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Livro Texto - Unidade II

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CAPITAL DE GIRO E CONTROLE DE RESULTADOS
Unidade II
3 A AVALIAÇÃO DA LIQUIDEZ NA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
A capacidade de pagamento da empresa de todas as suas contas é chamada de liquidez. 
A liquidez depende sempre do capital de giro. O risco financeiro, ou risco de insolvência, é 
quando a empresa não consegue pagar os compromissos de curto prazo – ela se torna uma 
empresa insolvente. Uma das maneiras de medir o risco de insolvência é buscando os indicadores 
de liquidez. Esses indicadores demonstram a relação entre os ativos realizáveis e os passivos 
exigíveis. Existem indicadores de liquidez estática e indicadores de liquidez dinâmica, conforme 
veremos a seguir.
 Observação
Toda vez que uma empresa precisa recorrer a um empréstimo bancário 
precisa comprovar que sua atividade no passado apresentava bons índices 
de liquidez, estática e dinâmica.
3.1 Os indicadores de liquidez estática
Os indicadores de liquidez estática pretendem medir a capacidade de pagamento da empresa, 
de acordo com os indícios de solidez financeira. Isso garante o pagamento dos compromissos 
financeiros da empresa. Esses indicadores são estáticos porque representam a liquidez para um 
momento determinado.
Os principais indicadores de liquidez estática são a liquidez corrente, a liquidez seca e a liquidez imediata.
A liquidez corrente (LC) é o índice que mostra a capacidade financeira em cumprir os compromissos 
de curto prazo. Esse índice de liquidez corrente deve ser calculado, dividindo o ativo circulante pelo 
passivo circulante:
Liquidez corrente = Ativo circulante / Passivo circulante
O resultado demonstra quanto dinheiro a empresa possui no ativo circulante para cada Real no 
passivo circulante. Por exemplo, se o seu Antonio possui um ativo circulante de $ 10.000 e um passivo 
circulante de $ 4.250, então o índice de liquidez da padaria será de 2,35:
Índice de liquidez corrente: $ 10.000 / $ 4.250 = 2,35
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Unidade II
Isso indica que para cada $ 1,00 de passivo circulante (as obrigações de curto prazo), a padaria 
tem $ 2,35 de ativo circulante na forma de bens ou de recebíveis de curto prazo. Como sabemos 
que o CGL é calculado pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, esse índice 
de liquidez corrente mostra que para cada $ 1,00 de passivo circulante, a padaria possui $ 1,35 de 
CGL positivo.
Quando as obrigações do passivo circulante têm datas previstas para serem liquidadas, podemos 
encontrar a liquidez seca (LS). Temos de levar em consideração que os elementos do ativo circulante não 
apresentam conversibilidade garantida em dinheiro.
Os estoques, por exemplo, podem sofrer deterioração ou se tornar simplesmente um lote 
de produtos velhos, sem validade. Além disso, é mais difícil transformar estoque em dinheiro 
do que converter os recebíveis do ativo circulante. A liquidez dos estoques é pequena. Por isso, 
para o cálculo do índice de liquidez seca, nem levamos em consideração o valor dos estoques, 
que precisa ser subtraído do ativo circulante, para que esse quociente depois seja dividido pelo 
passivo circulante:
Índice de liquidez seca = (Ativo circulante – Estoques) / Passivo circulante
Por exemplo, se a padaria do seu Antonio tem $ 2.150 em estoque, $ 10.000 de ativo circulante e 
$ 4.250 de passivo circulante, o índice de liquidez seca da padaria será de 1,84.
Liquidez seca = (10.000 ‑ 2.150) / 4.250 = 1,84
O índice de liquidez seca de 1,84 indica que para cada $ 1,00 do passivo circulante (as obrigações 
de curto prazo), sua padaria dispõe de $ 1,84, valor que pode ser obtido com os elementos de maior 
liquidez do seu ativo circulante. Eles podem ser transformados em dinheiro com maior facilidade.
Por fim, o índice de liquidez imediata é igual à capacidade de a empresa saldar seus 
compromissos imediatamente, com aquilo que está disponível no caixa e nos bancos. Ou seja, a 
empresa consegue pagar tudo o que deve sem ter que esperar pela venda dos elementos do ativo 
circulante. O índice de liquidez imediata é calculado quando se dividem as disponibilidades da 
empresa pelo passivo circulante:
Liquidez imediata = Disponibilidades / Passivo circulante
Se a padaria do seu Antonio tiver nas contas caixa e bancos o valor de $ 1.850 e no passivo circulante 
$ 4.250, o índice de liquidez imediata será de 0,43:
Liquidez imediata = 1.850 / 4.250 = 0,43
O índice de liquidez imediata indica que para cada $ 1,00 de obrigações de curto prazo no passivo 
circulante, a padaria do seu Antonio possui apenas $ 0,43 em disponibilidades.
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CAPITAL DE GIRO E CONTROLE DE RESULTADOS
 Saiba mais
Para saber sobre o seu próprio índice de liquidez, tente verificar seus 
dados junto ao Serasa:
<https://www.serasaconsumidor.com.br>.
3.2 Indicadores de liquidez dinâmica
Figura 15 
A evolução da capacidade de pagamento de uma empresa é medida com os indicadores de liquidez 
dinâmica. Para tanto, precisamos avaliar a evolução do capital de giro líquido, a necessidade de capital 
de giro e o saldo de tesouraria.
Para descobrir a tendência da eventualidade do efeito tesoura, temos de comparar o saldo de tesouraria 
(ST) com as receitas. Se o resultado do cálculo for negativo, isto significa que a necessidade de capital de 
giro é maior do que o capital de giro líquido e, portanto, que a empresa está com o saldo de tesouraria 
negativo. Quanto mais negativo for o valor do indicador, maior é a probabilidade do efeito tesoura.
Coeficiente do efeito tesoura = ST / Receitas
Já o coeficiente do overtrading avalia a possibilidade do overtrading somando o limite de crédito 
(LC) ao saldo de tesouraria (ST) e comparando com as receitas da empresa.
Quanto menor for o resultado, maior o indício de overtrading. O resultado menor demonstra que 
o limite de crédito é insuficiente para cobrir o déficit de tesouraria. Isso obrigaria uma empresa a 
reformular a sua estrutura de capital ou suas aplicações de recursos.
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Coeficiente de overtrading = (LC + ST) / Receitas
O coeficiente do equilíbrio financeiro avalia o equilíbrio do capital de giro. Um capital de giro líquido 
positivo representa a aplicação de recursos de longo prazo, o que permite uma folga financeira para a 
empresa. Conforme Matias (2007):
Coeficiente de equilíbrio financeiro = CGL / Receitas
Os índices de liquidez são pensados como refletores do risco de uma empresa se tornar insolvente 
e deixar de pagar suas obrigações por falta de dinheiro. Mas o que se observa é que, segundo Matias 
(2007, p. 86), as empresas que se tornaram insolventes ou concordatárias tinham os três índices de 
liquidez (geral, corrente e seca) corretamente adequados ao padrão de mercado apenas nos dois anos 
que antecederam o pedido de concordata.
Não foi a liquidez menor que representou um risco para as empresas e para seus credores. Ainda 
segundo Matias (2017, p. 87), dois anos antes da insolvência, as empresas tinham apresentado altas 
taxas de crescimento real de vendas, acompanhado pelo crescimento do capital de giro.
Mas o crescimento do capital de giro tinha se dado pelo aumento dos estoques, financiado pelos 
fornecedores, e pelo aumento do crédito com financiamento pelos bancos. Um ano antes de se tornar 
insolvente, aconteceu uma retração real das vendas, que não conseguiu ser acompanhada pela redução 
do capital de giro. Por causa disso, a estrutura de capital de giro se tornou incompatível com um menor 
nível de vendas no mercado.
Há muitos fatores que podem levar a uma situação de risco de insolvência. Do ponto de vista do 
capital de giro, uma grande liquidez nem sempre significa um baixo risco de insolvência. Temos sempre 
de saber qual o prazode conversão dos elementos do ativo circulante.
Se as contas a receber e os estoques da padaria do seu Antonio tiverem prazos de conversão em 
dinheiro muito grandes, mas o prazo médio das contas a pagar for curto, sua padaria poderia vir a 
ter dificuldade em saldar seus compromissos. Nesse exemplo, mesmo uma liquidez corrente alta não 
significa que o risco de insolvência seja baixo.
Quando examinamos a liquidez corrente, estamos medindo a capacidade de pagamento da empresa 
dentro de um ano. A liquidez corrente é o indicador da qualidade do capital de giro líquido (CGL), 
medida da folga financeira que a empresa tem para pagar seus compromissos de curto prazo.
Por isso, quanto maior o CGL, ou seja, quanto maior a liquidez corrente da empresa, menor o risco 
de insolvência. Mas isso só é realidade se não houver nenhum problema com os estoques ou com os 
recebíveis duvidosos no ativo circulante. Ao avaliar a capacidade de pagamento da empresa, temos de 
levar em conta os indicadores de liquidez e também os prazos de conversão dos ativos circulantes.
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3.3 A questão da segurança na administração do capital de giro
Quando administramos uma empresa a partir do capital de giro, surge uma questão séria sobre a 
rentabilidade. Vamos filosofar um pouco sobre ela. Toda vez que tomamos uma decisão sobre o capital 
de giro, temos de ponderar sobre o risco que queremos fazer a empresa correr.
Numa situação normal de mercado, quanto maior for a liquidez da empresa, menor é a rentabilidade 
das contas que permitem essa liquidez. Em outras palavras, quando o dinheiro não está correndo risco, sua 
rentabilidade diminui. Então, a grande questão da gestão do capital de giro é decidir se vamos ou não aumentar 
o risco da empresa, e eventualmente aumentar a rentabilidade, ou se vamos manter a empresa líquida e segura.
A Teoria Econômica diz que os ativos de longo prazo têm maior rentabilidade do que os ativos de 
curto prazo. Teoricamente, se a empresa quer diminuir o risco de quebrar, ela deve aumentar os ativos 
circulantes e diminuir os ativos de longo prazo.
Toda mudança para alcançar maior rentabilidade vai afetar a liquidez da empresa. A gerência do 
capital de giro é importante para manter esse equilíbrio entre liquidez e rentabilidade.
É muito difícil manter equilibrados os componentes do capital de giro. Claro que hoje em dia programas 
de computadores conseguem controlar toda a produção e fluxo de caixa da empresa de tal forma, que 
podemos otimizar quase qualquer empresa. Mas nem todas as empresas sabem ou utilizam essas novas 
formas de administração on‑line que mantêm a empresa financeiramente ajustada o tempo todo.
O problema maior é que mesmo com um planejamento detalhado, nem sempre os diversos setores 
da empresa cumprem o planejamento. Isso acarreta entradas e saídas, mas principalmente saídas, fora 
de sincronia daquilo que seria ideal para a condução do capital de giro.
Mas há momentos previsíveis nas empresas. Por exemplo, quando queremos aumentar as vendas, 
sabemos que algumas áreas serão afetadas, como pelo aumento do estoque ou por causa do aumento 
no prazo de pagamento ou parcelamento das vendas.
 Lembrete
Uma empresa líquida, por regra, reduz seus estoques e limita o crédito 
dos clientes, dando preferência para transações à vista.
Quando nós aumentamos o investimento em ativos circulantes, o capital de giro líquido cresce e a 
liquidez da empresa cresce. Mas se para aumentar esse investimento teremos antes de buscar capital de 
terceiros, isso automaticamente aumenta o custo do capital e, portanto, toda a mobilização econômica 
da empresa vai esbarrar num custo financeiro.
Antigamente, uma forma de contornar esse custo de capital era simplesmente usar o capital próprio 
guardado, para viabilizar o aumento de vendas. Mas hoje em dia é normal a empresa comparar o custo de 
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capital de terceiros, com a perda de rentabilidade que o capital próprio investido no mercado financeiro 
vai sofrer, e estabelecer uma meta de rentabilidade para o capital próprio ser utilizado pela própria 
empresa que o gerou. Para você entender direito, é o seguinte: se o banco cobrar pelo empréstimo do 
capital algo em torno de 3% ao mês e se o dinheiro da empresa está aplicado com uma rentabilidade 
de 0,8% ao mês, só vale a pena usar o capital próprio no risco do aumento das vendas se esse aumento 
remunerar o capital em mais de 1,5% ao mês. Até porque investir dinheiro próprio numa expansão dos 
negócios é pôr em risco a liquidez da própria empresa e, portanto, a sua solidez financeira. O aumento 
na liquidez implica uma redução da rentabilidade, mas o aumento da rentabilidade diminui a liquidez.
Vamos pensar de novo na situação do seu Antonio e sua padaria. Imaginem que o seu balanço 
patrimonial tinha o seguinte espelho:
Tabela 9 – Balanço patrimonial da padaria
Ativo Passivo
Disponibilidades $ 10,00 Fornecedores $ 15,00
Contas a receber $ 20,00 Empréstimos curto prazo $ 25,00
Estoques $ 30,00 Exigível longo prazo $ 40,00
Ativo permanente $ 40,00 Patrimônio líquido $ 20,00
Total $ 100,00 Total $ 100,00
A primeira coisa a fazer é calcularmos a fórmula do capital de giro líquido:
CGL = AC – PC
AC = Disponibilidades + Contas a receber + Estoques = $ 60,00
PC= Fornecedores + Empréstimos de curto prazo = $ 40,00
AC – PC = $ 60,00 ‑ $ 40,00 = $ 20,00
Agora vamos estimar, para efeito de entendimento do que estamos falando, que o lucro líquido da 
padaria no ano seja de $ 5,00.
 Saiba mais
Sempre verifique na internet as regras vigentes para o balanço. Para 
isso, recomendamos o site:
BALANÇO: regras gerais. Portal tributário, [s.d.]. Disponível em: <http://
www.portaltributario.com.br/tributario/contabilidade_balanco.htm>. 
Acesso em: 23 abr. 2018.
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O lucro líquido de $ 5,00 é medido sobre o patrimônio líquido da empresa. Como o PL é de $ 20,00, 
um lucro de $ 5,00 significa que a padaria teve um lucro de 25% sobre o patrimônio líquido.
Vamos imaginar que o seu Antonio, como todo bom comerciante, conseguiu melhorar a administração 
dos estoques com uma estratégia de consignação para balas e doces industrializados, compras mais 
bem dimensionadas de produtos de terceiros para pagar depois de tê‑los vendido etc. Essa melhor 
administração do estoque conseguiu reduzir seu investimento (dinheiro parado) em estoques em $ 
10,00 sem prejudicar seu volume de vendas. Seu lucro foi o resultado da receita das vendas, menos os 
custos e despesas com o estoque.
A partir dessa ação do seu Antonio, como você, gestor financeiro do capital de giro, pode ajudá‑lo a 
aumentar seu lucro líquido? Vamos voltar ao balanço da padaria para vermos o que seu Antonio fez e o 
que você pode fazer para ajudá‑lo:
Tabela 10 – Balanço patrimonial da padaria
Ativo Passivo
Disponibilidades $ 10,00 Fornecedores $ 15,00
Contas a receber $ 20,00 Empréstimos curto prazo $ 25,00
Estoques ($ 30,00 ‑ $ 10,00=) $ 20,00 Exigível longo prazo $ 40,00
Ativo permanente $ 40,00 Patrimônio líquido $ 20,00
Total $ 90,00 Total $ 100,00
Quando no ano seguinte o seu Antonio diminui o custo de $ 10,00 dos estoques, sobraram $ 10,00 
para serem investidos na diminuição dos empréstimos de curto prazo ou nos de longo prazo. Como a 
dívida de longo prazo aqui é maior, vamos diminuí‑la usando esse dinheiro e equilibrando o balanço:
Tabela 11 – Balanço patrimonial da padaria
Ativo Passivo
Disponibilidades $ 10,00 Fornecedores $ 15,00
Contas a receber $ 20,00 Empréstimos curto prazo $ 25,00
Estoques ($ 30,00 ‑ $ 10,00=) $ 20,00 Exigível longo prazo ($ 40,00 ‑ $ 10,00) $ 30,00
Ativo permanente $ 40,00 Patrimônio líquido $ 20,00
Total $ 90,00 Total $ 90,00Muito bem, equilibramos agora o balanço, a partir do movimento que começou com o seu Antonio 
melhorando a administração do estoque e isso permitiu que a gente diminuísse a dívida de longo prazo, 
que era maior do que a de curto prazo. Esse movimento diminui também os encargos financeiros imediatos, 
pois os juros que a padaria pagava pelo empréstimo de longo prazo eram cobrados mensalmente.
Mas qual o benefício que isso trouxe? Como o custo com as despesas financeiras e juros diminuiu e a 
eficiência dos estoques aumentou, vamos imaginar que a padaria agora teve mais $ 1,00 de lucro ao ano.
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O retorno do lucro líquido sobre o patrimônio líquido subiu de $ 5,00 para $ 6,00. Isso equivale agora 
a um lucro líquido de 30% ($ 6,00 / $ 20,00) sobre o patrimônio. Agora, o que mudou também foi o 
capital de giro líquido. Por quê?
Voltemos aos cálculos:
CGL = AC – PC
AC = Disponibilidades + Contas a receber + Estoques = $ 50,00
PC = Fornecedores + Empréstimos de curto prazo = $ 40,00
AC – PC = $ 50,00 ‑ $ 40,00 = $ 10,00
Portanto, o capital de giro líquido da padaria diminuiu em 50%, aumentando o risco da operação da 
empresa. Maior rentabilidade, maior risco.
Haveria outra maneira de usar os $ 10,00 que o seu Antonio economizou no estoque para ajudar 
a empresa? Sim, podemos usar o dinheiro para expandir a oferta de refeições diárias do seu Antonio 
ou então construir um forno de pizza para que o seu Antonio tenha uma renda no período noturno, 
quando o movimento da padaria dele é mais fraco.
Podemos ainda diminuir as dívidas de curto prazo, porque geralmente esse juro é maior do que os 
juros da dívida de longo prazo. Ou até mesmo investir o dinheiro em aplicações que pudessem render 
juros, que ajudariam a fazer a empresa ganhar dinheiro sem modificar seu cotidiano.
Então, qual o melhor conselho que você pode dar ao seu Antonio? Como escolher para ele o que 
deve ser feito com o dinheiro que ele fez sobrar com a nova forma de administrar os estoques?
Para obtermos essa resposta, vamos agora observar a dinâmica do capital de giro.
3.4 A dinâmica do capital de giro
Vamos relembrar que o capital de giro total equivale à soma das todas as aplicações de recursos em 
giro ou na forma contábil, o ativo circulante. O tamanho do ativo circulante depende de muitos fatores:
• Primeiro, e sobretudo, do volume de vendas da empresa. Quanto maior é o faturamento de 
uma empresa, maior é o capital de giro total. O valor da receita líquida da empresa geralmente 
influencia o tamanho do capital de giro total.
• Segundo, do ciclo operacional. Quanto maior é o ciclo operacional da empresa, maior é a 
necessidade de dinheiro para financiar a operação. Fazer aviões demora mais do que fabricar 
automóveis. Emprestar dinheiro demora menos do que fazer pão todo dia. Assim, o tempo de 
duração do ciclo operacional da empresa determina o tamanho do capital de giro.
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Uma forma de estimar o ciclo operacional de uma empresa é olhar o tempo de giro do estoque. 
Quanto mais rápido o giro do estoque, menor é o ciclo operacional.
Outra questão importante do ciclo operacional é o prazo de pagamento das vendas. Quanto maior o 
prazo de recebimento de clientes, mais caro fica o custo do produto vendido.
Por causa disso, as grandes empresas industriais têm ciclos operacionais maiores do que empresas 
comerciais, de serviços ou financeiras. Daí também a maior necessidade de capital de giro líquido para 
fazer frente a problemas na economia no longo prazo.
Por esse mesmo motivo, as grandes empresas acabam tendo maior acesso a empréstimos, 
principalmente empréstimos dos bancos estatais, porque empregam muita gente e ainda por cima criam 
cadeias inter‑relacionadas de produção e de consumo que fazem girar a economia de muitas regiões 
do País. Mas há também uma lógica financeira por trás disso, pois quanto maior a empresa, maior é 
o volume das contas que compõem o capital de giro, oferecendo, portanto, maior garantia para os 
empréstimos através do próprio capital de giro.
As empresas industriais que precisam de grandes estoques de matérias‑primas, produtos 
semimanufaturados, produtos acabados e financiamento aos clientes, como as fábricas de automóveis 
ou de eletrodomésticos, têm um perfil que indica a necessidade de um capital de giro líquido positivo e 
sem necessidade de capital de giro nem de saldo de tesouraria negativo (MATIAS, 2007, p. 94).
Por outro lado, no comércio varejista, as redes de supermercados e de farmácias, as lojas na internet 
e as redes de fast‑food conseguem deter um grande poder de negociação com os fornecedores. Isso 
pode conseguir prazos de pagamento confortáveis na reposição de estoques. Essas empresas vendem à 
vista para seus clientes consumidores e, como seu Antonio, têm de esperar no máximo o início do mês 
seguinte para serem pagos.
Nessas atividades há um grande giro dos estoques. Isso permite que essas empresas possam trabalhar 
com CGL e NCG muito baixos ou talvez mesmo sem nenhuma necessidade de capital de giro. Nas 
empresas de e‑commerce, a ideia é inclusive trabalhar sem capital de giro líquido, como conseguem 
fazer alguns bancos.
As operadoras de telefonia celular e as empresas de luz e água possuem um fluxo de pagamentos 
que é previsível. Elas também podem optar por uma administração com capital de giro líquido baixo ou 
inexistente. Fica claro que o fluxo de caixa das empresas sempre determina o nível adequado de capital 
de giro líquido e uma eventual necessidade de capital de giro.
Dependendo do tipo da empresa, vamos encontrar uma possibilidade de liquidez diferente junto 
com seu risco associado. Um gestor financeiro deve entender que o índice de liquidez e o tamanho de 
CGL e NCG precisam ser adequados para a estratégia do negócio.
Esses índices de liquidez devem ser comparados com as demais empresas do ramo. É muito difícil 
revolucionar uma forma de administrar a produção ou o comércio já estabelecidos.
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Mas não é raro encontrarmos erros que se repetem nos diversos setores. Por exemplo, vemos empresas 
de distribuição, como redes de lojas de material de construção ou pequenas cadeias de supermercado, 
operarem com um capital de giro zerado quando tentam girar muito rapidamente seu estoque com 
vendas à vista estimuladas por uma margem mínima de lucro (o famoso preço baixo de verdade!) e com 
grandes prazos de pagamento aos seus fornecedores.
Quanto mais a empresa cresce, mais disponibilidades ela acumula. Só que essa empresa só vai se 
manter no mercado enquanto houver forte demanda e baixa competição. No dia em que esse giro do 
estoque acabar, esse comerciante vai pedir para o fornecedor mais prazo ainda para pagar suas contas. 
Se não conseguir, abre falência.
As grandes redes de supermercados tentam se financiar através dos fornecedores. Para isso, utilizam 
uma estratégia parecida com a anterior. Eles mantêm seu prazo médio de recebimento de vendas bem 
curto, tentam manter também o prazo médio de estocagem curto, mas querem um prazo médio de 
pagamento de compras longo. Se a rede não mantém dinheiro em caixa, tentando sempre abrir mais 
lojas, quando esbarra numa região que não alcança o volume de vendas que estava planejado, encontra 
dificuldade de financiar sua necessidade de capital.
É por isso que o dimensionamento da necessidade do capital de giro deve ser pensado desde o 
início de uma operação empresarial, com uma previsão estabelecida por uma projeção do saldo de 
balanço e seus dados contábeis. As empresas de e‑commerce fazem dessa forma. Já as empresas do 
ramo financeiro dimensionam a necessidade de capital de giro pelo movimento financeiro. Calcula‑se 
o capital de giro de preferência diariamentea partir do efetivo movimento financeiro, incluindo a 
dinâmica dos pagamentos e dos recebimentos. Uma NCG é determinada como uma função do saldo 
diário médio do fluxo de caixa entre os recebimentos e os pagamentos e do desvio padrão calculado 
para manter a previsão de seu tamanho (MOURA; MATOS, 2003).
Um outro método muito eficaz é calcular o dimensionamento da necessidade de capital de giro pela 
limitação de capital. Essa limitação determina a quantidade de endividamento da empresa com capital 
de terceiros.
3.5 Administração de recebíveis, crédito e cobrança
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Administrar o crédito é um item importante para o capital de giro. Conceder crédito é uma forma de 
facilitar as vendas e eventualmente elevá‑las. Todo aumento de vendas aumenta também os recursos 
no ativo circulante, e isso, para você, gestor do capital de giro, sempre é bom.
O crédito é uma facilitação da troca que é utilizado desde tempos bíblicos. A parte pagadora se 
compromete em saldar sua dívida num determinado prazo acordado entre as duas partes. Portanto, 
desde sempre que se sabe que a entrega da mercadoria e o pagamento pode ocorrer em datas diferentes.
Nas vendas modernas, existem duas situações comuns. A primeira é quando o comprador paga 
adiantado e recebe a mercadoria depois. Essa é a forma mais comum na internet, quando o comprador 
paga com cartão de crédito e recebe depois a mercadoria em casa. No segundo caso, como acontece 
hoje em dia no Brasil para compras maiores, a loja concede crédito ao comprador através de um 
financiamento parcelado em prestações. As duas operações são registradas em contas diferentes na 
empresa que vendeu.
De qualquer forma, as duas modalidades serão finalmente agrupadas nas contas a receber, chamadas 
também de recebíveis. A questão maior é sempre o risco do crédito, ou seja, alguns pagamentos podem 
não ser realizados.
Para diminuir o risco do crédito, é importante para o seu Antonio trabalhar com empresas que 
administram esse crédito, como as empresas de cartão de crédito e os bancos. É muito caro verificar 
quem pode e quem não pode comprar com crédito, por isso é mais barato para a padaria pagar a taxa 
cobrada pelas empresas de cartão de crédito.
Muitas vezes as indústrias utilizam os bancos como intermediários. O banco atua como um 
cobrador do cliente. O banco cobrando os clientes acaba por administrar os recebíveis e cobrar 
tarifas e juros por isso.
 Lembrete
A vantagem para a empresa é que o banco pode acompanhar o tempo 
todo o movimento financeiro da indústria, e quando for o momento de 
pedir empréstimos, o banco sabe o comportamento econômico da empresa.
A política de crédito influencia o fluxo de caixa da empresa e, por consequência, regula o tamanho 
da quantidade de capital de giro, pois as alterações de prazo e as condições de pagamento alteram a 
lucratividade das vendas.
Os estoques e sua conta contábil também são diretamente afetadas pela concessão de mais crédito, 
pois pressupõe que com mais vendas são necessários mais produtos para serem entregues. Se for 
uma indústria, deve‑se comprar mais matéria‑prima. Se for um supermercado, é necessário repor as 
mercadorias nas gôndolas mais rapidamente.
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Por isso que o resultado de mais vendas é sempre um crescimento da necessidade de giro das 
contas a receber e do estoque. Por outro lado, numa empresa financeira, seja ela uma administradora 
de cartão de crédito ou um banco, ou mesmo o departamento de cartão específico de supermercados, 
é necessário conceder o crédito, pois esse é o negócio.
Para isso, deve‑se realizar uma análise do cliente, para saber quanto de crédito pode ser 
concedido a ele. Depois de concedido o crédito, espera‑se que o cliente pague na data correta a 
parcela de amortização.
Hoje os bancos e os cartões de crédito monitoram os clientes a partir do chamado big data. Esse 
tipo de cálculo começou nos departamentos de Física das universidades no fim do século XX para tentar 
prever as condições do tempo e outros fenômenos naturais. Mas logo se percebeu que podiam ser 
aplicados para estudar o comportamento das pessoas e sua forma de lidar com o dinheiro.
Assim, hoje em dia os bancos conseguem saber quanto ganha uma pessoa, qual sua forma de gastar 
dinheiro ou de investir dinheiro, qual sua regularidade de pagamento e, muitas vezes, qual o seu grau 
de endividamento.
Isso fez com que muitos departamentos de crédito, cadastro e cobrança das empresas desaparecessem. 
Também modificou muito a forma de as empresas financeiras atuarem, mesmo que a legislação sobre 
o assunto tenha demorado tanto para se atualizar. São as administradoras de cartão que sabem de 
antemão quanto o cliente pode pagar por mês para saldar seus compromissos.
Nos Estados Unidos, é normal que se conceda mais crédito a uma pessoa do que ela consegue 
ganhar em um ano. No Brasil isso não ocorre, e as empresas de cartão geralmente limitam o crédito do 
consumidor a 30 ou 35% da renda anual do cliente.
Outra característica brasileira é o controle do crédito por causa da inflação. Mas dessa vez estamos 
falando do controle do Governo Federal sobre subir e baixar a taxa básica de juros, que são os juros que 
ele paga aos empréstimos nacionais e internacionais. Essa taxa é repassada aos bancos, que a utilizam 
como suposta base para desenvolver sua política de crédito. Mas na realidade os bancos atuam com 
outros fundamentos, e é comum lermos na internet que o Brasil tem as maiores taxas de juros ao 
consumidor do mundo, o que é bem próximo da verdade. Piores do que as nossas, só as de países muito 
pobres, o que não é o nosso caso.
Por esse motivo, os bancos no Brasil têm lucros maiores do que bancos maiores nos Estados Unidos 
e na Europa. Aqui se cobra caro o crédito. Segundo dados do Inepad citados por Matias (2007, p. 112), 
as operações de crédito dos bancos são 34% do ativo total, mas se transformam em 167% da receita 
bruta, ou 365% do patrimônio líquido e em inacreditáveis 2041% do resultado líquido. Isso são dados 
de 2004, e sabemos que o lucro dos bancos aumentou muito entre 2012 e 2016.
Nas empresas, a conta das operações de crédito varia muito, mas algumas empresas varejistas 
chegam a vender bilhões em produtos por ano, com os famosos carnês de pagamento ou através dos 
cartões próprios.
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O motivo pelo qual as empresas fazem cartões próprios ou emitem carnês de pagamento é o fato de 
elas trocarem a administração dos bancos e as administradoras de cartão pela remuneração pelo risco 
de forma a gerar valor, ou seja, mais lucro.
Essas operações de crédito acabam na conta de recebíveis, que podem ser chamadas de duplicatas 
a receber ou contas a receber. O total dos recebíveis pode ser definido como o estoque de crédito 
da empresa. Muitas vezes esses estoques de créditos são vendidos para os próprios bancos ou para 
empresas de factoring, que compram com desconto uma determinada quantidade das contas a receber.
Existem recebíveis de curto prazo, que se tornam caixa da empresa num período menor do que um 
ano, e recebíveis de longo prazo, quando todo o pagamento ultrapassa esse período. Da mesma forma, 
as dívidas da empresa são as obrigações exigíveis de curto prazo, quando são inferiores a um ano, e 
exigíveis de longo prazo, quando ultrapassam 365 dias.
Classificamos os recebíveis de acordo com a operação que dá origem à entrada de dinheiro. Os 
recebíveis comerciais são as vendas a prazo e os adiantamentos de pagamentos aos fornecedores. 
Os recebíveis não comerciais são os adiantamentos para os funcionários e os adiantamentos para os 
sócios, assim como a venda de imobilizado a prazo.
Os recebíveis comerciais,portanto, têm grande relação com a concessão de crédito. Parar gerar os 
recebíveis, a empresa tem de fazer vendas. As vendas são responsáveis não apenas pela manutenção e 
vida de uma empresa, mas também pela única fonte segura de fazê‑la crescer. Só quando sobra dinheiro 
no caixa é que uma empresa pode fazer investimentos.
As empresas de cartão de crédito e débito conseguiram ocupar no varejo o espaço dos antigos 
departamentos de crédito, que tinham o papel de assumir todo o risco que a empresa tinha ao aceitar 
um pedido de venda a prazo ou parcelada de clientes que só voltariam a comprar da empresa depois 
de alguns anos. Todo departamento de crédito precisa ter agregado no passado uma área de cobrança, 
com cobradores tentando recuperar o dinheiro perdido por pagadores duvidosos. Isso levou os bancos 
a desenvolverem departamentos de crédito, pois tendo a informação não apenas dos seus clientes, mas 
de todos os consumidores controlados pelo CPF, através da internet, o crédito de um consumidor pode 
ser aprovado ou não em minutos, a partir dos registros das suas compras anteriores.
É necessária uma diretriz que mantenha a área de vendas controlada pela aprovação do crédito. A 
questão é encontrar um ponto de equilíbrio entre um faturamento maior com uma menor quantidade 
de contas não pagas, nomeadas geralmente de contas em aberto, ou de pagadores duvidosos. Esse 
ponto de equilíbrio, em determinadas operações, como supermercados ou escolas privadas, faz com que 
elas incluam o percentual de falta de pagamentos sobre o preço de cada produto, ou mensalidade, como 
uma espécie de seguro contra o menor volume de perdas de crédito. Isso permite uma boa administração 
de crédito, pois na medida em que os preços podem ser parcelados, o que acontece naturalmente com 
as mensalidades escolares, é possível embutir uma boa margem de segurança, e assim, em períodos de 
menor demanda, a oferta de maior volume de crédito pode fazer com que os consumidores antecipem 
suas compras, diminuindo os problemas de sazonalidade.
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Os cartões de crédito e de débito tornam o risco mais previsível, na medida em que uma vez aprovado 
o crédito, a companhia de cartão de crédito se torna responsável pelas futuras parcelas da compra que 
uma pessoa realizou. Por esse motivo, nosso seu Antonio passou a trabalhar mais aliviado quando 
instalou as máquinas das companhias de cartão e dos bancos. Inclusive instalou também uma máquina 
para vales‑refeições.
Algumas grandes redes de lojas de varejo preferiram abrir seu próprio departamento de crédito 
quase como uma empresa auxiliar, correndo os riscos, mas ganhando os juros que geralmente os bancos 
e as empresas de cartão ganham. Essas grandes lojas inclusive se organizaram no sentido de oferecerem 
aos clientes seus próprios cartões de crédito.
Com isso, a política de crédito está hoje em dia muito mais automática e predeterminada do que no 
passado. Por isso, departamentos de crédito, cadastro e cobrança foram substituídos por consultas imediatas 
aos Serviços de Proteção ao Crédito, ou simplesmente se passa um cartão para saber se ele tem saldo.
Quando a política de crédito está organizada, as vendas são conseguidas por um esforço de 
convencimento no mercado, uma vez que quase não importa o tipo de cliente, sempre há uma cota 
de segurança embutida no próprio preço. Por esse motivo é que para as concorrências públicas junto 
aos diferentes governos municipais, estaduais e o Governo Federal, sempre o preço é mais caro. Já que 
as obras de longo prazo, ou mesmo o serviço de longo prazo, como a coleta de lixo, as lâmpadas da 
iluminação pública, a construção de ruas ou de prédios públicos, acabam tendo seus preços elevados 
por causa da fama de maus pagadores que têm, muitas vezes o poder executivo em todas as esferas 
acaba não querendo honrar pagamentos cujas dívidas foram feitas por seus antecessores, e as empresas 
passam apertado para conseguir sobreviver. Muitas vezes elas precisam fazer empréstimos bancários 
com os recebíveis do governo como garantia. Por isso, os preços para vendas para governo são superiores 
aos preços de mercado.
No mercado, a política de crédito se organiza a partir de um padrão, de um prazo de descontos e da 
cobrança, conforme Assaf Neto e Silva (2010). Os critérios mínimos para a liberação de crédito hoje são 
responsabilidade das empresas de crédito, e o padrão se tornou apenas ser aceito por elas. No caso de 
grandes empresas dentro do mercado industrial – por exemplo, vendas de aço, concreto, soja ou mesmo 
carne –, sempre existe o receio de que uma empresa atrase seus pagamentos, gerando um prejuízo grande.
No passado era muito comum que as grandes empresas se financiassem largamente em cima 
dos fornecedores. Até hoje as grandes redes de supermercado têm essa política de querer um grande 
desconto do fornecedor e esticar o prazo de pagamento por mais de três meses. Do ponto de vista da 
contabilidade, dependendo do ciclo operacional do supermercado, isso pode significar um financiamento 
a partir do fornecedor de até 60 dias. Em outras palavras, o supermercado pode comprar e vender três 
vezes o mesmo produto até pagar a primeira compra.
Assim, você começa a questão do prazo. Se você consegue comprar alguma coisa prometendo pagar 
depois, no dia seguinte vende essa coisa para outra pessoa com lucro e volta para comprar mais, antes 
de precisar pagar o que já vendeu, você está fazendo compras duas vezes, mas pagando a primeira 
depois de ter vendido a segunda.
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O desconto para a venda à vista equivale ao adiantamento por serviço contratado nas empresas que 
vendem serviços. Os ciclos financeiros dos serviços geralmente começam junto com o ciclo operacional. 
As empresas de serviço não podem não dispor dos equipamentos e dos funcionários mínimos antes 
de conseguirem mesmo os primeiros clientes. Por esse motivo, essa atividade insiste num pagamento 
adiantado antes de começar. Assim, o pintor ou o pedreiro, antes de começar um serviço, pede dinheiro 
adiantado para a compra de material. As agências de publicidade também recebem um adiantamento 
no contrato, bem como as empresas de desenvolvimento de software.
Por esse motivo, muitas grandes vendas de serviço, mas mesmo vendas industriais, só são realizadas 
depois da consulta às empresas de avaliação de crédito. Através dos bancos de dados é possível avaliar 
as informações cadastrais, comerciais e bancárias de praticamente todas as empresas no Brasil.
As informações cadastrais por essas avaliadoras de crédito reúnem desde o endereço comercial, 
o acesso ao contrato social que pode verificar a idoneidade dos sócios, bem como sua vida pessoal, 
inclusive financeira, bem como todos os gestores administram a capacidade produtiva e a capacidade 
ociosa do comprador, a quantidade de vendas e de produção e até mesmo a comparação com os seus 
maiores concorrentes.
Essas empresas de análise de crédito existem até para avaliar a qualidade da economia dos países. 
São as agências que anunciam as famosas taxas de risco dos países, o que permite que eles sejam 
classificados como países considerados seguros para que investidores estrangeiros façam investimentos. 
São as agências que dizem para os grandes investidores e para os bancos se devem emprestar dinheiro 
para um determinado governo ou investir nas empresas daquele país.
Basicamente, o que se faz é estudar o hábito e a capacidade de pagamento desses países. A 
mesma coisa acontece com as empresas e mesmo com as pessoas físicas. As consultas aos sistemas de 
informações incluem o SPC, para clientes individuais, o Serasa, para pessoas e empresas, e o cadastro 
informativo de créditos não quitados do setor público federal, chamado de Cadin. Além disso, muitas 
associações comercias e industriaistêm seu sistema de informações de crédito.
Dois indicativos sempre pesam muito nos cálculos que os computadores fazem para conceder crédito. 
Primeiro, quantas vezes houve atraso de pagamentos, ou seja, quantas vezes a pessoa ou a empresa só 
pagou depois de um protesto através de cartório. Segundo, quantas vezes foi negativada por atraso de 
pagamentos, ou seja, realmente deixou de pagar.
Os atrasos de pagamento são informados geralmente através dos bancos e das empresas de cartões, 
enquanto os cartórios dispõem cada vez mais das informações sobre protestos de pessoas e empresas 
através da internet.
Para você entender o que é um protesto, é necessário pensar nas etapas de um processo de 
recebimento. Vamos imaginar que uma pessoa que você conhece tenha comprado uma televisão para 
pagar em 12 vezes. Por qualquer motivo pessoal, essa pessoa atrasa os pagamentos a partir da oitava 
parcela. Mas quando chega a décima parcela, ela simplesmente não paga a conta.
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Então, os três últimos pagamentos da televisão se tornam a dívida da pessoa. Caso essa dívida 
ultrapasse 30 dias de seu vencimento, conforme o artigo 13, § 4º da Lei nº 5.474 (BRASIL, 1968), o 
documento que determina a dívida, chamado genericamente de duplicata, mas usualmente na forma 
de contrato de crédito com documentos de aceite do parcelamento do pagamento, a empresa promove 
o protesto contra aquela pessoa ou empresa no cartório de protestos por não ter pagado o combinado 
no prazo esperado. Quando isso acontece, o devedor tem seu nome inscrito no SPC e no Serasa e 
automaticamente perde seus benefícios de crédito, inclusive seu cartão de crédito, cujo emissor, por 
contrato, tem o direito de cobrar sua dívida toda à vista, nesses casos.
Mas os serviços de avaliação de crédito também informam os hábitos e os indicadores positivos de 
pagamento, o número de compras efetuadas na empresa, os pagamentos que foram antecipados para 
outras empresas e o histórico de pagamentos pontuais.
Hoje em dia as empresas administram tudo isso a partir de um programa de computador do tipo 
CRM, ou customer relationship management, que em português é um sistema para gerenciamento do 
relacionamento com o cliente. Esse conceito nasceu na área de marketing para promover uma campanha 
adequada de vendas para cada tipo de cliente. Com a informática conseguimos hoje em dia não apenas 
saber quem é o cliente, mas como ele se comporta do ponto de vista financeiro.
Isso leva a uma política que separa os clientes por grupos de qualidade. Cada tipo de cliente compra 
uma quantidade diferente de produtos ou serviços e paga também segundo sua negociação específica. 
Assim, uma empresa moderna pode saber para quem dar muito crédito e para quem só vender à vista.
As maiores operações de crédito no mercado são feitas por grandes empresas, quando procuram 
compradores para suas debêntures, ou lançam na Bolsa de Valores os IPO.
Uma debênture é um título de dívida em que pessoas ou instituições bancárias emprestam dinheiro 
para uma empresa que não seja uma instituição financeira ou uma instituição de crédito imobiliário. 
Como a debênture é a rigor um investimento de terceiros numa empresa, o investidor se torna um 
credor da empresa e recebe juros fixos ou variáveis ao fim de um período combinado.
Um initial public offering (IPO) é um processo de oferta pública de ações. Nesse caso, a primeira oferta 
pública em que as ações de uma empresa são vendidas ao público em geral na bolsa de valores. Vendendo 
ações pela primeira vez ela se torna uma companhia de capital aberto, uma sociedade anônima.
Apesar de serem duas formas de investimento, no fundo são duas operações de empréstimos para 
uma grande empresa. Para se conseguir alcançar esse nível de pedido de dinheiro emprestado, a empresa 
precisa tornar público suas demonstrações financeiras através do balanço patrimonial, da demonstração 
do resultado, da demonstração de origens e aplicações de recursos (Doar), do demonstrativo de mutações 
do patrimônio líquido e do fluxo de caixa.
É a partir das informações financeiras que se elabora uma análise financeira, que tenta avaliar a 
capacidade de pagamento da empresa através do cálculo de indicadores financeiros da estrutura de 
capitais, da liquidez e da sua rentabilidade.
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Esse cálculo vai considerar o risco de crédito, que é a probabilidade de insolvência, ou seja, de não 
pagamento pelo devedor ao credor. Os motivos pelos quais o devedor deixa de pagar suas dívidas, 
do ponto de vista do risco financeiro, são uma probabilidade de perda financeira. Os tipos de riscos 
financeiros são o risco de crédito, quando ocorrem perdas por causa de não recebimento de crédito 
concedido ou da variabilidade na previsão do fluxo de caixa de recebíveis.
Há também o risco de mercado, quando as perdas decorrem de variações de preço, o que 
acontece por exemplo nas exportações de soja, de café, de carne ou de minério de ferro, as 
famosas commodities. Também acontecem por obsolescência, ou, em outras palavras, velhice 
de determinados produtos. Alguns produtos perdem mercado de uma hora para a outra por 
causa da invenção de um outro produto. Assim, telegramas foram substituídos por e‑mails; 
rádios portáteis e aparelhos de mp3, por celulares smartphones, que ainda por cima também 
substituíram câmeras fotográficas. Agora se fala em substituir carros a gasolina e álcool por 
carros elétricos, e já há quem acredite em carros elétricos sem motoristas. Todas essas mudanças 
acabam constituindo riscos de mercado.
Os riscos operacionais são responsabilidade das próprias empresas. Por exemplo, quando nos 
alimentos se encontra um inseto dentro de uma embalagem, ou quando milhares de pessoas reclamam 
de uma empresa, ou quando há um acidente numa empresa de transporte que levante suspeitas da 
manutenção dos veículos.
Esses riscos operacionais são mais frequentes do que se imagina, pois erros humanos acontecem o 
tempo todo. Mas equipamentos também falham, e, em muitos casos, há grandes furtos ou assaltos que 
provocam grandes prejuízos inesperados para a empresa. Tudo isso, sem contar ainda com incêndios ou 
catástrofes naturais, como enchentes ou a força dos ventos.
O risco de crédito é, portanto, a probabilidade de insolvência do devedor junto ao credor. Para se 
indicar esse risco existem duas palavras que dizem muito. A primeira dela é o default, que significa o 
inadimplemento, a possibilidade de inadimplência, ou, simplesmente, o não pagamento. Mas aqueles 
que pagam são classificados de acordo com sua capacidade e pontualidade e recebem uma classificação, 
ou rating. Isso nos leva à questão da administração do risco do crédito.
Hoje em dia o gerenciamento dos recebíveis é influenciado pela tecnologia, que exigiu maior rapidez 
no prazo de tomada de decisões e permitiu a circulação da informação entre os bancos de dados. O 
gerenciamento de recebíveis é o gerenciamento tanto individual de um ativo, uma parcela de pagamento 
esperada, ou da carteira, todos os pagamentos do dia, ou do mês.
A administração de recebíveis no fundo envolve componentes da administração do risco de crédito, 
cujo principal objetivo é perceber de maneira antecipada o perfil do cliente que é mau pagador.
Pode‑se ter uma administração do risco de crédito associada aos resultados quando a administração 
dos custos e despesas relacionados à insolvência seguem algumas regras.
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Você deve entender que com prazos menores, o risco diminui, mas os clientes ficam pouco satisfeitos 
com as restrições, e as vendas podem cair. O aumento dos descontos à vista, que também diminui o 
risco, acaba diminuindo a margem, e nem sempre há o aumento de vendas esperado.
Poroutro lado, uma cobrança mais rígida diminui as perdas, mas dependendo de como isso afeta os 
clientes, pode também afetar as vendas. Já os padrões de crédito adequados levam a uma concessão de 
crédito com maior prevenção de perdas. Isso por si não aumenta as vendas, mas como a diminuição das 
vendas a prazo tem como consequência um menor volume de vendas, é necessário terceirizar o próprio 
crédito para que com ele as vendas aumentem.
Essas empresas de cartão de crédito e os bancos sabem evitar a concessão do crédito aos “maus” 
pagadores. Elas definem de forma objetiva o que são “maus” pagadores. Há clientes inadimplentes 
e clientes insolventes. Clientes inadimplentes atrasam, mas pagam, e acabam possibilitando maiores 
margens de lucro. Ao pagarem juros, multas e outras taxas por atraso de seus pagamentos, acabam 
pagando muito mais caro. Os “maus” clientes que não se quer são aqueles com perfil de insolvente, que 
não pagam e não pagarão, pois sua situação econômico‑financeira não permite.
Essas empresas também conferem uma determinada pontuação aos consumidores, a partir de um 
acompanhamento do cenário econômico da época, que apesar de ser uma ferramenta fundamental 
para o gestor de crédito, não é a própria decisão de crédito.
Esses modelos de pontuação associados ao cliente servem para definir seu grau de risco do cliente e 
da operação que ele quer fazer conosco. Os modelos de concessão de crédito são variações dos modelos 
de pontuação. As variáveis relevantes e seus pesos são fixados por análises estatísticas.
A pontuação examinada através de uma análise discriminante ou da regressão logística tem sido 
utilizada por instituições financeiras para a concessão do limite de cartão de crédito, do cheque especial 
e do crédito direto ao consumidor, e a classificação de pontuação determina a probabilidade de perda.
A pontuação é construída de forma estatística a partir das características do tomador do 
financiamento. Há algumas regras que esses sistemas seguem, como determinar que deve ser dada 
menor pontuação para solteiros, média para casados e alta para viúvos, já que a tendência é a de 
solteiros apresentarem maior risco do que os casados e viúvos.
Quanto maior a quantidade de parcelas, menor a pontuação, porque quanto maior for o prazo, maior 
será o risco. Assim como quanto menor o comprometimento da renda, maior a pontuação, quanto 
maior o comprometimento, menor a pontuação.
De acordo com a pontuação, pode‑se estimar a probabilidade de perda em porcentagem: esse cliente 
tem 1% de não pagar; o seguinte, 3% de não pagar; o outro, 10 % de não pagar, e assim por diante.
Vários estudos anteriores à computação na nuvem e à big data estimaram as chances de uma 
empresa falir a partir de cálculos feitos com os elementos do balanço. A ideia era construir modelos 
que a partir de índices, ou seja, de determinados graus de importância, seria possível avaliar se as 
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contas da contabilidade conseguiam servir de medida para verificar a saúde econômica e financeira 
de uma empresa.
O economista brasileiro Stephen Kanitz ficou famoso em 1974 ao descrever uma fórmula de cálculo 
que ficou conhecido como o termômetro de Kanitz. Essa fórmula permitiu na época que bons pequenos 
empresários, como o nosso seu Antonio, fossem beneficiados com o crédito, principalmente dos bancos 
estatais. Hoje temos métodos mais precisos, pois é possível comparar a vida pessoal do seu Antonio com 
a da empresa, e assim tiramos conclusões mais próximas da realidade.
Mas na época, Kanitz propôs, através dos demonstrativos contábeis das empresas, sinais de 
insolvência, ou seja, de quando uma empresa iria deixar de pagar seus compromissos, conforme Kassai 
e Kassai (2002):
Fator de insolvência = 0,05 x (Lucro líquido / Patrimônio líquido) + 1,65 x ((Ativo circulante + 
Realizável a LP) / (Passivo circulante + Exigível LP)) + 3,55 x ((Ativo circulante ‑ Estoques) / Passivo 
circulante) – 1,06 x (Ativo circulante / Passivo circulante) – 0,33 x (Exigível total / Patrimônio líquido))
Não é importante para você hoje em dia fazer esse tipo de conta, porque ela se parece exatamente 
com os algoritmos que os computadores das avaliadoras de crédito utilizam. Essencial é entender as 
relações entre as contas.
Veja que Kanitz pensou que o lucro em si (Lucro líquido / Patrimônio líquido) é menos relevante do 
que o comportamento das vendas, incluindo aí o ritmo de recebimento dos devedores ((Ativo circulante 
+ Realizável a LP) / (Passivo circulante + Exigível LP)). Ou seja, a capacidade de vender e receber para 
poder saldar as próprias dívidas é 33 vezes mais importante (1,65 : 0,05) do que o lucro que promove o 
crescimento da empresa.
Já o controle financeiro dos estoques ((Ativo circulante ‑ Estoques) / Passivo circulante) é quase 
duas vezes mais importante ainda do que a capacidade de vender, pois é o que facilita a liquidez, que, 
por sua vez, permite comprar e vender. As dívidas são o lado que põe em risco a empresa; portanto, elas 
são subtraídas das operações de faturamento e controle financeiro, pois representam a meta maior do 
avaliador de crédito, que é justamente saber se a empresa vai pagar o que deve.
A dívida é separada entre a liquidez imediata da empresa (Ativo circulante / Passivo circulante), que 
verifica como o lucro de curto prazo e dívida de curto prazo permitem uma relação positiva da operação. 
Você deve se lembrar que essa é justamente a fórmula que determina o capital de giro líquido. Mas a 
relação entre as vendas e as dívidas é menor do que a relação entre as vendas e o pagamento de dívidas 
de longo prazo, que são justamente os empréstimos bancários.
Por último, há um peso menor na capacidade de a empresa poder dispor de seu patrimônio para 
ser vendido para pagar todas dívidas (Exigível total / Patrimônio líquido). Isso porque o processo é 
demorado e se todo patrimônio líquido for usado para pagar todas as dívidas, a empresa fica a zero, 
tendo de recomeçar.
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Para você poder fazer uma analogia com o que acontece com uma pessoa física, caso seja examinada 
dessa forma por uma análise de crédito, vamos substituir as contas da contabilidade da empresa por 
situações de um consumidor comum.
De acordo com essa fórmula proposta por Kanitz, a importância entre o quanto sobrou na poupança 
em relação ao que ela já tem é menor do que a importância entre o recebimento de salário ou de 
vencimentos, no caso de um advogado, médico ou qualquer profissão liberal, como uma diarista. 
Ganhar mais do que gasta é o segundo indicador relevante. O que sobra é comparado diretamente com 
as dívidas feitas com os cartões de crédito ou com as compras parceladas.
Além disso, a forma com que a pessoa controla o dinheiro das suas compras mensais indica a 
quantidade de dívidas que ela faz em relação ao salário. Mas a dívida é separada entre a dívida 
imediata, do cartão de crédito, e a dívida representada pelas prestações do automóvel ou da compra 
da casa própria.
Por último, há um peso menor na possibilidade de você vender seu carro para poder pagar todas as 
suas dívidas, pois isso só pode ser feito se você se dispuser a voltar a andar de transporte público para 
não ter dívidas.
Os resultados da fórmula de Kanitz aparecem como números inteiros: ‑2, ‑1, 0, 1, 3, 5 etc. Quanto 
mais positivo o número, melhor a saúde financeira da empresa e, portanto, maior a sua capacidade de 
tomar dinheiro emprestado. Por outro lado, quando o número for negativo, e às vezes pode ser muito 
negativo, como ‑9, indica que a empresa está prestes a quebrar.
Essa fórmula não é a única, mas apenas um exemplo de como se analisa e avalia o crédito. Importante 
dessas fórmulas, que hoje são os algoritmos de programas, é que os números finais já indicam para 
qualquer pessoa o rankingde crédito de uma maneira muito simples. O uso dos computadores 
interligados através da internet permite que todas as empresas que compram e vendem produtos e 
serviços consigam através das empresas de avaliação de risco de crédito uma radiografia imediata de 
outra empresa que quer se tornar cliente.
Quando se domina a contabilidade, é possível, a partir das contas que representam as entradas e as 
contas que representam as saídas, organizar fórmulas que examinem sua liquidez. A fórmula proposta 
por Alberto Borges Matias (2006, p. 156) foi desenvolvida depois de uma pesquisa com cem empresas 
de vários setores, 50% solventes e 50% insolventes.
Importante aqui é perceber que Matias usou uma forma mais parecida com a própria estrutura do 
balanço patrimonial para avaliar a capacidade de pagamentos de uma empresa.
Ele partiu do (Patrimônio líquido / Ativo total) para determinar a riqueza da empresa e diminuiu 
disso os financiamentos e empréstimos divididos pelo ativo circulante, ou seja, os empréstimos de curto 
e longo prazo por todos os ganhos da empresa. Diminuiu ainda as dívidas com os fornecedores divididos 
pelo ativo total e o capital de giro, ativo circulante dividido pelo passivo circulante. Somou finalmente o 
lucro operacional dividido pelo lucro bruto e ainda somou o disponível dividido pelo ativo total.
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Como você pode perceber, a diferença entre o cálculo de Matias e o de Kanitz, do ponto de vista 
da administração de capital de giro, é que Matias dá maior ênfase no início ao tamanho da empresa 
e Kanitz dá maior ênfase à capacidade da empresa, independentemente do tamanho, em se manter 
líquida, vendendo mais do que compra em termos financeiros.
Hoje em dia os modelos podem ser adaptados rapidamente para diversos tipos de empresas, com 
características próprias. Empresas industriais têm ciclos operacionais completamente diferentes das 
empresas comerciais ou de serviços. Os tipos de comércio, varejo ou atacado, supermercado ou materiais 
de construção, também são diferentes entre si por apresentarem necessidades de estoques e giro de 
estoques com quantidade e tempo adequados às suas atividades.
Restaurantes que servem à la carte são diferentes de lanchonetes que fazem lanches rápidos, que, 
por sua vez, são diferentes das empresas que vendem comida a quilo. Por esse motivo, a partir dos 
estoques e de sua forma de ser comercializado, acabamos verificando que suas necessidades de crédito 
são diferentes.
Acompanhando o ciclo operacional de uma empresa, é mais fácil estimar sua capacidade de liquidez 
a partir das contas que a cada momento precisam receber os lançamentos. Por exemplo, o seu Antonio 
vende pão e refeições na sua padaria. O estoque de farinha de trigo e fermento para o pão tem um giro 
completamente diferente da alface e das verduras servidas.
A farinha de trigo, quando bem estocada, pode durar um ano. Já a alface não passa de uma semana. 
As cenouras podem durar duas semanas. Então podemos entender que o capital de giro para cada um 
desses produtos tem tamanho e velocidade diferentes. A boa estimativa de crédito deve perceber o 
tempo que o seu Antonio leva para utilizar o estoque de cada item necessário para seu funcionamento, 
a velocidade com que ele consegue vender esses itens e a lucratividade de cada venda.
A mesma coisa acontece num supermercado ou numa loja de material de construção, onde o 
estoque é o principal motivo de existência do negócio. Mas sabemos que queijos e carnes precisam ser 
vendidos mais rapidamente do que pregos, parafusos e tábuas. E a lucratividade de cada item, junto com 
a quantidade vendida, é que determina a necessidade de capital de giro.
Grosso modo, aquilo que vendemos várias vezes por mês pode gerar um lucro menor. E aquilo que 
vendemos de vez em quando deve gerar um lucro maior, por conta do custo financeiro de manter 
aquele produto estocado por dois ou três meses. Esse é o intuito da curva ABC, com o estudo do que 
mais é vendido numa empresa e que acaba sustentando ela.
3.6 A questão da concessão de créditos pelos bancos
Em 1988, foi firmado o Acordo de Adequação de Capital da Basileia, que determinou que haja 
uma diferença mínima de 8% entre o capital e o valor dos ativos de um banco. No Brasil, o Conselho 
Monetário Nacional (CMN) aumentou essa diferença para 11%, levando em conta os supostos riscos 
mais elevados dos bancos brasileiros.
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Conforme Corrêa (2005), para diminuir o risco de quebra das instituições financeiras, em 1990 o 
CMN do Banco Central (Bacen) editou a Resolução nº 1.748/90, que obrigou a constituição de provisões 
para créditos de liquidação duvidosa. Em 1997, o Comitê de Basileia emitiu 25 princípios de crédito, 
como orientação normativa de controle de crédito.
No Brasil, a partir de março de 2000, conforme a Resolução nº 2.682/99 do CMN/Bacen, as instituições 
financeiras se adequaram aos novos critérios de constituição da provisão para créditos de liquidação 
duvidosa sobre suas operações, atribuindo faixas de risco para cada operação. Os níveis de riscos vão de 
AA até H, com as provisões crescendo de 0 a 100% do capital concedido.
O Banco Central, chamado na legislação de Bacen, é vinculado ao Ministério da Fazenda, e sua 
principal atribuição é executar as normas elaboradas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O Banco 
Central mantém um banco de dados sobre os depósitos compulsórios dos bancos e as operações de 
redesconto, que são as operações do Banco Central que emprestam recursos aos bancos depois que eles 
não conseguem empréstimo no mercado interbancário, isto é, de banco para banco.
O Banco Central atua também como gestor do sistema financeiro que dita as normas, autoriza 
e fiscaliza as operações financeiras dos bancos e intervém quando necessário. Também é agente da 
autoridade monetária, controlando os fluxos de moeda – ou seja, o caixa do país – e agente financeiro 
do governo, pois financia o Tesouro Nacional, e ao mesmo tempo administra a dívida pública e recebe 
os depósitos da União.
Portanto, no Brasil existe um sistema que funciona em todos os bancos e financeiras, os quais 
classificam você e eu de acordo com a qualidade do nosso histórico de pagamento. Da mesma 
forma, classificam também as empresas.
As instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central classificam as operações de 
crédito por ordem crescente de risco para organizarem a provisão de créditos de liquidação duvidosa. 
Isso porque a Resolução CMN/Bacen nº 2.682, de 21 de dezembro de 1999, criou nove níveis de risco 
com seus respectivos percentuais a provisionar. Provisionar significa guardar para suprir a falta, daí a 
palavra provisões.
A classificação do risco da operação fica por conta do banco que detém o crédito e deve ser baseada 
nos seguintes critérios:
I – Em relação ao devedor e seus garantidores:
a) situação econômico‑financeira;
b) grau de endividamento;
c) capacidade de pagamento;
d) fluxo de caixa;
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e) administração e qualidade dos controles;
f) pontualidade e atraso nos pagamentos;
g) contingências;
h) setor de atividade econômica;
i) limite de crédito.
II – Em relação à operação:
a) natureza e finalidade da transação;
b) características das garantias, particularmente a suficiência de liquidez;
c) valor (BANCO CENTRAL DO BRASIL,1999).
Além desses critérios, deve ser verificado mensalmente o número de dias de atraso no pagamento 
dos compromissos, e a operação deve ser classificada conforme a tabela a seguir:
Tabela 12 
Nível de risco Percentual de provisão de crédito Dias em atraso
Nível AA 0% Nenhum
Nível A 0,5% Nenhum
Nível B 1% 15 a 30 dias
Nível C 3% 31 a 60 diasNível D 10% 61 a 90 dias 
Nível E 30% 91 a 120 dias
Nível F 50% 121 a 150 dias
Nível G 70% 151 a 180 dias
Nível H 100% Acima de 180 dias
Adaptado de: Banco Central do Brasil (1999).
Uma empresa pode ter várias operações de crédito com um ou mais bancos. A classificação das suas 
operações sempre é definida por aquela que apresenta o maior grau de risco, mesmo que ela represente 
apenas 1% do total de operações da empresa. Se uma empresa tem várias operações com risco A e 
apenas uma com risco D, essa operação arrasta todas as outras para o risco D.
A provisão deve ser constituída sobre os valores dos créditos e lançada a débito da conta 
despesas de provisões operacionais e a crédito da conta de provisão para operações de crédito. No 
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caso de excesso ou de insuficiência, são efetuados os reajustes necessários a débito ou a crédito. Em 
outras palavras, quando faz um empréstimo, o banco que emprestou precisa dispor de mais capital 
de giro, pois vai precisar depositar numa conta aquele percentual da tabela sobre a operação que 
acabou de fazer.
Então, se um banco empresta R$ 100.000,00 para uma empresa com risco A, ele precisa reservar ou 
fazer a provisão de 1% desse valor – ou seja, de R$ 1.000,00 – para cumprir a resolução. Mas se o risco 
da operação for classificado para D, mesmo os empréstimos anteriores passam a recolher 10%. Então, 
um empréstimo de R$ 100,000.00 vai precisar de uma provisão de R$ 10.000,00.
Essa é a explicação por parte dos bancos do motivo de as taxas de juros serem tão altas no 
Brasil. Os bancos alegam que ao depositar 10% do valor do empréstimo como provisão, esse 
dinheiro fica parado, sem render nada. Então, no período em que o dinheiro fica bloqueado, 
é necessário aumentar o valor do juro, pois na prática foram emprestados para a empresa 
R$ 100.000,00 + R$ 10.000,00, num total de R$ 110.000,00. Se o devedor for nível F, então 
o valor do empréstimo sobe para R$ 150.000,00. Assim, as taxas de juros no Brasil são feitas 
pelos bancos para recuperar um suposto prejuízo com a regra das provisões para liquidação dos 
créditos duvidosos.
As operações classificadas com risco H devem ser transferidas para a conta de prejuízo depois de 
decorridos 6 meses da sua classificação nesse nível. Essa dívida deve ser mantida nessa conta pelo prazo 
mínimo de 5 anos, para que a instituição financeira tente de todas as formas recuperar o dinheiro. Esse 
é mais um motivo para aumentar a taxa de juros, para que os bons pagadores cubram o prejuízo dos 
maus pagadores.
Por isso, os bancos são os maiores clientes das empresas de avaliação de crédito e fazem das 
avaliações fornecidas uma classificação de ratings, ou seja, do grau de qualidade dos clientes.
Cada banco ou financeira adota um sistema próprio para classificar os riscos de seus clientes, 
sejam eles pessoas físicas, sejam elas jurídicas. Os resultados dessa avaliação são utilizados para 
decisões de crédito referentes a empréstimos ou para calcular o custo de aval quando a empresa 
pede para o banco garantias para poder participar de concorrências públicas ou para operações 
de exportação ou importação.
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (2000) define que o rating de um país ou de 
uma empresa é uma opinião atualizada sobre a capacidade financeira geral que indica uma qualidade 
de crédito que está diretamente ligada à capacidade de a instituição ou governo honrar suas obrigações 
financeiras. Essa opinião é definida pela capacidade e intenção de o tomador de dinheiro honrar seus 
compromissos financeiros.
Existem diversas agências internacionais de rating. Como o rating dos países decide o grau de 
investimento deles, ou seja, a capacidade de os bancos daquele país pegarem dinheiro emprestado em 
outro país, sua classificação afeta toda a economia nacional.
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A escala da Standard & Poor’s (2000) funciona assim:
Quadro 5 
Classe Descrição Considerações
AAA A capacidade de o emissor de honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação é extremamente forte. Melhor classificação possível.
AA A capacidade de o emissor de honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação é muito forte. Difere pouco da melhor classificação.
A A capacidade de o emissor honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação é forte.
As obrigações são suscetíveis a mudanças das 
condições econômicas e conjunturais.
BBB O emissor poderá sofrer uma redução na capacidade de honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação.
As obrigações exibem parâmetros de proteção 
adequados, mas podem ser afetadas por 
condições econômicas adversas.
BB
O emissor poderá sofrer uma redução na capacidade de 
honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação, 
sendo mais vulnerável do que a BBB.
As obrigações exibem parâmetros de proteção 
adequados, mas podem ser afetadas por 
condições econômicas adversas.
B
O emissor poderá sofrer uma redução na capacidade de 
honrar seus compromissos financeiros relativos à obrigação, 
sendo mais vulnerável do que a BB.
As obrigações exibem parâmetros de proteção 
adequados, mas podem ser afetadas por 
condições econômicas adversas.
CCC O emissor depende de condições econômicas, financeiras e comerciais favoráveis para honrar seus compromissos.
Não haverá condições de honrar os 
compromissos em caso de condições adversas.
CC
O emissor depende de condições econômicas, financeiras 
e comerciais favoráveis para honrar seus compromissos e 
apresenta forte vulnerabilidade à inadimplência.
Próximo à insolvência.
C O emissor se apresenta fortemente vulnerável à inadimplência. Muito próximo à insolvência.
D Insolvência.
Os sinais de + ou de ‑ junto da classificação, como BB+ ou BB‑, representam variações dentro de 
uma situação (STANDARD & POOR’S, 2000).
Portanto, sejam países, empresas ou pessoas, todos nós estamos sujeitos aos ratings. Como uma 
empresa no mercado, como a padaria do seu Antonio, às vezes precisa vender e receber com cheques, 
ou mesmo atender clientes de muito tempo que eventualmente tenham esquecido de trazer todo o 
dinheiro para suas compras, todas as empresas, de bancos a padaria, precisão fazer uma provisão para 
devedores duvidosos (PDD).
A conta PDD reflete o nível de risco que as empresas estão dispostas a correr. Você tem de entender 
que esse risco não está limitado apenas à área de crédito, mas reflete na empresa como um todo. Hoje em 
dia seu uso é mais abrangente gerencialmente, não se resumindo apenas aos aspectos fiscais e tributários.
Mas essa conta deve ser aberta dentro da contabilidade, respeitando determinados parâmetros para 
ajudar a melhorar a percepção dos recebíveis. Os demonstrativos contábeis devem tornar evidente seus 
números, para que os gestores não se enganem no momento das decisões.
Geralmente os balanços acabam recebendo notas explicativas sobre algumas contas como essa, para que 
fiquem claras a forma com que foi calculada e sua importância no impacto que gera para as demais contas.
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Quando é montada essa conta de provisão de pagadores duvidosos, devemos pensar primeiro no 
tamanho do calote que estamos preparados a sofrer. Esse valor tem um impacto direto no montante de 
recebíveis das empresas.
A forma de constituição das provisões varia muito, mas hoje em dia, com o auxílio dos computadores, 
existe uma primeira decisão a ser tomada: essa conta vai espelhar o risco da empresa de uma forma 
geral ou o risco de cada cliente em particular ao fazer uma determinada operação? A diferença para o 
capital de giro é que quando fazemos uma provisão geral para a empresa, o dinheiro dessa conta pode 
eventualmente ser aplicado para ser resgatado em curto prazo– por exemplo, a cada 60 ou 90 dias. Isso 
vai determinar um tipo específico de aplicação de curto prazo para esse dinheiro.
Já uma provisão feita para cada cliente pode significar mais dinheiro no caixa, na medida em que 
cada cliente representa um risco diferente. Como os valores são específicos e menores, isso pode levar a 
aplicações de prazo maior, que podem ser resgatadas aos poucos, de acordo com a necessidade.
O problema dessa conta é que como as empresas não são instituições financeiras, a legislação não reconhece 
os valores guardados nessa conta como um seguro contra devedores e faz incidir sobre ela impostos e taxas 
também. Os menores impostos e taxas que uma empresa pode pagar são sobre investimentos financeiros, e, 
portanto, é extremante importante que os valores dessa conta estejam sendo emprestados para a conta de 
investimentos financeiro de curto ou longo prazo, para diminuir o custo tributário.
Essa é a forma encontrada pela administração financeira para diminuir o impacto dessa reserva 
de capital sobre o grupo das contas a receber. É claro que quando se faz uma provisão cliente a 
cliente, toda vez que um cliente paga suas contas, uma parte dessa provisão referente a essa operação 
específica volta para o caixa, e isso é uma vantagem dessa forma de gerenciamento da provisão para 
os devedores duvidosos.
É importante também para a empresa lançar como provável prejuízo aquelas contas que não foram 
pagas depois de um ano de seu vencimento. Assim, o valor da provisão também volta para o caixa e, 
dependendo do momento, a fazer parte do lucro bruto.
Mas para que isso funcione, o gestor deve estar sempre atento à legislação, pois no Brasil, segundo o 
Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, entre 1988 e 2016, a União, os estados e os municípios 
editaram 5,47 milhões de normas (sim, é um absurdo mesmo!), determinando 535 leis, decretos e 
medidas provisórias ou normas complementares por dia (AMARAL et al., 2016).
É por isso que as empresas no Brasil costumam ter uma contabilidade interna para controlar os 
negócios e uma outra que é apresentada conforme as últimas exigências realizadas pelo governo.
Por esse motivo, quando se trata de provisão sobre devedores duvidosos nos balanços de contabilidade 
fiscal, com orientação tributária, é utilizada para a apuração do Imposto de Renda e contribuição social 
a pagar, ou do lucro real, como determinada pela Secretaria da Receita Federal. Assim, a PDD atende 
aos limites fiscais permitidos como os limites gerenciais. Esse expediente não evidencia corretamente a 
perda real esperada.
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O modelo mais simples para lidar com as perdas é o método proposto por Kieso, Kimmel e Weygandt 
(1988, p. 340), que sugerem que não se provisione nada e simplesmente sejam baixadas as perdas 
diretamente na demonstração de resultados.
Após a confirmação da perda real, os valores são baixados da seguinte maneira:
Tabela 13 
Transação Ativo = Passivo circulante + Patrimônio líquido
Ano 1 – Vendas totais R$ 100,000,00 + R$ 100.000,00
Aumento nas contas a receber Aumento de vendas
Ano 2 – Prejuízo por falta de pagamento ‑ (R$ 5.000,00) ‑ (R$ 5.000,00)
Diminuição no contas a receber Diminuição de receitas
Mas esse método tem algumas desvantagens, porque não fornece informações para a administração 
do fluxo de caixa e diminui as receitas no ano seguinte, e não no ano em que elas ocorreram, mas é o 
método mais utilizado quando fazemos a contabilidade fiscal.
No Brasil, o termo provisionamento é utilizado tanto para o reconhecimento de obrigações futuras, 
como o Imposto de Renda, o 13º salário, as férias e demais obrigações, como para a provisão para 
devedores duvidosos. O International Accounting Standards Committee, que regulamenta a contabilidade 
internacional que o Brasil está começando a respeitar, define provisão como um tipo de obrigação, 
enquanto reserva é definida como um componente do patrimônio líquido (IACS, [s.d.]).
No exterior, a provisão para os devedores duvidosos acontece no mesmo momento em que um cliente 
deixa de pagar. Isso automaticamente diminui as receitas na mesma quantidade que a falta de pagamento. 
A baixa é efetuada no balanço do mesmo ano que aconteceram as faltas de pagamento; dessa maneira, 
não há distorção nas contas a receber, pois não se vai receber aquilo que já não se recebeu na data correta.
Esse método de provisionamento consegue uma avaliação melhor do impacto da inadimplência 
sobre as receitas da empresa. Por outro lado, se anteriormente esse método pressupunha uma estimativa 
de um percentual sobre o valor das vendas, hoje temos como construir o percentual à medida que as 
perdas imediatas acontecem.
Se antes todos eram tratados pela média, agora podemos tratar cada um individualmente. É 
justamente isso que sugerem Assaf Neto e Silva (2010, p. 99):
A despesa com devedores duvidosos diz respeito à probabilidade de perda 
com as vendas totais a crédito. O que se observa nas empresas brasileiras é 
o uso do limite máximo permitido pelo fisco para fins de apuração do lucro 
a ser tributado. No entanto, como este texto se preocupa com questões 
gerenciais de capital de giro, tal forma de estimação será desconsiderada, 
uma vez que a previsão do volume de devedores duvidosos, diante desta 
ótica, deve ser a mais próxima da realidade.
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Nesse método proposto, há uma correlação entre o tempo de vencimento das contas a receber e a 
probabilidade de não recebimento desses valores. Veja as tabelas:
Tabela 14 
Cliente Balanço em 31‑jan.‑2018
Títulos do contas a vencer
A vencer
Vencidos
60 dias 61 e 90 dias 91 e 120 dias
Acima de 
120 dias
Cliente 1 R$ 108.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 68.000,00 R$ 28.000,00
Cliente 2 R$ 470.000,00 R$ 125.000,00 R$ 345.000,00
Cliente 3 R$ 66.000,00 R$ 66.000,00
Cliente 4 R$ 19.500,00 R$ 19.500,00 R$ 125.000,00
Cliente 5 R$ 75.000,00 R$ 75.000,00
Cliente 6 R$ 62.000,00 R$ 7.000,00 R$ 55.000,00 R$ 17.000,00
Total R$ 800.531,00 R$ 163.500,00 R$ 468.000,00 R$153.000,00 R$ 83.000,00 R$ 75.000,00
Tabela 15 
Idade Valor % estimada de perda PDD
60 dias R$ 468.000 10% R$ 46.800
61 a 90 dias R$ 153.000 17% R$ 26.010
91 a 120 dias R$ 83.000 26% R$ 21.580
120 dias R$ 75.000 27% R$ 20.250
PDD a ser constituída R$ 114.640
Fonte: Assaf Neto e Silva (2010, p. 100).
Quando essa conta já está automatizada no sistema de CRM, sabemos todo o tempo como estão as 
contas a receber de fato e como cada cliente se comporta em relação às suas obrigações.
O percentual lançado para perdas – 10%, 17% etc. – espelha a experiência da empresa com seus 
clientes no passado. Aquilo que não foi pago na data certa e está em aberto por mais de 70 dias deve 
resultar num não pagamento de cerca de 17%. Dessa maneira, a provisão pode ser melhor estimada e 
de fato realizada apenas quando se torna necessário. A questão maior é se depois de 120 dias de atraso 
continuamos a manter essa provisão ou aceitamos logo a perda.
O problema ainda continua sendo como estimar que um cliente vai deixar de pagar antes de ele 
deixar de pagar. Eventualmente, no futuro, as empresas de avaliação de risco podem oferecer também 
um acompanhamento diário sobre a saúde financeira das empresas, e assim o risco de crédito de cada 
cliente será conhecido pelo mercado diariamente.
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CAPITAL DE GIRO E CONTROLE DE RESULTADOS
Isso significa que o risco maior do mercado está centrado nessa conta, não pela conta em si, mas 
pelas informações que poderiam otimizar a estimativa de inadimplência. Todos os modelos ainda não 
incorporaram segurança absoluta, mas algumas empresas, como as companhias de seguro, há séculos 
desenvolvem modelos para poderem avaliar se o sinistro vale