos. Percebe o quanto o conhecimento sobre eixos e planos contribui para enriquecer os movimentos em um trajeto motor? Após cada trajetória realizada “com sucesso”, você poderá conversar com os seus alunos pedindo para que percebam a alteração na respiração, promovendo momentos de pausa ao retornar para o início do trajeto.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
A BOA POSTURA
Ao praticar as atividades corporais no “Projeto Movimentar-se”, as crianças têm um intervalo de 15 min para tomar lanche no refeitório. Ao acompanhar a sua turma durante o intervalo, você percebe que os seus alunos sentam-se no banco do refeitório e se debruçam na mesa, de forma que o cotovelo fica apoiado na mesa e a cabeça descansa sobre a palma da mão na maior parte do tempo, ficando a coluna vertebral curvada. Você compartilha o comportamento dos seus alunos com os demais professores e percebe que isso ocorre não somente na sua turma, mas o problema é geral. E agora? Você sabe que as questões posturais são extremamente importantes para a qualidade de vida de um ser humano e que elas interferem no crescimento, desenvolvimento e qualidade do movimento, seja ele para as atividades da vida diária, seja em modalidades esportivas. Quais ações você proporia para minimizar as questões posturais dos alunos do “Projeto Movimentar-se”? Faria algo somente pela sua turma, afinal, somente ela está sob sua responsabilidade?
RESOLUÇÃO
Em conjunto com os outros professores você procura o coordenador do “Projeto Movimentar-se” e apresenta a questão postural como algo essencial na vida do ser humano, enfatizando que essas questões não podem simplesmente passar em branco visto que são profissionais da saúde e os olhares precisam estar atentos para além das práticas corporais. Nesse contexto, o coordenador incentiva a conscientização por meio de práticas que envolvam os alunos e seus pais. Assim, você e os demais professores organizam uma palestra em forma teatral que aborde questões posturais para diferentes faixas etárias. No teatro haverá um personagens com hiperlordose, hipercifose e escoliose, além dos personagens que trarão informações sobre como manter a boa postura e o alinhamento corporal ideal ao longo da vida.
NÃO PODE FALTAR
MOTRICIDADE HUMANA
Walquiria Batista de Andrade
Fonte: Shutterstock.
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PRATICAR PARA APRENDER
Caro aluno, seja bem-vindo à Seção 3 – Motricidade Humana. Nesta seção exploraremos conteúdos que fundamentarão o seu processo de aprendizagem e a apropriação do conhecimento em relação aos movimentos anatômicos, educação “do” e “pelo” movimento, as cadeias musculares e desordens do movimento. Quanto mais você ampliar o seu conhecimento com os mais variados assuntos que englobam a Educação Física, mais preparado você estará para atuar profissionalmente no futuro. Saber interpretar e descrever um movimento, compreendendo plano, eixo e cadeias musculares envolvidas, bem como, saber nomeá-los corretamente, vai permitir que seus alunos percebam o quanto você está preparado para os atender e o quanto seus conhecimentos poderão propiciar a aprendizagem de um movimento, tanto quanto executá-lo com qualidade. Além disso, estará preparado para olhar não apenas o movimento, mas o indivíduo que se movimenta, o contexto em que está inserido, propiciando às pessoas uma educação não limitada “do” ou “pelo” movimento, mas, de fato, uma educação de corpo inteiro, que seja democrática e que preze pelos princípios da igualdade, equidade e diversidade. 
Você já parou para pensar nos aspectos Biomecânicos, Cinesiológicos e Físicos que envolvem a simples ação de caminhar? Nesta seção você poderá compreender o quão importante é conhecer os aspectos envolvidos no movimento humano, o que certamente contribuirá para que você, futuro professor e/ou profissional, atue com segurança e sabedoria no campo de trabalho.
O “Projeto Movimentar-se”, vinculado à Fundação de Esportes da sua cidade, além de promover diferentes práticas corporais para crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos, implantou uma frente de ações para melhorar a qualidade de vida da população mais idosa, já que esse público tem crescido cada vez mais ano a ano. Para tanto, os gestores do projeto convocaram seus Professores de Educação Física para convidar o público acima de 60 anos para se engajar no projeto e, mais do que isso, solicitar propostas de atividades para promover saúde durante o processo de envelhecimento das pessoas. Agora, você é o professor mais experiente do “Projeto Movimentar-se” e, por esse motivo, os gestores solicitaram que você trouxesse sugestões de propostas de atividades e exercícios físicos para a população idosa na próxima reunião. Diante dos conhecimentos construídos nesta unidade, quais atividades você recomendaria e como seriam norteadas as suas ações profissionais no “Projeto Movimentar-se” frente a essa novidade? 
Espero que todo conteúdo seja explorado com motivação e que, acima de tudo, faça sentido em sua trajetória acadêmica. Lembre-se que os mais diferentes assuntos a serem abordados durante a sua formação deverão ser associados e relacionados em todo o tempo, com a teoria e o saber fazer na prática.
Bons estudos! 
TÍTULO PADRÃO
MOVIMENTOS ANATÔMICOS
O movimento está entre as mais variadas funções que o corpo humano precisa realizar simultaneamente para que haja a manutenção da vida. Compreendendo que o funcionamento do nosso corpo, em toda sua estrutura física e biológica, não é algo assim tão simples, optamos por apresentá-lo pedagogicamente, dividido em partes, para aproximar você do conhecimento. Basicamente podemos dividir a estrutura física em 3 segmentos: 1) cabeça e pescoço; 2) tronco, subdividido em tórax e abdômen; 3) membros, subdivididos em superiores (braços, antebraços e mãos) e inferiores (coxas, pernas e pés). Essa divisão limita-se às regiões corporais, porém há outras divisões que podem ser estudadas e embasadas nas diferentes funções e principais órgãos do corpo humano, como o sistema musculoesquelético, cardiorrespiratório, geniturinário e circulatório. Eleger qual sistema é o mais importante é uma tarefa complexa, porque o funcionamento e a interação entre eles são cruciais para manter bons índices de saúde e qualidade de vida. 
Nesta seção vamos explorar os movimentos anatômicos por meio do sistema musculoesquelético (sistema muscular + sistema esquelético) que basicamente compõe o aparelho locomotor que interage com o sistema nervoso. O sistema esquelético é formado por ossos e articulações e sua principal função é a de proteger órgãos vitais, sustentar a estrutura muscular, além de armazenar Cálcio

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