Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 www.soeducador.com.br Psicomotricidade SUMÁRIO PSICOMOTRICIDADE .............................................................................................. 4 História da Psicomotricidade no Brasil ...................................................................... 6 A evolução da Psicomotricidade ............................................................................... 7 A Psicomotricidade na organização funcional cerebral............................................ 12 ORIGEM DA VIDA - GÊNESE ................................................................................ 17 Origem das Espécies - Filogênese .......................................................................... 18 Ontogênese ............................................................................................................ 19 Sensação ................................................................................................................ 21 Percepção ............................................................................................................... 21 Formação de Imagem ............................................................................................. 22 Simbolização ........................................................................................................... 22 Relações Interpessoais ........................................................................................... 23 Elementos da psicomotricidade ............................................................................... 27 Esquema corporal ................................................................................................... 27 A organização do corpo no espaço (organização espacial) ..................................... 28 A dominância lateral ................................................................................................ 29 O equilíbrio .............................................................................................................. 29 A organização latero-espacial ................................................................................. 29 A coordenação dinâmica ......................................................................................... 30 DESENVOLVIMENTO MOTOR .............................................................................. 31 AS ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE.................................................................... 32 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ........................................................................... 32 PERCEPÇÃO.......................................................................................................... 32 COORDENAÇÃO .................................................................................................... 32 ORIENTAÇÃO ........................................................................................................ 33 CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE ............................................... 33 HABILIDADES CONCEITUAIS ............................................................................... 35 HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO............... 35 Distúrbios Psicomotores .......................................................................................... 36 3 www.soeducador.com.br Psicomotricidade DEFINIÇÃO DE DISTÚRBIO PSICOMOTOR ......................................................... 37 ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTÚRBIO PSICOMOTOR .................................. 38 Teorias e Exercícios em Psicomotricidade .............................................................. 39 ESQUEMA CORPORAL ......................................................................................... 39 COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL ...................................................................... 40 COORDENAÇÃO DINÂMICA GERAL .................................................................... 41 MOTRICIDADE FINA DAS MÃOS E DOS DEDOS ................................................. 41 CUIDANDO DAS MÃOS ......................................................................................... 42 AMASSANDO A MASSA ........................................................................................ 42 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL ................................................ 42 EXERCÍCIO DE ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL........................ 43 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 44 4 www.soeducador.com.br Psicomotricidade PSICOMOTRICIDADE A educação pelo movimento ao longo do tempo contribuiu para que cientistas e precursores analisassem a evolução da motricidade humana como um todo. Os gregos analisavam o corpo negligente em função da mente, acreditava-se que a mente não tinha relação com o corpo e seus sentidos. Dessa forma, marcos históricos estimularam profissionais ousados a novos desafios no século XIX. A Psicomotricidade surgiu na França (1900-1940), em Paris, sendo Dupré o seu precursor ao evidenciar a “Síndrome da Debilidade Motora”. Verificou que existia uma estreita relação entre anomalias psicológicas e anomalias motrizes, levando em consideração a recordação do corpo passado, a valorização do corpo presente e a reabilitação do corpo futuro. O corpo passa a ser estudo de profissionais das áreas: neurológica, psiquiátrica e psicológica, na intenção de compreender o corpo e as estruturas cerebrais, na necessidade de clarear os fatores patológicos, da síndrome de debilidades motrizes e debilidades mentais. Dupré integrou os movimentos às funções psicológicas superiores, à inteligência e à afetividade. Ele estabeleceu uma relação entre o cérebro e o comportamento sobre a debilidade motora, associado à lei do paralelismo psicomotor, relacionado ao desenvolvimento motor e intelectual. (LOUREIRO, 2009). Dupré (1913), contradiz a separação corpo – mente, estabelece seus conceitos da Psicomotricidade: mente - movimento, dessa forma contribui para outros 5 www.soeducador.com.br Psicomotricidade desafios importantes no nível do desenvolvimento funcional cognitivo, motor e afetivo. A partir dessa contradição, vários autores seguiram a etiologia de Dupré como HEAD, Esquema Corporal; SHLIDER, imagem do corpo; Piaget, desenvolvimento das crianças e Wallon (1925), emoções e tônus foi o pioneiro da Psicomotricidade. (LOUREIRO, 2009). Wallon como médico e psiquiatra, consolidou seu interesse em conhecer a organização biológica do homem. A partir desse conceito fundou um laboratório de pesquisa junto à escola francesa com o objetivo em atender crianças “anormais”, localizada na periferia de Paris. Devido sua dedicação nos atendimentos clínicos e o interesse pela psicologia da criança, em 1939 ele se muda para sua própria sede. (WALLON, 1920 a 1937 in GALVÃO, 1995). Wallon, ao longo de sua carreira analisou o estudo da criança como um recurso para conhecer o psiquismo humano, debruçou com atenção e engajamento no processo de desenvolvimento infantil. Dessa maneira, impulsionou médicos, neuropsiquiatras, pedagogos, psicólogos e outros profissionais às primeiras tentativas de estudos da reeducação psicomotora, na concepção de agregar como processo básico de intervenção tônica, mental, motora e afetiva como meio de relação da ação com o outro. Os estudos consagraram importantes nomes como: Ajuriaguerra, Guilmain, Erickson, Bérges, Soubiran e Stambak, envolvidos com o trabalho no hospital Henri Rouselle, na França, onde contribuíram para os primeiros terapeutas psicomotores, além de desenvolver uma intensa atividade científica propagada pelos projetos de Wallon. Na França,em 1967, pela equipe Ajuriaguerra com a proposta da Dra. Giselle Soubiran, criou o primeiro ISRP (Instituto Superior Reeducação Psicomotor), assim sendo, em 1974 houve o reconhecimento da saúde como profissão que culminou o “Primeiro Diploma Estadual” – Psicorreducador, porém teve reconhecimento do governo francês. Em 1985 foi substituído pelo “Diploma Estadual Psicomotricista” em docência de formação. (LOUREIRO, 2009). Em 1970, Simone Raiman chega ao Brasil, com suas experiências psicocinéticas seguindo o mesmo intuito da escola francesa. No ano 1979 o Ministério da Educação convida a Dra. Dalila Costallat e Dra. Gisele Soubiran para 6 www.soeducador.com.br Psicomotricidade virem ao Brasil divulgar sua pesquisa: a Psicomotricidade como processo de reabilitação em pessoa com deficiência mental. (COSTALLAT, in LOUREIRO, 2009). Por meio da Dra. Beatriz Loureiro, a Psicomotricidade conseguiu estabilidade no Brasil, surgiu à fundação GAE - Grupo de Atividades Especializadas em São Paulo, com o objetivo em atender crianças com dificuldade psicomotoras. Partindo do seu empenho estabeleceu formação universitária pública e particular, cursos de Pós-graduação, intercâmbio entre os países Brasil/França. A expansão da disciplina progrediu na América do Sul, América do Norte, América Central e em outros países, sendo hoje bem representada na França pelos presidentes das Delegações OIPR – Organização Internacional da Psicomotricidade e Relaxação. No Brasil, a Dra. Beatriz Loureiro postulou as formações e atuações de ontem, hoje e certamente de amanhã. Desde 1996 foi criada em São Paulo a O.N.P - Ordem Nacional dos Psicomotricistas de São Paulo. (LOUREIRO, 2009). História da Psicomotricidade no Brasil https://psicomotricidade.com.br/capitulominasgerais/historia-da-psicomotricidade-no-brasil/ A história da Psicomotricidade no Brasil, segue os passos da escola francesa. Era clara e nítida a influência marcante da Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da Psicologia na época da 1ª guerra em todo mundo. O Brasil foi também invadido, 7 www.soeducador.com.br Psicomotricidade ainda que tardiamente, pelos primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus, pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as aspirações e necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao trabalho formal, deixando as crianças em creches. Os franceses se conscientizavam sobre a importância do gesto e pesquisavam profundamente os temas corporais. André Thomas e Saint-Anné Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tônus axial. A maturação, os reflexos tônicos arcaicos do nascimento dos primeiros anos de vida, produziram as primeiras palavras-chave da Psicomotricidade. No entanto, Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr. Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por Wallon em seus escritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle Soubiran iniciou sua prática de relaxação psicotônica e fez seguidores. Empenhada cada vez mais em mostrar ao mundo, a importância do tônus no dia a dia, ela apontou aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e estudados e deixou clara a sintomatologia tônica corporal do século. No Brasil, Antonio Branco Lefévre buscou junto às obras de Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua formação em Paris, a organização da primeira escala de avaliação neuromotora para crianças brasileiras. A evolução da Psicomotricidade 1790 – Maine de Brian, primeiro a valorizar o movimento como componente essencial da estruturação do “eu”. Para ele, é na ação que o EU toma consciência de si mesmo e do mundo. O “eu” não pensa, vive-se; 1874 – C. Koupernik foi o principal indicador do que poderíamos chamar de Psicomotricidade do adulto; 1885 – Jean M. Charcot a partir do estudo sobre o membro fantasma, histeria, evidência as interferências do psiquismo sobre o corpo e do corpo sobre o psiquismo, encaminhando uma mudança progressiva da visão dualista; 1890 – Freud ressalta a noção do inconsciente, do corpo pulsão, do corpo relação, ou seja, o corpo passa a desempenhar um papel importante nas formações inconscientes; 8 www.soeducador.com.br Psicomotricidade 1900– Karl Wernicke usou pela primeira vez o termo psico-motricidade; 1901– Phillipe Tisié falou que por Educação Física não se deve entender apenas exercício muscular do corpo, mas também e principalmente o treinamento dos centros psicomotores pelas associações múltiplas e repetidas entre movimento e pensamento; 1906 – Dupré publicou na Revue de Neurologie o resultado dos estudos sobre a Psicomotricidade, nos quais define a síndrome da debilidade motora, para evidenciar o paralelismo psicomotor, ou seja, a associação estreita entre desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade; 1909 – Ajuriaguerra foi considerado o iniciador da psicomotricidade da criança com o relatório sobre a debilidade motora. A psicomotricidade seria a experiência do corpo, como diálogo tônico, podendo ser lida como uma linguagem. Ajuriaguerra que afirmou que o papel da função tônica não é apenas o de servir de pano de fundo da ação corporal, mas é também um modo de relação com o outro; 1925 – Dupré retoma o termo psicomotricidade na obra Pathologie de l’imagination et de l’émotivité, empregado, também, na mesma época, por Wernicke; Henri Wallon apresenta a famosa classificação das síndromes psico-motoras e sustenta um paralelismo das manifestações motoras e psíquicas, impregnado do reducionismo neurológico, fruto do dualismo corpo-alma; 1930 – H. Wallon distingue dois tipos de atividades motoras e faz uma escala de desenvolvimento da criança, além de relacionar diretamente o movimento com o desenvolvimento psíquico; 1935 – E. Guillmain, além de montar um teste psicomotor, analisou o paralelismo entre o comportamento geral da criança e o teste psicomotor e descobre três funções essenciais: atividades tônica, relacional e intelectual; 1937 – Jean Piaget demonstra a importância do movimento, com base de toda a estruturação da inteligência humana. Reafirma que a atividade motora é o ponto de partida para o desenvolvimento das inteligências. A partir daí a função tônica e a coordenação dos esquemas serão reconhecidos pelas psicologias como objeto de estudo; 1948 – Heuyer fala da psicomotricidade como a associação estreita entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade; 9 www.soeducador.com.br Psicomotricidade 1960 – 1º edição da obra “Educação Psicomotora e Retardo Mental” de Picq e Vayer, que significa o ponto em que a educação psicomotora ganha verdadeiramente uma autonomia, e se converte em uma atividade educativa original e com objetivos próprios; 1963 – No quadro universitário do Hospital Salpétrière, na França, expediuse um certificado de Reeducação da Psicomotricidade; 1963-1973 –Institucionalização e dispersão das doutrinas e do método; 1974 – Existe, na França, o diploma de Estado de Psicomotricista, obtido através dos Ministérios da Saúde e da Família, envolvendo três anos de estudos, após o Bacharelado; 1980 – Com o incentivo de Françoise Desobeau, foi criada a SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA PSICOMOTORA (SBTP), integrada à sociedade Internacional de Terapia Psicomotora (SITP), num encontro em Araruama, onde estiveram presentes 40 profissionais de oito profissões diferentes e de oito Estados do Brasil. 1982 – I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade; foram iniciadas as primeiras publicações na área de Psicomotricidade através dos Anais do congresso, dos exemplares IPERA, da própria Sociedade, além de revistas como CONTINUIDADE, do CESIRe CORPO E LINGUAGEM, da Editora Jacobé, que era dirigida por um dos membros da Sociedade; 1983 – Foram criados cursos de Pós-graduação de Psicomotricidade, na Universidade Estácio de Sá e no Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR), constituindo um passo importante na história da Psicomotricidade. 1985 – Decreto 85.188, de 7.02.1985, rebatizou o diploma de Estado de Psicomotricidade. 1989 – Em Julho foi aberto, no IBMR, o curso de formação de Psicomotricidade com duração de 4 anos, a nível de graduação. Definição Psicomotricidade: 10 www.soeducador.com.br Psicomotricidade do A Psicomotricidade é a ciência que busca esclarecer o organismo como condição primeira pensamento, afi nal, toda função psíquica supõe um equipamento orgânico. Contudo, adverte que não lhe constitui uma razão suficiente, já que objetos da ação mental vêm do exterior, isto é, do grupo ou ambiente no qual o indivíduo se insere. Os fatores de natureza orgânica e social são uma complexa relação de reciprocidade que ao longo de sua existência aborda as contradições. (WALLON, in GALVÃO, 1995). Definição em Psicomotricidade (in LOUREIRO, 2009) 11 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Conforme as informações abordadas na figura 1, a espécie humana é verificada como uma perspectiva dialética da evolução do homem na sua atividade corporal, conjunto de reações que constitui um processo de sensação privilegiada em relação com o mundo exterior, interferindo em pontos positivos e negativos do indivíduo na construção da sua consciência. Psico é o conjunto de características psicológicas de um indivíduo, de fenômenos psíquicos e processos mentais, que provêm do Psiquismo, é uma energia inteligente, gerada pelo cérebro (espírito/alma), aleatória ou objetiva da força que a gerou. Conforme pesquisadores no assunto, criar é conseguir aquilo que se deseja que se tem como objetivo “ação e reação/ causa e efeito". Motricidade é o conjunto de funções e relações asseguradas pelo esqueleto, músculo e o sistema nervoso periférico, que permite o movimento e o deslocamento do homem no ambiente que vive. (LOUREIRO, 2009). Portanto, a somática do Psico/Motricidade da essência à Psicomotricidade é que estimula a área psicomotora comentada por diversos estudiosos: saber fazer (cognição/memória), querer fazer (motivação controle das emoções) e poder fazer (atenção), visa a aprendizagem e adaptação holística do ser humano, que tem finalidade de associar o pensamento, ato e o gesto. Estudando o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor do indivíduo, podemos associar de forma coerente toda a dimensão de uma rede interdisciplinar que veio dar estudo ao movimento. O trabalho psicomotor beneficia a criança no controle de sua motricidade, utilizando de maneira privilegiada a base rítmica associada a um trabalho de controle tônico e de relaxação cautelosamente conduzido. (LE BOULCH, 1987). Portanto, a Psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relação afetiva, a mediatização, disponibilidade tônica, segurança gravitacional e o controle postural, a noção do corpo, sua lateralização e direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante, entre o corpo e a motricidade. As evidências dos precursores estabelecidas acima demonstram a objetividade da Psicomotricidade no meio social, na concepção de abordar critérios que beneficiem o indivíduo no seu desempenho sobre suas próprias ações e reações. 12 www.soeducador.com.br Psicomotricidade O trabalho psicomotor pode dirigir-se tanto à melhoria de posturas, posições, atitudes e atividades motoras, quanto para introduzir novas aprendizagens. O corpo como porta de entrada e saída da aprendizagem expõe toda a transcendência de sua experiência concreta ou sensorial, no contexto abstrato ou perceptivo, enfim para o reprensetativo ou simbólico, melhorando a qualidade de vida. No entanto, ilustra a importância que o movimento e a postura têm no processo contínuo de percepção do mundo exterior na introdução do conhecimento. (GONÇALVES, 2010). A Psicomotricidade é fundamentada na Ontogênese, (ciência que estuda a evolução do homem) que, por sua vez, estrutura-se na Filogênese (ciência que estuda a evolução da espécie). Dessa forma, acredita-se que a espécie humana progediu sobre as bases de mutações, passando por todos os processos de diferenciação em relação aos animais, até terem a possibilidade de desenvolverem um sistema de comunicação simbólica, o qual, passa os conhecimentos a outros seres da mesma espécie. (QUIRÓS apud GONÇALVES, 2010:87). A Psicomotricidade é uma área do conhecimento que se ocupa do estudo e da compreensão dos fenômenos relacionados com o movimento corporal, seu desenvolvimento e integridade. (NUNES, 1995, in LOUREIRO, 2009). 13 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Percebe-se a Psicomotricidade como orientação, direção e mediatização para o processo de aprendizagem no plano corporal e gráfico, que gerou a possibilita avaliar e elaborar um plano Terapêutico Psicomotor, visando oferecer cada vez mais ferramentas para o corpo, buscando consciência corporal diante das experiências adquiridas. A motricidade tem a função de levar as experiências concretas ao cérebro, a qual fará decodificação da s informações sensoriais, perceptivas e afetivas vivenciadas pela criança. O desenvolvimento neurológico da criança é informação resultante de todas as aquisições registradas na sua maturação de comportamento e aprendizagem. 14 www.soeducador.com.br Psicomotricidade A Psicomotricidade na organização funcional cerebral Sistema Nervoso Central – Sistema Límbico Fonte: (in GONÇALVES, 2010, p. 89). O Sistema Límbico é uma unidade responsável pelas emoções e certos comportamentos necessários à sobrevivência do ser humano. Nos pilares da Psicomotricidade significa “o querer fazer, o poder fazer, o saber fazer”, o qual corresponde o processamento neural: processa, integra e age, a Figura – 2 é um resumo simplicado de que forma o cérebro funciona no SNC e algumas estruturas que participam do sistema límbico: Córtex pré-frontal – lida com o raciocínio; Corpo caloso – divisão dos hemisférios; Tálamo – responsável por receber informações sensorias do corpo; Hipotálamo – responsável pela homoestase corporal e controla da temperatura e a emoção do corpo; Lobo temporal – é o centro cerebral da fala; Amígdala – é uma coleção em forma de amêndoa, de núcleos localizados profundamente no lobo temporal ; Hipocampo – é formado pelas substâncias cinzentas e brancas na parte do lobo temporal; Vermis cerebelar; (GONÇALVES, 15 www.soeducador.com.br Psicomotricidade 2010). Luria, psicólogo russo, pioneiro dos estudos do funcionamento cerebral, traduziu o mecanismo o cérebro em sistemas funcionais. A figura - 2 anatômica resume as captações e funções sensoriais importantes no processo de informação cérebro/corpo e corpo/cérebro decorrentes dos impulsos nervosos transmitidos pelas sinapses elétricas e os transmissores dos mecanismos motor/movimento, cognitivo/pensamento e afetivo/emoção na estrutura cerebral. A maturação cerebral efetua-se, igualmente, através da emergência de sistemas funcionais e em interação sistêmica, vários conjuntos de células neuronais específicas. Portanto, a instalação de conexões neurais provocadas pela aprendizagem sucessivamente vai permitir a integração complexa da informação multissensorial, a qual ilustra a passagem da linguagem corporal, a linguagem faladae a linguagem escrita. (FONSECA, 2008:405). 16 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Cada unidade neurofuncional desempenha uma função específica no processo funcional cerebral, estabelecendo o tempo e o modo em que o ser humano esteja apto a um repertório de aquisições necessárias para maturação, organização e integração no seu desenvolvimento e a novas aprendizagens. Mediante competências psicomotoras agrupadas em neuroblocos. 1ª Unidade Neurobloco Funcional Postura – é composta pela Tonicidade e Localização das unidades funcionais cerebrais – modelo Luriano. Fonte: (in GONÇALVES, 2010, p.93). 17 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Equilibração corresponde à aquisição da persistência motora “atenção” reguladorora tônus, da vigília corporal e dos estados de alerta mental, sua função reticular de regular e modular o tônus do córtex, mantendo o cérebro em estado funcional de alerta. 2ª Unidade Neurobloco Funcional Somatognosia – corresponde à noção do corpo esquema e imagem corporal, lateralização, estrutura espaço-temporal que constituem na memória corporal “recepção, codificação e processamento sensorial, está localizada na região lateral do córtex, na função de receptor dos lóbulos occiptal (visão), temporal (auditivo) e parietal (sensorial tátil), analisando e armazendo as informações no cérebro. 3ª Unidade Neurobloco Funcional Praxia - é responsável pela verificação, correção e extratificação das formas das praxias global e distal que condizem à capacidade de relacionar as ações globais e refinadas da conduta humana na consciência e expressão voluntária. Estão associados aos lóbulos frontais do cérebro e ao telencéfalo. Dentro da Psicomotricidade LURIA e COSTALLAT, são bases do conhecimento para se entender as diversas manisfetações do ato psicomotor pela via corporal e gráfica. LOUREIRO, (2009) Os processos mentais do homem em geral, e a atividade consciente em particular; sempre ocorrem com a participação das três unidades, cada uma das quais tem o seu papel a desempenhar nos processos mentais e fornece a sua contribuição para o desempenho dos referidos processos. (LURIA, 1981, in GONÇALVES, 2010) Nessa dimensão de imagem as bases psicomotoras otimizam a estruturação desse processo de aquisições, pois organizam, e pontuam o momento em que o ser humano “a criança” está apta a integrar as suas competências seguidas por Luria. 18 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Desenvolvimento Psicomtorde 0 a 7 anos. Fonte: ( In GONÇALVES, 2009, p.38). Conforme o desenvolvimento da criança retratada nesta figura 4, ressalta um caminho convergente destes estudiosos, a evolução da criança no sistema funcional cerebral, se processa em várias inserções de aprendizagem e desenvolvimento. Com base na figura - 4 Ajuriaguerra expõe, seu padrão de desenvolvimento psicomotor no Corpo Agido, a criança é receptora no espaço subjetivo e evolui através do diálogo tônico e o desaparecimento das reações primitivas. No Corpo Actuante, a criança é espectadora a um espaço pré - representado, dialogo tônico, com mobilidade espaço - temporal em reação a um plano gnósico e social progressivo. No Corpo Práxico, a criança é vista como um ator no espaço, com o objetivo de processar o diálogo consigo próprio, automatizando as aquisiç ões com redução do tempo. “A Psicomtricidade é a realização de um pensamento através de um ato motor, coeso, harmonioso e preciso”. (AJURIAGUERRA, 1982 in LOUREIRO, 2009). Com base na figura – 4 , Wallon diz que a influência está caracterizada no ambiente sobre a aprendizagem e o desenvolvimento psíquico da criança. A criança exposta a uma linguagem tônica, facilitará seu ajuste ao ambiente, evidenciando a motricidade como es sência deste processo e a construção do eu corporal. CorpoVivido – estágios impulsivos, tônico - emocional e sensório - motor. Corpo Percebido – estágios projetivo e personalístico. Corpo Representado – estágio 19 www.soeducador.com.br Psicomotricidade categorial. Dessa forma, a criança evolui sua aprendizagem no mundo exterior em função da relação. “O movimento não é um puro deslocamento no espaço nem uma adição pura e simples de contrações musculares; o movimento tem um significado de relação e de interação afetiva com mundo exterior”. (WALLON, in GONÇALVES, 2009:94). Portanto, a Psicomotricidade mediatiza o ato psicomotor através das intervenções psicomotoras que conduz, a organização e a vivência, a estimula a criar relações infinitas conscientes que façam a criança ficar segura dos seus atos e ter satisfação em realizá-las, pois estão integrados à linguagem da Psicomotricidade “Querer Fazer, Saber Fazer e Poder Fazer não deixando de perder sua oportunidade no mundo externo. social. É óbvio que a definição de vida é sinônimo de energia. Esta visão idealista da vida procede das explicações que vão de Platão a Aristóteles como um princípio espiritual e sobrenatural determinada por uma força suprema e divina. Com isso, permite reconhecer a noção de vida, a formação da matéria, resultante da ORIGEM DA VIDA - GÊNESE É evidente a diversidade da origem da vida, a qual engloba a evolução pré - orgânica e a evolução orgânica da humanidade. Sendo assim, resulta em mudanças contínuas que ocorrem desde a ao concepção nascimento, e do nascimento à morte, este período de processos evolutivos, maturacionais e h ierarquizados ocorre em um plano biológico e 20 www.soeducador.com.br Psicomotricidade combinação e da constelação de fenômenos físico-químicos que originaram o aparecimento de vida no planeta Terra. (FONSECA, 1998). A matéria orgânica é a condição dos seres vivos, que por definição, são organismos compostos de órgãos, que subentende um corpo que vive em permanente troca de energia com o meio externo. Cadencia a transformação no aspecto morfológico e comportamental que requer uma permanente adaptação ao meio exterior, no processo de assimilação e acomodação. (FONSECA, 1998). Origem das Espécies - Filogênese Na teoria da evolução, a espécie é vista como uma continuidade biológica e genética, ou seja, a criação, variabilidade, fertilidade e a reprodução natural de indivíduo, que inclui uma noção de tempo e uma sequência. A espécie passou a não ser explicada puramente por um simples ato de criação, mas por um processo lento de transformação em longos períodos de tempo. Esta concepção contemporânea categoriza um princípio evolutivo, onde todas as espécies vivas evoluem a partir de formas simples. As espécies mudam no espaço e no tempo conforme suas variações de populações, adaptações, ecofenótipos, isolamentos, migrações, alterações do envolvimento em um processo de seleção natural e luta pela sobrevivência. (FONESCA, 1998). Estes exemplos mencionados da genética humana servem para demonstrar que a evolução da espécie não pode ser interpretada sem o esclarecimento necessário da mudança de condições do meio, no processo bioquímico e fisiológico que determinam aspectos comportamentais, presentes na diferença genética (genótipo) e naturalmente no processo evolutivo do fenótipo. A mãe relatou que após a gravidez do primeiro filho teve de tormar antedepressivo durante 4º (quatro) mês. Na segunda gestação sofreu uma queda, caiu sentada no chão no 6º (sexto) mês de gravidez, mas não houve trauma no feto. 21 www.soeducador.com.br Psicomotricidade No entanto, a Psicomotricidade otimiza os princípios importantes efundamentais no desenvolvimento da criança na evolução filogênica, na intenção de reconhecer dados concretos e significaticos de forma reflexível. Ontogênese Decorre de um processo embrionário o qual visa compreender o sentido biológico e dinâmico da filogenética à motricidade. Dessa maneira, os estudos da concepção da fecundação e gestação do zigoto, caracteriza um ser humano, único e determinado no início da sua vida. A ontogênese permite o estudo sistemático e minucioso do desenvolvimento e crescimento humano nos aspectos morfológicos, fisiológicos e químicos do ser humano, desde a fecundação até a maturidade para reprodução do indivíduo. O ciclo embrionário visa organização, estruturação e função da morfologia somática e da energia dos agentes genéticos de crescimento, permite passo a passo do comportamento neurofuncional e as escalas de desenvolvimento do embrião, feto, prematuro e recém-nascido ao termo criança, dando começo às atividades motoras. A ontogênese da motricidade aborda o desenvolvimento humano de forma hierarquizada que leva tempo para atingir a maturação tônica e estruturas funcionais na evolução do corpo. Seguindo a lei céfalo-caudal (da cabeça para os pés) e a lei próximo-distal (do eixo do corpo para extremidade), diante da tonificação tubo neural, o embrião desenvolve processo muscular em termos evolutivos ao corpo: cabeça, pescoço, tronco, braços, pernas, mãos, pés e dedos das mão e dedos dos pés, obedecendo um processo dialético das vias corticais curtas a vias longas. Entretanto, afirma que o sistema muscular não evolui biologicamente de uma forma diferente do sistema neurológico, pois ambos comunciam ao nível do desenvolvimento motor (ativo) e sensorial (reativo), um conjunto sinápticos no processo de mielinização. (FONSECA, 1998). A evolução do cérebro humano se processa à semelhança de uma casa, como alas e superestrutura, no decorrer da filogênese, dando à homem herança considerada ímpar a reposta somática e cognitiva cognição espaço- temposimbologia-linguagememoção. (MACLEAN, in LOUREIRO, 2009). 22 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Tendo como foco o estudo dificuldade aprendizagem – ortográfica na Psicomotricidade, trabalhamos no tempo atencional na área psicomotora relacionada à Tonicidade e Equilibração propondo atividades e técnicas nas leis do desenvolvimento, partindo do global ao específico, e, do concreto ao abstrato. Toda esta dimensão de expressão é possível por intermédio das aquisições sociais, pois encaminham a criança para a sua autonomia. A criança começa pelo espaço que não ultrapassa o alongamento de seus braços, inicia a modificação do envolvimento e o espaço como autocriação da própria independência da pessoa humana e isso permite à criança, a descoberta do seu mundo de criação e de satisfação. Ontogênse: É o desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a maturidade para a reprodução Fonte: (in LOUREIRO, 2009, p.8). 23 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Ontogênese refere-se ao amadurecimento e repete a gênese e a filogênese. Neste momento o indivíduo está completo e estruturado, pronto para originar um novo ser. As grandes conquistas da espécie humana, consideradas como produto final das tendências filogenéticas, podem ser resumidas nos seguintes sistemas funcionais ontogenéticas que constituem a hierarquia da motricidade humana à postura bípede, à praxia e visão binocular, à linguagem falada, linguagem escrita e a cultura social. (FONSECA, 1998). A aprendizagem da leitura envolve diversas habilidades – linguísticas, perceptivas, motoras, cognitivas – e por esta razão não se pode atribuir a nenhuma delas isoladamente a responsabilidade pelas desadaptações da criança na escola. É preciso, portanto, descobrir em qual área ela se encontra mais comprometida. (MORAIS, 1986, in OLIVEIRA, 2003). As dificuldades de aprendizagem escolar são percebidas no momento do ingresso da criança no ensino formal. O conceito abrange 40% das crianças no Brasil, as quais frequentam o sistema educacional, apresentam dificuldades de aprendizagem. Tal incapacidade é influenciada por múltiplas causas como: visual perceptivo, memória, atenção, linguagem, leitura/escrita ou problemas comportamentais e sociais. (WAJNSZTEJN, 2005). Sensação É o nível de comportamento, que se refere somente à ativação de estruturas senso neurais, a qual está presente na vida do ser humano antes mesmo de nascer, dados exteroceptivos – vindos do meio exterior; proprioceptivos – vindos dos músculos, tendões e articulações em movimento; interoceptivos – vindos dos órgãos internos, levando-o a desenvolver uma capacidade de reconhecimento e decodificação das informações relacionadas com seu meio. Percepção Os elementos de comportamento concomitantes ao funcionamento do SNC começam com a percepção e é definida como déficit neurológico que pode consistir de conversões inadequadas de sensações dos impulsos elétricos. Pressupõe a incapacidade de uma criança perceber através da audição ou da visão a diferença de som das letras “cold e coal; m e n; b e d”; e no corpo, a falta de percepção das 24 www.soeducador.com.br Psicomotricidade partes corporais, são sensações proprioceptivas que constituem a desordem da percepção. Segundo PIAGET e HEAD, os aspectos psicomotores da Lateralidade estão ligados diretamente ao Esquema e Imagem Corporal e estruturações temporalespacial. A criança após 7 (sete) anos de idade deve conseguir localizar, discriminar, nomear e conceituar em si num primeiro plano e após 9 (nove) anos de idade identificar no outro e no espaço gráfico, relacionando as noções tridimensional e bidimensional. Dessa forma, a criança adquiriu noção proprioceptiva e orientação do corpo, tempo e do espaço refletindo no plano gráfico. (LOUREIRO, 2009). A percepção, como processo receptivo, não subentende somente a discriminação, a capacidade de distinguir entre os sons ou estímulos visuais, mas também a capacidade de organizar a sensação num todo significativo, a capacidade de estruturar a informação que está sendo recebida. Pressupõe, além disso, a atenção. O processo global de percepção é uma experiência que exige atenção, organização, discriminação e percepção. Formação de Imagem Salienta o comportamento como aspecto funcional cognitivo, no que diz respeito aos Distúrbios de Aprendizagem. Não é fácil desenvolver um quadro de terapia sem incluir a formação de imagem, pois através da tomada de consciência distingue-se o processo de percepção, memória e a capacidade de identificar, reconhecer e apreender apresentando extraordinárias experiências conforme a formação da imagem, que está ligada ao corpo, baseada nas experiências de sensações auditivas, visuais, táteis, gustativas, cinéticas e tônicas, nas quais a criança pode ter percepções no nível do próprio corpo ou vivida com uma outra pessoa que colabora para definição desta imagem. As intervenções psicomotoras realizadas sucedem-se de forma para direcionar o processo simbólico e intuitivo de organizar, reconhecer e construir o próprio corpo. (BOSCANI, 2006). Simbolização É abrangente, englobando o tipo verbal e não verbal de aprendizagem e recordação. Refere-se à capacidade de representar a experiência. Não se sabe se 25 www.soeducador.com.br Psicomotricidade essa capacidade é sinônimo do desenvolvimento da consciência. Entretanto, é discutido que o comportamento simbólico é representativo e essencialmente exclusivo do ser humano. O uso de palavras como um instrumento de pensamento ou raciocínio ou resolução de problemas, significa as experiências vivenciadas de apreender,avaliar e recordar “tempo, tamanho, distância, volume, forma, altura e velocidade”; portanto, é importante para a criança conhecer, para dar condições de bem estar geral na aprendizagem educacional. A criança que apresenta a dificuldade facilmente poderá estar perturbada ou estar em carência do desenvolvimento gráfico. Nesse momento, torna-se fundamental a vivência simbólica, específica da realidade humana, para decodificar as imagens, de interpretar formas simples e complexas, que permitem à criança, postura, uma analogia entre o traço e o objeto, dando base ao aprendizado da escrita e da leitura que são simultâneas. A Psicomotricidade permite expressões, percepções do corpo em diversas situações que procede no processo de desenvolvimento de corpo não vivido nem globalizado, proporcionando uma autonomia na comunicação corporal. Relações Interpessoais Enfatizam a atitude de que a criança não tem sentimento de relacionamento com outras crianças e que antes era visto somente como Distúrbio Emocional. A criança não tem a capacidade para reconhecer e identificar as atitudes e sentimentos dos outros, mesmo quando vê suas expressões faciais, não conseguindo distinguir entre manifestações de tristeza e felicidade, raiva e gentileza, delicadeza e indelicadeza, a desobediência e ajuda. Noção espacial gráfica: é analisado o ponto inicial do desenho, a noção espacial do papel direita/esquerda, o domínio lateral destro/canhoto, a proporcionalidade simétrica acima/abaixo; Qualidade do desenho: observa-se complementação das principais partes do corpo, características e preenchimento corporal boca/olhos/nariz; Proporcionalidade do desenho: o preenchimento corporal não pode ser maior que as partes centrais: cabeça/tronco/braços/pernas; O contexto do desenho – as correlações psicoemocionais: obedecem aos aspectos afetivos ou omitem déficit intelectual, orgânico, motor ou neurológico, 26 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Dificuldades de Aprendizagem Fonte: ( Fonseca, 2008. p.39). sexualidade, diferenças sexuais, vestuário, expressões faciais “agressivo/triste/alegre, olhar insinuante/ cílios roupas transparentes, devem ser levados em consideração. Portanto, vale ressaltar que Avaliação Psicomotora procede em observações à idade do sujeito, o nível do seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo. (SPITZ, WALLON, DI-LEO in LOUREIRO, 2009). O desenvolvimento psicomotor da criança está intimamente relacionado à evolução própria, o qual insere no seu contexto social e cultural, e o faz de forma dinâmica e dialética através de rupturas e desequilíbrios provocados por contínuas reorganizações que ocorrem dentro do seu ser total e completo. A aprendizagem é, portanto considerada a condição necessária e fundamental no processo de desenvolvimento de funções psicológicas, dessa maneira a Psicomotricidade implica a uma organização neuropsicológica corporal e intelectual da criança. (FONSECA, 2008). Devemos salientar que dificuldade de aprendizagem está relacionada ao conjunto de fatores que sensibilizam a motricidade humana, tendo em vista estabelecerem correlações múltiplas entre as avaliações psicomotoras, observadas durante as sessões. Conceitos da psicomotricidade segundos diversos autores: 27 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Ajuriaguerra, médico psiquiatra, considerado pela comunidade científica como o “Pai da Psicomotricidade”, define assim: “ Psicomotricidade se conceitua como ciência da saúde e da educação, pois indiferentes das diversas escolas, psicológica, condutista, evolutista, genética, e etc, ela visa a representação e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental do indivíduo. ” Dalila M. M. de Costallat, “A Psicomotricidade como Ciência de Síntese, que com a pluralidade de seus enfoques, procura elucidar os problemas que afetam as interrelações harmônicas, que constituem a unidade do ser humano e sua convivência com os demais. ” Germaine Rossel, “A Educação Psicomotora é a educação de controle mental e da expressão motora”. Giselle B. Soubiran “Psicomotricidade e Relaxação, bases fundamentais da estrutura psico corporal, estática e em movimento, precedente e condicionante a toda atividade psíquica”. Vítor da Fonseca, “A psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança gravitacional e o controle postural, à noção do corpo, sua lateralização e direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante. Nela o corpo e a motricidade são abordados como unidade e totalidade do ser. O seu enfoque é, portanto, psico somático, psico cognitivo, psiquiátrico, somatoanalítico, psico neurológico e psico terapêutico”. P. Vayer, “É a educação da integridade do ser, através do seu corpo”. Beatriz Loureiro, “Psicomotricidade é a otimização corporal dos potenciais neuro, psico- cognitivo funcionais, sujeitos às leis de desenvolvimento e maturação, manifestadas pela dimensão simbólica corporal própria, original e especial do ser humano.” Hurtado (1983), diz que a psicomotricidade é a educação dos movimentos, ou através dos movimentos, visando a melhor utilização das capacidades psicofísicas da criança. Neste caso utiliza-se o movimento como meio e não como fim a ser atingida. A Psicomotricidade é o suporte básico que auxilia a criança a adquirir tanto sensações e percepções como conceitos, os quais lhe darão o conhecimento de seu corpo e, através desse, do mundo que o rodeia. 28 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Coste (1981), define a Psicomotricidade como uma técnica em que cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza numerosas ciências constituídas, entre a biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e linguística. É considerada como uma terapia, “a terapia psicomotriz” a qual desenvolve a capacidade de expressão do indivíduo, fazendo com que haja um novo conhecimento do corpo. Schinca (1992), o controle e conhecimento do próprio corpo são essenciais para o estabelecimento da ligação entre o indivíduo e o meio externo. A relação entre cada ser e o exterior se manifesta através de atos e comportamentos motores, adaptados e ajustados mediante as sensações e percepções. Meur e Staes (1984), relatam que o estudo da psicomotricidade é recente sendo que só no início deste século abordou-o assunto ainda que superficialmente. Em uma primeira fase, a pesquisa teórica fixou-se, sobretudo no desenvolvimento motor da criança. Depois se estudou a relação entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criança. Seguiram-se estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e aptidões motoras em função da idade. Hoje em dia os estudos ultrapassam os problemas motores, pesquisando também as ligações com a lateralidade, a estruturação espacial e a orientação temporal por um lado e, por outro, as dificuldades escolares de crianças com inteligência normal. Faz também com que se tome consciência das relações existentes entre o gesto e a afetividade. Para De Meur (1984), a psicomotricidade quer justamente destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem global da criança por meio de uma técnica. A psicomotricidade baseia-se em princípios a partir da vivência do corpo no espaço e no tempo, desenvolvendo a consciência de si mesmo, como um ser capaz de sentir expressar e o mais importante, ser capaz de partilhar e comunicar-se com os demais. O estudo da psicomotricidade envolve cinco temas distintos: tomada de consciência do corpo, a formação da personalidade da criança, istoé desenvolvimento do esquema corporal, através do qual a criança toma consciência do seu próprio corpo e das possibilidades de expressar-se por meio desse corpo; tomada de consciência da lateralidade, a criança percebe que seus membros não 29 www.soeducador.com.br Psicomotricidade reagem da mesma forma, percebe uma maior dominância dos movimentos de um hemicorpo do que no outro (assimetria funcional); tomada de consciência do espaço, tomada de consciência da situação do seu próprio corpo em um meio ambiente, tomada de consciência da situação das coisas entre si, possibilidade do sujeito se organizar perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si; tomada de consciência do tempo, que diz respeito a como a criança se localiza no tempo, capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, durante, após), da duração dos acontecimentos (longo, curto), da sequência (dias da semana, meses ano), caráter irreversível do tempo (ontem, hoje, amanhã) e renovação cíclica do tempo (orientação temporal); tomada de consciência da relação corpoespaçotempo, como a criança se expressa também através do desenho, completa com o domínio progressivo do desenho e do grafismo. Sociedade Brasileira de Psicomotricidade - “a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo”, a psicomotricidade é um assunto que todos os profissionais de Educação Física devem tomar conhecimento. O site da SBP vale uma visita com calma e atenção. A lista de cursos de formação, especialização e pós-graduação é bastante detalhada, assim como a programação de eventos que acontecem em todo o Brasil. Para quem se interessar pelo assunto, antes de ir à livraria adquirir as indicações da seção “publicações” deve visitar a seção “glossário”, para inteirar-se dos termos técnicos mais usados. Elementos da psicomotricidade A psicomotricidade envolve os seguintes elementos: esquema e imagem corporal, coordenação global, equilíbrio, dominância lateral, orientação espacial e lateroespacial, orientação temporal, coordenação dinâmica das mãos. Estes elementos são considerados básicos para o desenvolvimento global da criança, são pré-requisitos necessários para a criança adquirir à aprendizagem da leitura e da escrita; vivenciar a percepção do seu corpo com relação aos objetos, 30 www.soeducador.com.br Psicomotricidade saber discriminar partes do seu corpo e ter controle sobre elas e obter organização de espaço e tempo. Esquema corporal É um elemento básica indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação da imagem que a criança tem de seu próprio corpo. A criança se sentirá bem na medida em seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que pode utiliza-lo não somente para movimentar-se, mas também para agir. Uma criança cujo esquema corporal é mal constituído não coordena bem os movimentos, na escola a grafia é feia, e a leitura expressiva, não harmoniosa: a criança não segue o ritmo da leitura ou então para no meio de uma palavra. Segundo De Meur (1989), uma criança que se sinta à vontade significa que ele domina o seu corpo, utiliza-o com desenvoltura e eficácia, proporcionando-lhe bem estar, tornando fáceis e equilibrados seus contatos com os outros. A organização do corpo no espaço (organização espacial) É a capacidade de movimentar o próprio corpo de forma integrada, dentro de um ambiente contendo obstáculos, passando por eles. Movimentos com rastejar, engatinhar, e andar, irão propiciar a criança o desenvolvimento das primeiras noções espaciais: perto, longe, dentro, fora. Para De Meur (1989), os problemas quanto à orientação temporal e espacial, como por exemplo, com a noção “antes-depois”, acarretam principalmente confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba. A criança sente dificuldade em reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a analise gramatical um quebra-cabeça para ela. Uma má organização espacial ou temporal acarreta fracasso em matemática. Com efeito, para 31 www.soeducador.com.br Psicomotricidade calcular a criança deve ter pontos de referência, colocar os números corretamente, possuir noção de “fileira”, de “coluna”; deve conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas. Diante de problemas de percepção espacial uma criança não é capaz de distinguir um “b” de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de “12”, caso não perceba a diferença entre a esquerda e a direita. Se não se distingue bem o alto e o baixo, confunde o “b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”. A dominância lateral Refere-se ao esquema do espaço interno do indivíduo, que o capacita utilizar um lado do corpo com melhor desembaraço do que outro, em atividades que requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. A definição da lateralidade ocorre à medida que a criança se desenvolve. A lateralidade na criança não deve ser estimulada até que não tenha sido definida, quando a criança é forçada a usar um lado do corpo torna-se prejudicial para a lateralidade, devido a fatores culturais os mais antigos acham que não é correto a criança escrever com a mão esquerda, forçando-a a utilizar a mão direita par tal ação, os pais devem favorecer a escolha feita pelas crianças. Na idade onde ainda prevalece a bilateralidade, se ainda a criança tiver tendência para o sinestrismo e os pais tentar fazer algo para que impeça, pode levar a criança a apresentar danos na motricidade e contribuir para o surgimento de problemas de aprendizagem. O equilíbrio É a função na qual os indivíduos mantêm sua estabilidade corporal durante os movimentos e quando em estado de imobilidade (Masson,1985). Shinca (1992), relata que o bom equilíbrio é essencial para a conquista da locomoção assim como a independência dos membros superiores. A dificuldade de equilibrar-se produz estados de ansiedade e insegurança, pois a criança não consegue manter um estado estático ou de movimento e isto atrapalha a relação entre equilíbrio físico e psíquico. Picq e Vayer (1985), diz que na presença de algum distúrbio do equilíbrio pode-se observar uma indisponibilidade imediata dos movimentos, desequilíbrio corporal 32 www.soeducador.com.br Psicomotricidade global, marcha não harmoniosa, tensões musculares locais, desalinhamentos anatômicos e imprevisibilidade de atitudes. Socialmente a criança pode apresentar tendência à inibição ou desejo de esconder, e falta de confiança em si mesmo. A organização latero-espacial Desenvolve da seguinte maneira, aos 6 anos a criança tem conhecimento do lado direito e esquerdo do seu corpo, aos 7 anos reconhece a posição relativa entre dois objetos, aos 8 anos reconhece o lado direito e esquerdo em outra pessoa, aos 9 anos consegue imitar movimentos realizados por outras pessoas com o mesmo lado do corpo no qual a pessoa realiza o movimento, isto é transpõe o lado da pessoa para o seu, aos 10 anos reproduz movimentos de figuras esquematizadas, e aos 11 anos consegue identificar a posição relativa entre 3 objetos. A coordenação dinâmica A coordenação dinâmica geral da a criança um bom domínio do corpo suprindo a ansiedade habitual, diminui as sincinesias e as tensões trazendo um controle satisfatório e confiança com relação ao próprio corpo. Com relação à coordenação dinâmica das mãos Le Boulch (1982) diz que a habilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da coordenação global. Reveste muita importância nas praxias, no grafismo, pelo que deve dar se muita atenção particular. A criança quando apresenta algum distúrbio no desenvolvimentoda coordenação (tanto global como da dinâmica das mãos), poderá apresentar dificuldades escolares com disgrafia, ultrapassa linhas e margens do caderno, pode ter dificuldades na apreensão de dedos e nos gestos. Os potenciais humanos, são apoiados nas áreas básicas da Psicomotricidade, seu estudo e pesquisa constantes do esquema e da imagem corporal, da lateralização, da tonicidade, da equilibração e coordenação, são enriquecidos instrumentalmente, estimulando o sentimento de competência, de auto-estima, entendendo o ser humano em constantes e complexas 33 www.soeducador.com.br Psicomotricidade adaptações, fazendo-o concluir que é amado e aceito, tornando-o transformador e produtor social. Sintetizando, a Psicomotricidade subtende uma concepção holística de aprendizagem e de adaptação do ser humano, que tem por finalidade, associar dinamicamente, o ato ao pensamento, o gesto à palavra, o símbolo ao conceito. DESENVOLVIMENTO MOTOR O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de certos tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central, crescimento dos ossos e músculos. São, portanto, comportamentos não aprendidos que surgem espontaneamente desde que a criança tenha condições adequadas para exercitar-se. Esses comportamentos não se desenvolverão caso haja algum tipo de distúrbio ou doença. Podemos notar que crianças que vivem em creches e que ficam presas em seus berços sem qualquer estimulação não desenvolverão o comportamento de sentar, andar na época adequada que futuramente apresentarão problemas de coordenação e motricidade. As principais funções psicomotoras é um bom desenvolvimento da estruturação do esquema corporal que mostre a evolução da apresentação da imagem do corpo e o reconhecimento do próprio corpo, evolução de preensão e da coordenação óculo-manual que nos proporciona a fixação ocular e prensão e olhar e desenvolvimento da função tônico e da postura em pé e reflexos arcaicos da estruturação espaço-temporal (tempo, espaço, distância e retina). 34 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Um perfeito desenvolvimento de nosso corpo ocorre não somente mecanicamente, mas sim que são aprendidos e vivenciados junto a família, onde a criança aprende a formar a base da noção de seu 'eu corporal'. Não podemos esquecer de citar a importância dos sentimentos da criança na fase do conhecimento de seu próprio corpo, pois um esquema corporal mal estruturado pode determinar na criança um certo desajeitamento e falta de coordenação, se sentindo insegura e isso poderá desencadear uma série de reações negativas como: agressividade, mal humor, apatia que às vezes parece ser algo tão simples poderá originar sérios problemas de motricidade que serão manifestados através do comportamento. AS ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE Para fins didáticos subdividiremos a psicomotricidade em áreas que, embora citadas isoladamente, agirão quase sempre vinculadas umas às outras; entenderemos por "Prática Psicomotora" todas as atividades que visam estimular as várias áreas que mencionaremos a seguir: COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO A linguagem é função de expressão e comunicação do pensamento e função de socialização. Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar - verbal e gestualmente - no mundo. Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da respiração, incluem-se nesta área os exercícios fonoarticulatórios e respiratórios. PERCEPÇÃO Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos. A percepção está ligada à atenção, à consciência e a memória. Os estímulos que chegam até nos provocam uma sensação que possibilita a percepção e a discriminação. Primeiramente sentimos, através dos sentidos: tato, visão, audição, 35 www.soeducador.com.br Psicomotricidade olfato e degustação. Em seguida, percebemos, realizamos uma mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discriminamos - reconhecemos as diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções. A discriminação é que nos permite saber, por exemplo, o que é verde e o que é azul, e a diferença entre o 1 e o 7. As atividades propostas para esta área devem auxiliar o desenvolvimento da percepção e da discriminação. COORDENAÇÃO A coordenação motora é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso. Subdividiremos a coordenação motora em coordenação dinâmica global ou geral, visomanual ou fina e visual. A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo 'coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos". A coordenação visomanual engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos. A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas mais variadas direções. As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação estão subdivididas nessas três áreas. ORIENTAÇÃO A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espaço em um dado momento. A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do meio e está ligada à consciência, à memória a às experiências vivenciadas pelo indivíduo. 36 www.soeducador.com.br Psicomotricidade CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o universo. É nosso espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos objetos. O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco encaixar-se uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se gradativamente à criança da mesma forma que uma fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A elaboração e o estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados a qualquer momento, existe uma experiência precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem e da representação de si. O conceito corporal, que é o conhecimento intelectual sobre partes e funções; e o esquema corporal, que em nossa mente regula a posição dos músculos e partes do corpo. O esquema corporal é inconsciente e se modifica com o tempo. Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já que é a bússola de nosso corpo e assim possibilita nossa situação no ambiente. A lateralidade diz respeito à percepção dos ladosdireito e esquerdo e da atividade desigual de cada um desses lados visto que sua distinção será manifestada ao longo do desenvolvimento da experiência. Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do que o outro é o início da discriminação entre a esquerda e direita. De início, a criança não distingue os dois lados do corpo; num segundo 37 www.soeducador.com.br Psicomotricidade momento, ela compreende que os dois braços encontram-se um em cada lado de seu corpo, embora ignore que sejam "direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mão da outra e um pé do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis anos, a criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e noção dos órgãos pares, apontando sua localização em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos sete anos, sabe com precisão quais são as partes direita e esquerda de seu corpo. As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço e lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos sinais gráficos. Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte da orientação espacial e não como parte do conhecimento corporal. HABILIDADES CONCEITUAIS A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é expressar relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc. A medida em que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou panelas, a criança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho, número e forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e aprende sobre sequência e ordem; aprende frases: acabou, não mais, muito, o que amplia suas ideias de quantidade. A criança progride na medida do conhecimento lógicomatemático, pela coordenação das relações que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se construa o conhecimento físico (referente a cor, peso, etc.), a criança necessita ter um sistema de referência lógico-matemático que lhe possibilite relacionar novas observações com o conhecimento já existente; por exemplo: para perceber que um peixe é vermelho, ela necessita um esquema classificatório para distinguir o vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatório para distinguir o peixe de todos os demais objetos que conhece. HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 38 www.soeducador.com.br Psicomotricidade As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no processo de alfabetização. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como: • dominância manual já estabelecida (área de lateralidade); • conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área de habilidades conceituais); • movimentação dos olhos da esquerda para a direita, domínio de movimentos delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de uma página com os olhos ou os dedos, preensão adequada para segurar lápis e papel e para folhear (área de coordenação visual e manual); • discriminação de sons (área de percepção auditiva); • adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das diferenças dos pares b/d, q/d, p/q etc., orientação da leitura e da escrita da esquerda para a direita, manutenção da proporção de altura e largura das letras, manutenção de espaço entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (áreas de percepção visual, orientação espacial, lateralidade, habilidades conceituais); • pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de comunicação e expressão); 39 www.soeducador.com.br Psicomotricidade • noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e palavras (área de orientação têmporo-espacial); capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise); possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras • • ( síntese). Distúrbios Psicomo tores "O que não percebeu, negais que exista; o que não calculastes, é mentira; o que vós não pensastes, não tem peso, metal que não cunhais, dizeis que é falso." 40 www.soeducador.com.br Psicomotricidade (Goethe) Que há com ela? O que acontece com essa criança desajeitada? Porque, apesar de sua aparência cheia de torpor e inabilidade, quando consegue aproximar-se, mostra-se com encanto e interesse? O que há com ela? Andou tarde, caiu quantas vezes... precipitava-se pelas escadas ao invés de desce-las, ou morria de medo como se fosse um grande empreendimento... escalá-las e não apenas subi-las. E vestir-se. O que seria a manga, onde estariam os braços, as pernas das calças? Enfiam-se pela cabeça? Por que existem laços de sapato? Para atormentar crianças? Ou talvez, a sua mãe que, desoladamente, contempla sua dificuldade? E um caderno? Começa-se de que lado? Por que as coisas são assim? Que estranho é este mundo de lados que não tem lados... O que há com esta criança? Seus movimentos são desajeitados, lentos e pesados. Quando andam, apoiam duramente o calcanhar no solo. Quando crianças custam a aprender a subir e descer escadas, nas escolas, evitam participar de jogos, nas quais geralmente são ridicularizadas e afastadas: tê-las como parceiras é perder na certa. Tal ser é uma questão e uma dificuldade para seus pais, para seus mestres, para todos nós. Como entendê-lo. Como ajudá-lo? DEFINIÇÃO DE DISTÚRBIO PSICOMOTOR A criança descrita na história acima apresenta um distúrbio de motricidade: uma dispraxia. Praxias: São sistemas de movimentos coordenados em função de um resultado ou de uma intenção. Não são nem reflexos, nem automatismos, nem movimentos involuntários. O estudo sobre os distúrbios das praxias foram primeiramente, sistematizados em adultos. Estas perturbações consistiam em perda ou alterações do ato voluntário, como de lesão no sistema nervoso central. São as apraxias. Pesquisas foram desenvolvidas com crianças que mostraram serem algumas delas portadoras de um determinado distúrbio cujos sintomas assemelhavam-se aos 41 www.soeducador.com.br Psicomotricidade adultos. Por outro lado mesmo existindo a lesão, ela incidia sobre um cérebro ainda em desenvolvimento e portanto em condições diferentes a dos adultos. A partir destas considerações e da preocupação em estabelecer-se uma psicopatologia diferencial da criança e do adulto passa-se a encontrar, na literatura, a denominação de dispraxia ou apraxia de evolução quando se trata de distúrbios das praxias na criança. Apraxia aparece referindo-se ao distúrbio infantil. Classificação das apraxias. Distinguem três variedades: a) Apraxia sensório-cinética - que se caracteriza pela alteração da síntese sensório-motora como a desautomatização do gesto. Não há nela distúrbios de representação do ato. b) Apracto-somato-gnosia espacial - caracterizada por uma desorganização do esquema corporal e do espaço. c) Apraxia de formulação simbólica que se caracteriza por uma desorganização da atividade simbólica e da compreensão da linguagem. A finalidade é de estabelecer os diferentes tipos de distúrbios. ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTÚRBIO PSICOMOTOR Debilidade Motora é uma condição patológica da mobilidade, às vezes hereditária e familiar, caracterizada pela exageração dos reflexos tendinosos, uma perturbação do reflexo plantar, um desajeito dos movimentos voluntários intencionais que levam a impossibilidade de realizar voluntariamente a ação muscular. Distúrbio Psicomotor: significa umtranstorno que atinge a unidade indissociável, formada pela inteligência, pela afetividade e pela motricidade. Paratonia: É a possibilidade que apresentam certas crianças de relaxar voluntariamente um músculo. Sincinesias: São fenômenos normais em crianças. Catalepsia: É uma aptidão anormal para a conservação de uma atitude. Outros sinais são marcados como certas epilepsias, espasmos dos músculos lisos, alguns estados de excitação e de agitação e a instabilidade. 42 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Assim muitos anos, os distúrbios de psicomotricidade e portanto, as dispraxias, foram vistos sob o nome de debilidade motora que é uma insuficiência de imperfeição das funções motoras consideradas do ponto de vista da sua adaptação. Os distúrbios da Psicomotricidade são definido sob o nome de Disfunções Psicomotoras. Pesquisas feitas com crianças deficientes mentais focalizando os processos que estariam na base das deficiências da aprendizagem. Adotaram a classificação das deficiências mentais, proposta por Straus (1933) em endógenas aquelas crianças com antecedentes familiares de distúrbios mentais; em exógenas as crianças portadoras de lesão cerebral. Teorias e Exercícios em Psicomotricidade ESQUEMA CORPORAL Conhecimento intuitivo imediato que a criança tem do próprio corpo, conhecimento capaz de gerar as possibilidades de atuação da criança sobre as partes do seu corpo, sobre o mundo exterior e sobre os objetos que a cercam. Exercício 1 : Reconhecendo as partes essenciais do corpo - O profissional diz os nomes das seguintes partes do corpo: cabeça, peito, barriga, braços, pernas, pés, explorando uma parte por vez. A criança mostra em si mesma a parte mencionada pelo profissional, respeitando o nome que designa. Primeiramente o trabalho deverá ser realizado de olhos abertos, e a seguir de olhos fechados. Olhos abertos: Aprendizado. Olhos fechados: Quando dominar as partes do corpo. Exercício 2: A criança deverá reconhecer também as partes do rosto: nariz, olhos, boca, queixo, sombrancelhas, cílios, trabalhar também com os dedos com a mão apoiada sobre a mesa a criança deverá apresentar o pulso, o dedo maior e o dedo menor, os nomes dos dedos são ensinados a criança pedindo que ela levante um a um dizendo os respectivos nomes dos dedos. 43 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Exercício 3: Trabalhar com os olhos - Em pé ou sentado a criança acompanha com os olhos sem mexer a cabeça, a trajetória de um objeto que se desloca no espaço. Exercício 4: Sentir os rins - Deitada com as pernas estendidas e as mãos sobre os rins a criança dobra os joelhos e encosta-os no peito. Comentar com a criança que a parte do corpo que se apoia com força sobre suas mãos chama-se rins. Exercício 5: Automatizando a noção de direita e esquerda Conhecendo a direita e a esquerda do próprio corpo mostrar a criança qual é a sua mão direita e qual é a sua mão esquerda. Dominando este conceito, realizar o exercício em etapas: - fechar com força a mão direita; - depois a esquerda; - Levantar o braço direito; - depois o esquerdo; - bater o pé esquerdo; - depois o direito; - mostrar o olho direito; - depois o esquerdo; - mostrar a orelha direita; - depois a esquerda; - levantar a perna esquerda; - depois a direita. Trabalhar com os olhos abertos, e quando a criança estiver dominando o exercício trabalhar com os olhos fechados. Exercício 6: Localizando elementos na sala de aula. A criança deverá dizer de que lado está a porta, a janela, a mesa da sala de aula, etc. em relação a si mesma. Durante a realização do exercício, não deixar a criança cruzar os braços, pois isso dificulta sua orientação espacial. COORDENAÇÃO ÓCULO-MANUAL 44 www.soeducador.com.br Psicomotricidade A finalidade dos exercícios de coordenação óculo-manual tem como finalidade o domínio do campo visual, associada a motricidade fina das mãos. Exercício - Realizar este jogo em duas etapas: A criança bate a bola no chão, apanhando-a inicialmente com as duas mãos, e depois ora com a mão direita, ora com a mão esquerda. No início a criança deverá trabalhar livremente. Numa segunda etapa o professor determinará previamente com qual das mãos a criança deverá apanhar a bola. A criança joga a bola para o alto com as duas mãos, apanhando-a com as duas mãos também. Em seguida, joga a bola para o alto com uma só mão, apanhando-a com uma só mão também. Variar o uso das mãos. Ora com a direita ora com a esquerda. Jogo de Pontaria no Chão - Desenhar um círculo no chão ou utilizar um arco. As crianças deverão jogar a bola dentro do círculo. Aumentar gradativamente à distância. Variar jogando a bola na frente, atrás, do lado esquerdo, do lado direito do círculo. COORDENAÇÃO DINÂMICA GERAL Estes exercícios possuem a função de equilíbrio que é a base essencial da coordenação dinâmica geral que possuem a finalidade de melhorar o comando nervoso, a precisão motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no tempo e no espaço. Constituem-se de exercícios de marchas e saltos. Apresentamos exercícios em que a criança a nível de experiências vividas, manipula conceitos espaciais importantes para o seu preparo para a alfabetização. Os conceitos espaciais: direita, esquerda, atrás, na frente, entre, perto, longe, maior, menor; são vivenciados através de movimentos específicos. A partir daí propomos exercícios com maior intensidade. Se coloca a medição de um raciocínio, de uma reflexão sobre os dados vivenciados no primeiro nível. Dessa forma permite a criança passar para a etapa de estruturação temporal requerida para o aprendizado da leitura e da escrita. Exercício: Andando saltando e equilibrando-se. 45 www.soeducador.com.br Psicomotricidade 1. Andando de cabeça erguida 2. A criança anda com um objeto sobre a cabeça (pode ser um livro de capa dura). Dominada esta etapa a criança para, levanta uma perna formando um angulo de noventa graus e coloca-se lentamente no chão. O mesmo trabalho deverá ser feito com a outra perna. 3. Quem alcança? 4. O professor segura um objeto a uma determinada altura (pode ser um lápis, uma bola) a criança deverá saltar para alcança-lo . Inicialmente fazer o exercício em pé, depois de cócoras. MOTRICIDADE FINA DAS MÃOS E DOS DEDOS Os exercícios de motricidade fina são muito importantes para a criança, na medida em que educam é gesto requerido para a escrita, evitando a apreensão e a prisão inadequados que tanto prejudicam o grafismo, tornando o ato de escrever uma experiência aversiva a criança. CUIDANDO DAS MÃOS Exercício de Motricidade Fina : Trabalhando só com os braços - Este exercício tem como objetivo desenvolver a independência segmentar do braço em relação ao tronco, o que beneficia e facilita o trabalho da mão no ato de escrever. Apresentamos uma série de gráficos (traçados) que o professor deverá reproduzir em tamanho grande no quadro de giz ou programá-los em cartões. As crianças por sua vez deverão reproduzi-los com gestos executados no ar. AMASSANDO A MASSA Fazendo Bolas de Massa - O professor distribui a classe bolas de massa de tamanhos variados (usar massa para modelar) sentada, com o cotovelo apoiado sobre a carteira, a mão para o alto, a criança aperta as bolas de massa com força, amassando-as. Orientar a criança para que trabalhe com dois dedos por vez. 46 www.soeducador.com.br Psicomotricidade Trabalhar primeiro uma das mãos, depois com a outra e, finalmente, com as duas juntas.
Compartilhar