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ANÁLISE SEMIÓTICA DO FILME O PREDESTINADO

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Universidade Estadual do Paraná – Unespar 
Curso: História 3° ano
Disciplina: História e Cinema
Docente: Prof. Kevin Conceição
Discente: Vinicius Gabriel Lírio
ANÁLISE SEMIÓTICA DO FILME “O PREDESTINADO”
O filme “O Predestinado” com direção e roteiros de Michael Spierig e Peter Spierig e inspirado no conto “All You Zombies” de Robert A. Heinlein, está inserido no tema de ficção cientifica, mais especificamente, viagem no tempo. O filme é extremamente cativante e surpreendente, fazendo com que o espectador esteja sempre atendo a detalhes e tentando prever o que acontecerá nas cenas seguintes ou o que significa tudo aquilo que está sendo apresentado.
Essa análise é feita a partir do modelo semiótica, defino pelo estudo dos signos, que consiste basicamente em estudar qualquer elemento que possui significado para o ser humano, sendo línguas verbais ou não verbais. Um dos grandes teóricos para se estudar os signos é o suíço Ferdinand de Saussure, esse linguista e filosofo parte de uma concepção dual, onde temos o significante e o significado, essa linha segue a seguinte ideia: o significante (imagem ou escrita observada pelo individuo) irá gerar instantaneamente uma imagem acústica que no fim da origem ao conceito ou significado, que é elaborado por nós mesmos em nossas mentes.
Análise Semiótica
Primeiramente é importante destacarmos que qualquer objeto possui uma infinidade de significados dependendo do modelo de sociedade e seus valores. Ainda sim todo objeto é acompanhado de um discurso, ou seja, o objeto sempre irá representar ou remeter a algum discurso ou narração dele mesmo “o objeto já é um discurso em si” (Aumont, 2002:90). Ainda em Aumont nos é apresentado um outro problema, que é a imagem figurativa do cinema, que por estar sempre em movimento, passa por constantes transformações, podendo modificar constantemente os discursos e significados apresentados, seguindo nessa lógica a imagem cinematográfica é acompanhado de uma “história” que é sempre desenvolvida em transformações narrativas acompanhadas do início, meio e fim. 
O filme apresenta uma grande quantidade de signos que poderiam ser analisados, então como forma de delimitação irei analisar a representação do personagem principal como “herói” dentro da noção de monomito e as competências dos “quatro” personagens principais que é apresentado ao expectador, esses personagens podem ser divididos por nomes, primeiro a Jane, segundo o John, terceiro Ethan Hawke e por último o “fisiobomber” ou “detonador”. 
A semiótica entende que somos produtos de uma ação sobre o indivíduo, ou seja, somos produtos da nossa relação com a realidade. O personagem principal que é divido em quatro personalidades com competências diferentes, segue a narrativa do monomito, também conhecido como “jornada do herói”, onde temos um ciclo sem fim de início, meio e fim. O filme não possui passado, presente e futuro, todas as linhas temporais estão interligadas, todos os personagens principais são a “mesma” pessoa e todos eles sofrem ações de indivíduos influenciadores (eles mesmo no futuro), essas influências geram uma ação que gera uma reação, e toda a narrativa se passa nessa perspectiva, para explicar melhor o filme pode ser explicado de forma resumida da seguinte maneira: Jane conhece o John (ele(a) mesmo(a) no futuro), Jane fica grávida de John que a abandona. Ethan sequestra a filha de Jane no qual depois de uma cirurgia de troca de sexo por conta da gravidez, Jane se torne John. John (nova linda do tempo) conhece Ethan Hawke (ele mesmo no futuro), Ethan faz com que John conheça Jane e a deixe de novo como já aconteceu. John começa a pesquisar sobre o fisiobomber, na tentativa de deter o criminoso, John é atingido por uma explosão e após uma cirurgia de reconstrução facial se torna Ethan Hawke. Ethan volta no tempo e vai ao bar para conhecer John e fazer com que ele repita tudo que fez de novo. Ethan Hawke descobre que ele mesmo é o fisiobomber e depois de matá-lo, Ethan se torna o responsável por matar diversas pessoas, e o ciclo sempre se mantém para sempre. 
A partir da análise semiótica, o personagem principal sempre sofre influência dele mesmo no futuro, dentro da narrativa do filme, essas ações e reações estão presas dentro de um ciclo que não pode ser quebrado, pois está relacionado com sua própria existência, ou seja, ele é predestinado a fazer tudo que fez. Também temos a questão da busca constante de um objetivo, que a cada transformação que o personagem sofre, acaba chegando mais perto desse “fim” ou podemos entender também como sentido de tudo. O personagem a cada transformação, adquire também competências, Jane inteligente e diferente da maioria é apresentada ainda como imatura e inocente, após se transformar em John começa o seu processo para maturidade, nesse período John é frio e indeciso, e está em um estágio de depressão. Ao se tornar Ethan Hanwke ele já aparenta ser uma pessoa com objetivos mais definidos e maduros e o último estágio, que se inicia quando Ethan mata o detonador, seria esse o ancião, ele compreende tudo e entende tudo o que aconteceu, compreendendo a importância de manter o ciclo acontecendo. O personagem está preso ao seu próprio destino, sendo responsável pela origem de sua própria existência. 
É interessante que alguns diálogos e cenas do filme já indicam que os personagens são os mesmos, ou até mesmo que Ethan já sabe que é o detonador, mas não quer admitir. A cena do bar onde um pouco antes de John começar a contar toda sua história, ele puxa um cigarro e ao tentar acender seu isqueiro não funciona, nesse momento Ethan pega seu isqueiro, e é visível que o isqueiro é o mesmo, após essa cena temos um diálogo no qual John diz concordar de certa forma, com que o detonador sussurrante faz, e Ethan não discordo de John, apenas diz para não dizer sua. opinião em qualquer lugar. Também temos o fato de Ethan dizer a John que o detonador sussurrante que ele procura, pode ser o homem que destruiu sua vida, se referindo a si mesmo é claro, então pode-se dizer que Ethan sabia que era o detonador, e talvez só não queria aceitar isso ainda.
Conclusão
O filme é repleto de signos que poder ser trabalhados, a quantidade de “dicas” que o filme nos passa é enorme e exige atenção a cada vez que for assistir a longa. O filme tem uma mensagem geral complexa e difícil de definir, pode se dizer que o filme queira nos passar que nós somos arquitetos da nossa própria existência e cabe a nós fazer mudanças e escolhas, não dependendo de outras pessoas. Ainda sim existe uma grande quantidade de compreensão do que o filme tenta passar ao público.
REFERÊNCIAS
O PREDESTINADO. Direção: Michael Spierig, Peter Spierig. Produção de Blacklab Entertainment; Screen Australia; Wolfhound Pictures: Sony Pictures, 2015. YouTube.
HALL, Stuart. O legado de Sausurre: Cultura e Representação. 1. ed. Idem: Idem, 2000. p. 57-77.

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