Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
38 Pneumonias 38.1 Pneumonia adquirida na comunidade Essas manifestaçöes são acompanhadas de uma opacidade pulmonar nova na radiografia do tórax, que se caracteriza pelo preenchimento dos espaços a�reos e adjacéncias, denomina- da consolidação. Devido ao baixo valor preditivo dos sinais e sintomas para o diagnóstico, a avaliação radiológica do tórax é necessária para confirmação e avaliação de possíveis diagnósti cos diferenciais. A doença ocorre fora do ambiente hospitalar, cmbora, oCasionalmente, as manifestaçöes pSsam aparecer em até 48 horas após eventual hospitalização. Ricardo de Amorim Corrêa Paulo José Zimermann Texeira Definiçoes Epidemiologia A pneumonia é um processo inflamatório agudo do parën- quima pulmonar, na grande maioria das vezes resultante da invasão dos espaços a�reos por agentes microbiológicos. A PAC tem incidência estimada entre 2 e 12 casos/1.000 ha- bitantes por ano, sendo a sexta causa de óbito nos Estados Unidos e a primeira por doença infecciosa, cstimando-se 5,6 milhöes de casos anuais e 1,I milhões de internaçöes. A inci déncia varia com a faixa ctâria, sendo superior entre crianças ATENÇÃO Do ponto de vista clinico, a pneumonia adquirida na comunidade (PAC) caracteriza-se pelo aparecimento de manifestações agudas do aparelho respiratório (tosse e ao menos mais um entre expectoração, dor torácica e dispneia), pela presença de sinais focais ao exame fisico do tórax na dependència da exten sao do comprometimento pulmonar (estertores cre- menores de cinco anos e pacientes idosos (FIGURA 38.1.1). A hospitalização pode ser necessária em 12 a 20% dos pacientes, sendo que sa 10% apreseniam docnça grave com necessidade de tratamento em unidade de terapia intensiva (UTI). A Laxa de mortalidade varia de acordo com a forma de apresentação e as caracteristicas do hospedeiro, sendo de 0,1 a 5 nos pacientes ambulatoriais; nos hospitalizados, pode alcançar 126, e dentre os portadores de PAC grave que necessitam de admissão em UTI. pode chegar de 30 a 50. Segundo dados do Sistema Unico de Saude (SUS), cer- ca de 1.900OX) casos anuais são atendidos por esse sistema, com cerca de 24.000 obitos em pacientes com idade superior a l5 anos (2006). correspondendo à quarta causa de morte pitantes e macicez à percussão toräcica) e por pelo menos um sinal de comprometimento sistemico (sudorese, calafrios, febre igual ou superior a 38 C, tremores ou mialgias). se identificam os agentes etiologicos, e 2 a S% apresentam flora polimicrobiana. Métodos de biologia molecular em es- pecimes respiratorios e pesquisa do antigeno pneumococico na urina demonstraram que b0a parte desses casos se deve também ao S. pneumoniae. Em relação aos anacróbios, a sua incidencia c incerta, uma vez que a investigação microbio- ogica na maioria dos estudos uilizou amostras de escarro, que é inadequado para o isolamento deste grupo. Na PAC grave, os agentes envolvidos são S. pneumoniae em 20%, bastonetes gram-negativos em 10%, Legionella pneu- mophila em 7%, H. injluenzae em 6% e S. aureus em 5% dos casos. M. pneumoniae é causa esporádica de pneumonia grave Em um levantamento de estudos ctiologicos curopeus, a prevalência do S. pneumoniae foi de 35.3%, M. pneumo niae 9,0%, C. pneumoniae 6,3%, vírus 6,6% cH. inflhuenzae 11,8%. Em 47,7% dos casos, 0 agente não póde ser isolado. Em crianças, bactérias e vírus são responsáveis por 80% das doenças respiratórias em geral. A ctiologia bacteriana advém principalmente de estudos onde os agentes foram 40,0 35.0 30,0 25,0 20.0 15,0 10,0 S,0 0,0 Sa 14 15 a 59 60a 74 75 Idade FIGURA 38.1.1 Incid�ncia da PAC segundo a faixa etária. entre os adultos. Os custos com o tratamento giram em tor no de 137 milhoes de reais. A PAC é a causa mais frequente isolados por meio de aspirados em crianças admitidas no de hospitalizaçâo entre as doenças respiratórias. O risco de morte aumenta também em função da idade. hospital antes de receberem tratamento antimicrobiano. Os principais patógenos são S. pneumoniae, H. influenzae c S. aureus. Porém, tal causa parece variar com idade e condigao básica de saude da crianga. Em crianças com menos de 3 meses, Os principais pató- genos sao S. aureus, enterobactérias, Streplococcus do grupo Ae B, Chlamydia trachomatis, Mycoplasma hominis, Urea- plasma ureayticum, Pneumocystis jirovecii, vírus respirató- rios e citomegalovírus. 0S. pneumoniae e o H. injluenzae também podem ocorrer. Entre 3 e 24 meses de idade, pre- dominam S. pneumoniae, H. influenzae e vírus respiratórios. S. aureus, enterobactérias e M. pneumoniae também podem Causas De mancira geral, qualquer microrganismo pode causar pneumonia, mas um número relativamente pequeno de microrganismos responde pela maioria absoluta dos casos. O Streptococcus pneumoniae � o agente mais frequente em todas as formas de apresentagão e de gravidade, vindo a se guir Haemophilus influenzae, Mycoplasma pneumoniae, Chla mydophila pneumoniae, Legionella sp. variando de acordo causar pneumonia nesta faixa etária. com as séries apresentadas. Nas crianças com mais de 2 anos, S. pneumoniae e H. infiuenzae são os agentes mais importantes. M. pneumoniae também pode ser encontrado nessa faixa etária, aumentando sua importáancia apos os 5 anos. Outros agentes são as enterobactérias, Pseudomonas aeruginosa, StuphyBococcus aureus, anaeróbios e víirus respi- ratórios (influenza, adenovírus, vírus respiratório sincicial, parainfluenza, coronavírus). PAC por Acinetobacter sp. tem sido descrita com índices de morbimortalidade piores dos que os vistos nos casOs adquiridos no ambiente hospitalar. As manifestações clínicas não guardam relaça0 com o agen te etiológico, e sim com a natureza da resposta inflamatória do hospedeiro. Há superposição das manifestações clínicas causadas por germes como M. pneumoniae, Legionella sp., Agentes etiologicos mais frequentes C. pneumoniae e vírus respiratórios com aquelas associadas Streptococcus pneumoniae aos demais agcntes, conforme demonstrado em diversas pu- OS. pneumoniae é uma bactéria gram-positiva que causa blicaçõcs. Estima-se que tais germes sejam responsáveis por cerca de 30% dos casos ambulatoriais e 15% dos internados. imunodeprimidos, além dos agentes frequentes para sua faixa etária, aparecem os bacilos gram-negativos, P jiro veci, Mycobacterium tuberculosis, L. pneumophila e fungos (FIGURA 38.1.2). uma alveolite resultante de inóculo aspirado. As manifesta- çöes clinicas ocorrem de maneira subita, acometendo indav- duos previamente higidos ou em concomitancia com estados gripais prolongados. As manifestaçóes iniciais mais frequen- Raras vezes a confirmação da ctiologia é obtida. Re. centemente, dados etiológicos de pacientes ambulatoriais demonstraram a seguinte prevaléncia: S. pneumoniae em tes são tosse, a qual se torna mais tarde produtiva, com ex- 226, M. pneumoniae em 18%, C. preumoniae em l6%, vi pectoração purulenta, dor torácica ventilatório-dependente, TUs em 10%, H. inftuenzae em 4% cLegionella sp. cm 1% ou febre, cefaleia, mialgias, taquipneia e taquicardia. O escarro menos dos casos. por vezes assume aspecto sanguinolento ou ferruginoso, si- Em pacientes hospitalizados por PAC, as causas mais milar a "cor de tijolo". Herpes labial pode ocorrer concomi- frequentes são S. preunmoniae (17%), M. preumoniae (6°0), C.preumoniae (60), Legionella sp. (4%), virus respirato- rios (76), bastonetes gram-negativos (26), S. aureus (1%) cação confluente e homogênea de padräo alveolar, compro eP aeruginosa (menos de 1%). Em 40 a 60% dos casos náo tantemente nessa enfermidade. A imagem radiológica é apresentada com uma opacifi- metendo parte ou a totalidade de um ou mais lobos. O bron- 292 Pmeumologia 20 O Atipicos M. pneumoniae C. pneumoniae Lpneumophila FIGURA 38.1.2 Patógenos atipicos e pneumonia ad- quirida na comunidade. EUACanadà Asia/Africa Fonte: Adaptadade Arnolde colaboradores. Europa AmLatina cograma a�reo, que por vezes pode não ser identificado à radiografia, torna-se mais evidente à tomografia computadori zada de tórax. O derrame pleural, comumente ipsilateral, cos- tuma ser de pequeno volume, regredindo rápido. Na suspeita clinica de empiema, com um exame de imagem contirnmando derrame pleural, a toracocentese é obrigatória c urgente. A resistencia do S. pneumoniae à penicilina ea outros anti- bióticos tem alertado a comunidade cientifica e médica quanto ao uso abusivo de antibióticos, que parece ser um dos fatores responsáveis. Entretanto, a definição de resisténcia, utilizada até recentemente, baseava-se em padróes de cepas isoladas em casos de meningite, o que explica a frequente dissociação clinica verificada entre tais testes ea boa resposta clínica, ob servada ao tratamento com betalactamicos e outros agentes. Os pontOS de corte da concentração inibitória minima (CIM) foram redefinidos em 2008 para amostras do tra- to respiratório e são atualmente considerados sensível (2 mg/L), intemediário (4 mg/L) e resistente (8 mg/lL). Embo- ra a preocupaçao persista e os cuidados devam ser mantidos no sentido de prevenir a emergencia de cepas resistentes, e de acordo com cssa nova definição c os dados microbioló- gicos disponíveis, no Brasil, as cepas de S. pneumoniae são consideradas uniformemente sensiveis à penicilina. empiema. Pode iniciar de maneira repentina, com calafrios, fcbre, dor pleural, tosse produtiva, podendo apresentar es- carro purulento ou sanguinolentoe ate mesmo grande com prometimento do estado geral, com taquipne1a, taquicardia, cianose e choque séptico. Deve-se ivestigar cuidadosamen- te a pele à procura da porta de entrada (p. ex., lesões cutâne- as), uma vez que em adultos a via hemática éa mais comum. O aspecto radiológico pode assumir inicialmente uma aparëncia de infillrados redondos, únicos ou mültiplos, Cs cavados ou não, distribuidos em ambos os hemitóraces, de padräo alveolar, pouco densos, com pequenas áreas de ate lectasias intercaladas de parënquima normal. Em alguns ca sos, simulam metástases. As lesöes, com o tempo, resultam em formações cavitárias, de paredes finas, contornos regu- lares e conteúdo líquido, conhecidas como pneumatoceles. O comprometimento pleural e mais frequente nessa fase, Ocasionando um derTame inicialmente serotibrinoso e que evolui, mais tarde, para empiema. Abscesso pulmonar pode ser visualizado ao exame de imagem. Um aspecto importante a ser observado é a cmergência de cepas de S. aureus adquiridas na comunidade e resistentes à oxacilina, que se apresentam na forma de infecção cutânea e lesócs disseminadas. Esta bactéria tem sido identificada como portadora do gene produtor de toxina chamada leuco cidina Panton-Valentine. Staphylococcus aureus OS. aureus é uma bactéria gram-positiva, coagulase-positiva, esfériea (aos pares, em tétrades, conglomerados ou em cacho de uva) que acomete preferencialmente indivíduos com decfe Sas locais ou sistémicas comprometudas, os quais muitas vezes exigem tratamento hospitalar. A patogenia pode ocorrer por duas vias: na primeira, o germe coloniza a nasofaringe de seu portador, de onde e aspirado para o pulma0, alcançando os alvéolos (via brônquica, endógeno-aspirativa). Na segunda, a Haemophilus influenzae Na pneumonia por H. influenzae (cocobacilo gram-negati- vo), a infecção ocorre via inalatória por meio de gotículas aerossolizadas. As manifestaçöes podem ser sSubitas ou pre cedidas por infecção do trato respiratório superior. O qua- dro clínico pode ser semelhante ao que ocorrTe na pneumo- nia pneumocócica. Nos pacientes portadores de enfisemac/ ou com bronquite crônica, esse bacilo é o primeiro agente a ser pensado no diagnóstico de pneumonia. No exame de imagem, predomina o comprometimento dos lobos inferiores, com aspecto de infiltrado intersticial ou, evolutivamente, de consolidação. Derrame pleural esté- ril ou empiema ocorre em até 25% dos casos. V1a hematogenica, que parece ser a preterencial, surge a par- tir de focos cutáncos ou de outros tecidos à dist�ncia. A apresentação mais caracteristica é de um paciente com sintomas de "gripe-resfriado" cujo quadro subitamente se agrava (mal-estar geral, calafrios, febre alta, dor pleuríti- ca e tosse produtiva). O envolvimento pleural é frequente, precoce e muitas vezes grave, sendo possível a ocorrència de Moraxella catarrhalis tosse, odinofagia, calafrios e febre. Ao exame fisico, pode -Se encontrar taquipneia, sinais de faringite, eritema timpå- nico (em um terço dos casos), miringite bolhosa (mais rara), erupçoes cutäncas, estertores e sibiläncia. O exame radiológico pode ser normal nas primeiras 24 a 48 horas. Não há um padráo patognomônico, mas predo- mina infiltrado intersticial localizado preferencialmente em bases pulmonares, com acometimento segmentar ou subseg- mentar, raras vezes ocupando todo o lobo. O infiltrado été- nue e homogéneo e tem limites imprecisos, podendo evoluir de forma a tornar-se mais denso na sua parte central, sendo acompanhado ou não de atclectasia. M. catarrhalis é um diplococo gram-negativo, e a infecção se da por via aspirativa-endogena, Iavorecida pela capacidade do germe de aderir às mucosas. Nos adultos, principalmente idosos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), podem ocorrer surtos agudos de bronquites purulentas, broncopneumonias e infecgoes tanto de vias a�reas supe- riores como inferiores. Clinicamente se apresenta com tosse produtiva, bem como Sinais e sintomas de broncospasmo. As alterações radiológicas säo muito discretas ou não identificáveis. Podem ocorrer infiltrados disseminados sem consolidação. Formas lobares tendem a evoluir para necrose. Legionella sp. Klebsiella pneumoniae K.pneumoniae é um bacilo encapsulado gram-negativo, da família das Enterobacteriaceac. Sua patogenia é decorren- te de aspiração de scereçðes orofaringeas. A colonização da faringe ocorre em I a 6% dos individuos aparentemente nor mais e em 30% dos alcoólatras que frequentam ambulató rios. A infecção por via hematogènica é ocasional, e os focos de origem são o aparelho geniturinário, digestivo e as feridas cirúrgicas contaminadas. A doença dos legionários é causada por um cocobacilo fran- camente gram-negativo denominado Legionella pneumo- phila. Esse agente causa cerca dela 16% das pneumonias comunitaras nos Estados Unidos, na Europa, em Israelena Austrália. A via de contágio é inalatória, por meio de partí culas de acrossol. A infecgão pode se iniciar com sintomas extrapulmonares gastrintestinais (diarreia, vômito e náusea). neurologicos (cefalcia, confusão mental, agitação), renais (hematúria, proteinúria e insuficiência), musculoesqueléti- cos (mialgias e artralgias) ou com manifestações laborato- riais eletroliticas (hipocalemia e hiponatremia). A doença pode ser grave, as vezes fatal, ou assumir umna forma subclinica, mais indolente, manifestando-se apenas por febre-a febre de Pontiac -, na qual as taxas de anti- corpos especificos apresentam-se em níveis bem clevados. Sugerem o diagnóstico, conglomerados humanos em am- bientes confinados, como escritórios com ar-condicionado, A doenga cm geral atinge individuOs previamente com prometidos e tem maior incidëncia em homens acima de 50 anos e em alcoólatras. O início dos sintomas é súbito com ex- pectoração abundante, viscosa, densa, purulenta ou mucos sanguinolenta. O paciente pode se apresentar em choque, gravemente enfermo, cianótico, taquipneico e com calafrios. Sintomas gastrintestinais são frequentes e incluem náuseas, vômitos, diarreia e ictericia. Radiologicamente, os segmentos posteriores dos lobos superiores, os segmentos superiores dos lobos inferiores e a região subaxilar bilateral são os locais com maior probabili- dade de aspirar os émbolos sépticos quando o paciente está ou lugares com agua parada(p. ex., casas de praia com Su- primento de água provido por caixas d'água contamidas e pouco utilizadas e lagoas). As alteraçóes radiológicas sáo precoces, com um infiltrado de padrão tipicamente alveolar. Em geral esses infiltrados são localizados, unilaterais, de preferência comprometendo os lo- bos inferiores e muitas vezes se tornando bilaterais mesmo sob em decúbito dorsal. Nas formas clássicas, há abaulamento da fissura interlobar correspondente, cuja direção é contrá- ria ao lob0 acometido, decorrente do aumento de volume do lobo devido ao grande edema periférico na proximidade da fissura. Focos múltiplos de consolidação tendema coalescer ea formar abscessos por necrose das paredes alveolares. Ha preferència pelos lobos superiores, sobretudo o lobo superior direito. Tuberculose, pneumonia pneumocócica e pneumonia estafilocócica simulam radiologicamente essa doença. tratamento correto. Algumas vezes, pode simular sindrome da distrição respiratória do adulto (SDRA) e tromboembolismo pulmonar. As lesóes podem evoluir para cavitações insufladas, sobremaneira em imunodeprimidos. Comumente comprome te a pleura. A consolidação pode perdurar por até trës meses em média, mesmo na vigência de antibioticoterapia. Mycoplasma pneumoniae M. pneumoniae tem propriedades comuns a bactérias e virus, não apresenta parede e contém DNA e RNA. As pneumo nias por esSe agente sao mais comuns entre Jovens e adoles centes e raras após os 50 anos de idade. Não há preferëncia Chlamydia s As clamidias são germes gram-negativos ou läbeis e intrace lulares obrigatórios. A penetração de Chlamydophila psittaci Ocorre por aerossol nas vias respiratórias, onde o germe se multiplica disseminando-se pela corrente sanguínea para climática, mas a incidencia da doença aumenta em uma pe- riodicidade de três a cinco anos. A incidëncia é maior em comunidades que convivem em lugares fechados (orfanatos, penitenciárias, acampamentos, escolas, asilos). O contágio se dá por via inalatória, quando o germe, aderindo-se ao epi- télio brônquico, lesa os cílios. O inicio das manitestaçoes pode ser subito ou ocorrer de forma gradual e caracteriza-se por mal-estar, cefaleia, diversos orgaos nas duas semanas seguintes. Seguem-se te- bre, calafrios, odinofagia, cefaleia difusa e intensa, mialgia, anorexia, náusea, vômito, fotofobia, epistaxe, tosse e expec- toração, às vezes sanguínea. Hepatocsplemomegalia é fre quente. São raros os sinais de derrame pleural. Podem surgir manchas transitóriassemelhantesas que aparecem na tebre tifoide (manchas de Horder). A doença pode acometer um grande número de indivíduos que tenham tido contato com aves contaminadas. piratório sincicial); por inalação de pequenas particulas de aerossol (influenza, sarampo, varicela-zóster);e por inalação de particulas de aerossol maiores a curta distäncia (várias Outras viroses). Não há sintomas especificos dos virus, e a distinção entre pneumonia bacteriana e viral é, muitas vezes, dificil. Embora Radiologicamente, observa-se infiltrado intersticial bila teral, podendo surgir consolidação lobar ou segmentar. Os ganglios mediastinais costumam estar comprometidos. C. pneumoniae vem se tornando uma importante causa de infecção respiratória, além de também estar associada a muitos agentes bacterianos possam associar-se secundaria- arteriosclerose, coronariopatias, endocardite, miocardite e mente a uma infecção virótica, os mais comuns são S. aureus es. pneumoniae. As alteraçóes radiológicas em casos de pneumonia viral não são características o suficiente para distingui-las daque- las de causa bacteriana. Hiperinsuflação pulmonar pode es- tar presente. Adenopatia hilar e infiltrado reticulonodular são comuns nas infecções pelo virus do sarampo, influenzae adenovírus. Pontilhados densos difusos, muitos deles calcif- sarcoidose. Há uma predileção por idosos. A forma de apre sentação da pneumonia costuma ser mais branda, simulando inicialmente um resfriado comum. C. frachomalis acomete mais crianças, causando traco- ma, ceratoconjuntivite crônica, podendo levar à cegueira, linfogranuloma venéreo e pneumonias em recém-nascidos. A radiografia de tórax, verifica-se infiltrado intersticial di- fuso, acompanhado de hiperinsuflação. O germe pode ser encontrado na secreção colhida da nasofaringe corada por Giemsa, que é positi cados, podem ser encontrados na pneumonia por varicela. O virus respiratório sincicial pode estar associado a pequenas arcas de atelectasia intercaladas com parenquima de aspecto normal. Podem ocorrer infiltrados bilateraís e difusos, seme- em 90% dos casos. hantes aos cncontrados na SDRA. Anaeróbios (pneumonia aspirativa) As espécies de anaeróbios gram-negativos isolados com maior frequëncia são Bacterioides, Fusobacterium e Peptos treptococcus, este gram-positivo. Menos comumente, tem-se Eubacterium, Clostridium, Lactobacillus, Proprionibacterium e Actinomyces, todos bacilos gram-positivos. Os anaeróbios Quadro clinico cOstumam estar presentes em 20 a 30% das pneumonias em geral. Seu diagnóstico é sugerido pelo relato de episódio de perda de consciència e hálito fétido. O diagnóstico deve ser suspeitado em casos de pneumonias graves em pacientes com A forma de apresentação clinica da PAC varia em função de caracteristicas do hospedeiro, como idade, estado imunoló- gico e presença de comorbidades. Os achados clinicos não permitem a distinção entre os diversos agentes etiológicos uma vez que a resposta inflamatória e o estado imunológico do hospedeiro sao os seus principais determinantes. Dessa infecção periodontal, da faringe e da boca, dentes em mau estado de conservaçáo c higiene precária da cavidade oral. O quadro clínico é variável, com tosse, cxpectoraçao de material fétido, dor pleuritica, emagrecimento e febre. A evo- lução é erônica, podendo gerar complicações graves, como hemoptise maciça, abscesso cerebrale piopneumotórax. Diversos padróes radiológicos são descritos dependendo da fase evoutiva da doença: infiltrados de padräo alveolar localizados nos segmentos gravitacionais-dependentes mais sujeitos à aspiração; consolidação segmentar, lobar ou irre- gular com uma ou mais áreas de necrose cavitária; imagem hidroaérea única ou múltipla (abscessos) de paredes espes- acompanhada de expectoraç�o. O escarro pode ser purulen- Sas e irregulares, e empiema pleural. maneira, a denominação de pneumonia fipica ou atipica, ba- scada na apresentação clinica, não deve ser utilizada comop parametro de presunçao do agente etiologico. Entretanto, uma história detalhada de exposiçâo, viagens, hábitos de vida, história médica pregressa e alguns achados clinicos e radiológicos podem sugerir agentes etiológicos especificose, dessa forma, permitira utilizaç�o de esquemas antimicrobiä nos direcionados (QUADRO 38.1.1). A maioria dos pacientes com PAC apresenta febre, cala- frios, tosse, dispneia e, Ocasionalmente, dor torácica. A toSse é o sintoma mais comum da PAC, podendo ser seca ou vir to, hematic0, com cor de tiyolo ou ferruginoso na pneumonia pneumocOCiCa, ao passo que na pneumonia por K. pneumo- niae pode apresentar coloração vermelho-escura. No caso de abscesso pulmonar, o escarro é malcheirosoe pútrido, indi- cativo da presença de anaeróbios. Pneumonia por virus Cerca de 80% das doenças respiratórias agudas são causa- das por virus. Os principais vírus envolvidos são os da gripe (intluenza), paraintlucnza, respiratório sincicial, adenovirus, rinovírus e reovírus. Os vírus herpes simples, varicela-zóster, citomegalovírus e Epstein-Barr causam doença sist�mica, acometendo secundariamente o pulmão. Em boa parte dos casos, o envolvimento se restringe ao trat0 respiratório su- Algumas tormas de apresentaçao, embora não patogno monicas da causa, sao classicas. Pacientes com pneumonia pneumocócica comumente apresentam calafrios, fcbre, eS carro mucopurulento c dor torácicaventilatório-dependen- te. Diarreia pode surgir em casos de pneumonia causada por clamidia ou legionela. Tosse seca, otalgia, miingite bolhOsa perior e de forma autolmitada. Pode haver acometimento cocasionalmente a presença de estado mental alterado po- dem sugerir pneumonia causada por micoplasma. Cefaleia podem ocorrer como processo primário ou como infecção é comum nos pacientes com pneumonia por legionela. A pneumonia por clamícdia é frequentemente precedida por infecçáo prolongada no trato respiratório superior com la- subclínico do trato respiratório inferior. As pneumonias bacteriana secundária. A transmissão viral pode se dar pelo contato dircto (p. ex., pelas mãos, seguida de autoinoculação do virus na mucosa nasal ou conjuntival -rinovírus e res- ringite, simulando uma infecção viral. QUADRO 38.11 Condições clinico-epidemiológicas associadas a patógenos especificos em pacientes com pneumonia adquirida na comunidade cONDIÇAO PATÓGENOS cOMUMENTE ENCONTRADOs Alcoolismo S. pneumoniae, anaeróbios, bacilos gram-negativos, M. tuberculosis DPOC tabagismo S. pneumoniae, H. infiuenzae, M. catarrhalis, Legionella sp. Precania higiene oral Anaeróbios Dposigao d morcegos HIStOplasma capsulatum Exposição a pássaros C. psittaci, Cyptococcus neoformans, H. capsulatum Exposigão a coelhos Francisella tularensis Suspeita de aspiraão de grande volume Anaerobios, pneumonite quimica ou obstruçao Doença estrutural do pulmão (bronquiectasias, fibrose cistica, etc.) P aeruginosa, Burkholderia cepacia ou S. aureus Usuário de drogas ilicitas S. aureus, anaeróbios, M. tuberculosis, P jirovecii Obstrução endobrónquica Anaeróbios presentes em consolidaçóes maiores. Sinais de consolidação lobar são comumente encontrados na pneumonía bacteria na. Sinais de derrame pleural devem ser procurados. A presença de confusáo mental constitui fator preditor independente de mau prognóstico, devendo ser avaliada de forma objetiva. O Escore de Teste Mental Abreviado é o instrumento mais utilizado e envolve 10 perguntas simples, pontuando cada resposta correta com um ponto. Um escore de oito pontos ou menos define a sua presença. Em pacientes idosos, as manifestações de pneumonia podem ser pouco específicas. Manifestações respiratórias e febre podem estar ausentes, e um estado mental alterado pode ser a única modificação. Em um estudo que avaliou S03 Ao exame fisico, os sinais mais comuns de pneumonia são taquipneia e taquicardia. A temperatura corporal está comumente clevada. O uso de musculatura acessória, ciano- se, confusão, taquipneia e hipotensáo indicam disfunçáo res- piratória grave. Bradicardia relativa (p. ex., temperatura axi lar de 38,3Ce frequência cardíaca menor do que 110 bpm) em paciente não usuário de fármacos inotrópicos negatrvos é um achado que pode sugerir infecção por Legionella sp. (FIGURA 38.1.3). Na ausculta pulmonar, podem estar presentes crepi- taçocs protoinspiratórias e roncos. Sinais de consolidação como macicez à percussåão, aumento do frêmito toracovocal e diminuição ou abolição dos sons respiratórios podem estar Pneumonia confirmada Com manifestações extrapulmonares Sem manifestaçoes extrapuimonares contato Com contato . pneumoniae H. influenzae M. catarrhalis Estreptococos do em zoonotico z00notico Bradicardia relativa Bradicardia Psitacose Febre Q Tularemia relativa + Pneumonia aspirativa IGURA 38.1.3 Fluxograma para abordagem clinica de pa cientes com pneumonia adquirida na comunidade. Legionela Micoplasma Clamidia Fonte: Adaptada de Cunha. pacientes idosos com PAC, a tríade de tosse, expectoração purulenta e dor torácica pleurítica esteve presente em ape- Exames laboratoriais Na avaliaçáo inicial dos pacientes, a saturação periférica de oxigênio (SpO,) deve ser verificada rotineiramente, antes do uso de oxigénio suplementar e logo no início da avaliação. Uma gasometria arterial deve ser realizada na presença de SpO, 90o em ar ambiente e em casos de pneumonía con- siderada grave. A presença de hipoxemia indica o uso de oxi- genio suplementar e admissão hospitalar. O exame mais frequentemente solicitado é o hemogra- ma. Pode haver leucocitose com desvio à esquerda, mas este é um achado de baixa especificidade e sensibilidade diag- nostica para PAC. Leucopenia em geral se correlaciona com pior prognóstico, independentemente do agente etiológico. A dosagem de proteina C-reativa (PCR) tem baixa sen- sibilidade e especificidade para predição da etiologia bac- teriana. O nível de proteina C-reativa inicial não apresenta boa associação com a gravidade da doença, mas 95% dos pacicntes hospitalizados tém níveis superiores a 50 mg/L Entretanto, a PCR pode ser útil no acompanhamento da res nas 30% dos casos. Abordagem diagnóstica Diagnóstico clinico Os achados clínicos de PAC são inespecíficos. A probabili- dade de pneumonia aumenta na presença de temperatura2 37.8C, frequéncia respiratória > 25 mpm, expectoração pu- rulenta, Irequencia cardiaca superior a 100 bpm, crepitagöes, diminuição dos sons respiratórios, mialgias e sudorese notur na. No entanto, a descoberta de um ou mais desses achados é insuficiente para se estabelccer definitivamentee o diagnóstico. Estudos tëm demonstrado que somente 40% dos pacien- tes com sintomas respiratórios e sinais fisicos de acometi- mento do trato respiratório inferior apresentam evidéncia radiologica de pneumonia. Sendo assim, o diagnóstico clí- nico de PACé impreciso, sendo obrigatória a realização da radiografia de tórax. posta terapeulica, sobretudo naqueles cuja hospitaltzação é necessária. Falha ao tratamento ou complicaçöes devem ser consideradas se o nível de PCR não se reduz por pelo menos S0% no quarto dia de terapia. Exames de imagem Dosagens de glicemia, cletrólitos e transaminases Uma radiografia de tórax, nas incidencias posteroanterior e não têm valor diagnóstico, mas auxiliam na decisá da de perfil, deve ser realizada em todo paciente com suspeita hospitalizaçáo, devido à identificação de comorbidades de pneumonia, As informades podem orientar o diagnós descompensadas. Cabe ressaltar que a elevação da ureia, tico, sugerir diagnósticos diferenciais com condigoes que independentemente do contexto do paciente, e o unico mimetizam pneumonia. identificar condiçóes coxistentes. achado laboratorial isolado com valor prognóstico adverso como obstrução brônquica, e complicaçóes como derrame pleural e empiema, dentre outras, além de avaliar a extensão na PAC do acometimento. A avaliação radiológica auxilia também no seguimento do caso quanto à evolução e à resposta ao tratamento O acometimento multilobar com infiltrado de surgimen- to repentino ou a presença de cavitaçöes sào indicadores de maior morbidade e mortalidade. O achado de consolidação, de forma isolada, não é especifico de pneumonia e. portanto, não confirma o diagnóstico de pneumonia infecciosa, uma vez que traduz, simplesmente, a presença de conteüdo pato logico ocupando o espaço aéreo distal. Eventualmente, em casos suspeitos, a radiografia de tó- rax é normal ou não sugestiva, Isso pode decorrer de desi ldentificação do patógeno (microbiologia e sorologias) dralaçáo grave, neutropenia profunda, estágio precoce da Aidentificação do agente etiológico, mesmo quando extensa pneumonia ou pneumocistose (10 a 20% das radiografias e invasiva, é de no máximo 60%. Além disso, os resultados Sao normais) ou da presença de lesöes estruturais paren quimatosas prévias, como enfisema pulmonar. Embora a inicial. Em nível ambulatorial, não é necessária a investiga- tomografia computadorizada (TC) de tórax helicoidal com çäo do agente ctiológico da PAC. cortes de alla resolução possua maior sensibilidade para a detecgão de infiltrados pulmonares em alguns pacientes com radiografia de tórax náo sugestiva, como ocorre em pacien principalmente quando houver suspeita de patógeno resis- tesneutropénicos, ressalta-se que na maioria dos casos não cnecessria a sua realizaçåo, excetuando-se aqueles em que a apresentação clínica é duvidosa ou um diagnóstico diferen- cial se torna imperioso. No caso de pacientes de baixo risco de complicações ou obito, tratados ambulatorialmente, a radiografía de tórax é o dores à terapêutica instituida, pois normalmente têm baixo ATENCÃO Recomenda-se que pacientes com idade entre 15 e 55 anos portadores de PAC confirmada realizem, com consentimento pós-orientação, sorologia para o virus da imunodeficiência humana (HIV), sobretudo se a gravidade do quadro exigir hospitalização. nao estão disponíveis no momento da decisáo da terapéutica A coloraçáo de Gram ea cultura do escarro são reco- mendadas em pacientes que necessitam internação por PAC, tente ao tratamento ou um organismo não coberto pela te- rapia empírica. Hemoculturas devem ser reservadas para os indivíduos com necessidade de internação hospitalar. portadores de PAC gravee no caso de pacientes internados não responde unico exame subsidiário necessário. rendimento. A investigação sorológica não é útil para o tratamento dos pacientes individualmente. Sua indicação se restringe a levantamentos epidemiológicos de uma deteminada região Ou no caso de surlos epidemicos. A pesquisa do agente etio logico está indicada nos casos de PAC grave, ou para pacien tes internados nos quais ocorreu falha do tratamento inicial. Nesses casos, recomenda-se investigação microbiológica por hemocultura, cultura de escarro ou aspirado traqueal e amostras obtidas por broncoscopia nos pacientes em venti- lação mecnica. A pesquisa de antígeno urinário de S. prneu moniae deve ser realizada em pacientes com PAC grave, e para L. pneumophila especificamente em todos os pacientes não responsivos ao tratamento prévio. A sensibilidade gira em torno de 50 a 60%, e a especifici dade é superior a 95%. Contudo, a positividade pode perma- necer por muitos meses após a infecção aguda. A detecção monite aspirativa (pneumonia lipoídica), proteinose alveo- lar, aspiraçáo de suco gástrico, pneumonia em organização criptogênica, pneumoconioses, pneumonite lúpica c doenças intersticias. Em função disso, os pacientes tratados em nível ambu- latorial devem ser reavaliados pelo menos no terceiro dia de ratamentoe até a resolução completa do quadro. No caso de faléncia terapéutica (ou resposta insatisfatória), deve-se iniciar a investigação para situaçÖes que mimetizam pncu monia, complicações da PAC ou germes resistentes a terapia. Avaliação da gravidade do antigeno urinário do pneumococo por imunocromatogra fia de membrana é rápida (em torno de 15 minutos) e tem sensibilidade de 86%e especificidade de 94%. Entretanto, faltam evidéncias acerca do impacto da realiza_ão das soro- logias c dos antigenos urinários no manejo do paciente em relação à cscolha do esquema antimicrobiano, tendo portan- Partindo-se do princípio de que se está diante de um caso cujos achados correspondem a uma suspeita clínica de PAC, uma das decisóes mais importantes a serem tomadas, a se guir, se náo a principal, é o local onde será feito o tratamen to. Tal decisáo levará a condutas diagnósticas e terapéuticas que trarào rellexos no resultado final do tratamento bem como nos custos dele. Essa etapa constitui passo inicial dos diversos algoritmos atualmente disponíveis. to valor assistencial duvidoso. Devido à alta preval�ncia de tuberculose em nosso meio, deve-se realizar pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) no escarro em casos suspeitos. Por fim, nos casos de PAC grave, que obviamente serão hospitalizados, a investigação microbiológica deve ser ex- tensa (exame de escarro, hemoculturas, antígenos urinários para pneumococo e legionela, lavado broncoalveolar, etc.). Neste momento, torna-se necessário avaliar de forma objetiva a gravidade inicial do caso. Dentre os sistemas de avaliação atualmente disponíveis, o escore denominado Pneumonia Severity Index (PSI) foi derivado e validado em mais de 50.000 pacientes e utilizado em outras dezenas de publicaçóes como sistema de referência de gravidade. O PSI abrange 20 variáveis incluindo dados demográf+cos (sexo, idade e local de resid�ncia), comorbidades, alterações labo- ratoriais, radiológicas e do exame físico (QUADRO 38.1.2). Outros métodos diagnósticos Métodos diagnósticos invasivos, como a broncoscopia, es- tão indicados em situaçoes específicas (p. ex., suspeita de obstrução brônquica subjacente ou outra doença associada, Suspeita de germes oportunistas, e em pacientes graves que necessitem de internação em UTI). Derrame pleural significativo (acima de 50 mm de espes- samento na radiografia em perfil ou loculado) deve ser pun- A pontuação das variáveis presentes em cada caso per- mite a estratificação da gravidade em cinco classes, baseadas no risco de morte. O objetivo maior desse escore foi identi- ficar pacientes de baixo risco, os quais poderiam ser tratados ambulatorialmente. As classes I a Ill foram consideradas de baixo risco, e as classes IVe V, de alto risco (TABELA 3 1). As maiores limitações de tal escore såo a sua pouca pra- ticidade para avaliação de casos em consultórios e clínicas comunitárias, devido à necessidade de dados laboratoriais e cionado, preferencialmente antes do inicio do tratamento, com o objetivo de se descartar empiema ou derrame pleural complicado. Pacientes com PAC e derrame pleural, em geral, devem ser hospitalizados para monitoramento da evoluçåão. radiológicos imediatos, e o impaeto exagerado da variável idade, responsável pela avaliação subestimada do risco da pneumonia grave em pacientes jovens portadores da doença e com poucas alteraçöes clinicas iniciais, além do fato de nåo medir a gravidade específica da PAC. Assim, embora amplo ao refletir bem as comorbidades e anormalidades laborato Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial de PACé amplo e inclui infecçoes do trato respiratório superior, traqueobronquite aguda, tromboembolia com infarto pulmonar, carcinoma brôn- quico, carcinoma bronquioloalveolar, linfoma, atelectasia bronquiectasias infectadas, aspiração de corpo estranho, edema pulmonar cardiogénico, micoses pulmonares, fratu- ra de costela, contusâo pulmonar, infecção subdiafragmáti- ca, hemorragia alveolar, vasculites pulmonares, pneumonia cOsinofilica, pneumonite por hipersensibilidade, doença pulmonar induzida por fármacos (com destaque para meto- trexato, amiodarona, nitrofurantoína e sais de ouro), pneu- riais, o PS foi considerado pouco prático e, adicionalmente, subestima o risco em pacientes mais jovens. Outro modelo de estratificação de risco, sugerido pela Sociedade Britànica do Tórax, identificou quatro variáveis relacionadas com as alterações agudas da PAC que formam a base do sistema CURB (C = confusão mental nova - Mini- mental Teste < 8; U = ureia 50 mg/dL; R [de respiratory rate) 2 30/min; B [de blood pressure= pressáo arterial sistólica < 90 mmHg ou diastólica s 60 mmHg). Esse sistema apresenta valor preditivo negatívo em torno de 97% para o diagnóstico de pneumonía grave, porém valor preditivo positivo inferior (16 a 39%). QUADRO 38.1.2 Escore de pontos de acordo com a presença de fatores demográficos, clinicos e laboratoriais FATORES DEMOGRÁFICOS ACHADOS LABORATORIAIS E RADIOLÓGICOos IDADE pH 7,35 30 Ureia> 50 mg/dl Sódio < 130 mEql Gicose > 250 mg/dl Homens um ponto/ano de idade +20 Mulheres idade Procedentes de asilos +10 +10 - Hematócrito < 30% +10 PO,b0 mmHg Derrame pleural +10 cOMORBIDADES EXAME FISIC0 30 Neoplasia Doença hepática Insuficiéncia cardlaca congestiva Doença cerebrovascular Doença renal Pulso 2 125/min Alteração do estado menta requencia respiratória > 30/min Pressao artenal sistolica < 90 mmHg Temperatura < 35° ou >40'C 20 +20 +20 20 +10 +15 +10 +10 Fonte: Fine e colaboradores plicidadee facilidade de uso, reprodutibilidade e validação em comparação com escores mais complexos. A avaliaçâo deve ser completada com fatores sociais, demográficos, presença de doenças associadas descompensadas e queda da saturação periférica de oxig�nio, os quais também são determinantes na escolha do local ideal de tratamento (QUADRO 38.1.3). TABELA 38.1.1 Estratificação dos pacientes com PAC por classes de risco LOCAL SUGERIDO DE CLASSE PONTOS MORTALIDADE TRATAMENTO0 0,1% Ambulatornio S70 0,6% Ambulatório PAC grave 71-90 2,8% Ambulatório ou internaçào breve Uma definição prática de PAC como grave seria aquela que exige admissão em UTI. A apresentaçåo clínica inclui presença de falëncia respiratória, sepse grave ou choque séptico. A taxa de mortalidade é alta, entre 30 e 50%. Os cri térios validados são a presença de dois dentre tr�s critérios menores (Pa0/Fi0, < 250, envovimento de mais de um lobo pulmonar, hipotensão arterial: pressão arterial sistólica <90 mmHg ou diastólica < 60 mmHg) ou de pelo menos um dentre dois eritériOs maiores (necessidade de ventilaç�o 91-13 30 8,2%% Internaçào >130 29,2% Internação0 Fonte: Fine e colaboradores. Lim e colaboradores, acrescentando a idade superior a 65 anos e um ponto a cada uma das variáveis, aperfciçoaram O Sistema em estudo de derivaç�o e de validação, o qual pas- sou a ser denominado CURB-65 (e sua forma simplificada CRB-65, FIGURAS 38.1.4c 38.1.5), permitindo, assim, a avalia- ção do prognóstico de forma mais prática. A principal limitação desse escore é a não inclusâo das doenças associadas na estratificação do risco de óbito, como alcoolismo, insufici�ncias cardiaca e hepática e neoplasias, dentre outras. ESCORE CURB-65 CURB-65 B-65 cURB-63 u mais 0-1 Mortalidade baixa Mortalidade intermediária Mortalidade Diretrizes elaboradas c recentemente publicadas pela Sociedade Americana do Tórax e pela Sociedade Ameri- cana de Doenças Infeciosas recomendam o uso de um dos dois sistemas como ferramentas adequadas de avaliação da gravidade da PAC, que deve ser precedido pela avaliação do contexto das condições sociais e económico-culturais do pa- ciente (evidència grau I)." A SoCiCdade Brasileira de Pneumologia c Tisiologia (SBPT) recomenda a utilização desse escore devido à sua sim- lta 1,5% 9,2% 22% Prováve candidato ao Tratamento hospitalar como AC Considera tratament ambulatonal nospitala grave aliar UTI se escore 4 FIGURA 38.1.4 Escore de avaliaçáo CURB-65. ESCORE CRB-65 Tratamento ATENÇÃO CRB-65 CRB-65 CURB-65 3 ou 4 ou Na grande maioria dos pacientes com PAC, não se obtém o diagnóstico etiológico no momento do diagnóstico clinico, o que é desnecessário nos ca sOs não graves. A antibioticoterapia empírica é, portanto, dirigida aos microrganismos mais preva- lentes e de acordo com o local de administração do tratamento (domicilio ou hospital), a gravidade da doença, a presença de comorbidades e de fatores de risco para germes especificos como bacilos entéri cOs gram-negativos e P aeruginosa. A associaç�o de germes pode estar presente, mesmo nos casos am- Mortalidade Mortalidade Mortalidade 1.2% 31% ovave Ccandidato ao Avaliar tratamentoo hospitalar PAC ar Avaliar UTI se escore 4-S ambulatorial FIGURA 38.1.5> Escore de avaliação CRB-65. bulatoriais, mas tem maior impacto nos casos que exigem hospitalização. QUADRO 38.1.3 Etapas para avaliaç�o do local de tratamento em pacientes com PAC O início do tratamento nåo deve ser retardado em fun- ção da realização de exames ou por questóes administrativas sob o risco de aumento da taxa de mortalidade em 30 dias.A recomendaçao atual ea de que se inicie o tratamento o mais rápido possivel ainda no ambulatório ou no pronto-atendi- mento em que o paciente esta sendo examinado. As indicações atuais da SBPT para o tratamento ambu- latorial de PAC em pacientes previamente higidos são os ma crolideos ou betalactámicos, mas caso o paciente apresente outras docnças associadas ou uso anterior de antibacterianos (periodo de trës meses), deve-se prescrever uma fluoroqui- nolona isolada ou um betalactâmico associado a macrolídeo 1. Avaliar a presença de doenças associadas 2. Avaliar CRB-65 ou CURB-65 3. Avaliar grau de oxigenação e comprometimento radiológico Spo,<906: Indicaçào de internaçào Radiografia de tórax: Extensão radiológica Derrame pleural suspeito de empiema 4. Avaliar fatores sociais e cognitivos Ausência de familiar ou cuidador no domiclio - Necessidade de observaçào da resposta ao tratamento Capacidade de entendimento da prescriçáo (FIGURA 38.1.6). No caso de tratamento em nível ambulatorial, é essencial reavaliar o paciente em 48 a 72 horas (se possível, precedi- do por um contato telefönico após 24 horas do tratamento). pois este é o periodo critico da evolução desfavorável. Medidas gerais adicionais ao tratamento antimicrobiano são cessação do tabagismo, repouso, hidratação adequada e analgésicos/anti-inflamatórios não esteroides para controle da dor pleurítica, caso ocorra. A gravidade da doença e fatores do hospedeiro, incluin- do dade, comorbidades e alergias a farmacOs, ajudam a de- 5. Avaliar fatores económicos Acesso aos medicamentos Ketorno para avaliação 6. Avaliar aceitabilidade da medicação oral 7. Proceder julgamento clinico terminar a terapia antimicrobiana empírica para pacientes hospitalizados com PAC. Um betalactâmico associado a um mecanica ou presença de choque séptico) com sensibilidade de 78%, especificidade de 94%, valor preditivo positivo de 75% e valor preditivo negativo de 95%. Uma diretriz americana recentemente publicada acres centou aos critérios menores presença de frequéncia respi- QUADRO 38.1.4 Critérios de PAC grave e indicação de internação em UTI ratória superior a 30/min; relação Pa0yFi0, menor do quec 250; presença de infiltrados multilobares; confusão mental; ureia sanguínca maior do que 20 mg/dL; leucopenia secundá- ria à infecção; trombocitopenia e hipotermia ou hipotensáo arterial que exija repoSigao volémica agressiva. Embora ain- da não validado prospectivamente, na presença de trés crité- riOs menores, haveria necessidade do tratamento em UTl. A SBPT em sua diretriz, considera os critérios originalmente descritos por Ewig e colaboradores (QUADRO 38.1.4)." Critérios maiores -presenga de um critério indica necessidade de UTI Choque séptico necessitando de vasopressores -Insuficiència respiratória aguda com indicação de ventilação mecanica Critérios menores presença de dois critérios indica necessidade de UTn Hipotensão arterial Relação Pa0/Fi0, menor do que 250 Presença de infiltrados multilobares plo espectro com atividade contra S. preumoniae resistente à penicilina, P aeruginosa, S. aureus, ou membros da familia Enterobacteriaceac. A lerapia antimicrobiana empirica deve incluir uma cefalosporina de terceira ou quarta geraçáo ou uma combinação de bectalactämicos com inibidores da beta- lactamase, como piperacilina/tazobactam ou ticarcilina/cla- vulanato, com uma tluoroquinolona ou macrolideo. A terapla antimicrobiana de amplo espectro para PAC grave deve também incluir terapia contra organismos atípi- Previamente higidos- Macrolideos Betalactdmicos Pacientes ambulatoriais Doenças associadas Antibióticos-3 meses Fluoroquinolonas Ou betalactamicos +macrolideos cOs como Legionella. A coadministração de um macrolideo ou uma fluoroquinolona junto com um antibiótico betalactâmico (uma cefalosporina de terceira ou quarta geração como cefo taxima, ceftriaxona ou cefepima; ou piperacilina/tazobactam) tem mostrado diminuir a mortalidade em pacientes com PAC grave. A monoterapia tanto com macrolídeo quanto com uma fluoroquinolona não é recomendada em lais pacicntes. Emn pacientes com PAC grave c doença pulmonar cronica estrutu ral subjacente, hospitalizaçòes frequentes ou história de longa permanenciaem centros de cuidados (asilos), o uso de antimi- crobianos com atividade antipseudomonas (como cetepima, ceftazidima, ou uma fluoroquinolona com atividade aumen- tada contra S. pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa como levotloxacina) e recomendado. Internados nao graves Fluoroquinolonas ou betalactamcos macrolided Sem risco para Betalactámico + fuoroqui Pseudomonas nolona ou macrolideos Internados na UTI A terapia antimicrobiana empírica pode ser modificada uma vez que tenha sido identificado o microrganismo espe cifico e sua suscetibilidade esteja disponivel. A penicilina G parenteral é o fármaco de escolha para pacientes interna- dos com pncumonia pncumocócica sensível à penicilina. A pneumonia pneumocócica resistente à penicilina pode Ser adequadamente tratada com altas doses de penicilina (24 milhöes UI ao dia). Antibióticos parenterais podem ser trocados para tera- pia oral assim que o paciente apresentar resposta clinica fa- vorável e estabilidade hemodinâmica, se for capaz de tolerar medicaçóes orais e se não houver indicios de má absorçáo. A maioria dos pacientes apresenta dcfervescéncia dos sintomas e mostra melhora da tosse, taquicardia e taquipneia dentro de 3 a 5 das da terapia antimicrobiana efctiva. Pacientes com Com risco para Pseudomonas Betalactamicos quinolona FIGURA 38.1.6 Antibioticoterapia empirica sugerida para tratamento de pneumonia adquirida na comunidade. t Com o uso de betalactamico isolado, considerar a possibilidade de uma falha a cada 14 pacientes tratados. Amoxilicina: s00 mg comp. por via oral de 8/8 horas por 7 dias; azitromicina: 500 mg, via oral, dose unica diaria por 3 dias ou 500 mg no primeiro dia, seguidos de 250 mg por dia por 4 dias; claritromicina de liberação ràpida: 500 mg por via oral, de 12/12 horas por até 7 dias, claritromicina UD 500 mg (hberação prolongada): 1 comprimido por via oral por dia, por até 7 dias. Fluoroquinolonas: Levofloxacina 500 mg/dia, moxifloxacina: 400 mg dia, gemitloxacina 325 mg/dia Antipneumococo/antipseudomonas: Piperacilinatazobactam, cerepi pneumonia pneumocócica bacteri mica ou com L"glonella ma, imipenem, meropenem mais habitualmente levam mais tempo para melhorar (6 a 7 dias). A duração óima da terapia antimicrobiana para PAC náo foi ** Levofloxacina (750 mg) ou ciprofloxacina. Fonte: Corr�a e colaboradores. avaliada em estudos clinicos conirolados. A maioria dos tra- balhos tem administrado antimicrobianos por l0 a l4 dias nos casos de pneumonia moderada a grave. Nos casos leves e com boa resposta, o tratamento poderá ser feito por cinco dias. inibidor de betalactamase ou uma cefalosporina de terceira ou quarta geração (ceftriaxona ou cefepima) com macrolí- deo são apropriados para terapia inicial em pacientes hospi- talizados com doença moderada que não precisam de inter- nação em UTL. Uma terapia antimicrobiana alternativa para tais pacientes inclui uma cefalosporina de segunda geração, como cefuroxi- ma, um macrolídeo isolado (claritromicina ou azitromicina) ATENÇÃO Para considerar alta hospitalar de um paciente, este não deve apresentar nas 24 horas prévias mais de um dos seguintes critérios: temperatura acima de 37,8C, pulso acima de 100 bpm, frequencia respira toria acima de 24 mpm, pressão arterial sistólica me- ou uma fluoroquinolona com atividade contra S. pneumoniae (levofloxacina ou moxifloxacina). Fluoroquinolonas não são aprovadas para uso em crianças (menores de 18 anos). Pacientes com PAC grave necessitando manejo em UTI precisam de um regime antibiótico empírico inicial de am- nor do que 90 mmHg. saturação de oxigenio menor do que 90%% e ausência de via oral. Resposta ao tratamento e falência teraputica 64 anos de idade ou portadores de doenças crônicas. Cerca de 50% dos pacientes hospitalizados por PAC ou bacterie mla pneumococica apresentam historia de internaçao nos ultimos cinco anos e tem 6 a 9% de chance de reinternaçäo. A resposta ao tratamento em pacientes idosos, diabéticos e imunossuprimidos pode ser protraída, nào justificando mu danças precoces do tratamento sem justificativa clínica. Na auséncia destas e de outros fatores, espera-se estabilização do quadro por volta do terceiro dia. Nesses pacientes, a vacinação antipneumocócica pode redu- zir o risco de morte e de hospitalizações pela doença. A vacina atualmente disponível contém antígenos dos 23 sorotip0s mais frequentes, e a sua eficácia, em indiví- duos imunocompetentes, varia entre 64 c 71%. A resposta imunogënica em idosos varia de 40 a 60o, sendo menor A deterioração rápida, em 24 horas, ou uma resposta clínica insatisfatória após sete dias indicam reavaliação mi- nuciosa do caso e o uso de diversos recursos proped�uticos para o esclarecimento diagnóstico. As situações comumen te responsáveis por essa evolução incluem escolha inade quada do antibiótico; presença de microrganismos náo usuais, inclusive dos oportunistas; presença de complica- çoes (meningite, artrite, endocardite, pericardite, peritoni- do que a obtida em individuos mais jovens, e interior tam bém nos indivíduos imunocomprometidos. A vacina induz a tormaçao de anticorpos contra a capsula polssacaridea dos pneumococos. Estão em desenvolvimento e em inves tigaçáo vacinas conjugadas para adultos, nos moldes das que são utilizadas em crianças, cujo objetivoé proporcio- nar maior poder imunogënico do que as vacinas polissa- te, empiema pleural)e presença de doença nao infecciosa, que inclui extensa lista de doenças circulatórias, neoplási- caridicas. As indicações atuais da vacinação antipneumocócica säo: Case inflamatórias. Individuos com idade igual ou superior a 65 anos. Pacientes com idade entre 2 e 64 anos, portadores de enfermidades crônicas, particularmente vulneráveis ås infecçoes invasivas e às suas complicações, como doen- ças cardiovasculares crônicas; DPOC; diabetes melito; alcoolismo; hepatopatias crônicas; fistula liquórica: por- tadores de implantes cocleares; asplenia funcional oOu Tratamento adjuvante No caso de pacientes sépticos graves e hipotensos (pressáo arterial média igual ou inferior a 65 mmHg), deve ser feita pronta reposição volëmica a fim de se alcançarem os niveis de estabilidade nas primeiras seis horas. Na ausência de restabelecimento da pressão arterial após reposição volémica adequada e uSo de fârmacos vasoativOs, deve-se considerar a infusão intravenosa de hidrocortisona em baixas doses, habitualmente 200 mg em bolus, seguidos pela infusão de 10 mg/hora durante sete dias. anatómica. Indivíduos imunocomprometidos: HIVIAIDS, doença oncológica e onco-hematológica, insuficiéncia renal cro- nica, síndrome nefrótica, usuários de corticoides e imu- nossupressores, bem como transplantados. Indivíduos residentes de asilos. Prevenção por vacinas Imunização anti-influenza Individuos com mais de S0 anos, aqueles em maior risco de complicações associadas à gripe, pessoas em contato domici- liar com outras de alto risco, além de profisionais da saúde, A maioria dos individuos requer uma ünica aplicação da vacina. A revacinação é recomendada, decorridos pelo me- nos cinco anos, para os imunocomprometidOs e para aqueles que receberam a primeira dose antes dos 65 anos. Efeitos adversos incluem reaçöes locais (edema, dor e hiperemia), sendo raras e autolimitadas as manifestaçöes sistëmicas (reação febril, mialgia e artralgia). devem receber vacina anti-influenza de vírus morto. São suscetíveis às complicaçöes da gripe pacientes por- tadores de doenças crônicas: cardiopatase pneumopatas (inclusive asmáticos); portadores de doenças metabólicas, inclusive diabetes melito, distunçao renal, nemoglobinopa tias ou imunossupressáo induzida por fármacos e pelo HIV; CASO CLÍNICOI Feminina, 16 anos, há duas semanas com febre de 39°C, gestantes; e residentes de asilos. calafrios e prostração. Relatava episódio prévio de gripe. Tosse inicialmenteseca e agora produtiva e purulenta. A vacina anti-influenza tem como contraindicação a hi persensibilidade à proteina do ovo. No caso de doença febril aguda, a vacinação deve ser feita após a resolução dessa ma- nifestação. Gram do escarro sem bactérias. Hemograma sem leuco citose e DE. Usou amoxicilina sem melhora clinica. Raio XeTC de tórax com consolidação e broncograma aéreo. Lavado broncoalveolar mostrou BAAR positivo. Este caso Imunização antipneumocócica A taxa de mortalidade por infecção bacteriêmica pneumo- cócica é alta, especialmente entre indivíduos com mais de ilustra o cuidado como uso de fluoroquinoionas no Bra- sil. Se possibilidade de tuberculose, evitar o uso (FIGURAS 38.1.7 A e B). M FIGURA 38.1.7 Caso 1. CASO CLÍNICO II CASO CLINICO II Feminina,75 anos, fumante, 60 ano5-maço. calafrios tre mulantes, dor torácica ventilatório-dependente HTE, es- carro purulento, febre de 39C. Radiografia de tórax com consolidação bilateral no lobo médio e língula (FIGURAS 38.1.8 A e B). Leucócitos: 24.000 com 17% de bastöes. Mulher de 33 anos, tosse seca e febre de 38C. Negava contato com animais. Estertores crepitantes no tergo In ferior do HTD. Hemograma sem desvio para a esquerda, mas com 16.000 leucócitos. Melhora após uso de fluoro- Hemoculturas positivas para S. pneumoniae. Gram do escarro com diplococos gram-positivos (FIGURA 38.1.8 C). quinolona por sete dias. Sorologia: C. pneumoniae 1: 386. Raio X: focos de consolidação e infiltração peribrônquica em lobo inferior direito (A); regressão das alteraçóes (B). (FIGURAS 38.1.9 A e B) FIGURA 38.1.8 Caso 2. FIGURA 38.1.9 Caso 3.
Compartilhar