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GEOGRAFIA DO AMAPÁ AULA 02 – O Espaço natural do Amapá (noções de relevo, clima, vegetação e hidrografia do estado). Professora: Giselly Thalez Email: gise_thalez@hotmail.com MARÇO– 2019. Conteúdo Programático GEOGRAFIA DO AMAPÁ 1 – O espaço natural do Amapá (noções de relevo, clima, vegetação e hidrografia do estado). 2 – A população do Amapá: crescimento, distribuição, estrutura e movimentos. 3 – O espaço econômico: atividades agropecuárias, extrativistas e industriais. 4 – O desenvolvimento econômico do Amapá. 5 – O estado do Amapá no contexto brasileiro. VEGETAÇÃO O Estado apresenta dois padrões principais: as formações florestadas, com florestas densas de terra firme, florestas de várzea, manguezais e Matas de Igapó as formações campestres, com cerrados e campos de várzea inundáveis ou aluviais. Considerando a cobertura vegetal como indicador de ecossistema temos no Amapá os seguintes: Formações Florestados e Formações Campestres. FORMAÇÕES FLORESTADAS (4 tipos) - Floresta Densa de Terra Firme; - Floresta de Várzea; - Manguezais; - Matas de Igapó. FORMAÇÕES CAMPESTRES (3 tipos) - Cerrados; - Campos de Várzea (inundáveis ou aluviais); - Florestas de Transição; FORMAÇÕES FLORESTADAS (4 tipos) 1 – Florestas Densa de Terra Firme Ocupa aproximadamente 70%, (em torno de 103.236,22Km²) do espaço amapaense, concentrando- se na porção Oeste do Estado. É o tipo de vegetação mais expressivo do Estado. Destaca-se pela sua alta biodiversidade e pela sustentação de uma massa florestal de alto porte. No cenário ambiental esse ecossistema, embora já apresente marcas de degradação, em decorrência da extração seletiva de madeiras, de atividades de colonização pioneiras e de garimpagem e mineração, ainda não apresenta um quadro crítico, tendo em vista a abrangência territorial desse ecossistema e a incipiente ocupação humana, devido à falta de grandes eixos rodoviários. Faz contato com os cerrados, em forma de transição ou, abruptamente, com a planície litorânea, ao norte e com ambientes fluvio- lacustres, ao sul. Ocorrem tipologias neste ecossistema como: floresta densa de baixos platôs e sub-mantana, que são individualizações fito-ecológicas decorrentes desses fenômenos. As espécies que se destacam são: angelins, acapu, sucupira, castanha do Brasil, sapucaia, matamatás, breus, louros, copaíba, cipó titica, etc... 2 – Floresta de Várzea Nesse contexto, as matas de Várzeas configuram um ambiente primário florestal, de alto porte em plantas trepadeiras e epífitas. É o segundo maior ambiente florestado do Estado. O estrato emergente é formado por árvores de 30 a 35m de altura, com espécies economicamente produtivas como: o Açaí, Bacaba, andiroba, buriti, Ucuúba ou Virola, seringueira, ubuçu, arumã, etc.. Economicamente é pressionada pela extração seletiva de madeiras, de palmitos e de outros elementos típicos desses ambientes, como também o desmatamento para o fim de agricultura e pecuária, alterando as práticas tradicionais, alimentando um retorno econômico, supostamente mais fácil para as populações locais. Ocorre em toda área fluvial (orla do Rio Amazonas) do estado do Amapá, representado cerca de 4,8% do Estado, compreendendo o canal do Norte do Rio Amazonas e áreas dos principais rios da região sujeitas à inundações por ocasião do movimento das marés. 3 – Manguezal Ocupa 2% do Estado. É caracterizado pela presença de bosques de 15 a 25 metros de altura, com vegetação pneumatófila (raízes aéreas), em solos halófilos (com influência salina). Ocorre na Costa amapaense de influência salgada (devido ao Oceano Atlântico) onde predominam as seguintes espécies típicas dos manguezais: mangal, tintal, siriubal,etc... “Os manguezais são ecossistemas extremamente sensíveis às alterações ambientais, com importantes funções ecológicas nos oceanos, mares e estuários, na cadeia biológica, na produção primária, na proteção contra erosão e tempestades, no funcionando como filtro biológico, apresentando uma flora estrategicamente adaptada às adversidades do meio”. “Dada essa importância biológica, é imprescindível a conservação desses ecossistemas, uma vez que abriga espécies de grande interesse econômico, para reprodução, berçário, alimentação para alevinos e peixes jovens, crustáceos e moluscos, que usam esses ambientes como moradia ou em alguma fase do ciclo de vida para se desenvolverem”. Figura: Manguezais erosivos do Cabo Norte. Município do Amapá. A cata indiscriminada do caranguejo na região de Sucuriju, no Município de Amapá, já começa a mostrar seus efeitos devido à diminuição da espécie na região. É um dos ecossistemas mais ativos, pois participa intensamente no aumento da produtividade primária dos mares e estuários, constituindo berçário de espécies marinhas, crustáceos, peixes, aves, dentre outros 4 – Mata de Igapó São representados por áreas disjuntas, de difícil precisão de seus limites e dimensões, com grandes limitações naturais em termos de uso e ocupação, e por consequência, não ressentindo, até o momento de grandes pressões. Caracteriza- se pelo regime de alagamento permanente ou pelo menos com alto grau de encharcamento do solo durante a maior parte do ano. FORMAÇÕES CAMPESTRES (3 tipos) 1 – Cerrados De acordo com as informações pesquisadas o Cerrado é um ambiente não amazônico. Sua presença nesta região é consequência de drásticas alterações climáticas que marcaram a história. Sua vegetação é do tipo savanítica (cobertura vegetal aberta), com vegetação esparsa, constituída de um estrato herbáceo bastante denso e um estrato arbustivo-arbóreo, formado por elementos isolados de baixo porte, com presença de capões (porção de mata isolado no meio dos campos), com raízes profundas, troncos retorcidos com casca grossa e solos ácidos. O cerrado amapaense embora possa conservar algumas semelhanças com os cerrados do planalto central brasileiro, possui características particulares, atribuídas à sua história evolutiva no âmbito dos regimes amazônicos, que definem dois grandes padrões fisionômicos: 1- Cerrado arbóreo-arbustivo: tipo florístico marcado pela presença de um estrato lenhoso pouco diversificado e muito sensível a diferenciações locais do meio. Seus representantes arbóreos mais importantes situam-se em torno de 7 a 12 metros de altura e os mais frequentes são: bate-caixa (Salvertia convalaeodora), sucuúba (Himathanthus articulata) e caimbé (Curatella americana). Outros representantes com portes menores e mais freqüentes envolvem uma diversidade maior de espécies; 2 - Cerrado parque: tipo florístico caracterizado pelo domínio do estrato herbáceo com presença de elementos lenhosos dispersos, sem nenhuma relação definida de distância entre si. O cerrado parque é mais frequente em áreas de relevo ondulado ou mesmo, em áreas aplainadas ou abaciadas. Neste caso, o excesso de umidade durante o período chuvoso deve constituir limites ao desenvolvimento de suas espécies lenhosas. Árvores típicas: Sucuuba, barbatimão, Murici vermelho, caimbé, Caju, Murici-branco, etc...Na classificação climática oficial (segundo Köppen) o Cerrado do Amapá apresenta dois tipos climáticos. O Ami-tropical chuvoso com pequeno período seco, correspondendo a 30% da região e o Awi-tropical chuvoso com nítida estação seca, dominante no restante da área. 2 – Campo de Várzea Os campos inundáveis, constituem ambiente influenciado pelo regime pluvial sazonal, e de marés cíclicas, representam uma relação ecológica altamente especializada, caracterizados pela presença de macrófitas aquáticas, com um elevado estoque de peixes, importante para o regime alimentar das populações locais, sendo utilizado ainda como pastagens naturais, e por sua beleza natural são utilizados para atividadesde lazer. Os campos de Várzea são influenciados pelas águas das chuvas e pelo regime de marés compondo um cenário de áreas deprimidas, interligada por uma intensa rede de canais com inúmeros pequenos lagos temporários ou permanentes. Ocorre com maior intensidade na região que vai do Rio Araguari até o Cabo Orange, no Oiapoque. 3 – Florestas de Transição Corresponde a passagem bioecológica que decorrem de ecossistemas diferentes. Algumas vezes essas paisagens também são chamadas de áreas de tensão ecológicas. Apesar da unidade fisionômica desse ambiente ser eminentemente florestal, diferencia-se dos ambientes limítrofes pela diversidade de sua estrutura flora e pela estrutura da vegetação que, em geral, se apresenta com características próprias e, em alguns casos , com inúmeras áreas entre a savana (cerrado) e a floresta densa de terra firme e ainda, na passagem de ambientes para a terra firme e cerrado. HIDROGRAFIA BACIA HIDROGRÁFICA O Estado do Amapá possui uma costa banhada pelo Oceano Atlântico portanto constituído por água salgada que se estende do Cabo Norte ao Cabo Orange e outra banhada por água doce do Rio Amazonas que se estende da Foz do Rio Jari ao Cabo Norte, ambas localizadas em áreas de planícies sedimentares. O Amapá possui uma bacia hidrográfica constituída de muitos rios que se destacam pela sua importância econômica. Os rios amapaenses, na sua maioria, deságuam no Oceano Atlântico. Figura 01. Mapa de localização da Zona Costeira do Estado do Amapá (ZCA): Setor 1. Amazônico Setor 2. Atlântico (MMA, 1996) “A Zona Costeira do Amapá (ZCA), com cerca de 750 km de extensão, é considerada a mais preservada e menos densamente povoada do país. Esta zona é subdividida em duas áreas influenciadas dominantemente pelas marés. Estes dois setores são: (i) A zona costeira estuarina ou amazônica, influenciada pelo Canal do Norte do rio Amazonas, e (ii) A zona costeira oceânica ou atlântica de frente para o oceano Atlântico. A foz do rio Araguari constitui um marco divisório entre a zona costeira oceânica ao norte, que tem regime de macro a mesomarés, e a zona costeira estuarina ao sul, que exibe mesomarés”. Uma vasta rede hidrográfica caracteriza a geografia do Amapá, cujos rios desembocam no Rio Amazonas ao sul e sudeste, ou no Oceano Atlântico ao norte e nordeste do Estado. Assim temos uma costa de água doce, que se estende da desembocadura do Rio Jari até o Cabo Norte e outra de água salgada que vai do cabo norte, particularmente do Sucuriju até o Cabo Orange no Oiapoque. Cerca de 39% da bacia hidrográfica do Estado faz parte da bacia do Amazonas. A maioria dos rios do Amapá desaguam no oceano Atlântico. Os principais rios são: - Rio Araguari: possui 36 cachoeiras; - Rio Oiapoque: fronteira natural entre o Brasil e a Guiana Francesa; - Rio Pedreira: foi utilizado para retirar pedras destinadas à construção da Fortaleza de São José de Macapá; - Rio Gurijuba: foi um rio com grande concentração de peixes. DISTRIBUIÇÃO SUB-BACIAS DO AMAPÁ N. BACIA ÁREA TOTAL (Km 2) 01 Rio Araguari 42.711,18 02 Rio Jari 32.166,29 03 Rio Vila Nova 5.003,51 04 Rio Cajari 5.002,71 05 Rio Maracá-Pucu 3.461,56 06 Rio Gurijuba 3.040,00 07 Rio Matapi 2.517,95 08 Rio Pedreira 2.086,35 09 Rio Preto 1.256,00 10 Rio Ajuruxi 1.085,28 11 Rio Macacoari 726,92 12 Arquipélago do Bailique 585,00 13 Rio Curiaú 584,00 14 Rio Mazagão 470,00 15 Igarapé Matauaú 393,00 16 Igarapé Tambaqui 372,91 17 Rio Ariramba 202,20 18 Ilha de Santana 24,24 19 Ilha do Açougue 17,32 20 Ilhas Pedreira 5,82 21 Ilha Cajari 5,52 O Rio Jari:, afluente da margem esquerda do Rio Amazonas , separa o Amapá do Estado do Pará. As mais importantes cachoeiras são: Santo Antônio, Cumaru, Inaj, Aurora , Maçaranduba, Guaribas do Robojo, do Desespero. O Rio Pedreira: possui uma importância histórica para nós, pois dele foram extraídas as pedras para a construção da Fortaleza de São José de Macapá, Forte que foi construído pelos escravos e índios para defesa do Brasil contra invasores estrangeiros. O Rio Gurijuba: já fora considerado o rio mais rico em pescado do Amapá, hoje, devido à pesca indiscriminada a sua piscosidade vêm diminuindo gradativamente. O Rio Cassiporé: localizado ao norte do estado do Amapá, é rico em cardumes diversificados; • O Rio Vila Nova: separa os Municípios de Mazagão e Laranjal do Jari; nele encontram-se as jazidas de ferro mais importantes do Amapá; é muito importante tanto pela sua contribuição de energia, como pela aproximação do Rio Amazonas. Rio Matapi: banha o município de Santana e deságua em frente a ilha de Santana. Rio Amapari: é afluente do Rio Araguari, é importante porque banha a Serra do navio e é em seu leito que é lavado o manganês. Rios Amapá Grande , Flexal e tratarugalzinho e Tartarugal Grande: banham o município de Amapá e são ricos em peixes. O Rio Araguari: nasce na Serra Lombarda no Estado do Amapá e deságua no Oceano Atlântico, após um curso de 575Km e 36 cachoeiras. Neste Rio estão instaladas três hidrelétricas (Hidrelétrica Coaracy Nunes, Ferreira Gomes Energia e Cachoeira Caldeirão). O Estado possui uma rica e vasta rede hidrográfica envolvendo bacias hidrográficas e uma grande concentração de lagos ao norte do Rio Araguari, onde está localizada a região de lagos, que cobre uma área de aproximadamente 300 Km² e que forma uma unidade diferenciada no quadro físico do litoral do Amapá. Os lagos têm sua origem em antigas depressões limitadas por barreiras, que foram se formando pela deposição de sedimento que estancaram a água. À medida que a sedimentação continua, esses lagos deverão tornar-se, mesmo que muito lentamente, cada vez mais rasos. Hoje o grande problema desta região, do ponto de vista ecológico, é sem dúvida a degradação provocada pelo rebanho bubalino, que provoca a compactação dos solos devido ao pisoteamento do gado, a salinização das águas dos lagos, a erosão dos solos, a devastação de trechos para abertura pastos, dentre outros. POROROCA O que causou o fim da pororoca? As possibilidades levantadas por especialistas para o fim da pororoca são a soma de três fatores: a construção de três hidrelétricas no rio Araguari, a abertura de canais para levar águas a fazendas e a degradação causada pelo pisoteio de búfalos na região. ASSOREAMENTO DO RIO Acima, imagem de 2003 mostra o curso do rio, em azul, passando por entre a vegetação, em verde. Abaixo, imagem de 2014 mostra o assoreamento do rio no trecho destacado em lilás. É possível ver também um canal no canto inferior esquerdo, que não existia em 2003. (Foto: Reprodução/Base Cartográfica) Em outros rios também ocorre Pororoca - Rio Cassiporé - Rio Sucuriju - Rio Calçoene - Rio Igarapé do Inferno - Ilha Fausino - Ilha Curuá ÁREAS DE RESSACA Ressaca é uma expressão regional empregada para designar um ecossistema típico da zona costeira do Amapá. São áreas encaixadas em terrenos Quaternários que se comportam como reservatórios naturais de água, caracterizando-se como um ecossistema complexo e distinto, sofrendo os efeitos da ação das marés, por meio de uma intricada rede de canais e igarapés e do ciclo sazonal das chuvas. De forma mais sintética podemos dizer que as ressacas são bacias de acumulação de água, influenciadas pelo regime de marés, dos rios e das chuvas A ocupação crescente e desordenada nas áreas de "Ressacas" dos municípios de Macapá e Santana vem preocupando bastante o Governo e os órgãos ambientais do Estado, pois elas se localizam nas margens dos cursos d'água, facilitando o deslocamento da população. Porém são áreas caracterizadas por ser um ecossistema complexo e distinto que sofre o efeito da ação das marés e da pluviosidade e que funcionam como reservatórios naturaisde água. Com o aumento da população urbana em todo o Estado do Amapá, destacando-se principalmente os municípios de Macapá e Santana, e o baixo nível da renda familiar, estas áreas de "Ressacas" passaram a ter um crescimento populacional expressivo. As áreas úmidas de Macapá, predominantemente áreas de ressaca, desempenham um papel primordial no sistema de drenagem (natural) e atuam como reguladoras bioclimáticas do ambiente urbano. Estas são áreas de Proteção Permanente APP. Entretanto, dado o crescimento populacional que tem acontecido nos últimos 35 anos, de 1980 a 2015 (217%), estas têm sido alvo de invasão e ocupação de forma ilegal, por pessoas que vêm de outros estados à procura de melhores condições de vida. Por serem espaços sem proteção efetiva, acabam por ser ocupados, essencialmente, por estes migrantes. Além da moradia, outros usos impactantes como a extração de argila para olarias, a criação de búfalos em áreas da periferia urbana e a piscicultura ocorrem de forma indiscriminada. As queimadas, muito comuns na época de estiagem (agosto a dezembro), causadas em sua maioria de modo intencional para a "limpeza" e renovação da pastagem para os búfalos causam sérios prejuízos ambientais. Outras atividades tais como a caça e pesca de subsistência, a extração vegetal, a navegação, e a recreação e turismo também são realizadas nas áreas de ressacas sem nenhum ou pouco controle por parte dos órgãos ambientais. Agora vamos fazer os exercícios!
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