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Resgate Histórico-das-Prisões

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FORMAÇÃO DE 
MONITORES DE
RESSOCIALIZAÇÃO
 
 www.cspcursos.online 2 
Resgate 
Histórico 
das Prisões e 
Sistema de 
Punições 
Muitos pesquisadores, ao longo do 
tempo, escreveram sobre a finalidade da 
punição, o que levou a uma série de 
teorias que orientam as leis penais dos 
estados que as obedecem. A seguir, 
passaremos a ver algumas destas teorias 
e a evolução histórica do sistema 
punitivo. 
Segundo Mirabete (2001), para as 
chamadas teorias absolutas, a finalidade 
da pena é a punição, ou seja, pagar pelo 
mal praticado. A punição é uma 
consequência deste mal e é vista como 
uma forma de reabilitação moral, ou 
seja, a reflexão sobre o ato praticado. 
Para a teoria utilitarista, a finalidade da 
punição é puramente prática, ou seja, 
afastar o sujeito da sociedade. A Escola 
Positiva ensina que a pena servirá como 
oportunidade para a ressocialização do 
sujeito, e a prisão, é o meio de garantir 
que este não cometa novos delitos 
durante esse processo. 
Já para as teorias mistas, a pena tem 
tanto um caráter de contribuição em seu 
aspecto moral, como tem por objetivo a 
prevenção de novos delitos, 
ressocialização do condenado e punição 
pelo mal cometido. (MIRABETE, 
2001). 
Atualmente, contamos com novas 
teorias, como a teoria da função 
ressocializadora, que preza pela 
preparação do condenado para que, ao 
término de sua pena, este tenha as 
condições ideais para seu retorno ao 
meio social. 
Segundo Beccaria (1983), o homem 
civil entrega parte de sua liberdade ao 
Estado em troca de garantias de sua 
segurança. Para tanto, são necessárias 
leis para controlar as condutas nocivas 
ao bem comum ou ao indivíduo, e a 
única forma de controle é a punição em 
caso de não observância dos preceitos 
acordados. Por isso, a pena deve ser 
decorrente do ato previsto em lei e deve 
ser proporcional ao dano causado. 
A partir do momento em que os homens 
passaram a conviver em sociedade, os 
delitos começaram a ocorrer. A medida 
em que a vida social evoluía, a 
criminalidade seguia o mesmo padrão. 
Na antiguidade, por exemplo, eram 
comuns crimes contra a vida, 
integridade física e agressões sexuais. 
Quando do surgimento da propriedade 
privada, percebe-se, então, o início dos 
crimes contra o patrimônio e Estado. 
Nos tempos atuais, nota-se a ocorrência 
de crimes no ambiente virtual, fraudes 
financeiras e crimes ambientais. 
O Direito então, frente a evolução do 
comportamento social e consequente 
evolução dos crimes, é desafiado a 
apresentar leis justas e que imponham 
aos sujeitos desvantagens proporcionais 
 
 www.cspcursos.online 3 
aos delitos praticados, a fim de 
desestimular sua prática. 
Assim, para que possamos compreender 
melhor as penas, façamos um breve 
estudo sobre seu surgimento e evolução. 
1.1 EVOLUÇÃO DA PENA 
1.1.1 Vingança 
Os grupos sociais primitivos são 
cercados por um ambiente místico e 
espiritual. Qualquer fenômeno natural 
maligno que ocorria era considerado 
resultado do desagrado das divindades. 
Intuitivamente, para aplacar a ira dos 
deuses, foram criadas regras mínimas de 
comportamento, conhecidas como 
“tabus” que, se não fossem respeitadas, 
levariam à punição. Isto iniciou uma 
espécie de correlação entre “crime” e 
“castigo”, que nada mais é do que a 
vingança divina aos indivíduos do 
grupo social. 
A punição por vingança evoluía na 
medida em que o homem se organizava. 
Um exemplo é a vingança privada, 
manifestada pela reação do ofendido ao 
aplicar uma punição no provocador, 
buscando reestabelecer o equilíbrio 
entre as partes. Outro exemplo é a 
vingança coletiva, que consistia na 
punição do sujeito que ofendia a paz 
social. Este era excluído do grupo, 
perseguido e tinha seus bens 
confiscados. 
Ocorre que, as punições com uso de 
violência ilimitada e expulsões 
resultaram em significativa redução do 
número de membros nas tribos, e seu 
consequente enfraquecimento. Assim, 
surgiu a necessidade de impor limites às 
punições. 
Lei de Talião 
No período neolítico, foi instituída a Lei 
de Talião, que apresentava a 
proporcionalidade entre o delito e a 
punição. Aplicava-se ao infrator o 
mesmo mal por ele praticado, ou seja, o 
famoso “olho por olho, dente por 
dente”. 
Vingança Divina 
Neste segundo período de evolução, aos 
indivíduos eram impostas normas de 
conduta geralmente inspiradas nos 
deuses. Famosos códigos datados deste 
período foram o código de Hamurabi, 
Leis Mosaicas e Código de Manu. A 
pena ainda era dotada de sentimento de 
vingança, mas uma vingança divina. 
As punições mais comuns eram a pena 
de morte, por meio de forca, 
decapitação ou ingestão de veneno, ou a 
amputação de membros e diversas 
torturas. 
Neste período dois tipos de 
criminalidade são bastante distintos: Os 
crimes contra a coletividade, que eram 
as ofensas contra a autoridade pública, 
costumes, tradições e religião; e os 
crimes contra os indivíduos, que eram 
os roubos, violência, fraudes, mortes, 
etc. (OLIVEIRA, 1984). 
Vingança Pública 
Na Antiguidade, com a evolução da 
civilização, surge a consciência de 
fortalecimento da autoridade pública e o 
fortalecimento do Estado, que passa a 
 
 www.cspcursos.online 4 
ser o detentor do uso da força e 
aplicação das punições, que outrora 
pertencia ao ofendido, à família e às 
divindades. Assim, a punição perde seu 
fundamento religioso e passa a ser 
político. É neste período que surge a Lei 
das XII tábuas, elaboradas no período 
da República Romana. 
Mesmo assim, tal época é marcada por 
possuir punições de caráter 
extremamente cruéis e vingativos, sem a 
proporcionalidade entre a ofensa e a 
punição. Aqui surgiram as chamadas 
masmorras, lugares extremamente 
lúgubres, insalubres, e sem condições 
de higiene, nos quais os prisioneiros 
normalmente adoeciam e morriam antes 
mesmo de serem julgados. Neste 
período, as prisões eram apenas um 
instrumento de um processo punitivo 
que se baseava no tormento físico. 
Ao final da Idade Antiga, o 
Cristianismo passa a influenciar 
profundamente o abrandamento das 
penas cruéis, exterminadoras e 
degradantes, tendo em vista que a 
doutrina cristã preza pela valorização da 
vida. 
Na Idade Média, período compreendido 
entre os séculos V e XV d.C., a fim de 
evitar a pena de morte, a igreja adota a 
pena de prisão. O criminoso era 
recolhido à cela para penitências, sendo 
visitados somente pelo confessor ou 
pelo diretor. Nesta época a pena tinha 
duplo sentido: a reconciliação com 
Deus e a punição. 
“A idade moderna apresenta o apogeu 
da repressão” (OLIVEIRA, 1984). Para 
além das penas já praticadas na época, 
passaram a existir novas punições, tais 
como: mutilação, marca com ferro, 
açoites, morte por óleo fervente, entre 
outras. Estas punições, os chamados 
suplícios, atingiam o corpo e a alma dos 
apenados, pois além dos suplícios 
físicos eram aplicadas agonias 
praticadas por meio de técnicas que 
graduavam o sofrimento na qualidade e 
quantidade. Além de punir os 
indivíduos, passaram a existir rituais de 
pré-punição, com intuito impressionar 
as pessoas, e desestimular a 
criminalidade. 
 No Brasil também foram praticados os 
suplícios. Um grande exemplo foi a 
morte de Tiradentes, conduzido pelas 
ruas à forca e enforcado, esquartejado e 
suas partes penduradas em via pública. 
Por fim, chegou-se ao consenso de que 
os suplícios perdiam cada vez mais sua 
função de aterrorizar a sociedade para 
que esta não praticasse delitos. Foi 
quando se deu início às correntes 
humanitárias da pena. 
1.1.2 Humanização da Pena 
Com o passar do tempo, as sanções 
aplicadas tornaram-se fortemente 
criticadas. Houve objeções de juízes, 
juristas, parlamentares, filósofos, entre 
outros, que exigiram que os suplícios 
terminassem, defendendo a moderação 
das punições. Várias teorias foram 
escritaspor Voltaire, Marat, Duport, 
Target, sendo o expoente "Dos Delitos e 
das Penas" de Cesare Beccaria. Tais 
pensadores conseguiram despertar a 
opinião pública contra a tortura 
(OLIVEIRA, 1984). 
 
 www.cspcursos.online 5 
 Ademais de lutar contra os suplícios, 
tais autores visavam, também, combater 
a corrupção que impregnava o sistema, 
buscando um mecanismo eficaz de 
controle dos julgamentos, para que não 
fossem arbitrários. Batalhavam para que 
as penas fossem justas e proporcionais 
ao delito cometido (OLIVEIRA, 1984). 
Nesta época, em que pese a redução 
significativa na quantidade de delitos 
contra a pessoa, houve um aumento dos 
crimes contra o patrimônio, tais como 
roubo e fraudes. Por isso, a justiça 
começa a tornar-se mais severa no 
combate a estes delitos. Aqui, também, 
desenvolve-se o aparelho policial 
(OLIVEIRA, 1984). 
 Os avanços das novas teorias começam 
a surtir efeito a partir do século XIX, 
com a chegada de um novo código 
criminal francês, que acabou com as 
mutilações, reduziu as possibilidades de 
pena de morte, e permitia que os juízes 
atenuassem as punições. Em outros 
países, porém, as penas de morte 
continuavam a ser aplicadas. Foi apenas 
na metade do século XIX que os 
suplícios foram definitivamente 
abandonados, surgindo, assim, a 
chamada pena de reclusão (OLIVEIRA, 
1984). 
1.2 SURGIMENTO DAS 
PRISÕES 
Como já visto, nas primeiras 
civilizações não havia o conceito da 
pena de prisão. As penas primitivas 
eram a morte, e, posteriormente, os 
suplícios. Nestas sociedades primitivas, 
não era necessária a prisão preventiva, 
já que, se o acusado não cumprisse com 
o que lhe fora imposto, sua família, ou 
mesmo seu clã responderiam. 
Com o posterior desenvolvimento das 
sociedades, a responsabilidade pelo 
crime torna-se individual. A prisão 
aparece para evitar fugas, sendo análoga 
ao pelourinho, posto que o condenado 
ficava exposto para ser supliciado. A 
prisão não era a pena, mas sim o 
suplício (OLIVEIRA, 1984). 
O modelo de prisão surge com o Direito 
Canônico, e esta poderia ser temporária 
ou perpétua. Aqui, pregava-se o silêncio 
e a oração como forma de pagar pelo 
pecado cometido. É somente no século 
XVIII que a pena de prisão é 
considerada por si só uma pena 
(OLIVEIRA, 1984). 
1.2.1 Sistema de John Howard 
O inglês John Howard iniciou um 
movimento revolucionário que tinha o 
intuito de humanizar as prisões. 
Buscava formas de melhorar o sistema 
através de pesquisas sobre as condições 
dentro dos estabelecimentos prisionais. 
Idealizou, assim, um sistema de 
regeneração do indivíduo através da 
religião, da moral e do trabalho diário, 
devendo ser preservadas as necessárias 
condições de higiene e alimentar 
(OLIVEIRA, 1984). 
A história de vida de Howard é bem 
peculiar. Foi preso por piratas e levado 
para a França. Conseguiu provar sua 
inocência e regressou à sua pátria. Mas, 
foi durante seu período preso que pode 
experimentar as condições nas quais 
viviam os encarcerados, e, assim, 
iniciou o desenvolvimento de suas 
 
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teorias sobre o modelo ideal de prisão. 
Dedicou sua vida defendendo tal 
modelo, e conseguiu com que seu 
sistema fosse aplicado em alguns 
presídios. Por fim, faleceu de uma 
enfermidade adquirida dentro dos 
estabelecimentos prisionais que tanto 
estudava (OLIVEIRA, 1984). 
Ressalta-se que o modelo idealizado por 
Howard serviu de base para outras 
teorias que fundamentam o sistema 
prisional de diversos países, incluindo o 
Brasil. 
1.2.2 Sistema Panóptico 
O Sistema Panóptico, muito embora 
seja diferente daquele proposto por 
Howard, baseia-se neste modelo. Criado 
por Gemias Bentham, seria um tipo de 
prisão em formato radial, na qual 
apenas uma única pessoa poderia 
exercer a vigilância desde o posto de 
observação. Sua arquitetura era 
composta por uma torre central e, nas 
periferias, um anel. 
 Neste tipo de arquitetura, cada cela 
possuiria duas janelas, e sua finalidade 
está na facilidade de exercer a vigilância 
através das sombras que seriam 
produzidas, já que uma janela receberia 
luz externa e a outra janela estaria 
voltada para a torre de observação. 
Foucault observou que, neste modelo de 
prisão, ocorre a maximização da 
eficiência do poder, na medida em que 
aumenta as possibilidades de acúmulo 
de saber sobre aqueles que estão sendo 
vigiados. O Panóptico tem o poder de 
transformar uma massa amorfa de 
pessoas num grupo ordenado, separado 
e constantemente vigiado. A vigilância 
constante e eficiente é um requisito 
básico à disciplina total, à sujeição e à 
construção de condutas. Foucault ainda 
defende que, neste modelo, poderia 
estar, na torre de observação, um louco, 
um operário, um estudante, um 
delinquente, ou mesmo ninguém, já que 
a visibilidade é uma armadilha. O preso 
possuía o sentimento de estar sendo 
constantemente vigiado, uma vez que 
das celas não era possível olhar por 
dentro da referida torre (FOUCAULT, 
1987) 
1.2.3 Sistema da Filadélfia 
No sistema da Filadélfia o condenado 
permanecia isolado, sem trabalho algum 
e sem visitas, e poderia ler somente a 
Bíblia. Nestas prisões não havia camas 
nem bancos, os nomes dos prisioneiros 
eram substituídos por números e a 
comida era servida uma vez ao dia, pela 
manhã. Este regime impedia a 
ressocialização e foi muito criticado, 
pois alegava-se que o sistema deveria 
ser mais humanizado e limitado ao 
objetivo da pena (OLIVEIRA, 1984). 
1.2.4 Sistema de Auburn 
No sistema de Auburn era exigido o 
silêncio absoluto. Muito embora o 
isolamento fosse somente noturno, os 
detentos eram proibidos de conversar 
entre si, e podiam apenas falar poucas 
palavras com o guardas, em voz baixa e 
com a devida permissão destes. Tal 
sistema permite que poucas pessoas 
controlem muitas, uma vez que o 
silêncio absoluto seria um instrumento 
essencial de poder. A quebra do silêncio 
era objeto de castigos corporais, muitas 
 
 www.cspcursos.online 7 
vezes grupais, pois não se sabia quem 
teria quebrado tal regra. 
1.2.5 Sistema de Montesinos 
O Sistema de Montesinos, criado pelo 
coronel Montesinos, na Espanha, foi o 
precursor do tratamento penal 
humanitário. Tal método pregava a 
regeneração do infrator. O trabalho do 
presidiário era remunerado, não havia 
castigos corporais, e, muito embora sua 
segurança fosse mínima, os números de 
evasão eram muito baixos. Os índices 
de reincidência foram drasticamente 
reduzidos, tendo, inclusive, 
desaparecido em alguns períodos. 
O coronel Montesinos era considerado 
um idealista e acreditava como poucos 
na ressocialização dos condenados. Por 
isso, colocou na entrada do presídio de 
seu comando a célebre frase: "Aqui 
entra o homem, o delito fica na porta." 
1.2.6 Sistema Progressivo Inglês 
O sistema progressivo inglês nasceu na 
Austrália, mas foi aplicado na 
Inglaterra. Ficou assim conhecido pois a 
pena era cumprida em períodos: 
a) no período de prova, o isolamento era 
completo; 
b) num segundo momento, o período de 
isolamento era noturno, com trabalho 
comum diurno, em rigoroso silêncio; 
c) por fim, num terceiro momento 
ocorria o período comunitário com 
livramento condicional. 
Segundo este método, a duração da 
pena não seria somente delimitada pela 
sentença, mas também pelo 
comportamento do condenado. Eram 
levados em consideração sua conduta, o 
trabalho realizado e a gravidade do 
delito praticado (OLIVEIRA, 1984). 
1.2.7 Sistema Progressivo 
Irlandês 
Segue o mesmo método do Sistema 
Progressivo Inglês, porém com o 
acréscimo de mais um período. Este 
sistema, aplicado na Irlanda, previa 
também o período de preparação para a 
vida em liberdade, e consistia na 
transferência do recluso para prisões 
intermediárias. Nestas, a vigilância era 
branda, não havia a necessidade de usar 
uniformes,os presos tinham permissão 
para conversar e podiam sair até 
determinada distância, com trabalho 
externo, no campo (OLIVEIRA, 1984). 
1.2.8 Alternativas ao Regime 
Fechado 
1.2.8.1 Regime Semiaberto 
As prisões semiabertas surgiram na 
Suíça e eram localizadas na zona rural. 
Os prisioneiros trabalhavam como 
colonos, ao ar livre, de forma 
remunerada e com pouca vigilância. 
Este tipo de prisão, no entanto, 
apresentou problemas de adaptação dos 
presos oriundos da zona urbana e 
também uma alta quantidade de fugas 
(OLIVEIRA, 1984). 
No Brasil, não sendo caso de 
reincidência, tal regime destina-se para 
as condenações entre quatro a oito anos. 
No semiaberto o preso pode fazer 
cursos e trabalhar fora da prisão durante 
o dia, retornando à esta durante à noite. 
 
 www.cspcursos.online 8 
Além, disso, assim como no regime 
fechado, este tem o direito de remir sua 
pena, ou seja, a cada três dias 
trabalhados, estudados ou de leitura, um 
é reduzido. 
1.2.8.2 Regime Aberto 
É um tipo de prisão que permite ao 
condenado trabalhar e estudar durante o 
dia, sem vigilância, fora da prisão, 
retornando somente para dormir e nos 
dias de folga, em um estabelecimento 
próprio e, quando não houver, é comum 
que a pena seja cumprida na própria 
residência do réu. 
Segundo o artigo 36 do Código Penal 
Brasileiro, “o regime aberto baseia-se 
na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado”. É o 
regime mais leve previsto no 
ordenamento jurídico brasileiro, 
destinado ao réu condenado a até quatro 
anos de prisão, desde que não seja 
reincidente. 
1.2.8.3 Penas Alternativas 
As penas alternativas são também 
chamadas de "penas restritivas de 
direitos". Estas são uma alternativa a 
prisão. Aqui, aos condenados são 
impostas limitações de alguns direitos 
como forma de cumprimento da pena. 
São exemplos: a prestação pecuniária, 
perda de bens, prestação de serviços à 
comunidade e interdição de direitos. 
 
 
 
1.3 AS PENAS E A PRISÃO 
NO BRASIL 
No Brasil, a evolução das penas e da 
prisão seguiram o mesmo contexto do 
restante do mundo. Iniciou-se com os 
povos primitivos, ou seja, a população 
indígena, seguido pelos períodos 
Colonial, Imperial, Republicano e o 
período atual. 
1.3.1 Civilização Indígena 
No período anterior à colonização 
portuguesa, os indígenas que habitavam 
o Brasil estavam em estágio inferior de 
evolução. Suas ideias de pena estavam 
atreladas às práticas rudimentares, ou 
seja, as já citadas vingança privada, 
vingança coletiva e a Lei do Talião. 
Levando em consideração que não 
havia nenhuma organização de normas 
escritas, tudo era transmitido oralmente, 
e estava quase sempre presente o 
misticismo. Nas formas de punição 
predominavam as sanções corporais e o 
exílio da tribo (BITTENCOURT, 2000). 
1.3.2 Período Colonial 
Do descobrimento do Brasil, passou a 
entrar em vigor no país o direito 
português. Em Portugal prevaleciam as 
Ordenações Afonsinas, publicadas em 
1446, considerado o primeiro código 
europeu completo. Tais Ordenações 
vigoraram até 1512, quando passaram a 
prevalecer as Ordenações Manoelinas, 
até 1559 e posteriormente substituídas 
pela compilação de Duarte Nunes de 
Leão, até 1569, quando passaram a 
vigorar as Ordenações Filipinas, que 
tinham reflexo no Direito Medieval e, 
logo, confundiam crime e pecado. 
 
 www.cspcursos.online 9 
Objetivava-se a difusão do temor na 
sociedade através de castigos cruéis, a 
pena de morte era amplamente utilizada, 
por meio da forca, bem como as penas 
de confisco e de trabalhos forçados 
(galés). Este código vigeu por mais de 
dois séculos, tendo sido ratificado em 
1643 por D. João IV, e em 1823 por D. 
Pedro (MIRABETE, 2001) 
(BITTENCOURT, 2000). 
Os donatários de terras, por sua vez, 
aplicavam suas punições, cada qual 
seguindo seus critérios particulares. 
Neste período, o direito brasileiro viveu 
um dos períodos mais violentos 
(BITTENCOURT, 2000). 
1.3.3 Período Imperial 
O período Imperial inicia-se com a 
Proclamação da Independência e a 
promulgação da constituição de 1824. 
Em 1830, foi sancionado o Código 
Criminal do Império, que tinha por base 
o Código Penal Espanhol e o Código 
Penal Português, e algumas inovações 
brasileiras. Foi considerado o Código da 
América Latina, e um dos melhores do 
mundo. Além de trazer uma visão 
inovadora, apresentou os primeiros 
esboços de uma individualização da 
pena (MIRABETE, 2001). 
1.3.4 Período Republicano 
Proclamada a República, aprovou-se o 
chamado Código Penal. Sua publicação 
data de 1890, antes mesmo da 
publicação da Constituição daquele 
período, datada de 1891 (MIRABETE, 
2001). 
Por ter sido elaborado às pressas, foi 
considerado o pior código da história 
brasileira, apresentando graves defeitos 
técnicos. Grandes foram as críticas e os 
estudos para a elaboração de um novo 
código. 
Porém, apenas em 1932 é que surgiu a 
chamada Consolidação das Leis Penais. 
Suas maiores inovações apresentadas 
foram a abolição da pena de morte e a 
instalação do regime penitenciário 
correcional. Este código ficou válido até 
1942, quando começou a vigorar o 
Código Penal atual (MIRABETE, 
2001). 
1.3.5 Período Atual 
Como já dito, o Código Penal passou a 
ter vigência em 1942. Tem como 
princípio o dualismo culpabilidade igual 
pena e periculosidade igual medida de 
segurança, e considera, também, a 
personalidade do criminoso e sua 
responsabilidade objetiva (MIRABETE, 
2001). 
Em 1984 o Código Penal Brasileiro 
sofreu uma reforma em sua parte geral. 
Tal reforma, de índole humanista e 
inovadora, tem por princípio o respeito 
à dignidade do infrator que, muito 
embora seja livre inclusive para praticar 
um ato ilícito, é responsável por tal ato, 
dando ênfase à culpabilidade como 
elemento essencial à punição 
(MIRABETE, 2001). 
A lei de Execução Penal Brasileira é 
uníssona com os preceitos humanistas 
do Código Penal Brasileiro, porém, 
infelizmente, muitos de seus preceitos 
não são aplicáveis pelos mesmos 
motivos: falta de investimentos e 
superlotações carcerárias. 
 
 www.cspcursos.online 10 
BIBLIOGRAFIA 
 
BECCARIA, C. Dos delitos e das penas. 
São Paulo: Martin Claret, 1983. 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de 
direito penal. Saraiva, 2000. 
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: 
nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 
1987. 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo 
penal. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
OLIVEIRA, Juarez de. Código Penal. São 
Paulo: Saraiva, 1984. 
 
	ebdb435878b75d9cbbd32c759ab254090e14dea164ac83a5b34b07a933330517.pdf
	b89af5cdb4257a1ca0daeede1add0b017c811ffbd73e2b328760909bd0275e8c.pdf

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