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álgEBra linEar FÍSICA GERAL III FRANKLIN (1706-1790) Benjamin Franklin, nasceu em Boston, na Filadélfia. Líder da revolução americana, é conhecido por suas citações e experiências com eletricidade. Estudou a repulsão e atração de cargas elétricas, introduziu o conceito de um único fluido elétrico e foi o inventor do pararraios. Em 15 de junho de 1752, comprovou que o raio é apenas uma corrente elétrica de grandes proporções. Maringá 2010 FÍSICA GERAL III Editora da UnivErsidadE EstadUal dE Maringá Reitor Prof. Dr. Décio Sperandio Vice-Reitor Prof. Dr. Mário Luiz Neves de Azevedo Diretor da Eduem Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado Editor-Chefe da Eduem Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini ConsElho Editorial Presidente Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado Editor Associado Prof. Dr. Ulysses Cecato Vice-Editor Associado Prof. Dr. Luiz Antonio de Souza Editores Científicos Prof. Adson C. Bozzi Ramatis Lima Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues Profa. Dra. Analete Regina Schelbauer Prof. Dr. Antonio Ozai da Silva Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim Profa. Dra. Eliane Aparecida Sanches Tonolli Prof. Dr. Eduardo Augusto Tomanik Prof. Dr. Eliezer Rodrigues de Souto Prof. Dr. Evaristo Atêncio Paredes Profa. Dra. Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso Prof. Dr. João Fábio Bertonha Profa. Dra. Larissa Michelle Lara Profa. Dra. Luzia Marta Bellini Profa. Dra. Maria Cristina Gomes Machado Profa. Dra. Maria Suely Pagliarini Prof. Dr. Manoel Messias Alves da Silva Prof. Dr. Oswaldo Curty da Motta Lima Prof. Dr. Raymundo de Lima Prof. Dr. Reginaldo Benedito Dias Prof. Dr. Ronald José Barth Pinto Profa. Dra. Rosilda das Neves Alves Profa. Dra. Terezinha Oliveira Prof. Dr. Valdeni Soliani Franco Profa. Dra. Valéria Soares de Assis EqUipE téCniCa Projeto Gráfico e Design Marcos Kazuyoshi Sassaka Fluxo Editorial Edneire Franciscon Jacob Mônica Tanamati Hundzinski Vania Cristina Scomparin Edilson Damasio Artes Gráficas Luciano Wilian da Silva Marcos Roberto Andreussi Marketing Marcos Cipriano da Silva Comercialização Norberto Pereira da Silva Paulo Bento da Silva Solange Marly Oshima UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS FACULDADE DE FÍSICA REITOR Prof. Dr. Carlos Edilson de Almeida Maneschy VICE-REITOR Prof. Dr. Horacio Schneider PRÓ-REITORA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO Profa. Dra. Marlene Rodrigues Medeiros Freitas COORDENADOR GERAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Dr. José Miguel Veloso DIRETOR DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS Prof. Dr. Mauro de Lima Santos COORDENADORA DO CURSO DE FÍSICA À DISTÂNCIA Profa. Dra. Fátima Nazaré Baraúna Magno E a Este material foi gentilmente cedido pela UEM Universidade stadual de Maringa, para o uso restrito da Licenciatura em Físic na modalidade a distância sem ônus para a UFPA. Maringá 2010 FoRmAção dE PRoFESSoRES Em FÍSICA - EAd FÍSICA GERAL III Ivair Aparecido dos Santos João Mura Mauricio Antonio Custodio de Melo 12 Copyright © 2010 para o autor Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, do autor. Todos os direitos reservados desta edição 2010 para Eduem. Endereço para correspondência: Eduem - Editora da Universidade Estadual de Maringá Av. Colombo, 5790 - Bloco 40 - Campus Universitário 87020-900 - Maringá - Paraná Fone: (0xx44) 3011-4103 / Fax: (0xx44) 3011-1392 http://www.eduem.uem.br / eduem@uem.br Coleção Formação de professores em Física - Ead Apoio técnico: Rosane Gomes Carpanese Normalização e catalogação: Ivani Baptista - CRB 9/331 Revisão Gramatical: Perseu Angelo Santoro Projeto Gráfico: Carlos Alexandre Venancio Edição e Diagramação: Renato William Tavares Capas: Arlindo Antonio Savi Kellis Germano de Freitas Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Mura, João Física geral III / João Mura, Maurício, Antonio Custodio Melo, Ivair Aparecido dos Santos. -- Maringá: Eduem, 2010. 144p. il. (Formação de professores em física – EAD; v.12) ISBN: 978-85-7628-239-6 1. Física geral. I. João Mura. II. Melo, Maurício Antonio Custodio de. III. Santos, Ivair Aparecido dos. CDD 21. ed. 530 M972f 3 Sobre os autores ................................................................................... 5 Apresentação da coleção ..................................................................... 7 Apresentação do livro ........................................................................... 9 1 Carga Elétrica .........................................................................................11 2 Campo Elétrico .................................................................................... 23 3 lei de gauss .........................................................................................31 4 potencial Elétrico ................................................................................. 39 5 Capacitência ....................................................................................... 49 6 Corrente e resistência ........................................................................ 67 7 Campo Magnético .............................................................................. 89 8 lei de ampère ....................................................................................103 9 lei de indução, de Faraday ................................................................117 10 indutância .........................................................................................133 11 referências .......................................................................................144 umárioS 5 Ivair Aparecido dos Santos Possui graduação em Física (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Estadual de Maringá (1994). Obteve seu Mestrado em 1997 na Universidade Estadual de Campinas. Em 2001 terminou o seu doutorado em Física na Universidade Federal de São Carlos, onde, na sequência, realizou um estágio de pós doutoramento. Desde 2002 é professor do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá e atualmente ocupa o cargo de Professor Adjunto. João Mura Possui graduação em Física (licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Estadual de Campinas (1975) e graduação em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (1983). O prof. Mura obteve sua especialização em Ensino de Física Experimental (1979), mestrado (2000) e doutorado em Física (2005) pela Universidade Estadual de Maringá. Desde 1976 é professor do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá. Atualmente ocupa o cargo de Professor Associado. Mauricio Antonio Custodio de Melo Licenciado em Física pela Universidade Estadual de Maringá (1987), mestrado em Físico- Química pela Universidade Federal de Santa Catarina (1990), doutorado em Ciências Naturais – Física pela Technische Universität Braunschweig na Alemanha (1995) e realizou um pós- doutorado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (1995-1997). Professor da Universidade Estadual de Maringá desde 1997, sendo atualmente Professor Associado. obre os autoresS 7 Embora relativamente recente no Brasil, a Educação a Distância foi imaginada e im- plantada com relativo sucesso, há muito tempo em diversas partes ao redor do mundo. Já em 1833, na Suécia, uma publicação se referia ao ensino por correspondência, e poucos anos depois, na Alemanha, foi fundada a primeira escola por correspondência destinada ao ensino de línguas. Com o advento da transmissão radiofônica, as facilida- des se tornaram reais e as trocas de informações se agilizaram e, consequentemente, a Educação a Distância experimentou umcrescimento signifi cativo. Fato semelhante ocorreu com a evolução dos setores de comunicação televisiva, e defi nitivamente, a Educação a Distância se consolidou incorporando novas formas de comunicação. O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação a Distância (SEED) tem promovido uma ampla difusão de vários cursos a distância, em parceria com di- versas Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES). O curso de Física em EAD da Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi implantado com total apoio desses ór- gãos ofi ciais. Possui disciplinas idênticas e o mesmo conteúdo programático do curso presencial. Entretanto, existem pontos entre ambos, que não podem convergir devido ao enfoque: enquanto o curso presencial requer uma metodologia característica, com a relação professor-discente acontecendo quase que exclusivamente dentro de um espaço físico próprio, o curso a distância deve abranger e considerar a relação espaço- temporal para efetivar o aprendizado. A coleção que ora apresentamos refl ete essa preocupação. Os volumes foram escritos por professores que possuem experiência sufi ciente para elaborar o conteúdo adequado a cada disciplina e, de forma bastante consistente, eleger os tópicos exigidos para a formação de um licenciado em Física. O leitor perceberá que, mesmo dentro de um único livro escrito por diversos autores, a linguagem não é uniforme e os enfoques são diferenciados; enfi m, preservamos tanto quanto possível as particularidades respeitando-se as experiências individuais e, certamente, isso se refl ete na apresentação do conteúdo e no estilo de exposição do presentação da ColeçãoA FÍsiCa gEral iii 8 material didático. Adicionalmente uma parcela do corpo docente do Departamento de Física – UEM tem se dedicado à tarefa de produção de textos direcionados a Educação a Distância, os Departamentos de Matemática, de Química, de Fundamentos da Educação e de Informática têm contribuído com os textos pertinentes às disciplinas que usualmente ministram na modalidade Presencial. Ao fi nal do quarto ano, a coleção contará com mais de trinta volumes. Esses foram gerados com o objetivo de proporcionar ao dis- cente da Educação a Distância um material produzido pelo empenho de um conjunto de professores que acreditam que a Educação a Distância seja uma alternativa para suprir a defi ciência de professores de Física no ensino médio. Percebe-se também que não é a modalidade de ensino que determina o aprendizado, mas ele depende, acima de tudo, do esforço e da dedicação de cada um. Esperamos que essa coleção seja uma forma de tornar essa tarefa mais fácil de Física em EAD. Sonia Maria Soares Stivari Organizadora da Coleção 9 Física, instrumento para entendimento do mundo que vivemos, possui uma grande beleza conceitual, em que na maioria dos casos só pode ser realmente entendida quando do uso do instrumental matemático. No curso de física Geral III você vai se deparar fre- quentemente com operações vetoriais, derivadas, integrais de superfície e de linha e ou- tros instrumentos matemáticos. É muito importante que você saiba usar com destreza o instrumental matemático para um bom entendimento dos conceitos aqui apresentados. O eletromagnetismo clássico a ser estudado neste curso pode ser resumido em qua- tro equações fundamentais. Este resumo foi proposto pelo grande físico James Clerk Maxwell, e denominam-se as equações de Maxwell. Elas relacionam os vetores campo elétrico e magnético as suas fontes, que podem ser cargas elétricas, correntes ou campos variáveis com o tempo. A partir dessas equações é possível demonstrar todas as leis fun- damentais da eletricidade e do magnetismo. As equações de Maxwell exercem um papel no eletromagnetismo clássico comparável ao das leis de Newton na mecânica clássica. Em principio, qualquer problema clássico de eletromagnetismo pode ser resolvido usan- do as equações de Maxwell, o que envolve um tratamento matemático sofi sticado. As equações de Maxwell são fundamentais também para o entendimento das Ondas eletro- magnéticas, que têm como exemplo a luz visível. Nosso objetivo é chegar a compreensão das equações de Maxwell. Não se assuste. Para isso vamos utilizar alguns conceitos já conhecidos e, durante o curso, aprofundar os nossos conhecimentos do eletromagnetis- mo, e da própria física. Cada capitulo tem uma série de exemplos resolvidos, que têm o intuito de mostrar a você a aplicação dos conhecimentos estudados. Todos eles precisam analisados e refeitos por você com muita atenção para que você possa assimilar os conceitos ali discutidos. Ao fi nal de cada capitulo existe um pequeno conjunto de Problemas. O Objetivo deste conjunto de problemas é conduzir o aluno a uma experiência dirigida de com- preensão e fi xação do conteúdo estudado. Você, aluno, tem como tarefa fazer todos os problemas e, se possível, com pouco auxilio externo. A compreensão e fi xação têm maior sucesso quando cada um encara a tarefa proposta. Por fi m, os autores dedicam esta obra à memória da Professora Doutora Marlete Apa- recida Zamprônio. A ela, nossa homenagem pelo esforço, dedicação e, principalmente, amizade demonstrados nos nossos longos anos de trabalho e convivência. OS AUTORES presentação do livroA FÍsiCa gEral iii 10 11 Carga Elétrica1 1.1 Um pouco de história - o átomo 1.2 Carga e Matéria - processos de Eletrização 1.3 lei de Coulomb FÍsiCa gEral iii 12 1 CARGA ELÉTRICA 1.1 Um Pouco de História – O Átomo Nossa aventura começa na cidade de Abdera, região da Trácia, porto marítimo localizado na costa norte do mar Egeu, onde o lendário fi lósofo grego Leucipo, nascido em 500 a.C., fora morar por volta de 478 a.C. Leucipo foi discípulo de Zenon e mestre de Demócrito, sendo considerado o fundador da Escola de Abdera, que se notabilizou por estudar um dos problemas fundamentais da Filosofi a e da Ciência da época, ou seja: a constituição da matéria que compõe o nosso Universo. A Escola de Abdera é considerada a criadora da teoria atomística da matéria. Muitas hipóteses a respeito da constituição do Universo foram formuladas. Thales de Mileto propunha que o elemento fundamental constituinte da matéria seria a água, dizendo que “tudo se compõe de água e tudo em água se dissolve”. Empédocles propôs a teoria de que a matéria seria constituída de quatro elementos: água, ar, fogo e terra, denominados de raízes, sendo constituídas de partículas que se achavam submetidas às forças de atração e repulsão (amor e ódio), responsáveis pela constituição e decomposição dos corpos, habitando, portanto, o mundo sublunar. Junto com Heráclito e Anaxágoras, defendia o princípio da conservação e indestrutibilidade da matéria. Aristóteles de Estagira viveu no século IV a.C., sendo considerado um dos maiores sábios da antiguidade. Discípulo de Platão, outro gigante da cultura grega, adotava a teoria dos quatro elementos à qual acrescentava um quinto elemento, o éter, elemento imaterial que não teria peso e nem leveza, além de ser eterno e imutável. Não possuiria movimento ascendente ou descendente e nem habitaria o mundo sublunar. Habitaria os espaços celestiais, sendo o símbolo da perfeição. A visão Aristotélica do éter é entendida, atualmente, como sendo o vácuo. No entanto, Aristóteles e seus discípulos, não aceitavam a teoria atomística da matéria, propondo outra teria, denominada de teoria plena da matéria, que dizia “ter a matéria uma estrutura perfeitamente contínua e poderia ser subdividida para sempre, sem limite”. A teoria plena da matéria, juntamente, com a teoria geocêntrica defendida por ele, perdurou por mais de 15 séculos, até serem enterradas pela renovação das idéias ocorrida durante a Renascença. Leucipo e Demócrito, discípulos da Escola de Abdera, diziam que o Universo era constituído de duas coisas fundamentais, os átomos e o vazio, ou seja, de um agregado dematéria e de um vácuo total. Acreditavam que as diversas espécies de matéria poderiam ser subdivididas até atingirem um limite, além do qual nenhuma divisão seria possível. Epicuro, quase 100 anos depois, batizou tais partículas indivisíveis de átomos. Diziam também que as substâncias seriam diferentes porque seus átomos difeririam quanto à forma ou pela maneira que estariam agregados, podendo ser mais duros ou mais maleáveis, explicando nossas sensações de visão, audição, paladar, tato e olfato. Outro discípulo da Escola de Abdera, Epicuro, nascido em Gargeta, cidade próxima de Atenas, no ano de 341 a.C., retomou e ampliou as terias de seus mestres sob a constituição do Universo, dizendo, dentre outras coisas, que: “nada vem do nada ou do que não existe, pois se assim não fosse, tudo nasceria de tudo sem necessitar de sementes”; “há o vácuo, pois se ele não existisse, criando o espaço e a extensão, não teriam os corpos um local para estar, nem onde se movimentar”; “o universo é infi nito pela grandeza do vácuo e pela quantidade dos átomos, que se movem continuamente. Quando no vácuo, os átomos 13 Carga Elétrica possuem igual velocidade, pois supõe que nada os detenha, nem os mais pesados correm mais que os mais leves, nem os menores que os maiores”; “os átomos não têm princípio já que eles e o vácuo são a causa de tudo. Não tem nenhuma qualidade a não ser sua confi guração, a grandeza e o peso”. É importante ressaltar que a Escola de Abdera já propunha o princípio da conservação da matéria, a constituição da matéria por átomos, que seriam imutáveis, indivisíveis, impenetráveis, invisíveis, possuindo movimentos próprios, além de propor a existência do vácuo. Também indicava que os corpos poderiam existir como agregados de átomos ou por átomos simples, afi rmando ainda, que os átomos apresentavam certo peso. Coube a Lucrécio, fi lósofo nascido em 95 a.C., difundir as idéias atomísticas da Escola de Abdera entre os romanos, principalmente pelo seu livro intitulado “De Rerum Natura”. As obras de Lucrécio foram muito difundidas na época do Renascimento, principalmente por Pierre Gassend, solidifi cando a teoria atomística da matéria, em substituição à teoria plena da matéria de Aristóteles. Coube a Proust e Dalton, no século XVIII d.C., ao proporem as leis das proporções constantes e múltiplas, a aceitação geral de que quando substâncias elementares se combinam, o fazem como entidades discretas ou átomos. Finalmente, a ciência aceitou a teoria atomística (corpuscular) da matéria, que é a teoria adotada neste livro. 1.2 Carga e Matéria - Processos de Eletrização A eletricidade e o magnetismo são fenômenos naturais conhecidos pelo homem desde a antiguidade. Sabe-se que os antigos gregos, há mais de 25 séculos atrás, já conheciam a atração elétrica que o âmbar, quando atritado, exercia sobre pequenos pedaços de palha. Afi nal, o nome grego do âmbar é elektron, daí, originando-se a palavra eletricidade. Também, a palavra magnetismo, deriva do nome de uma região localizada na Ásia Menor, chamada de Magnésia, onde os seus moradores conheciam uma pedra, a magnetita, que tinha a propriedade de atrair minério de ferro, propriedade esta denominada de magnetismo. A partir desse minério, os antigos chineses construíram as primeiras bússolas, que tiveram papel decisivo no ciclo das grandes navegações, inclusive no descobrimento do Brasil. Entretanto, só a partir do século XVI da nossa era, é que os estudos da eletricidade e do magnetismo começaram a se desenvolver de forma sistemática, mas ainda sem que houvesse uma junção entre eles. Em 1820, Oersted observou uma conexão entre as duas ciências, quando percebeu, acidentalmente, que ao passar uma corrente elétrica por um fi o ocorria a defl exão do ponteiro de uma bússola que estava próxima. Esta experiência demonstrou que uma corrente elétrica podia gerar um campo magnético e vice-versa. Nascia assim uma nova ciência, o eletromagnetismo, cuja infl uência no mundo moderno é muito grande. Os primeiros fenômenos de natureza elétrica conhecidos pelo homem eram de natureza estática, isto é, não envolviam o movimento contínuo de cargas elétricas. Por essa razão receberam o nome de fenômenos eletrostáticos, e serão tratados nesta parte do curso. Sabemos que a matéria é constituída por pequenas partículas chamadas de átomos (teoria atomística da matéria) e, posteriormente, descobriu-se que cada átomo é formado por uma parte central denominada de núcleo, onde se localizam os prótons FÍsiCa gEral iii 14 e nêutrons, e por uma parte periférica, denominada de eletrosfera, onde se encontram os elétrons. Atualmente, associamos aos prótons carga elétrica positiva e, aos elétrons, carga elétrica negativa. Os nêutrons não possuem carga elétrica. Os termos, positivo e negativo (convenção de sinais), foram introduzidos por Benjamin Franklin (1750), sendo que, anteriormente, usavam-se termos com eletricidade atrativa, eletricidade do âmbar, eletricidade repulsiva, etc. O átomo é uma porção de matéria muito pequena. Seu diâmetro é da ordem de 10-8 cm e seu núcleo é da ordem de 10-12 cm. No interior do átomo, onde não existe matéria, existe vácuo. É como um sistema solar em miniatura, onde não existe a massa dos planetas e do sol (do núcleo e dos elétrons), existe vácuo, que, aliás, é a parte dominante dos sistemas, tanto do átomo quanto do sistema solar. O modelo atômico com núcleo, proposto por Rutherford e adotado didaticamente neste livro, pode ser visualizado na fi gura 1 ao lado. Na época de Franklin, a carga elétrica era imaginada como se fosse um “fl uido” contínuo e não discreto. Hoje, sabemos que os próprios fl uidos não são contínuos, mas sim discretos, pois são formados por átomos e moléculas, portanto, o “fl uido elétrico” não é contínuo, mas composto por múltiplos de uma determinada carga elementar, ou seja, qualquer carga q que pode ser observada e medida, pode ser escrita como q = n.e, onde n é um número inteiro positivo ou negativo e e é a carga elementar. Sempre que uma grandeza física, como a carga elétrica, existir apenas através de “unidades”, ao invés de aparecer de forma “contínua”, diz-se que essa grandeza é quantizada. A quantidade de carga associada a um próton é igual, em módulo, á quantidade de carga associada a um elétron, denominada de carga elementar, simbolizada pela letra “e”, sendo uma das constantes fundamentais do universo. Seu valor no Sistema Internacional de Unidades (SI) é igual a “1,60 x 10-19 C”, não existindo no universo, carga menor do que ela (quantização da carga). Exemplo 1 – Uma moeda de cobre (Z=29) com m = 3,11 gramas é eletricamente neutra. Qual é o valor da carga de cada espécie? Solução: Se a moeda é eletricamente neutra, ela possui igual quantidade de carga negativa e positiva por átomo, ou seja, cada átomo contém 29 prótons (Z = número atômico) e 29 nove elétrons. A moeda é composta por um número N de átomos, portanto, o módulo da carga q de cada espécie (positiva ou negativa) é dado por q = N.Z.e, sendo e a carga elementar (e = 1,6 x 10-19 C). Para saber o número de átomos que a moeda possui, deve-se usar a relação N = NA.m/A, onde NA é o número de Avogrado (6,02 x 1023 átomos /mol), m é a massa da moeda e A é o número de massa do isótopo mais estável do Cobre (A = 63,54 g/mol)1. Assim, N = 2,95 x 1022 átomos O valor total da carga positiva ou negativa (em módulo) é dado por, q = 1,37. 105 C Obs. A carga calculada é uma enorme carga elétrica, tanto negativa quanto positiva! Veja que a carga negativa média espalhada sobre a superfície da Terra é de, aproximadamente, 5 x 105 C. Na realidade, a moeda acumula uma carga desse valor em elétrons e em prótons, mas não indi- vidualmente, sendo que a carga total da moeda é nula. Observe que pequenos corpos possuem imensas cargas elétricas. 1 Ver tabela periódica dos elementos químicos. Figura 1 – Modelo atômico com núcleo central. 15 Carga Elétrica A matéria, de uma formageral, é neutra, isto é, possui igual quantidade de carga positiva e negativa em seus átomos e moléculas. Se certa substância está eletrizada é porque a quantidade de prótons contidos nos núcleos é diferente da quantidade de elétrons que ela possui na periferia destes. A eletrização de corpos ocorre sempre com o ganho ou perda de elétrons, pois as forças que os prendem ao núcleo são mais fracas sobre as últimas camadas de energia (no caso de metais), bastando uma pequena quantidade de energia para deixá-los livres. Assim, se um corpo está carregado positivamente, é porque está com falta de elétrons e, se está carregado negativamente, é porque está com excesso de elétrons. Os átomos com falta ou com excesso de elétrons são denominados de íons, positivos ou negativos. O número de prótons no interior do núcleo atômico permanece sempre o mesmo. O núcleo se comporta como uma bola compacta difícil de ser fracionada. a) b) c) Figura 2 – a) ion negativo, b) Átomo neutro e c) íons positivo. (o núcleo deste átomo é constituído de 3 protons e 3 neutrons) A experiência mostra que ao se aproximar um corpo carregado positivamente de outro também positivo, eles se repelem, enquanto que, ao se aproximar um corpo carregado positivamente de outro corpo carregado negativamente, eles se atraem. Desta observação empírica, conhecida pelos povos antigos, pode-se concluir que, “cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e cargas elétricas de sinais contrários se atraem” (Fig. 3). É importante observar que coube ao pesquisador francês Charles Du Fay (1730) a proposição de que a força elétrica podia ser tanto atrativa quanto repulsiva. Figura 3 – Forças de repulsão e atração eletrostáticas Corpos cujos elétrons podem ser removidos com facilidade são chamados de condutores (Ex: metais) e os que apresentam difi culdade de remoção são denominados de isolantes ou dielétricos. Os intermediários são denominados de semicondutores. Três processos de eletrização de um corpo são possíveis: eletrização por atrito; eletrização por contato e eletrização por indução. FÍsiCa gEral iii 16 Quando dois corpos são atritados, pode ocorrer a passagem de elétrons de um corpo para outro. Observe que somente os elétrons são transferidos de um corpo a outro. Este processo é denominado de eletrização por atrito (Fig. 4) Conclusão - Na eletrização por atrito, os dois corpos fi cam carregados com cargas iguais, porém de sinais contrários. Há a transferência de elétrons de um corpo a outro. O núcleo não se altera!! Quando dois corpos são postos em contato, estando um eletrizado e outro neutro, pode ocorrer a passagem de elétrons do corpo eletrizado para o corpo neutro. Este é o processo de eletrização por contato. Observe que as cargas em excesso do bastão carregado negativamente se repelem (fi cam separadas o máximo possível), e assim, algumas passam para o corpo neutro, carregando-o negativamente (Fig. 5). No caso seguinte, o bastão está carregado positivamente (falta de elétrons), mas continua haver passagem de elétrons, só que desta vez, do corpo neutro para o corpo eletrizado, visto que o bastão está com falta de elétrons. No fi nal, a esfera fi ca carregada positivamente, pois cedeu elétrons para o bastão (Fig. 6). Um dado importante é que a soma das cargas dos corpos é igual antes e depois do contato, válido, também para o caso anterior. Figura 6 – Eletrização por contato. Conclusão - Na eletrização por contato, os corpos fi cam eletrizados com cargas de mesmo sinal. Quando um corpo eletrizado é colocado próximo de outro neutro, pode ocorrer a separação dos centros de cargas no corpo neutro, que desloca seus elétrons para pontos mais distantes ou para pontos mais próximos do corpo carregado, dependendo do sinal das cargas do corpo carregado. Neste caso, não ocorre transferência de carga elétrica, havendo somente uma separação dos centros de carga no corpo neutro, polarizando o corpo. Este é o processo de eletrização por indução (Fig. 7). Separando os corpos, a eletrização induzida no corpo neutro terminará. Figura 7 – Eletrização por indução. Figura 4 Eletrização por atrito. Figura 5 Eletrização por contato 17 Carga Elétrica Conclusão - Na indução eletrostática ocorre apenas uma separação entre as cargas positivas e negativas no corpo induzido (anteriormente neutro). Para obter uma eletrização permanente no corpo induzido, basta ligá-lo á Terra (que funciona como pólo negativo), mantendo-o na presença do corpo carregado (indutor). Após alguns instantes, desfaz-se a ligação com a Terra, e, assim, o corpo induzido fi cará com um excesso de cargas. Neste caso, fi cará com um excesso de cargas positivas (Fig. 8). Ocorreria o contrário se o bastão estivesse carregado positivamente. Figura 8 – Eletrização por indução – Carga permanente. 1.3 Lei de Coulomb Esta lei se refere à intensidade das forças de atração ou de repulsão eletrostáticas existente entre duas cargas elétricas puntiformes (puntuais). Denomina-se carga puntiforme, um corpo eletricamente carregado, cuja dimensão material é desprezível quando comparada com as distâncias envolvidas nos fenômenos elétricos, por exemplo, entre as cargas elétricas ou ions. Como já foi explicitada anteriormente, a força é atrativa se as cargas entre os corpos tiverem sinais contrários e, repulsiva, se as cargas possuírem sinais iguais (Fig. 9). A Lei de Coulomb também é denominada de lei do inverso do quadrado da distância ou de lei de força central. Figura 9 – Forças de repulsão e atração entre cargas puntuais. As forças sempre existem aos pares, como prediz a 3ª Lei de Newton. Entre um par de cargas, uma das forças é denominada de ação, enquanto que a outra é denominada de reação, sendo que elas possuem a mesma intensidade (módulo), agem na mesma direção, mas atuam em sentidos opostos. As forças de ação e reação agem em corpos distintos, portanto nunca se anulam. Pergunta: “de acordo com a 3ª Lei de Newton, o número de forças no universo é um número par ou ímpar?”. Coulomb1, no fi nal do século XVIII, utilizando a variação do pêndulo de torção (balança de torção), verifi cou que: “A força de atração ou de repulsão entre duas cargas elétricas é diretamente proporcional ao produto de suas cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa”. FÍsiCa gEral iii 18 O enunciado é praticamente idêntico ao da Lei da Gravitação Universal de Newton, bastando, somente, trocar as massas dos corpos pelas cargas elétricas. Matematicamente, o módulo da Lei de Coulomb, para o vácuo, é escrito como: , onde onde, Q e q são as cargas elétricas, d é a distância que separa seus centros e ko é uma constante denominada de permissividade elétrica do espaço livre (vácuo), e vale 8,85 x 10-12 C2/N.m2. A constante eletrostática do vácuo (Constante Coulombiana), determinada experimentalmente, no Sistema Internacional de unidades (SI), para o vácuo ou para o ar seco (o valor difere muito pouco), vale: , assim; Assim, Tendo várias cargas puntiformes presentes, o valor da força resultante é a soma vetorial das várias forças individuais, de acordo com o Princípio da Superposição. Já foi visto em Física Geral I, que toda força é um vetor, fi cando caracterizado por um módulo ou intensidade (número), uma direção, um sentido e um sistema de unidades. Assim, as características do vetor força F são: a- Módulo ou Intensidade: é um número que resulta da aplicação da fórmula da Lei de Força (Lei de Coulomb) defi nida acima. b- Direção da força: é a direção dada pela reta que une os centros das cargas elétricas puntiformes. c- Sentido da força: O sinal é positivo (+) se as cargas forem de sinais iguais, sendo a força de repulsão. O sentido é negativo (-) se as cargas possuírem sinais contrários, sendo a força de atração. d- Sistema de Unidades: Depende do sistema de unidades que estiver sendo utilizado,que pode ser o SI, ou outros sistemas. Uma visualização gráfi ca da força de interação elétrica em função da distância de separação entre os centros das cargas é uma curva representada por uma hipérbole. Figura 10 – Módulo da força em relação à distância entre as cargas 19 Carga Elétrica Exemplo 2 Qual o módulo da força eletrostática atrativa média entre o elétron e o próton em um átomo de Hidrogênio, cuja distância média de separação é igual a 5,3 x 10-11m. Compará-la com a força gravitacional entre as mesmas partículas. Dados: q = ± 1,6 x 10-19C; meletron= 9,11 x 10-31kg; mproton=1,67 x 10-27kg; Constante gravitacional G = 6,67 x 10-11m3/kg.s2; Constante eletrostática do vácuo Ko= 8,99 x 109 N.m2/C2. Solução: A força eletrostática é dada por, Substituindo os valores temos que o módulo da forca é, A força gravitacional é dada por, Substituindo os valores fi camos com, F = 3,6 x 10-47 N Nota-se então, que a força gravitacional é 1039 vezes menor do que a força eletrostática que age entre as partículas. A força gravitacional entre partículas ou corpos é sempre atrativa e age no sentido de agregar massa, provocando a formação de grandes massas cósmicas, poeiras gasosas, planetas e estrelas, situação onde as forças gravitacionais são enormes. No caso em questão, ela é desprezível em relação à força eletrostática. As forças eletrostáticas são repulsivas para cargas de mesmo sinal, donde se pode concluir que elas não ajudam agregar grandes cargas de mesmo sinal, visto agirem no sentido de separá - las o máximo possível. É por isso que temos, quase sempre, as duas cargas juntas, para que uma compense a outra. As quantidades de cargas que conhecemos no nosso dia-a-dia são bem pequenas, ao contrário das massas. FÍsiCa gEral iii 20 Exercícios 1) Duas cargas elétricas puntiformes iguais a 5x10-6 C e 0,5x10-6 C , estão no vácuo e separadas por uma distância de 1 m . Calcule a intensidade das forças entre elas. As forças são de repulsão ou de atração? 2) Duas cargas elétricas puntiformes Q= 2x10-6 C e q= -1x10-6 C, estão no vácuo. a) A força entre elas é de atração ou de repulsão. b) Calcular a intensidade da força entre elas em 11cm, 20cm, 30cm e 40cm. c)Usando os pontos calculados, faça um esboço do gráfi co. 3) Um corpo eletrizado possui uma carga de 6,4 μC (μ=10-6). Quantos elétrons estão faltando no corpo? 4) Quantos elétrons devemos fornecer a um corpo inicialmente neutro para eletrizá-lo com uma carga de 4,8 μC (μ=10-6)? 5) Três cargas elétricas positivas iguais a 5 nC (n=10-9) ocupam os vértices de um triângulo retângulo, cujos catetos medem 5 cm. Calcule a força resultante que atua sobre a carga colocada no ângulo reto do triângulo. 6) Duas pequenas esferas condutoras de mesmo raio, no vácuo, cada uma com massa igual a 1 g, estão suspensas de um mesmo ponto por fi os leves e isolantes de 1 m de comprimento. Eletrizadas com cargas iguais verifi ca-se que elas se repelem permanecendo em equilíbrio a 0,1 mm uma da outra. Determine a carga de cada esfera, tomando g=10 m/s2. 7) Três cargas +q , -q e +6q (q= 2 x 10-6 C) estão dispostas numa linha separadas por 10 cm (+q e –q) e 40 cm (-q e +6q), Determine a intensidade da força resultante sobre a carga –q. 21 Carga Elétrica Anotações FÍsiCa gEral iii 22 Anotações 23 Campo Elétrico2 2.1 Campo Elétrico - linhas de Força para Cargas em repouso 2.2 linhas de Força de FÍsiCa gEral iii 24 2 CAMPO ELÉTRICO 2.1 Campo Elétrico – Linhas de Força para Cargas em Repouso Uma carga elétrica cria ao seu redor uma perturbação que altera as propriedades elétricas do espaço em sua volta. Uma outra carga , chamada de carga de prova, quando colocada no espaço perturbado, “sente” ou “percebe” a presença da primeira carga pela ação de uma força que atua sobre ela, atraindo-a ou repulsando-a, dependendo dos sinais das cargas envolvidas na interação. Neste sentido, diz-se que há um Campo Elétrico E, produzido pela carga na região, atuando sobre a carga de prova (parte a da fi gura 1). É um campo vetorial que atua em todas as direções do espaço nas vizinhanças da carga que o produz. Obviamente que a carga de prova também cria um Campo Elétrico em sua volta, que também atuará sobre a carga (parte b da fi gura). Assim, adotando a Teoria dos Campos para explicar os fenômenos elétricos, existe uma interação entre os dois campos elétricos criados pelas cargas elétricas, que são quantifi cados pelas forças que atuam nas cargas de forma recíproca, de acordo com a 3ª Lei de Newton. Se uma das forças for chamada de Ação, a outra será denominada de Reação, e vice-versa. É por isso que se diz que as forças na natureza sempre aparecem aos pares. Figura 1 – Campo elétrico criado pelas cargas elétricas O campo elétrico desempenha o papel de transmissor da interação (das forças) entre as cargas. Podemos expressar esta afi rmação pela relação seguinte: A palavra interação signifi ca que sempre existem duas forças agindo de forma independente, mas interligadas pelas ações dos dois campos elétricos presentes. É necessário fi car claro que as forças não agem sobre uma mesma carga, caso isso ocorresse, a resultante das forças seria zero e nunca teríamos qualquer movimento (velocidade nula). Na tabela 1 estão registrados alguns valores aproximados do modulo de campos elétricos comuns. 25 Campo Elétrico Campo E [N/C] Dentro de um fi o de cobre dos circuitos domésticos 10-2 Nas ondas de rádio 10-1 Na atmosfera 102 Na luz solar 103 Próximo a um pente de plástico carregado 103 Em uma nuvem de tempestade 104 No cilindro carregado de uma copiadora 105 Num tubo de raios X 106 No elétron de um átomo de hidrogênio 6 x 1011 Na superfície de um átomo de urânio 2 x 1021 Tabela 1: Alguns campos elétricos (valores aproximados) O valor do campo elétrico presente num certo ponto do espaço, produzido por um corpo carregado ou por uma simples carga e, “sentido” por uma carga de prova q1, é representado pelo vetor , cujo módulo, matematicamente, é dado por: Exemplo 1 Quando um elétron é colocado em um campo elétrico 510 10 /E N C= × , qual a força que age sobre ele? Solução: ( ) 5 19 1 1 101,6 10 10F NE F q E C q C − = → = = − × × 141,6 10F N−= − × Assim, como para as forças, os campos também obedecem ao Princípio da Superposição, que diz: se tivermos “n” cargas presentes, elas devem interagir de forma independente, sendo que o campo resultante sobre certa carga, será a soma vetorial dos campos produzidos pelas outras cargas sobre ela. Por exemplo, o módulo do campo resultante sobre a carga de prova q1 devido à presença de “n” cargas, será dado por: onde, por exemplo, é o valor do campo elétrico que age na carga q1 devido à presença da carga q3, e assim por diante. O módulo do campo elétrico produzido pela carga Q, num certo ponto do espaço distante d de uma carga de prova q, é dado por: (Lei de Coulomb para uma carga) sendo que, a direção do campo é a da linha radial a partir da carga Q, apontando para fora se a carga Q for positiva, ou apontando para dentro, se a carga Q for negativa. A partir da equação anterior podemos reescrever a Lei de Coulomb (em módulo) de outra maneira, ou seja, FÍsiCa gEral iii 26 Exemplo 2 Quando uma carga de prova de 2nC é colocada num certo ponto do espaço, sofre uma forca de 4x10-4N na direção x. Qual o campo elétrico neste ponto. Como , o campo resultante sobre a carga de prova q1 devido à presença de “n” cargas, puntiformes se calcula pela soma vetorial dos campos das cargas tomadas separadamente: onde é a distância d da carga q1 até a carga Qi, e é um vetor unitário na direção que liga as duas cargas q1 e Qi. Exemplo 3 Uma carga +q e uma carga –q estão dispostas conforme a fi gura abaixo. a) calcular o campo elétrico num ponto arbitrário do eixo x. Solução: Temos que estudar o problema em três regiões diferentes: x > a,-a <x < a e x <-a. Para x > a: O campo elétrico é dado pela somatória do campo da carga positiva e da carga negativa. A dis tância d da carga positiva para um ponto x qualquer é x - a e a distância d da carga negativa é x + a, então, Quando x >> a, podemos desprezar diante de no denominador, portanto, Para x < -a: A distância d da carga positiva para um ponto x qualquer é x + a e a distância d da carga negativa é x - a. A contribuição da carga positiva tem a direção negativa, e a contribuição da carga negativa tem direção positiva, portanto o campo elétrico é dado por: A equação acima é idêntica ao do caso anterior, a menos do sinal negativo, portanto 27 Campo Elétrico Da mesma forma, para quando x <<- a, temos, O campo elétrico é sempre positivo para x < -a Para -a < x < a: entre as cargas a contribuição de cada termo tem a direção negativa, portanto, O campo elétrico para -a < x < a é sempre negativo. Quando x = 0 o campo elétrico é igual a . Abaixo um esboço do gráfi co de campo elétrico em função da posição x, para as três regiões. Um sistema de duas cargas puntiformes de valor q e -q , separadas por uma pequena distância L, é um dipolo elétrico (fi gura 2a). A intensidade e a orientação do dipolo elétrico se descrevem pelo momento de dipolo elétrico (o vetor aponta da carga negativa para a positiva), cujo o modulo é . O campo elétrico nos pontos sobre o eixo do dipolo, a uma grande distância x das cargas (ver exemplo 1), tem direção coincidente com a do momento de dipolo e é dado por: Algumas moléculas têm momento de dipolo permanente, em virtude de distribuição inomogênea das cargas elétricas (fi gura 2b). Exemplo é a molécula de água, que é constituído de dois íons de hidrogênio positivo de carga combinado com um íon de oxigênio de carga . Estas moléculas em um campo elétrico externo uniforme têm a força resultante nula sobre o dipolo elétrico, porém o torque sobre o dipolo não é nulo , de modo que o momento de dipolo gira no sentido do campo . Se o momento de dipolo estiver perpendicular ao campo magnético, a energia potencial do dipolo é . Os fornos de microondas aproveitem-se do momento de dipolo das moléculas para provocar o cozimento dos alimentos. Como todas as ondas eletromagnéticas, as microondas têm um campo elétrico oscilante que provoca a vibração dos dipolos elétricos. Figura 2 – a) dipolo elétrico separadas por uma distância L. b) Molécula de H2O com momento de dipolo permanente. FÍsiCa gEral iii 28 2.2 Linhas de Força de Para uma visão e percepção mais fácil do campo elétrico E, Michael Faraday (1791-1867) introduziu o conceito de Linhas de Força do vetor campo elétrico, atualmente, usada somente de forma qualitativa. Assim, quando a carga geradora do campo for positiva, o sentido do vetor campo elétrico é radial e saindo da carga (sentido de afastamento), como é visto na fi gura 3. Figura 3 – Campo elétrico criado por uma carga puntiforme positiva Se a carga criadora do campo for negativa, o sentido do vetor campo elétrico é radial, mas entrando na carga (sentido de aproximação). Se, numa região do espaço existir duas cargas elétricas, uma positiva e outra negativa (dipolo elétrico), as linhas de força do vetor campo elétrico tem a visualização, da fi gura 4. Exercícios 1) Determine o valor do campo elétrico criado por uma carga puntiforme igual a 4μC, no vácuo, num ponto localizado a 40 cm dela. 2) Num ponto situado a uma distância “x” de uma carga de 10 μC, o campo elétrico vale 9x105 N/C. Determine o valor de “x”. 3) Determine as características do vetor campo elétrico criado por uma carga puntiforme igual a 8μC (no vácuo) em um ponto a 10 cm de distância dela. Se naquele ponto estiver uma outra carga igual a 2μC, dê as características da força que atua na carga menor. 4) Duas cargas puntiformes iguais a 40 μC e -50μC estão separadas por 50 cm uma da outra. Determine a intensidade do vetor campo elétrico num ponto a meia distância entre elas. 5) Nos vértices de um quadrado de lado igual a 10 cm, colocam-se 4 cargas de mesmo módulo, sendo que nos vértices superiores colocam-se cargas +q e nos vértices inferiores cargas –q. Determine a intensidade do vetor campo elétrico no centro do quadrado. 6) Duas placas paralelas metálicas, eletrizadas com cargas iguais e de sinais contrários, estão colocadas no vácuo a 10 cm uma da outra. O campo elétrico produzido por elas vale 6 . 10 7 N/C. Uma carga de prova puntiforme positiva igual a 2μC e massa igual a 5 x 10-6 kg, é abandonada na placa positiva, Supondo desprezível a força gravitacional sobre a carga de prova, determine: a)- força elétrica constante atuante sobre a carga; b)- a aceleração adquirida por ela; c)- a velocidade com que atinge a placa negativa; d)- o tempo gasto para ir de uma placa a outra. Comentar a trajetória real da carga. 7) Determinar a energia potencial de um dipolo elétrico perpendicular a um campo elétrico . 8) Desenhe as linhas de força do Campo Elétrico para duas cargas positivas iguais, para duas cargas negativas iguais e para duas cargas iguais, mas de sinais contrários, colocadas no vácuo e a certa distância entre elas. Figura 4 – Linhas de força do campo elétrico existente entre duas cargas pontuais de sinais opostos. 29 Campo Elétrico Anotações FÍsiCa gEral iii 30 Anotações 31 Lei de Gauss3 3.1 lei de gauss - superfície gaussiana FÍsiCa gEral iii 32 3 LEI DE GAUSS 3.1 Lei de Gauss – Superfícies Gaussiana Na Física, sempre podemos tirar vantagens da situação de simetria entre os corpos. A simetria se refere à forma como a massa de um corpo está distribuída no seu volume, ou, no caso de cargas elétricas, como elas estão distribuídas no espaço. Um corpo altamente simétrico, por exemplo, é a esfera ou uma elipsóide. A Lei de Coulomb é a principal lei da Eletrostática, podendo ser usada em qualquer problema onde haja alto ou baixo grau de simetria, em especial, ela é bastante utilizada em problemas com baixo grau de simetria entre as cargas distribuídas num corpo. Quando o grau de simetria for alto, é vantajoso utilizar a Lei de Gauss, que é uma nova forma de expressar a Lei de Coulomb, porque a aplicação da lei facilita muito a resolução de problemas de eletrostática. A Lei de Gauss é uma das quatro leis fundamentais do eletromagnetismo estabelecidas por Maxwell, daí sua importância no estudo do eletromagnetismo e da óptica. A Lei de Gauss (assim como a Lei de Coulomb) estabelece a relação entre a carga elétrica e o campo elétrico criado pela carga numa certa região do espaço simétrico, sendo uma outra maneira de resolver problemas de eletrostática com alta simetria. A questão central da Lei de Gauss é uma hipotética superfície fechada (uma envoltória) que engloba o corpo carregado, denominada de “superfície gaussiana”. Ela pode ter o formato que se deseja, mas será útil se o formato for compatível com a simetria do problema a ser resolvido. Ela pode ser uma superfície esférica, uma elipsóide, uma superfície cilíndrica ou qualquer outra forma simétrica, porém deve ser sempre uma superfície fechada de modo a separar os pontos que estão em seu interior dos pontos que estão em seu exterior. Se os vetores do campo elétrico forem uniformes em módulo e apontarem radialmente para fora, pode-se concluir que existe dentro da superfície uma distribuição total de carga positiva e com simétrica esférica. Neste caso, a superfície gaussiana é esférica (simetria esférica). De um modo geral, pode-se dizer que: “A Lei de Gauss nos diz como o campo elétrico encontrado na superfície gaussiana está relacionado com as cargas contidas em seu interior”. Antes de conceituarmos a Lei de Gauss, vamos introduzir um novo conceito, intimamente relacionado com a Lei de Gauss, denominado de fl uxo de um campo vetorial, símbolo Φ. É um conceito que se aplica a qualquer campo vetorial, e em especial, ao campo elétrico. Ele é uma grande escalar, resultante do produto escalar entre dois vetores.Figura 2 – (a) Uma superfície plana (área A) imersa num campo uniforme. (b) Superfície inclinada em relação ao fl uxo do campo. Figura 1 – Campo elétrico e superfície Gaussiana em sua volta. 33 lei de gauss Para defi nir o fl uxo do campo elétrico Φ, vamos considerar uma superfície gaussiana qualquer imersa num campo elétrico, que pode ser uniforme ou não. Vamos dividir esta superfície em quadrados muito pequenos, cada um com uma área , sufi ciente pequena para poder ser considerada como área plana. Para cada área, associamos um vetor , com módulo igual ao valor da área, mas com direção perpendicular à área e voltado para fora da superfície gaussiana (fi gura 2a). Devido a área de cada quadradinho ser muito pequena, podemos considerar que o vetor campo elétrico em cada uma deles tenha um valor igual em módulo e também seja constante para todos os pontos desta área pequena. Os vetores , e , que caracterizam cada quadrado fazem entre si um ângulo θ, que pode variar de 0 a 180 graus, dependendo da posição do quadrado sobre a superfície gaussiana (fi gura 2b), de tal forma que o produto escalar será dado por: Podemos defi nir o fl uxo do campo elétrico Φ como sendo o número de linhas de força do campo elétrico que atravessa uma superfície gaussiana, e que, para uma dada superfície fechada, pode ser negativo, positivo ou nulo, dependendo do ângulo entre o vetor campo elétrico e o vetor associado à área do quadrado pertinente. Matematicamente, temos que: A somatória implica que devemos somar uma a uma as contribuições em cada quadradinho, o que é muito trabalhoso. Uma maneira exata de se fazer a somatória é fazer a área dos quadradinhos cada vez menor, aproximando-as do limite diferencial . Assim fazendo, substitui-se a somatória por uma integral sobre toda a superfície, tal que: (1) Uma vez defi nido o fl uxo do campo elétrico que atravessa uma superfície fechada, estamos aptos a escrever a lei de Gauss. O fl uxo resultante produzido pela carga interna que atravessa uma superfície gaussiana é dado por, Fazendo uso da equação do fl uxo (1) fi camos com: (Lei de Gauss) onde, representa a carga total envolvida pela superfície (contida dentro da superfície). As cargas que porventura estiverem fora da superfície gaussiana não serão consideradas no cálculo, mas o valor do campo vetorial é o valor do campo resultante de todas as cargas presentes, tanto no interior como no exterior da superfície fechada. A lei de Gauss é aplicada para cargas que se encontram no vácuo, mas também vale para cargas localizadas no ar. Exemplo 1 - Simetria esférica. Se a Lei de Gauss e a Lei de Coulomb são equivalentes, é possível partir de uma delas e chegar à outra, considerando as simetrias do problema. No exemplo que segue, vamos partir da Lei de Gauss e chegar à Lei de Coulomb fazendo uso da uma superfície gaussiana esférica em torno de uma carga puntual (fi gura 3). Dividindo a superfície da área esférica em pequenos quadradinhos (área elementar dA) e sabendo que em cada área elementar o vetor campo elétrico é perpendicular (campo radial) a ela, então, o produto escalar entre o vetor campo elétrico e o vetor associado a cada área é sempre igual a , pois o ângulo entre os vetores é igual a zero graus. Na fi gura 3, a superfície gaussiana circunda a carga positiva (carga interna) com raio d. Como a carga está no centro da superfície, o campo elétrico é normal à mesma e Figura 3 – Campo de uma carga puntual positiva e superfície gaussiana de raio r. Força sobre uma carga de prova q’. FÍsiCa gEral iii 34 seu valor é constante em qualquer ponto da superfície. Apesar da representação estar no plano (duas dimensões), deve-se ter em mente que a superfície gaussiana é tridimensional. Assim, aplicando a Lei de Gauss temos, Como o vetor campo elétrico tem sempre o mesmo valar em cada ponto da superfície gaussiana (mesmo valor em cada área elementar), pode-se retirá-lo da integral, assim, A integral é, simplesmente, a área da superfície gaussiana esférica de ra io d (Área=4πd2), de modo que a equação anterior fi ca, Esta equação permite calcular o campo elétrico Er produzido pela carga q numa região distante d do centro da carga. Pela Lei de Coulomb, o módulo da força de repulsão exercida pela carga q sobre uma determinada carga de prova q’>0 (no vácuo), localizada na sua vizinhança (distância d) é dada por, Exemplo 2 - Simetria plana. A fi gura ao lado mostra a seção de um plano não condutor, fi no e infi nito, carregado com uma densidade superfi cial uniforme de cargas σ (C/m2). Uma fi na chapa de plástico, carregada uniformemente por fricção, é uma boa representante para o exemplo. O objetivo é encontrar o campo elétrico nas proximidades (a uma distância r do mesmo). Como o plano está carregado positivamente, o vetor campo elétrico deve ser perpendicular ao plano e saindo dele e, ainda mais, deve ter o mesmo valor numérico em pontos situados em lados opostos e equidistante, mesma direção, mas sentidos contrários. Uma superfície gaussiana apropriada ao caso (que refl ete a simetria do sistema), é um cilindro fechado, cada lado com área A, equidistante, e altura 2r, com eixo perpendicular ao plano, atravessando-o (altura igual em ambos os lados). Observando a fi gura, é possível perceber que o campo E é paralelo às superfícies curvas do cilindro, mas perpendicular às suas bases, onde associamos um vetor infi nitésimo em cada uma delas. Nas partes curvas, o ângulo entre o vetor campo elétrico e o vetor é igual a 90°, portanto, não há fl uxo atravessando as partes curvas (lado). Só há fl uxo saindo das bases do cilindro, assim, pela Lei de Gauss, temos Como , o campo elétrico é paralelo à ( e o campo elétrico é constante na base, então, A carga , portanto, Figura 4 – Superfície gaussiana cilíndrica atravessando o plano de cargas. 35 lei de gauss Como a distância do plano ao ponto calculado (distância d), não aparece na equação acima, conclui-se que o campo possui valor único em qualquer ponto, sendo, portanto, um campo uniforme em toda parte. Como exemplo, calcule o campo em pontos dentro de um sistema constituído por duas placas paralelas carregadas com a mesma densidade superfi cial de cargas, mas de sinais contrários (capacitor de placas paralelas). Exemplo 3 - Condutores em equilíbrio eletrostático. Um bom condutor elétrico, como o cobre, a prata, o ouro, o alumínio (metais de uma forma geral), contém inúmeras cargas elétricas (elétrons) que não estão presas a nenhum átomo, sendo, portanto, elétrons livres que podem se mover dentro do corpo metálico. Se nenhum movimento de carga ocorrer dentro do corpo, diz-se que o corpo está em equilíbrio eletrostático. Cada carga livre é uma partícula em equilíbrio, portanto, a resultante das forças sobre ela é nula. Para um condutor isolado (que não esteja aterrado) em equilíbrio eletrostático, as seguintes propriedades são verifi cadas: a)- O campo elétrico é nulo em qualquer ponto de seu interior; b)- Se ele tiver uma carga líquida (elétrons livres), a carga em excesso fi cará localizada totalmente em sua superfície externa; c)- O campo elétrico em seu exterior (da face externa para fora) é perpendicular à sua superfície e tem uma magnitude igual a E = σ/εo (Lei de Gauss) em cada ponto; d)- Se o condutor tiver formato irregular, a densidade de carga σ (carga por unidade de área) será máxima nos locais onde é mínimo o raio de curvatura da superfície do corpo (ponto P) e mínima nas regiões mais lisas (ponto R), propriedade denominada de poder das pontas (ver para-raio) Como exercício, para verifi car as propriedades acima, o aluno deverá pesquisar em textos próprios, procurando entendê-las e demonstrá-las. Procure calcular, também, o campo elétrico médio sobre a superfície terrestre. Exercícios 1) Seja o campo elétrico uniforme . a) Qual o fl uxo deste campo através de um quadrado de 1m de lado num plano yz? Qual é o fl uxo através do mesmoquadrado cuja normal faz um ângulo de 30o com o eixo dos x? 2) Uma carga de 5µC está 10 cm acima do centro de um quadrado cuja lado tem 50cm. Calcular o fl uxo do campo através do quadrado (sugestão: não integre). 3) Considere uma esfera condutora de raio igual a 20 cm. Ela está carregada com carga igual a 4 . 10-8 C. Calcule o campo elétrico em pontos no interior da esfera e num ponto a 40 cm do seu centro. 4) Considere uma esfera maciça uniformemente carregada com carga Q e de raio R. Calcule o campo elétrico em pontos no interior e no exterior da esfera. 5) Explicar por que o campo elétrico no interior de uma esfera maciça uniformemente carregada cresce com r e não diminui com 1/r2, no interior da esfera. 6) Determinar, usando a lei de Gauss, o campo elétrico a uma distância r de um fi o infi nito, uniformemente carregado. (sugestão: utilize uma superfície cilíndrica circular, de comprimento L e raio r, coaxial ao fi o) 7) Se o fl uxo liquido através de uma superfície fechada for nulo, o campo elétrico E é nulo em qualquer ponto da superfície? O que pode se concluir sobre a carga no interior da superfície fechada? Figura 5 – Corpo com formato irregular. Campo elétrico e poder das pontas. FÍsiCa gEral iii 36 Anotações 37 lei de gauss Anotações FÍsiCa gEral iii 38 Anotações 39 Potencial Elétrico4 4.1 potencial Elétrico - Energia pontencial Elétrica FÍsiCa gEral iii 40 4 POTENCIAL ELÉTRICO 4.1 Potencial Elétrico - Energia Potencial Elétrica Antes de conceituarmos a energia potencial elétrica, faremos uma distinção entre forças conservativas e não conservativas. As forças são os agentes que realizam trabalho sobre os corpos (vale a pena revisar o conceito de trabalho tratado no capitulo 6 do livro de Física Geral I). A força é conservativa se for nulo o trabalho realizado por ela sobre uma carga ou partícula que descreve um circuito fechado (ciclo). Se o trabalho não for nulo, a força não é conservativa. Também, uma força é dita conservativa se o trabalho realizado por ela sobre uma partícula ou carga que se desloca entre dois pontos num campo, depender somente destes pontos e não da trajetória em si. Se depender da trajetória, ela é uma força não conservativa. Exemplo de forças conservativas: força gravitacional, força elétrica, força elástica. Os vários tipos de atrito são exemplos típicos de forças não conservativas. A força elétrica que age sobre uma partícula carregada, devido a um campo elétrico, é uma força conservativa, ou seja, o trabalho realizado por ela ao deslocar uma carga de um ponto a outro do campo só depende destes pontos e não do caminho percorrido pela carga. Energia potencial é uma forma de energia armazenada em um campo, independentemente do tipo de campo (gravitacional, elétrico), portanto, a energia potencial elétrica, símbolo U, é uma forma de energia armazenada no campo elétrico. Vamos supor que uma determinada carga de prova qo>0 (cuja carga por ser muito pequena, praticamente não infl uencia o Campo Elétrico existente no local) esteja se movimentando em um campo elétrico, desde um ponto inicial i até um ponto fi nal f. Pode-se defi nir a diferença de energia potencial elétrica como “A diferença de energia potencial elétrica de uma carga de prova, entre dois pontos (inicial e fi nal) de uma trajetória, é igual ao valor negativo do trabalho realizado pelo campo elétrico sobre a carga durante seu movimento, independentemente da trajetória percorrida”. Matematicamente podemos escrever que f i ifU U U W∆ = − = − onde, Wif é o trabalho realizado pela força elétrica sobre a carga de prova entre os pontos especifi cados. A fi gura 1 ilustra o enunciado acima Na fi gura 2, a carga de prova q’ é movimentada ao longo do eixo y, partindo do ponto a (início = ya) até o ponto b (fi nal = yb) ao longo de uma trajetória que está na mesma direção e sentido do campo elétrico E. Neste caso, há um decréscimo da energia potencial porque, quando se desloca uma carga positiva na direção o campo, há a realização de um trabalho positivo sobre a carga e assim a energia potencial diminui. fU < iU ifW→ > 0 Também é possível deslocar uma carga de prova no sentido contrário ao vetor campo elétrico (deslocamento da posição ya para a posição yb). Nesta nova situação, há um incremento na energia potencial quando uma carga positiva se move em sentido contrário ao campo elétrico E, pois o campo realiza um trabalho negativo sobre ela, e assim, a energia potencial aumenta. Obs. Se a carga de prova for negativa, a situação se inverte em termos da energia potencial e trabalho. Assim, pode-se dizer que “a variação na energia potencial elétrica (ΔU), quando a Figura 1 – Força eletrostática (F = qoE) atua sobre uma carga de prova submetida a um campo elétrico E uniforme dirigido para baixo. 41 potencial Elétrico carga se movimenta entre os pontos de um campo elétrico, é igual em magnitude, mas de sinal contrário, ao trabalho feito pelo campo sobre ela (-Wif)”. Se escolhermos, arbitrariamente, a localização da carga de prova no infi nito (ponto muito distante das outras cargas), podemos atribuir o valor da Ui = 0, assim, podemos escrever que ∞−= WU Nesta situação podemos dizer que “a energia potencial U de uma carga-teste em um ponto qualquer, é igual ao valor negativo do trabalho W∞ realizado sobre a carga pelo campo elétrico para trazê-la do infi nito até a posição em questão”. É importante que haja a escolha do ponto inicial como um ponto de referência padrão. O potencial elétrico, tensão ou voltagem, símbolo “V”, é defi nido como sendo a variação da energia potencial elétrica por unidade de carga, tendo um único valor para qualquer ponto do campo, independentemente do valor da carga-teste utilizado para prová-lo. Defi nimos a diferença de potencial elétrico (ddp) “ΔV”, entre dois pontos quaisquer de um campo de forças como sendo igual a / ′ ′∆ = ∆ ⋅⋅⋅ ⇒⇒ ∆ = ∆U q V U q V (1) Assim, a diferença de potencial elétrico, é escrito como: ( )′∆ = − = − ⋅⋅⋅ ⇒⇒ = − − ′ if f i i f f i W V V V W q V V q O trabalho “Wif” realizado pela força elétrica sobre a carga de prova positiva, no seu movimento desde o ponto “i” até o ponto “f”, pode ser positivo, negativo ou nulo, correspondendo no ponto fi nal “f” a um potencial maior, menor ou igual ao potencial no ponto “i”, como consequência do sinal negativo do trabalho. Quando o ponto inicial “i” estiver sufi cientemente afastado (no infi nito), podemos arbitrar um valor nulo para seu potencial (V∞ = 0), de tal forma que fi camos com: ∞ ∞ ′= − = ⇒⇒ = − = −′ ′ W UV W q V U q q Uma forma simplifi cada de relacionar o trabalho realizado por uma força elétrica (quando se desloca uma carga de prova desde um ponto inicial “A” até um ponto fi nal ”B”) com a diferença de potencial entre os pontos, é dada por ( ) ( )AB A B B AW q V V q V V= − = − − (2) A diferença de potencial elétrico (ddp) mede o desnível de potencial elétrico entre dois pontos de um circuito ou de superfícies equipotenciais de uma carga. Para calcular o trabalho realizado pela força elétrica quando desloca uma carga- teste de um ponto inicial até um ponto fi nal, numa região onde existe um campo elétrico (uniforme ou não), deve-se somar (integrar) todos os trabalhos elementares feitos pela força ao longo de cada intervalo infi nitesimal em que foi subdividida a trajetória realizada pela carga, conforme mostra a fi gura 2. O trabalho realizado é dado por sdEqsdFW f i f ifi ⋅=⋅= ∫∫ 0 A integral acima é denominada de integral de linha sendo o produto entre o campo E e o elemento de linha ds um produto escalar. Assim, para o ponto inicial no infi nito (Vi=0), o potencial será dado por sdEVf i ⋅−= ∫ (3) Figura 2 – Deslocamento da carga de prova no sentido do campo elétrico. Trabalho positivo. Decréscimo na energia potencial. FÍsiCa gEral iii 42 A equação anterior permite calcular o potencial elétrico a partir de um campo elétrico conhecido, ou seja, conhecendo-se o campo elétrico numa certa região do espaço, podemos calcular o potencial elétrico entre dois pontos quaisquer do campo. No Sistema Internacional de Unidades (SI), a diferença de potencial elétrico (ddp) ou voltagem é medida em Joule/Coulomb, que por ser tão frequente, foi-lhe dado uma unidade especial chamada de Volt, símbolo V. Assim, 1 Volt = 1 Joule/Coulomb→→ 1 V = 1 J/C Como consequência, o campo elétrico também pode ter a unidade de medida dada por, 1 N/C= 1 V/m Vamos considerar duas cargas separadas por uma grande distância e mantidas fi xas em suas posições. Para juntá-las até uma determinada posição, será necessário realizar um trabalho, ou seja, “alguém” gastou energia para juntá-las. Esta energia gasta pelo agente externo (força externa), ou seja, o trabalho realizado pela força externa, fi cará acumulado como energia potencial elétrica “U” no sistema de duas cargas. Assim, podemos escrever que, 1 2 . 0 12 1( ) 4πε ⋅ = =ext q qU W f r onde r12 é a distância entre os centros das cargas. Entendido dessa forma e para várias cargas puntiformes, pode-se dizer que, “a energia potencial elétrica de um sistema de cargas puntuais fi xas é equivalente ao trabalho que deve ser realizado por um agente externo para reunir o sistema, trazendo cada carga desde o infi nito até a posição desejada”. Nesse caso, o potencial total deve ser calculado utilizando-se o princípio da superposição, isto é, calcula-se o potencial de cada carga separadamente no ponto de desejado (referência), e depois se soma algebricamente todos os potenciais calculados individualmente. Exemplo 1 Três cargas são mantidas fi xas nos vértice de um triângulo isósceles, separadas por uma distância d, conforme fi gura 3. Calcule a energia potencial elétrica da confi guração. Solução: A energia potencial resultante é a soma da energia de cada par na confi guração dada, assim, 12 13 23RU U U U= + + ( )( ) ( )( ) ( )( ) 24 2 4 21 10 4 4R o o q q q q q q qU d d d dπε πε + − + + − + = + + = Supondo d = 12 cm e q = 150 ηC, a energia potencial resultante da confi guração vale, 17RU mJ= − Obs. O fato da energia potencial ser negativa quer dizer que será preciso realizar um trabalho negativo para trazer as três cargas fi xas e no infi nito até a separação d. Por outro lado, signifi ca, também, que um agente externo (força externa) deve realizar um trabalho positivo de 17 mJ para desfazer a confi guração dada. Podemos também calcular o campo elétrico a partir do potencial elétrico. Conhecendo-se o potencial elétrico em todos os pontos vizinhos de um conjunto de cargas elétricas, podemos traçar uma família de superfícies que possuem o mesmo potencial V em todos os seus pontos, chamadas de superfícies equipotenciais. As linhas de força do campo elétrico produzido pelo conjunto de cargas são sempre perpendiculares às Figura 3 – Três cargas puntuais fi xas nos vértices de um triângulo isósceles. 43 potencial Elétrico superfícies equipotenciais em cada ponto e descrevem como o campo varia de uma posição à outra, conforme pode ser visualizado pela fi gura 4. De acordo com a fi gura, o campo elétrico é perpendicular à superfície equipotencial que passa pelo ponto P. O deslocamento que a carga faz entre duas superfícies vale ds e faz um ângulo θ com a direção do campo E. O trabalho realizado pelo campo elétrico sobre a carga de prova enquanto ela se move ao longo da trajetória entre as duas superfícies equipotenciais é dado pela equação 1, ou seja, W = - qodV, onde dV é a diferença de potencial entre as duas superfícies em questão. Também, o trabalho pode ser calculado pela equação 2, isto é, W = qoE(cosθ)ds, já resolvido o produto escalar, considerando o deslocamento infi nitesimal ds e a forma diferencial das equações. Igualando as duas equações para o trabalho, temos, 0 (cos )oq dV q E dsθ− = Assim fi camos com cos dVE ds θ = − onde Ecosθ = Es é a componente do campo na direção do deslocamento. Considerando a variação de V somente na direção do deslocamento, podemos escrever a derivada parcial do campo, ou seja, s VEs ∂ ∂ −= A equação acima é o inverso da equação 3, quando fazemos V inicial igual a zero (infi nito) e diz, matematicamente, que “a taxa de variação do potencial em função da distância, observada em qualquer direção, é igual à componente do campo E naquela direção, com o sinal inverso”. Utilizando os eixos ortogonais XYZ e conhecendo a função V(x,y,z), podemos obter as três componentes do campo em qualquer ponto, através das derivadas parciais. Vamos utilizar a equação 3 para determinar o valor do potencial elétrico num ponto P, a uma distância radial r de uma carga positiva isolada. Para tal, vamos supor que uma carga de prova qo seja trazida do infi nito até o ponto P ao longo da linha radial que une a carga positiva ao ponto P. Num determinado instante a carga de prova encontra- se a uma distância r’ da carga positiva. O campo elétrico é radial e aponta para fora (sentido crescente de r’), conforme pode ser visualizados pelas linhas de força, mas o deslocamento da carga-teste tem sentido contrário ao campo (sentido decrescente de r’). Assim, rdsd ′−= (fi g. 5). Figura 5 – Carga de prova trazida do infi nito até o ponto P. Campo criado pela carga positiva. Temos então que ( )(cos180 )( )E d s E dr Edr′ ′⋅ = ° − = Figura 4 - Superfícies equipotencias de um campo elétrico não uni- forme. Deslocamento da carga de prova entre duas superfícies equipoten- ciais. FÍsiCa gEral iii 44 Substituindo na equação 3 fi camos com f r i V E d s Edr ∞ ′= − ⋅ = −∫ ∫ O campo elétrico da carga positiva em r’ é dado pela equação 2 1 4 o qE rπε = ′ Assim, o potencial fi ca, 2 1 1 4 4 rr o o q qV dr r rπε πε ∞∞ ′= − = − − ′ ′ ∫ ou 0 1 4 qV rπε = (4) Obs. O sinal do potencial é o mesmo da carga que cria o campo. Se quisermos determinar a diferença de potencial entre dois pontos quaisquer próximos de uma carga puntual isolada, aplica-se a equação 4 para cada um dos pontos e depois subtrair um potência do outro. Exemplo 2 Qual deve ser o valor de uma carga puntual positiva isolada, para que o potencial V, a 15 cm dela, seja igual a +120 Volts. Solucao: Pela equação 4 temos, 0(4 )q V rπε= Substituindo os valores, fi camos com q = 2,0 x 10-9 C. 45 potencial ElétricoExercícios 1) Uma vaca encontra-se próxima a uma árvore (fi gura abaixo) que é atingida por um raio. Durante um curto intervalo de tempo, acumula-se na base da árvore uma carga elétrica de 1,0 μC. Considere K = 9 x 109 (Nm2/C2). Determine: a) o potencial elétrico gerado pela descarga na região da pata dianteira da vaca (A) e na região da pata traseira do animal (B); b) a ddp entre as duas regiões; c) a mínima distância da pata dianteira da vaca à árvore, admitindo-se que o animal resiste, no máximo, a uma ddp de 300 V, para não sofrer danos biológicos. Figura 7– Distâncias das patas a árvore para o problema em questão. 2) A ddp entre uma nuvem e a Terra é da ordem de 1,2 x 109 Volts. Qual é a variação de energia potencial de um elétron nesta descarga elétrica? 3) Um relâmpago típico tem uma ddp da ordem de 1 bilhão de Volts e a quantidade de carga transferida é de cerca de 30 C. Pergunta-se: a)- Qual é a energia potencial liberada na descarga? b)- Se toda a energia liberada fosse utilizada para acelerar um carro de 1000 kg de massa, que partiu do repouso, qual seria a velocidade fi nal do carro? c)- Que quantidade de gelo a 0 oC, seria possível derreter se toda a energia liberada fosse utilizada para tal fi m? Dados: O calor latente defusão do gelo vale 3,3 x 105 J/Kg. 4) Grande parte do material contido nos anéis de Saturno tem a forma de minúsculas partículas de poeira cósmica cujos raios são da ordem de 1μm. Tais grãozinhos estão numa região que contém gás ionizado diluído e adquirem elétrons em excesso devido ao contato com o gás. Se o potencial elétrico na superfície de um certo grão é de cerca de – 400 Voltes, quantos elétrons são adquiridos por ele? 5) Dois prótons existentes no núcleo de um átomo de U238 estão separados por uma distância de 6,0 x 10-15 m. Calcule o valor da energia potencial elétrica relacionada á força repulsiva entre eles, sabendo-se que a carga do próton é de 1,6 x 10-19 C. 6) No KCl, a distância entre os átomos é de 2,80x10-10m. Calcular a energia necessária para separar os íons K+ e Cl- até uma distancia infi nitamente grande. Dar a resposta em eV. (1 eV = 1,602x10-19J) 7) Três cargas pontuais são mantidas fi xas nos vértices de um triângulo isóscele de lado igual a d = 12 cm. As cargas são q1= +q ; q2 = -4q e q3 = +2q, sendo q = 150 nC. Calcule a energia potencial elétrica da confi guração. 8) O potencial elétrico numa certa região é dada por V(x) = ax2 + b, Calcular o vetor campo elétrico nesta região. 9) O campo elétrico é Ex = 6x3 N/C. Calcule a diferença de potencial entre x=1m e x=2m. FÍsiCa gEral iii 46 Anotações 47 potencial Elétrico Anotações FÍsiCa gEral iii 48 Anotações 49 Capacitância5 5.1 introdução 5.2 Capacitância 5.3 Capacitores 5.4 Energia potencial Eletrostática 5.5 armazenamento de Energia Elétrica 5.6 Combinação de Capacitores 5.7 dielétricos FÍsiCa gEral iii 50 5 CAPACITÂNCIA 5.1 Introdução Podemos aumentar a energia potencial do sistema, elevando um peso até uma altura h, esticando uma mola ou comprimindo um gás. De forma análoga, quando uma carga é posta num condutor isolado, a energia potencial do mesmo aumenta. A razão entre a carga e o potencial é a capacitância do condutor. A partir disso podemos construir um dispositivo para “acumular” um campo elétrico e também carga. Este dispositivo é chamado de capacitor. O primeiro capacitor foi a garrafa de Leyden, inventado por Mushenbroeck e Cuneus no século XVIII, que constituía um frasco de vidro revestido interna e externamente por folhas de ouro (ver fi gura 1). Funcionou tão bem que o experimentador levou um choque que o derrubou. Benjamin Franklin percebeu que um capacitor não necessariamente tinha que ter a forma de uma garrafa, mas podia ser simplesmente um vidro de janela com as faces recobertas por folhas metálicas. No natal de 1750, usando um conjunto de garrafas de Leyden, Franklin tentou matar um peru com a descarga elétrica, mas recebeu um poderoso choque que o derrubou. Depois de refeito, comentou: “Tentei matar um peru, mas quase consegui matar um pato”. Capacitores microscópicos formam a memória DRAM (dynamic random Access memory), que são usadas em computadores. Na eletrônica é comum o uso de capacitores. Capacitores médios são usados em fl ash de máquinas digitais e em desfi libradores. Banco de capacitores podem gerar potências de 1014 W. A fi gura 2 mostra alguns tipos de capacitores que são usados em circuitos elétricos. 5.2 Capacitância O potencial de um condutor fi nito, isolado, com a carga é proporcional a esta carga e depende do tamanho e da forma do condutor. O potencial para um condutor esférico de raio R com carga é: A razão entre a carga Q e o potencial de um condutor isolado é a capacitância C: A capacitância é a medida da capacidade de um condutor armazenar carga para uma diferença de potencial. Como o potencial é sempre proporcional à carga, a razão entre e é sempre igual para um determinado condutor. Para um condutor esférico, a capacitância é A unidade de capacitância no Sistema Internacional (SI) é farad (F), que é coulomb por volt. O Farad é geralmente muito grande e assim usa-se subunidades como µF = 10-6 F ou nF = 10-9 F. Figura 1 - Garrafa de Leyden, observe que a garrafa é revestida externamente (A) e internamente (B) por uma folhas metálicas não conectadas. Figura 2 - Capacitores que normalmente são encontrados em circuitos eletrônicos. 51 Capacitância Exemplo 1 Se numa esfera de capacitância CA a carga inicial for duplicada, qual o novo valor da capacitância? Solução: Como , e substituindo a diferença de potencial , temos que para uma esfera Que independe da carga. Se a carga for duplicada, a diferença de voltagem será dividida por 2. Portanto, a capacitância CA não será alterada. 5.3 Capacitores Um sistema de dois condutores com cargas iguais e opostas é um capacitor. Frequentemente o capacitor é carregado pela transferência de uma carga de um para outro condutor, de modo que um deles fi ca com a carga e o outro com a carga . Para determinar a capacitância de um capacitor, temos que conhecer bem a sua geometria. Primeiramente temos que determinar o campo elétrico entre os dois condutores. O campo elétrico relaciona-se com a carga Q dos condutores pela lei de Gauss: Para facilitar os cálculos, escolheremos uma superfície de gaussiana em que o campo elétrico seja constante e que e sejam paralelos em toda a superfície. Assim, Depois de determinar o campo elétrico E, podemos calcular a diferença de potencial V entre os dois condutores. A diferença de potencial entre os condutores é relacionada ao campo elétrico E por: onde a integral é calculada ao longo de qualquer trajetória que inicie em um condutor e termine no outro. Escolheremos uma trajetória que acompanhe uma linha de campo elétrico que vai do condutor positivo até o condutor negativo. Nesta trajetória, os vetores e estão apontados na mesma direção. Usaremos este plano descrito para determinar a seguir a capacitância de capacitores de placas paralelas, capacitores cilíndrico e capacitores esféricos. FÍsiCa gEral iii 52 5.3.1 Capacitor de placas planas paralelas Figura 3 Um capacitor bastante comum é o de placas paralelas, que tem duas placas condutoras montadas paralelamente uma à outra. Vamos supor que as placas deste capacitor sejam tão largas e estejam tão próximas uma da outra que podemos ignorar a distorção do campo elétrico nas bordas. Assim, podemos tomar o campo elétrico E como uniforme entre as placas. Na fi gura 3 temos uma superfície gaussiana que engloba a carga Q da placa positiva. Usando a lei de Gauss, temos, onde A é a área da placa. Como: Como já discutimos o campo elétrico E é uniforme entre as placas e pode ser removido da integral. A integração é de 0 até d. Portanto, temos que e , e assim podemos escrever que A capacitância C é defi nida por , consequentemente para um capacitor de placas paralelas, Esta equação mostra que a capacitância não depende de Q e V e que só depende dos fatores geométricos, particularmente, da área A e da separação d das placas. Um bom exemplo de capacitores paralelos e planos são os teclados de computadores e outros instrumentos, que são constituídos de duas placas metálicas, conforme mostrado na fi gura 4. A placa a, a qual está colada a tecla, pode mover-se e a placa b é fi xa. Ao ser pressionada a tecla, diminui a separação entre as duas placas e portanto aumenta a capacitância do capacitor. O circuito do computador é então disparado para registrar e processar o sinal. Figura 4 - Teclado capacitivo 53 Capacitância Exemplo 2 Um capacitor de placas planas e paralelas tem placas circulares com o raio de 10 cm e separadas por 0,1 mm. a) qual a capacitância do capacitor? b) Se o capacitor for carregado a 12V, qual a quantidade de carga no capacitor? Solução: a) A capacitância de um capacitor de placas planas e paralelas é: ( )( )2 0 8,85 0,1 2780 2,780 0,0001 pF m A mC pF nF d m π ε × = = = = b) ( )( ) 92,789 12 33,36 10 33,33Q CV nF V C nC−= = = × = 5.3.2 Capacitor Cilíndrico Figura 5 Um capacitor cilíndrico é constituído por um cilindro ou um cabo metálico de pequeno raio montado coaxialmente
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