Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA PATOLOGIA ESPECIAL DAS AVES Maria Carolina Landim Delgado ASPERGILOSE JUIZ DE FORA 2021 Maria Carolina Landim Delgado ASPERGILOSE Trabalho sobre Aspergilose, apresentado como parte dos critérios de avaliação da disciplina de Patologia Especial das Aves. Professor(a): Rafael Veríssimo Monteiro JUIZ DE FORA 2021 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………….…..4 2 ETIOLOGIA…………………………………………………………………………....5 3 EPIDEMIOLOGIA…………………………………………………………………….6 4 PATOGENIA…………………………………………………………………………....7 5 SINAIS CLÍNICOS………………………………………………………………….....8 6 DIAGNÓSTICO……………………………………………………………………..…9 7 TRATAMENTO………………………………………………………………………...9 8 PREVENÇÃO E CONTROLE……………………………………………………......9 9 CONCLUSÃO..……………………………………………………………………..…10 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………..…..11 2 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Representação esquemática da morfologia de um Aspergillus spp. ………………5 Figura 2- A) Aspergilose. Gallus Gallus. Granulomas multifocais distribuídos pela cavidade interna e B) Granulomas nos sacos aéreos abdominais aderidos a porção intestinal………...7 Figura 3- A) Granuloma contendo numerosas hifas compatíveis com Aspergillus sp. Metanamina-nitrato de prata de Grocott [Obj. 20x]. B) Nódulo cavitário. Contendo numerosas hifas, frequentemente septadas, com paredes paralelas e ramificações em ângulo agudo (dicotômicas) compatíveis com Aspergillus sp. Metanamina-nitrato de prata de Grocott [Obj. 40x]...................................................................................................................................7 3 1 INTRODUÇÃO A aspergilose é a principal doença micótica das aves, caracterizada principalmente por causar alterações em pulmões e sacos aéreos. O gênero Aspergillus spp. o qual determina essa enfermidade teve seus primeiros relatos em aves marinhas no início do século XIX, porém a primeira identificação em lesão no sistema respiratório foi em 1942 por RAYNER & MONTAGNE. A infecção ocorre geralmente pela inalação de esporos presentes no ambiente e a suscetibilidade das aves adquirirem essa doença é justificada nas literaturas que as características anatômicas como a não existência de epiglote para prevenção de entrada de partículas no trato respiratório inferior, falta de diafragma, resultando na inabilidade de produzir reflexo de tosse, bem como a distribuição limitada de células ciliadas no trato respiratório e outros aspectos como a temperatura corporal alta desses animais promovem o desenvolvimento desses fungos. Outro fator importante seria a imunossupressão e imunocompetência das aves, que influencia diretamente na forma da apresentação da doença aguda ou crônica (TELL, 2005; CHARLTON, 2008 apud DORNELLES, 2014). 2 ETIOLOGIA Dentre as diversas espécies de Aspergillus, as duas principais envolvidas em casos de surtos de aspergilose são Aspergillus fumigatus e o Aspergillus flavus, os quais se caracterizam por serem fungos filamentosos, ubiquitários e saprófitos encontrados no meio ambiente, matéria orgânica, solo, água, entre outros locais (SPANAMBERG, 2012). A morfologia dos fungos do gênero Aspergillus spp. representada na Figura 1 consiste em uma cabeça aspergilar localizada no topo de um conidióforo que se dilata na sua extremidade formando a vesícula, as células produtoras de esporos (fiálides) são suportadas diretamente pela vesícula ou por uma camada de células estéreis chamadas métula. As fiálides podem cobrir toda a vesícula ou apenas o seu topo, sendo a sua disposição uma característica essencial na identificação morfológica das diferentes espécies de Aspergillus spp. A partir da extremidade das fiálides, surgem os conídios também conhecidos como esporos cujas dimensões são variáveis consoantes a espécie, por fim na base dos conidióforos, sustentados por uma célula basal, encontram-se as hifas (COLLIER L, BALOWS A, SUSSMAN M, 1998 apud SANTOS, R.S et al., 2019). 4 FIGURA 1: Representação esquemática da morfologia de um Aspergillus spp. FONTE: ELVIA et al., 2013, apud SANTOS, R.S et al., 2019 3 EPIDEMIOLOGIA A aspergilose é uma enfermidade de ocorrência mundial acometendo diversas espécies aviárias, desde galinhas, patos, gansos, pinguins, aves silvestres, entre outros. E, apesar de todas as aves terem potencial para adquirir a doença e poderem ser portadoras desse fungo, a diminuição da resistência imunológica, bem como estresse, doenças infecciosas, substâncias tóxicas ou a nutrição são fatores importantes para o desenvolvimento da aspergilose. Além disso, as condições ambientais interferem no acometimento desta enfermidade, por exemplo, locais com ventilação reduzida, umidade e temperatura elevada (GARCIA et al., 2007). É válido ressaltar que, as principais causas de morbidade e mortalidade em aves são aquelas imunocompetentes e imunodeprimidas, sendo que a manifestação clínica de forma aguda acomete principalmente aves jovens, já a forma crônica ocorre geralmente em aves adultas e velhas (TELL, 2005; CHARLTON, 2008 apud DORNELLES, 2014). 4 PATOGENIA A infecção ocorre por meio da inalação de esporos liberados pelo o Aspergillus spp. presentes no solo, ar, plantas, camas, ninhos, rações, incubatórios, entre outros, sendo que o sistema respiratório normalmente é o foco primário da doença, porém já foram encontrados fungos no SNC, olhos e sistema digestório (COOPER, 2002; ANDREATTI FILHO, 2006; 5 ANDERY, 2011 apud FRAGA, 2014). Além disso, dependendo da espécie do fungo a sua virulência é capaz de facilitar a colonização e disseminação por meio da destruição de barreiras físicas e químicas do trato respiratório, estimulando consequentemente o sistema imune e promovendo respostas inflamatórias, como é no caso do A. fumigattus (ITO et al., 2007 apud TUBELIS et al., 2013). Na infecção inicial e recente as lesões surgirão como pequenos nódulos caseosos esbranquiçados nos pulmões ou nos sacos aéreos torácicos e abdominais e ocasionalmente em outros órgãos, causando dermatite, osteomicose, oftalmite e encefalite (RUPLEY, 1999 apud SILVA, 2014). 5 SINAIS CLÍNICOS Os principais sinais clínicos consistem em dispneia, depressão e emaciação, os quais são sinais relacionados a estados de imunodepressão, porém pode ter ausência de sinais clínicos e ocorrer morte súbita em 48 horas (BAUCK, 1994 apud SILVA, 2014). Por outro lado, em casos crônicos, as aves podem apresentar intolerância ao exercício, ruídos respiratórios, apatia e anorexia (MEIRELES e DA SILVA NASCENTE, 2009). 6 DIAGNÓSTICO Devido aos sinais clínicos inespecíficos ou ainda ausência deles o diagnóstico da aspergilose usualmente é realizado post mortem. Desse modo, na necropsia serão observados nódulos caseosos nos pulmões e sacos aéreos torácicos e abdominais, nos pulmões esses nódulos poderão estar envolvidos por uma área hiperêmica, e os sacos aéreos estarão mais espessos (MARKS et al., 1994 apud TESSARI et al., 2004). 6 FIGURA 2: A) Aspergilose. Gallus Gallus. Granulomas multifocais distribuídos pela cavidade interna e B) Granulomas nos sacos aéreos abdominais aderidos a porção intestinal. FONTE: CEOLIN , et al., 2012 Além disso, é realizado em associação a análise anatomopatológica o exame laboratorial de cultivo para isolar e identificar o fungo, sendo confirmado pela demonstração dos microrganismos com suas hifas esguias, ramificadas, septadas e dicotomizadas em seções histológicas de tecidos lesionados (CARLYLE et al., 2000). FIGURA 3: A) Granuloma contendo numerosas hifas compatíveis com Aspergillus Metanamina-nitrato de prata de Grocott [Obj. 20x]. B) Nódulo cavitário. Contendo numerosas hifas, frequentemente septadas, com paredes paralelas e ramificações em ângulo agudo (dicotômicas) compatíveis com Aspergillus Metanamina-nitrato de prata de Grocott [Obj. 40x]. FONTE: CEOLIN , et al., 2012 7 7 TRATAMENTO Devido a baixa resposta aos medicamentos e alto custo o tratamentotorna-se inviável, fazendo com que toda a atenção seja voltada à prevenção e ao controle nos aviários e incubatórios (ARNÉ et al., 2011 apud SILVA, 2014). De modo geral, quando faz tratamento prolongado de antibióticos ou corticóides é limitado aos casos onde é indispensável evitando uma imunossupressão dos animais o que predispõe uma infecção por aspergillus, assim como por outros agentes oportunistas (MEIRELES e DA SILVA NASCENTE, 2009). 8 CONTROLE E PREVENÇÃO A adoção de medidas higiênicos sanitárias no ambiente, em incubatórios e camas das aves são importantes para prevenção e controle desta enfermidade. A rejeição de camas ou terreiros embolorados serve para evitar surtos em aves mais velhas, além disso a desinfecção de cercados e todos os equipamentos contaminados são pontos necessários. Outro fator importante é garantir adequada ventilação, visto que reduz a formação excessiva de poeira nas instalações avícolas, consequentemente diminuindo o desencadeamento de doenças fúngicas. Por fim, o controle da contaminação de rações e água , bem como o manejo de lixo colaboram para uma menor ocorrência da aspergilose (CHARLTON et al., 2008 apud SILVA, 2014). 9 CONCLUSÃO A aspergilose é uma doença micótica importante e que acomete o sistema respiratório de diversas aves, principalmente aquelas imunocompetentes. As condições ambientais e nutricionais são os principais aspectos relacionados à causa desta enfermidade, o que reforça a necessidade de práticas higiênico sanitárias como medidas preventivas, bem como de controle de surtos. Os sinais clínicos geralmente são inespecíficos ou ausentes o que dificulta o diagnóstico clínico, sendo realizado apenas post mortem, além disso, o tratamento fica inviável devido o alto custo e baixa resposta aos medicamentos. Desse modo, é importante que novos estudos sobre a doença sejam realizados para aperfeiçoar medidas de combate, e minimizar os prejuízos econômicos para os produtores. 8 REFERÊNCIAS DORNELES, A. S. Aspergilose em frango de corte: diagnóstico, identificação e caracterização da diversidade genética de Aspergillus fumigatus. 2014. 32 f. Tese (Doutorado) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ handle/10183/97006/000919856.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 18 dez. 2021. SPANAMBERG, A. et al. Aspergillosis in Green-winged Saltator (Saltator similis) subject of bird-singing competition: three cases. Acta Scientiae Veterinariae. v. 40, p.1089, 2012. SANTOS, Ricardo Salviano dos et al. PRODUÇÃO DE β-GLICOSIDASE POR Aspergillus tubingensis AN1257 COM USO DE PALHA DE MILHO COMO SUBSTRATO. 2019. 39 f. Tese (Doutorado) - Curso de Farmácia, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri., Diamantina, 2019. Disponível em: http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/bitstream/1/2084/1/producao_%20%CE%B2-glicosidase_asp ergillus_tubingensis_%20AN1257.pdf. Acesso em: 18 dez. 2021. GARCIA, M.E. et al. Fungal flora in the trachea of birds from a wildlife rehabilitation centre in Spain. Veterinarni Medicina. v. 52, n. 10, p. 464-470, 2007 FRAGA, Cibele Floriano. OCORRÊNCIA DE DOENÇAS MICÓTICAS EM AVES SILVESTRES NO BRASIL. 2014. 39 f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/108152/000946635.pdf?sequence=1&isAl lowed=y. Acesso em: 18 dez. 2021. TUBELIS, P.; BRITO, K. C. T.; CUNHA, A. C.; BRITO, B. G. Aspergilose crônica em avestruzes (Struthio camelus). Pesquisa Agropecuária Gaúcha, v. 19, n. 1/2, p. 115-119, 20 dez. 2013. Disponível em: http://revistapag.agricultura.rs.gov.br/ojs/index.php/ revistapag/article/view/128 . Acesso em : 18 dez. 2021. 9 https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/bitstream/ http://revistapag.agricultura.rs.gov.br/ojs/index.php/revistapag/article/view/128 http://revistapag.agricultura.rs.gov.br/ojs/index.php/revistapag/article/view/128 SILVA, M. R.. Aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos da aspergilose em codornas de corte (Coturnix coturnix) no Sertão da Paraíba. 2014. 28 f. TCC (Doutorado) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, Patos- Pb, 2014. Disponível em: http://www.cstrold.sti.ufcg.edu.br/grad_med_vet/tcc_2014.2/29_maycon_ rodrigues_da_silva.pdf. Acesso em: 18 dez. 2021. MEIRELES, M. C. A.; DA SILVA NASCENTE, P. Micologia Veterinária. Pelotas: Universitária UFPEL, 2009. TESSARI, et al. PREVALÊNCIA DE ASPERGILOSE PULMONAR EM PINTOS DE UM DIA DE IDADE. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.71, n.1, p.75-77, jan./mar., 2004. Disponível em: http://biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/docs/arq/V71_1/tessari.pdf. Acesso em: 18 dez. 2021. CEOLIN, L. V. et al. Diagnóstico macro e microscópico de Aspergilose em frangos de corte. 2012 . Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2890/289023557016.pdf . Acesso em: 18 dez. 2021. CARLYLE, T. J; DUNCAN, R. H; KING, N. W; Patologia veterinária. 6 ed. São Paulo: Manole, 2000. 10 http://www.cstrold.sti.ufcg.edu.br/grad_med_vet/tcc_2014.2/29_maycon_ http://biologico.agricultura.sp.gov.br/uploads/docs/arq/V71_1/tessari.pdf https://www.redalyc.org/pdf/2890/289023557016.pdf
Compartilhar