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As teorias cognitivo-comportamentais Turma 3046 13/04/2022 Memória significa aquisição, formação, conservação e evocação de informações. A aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem: só se “grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido. A memória é uma coleção de sistemas independentes do cérebro que nos possibilita aprender e lembrar diferentes tipos de informação. Cada sistema de memória inclui: 1. Memória de trabalho: que nos possibilita conservar os pensamentos na mente. Usamos para lembrar mentalmente o telefone de um amigo ou para visualizar uma imagem de como nosso quarto ficaria se mudássemos a mobília. É projetada para retenção de curta duração temporária. 2. Memória episódica: que usamos para reter as experiências de nossas vidas. Envolve a consciência para recuperar e lembrar experiências de nossas vidas pessoais, lembrar eventos passados tais como o nosso filme favorito, férias familiares ou nosso primeiro beijo. 3. Memória semântica: que mantém o conhecimento adquirido. A usamos para saber o significado da palavra ecologia, fazer cálculos numéricos, saber que morcegos são animais noturnos etc. 4. Memória procedural: representa a nossa habilidade para aprender e realizar atividades complexas, como andar de bicicleta, dirigir um carro, jogar tênis etc. Uma vez adquirida, pode ser usada pela vida toda. Só pode ser demonstrada fazendo as coisas e não é só descritiva. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES ARAÚJO (2017) MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES CARDOSO (1997) APRENDIZAGEM E MEMÓRIA • Aprendizagem e memória envolvem uma série de estágios. • Os processos que ocorrem durante a apresentação do material de aprendizagem são conhecidos como codificação e incluem muitos dos processos envolvidos na percepção. Esse é o primeiro estágio. • Como resultado da codificação, as informações são armazenadas dentro do sistema da memória. Assim, o armazenamento é o segundo estágio. • O terceiro estágio é a recuperação, que envolve recuperar ou extrair as informações armazenadas do sistema da memória. • Não podemos ter recuperação sem codificação e armazenamento prévios. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES (EYSENCK; KEANE, 2017. • METAMEMÓRIA • O conhecimento que as pessoas têm de sua própria memória e de tudo o que é relevante para a retenção, armazenamento e recuperação de informações. • METACOGNIÇÃO • O conhecimento que uma pessoa tem sobre os próprios processos e produtos cognitivos. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES (SCHELINI; PRADO; FRANÇA; BORUCHOVITCH, 2014) MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES O lobo temporal contém o neocórtex temporal, que pode ser a região potencialmente envolvida com a memória a longo prazo. Nesta região também existe um grupo de estruturas interconectadas entre si que parece exercer a função da memória para fatos e eventos (memória declarativa), entre elas está o hipocampo, as estruturas corticais circundando-o e as vias que conectam estas estruturas com outras partes do cérebro. Os Mecanismos Cerebrais da Memória A memória não está localizada em uma estrutura isolada no cérebro; ela é um fenômeno biológico e psicológico envolvendo uma aliança de sistemas cerebrais que funcionam juntos. O lobo temporal é uma região no cérebro que apresenta um significativo envolvimento com a memória. [...] Existem consideráveis evidências apontando esta região como sendo particularmente importante para armazenar eventos passados. CARDOSO (1997) MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES A amígdala, por sua vez, é uma espécie de "aeroporto" do cérebro. Ela se comunica com o tálamo e com todos os sistemas sensoriais do córtex, através de suas extensas conexões. Os estímulos sensoriais vindos do meio externo como som, cheiro, sabor, visualização e sensação de objetos, são traduzidos em sinais elétricos, e ativam um circuito na amígdala que está relacionado à memória, o qual depende de conexões entre a amígdala e o tálamo. Conexões entre amígdala e hipotálamo, onde as respostas emocionais provavelmente se originam, permitem que as emoções influenciem a aprendizagem, porque elas ativam outras conexões da amígdala para as vias sensoriais, por exemplo, o sistema visual. O córtex pré-frontal exibe também um papel importante na resolução de problemas e planejamento do comportamento. Uma razão para se acreditar que o córtex pré-frontal esteja envolvido com a memória é que ele está interconectado com o lobo temporal e o tálamo. CARDOSO (1997) Os Mecanismos Cerebrais da Memória O hipocampo ajuda a selecionar onde os aspectos importantes para fatos e eventos serão armazenados e está envolvido também com o reconhecimento de novidades e com as relações espaciais, tais como o reconhecimento de uma rota rodoviária. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES ESQUEMAS • Nosso processamento de histórias ou outros textos envolve relacionar as informações no texto com o conhecimento estruturado relevante armazenado na memória de longo prazo. • O que processamos nas histórias, como processamos as informações das histórias e o que recordamos das histórias que lemos depende dessas informações armazenadas. • Muito de nosso conhecimento armazenado está na forma de esquemas. • Esquemas são pacotes bem-integrados de conhecimento sobre o mundo, eventos, pessoas e ações. Os esquemas incluem o que muitas vezes é referido como scripts (roteiros) e frames (quadros). • Os scripts lidam com o conhecimento sobre os eventos e as consequências dos eventos. • Frames são estruturas de conhecimento que se referem a algum aspecto do mundo (p. ex., construção). • Para Ghosh e Gilboa (2014), apud Eysenck e Keane (2017), os esquemas apresentam quatro características necessárias e suficientes: • 1. Estrutura associativa. Os esquemas consistem em unidades interconectadas. • 2. Base em vários episódios. Os esquemas consistem em informações integradas com base em vários eventos semelhantes. • 3. Falta de detalhes de unidade. Isso provém da variabilidade dos eventos a partir dos quais um esquema é formado. • 4. Adaptabilidade. Os esquemas se modificam e se adaptam com o tempo conforme são atualizados à luz de novas informações. (EYSENCK; KEANE, 2017. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES POR QUE OS ESQUEMAS SÃO IMPORTANTES? • Em primeiro lugar, eles contêm muitas das informações necessárias para compreender o que ouvimos e lemos. • Em segundo, os esquemas nos permitem formar expectativas (p. ex., da sequência típica dos eventos em um restaurante). • Eles tornam o mundo relativamente previsível, porque nossas expectativas são em geral confirmadas. (EYSENCK; KEANE, 2017. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES O EXPERIMENTO DE BRANSFORD E JOHNSON (1972) Evidências de que os esquemas podem influenciar a compreensão da história foram reportadas por Bransford e Johnson (1972, apud Eysenck e Keane, 2017). Eis aqui parte da história que eles usaram: O procedimento é muito simples. Em primeiro lugar, você organiza os itens em diferentes grupos. É claro que uma pilha pode ser suficiente dependendo da quantidade. Se você tiver de ir até outro lugar em razão da falta de recursos, esse é o passo seguinte; caso contrário, você estará bem-organizado. É importante não exagerar as coisas. Isto é, é melhor fazer poucas coisas de cada vez do que muitas coisas. (EYSENCK; KEANE, 2017. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES O EXPERIMENTO DE BRANSFORD E JOHNSON (1972) • Os participantes que ouviram essa passagem na ausência de um título a classificaram como incompreensível e recordaram uma média de apenas 2,8 unidades da ideia. • Os que receberam, antecipadamente, o título “Lavar roupas” acharam fácil compreender e recordaram 5,8 unidades da ideia, em média. • Os participantes que receberam o título depois de ouvirem a passagem, mas antes de recordarem lembraram em média apenas 2,6 unidadesda ideia. • O conhecimento relevante do esquema ajudou na compreensão da passagem, em vez de atuar apenas como uma pista para recuperação. (EYSENCK; KEANE, 2017. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES ESQUECIMENTO O esquecimento é o fenômeno no qual há uma incapacidade de lembrar informações que estavam, anteriormente, disponíveis para serem recordadas. Há quatro teorias para explicar esse fenômeno (PERGHER; STEIN, 20 03) Teoria da Deterioração – Teoria que postula que, com a passagem do tempo, as memórias enfraquecem, desaparecendo gradualmente até serem apagadas por completo. Teoria da Interferência – Esta teoria postula que esquecemos as informações em virtude da influência de algumas memórias sobre outras. Teoria da Falha de Recuperação – Esta teoria propõe esquecermos informações ocorre em função de uma falha na recuperação das mesmas. Dessa forma, as informações não seriam perdidas, ou "apagadas" da memória, elas apenas se tornariam mais difíceis de serem acessadas. Teoria dos Esquemas – Para esta teoria, aquilo que é codificado e armazenado na memória é determinado pelo esquema existente. Esse esquema vai selecionar e, inclusive, pode até modificar as informações advindas da experiência, para poder chegar a uma representação unificada e coerente da mesma, no sentido de tornar essa representação consistente com as expectativas e conhecimentos já adquiridos [,,,]. Neste processo ativo, pode ocorrer perda ou distorção de informações já armazenadas, ou seja, esquecimento. (PERGHER; STEIN, 2003) MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES ESQUECIMENTO E SUPRESSÃO DE MEMÓRIAS O esquecimento intencional pode cumprir uma função estratégica no sistema cognitivo, que permite aos indivíduos não pensar sobre acontecimentos indesejados do passado, tais como eventos traumáticos, dolorosos e violentos, dos quais se prefere não recordar. Enquanto esquecer involuntariamente é uma falha da lembrança, por outro lado, esquecer intencionalmente parece ser uma função estratégica da memória. (DUTRA, 2017) Amnésia significa sem memória, é uma doença relativamente rara causada por vários fatores que levam à deficiência temporária ou permanente. Tipos de amnésia: 1. Amnésia anterógrada: problema de codificação, armazenagem ou evocação de informação que pode ser utilizada no futuro. 2. Amnésia retrógrada: problema em acessar eventos ocorridos no passado. 3. Amnésia pós-traumática (APT): dificuldade em formar novas memórias. Com frequência ocorrem após lesões na cabeça por séria concussão e tendem a melhorar com o tempo. 4. Amnésia transitória global (ATG): indivíduos aparentemente normais repentinamente desenvolvem sérios problemas na formação e evocação de novas memórias. A causa é desconhecida e a condição tende a se resolver com relativa rapidez. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES ARAÚJO (2017) (EYSENCK; KEANE, 2017) MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES LUIZ (2010) Todo dia Michelle Philpots, de 47 anos, acorda ao lado de um homem que tem que convencê-la de que são casados. Quando ela exprime dúvida, ele pega um álbum de fotos e mostra-lhe as fotos de seu casamento há 13 anos. Só então Philpots aceita que ela está falando com seu marido, Ian, e que tudo o que ele lhe disse é verdade. Esta estranha condição foi causada por lesões cerebrais sofridas em dois acidentes de aviação. Ela pode lembrar tudo até 1994, mas desde então tudo o que acontece em um dia é esquecido no próximo. Seu caso inspirou o filme "Como Se Fosse a Primeira Vez", o filme de 2004, em que Adam Sandler tenta cortejar Drew Barrymore que, depois de um acidente de carro, não mantem a memória do que vive durante o dia, esquecendo tudo à noite, uma condição fictícia. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES As teorias cognitivo-comportamentais EXERCÍCIOS 01) Nas asserções abaixo considere o papel do hipocampo no processo de formação, organização e armazenamento de novas memórias e escolha a alternativa correta. I. A consolidação de memórias ocorre no hipocampo, que é uma região bem delimitada e filogeneticamente antiga no lobo temporal. II. Lesões no hipocampo afetam as lembranças antigas (memória retrógrada). III. Sabe-se da importância do hipocampo no processo de consolidação porque pacientes com lesão bilateral dessa estrutura são totalmente incapazes de guardar qualquer informação nova. IV. O hipocampo é uma estrutura cerebral importante e tem um papel vital na aprendizagem e na navegação espacial, mas não nos processos associados à memória. V. Pacientes com lesão bilateral no hipocampo são capazes de lembrar de tudo o que se passou antes da lesão ocorrer, mas não conseguem mais armazenar nada de novo (amnésia anterógrada). A( ) Somente as afirmativas III, IV e V estão corretas. B( ) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. C( ) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. D( ) Somente as afirmativas I, III e V estão corretas. E( ) Somente a afirmativa III é falsa. MEMÓRIA: CLASSIFICAÇÕES, CONCEITOS E FATORES EXERCÍCIOS 02. A memória para fatos e eventos é: a. Implícita b. Não declarativa c. Procedural d. Declarativa e. Operacional 03. A memória de hábitos motores é: a. Implícita b. Explícita c. Trabalho d. Declarativa e. Operacional As teorias cognitivo-comportamentais REFERÊNCIAS ARAÚJO, Moysés. Com a palavra o professor: cinema, amnésia e os processos de memória. Cinema, Amnésia e os Processos de Memória. 2017. Disponível em: https://www5.pucsp.br/maturidades/com_palavra_professor/index_65.html. Acesso em: 01 dez. 2017. BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências, Desvendando o Sistema Nervoso. 4 Ed.. Porto Alegre:: Artmed, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714331/cfi/0!/4/4@0.00:0.00 DUTRA, Camila Arguello. Pensar ou não pensar: potenciais corticais na supressão de memória. 2017. 40 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Psicologia, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.CARDOSO, Silvia Helena. Memória: O que é e como melhorá-la. 1997. Disponível em https://https://cerebromente.org.br/n01/memo/memoria.htm. EYSENCK, Michael W.; KEANE, Mark T. Manual de Psicologia Cognitiva. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Capítulo 5 (minha Biblioteca) IZQUIERDO, I. Memória.. 3 Ed.. Porto Alegre:: Artmed, 2018.. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714928/cfi/6/4!/4/4/2/2@0:0 LUIZ, Gerusa. Filmes baseados em pessoas reais. 2010. Disponível em: https://minilua.com/filmes-baseados-pessoas-reais/. Acesso em: 26 jul. 2010. MOURÃO JÚNIOR, Carlos Alberto; FARIA, Nicole Costa. Memória. Psicologia: Reflexão e Crítica, [S.L.], v. 28, n. 4, p. 780-788, dez. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1678-7153.201528416. PERGHER, Giovanni Kuckartz; STEIN, Lilian Milnitsky. Compreendendo o esquecimento: teorias clássicas e seus fundamentos experimentais. Psicologia Usp, [S.L.], v. 14, n. 1, p. 129-155, 2003. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103- 65642003000100008.
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