Prévia do material em texto
Endometri�� ● Definida pela presença de tecido que se assemelha à glândula e/ou estroma endometrial fora da cavidade uterina ● Doença benigna, estrogênio dependente, crônica e multifatorial ● Acomete principalmente mulheres no menacme → Quadro clínico ● Os sintomas clínicos associados ao exame físico são capazes de levantar a hipótese diagnóstica em aproximadamente 70% dos casos. ● Dismenorreia – principal sintoma relacionado a doença ● Dor pélvica crônica ou acíclica: imprevisível ou intermitente ao longo do ciclo menstrual - desconforto, dor pulsante e aguda, e frequentemente piora no decorrer do tempo ● Dispareunia – profundidade ● Alterações urinárias: disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional ocorrem durante o ciclo menstrual ● Alterações intestinais – distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, disquezia e dor anal → Diagnóstico ● Especular: nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco posterior ao exame especular sugerem a doença ● Toque: útero com pouca mobilidade - aderência pélvicas, nodulações dolorosas fundo de saco posterior, massas anexiais (endometriomas) ● Ultrassonografia pélvica e transvaginal com preparo intestinal ● Ressonância magnética ● Videolaparoscopia ● Enema opaco e colonoscopia – baixa sensibilidade e especificidade – somente avaliam a superfície interna da alça ● TC – dificuldades em diferenciar e delimitar as lesões e os órgãos pélvicos → Tratamento clínico ● É eficaz no controle da dor pélvica e deve ser o tratamento de escolha na ausência de indicações absolutas para cirurgia ● O principal objetivo do tratamento clínico é o alívio dos sintomas álgicos e a melhora da qualidade de vida, não se esperando diminuição das lesões ou cura da doença, mas sim, o controle do quadro clínico ● Progestagênio - ORAL e NÃO ORAL ● Acetato de Noretindrona – 2,5 a 10mg/dia ● Dienogeste – 2mg/dia ● Gestrinona 2,5 a 5mg/dia – muitos efeitos androgênicos ● Acetato de medroxiprogesterona 150 mg intramuscular a cada 3 meses ● Implanon ● DIU liberador de levonorgestrel – Mirena/Kyleena – opção de longo prazo ● Contraceptivo combinado ● Podem ser indicados por via oral, intramuscular, adesivo de absorção subcutânea ou anel vaginal ● Nenhuma combinação se mostrou superior à outra no tratamento clínico da endometriose e ainda não há consenso se a administração deve ser contínua ou cíclica ● Danazol: Cria um ambiente hipoestrogênico – bloqueio do eixo H-H-O, inibindo a liberação do LH e a esteroidogênese, aumentando a testosterona livre, via oral na dose de 100 ou 200 mg/dia ,boa eficácia, mas pouco utilizado devido aos seus efeitos colaterais hirsutismo, acne e ganho de peso ● Agonista GnRH: agem no hipotálamo, ocupando os receptores do GnRH, provocando a inibição da liberação de FSH e LH pela hipófise, levando a anovulação e estado hipoestrogênico semelhante ao climatério (zoladex, lupron, gonapeptyl) ● Inibidores da aromatase (uso off label): inibindo aromatase reduzindo estradiol circulante, indicação restrita devido aos efeitos colaterais – formação de cistos ovarianos volumosos (letrozol, anastrozol) ● Anti-inflamatórios não hormonais (AINHs): frequentemente utilizados na dismenorreia primária, porém não existe evidência científica para o uso nas pacientes com endometriose → Endometriose e infertilidade ● Existe grande associação entre endometriose e infertilidade, e alguns estudos mostram que entre 25% e 50% das mulheres inférteis são portadoras de endometriose e que 30% a 50% das mulheres com endometriose apresentam infertilidade ● Diversos mecanismos têm sido propostos para a correlação da endometriose com a infertilidade, porém a literatura ainda carece de evidências consistentes que comprovam essa associação ● Teorias: - aderência e distorções anatômicas geradas pela endometriose dificultariam a liberação de óvulos, a captação pela tuba e transporte oocitário até o útero - Alterações no fluido peritoneal, com concentração elevada de prostaglandinas, proteases e citocinas inflamatórias e angiogênicas e o aumento de linfócitos, IgG e IgA no endométrio, compromete a fertilidade - A abordagem da paciente com endometriose e infertilidade é controversa - O tratamento medicamentoso hormonal para supressão ovariana em pacientes com infertilidade e endometriose para a melhoria de fertilidade não deve ser prescrito pois não há comprovação científica de de qualquer benefício - A única medicação que pode ter benefício para a melhora das taxas de gestação são os análogos de GnRH, quando utilizados por até três meses especificamente antes da fertilização in vitro (FIV) - Uma alternativa para essas pacientes é o tratamento cirúrgico da endometriose para a melhora da fertilidade. - Pacientes que realizaram a exérese dos focos de endometriose, a taxa de gestação foi maior em comparação àquelas em que se realizou apenas a laparoscopia diagnóstica. → Tratamento cirúrgico da dor pélvica em pacientes com endometriose ● O tratamento clínico de endometriose é a primeira linha de tratamento. ● O tratamento cirúrgico deve ser oferecido às pacientes em que o tratamento clínico for ineficaz ou contraindicado por alguma razão. O objetivo da cirurgia é a remoção completa de todos os focos de endometriose, restaurando a anatomia e preservando a função reprodutiva. → Endometriose peritoneal ● Apresentação: lesões negras, vermelhas, brancas, hipervascularizações e falhas peritoneais tipicamente superficiais ● A eletrocirurgia é o método de escolha para a excisão desses focos → Endometriose retrocervical e intestinal ● A endometriose retrocervical pode envolver os ligamentos uterossacros, torus uterino, cúpula vaginal e o septo retovaginal e as lesões podem também acometer a parede anterior do retossigmoide ● O tratamento cirúrgico com ressecção da área acometida é a forma terapêutica mais efetiva nesses casos, com alívio dos sintomas ginecológicos, digestivos e controle da dor → Endometriose do trato urinário ● O tratamento depende do estágio da doença no momento do diagnóstico e da presença ou não de lesões associadas. 1% dos casos. → Complicações ● As complicações comuns relacionadas a todos os procedimentos abdominais laparoscópicos podem ser relacionadas ao pneumoperitônio e às punções de agulha de Veress e dos trocateres. ● PNEUMOPERITÔNIO - hipercapnia, embolia gasosa, enfisema de subcutâneo, pneumotórax, arritmias cardíacas e diminuição do retorno venoso. ● PUNÇÕES - perfuração de vísceras sólidas e ocas, lesão de vasos sanguíneos e infecção e hérnias dos portes dos trocateres. ● As principais complicações do tratamento cirúrgico da endometriose intestinal podem ser divididas entre as relacionadas ao procedimento videolaparoscópico abdominal específico, as intraoperatórias e as pós-operatórias: - Intraoperatórias: relacionadas com as ressecções intestinais são lesão da parede intestinal por tração ou diatermia, sangramentos por lesões vasculares, lesões ureterais e vesicais e lesões ginecológicas em vagina, útero e anexos. - Pós-operatórias - deiscência de anastomose com fístula, peritonite e/ou abscessos, estenose das anastomoses, fístula retovaginal e retenção urinária.