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Antifúngicos Introdução (só para contextualizar) Aviso: não irei usar imagens para ser mais direto e objetivo nesse material Fungos Nem sempre é ruim, tem o lado bom, como: tem os comestíveis, biorremediação, fermentação alcoólica, maturação de queijos, produção de antibióticos, associações simbióticas. Mas vale lembrar do lado ruim também, como: micotoxinas em alimentos, doenças em plantas e animais. Existe cerca de 50 especies que causam doenças em humanos Aumento da incidência e gravidade das infecções por fungos: • Imunossupressores • Antibioticoterapia de amplo espectro • Tratamentos cirúrgicos e oncológicos • Infecção sistêmica Organização e morfologia • Organismos eucariontes • Maioria são saprófitos (decompõem matérias orgânicas como troncos e raízes) • Não apresentam mobilidade Existem os unicelulares e pluricelulares (semelhantes a leveduras, filamentosos -mofo-, dimórficos) Parede celular de alguns fungos Constituintes: quitina, Beta-glucanos, mananas. Alguns têm: melanina, galactomanana, cápsulas, proteínas e alfa-glucanos. Infecções fúngicas Classificadas em primarias ou oportunistas Podendo ser superficiais (dermatomicoses - infecções de pele, cabelo e unhas; Candidíase - boca, vagina, pele ou sistêmicas) ou sistêmicas graves (candidíase sistêmica, meningite criptocócica, aspergilose pulmonar** e mucormicose rinocerebral). **importante causa de morte entre os receptores de transplante de medula óssea e indivíduos com neutropenia. Vamos ao que interessa? Inibidores da síntese da parede: ‣ Equinocandinas: Caspofungina, Micafungina Inibidores da membrana: ‣ Polienos: Anfotericina B, Nistatina ‣ Azois: Cetoconazol, Miconazol, Clotrimazol, Itraconazol, Fluconazol, Voriconazol, Posaconazol ‣ Alilaminas: Terbinafina, Amorolfina Inibidores da síntese do DNA: ‣ Flucitosina Como de praxe, agora vamos detalhar cada classe Inibidores de parede Equinocandinas: caspofungina, micafungina (IV) Mecanismo de ação: Inibição da síntese do beta (1-3)-glicano → ruptura da parede celular fúngica e morte celular ❖ Peptídeos cíclicos derivados da equinocandina B, que é encontrada naturalmente no Aspergillus nidulans ❖ Fungicidas contra Candida e fungistáticos para Aspergillus ❖ Micoses resistentes aos azois ❖ Bem toleradas Usos clínicos Caspofungina: • Tratamento das infecções disseminadas e mucocutâneas por Candida • Uso na aspergilose invasiva, apenas em pacientes refratários ou intolerantes a outros tratamentos antifúngicos. Micafungina: • Candidíase mucocutânea e Candidemia • Profilaxia das infecções por Candida em pacientes submetidos a transplante de medula óssea ou em pacientes onde a neutropenia é esperada Inibidores da Membrana Anfotericina B Antibiótico antifúngico produzido por Streptomyces nodosus Mecanismo de ação: ligação com o ergosterol, forma poro na membrana e ocorre extravasamento de íons e macromoléculas. Pode afetar, em pequeno grau, células de mamíferos Farmacocinética • Baixa absorção por via oral • Praticamente insolúvel em água → formulações lipídicas ou complexada com lipídeos • Via IV em infecções refratárias ou potencialmente fatais; uso tópico • Meia-vida aproximada de 15 dias, excreção renal lenta • Administração tópica (creme vaginal) Resistência: redução da concentração de ergosterol e modificação da molécula esterol- alvo. Usos clínicos ✓ Antifúngico de maior espectro de ação: • Ativa contra leveduras clinicamente significativas, inclusive Candida albicans e Cryptococcus neoformans • Ativa contra organismos causadores de micoses endêmicas, inclusive Histoplasma capsulatum e Blastomyces dermatitidis • Ativa contra fungos patogênicos, como Aspergillus fumigatus, e os agentes da mucormicose ✓ Eficaz em quase todas as infecções graves, sobretudo com risco de morte ✓ Devido a toxicidade, tem sido substituída ou utilizada em combinação com outros agentes. ✓ Terapia crônica ou prevenção de recidiva: regime de indução inicial para ↓ carga fúngica, seguindo a substituição pelos azóis ✓ Terapia de indução: pacientes imunodeprimidos, com pneumonia fúngica grave, meningite criptocócica grave ou infecções disseminadas de uma das micoses endêmicas, como histoplasmose ou coccidioidomicose ✓ Administração tópica: - Creme vaginal (+ tetraciclina): candidíase vulvovaginal; - Infiltração direta na articulação nos casos de artrite fúngica. Toxicidade ✓ Reações imediatas - toxicidade relacionada com a infusão • Febres, calafrios, espasmos musculares, vômitos, cefaleia, hipotensão, anafilaxia • Diminuem quando se reduz a velocidade de infusão ou a dose diária • A pré-medicação com antitérmicos, antihistamínicos ou corticosteroides pode ajudar ✓ Toxicidade cumulativa • Lesão renal é a reação tóxica mais grave • Lesão irreversível está relacionada com administração prolongada (dose cumulativa superior a 4g). Nistatina Macrolídeo poliênico muito semelhante à anfotericina B • Tóxica para administração parenteral • Via tópica: solução oral, pastilhas, creme, pomada, óvulos • É ativa contra a maior parte das espécies de Candida - infecções na pele, mucosas e trato gastrointestinal. • Algumas indicações: monilíase orofaríngea (sapinho), candidíase vaginal e do trato digestivo • Associada com óxido de zinco - infecções intertriginosas por Candida, assaduras • Associada com metronidazol - infecções vaginais causadas por Candida albicans ou Trichomonas vaginallis Azóis Imidazois: cetoconazol, clotrimazol e miconazol Triazois AMPLO ESPECTRO Mecanismo de ação: inibição das enzimas do citocromo P450 fungicas → inibição da 14-alfa- lanosterol-desmetilase→ redução da síntese de ergosterol → desestabilização da membrana Efeitos colaterais Imidazóis tem menor grau de seletividade para CYP450 fúngicas: ↑ incidência de interações medicamentosas e efeitos colaterais (hepatotoxicidade). Resistência aos azóis ocorre por múltiplos mecanismos. Usos clínicos: Cetoconazol: menos seletivo para a CYP450 fúngicas do que os azóis mais modernos Causa toxicidade hepática, pela inibição da síntese de esteroides. A recidiva é comum. Uso tópico nos casos de Dermatite seborreica e pitiríase versicolor. Miconazol e Clotrimazol • Uso tópico • Tratamento da candidíase vulvovaginal • As pastilhas de clotrimazol oral: tratamento da monilíase oral • Na forma de creme, ambos os agentes são úteis para as infecções dermatofíticas, incluindo tinha do corpo, tinha do pé e tinha crural (dobras da virilha) • A absorção é desprezível • Os efeitos colaterais são raros Itraconazol (oral) ✓ Mais seletivo (↓ interações medicamentosas) e com maior espectro que cetoconazol ✓ Dermatomicoses, onicomicoses (alta afinidade pela queratina), candidíase (vulvovaginal, oral, sistêmica), criptococose (incluindo meningite criptocócica), aspergilose; ✓ Azol preferencial para o tratamento de doença provocada pelos fungos dimórficos Histoplasma e Blastomyces Fluconazol (oral, IV) • Alta penetração nos líquidos cefalorraquidiano e ocular → tratamento da maioria das meningites fúngicas • Alta biodisponibilidade (maior que cetoconazol e do itraconazol) • Apresenta o menor efeito entre todos os azóis sobre as enzimas hepáticas → ↓ interações medicamentosas e efeitos adversos • Possui o maior índice terapêutico dentre os azóis, permitindo posologias mais agressivas em diversas infecções por fungos • Utilizado na candidíase mucocutânea e candidíase sistêmica (ex: infecções invasivas do peritônio, endocárdio, olhos, trato pulmonar e urinário), criptococose (meníngea, pulmonar, óssea, cutânea). Voriconazol(oral, IV) • É um inibidor clinicamente relevante da CYP3A4 dos mamíferos • Os efeitos tóxicos observados são exantema, elevação das enzimas hepáticas e supressão adrenal • Excelente atividade contra espécies de Candida (inclusive espécies resistentes ao fluconazol) e fungos dimórficos • É menos tóxico do que a anfotericina B, consistindo no tratamento preferencial para aspergilose invasiva Posaconazol (oral) • É o membro da família dos azóis com o maior espectro, tendo atividade contra a maioria das espécies de Candida e Aspergillus, incluindo pacientes com doença refratária • Atividade significativa contra os agentes da mucormicose. Alilaminas ❖ Terbinafina e Amorolfina ❖ Onicomicose, tinha do corpo, tinha do pé, tinha crural, infecções cutâneas por Candida Mecanismo de ação: Inibem a esqualeno oxidase → na qual vai inibir a formação do ergosterol e promover o acúmulo de esqualeno ❖ Efeitos colaterais são raros; principalmente em desconforto gastrintestinal e cefaleia Inibidor da Síntese do DNA Flucitosina ✓ Convertida em 5-fluoracil nas células fúngicas → inibição da síntese de DNA ✓ Removida da RENAME em 2006; atualmente não tem registro na ANVISA. ✓ Devido a maior efetividade da associação das flucitosina com anfotericina em infecções fúngicas graves causadas por Cryptococcus neoformans, como a meningite criptocócica e demais formas de neurocriptococose, será incorporada no SUS até 2025.
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