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P ág in a2 P ág in a3 Olá Amigos, Segue a edição do nosso trabalho Raios de fim de ano. BREVE EXPLICAÇÃO: O Raios é um trabalho que surgiu há pouco tempo, que me lembre 2018. Ele é organizado por alguém que monta um Grupo especifico para isto. Sempre foi para algum TJ. É geralmente bem próximo ao certame, pois é uma revisão para aquele concurso. Consiste em um conjunto de dicas jurídicas montadas por vários concurseiros. É inspirado no chamado Brainstorming (tempestade de ideias). Isto significa, aqui em nosso “juridiquês”, reunir o máximo de informações possíveis num curto espaço de tempo. Para tal, forma-se um Grupo temporário onde são convidados amigos de amigos ou de pequenos grupos de estudo, a fim de manter a qualidade do trabalho. O “evento” este ano ocorreu dia 19 de dezembro, no intervalo das 19h as 20.10h. Ao final começa o trabalho interno para elaborar esta linda Edição. A Edição Raios Retrospectiva 2020 deu muito certo, foi quando surgiu a ideia de fazer um Compilado mais aprimorado para que as dicas não se perdessem, o que já vinha sendo feito para alguns concursos de Magistratura em outros Raios. É um trabalho que reúne concurseiros solidários, seja na sua montagem, na divulgação, na sua edição e é claro seja quem colabora com as dicas. E por isto resolvemos repetir agora no final de 2021. Como tenho a sorte de conhecer pessoas maravilhosas, que ajudam pelo simples fato de ajudar (pessoas de índole mais altruísta), isso oportuniza a realização deste lindo Projeto Raios de fim de ano. Sem se esquecer que todos estamos sempre aprendendo conteúdos e evoluindo como seres humanos quando realizamos determinados trabalhos de índole coletiva. Formamos aqui um ótimo Arquivo de Revisão, numa leitura leve, contando com a maior parte escrita e também várias imagens. A Edição/Sumário tomou por base o Concurso da Magistratura, inovando com a introdução de Humanística. Serve, claro, para outros concursos, especialmente Ministério Público, pois muitos participantes estudam para esta carreira e até mesmo alguns Depoimentos são de membros da Instituição (mas claro que serve para outras também). P ág in a4 O Arquivo pode ser compartilhado abertamente, em grupos, drives públicos, amigos, enfim...Especialmente informo alguns DRIVES PÚBLICOS onde este trabalho poderá ser encontrado: a maravilhosa Carol @conquistandoatoga com um drive jurídico de enorme utilidade para o universo concurseiro. A famosa Renata @emsconcurseira com seu serviço de S.O.S a concurseiros. Também os amigos Tadeu @brocandoasbancas, João Felipe @cadernomagis e Moyses @partiuconcurseiro. Além dos pop stars, ora integrantes dos trabalhos internos: @eduardobelisario (o melhor material de lei seca), a Ju @concurdiva e o Yan @tecendoatoga. É um trabalho público, diferente de outros realizados em grupo que são fechados, portanto, fiquem à vontade. Deixamos nosso agradecimento a cada um que colaborou para nosso trabalho. Porque o espírito do Raios e justo ser feito por vários concurseiros que lançam dicas sejam próprias, sejam retiradas de material, livros, professores, instas, enfim... Não há como sabermos e nem citar as mais de 200 pessoas do Grupo, até porque nem todos efetivamente atuam. Então cada um que teve o seu pequeno trabalho em separar uma dica, saibam que sem vocês o trabalho não seria possível. A Equipe de trabalho Raios foi como no ano passado, irretocável. Este ano formamos 11 (onze) pessoas. Foram 3 (três) na compilação das dicas e imagens, 7 (sete) na revisão e a cereja do bolo: Bruno Alves, que faz a linda Edição final de tudo isso, revelando seu dom com muita solicitude. Integraram a Equipe do trabalho deste ano (interno e externo hehe) três pessoas formidáveis: a Danielle, a Ju Concurdiva e o Euclides. Por fim, agradeço a quem dedicou seu tempo elaborando nossos lindos Depoimentos. São pessoas todas muito especiais e registro o quanto de carinho e preocupação que eles tiveram para fazer. Sem falar que com a correria de fim de ano resolvi inserir os depoimentos já bem perto do dia do evento e alguns estavam até P ág in a5 de plantão. Acredito dar um toque especial no nosso trabalho, ver pessoas que ontem estavam juntos ali na caminhada (muitas vezes no dia a dia em grupos de estudos) e hoje membros do Poder. Sabemos o quanto as palavras de cada um inspiram a todos, às vezes se amoldando a como uma luva para cada pessoa seja por que motivo for. FORÇA, FÉ E UMA CAMINHADA DE PAZ A TODOS. BONS ESTUDOS Rio de Janeiro-RJ, 10 de janeiro de 2022 BEATRIZ BARROS (e Equipe Raios) COORDENAÇÃO COMPILAÇÃO DESIGNER Beatriz Barros Danielle Zische Bruno Alves Euclides Sampaio Juliana Brancalhão REVISÃO Beatriz Barros Daiane Medino Eduardo Belisario Jessica Fernandes Tatiane Levandowski Tiago de Carvalho Yan Walter P ág in a6 rimeiramente, gostaria de me apresentar, eu me chamo Fabrício Miranda Mereb. Assumi o cargo de Promotor de Justiça de Mato Grosso em 26/02/2021, e, também, fui aprovado no concurso de Delegado de Polícia de Mato Grosso, nomeado em 17/12/2021, porém decidi seguir a carreira ministerial. Talvez quando se olha para um aprovado, enxerga-se um oceano de vitórias, mas infelizmente não é a verdade! É um caminho repleto de derrotas, frustrações e um terrível sentimento que a posse nunca irá chegar. Igualmente, há o sentimento de como se enxergaria em 10 anos sabendo que o projeto falhou. Mas se acalme! A vitória sempre está bem ali na praia, só precisamos nadar mais um pouquinho. Ela é bem mais concreta do que imaginamos. Para fazer a travessia desse oceano, cheio de tempestades, eu me apeguei nas mãos de Deus e pedi para Ele me guiar. Em determinados momentos pensei estar à deriva, e em algumas ocasiões eu estava mesmo, porque ousei duvidar do projeto de Deus. Principalmente, quando passava estudando meses para uma prova, chegando à biblioteca às 8:00 horas da manhã, fazendo um almoço de 1 hora, trabalhando mais umas 3 horas (advogava e ajudava minha mãe a vender roupas), logo voltava à biblioteca, de onde eu só saia às 22 horas da noite, para chegar na prova, e ficar por uma questão de algo que eu sabia (sinto em lhes dizer, mas acontecia com uma frequência maior do que esperava). Entretanto, aprendi nessa caminhada que o nosso erro é achar que nossas derrotas são derrotas. Mas não! Tudo depende de como as enxergamos, porque as minhas foram bênçãos, seja para me preparar melhor para o cargo que eu exerço hoje, seja para ter vivido tudo o que eu vivi. P P ág in a7 Da mesma maneira, achar que todas as bênçãos recebidas são bênçãos, é um erro enorme. É recorrente nas carreiras jurídicas a perda da saúde mental, seja pelo excesso de serviço, seja pela falta de vocação ou mesmo, porque a bênção chegou em um momento que não se estava preparado para a responsabilidade que viria, negligenciou a caminhada e os outros pilares de sustentação da vida. Portanto, sou grato por cada minuto como concurseiro, como eu era feliz e não me dava conta disso. Um conselho? Aprender a amar a caminhada faz toda a diferença, valorize o seu processo! Os amigos de biblioteca que fiz, as trocas de experiências, as viagens, as aflições e, principalmente, a gratidão que eu tenho por ter tido oportunidade de ficar próximo da minha família, dado força para minha mãe (pessoa a quem devo o mundo inteiro) que ficou viúva do meu pai no mesmo mês em que colei grau na faculdade (dezembro de 2013), tornou-me ser quem sou hoje! Portanto: seja grato pelo agora, por mais difícil que esteja! Outro presente que os estudos me deramé minha esposa, conheci na biblioteca. Entre idas e vindas, ela me acompanhou em todo esse final de trajetória e em abril de 2021, nos casamos. Tenho certeza que se tivesse sido aprovado em outro concurso, eu não seria completo, sentimentalmente, como eu sou hoje. Por fim, essa rotina durou de maio de 2014 até outubro de 2020, sem que eu tirasse 1 mês de férias ou recesso: desistir nunca foi uma opção! Deus sempre me guiou, e hoje sou grato a cada um desses anos que eu “falhei”, inclusive, naquelas derrotas que eu não merecia. Tudo era plano de Deus, e o plano dele sempre foi me colocar, primeiramente, no Mato Grosso, por mais que eu insistisse em outras opções. Eu sou apaixonado pelo ministério público, amo ajudar as pessoas, atendê-las de uma forma humana, e transformar a vida das pessoas que estão a minha volta. Este perfil ativo, transformador da realidade, deixa-me eufórico. Hoje, na minha comarca, eu sou um facilitador de diálogos, muitas vezes, as pessoas chegam cheias de feridas, mas tudo o que elas querem é serem enxergadas e ouvidas. O promotor de justiça tem uma função primordial de criar pontes entre pessoas e poderes públicos para que cheguem na melhor solução possível. O sucesso profissional está naqueles que possuem um coração cheio de humildade e amor, os quais buscam, com muito sacrifício espalhar o amor e justiça pelo mundo, sem protagonismo. Então, não escolha a carreira pelo melhor estado, a que remunere melhor ou mesmo te dê um status, escolha aquela que irá te completar, a qual acordará feliz todos os dias para fazer um mundo melhor. E vale a pena? Muito!!! Cada segundo a mais que me dediquei, quando pensei que não dava mais. Cada minuto que chorei, porque pensava estar vendo minha vida passar na minha frente, onde eu só via paredes, pdfs e questões. Cada crise existencial, já cheguei a parar 15 dias para estudar para o vestibular de medicina, porque não aguentava essa incerteza do concurso (que só existe na nossa cabeça). Em resumo: eu amo o que eu faço, é isso o que faz a diferença. Talvez se tivesse entrado em outra carreira que não fosse o meu perfil, estaria frustrado e triste. Então, se pergunte o que te atrai em P ág in a8 determinada profissão. Se a resposta for, apenas, dinheiro, é melhor repensar os seus projetos. A vida é muita curta para passarmos 2/3 dela dormindo e fazendo o que não gostamos. Igualmente, se a carreira tirar sua humildade, peça exoneração e vá fazer qualquer outra coisa! A vida, também, é muito curta para viver em ilusão. O que eu mais agradeço é que eu continuo sendo o Fabrício com o mesmo jeito moleque e tímido. Às vezes querem falar com o promotor de justiça e eu levo um susto: “uai, o promotor de justiça sou eu” kkk. Somos, somente, mais uma formiguinha tentando contribuir para o que lugar que vivemos seja melhor, mais justo e igualitário. A servidora que efetua a higienização da promotoria tem o mesmo valor (até mais) que o promotor de justiça. A função aqui na Terra é amar e servir o próximo, se a cada vez que alguém fosse tomar uma decisão, fizesse o questionamento: “estou amando e servindo o meu próximo? A minha decisão reflete o amor de Cristo?” com certeza teríamos um mundo bem melhor. Crer em Jesus é amar o próximo: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.” 1 João 4:7-8 Essa convicção sempre foi meu catalisador nos estudos, quanto mais eu me frustrava, mais forte eu voltava. Deus nunca nos abandona. Ele só faz as coisas acontecerem no lugar certo. Você pode ser, facilmente, aprovado sem Deus, sem entregar para ele. Pode até ser feliz profissionalmente sem Deus, construir uma família feliz, porque o sol nasce para todos e Deus nos ama igualmente. Mas nunca se terá a certeza que estará vivendo aquilo que foi preparado e era o melhor para você. Cada decisão muda todo o futuro, não penso duas vezes em entregar para aquele que nos ama infinitamente, mesmo com todos os nossos erros, porque ele sabe de todas as coisas e tem o melhor sempre. Hoje sei que era ali meu lugar, naquele tempo. Sou grato a todo momento pelo cuidado que Deus teve comigo em toda a caminhada, me deu força quando eu não tive, me guiou quando eu não enxergava e me mostrou que, após ter entregado meu futuro para ele, eu só precisava ter feito a minha parte, me esforçado muito, porque de todo o reste ele cuidava. E aquilo que vem de Deus, ninguém tira. Então, faça os seus próprios resumos (lutei muito contra isso e me arrependo muito, mudou meu nível de estudos), questões, tenha rotina de estudos, curta essa caminhada, aproveite sua família, seus amigos, tenha horário de dormir e acordar. Faça amigos concurseiros, eles serão seus maiores aliados na aprovação, seja, igualmente, gentil com eles, troque resumos, informações. E, principalmente, mantenha os outros três pilares da sua vida sólidos – pilares da família, saúde e espiritual – para que o quarto pilar, profissional, possa se solidificar, também. FABRÍCIO MIRANDA MEREB (@fabriciomereb) Promotor de Justiça Substituto Posse no MPMT em fevereiro de 2021 – 9º Lugar P ág in a9 Olá, colegas! e início, adianto que não faz muito tempo que eu fui o sujeito que lia o depoimento dos aprovados/empossados em êxtase, e sempre visitado pela pergunta: quando será a minha vez? Sabemos que cada trajetória tem seus próprios percalços, mas a regra, na grande maioria das vezes, é que o resultado final seja alcançado, a partir da dose de persistência necessária. E se tem uma coisa que aprendi na vida dos concursos é que não se alcança a vitória sozinho. Claro que o dia a dia, trancado no quarto ou na sala de estudo, o esforço é solitário. Cada um conhece a própria batalha e entende das próprias dores, mas a caminhada em si é sempre compartilhada, seja com a família ou com outros colegas de estudo – dos quais muitos acabam se tornando amigos. E é aqui que surge a minha relação e, principalmente, a minha gratidão ao grupo Magisaudio. Os depoimentos, os conselhos, os materiais, a ajuda na reta final, as dúvidas compartilhadas, a maratona das 24h antes da prova oral, a palavra de conforto, o abraço (mesmo que virtual) na reprovação e o constante senso coletivo de ajuda formam uma base de apoio tão fundamental que fica difícil até adjetivar. Dessa simbiose em busca de um objetivo comum, não apenas me tornei magistrado como fiz amigos juízes, promotores, delegados e defensores de ponta a ponta do país. Se eu for citar nomes, certamente serei injusto esquecendo alguém no meio de tantos. Saibam que todos eles foram, no mínimo, necessários! Aos que ainda não chegaram lá, peço que tenham serenidade. Mantenham a resiliência sempre bem cultivada, tenham atenção com a saúde física e mental, tenham respeito pelo tempo e nunca se esqueçam que o aprovado de hoje, algum dia, também acreditou que ele não fosse capaz. E sabe a tal “síndrome do impostor” (talvez não seja pra mim, não sei como cheguei até aqui etc.)? Pois bem, não tente fazê-la deixar de existir, apenas não permita te consumir, pois ela nos acompanha mesmo depois da posse! Digo isso porque aprendi que duvidar de si é da natureza humana, mas não nos impede de nada. Se quiser conversar mais, pode me procurar no instagram (@luizpffm). Grande abraço! Que o próximo ano seja de vitória, aprovação e posse! Esperamos vocês. LUIZ PHELIPE Juiz de Direito do Estado do Ceará (aprovado em 2019, empossado em 2021) Aprovado para Juiz de Direito do Estado do Mato Grosso (2021). D P ág in a1 0 Olá Pessoal, oi uma grata surpresa ser convidada para escrever na Raios 2021 sobre minha trajetória até me tornar promotora de justiça. Afinal já sou velhinha, tendo sido aprovada há 5 anos, após 8 anos na carreira corporativa.A vantagem é poder compartilhar visões sobre a decisão, a preparação e sobre o dia a dia após a posse. Sempre fui daquelas que procurou “sentido” nas coisas, uma vida com “propósito”, uma marca no mundo, algo que transcendesse a satisfação individual e alcançasse o coletivo. Influenciada por essa intenção que pulsava em mim encontrei na semântica do termo minha escolha profissional: promover justiça. A decisão de qual carreira escolher é algo íntimo e, na minha opinião, não deve considerar remuneração, status ou influências externas, senão uma investigação profunda do que você deseja para sua vida. O caminho é duro demais para que não seja uma escolha exclusivamente sua. Após decidir, sabia que seria um projeto de médio e longo prazo. Assim, parti da regra 5W2H (que aprendi no MBA de Finanças concluído anos antes, pasmem!), segundo a qual projetos bem sucedidos se estruturam a partir das respostas a 7 perguntas (todas em inglês): 5W What (o que será feito?), Why (por que será feito?), Where (onde será feito?), When (quando será feito?) e Who (por quem será feito?), que se complementam com 2H How (como será feito?) e How much (quanto vai custar?). Se vale um conselho, façam essas perguntas e, após honesta reflexão, coloquem as respostas no papel, antes de começar a estudar para valer. É preciso disciplina, organização e dedicação na vida, e só através do autoconhecimento e do check list frequente dessas respostas é possível concretizar planos e/ou reajustar rotas. O importante é fazer sentido para você, ainda que o mundo questione. Não é demais lembrar que imprevistos e infortúnios ocorrem sem pedir nossa permissão. Eu mesma perdi meu pai 2 dias antes do edital e contra as probabilidades fui aprovada. Então não seja egocêntrico ao considerar que sua vida é mais difícil; que só você tem perrengues; que a vida daquele é mais confortável, e por aí vai. Não se compare com ninguém, cada conquista é pessoal. Valorize sua história, sinta orgulho de si e tenha certeza que só assim aprenderá a lidar com os desafios diários. E por falar em desafios, logo após a posse percebi que aquele meu ideal de justiça estava mais distante do que eu gostaria, entremeado num contexto repleto de burocracias, relatórios, processos e audiências. Muitas vezes me peguei fazendo tarefas urgentes e necessárias, mas que faziam pouco (ou nenhum) sentido para impactar positivamente na vida de alguém ou na coletividade. Faz parte, prepare-se para isso e aproveite a experiência de lidar com os percalços da preparação para desenvolver resiliência, característica que diferencia os profissionais. F P ág in a1 1 E, por fim, sua vida é muito maior que uma preparação para concurso. No futuro esses 2, 4 ou 6 anos serão uma pequena parcela dos seus 70 ou 80 anos. Por isso, exercite o equilíbrio: estudo, descanso e diversão, sob pena de sucumbir, adoecendo física e mentalmente, deixando de performar e descartando momentos e pessoas que não voltam mais. Lembre- se: 5W2H, faça tua parte, mas sem pressa ou pressão. Se não desistir, sua hora vai chegar. E se desistir, tudo bem também, apenas se lembre de reajustar a rota em rumo ao que te faz feliz, sem remorsos ou arrependimentos de suas escolhas, afinal “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir (Sêneca)”. Se uma pessoa puder se beneficiar dessas poucas palavras, já valeu a pena. Se precisarem de dicas, orientações ou outra ajuda, estou no direct do insta @angelicapjsp. ANGÉLICA RAMOS DE FRIAS SIGOLLO (@angelicapjsp) Posse no MPSP em Janeiro de 2016 Aprovada em 4º lugar (sendo o 1º lugar entre as mulheres) com grande prazer que aceitei o convite do Yan para falar um pouco da minha trajetória e, quem sabe, inspirar de alguma forma os colegas concurseiros que seguem na luta – até a posse! Para que me conheçam um pouco, devo dizer que cresci em uma família que sempre incentivou muito os estudos, de forma que crescemos sabendo que nossa herança era o conhecimento que adquiríssemos durante a vida. Durante a faculdade de Direito eu já sabia que queria concurso público e os cargos que sentia mais afinidade era o Ministério Público Estadual e Magistratura Estadual, por essa razão, durante os cinco anos de curso me dediquei a estudar doutrinas mais aprofundadas. Assim, eu queria ser concursada, mas sem perfil tradicional de concurseira, nesse período. Percebo hoje que foi uma boa estratégia para construir uma base sólida que muito me ajudaria no futuro. Após formada, fiz Mestrado, que durou dois anos, e nesse tempo me dediquei integralmente à minha formação acadêmica, estando afastada dos estudos de concurso. Findo o Mestrado, era hora de me dedicar inteiramente ao meu sonho profissional e, nesse momento, estava mais voltada para a magistratura estadual. Assim, comecei os estudos e a realização das provas, tive reprovações e com elas fui aprendendo o que estava faltando para avançar de fase. Por que não consegui o corte? Qual matéria me tirou? Que aspecto da disciplina eu estou em falha? É P ág in a1 2 Fazendo essas digressões a cada prova, eu fui crescendo e alinhando as arestas a cada nova oportunidade. Lembro que estava perto de fazer a primeira fase da prova de juiz do Tribunal de Justiça do Ceará e nos treinos estava fazendo poucos pontos em Direito Ambiental. Nesse momento eu pensei: “eu quero muito passar nessa prova e não posso chegar no dia sem ter feito o meu melhor”. Por isso, faltando algumas semanas para a prova, fiz um estudo intenso, na medida que o tempo me permitia, a fim de que estudasse ao menos o principal da matéria e pudesse chegar competitiva. No fim das contas, deu certo. Lembrem-se, colegas, que todas as matérias são importantes. Não é porque tem apenas três, quatro ou cinco questões que devemos ignorar aquele conteúdo. Vejo vários amigos concurseiros falando que não gostam da matéria X e Y. Eu, particularmente, sempre preferi não internalizar esse tipo de pensamento, afinal a prova está lá feita e só me resta “dançar conforme a música”. Algo que muito me incentivava era pensar no cargo que eu almejava, na importância social dele e a responsabilidade que iria assumir com a posse. Afinal, seria detentora de parte do poder do Estado, precisaria estar pronta, na medida do possível, pois lhes garanto que não nos sentimos prontos nunca. Isso me dava um gás para estudar assuntos que não gostava muito, pois sempre pensava que um dia iria me deparar com isso na minha profissão e queria estar apta para dar o meu melhor aos jurisdicionados. Resumo esse sentimento à linda frase de Santa Teresa D’ávila: “é justo que muito custe o que muito vale”. Nessa nossa caminhada, tão solitária muitas vezes, é sempre importante termos familiares e amigos para nos apoiar. Já vi depoimento de colegas falando da dificuldade de se dedicar aos estudos por não terem apoio familiar em casa. Não era o meu caso, mas, se for o seu, a dica que dou é se dedicar aos seus sonhos e provar a todos que estão errados em não acreditar no seu potencial, para que saibam que o seu sonho é sim possível e depende só de você. Busque forças em amigos, notadamente aqueles que compartilham do mesmo sonho, pois conseguirá ter o suporte que tanto precisa para os momentos difíceis, pois eles virão. Precisamos estar sempre prontos para cair, se recompor e, resilientes que somos, “arregaçar as mangas” e voltar com todo o gás para o nosso sonho. Lembro de derrotas que me deixaram muito abaladas, de vezes em que achava que seria feliz no estado “x” e, após a reprovação, me sentia muito triste e com dúvidas sobre a aprovação, se estaria pronta, se minha hora ia chegar. Para me ajudar sempre busquei fortalecer minha fé em Deus, acreditar que Ele me faria trabalhar no local em que eu seria feliz, realizada e no qual poderia ser a diferença para as pessoas dolugar. P ág in a1 3 Essa fé me fez seguir em frente e encarar as adversidades como degraus para que eu estivesse pronta quando fosse assumir o tão sonhado cargo. O intuito desse depoimento era ser breve e objetivo, mas percebam que falhei nesse ponto. No entanto, quis persistir com as palavras, pois gostaria que pudessem ver que todos aqueles que hoje estão aprovados passaram por dificuldades e provações até que a sonhada posse. Acreditem no percurso de vocês, se dediquem pensando no sonhado cargo, encarem as dificuldades dos estudos como preparação (“se eu quero tal cargo preciso dar meu melhor, ser minha melhor versão para merecer tamanha missão”). No entanto, caros colegas, lembrem-se de viver no caminho. Fazemos mil planos pós posse, mas a vida não começa depois, ela está acontecendo todos os dias e é tão bom saber amar o caminho, saber o quão valioso é cada dia em que nos sentamos e depositamos nas horas de estudo toda a energia na busca dos nossos sonhos. Sigam firmes e confiantes, a aprovação chega na hora e no lugar certo. Acreditem no caminho, tenham fé e perseverança que a vitória vai chegar! Sucesso e felicidade a todos. Um forte abraço dessa eterna estudante. MYLENA RIOS CAMARDELLA DA SILVEIRA Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Aprovada no TJCE, no TJBA (6° lugar), no TJMT (16°lugar), no TJAL (4° lugar / 1° lugar prova oral). Aprovada para Delegada de Polícia Civil do Estado do Piauí (6° lugar), para Conciliadora TJPI (2° lugar), Juiz Leigo TJPI (8° lugar) e Escrivão Judicial TJPI. A escolha por um caminho de “pedras”, transformando-as em ladrilhos ... Colegas concurseiros, egui os 3F (Fé, Foco e Força). Se achar por bem, siga também e seu momento “glorioso” chegará, mais cedo ou mais tarde. Como me disse uma amiga: “Deus não se atrasada, Ele capricha!”. Sei que a vida de cada um tem suas peculiaridades por vários motivos, da mesma forma foi e é a minha vida. Com um imenso incentivo de uma grande amiga de trabalho, iniciei o caminho de concurseiro para a magistratura. Casado, pai de duas filhas, Analista Tributário da Receita Federal com uns 20 anos de carreira, bem estabelecido na minha cidade (Fortaleza/CE). Mas, sentia que algo me faltava, que poderia ir além, apesar de pessoas dizerem que eu já tinha ido longe demais, que eu deveria olhar para trás e ver de onde eu saí, também diziam que eu não tinha “estudo” suficiente para tal pretensão. Nesse ponto, prevaleceu a Força! Mantenha-se firme. S P ág in a1 4 Quanto ao tempo, não se preocupem com a quantidade de concursos que farão, simplesmente façam os que quiserem e puderem. Eu fiz uns 25 a 30, pelo menos. Sabia que meu ritmo era o que eu poderia ter naquelas circunstâncias (atenção à família, trabalho…), mantenha o seu, a constância, ou seja, o Foco! É um diferencial nessa “caminhada”. Porém, não esqueçam que há pessoas nessa “caminhada” com você. As vezes, nem nos damos conta disso, não esqueçam delas, são essenciais também. Recebi uma lição de vida de minha filha (10 anos), quando me perguntou num sábado, eu estava recluso no quarto estudando: – Pai, o senhor ainda gosta da gente (se referindo a ela, a irmã e a mãe)? – E eu disse: Porque filha? O papai ama vocês! – Ela respondeu: O senhor só fica com esses livros. – De imediato fechei os livros e disse: Vamos brincar de quê? Quer sair para onde? O que você quer fazer? Dali em diante, mudei o tempo e ritmo de estudo, pois a lição que recebi foi: saiba dosar as coisas na vida, principalmente quando outras pessoas que você ama estão sendo envolvidas e afetadas. Fui reprovado quando achava que iria passar “fácil” (inclusive no TJCE). Várias reprovações por uma ou duas questões na 1ª fase ou décimos em 2ª fase. Um “tombo” feio numa 1ª fase (TJBA – 46 acertos). Passei em outros concursos, mas o objetivo era a magistratura. Aqui, a Força e o Foco! Foram sete longos anos de estudos, que passaram rápidos, por incrível que pareça. Verdade, pessoal! Até que chegou a aprovação na magistratura em 2017, no Estado do Amazonas. Agora era aguardar a nomeação. No dia 13/05/2021 recebi uma ligação do TJAM dizendo que saria nomeado. Tomei posse no final de junho de 2021, com 50 anos de idade, sou chamado por um amigo de concurso, carinhosamente, como vovô (risos)! Sou o mais velho de todos os aprovados do meu concurso. Aqui, e em tudo, a FÉ em Deus e Nossa Senhora de Fátima! Como disse: segui os 3F (Fé, Foco e Força). Se achar por bem, siga também! Abraços a todos, feliz festas natalinas e um 2022 repleto de realizações com muita paz, harmonia e saúde! EUNITON ALVES PEIXOTO Magistrado (TJAM) Posse em 2021 P ág in a1 5 hegar à Magistratura Federal para mim foi o final de uma longa trajetória, que se iniciou com a aprovação para o cargo de Oficial de Cartório da Polícia Civil do RJ, quando ainda fazia faculdade de Direito, passando por Oficial de Justiça e Advogado da União, cargo este que permaneci por quase dez anos. Quando me pediram um depoimento sobre minha aprovação, o que primeiro me veio à mente foi o dia em que cheguei em casa, logo após a prova oral, com a tão sonhada notícia da aprovação. Lembro- me de olhar a imensa pilha de livros e anotações bagunçadas no meu quarto e pensar...”e agora”? Por mais surpreendente que seja, o primeiro sentimento que tive não foi de euforia, uma explosão de felicidade ou alivio, mas um certo vazio misturado com melancolia. Passados mais de seis anos, ainda procuro compreender um pouco mais o que senti naquele momento. Quando embarcamos em uma jornada de estudos para concurso, muitas vezes não nos damos conta que, tão importante quanto o cargo pretendido, é a própria jornada que topamos empreender. Estudar para um concurso de ponta exige, via de regra, anos de dedicação, o que é em si um projeto de vida. Passei grande parte da minha vida adulta estudando para concursos. Algumas vezes com mais, outras com menos dedicação. Mas quando olho para trás não encaro isso como uma pesada cruz carregada nos ombros. Já li inúmeros depoimentos que falam dos sofrimentos, sacrifícios e privações que os concurseiros passaram até a sonhada aprovação, o que registro não em tom de crítica, já que esses dados são também verdadeiros, porém convido aos poucos leitores que tenham chegado até aqui a tentar enxergar esse caminho sob um diferente viés. Caro leitor concurseiro, ter a coragem a se lançar em uma competição, muitas vezes apenas lutando contra seus próprios limites, considerando que em grande parte dos concursos de magistratura e MP, ao menos, sobram vagas, é uma chance maravilhosa de acrescentar aventura, drama, suspense e comédia a sua vida. É um caminho em que você irá aprender muito, fará amigos, e verá também aqueles que são verdadeiros e permanecerão até o fim; você conhecerá o país, rirá muitas vezes, chorará outras, irá se divertir e também se revoltar. Mas lhe asseguro uma coisa, você se sentirá vivo. Passar ou não dependerá de muita coisa, não posso lhe prometer um final feliz, porém uma jornada feliz, posso garantir, isso só depende de você. E no final o que importa aqui nessa vida não é o final, é a jornada. Estou Juiz Federal, porém sou muito mais do que isso. Sou fruto de todas as experiências que vivi, e o cargo por si só não define quem eu sou. É apenas mais uma possibilidade de muitas outras. Sinto-me realizado profissionalmente, por poder ter um trabalho que é um instrumento para se fazer justiça, em que posso atuar com independência, e tenho uma remuneração digna. Mas o que nos dá senso de propósito e realização verdadeira nessa vida não é o cargo ou profissão que desempenhamos, porém o que somos em nosso íntimo e como, a partir dessa visão, encaramos a nossa vida e as pessoas ao redor. Já vi pessoas que desempenham funções consideradas humildes terem um sensode missão muito maior do que ocupantes de altos cargos, e por isso serem mais felizes e realizadas em suas vidas, impactando positivamente a todos em sua volta. Se me permite um conselho, apenas um, lhe diria: aproveite a jornada. Curta cada momento, inclusive os ruins. No final, se é que existe um, esses momentos mudarão você, o farão crescer e o tornarão uma pessoa melhor, independente do cargo que venha a ocupar. As derrotas C P ág in a1 6 ao longo são tão importantes como as vitórias. Forjam nosso caráter, nos dão resiliência e humildade; nos ajudam a ver que somos humanos, falíveis e imperfeitos por natureza, porém capazes de grandes façanhas quando movidos por sonhos aliados à disciplina e sobretudo esperança em dias melhores. MÁRCIO SANTORO ROCHA Juiz Federal (TRF 2ª Região) Posse em 2015 Olá meus amigos e amigas, como vão as coisas? Espero que muito bem!!! Serei breve, até mesmo porque o bom texto é o texto curto e, sendo curto, nem precisa ser bom, numa paráfrase ao poeta. uvi algumas vezes que o concurseiro é um sujeito que escolhe prestar concursos, do que discordei e discordo veementemente, pelo menos no meu caso não se tratava apenas de uma escolha e, para além de uma necessidade, era a convicção de que posso servir a sociedade de forma efetiva, exercendo um ofício vocacionado. E vocação não se escolhe, já se nasce com ela, dádiva de Deus! O concurso sempre fez parte de minha vida, com maior precisão desde de 2003, quando ocupei pela primeira vez um cargo público efetivo, cargo que ocuparia por quase doze anos. É preciso dizer que inúmeros foram os concursos prestados. Muitas foram as reprovações, muitas mesmo. Algumas por décimos, outras por pontos, outras por muitos pontos, todavia, dentre elas a mais dolorosa foi na Prova Oral do TJBA (meu Estado de nascimento) em 2020. Dor coletiva: sentida por mim, pela família, pelos amigos. A resiliência e a fé em Deus devem ser tidas como irmãs siamesas, inseparáveis portanto na vida do concurseiro. Nesse sentido, não se dar por derrotado é letra de lei, em vigência e extremamente cogente. Era preciso manter a fé, sobretudo porque se foi possível chegar a uma oral, por certo que Deus me agraciaria com outra(s), porém, com finais felizes, bastando apenas não desistir (postura que serve para tod@s). Foi exatamente o que aconteceu (e por certo acontecerá com todos que persistirem firmemente). Veio em 2021 a tão sonhada aprovação em todas as fases, até então, no concurso para delegado da Polícia Federal, ainda em andamento e pendente apenas do curso de formação (que também é fase do concurso ainda). Há também a oral do TJAC, que inclusive o resultado dos aprovados para a oral saiu primeiro que o TJBA, porém, o concurso encontra-se parado... O estudo para carreiras jurídicas é um estudo que exige muito (despiciendo abordar quão árdua é a tarefa, tod@s aqui sabem muito bem... e cada um com suas peculiaridades) e enfrentar esse desafio sozinho é, se não impossível, muito próximo disso. O P ág in a1 7 Por isso, tenho comigo que se não fossem as pessoas maravilhosas (Magisemáudio que o diga... solidariedade em peso na véspera da prova e um carinho sem tamanho por ocasião da reprovação, grupo sensacional!!! Colegas gigantes!!!) que encontramos pelo caminho e que nos auxiliam por ocasião das quedas, o levantar/prosseguir por certo seria muito mais difícil, muito mais. Assim, cumprindo a promessa de ser breve, encerro a narrativa de até então, a qual continua, sob a fé inabalável em Deus todo Poderoso, até que se achegue a tão sonhada posse, e que venha logo para todos nós!!! RICARDO SANTOS DE SOUZA APROVADO PARA O CONCURSO DE DELEGADO FEDERAL, fases objetiva, discursiva e oral – Curso de Formação em Junho de 2022 nicialmente, saliento a imensa honra a mim conferida por Beatriz, estimada amiga e colega de estudos de longa data, no sentido de contribuir de alguma maneira, ainda que minimamente, com a jornada de preparação para concursos dos colegas. Os últimos dois anos têm sido particularmente desafiadores. Imagino quantos de vocês tiveram a dor inestimável da perda de pessoas próximas a si. Aliado ao sofrimento íntimo, a repercussão negativa no ritmo de estudos, na concentração, na apreensão do conteúdo é inexorável. Outros, embora hajam tido a felicidade de não ser chagados com a perda de parentes, sofreram com depressão, angústia, desolação ante o isolamento social imposto pela pandemia. Por óbvio, há nestas condições fatores dificultadores para a jornada de preparação. Trago essa questão atual, colegas, justamente para tentar me solidarizar e suscitar um elemento no iter da preparação que deve ser introjetado e sublimado, no sentido da conscientização de que obstáculos há muitos, diversos, inúmeros no percurso. E eles não ocorrem apenas com você. Muitas das vezes, por uma enormidade de fatores que não me compete aduzir, particularizamos os dissabores da vida e esquecemos do outro; seja o amigo, o parente, o desconhecido, o colega concurseiro. Todos, em menor ou maior grau, independentemente da condição social, têm suas questões internas que lhes são intrínsecas, e que também, em menor ou maior grau, tornam-se fatores que se ligam, positiva ou negativamente, de forma umbilical à jornada de estudos. Cabe a cada um descobrir a forma adequada de enfrentá-los – família, amigos, terapia, meditação, reflexão etc. No meu caso particular, dois elementos foram o meu porto seguro: minha ex-companheira e a sinergia com os colegas de estudo. A primeira me apoiou incondicional e pacientemente. Foi extremamente compreensiva com minha necessidade de focar nos estudos (inclusive nas manhãs de sábados e domingos). Viagens? Praticamente não as fiz. As férias eram voltadas para intensificar os estudos. Ainda assim, ela nunca reclamou ou criticou minhas escolhas. I P ág in a1 8 Já a troca de experiências e estudo junto com os colegas concurseiros – alguns hoje amigos – foi imprescindível para as minhas aprovações. Inclusive, Beatriz e seu grupo de estudos no Facebook, o TJRIO foi um, dentre dois grupos dos quais participei, que realmente me impulsionaram para o êxito. Focados em resolução de questões e comentários acerca delas, pude notar o quanto melhorei meu desempenho nas provas. Reputo que a feitura de questões, aos milhares, é uma ferramenta essencial para o êxito na primeira fase dos concursos públicos. Não havia um dia sequer em que eu não resolvesse dezenas de questões por conta de tais grupos, em qualquer lugar que estivesse, diretamente do celular. Usava menos o qconcursos que tais grupos, a bem da verdade. Além disso, tive o imenso prazer de conhecer muitos dos colegas pessoalmente quando dos certames. Fato é após alguns anos de estudo focado, com muitas reprovações no caminho, tive a imensa felicidade de ser aprovado nas provas do TJMG e MPMG, optando por este último dada a maior afinidade com a carreira. Finalizo pedindo encarecidamente aos colegas que não desistam no meio da jornada, caso efetivamente tenham o sonho – consciente – de que seu objetivo profissional é a carreira pública, independentemente do cargo. A velha máxima de que só não é aprovado quem não desiste é a maior verdade que há. A título de exemplo, um ex-colega de magistratura, com o qual inclusive tive atuar em conjunto na qualidade de Promotor de Justiça, logrou ser aprovado após 10 (dez) anos de estudos. Cada um tem sua história, seu ritmo, e o êxito é condicionado a uma enormidade de variáveis. A busca pela aprovação não pode ser impulsionada pelo status, dinheiro ou tentativa de cumprir com expectativas alheias ou mesmo pessoais. A quantidade avassaladora de membros ou servidores frustrados, arrependidos e deprimidos na carreira é uma clara demonstração disso. Sem mencionar os que pedem exoneração ou retornam para o cargoanterior. E digo, alcançar a carreira que se almeja traz uma sensação indescritível de início, mas pouco tempo depois, garanto que tudo se normaliza, e a realidade do cargo traz novos e imensos desafios, os quais apenas mudam de roupagem em comparação ao período de preparação. Contudo, vale a pena, e muito! - ao menos no meu caso, garanto que valeu. Caso seja do interesse de vocês entrar em contato para um bate papo fiquem à vontade para me adicionar no Instagram! @lestrela LUCAS FARIA CERQUEIRA ESTRELA Promotor de Justiça – MPMG. Posse em novembro de 2019. Cargos anteriores: Agente administrativo – DPU Analista judiciário – TRT-RS Juiz de Direito – TJMG P ág in a1 9 unca foi fácil, mas sempre foi possível. A decisão de estudar para ser Promotora de Justiça veio acompanhada de abdicação, como é para qualquer concurseiro. Sem encontros com amigos, sem séries de TV, sem ócio, sem festas de família (até no meu aniversário viajei para concurso). Por seis anos e meio a minha vida se resumiu a trabalhar e a estudar todos os dias a mesma coisa. A vaga estava lá e só dependia de mim agarrá-la. Inevitável a sensação de que a nossa vida estaciona estudando para concurso. Vemos outras pessoas na praia, na balada, nas viagens, começando namoro, casando, tendo filhos… E nós? Entra Natal e sai Natal lendo revisão do DoD e mil páginas de um pdf imperdível para a prova que nunca conseguimos dar conta. Me confortava pensar que após a posse eu teria muito mais qualidade no tempo com as pessoas que amo. Foi fundamental na caminhada também estar agregada a outros concurseiros, dividindo a mesma realidade, seja para estudar, seja para compartilhar as dores e as delícias dessa vida dura. Grupos de whatsapp, encontros no skype, qualquer ferramenta que não permitisse o isolamento servia. Na minha caminhada foram mais de trinta concursos, acumulando reprovações em todas as fases, inclusive oral por míseros 0,06. O que me mantinha em pé (ou melhor, sentada estudando) era a minha fé em Deus. Tem quem cante no chuveiro; eu, chorando, ouvia Padre Marcelo Rossi para não desmoronar e para aguentar a minha caminhada. Alimente sua fé, seja qual for o seu Deus. Com essa trajetória não tinha saúde mental que aguentasse. Enlouqueci algumas vezes, claro. Nesses momentos, reconhecer que algo estava pior do que deveria permitiu que eu me cuidasse o suficiente para seguir. Não negligencie consigo. Pare, respire, peça ajuda quando as coisas apertarem. No meu caso foi suficiente o apoio da família, uma boa homeopatia e florais. Mas não se faz uma jornada dessas sem uma boa motivação. Representava muito para mim que meus pais, pobres e sem estudo, vissem que fizeram uma filha Promotora de Justiça. Eles bem idosos me faziam correr contra o tempo para converter qualquer minuto em tempo de estudo. Leitura de material no metrô a caminho do trabalho, DoDcast na hora do almoço, Qconcursos em uma recepção qualquer. Quando o desespero bater, se agarre à sua motivação. Também me ajudou não estabelecer um prazo para passar. Eu só alimentava a certeza de que minha aprovação viria uma hora, na hora de Deus, e eu repetia com muita fé: “eu vou ser Promotora de Justiça”. Quando eu vi o meu nome na lista final de aprovados no MPPR e quando dei a notícias para as pessoas que amo foi uma emoção indescritível. Hoje, quase dois anos como Promotora de Justiça, admito que faria tudo de novo. Os seis anos e meio passariam de qualquer forma. Eu escolhi passar por eles acreditando em mim e na escolha que fiz. Tudo valeu a pena. Se eu puder dizer algo para quem ainda está na fila é: Sente e estude o máximo que você puder; sua aprovação vai vir, eu tenho certeza. ELINEIDE ELGA ANDRADE Promotora de Justiça no Paraná - Posse em março de 2020. N P ág in a2 0 P ág in a2 1 DIREITO CIVIL - Jurisprudência em teses do STJ: A obrigação de prestar alimentos é personalíssima, cabendo ao espólio saldar, tão somente, os débitos alimentares preestabelecidos mediante acordo ou sentença não adimplidos pelo devedor em vida, ressalvados os casos em que o alimentado seja herdeiro, hipóteses nas quais a prestação perdurará ao longo do inventário. - Na exposição pornográfica não consentida, o fato de o rosto da vítima não estar evidenciado de maneira flagrante é irrelevante para a configuração dos danos morais. A “exposição pornográfica não consentida”, da qual a “pornografia de vingança” é uma espécie, constituiu uma grave lesão aos direitos de personalidade da pessoa exposta indevidamente, além de configurar uma grave forma de violência de gênero que deve ser combatida de forma contundente pelos meios jurídicos disponíveis. STJ. 3ª Turma. REsp 1.735.712-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/05/2020 (Info 672). - Instituição não financeira - dedicada ao comércio varejista - não pode estipular, em suas vendas a crédito, pagas em prestações, juros remuneratórios superiores a 1% ao mês, ou a 12% ao ano A cobrança de juros remuneratórios superiores aos limites estabelecidos pelo Código Civil é excepcional e deve ser interpretada restritivamente. Apenas às instituições financeiras, submetidas à regulação, controle e fiscalização do Conselho Monetário Nacional, é permitido cobrar juros acima do teto legal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.720.656-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/04/2020 (Info 671). - Em regra, a cláusula penal moratória não pode ser cumulada com indenização por lucros cessantes. A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo adimplemento tardio da obrigação, e, em regra, estabelecida em valor equivalente ao locativo, afasta-se sua cumulação com lucros cessantes. STJ. 2ª Seção. REsp 1.498.484-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019 (recurso repetitivo) (Info 651). - A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativa. Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC. A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária. STJ. 4ª Turma. REsp 1.436.401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599). - O laboratório tem responsabilidade objetiva na ausência de prévia informação qualificada quanto aos possíveis efeitos colaterais da medicação, ainda que se trate do chamado risco de desenvolvimento. O fato de o uso de um medicamento causar efeitos colaterais ou reações adversas, por si só, não configura defeito do produto se o usuário foi prévia e devidamente informado e advertido sobre tais riscos inerentes, de modo a poder decidir, de forma livre, refletida e consciente, sobre o tratamento que lhe é prescrito, além de ter a possibilidade de mitigar eventuais danos que venham a ocorrer em função dele. P ág in a2 2 STJ. 3ª Turma. REsp 1.774.372-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671). - Legitimidade do Ministério Público para ACP em defesa dos direitos individuais disponíveis de candidatos em exame da OAB. A jurisprudência desta Corte vem sedimentando-se em favor da legitimidade do MP para promover Ação Civil Pública visando à defesa de direitos individuais homogêneos, ainda que disponíveis e divisíveis, quando há relevância social objetiva do bem jurídico tutelado (a dignidade da pessoa humana, a qualidade ambiental, a saúde, a educação, para citar alguns exemplos) ou diante da massificação do conflito em si considerado. 8. É evidente que a Constituição da República não poderia aludir, no art. 129,II, à categoria dos interesses individuais homogêneos, que foi criada pela lei consumerista. A propósito, o Supremo Tribunal Federal já enfrentou o tema e, adotando o comando constitucional em sentido mais amplo, posicionou-se a favor da legitimidade do Ministério Público para propor ação civil pública para proteção dos mencionados direitos. (AgInt no REsp 1701853/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/03/2021, DJe 19/03/2021) - Mesmo que exista autorização para que um nome civil seja registrado como marca em uma área, para que esse nome seja registrado como nova marca não abrangida pela primeira, será necessária nova autorização. No que se refere ao nome civil, as limitações a seu registro encontram respaldo em sua própria natureza jurídica - direito da personalidade - e no feixe de proteção concedido a referido atributo por meio do sistema normativo, levando-se em consideração as seguintes características: oponibilidade erga omnes, intransmissibilidade, imprescritibilidade, indisponibilidade e exclusividade. Assim, para que um nome civil, ou patronímico, seja registrado como marca, impõe-se a autorização, pelo titular ou sucessores, de forma limitada e específica àquele registro, na classe e item pleiteados. Na hipótese, não é possível admitir que a presença de herdeiro do cientista na solenidade de inauguração do hospital, e a realização de doação, pela família de Albert Einstein, para sua edificação, represente uma autorização tácita ao registro do referido nome civil nas mais variadas e diversas classes e itens e sem qualquer limitação temporal. REsp 1354473/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 05/10/2021, DJe 14/10/2021 - Não gera direito à indenização a publicação de artigos de caráter informativo e opinativo que, apesar de serem extremamente ácidos e irônicos, não desbordaram os limites do exercício regular da liberdade de expressão. A liberdade de informação e a liberdade de expressão (em sentido estrito), ao fornecerem meios de compreensão da realidade - e, consequentemente, propiciarem o desenvolvimento da personalidade -, conectam-se tanto à noção de dignidade humana quanto à de democracia, pois o livre fluxo de informações e a multiplicidade de manifestações do pensamento são vitais para o aprimoramento de sociedades fundadas no pluralismo político. A liberdade de imprensa, nesse cenário, constitui modalidade qualificada das liberdades de informação e de expressão; por meio dela, assegura-se a transmissão das informações e dos juízos de valor pelos jornalistas ou profissionais integrantes dos veículos de comunicação P ág in a2 3 social de massa, notadamente emissoras de rádio e de televisão, editoras de jornais e provedores de notícias na internet. Ademais, sempre que identificada, no caso concreto, a agressão injusta à dignidade da pessoa - vale dizer: conduta causadora de angústia, dor, humilhação ou sofrimento que extrapolem a normalidade da vida cotidiana, interferindo intensamente no equilíbrio psicológico do indivíduo - o exercício do direito à informação ou à expressão deverá ser considerado abusivo, sendo permitida a intervenção do Estado-Juiz a fim de estabelecer medida reparatória da lesão a direito personalíssimo. - É admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o pai informou, perante o cartório de registro civil, nome diferente daquele que havia sido consensualmente escolhido pelos genitores. (Caiu no TJPR 2021). O direito ao nome é um dos elementos estruturantes dos direitos da personalidade e da dignidade da pessoa humana, pois diz respeito à própria identidade pessoal do indivíduo, não apenas em relação a si, como também em ambiente familiar e perante a sociedade. Conquanto a modificação do nome civil seja qualificada como excepcional e as hipóteses em que se admite a alteração sejam restritivas, esta Corte tem reiteradamente flexibilizado essas regras, permitindo-se a modificação se não houver risco à segurança jurídica e a terceiros. Nomear o filho é típico ato de exercício do poder familiar, que pressupõe bilateralidade, salvo na falta ou impedimento de um dos pais, e consensualidade, ressalvada a possibilidade de o juiz solucionar eventual desacordo entre eles, inadmitindo-se, na hipótese, a autotutela. - Jurisprudência do STJ: Contrato de compra e venda de imóvel com incorporador: o simples inadimplemento contratual em razão do atraso na entrega do imóvel não é capaz, por si só, de gerar dano moral indenizável, sendo necessária a comprovação de circunstâncias específicas que podem configurar lesão extrapatrimonial. - Jurisprudência do STJ: Em contrato de compra e venda de imóvel em incorporação a cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo adimplemento tardio da obrigação e, em regra, estabelecida em valor equivalente ao locativo afasta-se sua cumulação com perdas e danos. - O STJ tem entendimento consolidado que NÃO é abusiva a cobrança de juros compensatórios em período anterior à entrega das chaves em contrato de compra e venda de imóveis em regime de incorporação imobiliária. - Lei 6766 (vem sendo bastante cobrada em concursos) - Art. 34. Em qualquer caso de rescisão por inadimplemento do adquirente, as benfeitorias necessárias ou úteis por ele levadas a efeito no imóvel deverão ser indenizadas, SENDO DE NENHUM EFEITO qualquer disposição contratual em contrário. (As assertivas de concurso consideram ser ineficaz) § 1º Não serão indenizadas as benfeitorias feitas em desconformidade com o contrato ou com a lei. § 2º No prazo de 60 (sessenta) dias, contado da constituição em mora, fica o loteador, na hipótese do caput deste artigo, obrigado a alienar o imóvel mediante leilão judicial ou extrajudicial, nos termos da Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997. P ág in a2 4 - O contrato de compra e venda com alienação fiduciária em garantia sobre bens imóveis independente de seu valor pode ser celebrado por escritura pública ou instrumento particular com efeitos de escritura pública. (art. 38, Lei 9514) - Compáscuo – é o contrato de Direito Agrário que versa sobre pastagem comum ou direito de comunhão de pastos diferentes. É um contrato bilateral, oneroso, comutativo e de trato sucessivo. (TJGO/2021). - TJSP: A exceção de contrato não cumprido se sujeita à prescrição, porque é uma exceção substancial prevista na lei civil e que deve ser oferecida pelo demandado, não podendo ser reconhecida de ofício pelo juiz. Trata-se de aplicação do art. 190 CC que dispõe que a exceção prescreve no mesmo tempo que a ação. Se não alegada a tempo em juízo, sujeita-se à preclusão. - TJSP: A redução equitativa da cláusula penal pode ocorrer de ofício pelo juiz. Precedentes do STJ e Enunciado 356 CJF. Maldade, sem julgamento dos recursos pelo TJSP: Art. 421 – A, III, CC: Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019). - Para alienar, hipotecar, transigir ou praticar outros atos que exorbitem da administração ordinária exigem-se poderes especiais e expressos. O TJSP considera que “expressos” se refere ao tipo negocial e “especiais” se refere à menção ao bem alienado, que deve constar expressamente de eventual procuração. - Segundo o STJ mesmo em se tratando de danos morais, cujo valor da indenização só é conhecido por arbitramento judicial, o termo inicialdos juros é a data do evento danoso (Resp 1747913 – DJE 07/08/2020) -Em caso de alteração do regime de bens em juízo a sentença substitui o pacto antenupcial e será averbada no registro civil de pessoas naturais. - A herança jacente é “res nullius”. Primeiro se constata que a herança é jacente, para, após o procedimento de arrecadação, se tornar vacante. - TJSP: No regime de comunhão parcial de bens é incomunicável o imóvel prometido à venda e com preço solvido pelo cônjuge antes do casamento, mas cuja escritura e respectivo registro imobiliário são posteriores às núpcias. - A alteração de regime de bens não coloca fim no casamento, mas não é vedada a partilha, facultado aos cônjuges partilharem ou não o patrimônio anterior. A mudança de regime de bens gera efeitos EX NUNC. - O exercício das liberdades de autodeterminação das organizações religiosas deve obedecer à legalidade. Assim é de rigor a qualificação registral de P ág in a2 5 suas cláusulas estatutárias pelo oficial competente. - O operador nacional de sistema de registro eletrônico de imóveis (ONR) é pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos e tem o CNJ por agente regulador. - O registro de imóveis em circunscrições limítrofes é feito em todas elas, com menção a isso no registro. - Art. 928/CC. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê- lo ou não dispuserem de meios suficientes. Desta forma, tem-se que a responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC: Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a vítima. Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio mínimo do infante. Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz. A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária. - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA (STJ 710/21) 2ª Seção - Tema 1040 - Na ação de busca e apreensão de que trata o Decreto-Lei n. 911/1969, a análise da contestação somente deve ocorrer após a execução da medida liminar. CONSTOU DO JULGADO: Não foi outro o norte seguido pela Segunda Seção, quando do julgamento do REsp 1.622.555/MG, ao afastar a aplicação da teoria do adimplemento substancial no regime da lei especial (Decreto n. 911/1969), sob pena de desvirtuamento do instituto da propriedade fiduciária, concebido pelo legislador justamente para conferir segurança jurídica às concessões de crédito, essencial ao desenvolvimento da economia nacional. Não há dúvidas, portanto, de que a legislação especial foi estruturada com um procedimento especial que prevê, em um primeiro momento, a recuperação do bem e, em uma segunda etapa, a possibilidade de purgação da mora e a análise da defesa. - Sobre bens de família: a) súmula 486 do STJ: "é impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família". b) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora. c) É possível penhorar imóvel bem de família nos casos em que ele for dado em garantia hipotecária de dívida contraída em favor de pessoa jurídica quando os únicos sócios da empresa devedora são proprietários do bem hipotecado, em virtude da presunção do benefício gerado aos integrantes da família. d) É legítima a penhora de apontado bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, ante o que dispõe o art. 3º, inciso VII, da Lei n. 8.009/1990 (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC – TEMA 708) (Súmula 549/STJ) e) É possível a penhora do bem de família para assegurar o pagamento de dívidas oriundas de despesas condominiais do próprio bem - ##MPDFT-2021: Segundo Flávio Tartuce, a personalidade “é a soma de caracteres da P ág in a2 6 pessoa, ou seja, aquilo que ela é para si e para a sociedade. Afirma-se doutrinariamente que a capacidade é a medida da personalidade, ou seja a personalidade é um ‘quid’ (substância, essência) e a capacidade um quantum”. (TARTUCE, 2020, pp. 62-63). - ##MPMT-2008: ##DPEMT-2009: ##DPEMA-2009: ##DPEPA-2009: ##MPCE- 2011: ##MPPR-2011: ##DPEAC-2012: ##DPEPR-2014: ##TRF4-2014: ##MPDFT- 2021: ##CESPE: ##FCC: Flávio Tartuce explica que, “todas as pessoas têm a primeira (capacidade de direito), o que pressupõe a segunda (capacidade de fato), em regra, uma vez que a incapacidade é exceção” (TARTUCE, 2020, p. 62). O art. 1º do CC/02 traz a denominada capacidade de direito ou de gozo, que nas lições de Tartuce, compreende “aquela para ser sujeito de direitos e deveres na ordem privada, e que todas as pessoas têm sem distinção. Em suma, em havendo pessoa, está presente tal capacidade, não importando questões formais como ausência de certidão de nascimento ou de documentos” (TARTUCE, 2020, p. 62). Por outro lado, a capacidade de fato ou de exercício é a possibilidade que se tem de praticar pessoalmente atos da vida civil. Quem não tem essa aptidão, são os denominados incapazes. Essa incapacidade pode ser absoluta (menor de 16 anos – art. 3º) ou relativa (art. 4º). - ##STJ: #DOD: ##DPERJ-2021: ##FGV: O uso da imagem de torcedor inserido no contexto de uma torcida não induz a reparação por danos morais quando não configurada a projeção, a identificação e a individualização da pessoa nela representada: Em regra, a autorização para uso da imagem deve ser expressa; no entanto, a depender das circunstâncias, especialmente quando se trata de imagem de multidão, de pessoa famosa ou ocupante de cargo público, há julgados do STJ em que se admite o consentimento presumível, o qual deve ser analisado com extrema cautela e interpretado de forma restrita e excepcional. De um lado, o uso da imagem da torcida - em que aparecem vários dos seus integrantes - associada à partida de futebol, é ato plenamente esperado pelos torcedores, porque costumeiro nesse tipo de evento; de outro lado, quem comparece a um jogo esportivo não tem a expectativa de que sua imagem seja explorada comercialmente, associada à propaganda de um produto ou serviço, porque, nesse caso, o uso não decorre diretamente da existência do espetáculo. A imagem é a emanação de uma pessoa, a forma com a qual ela se projeta, se identifica e se individualiza no meio social. Não há violação ao direito à imagem se a divulgação ocorrida não configura projeção, identificação e individualização da pessoa nela representada. No caso concreto, o autor não autorizou ainda que tacitamente a divulgação de sua imagem em campanha publicitária de automóvel. Ocorre que, pelas circunstâncias, não há que se falar em utilização abusiva da imagem, tampouco em dano moral porque o vídeo divulgado não destaca a sua imagem, mostrando o autor durante poucos segundos inserido na torcida, juntamente com vários outros torcedores. STJ. 3ª T. REsp 1772593-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 16/06/20 (Info 674). - ##TJPR-2021: ##FGV: A imagem da pessoa pode ser classificada em: 1º) imagem-retrato (a fisionomia de alguém, o que é refletido no espelho); e 2º) imagem-atributo/atribuição: a soma de qualificações do ser humano, o que ele representa para a sociedade. - ##DPEDF-2013: ##TRF5-2013: ##DPEPB- 2014: ##DPEPR-2014: ##DPEPA-2015: P ág in a2 7 ##DPEMA-2015: ##DPU-2015: ##PGESE- 2017: ##DPEPE-2018: ##DPEGO-2021: ##CESPE: ##FCC: A desconsideração da personalidadejurídica não acarreta a extinção ou torna nula a pessoa jurídica desconsiderada (ou seja, não atinge a existência da pessoa jurídica), nem atinge a validade dos demais atos praticados; ela apenas afasta a personalidade da pessoa jurídica, buscando no patrimônio dos sócios os meios para indenizar os lesados, mantendo-se, no mais, a integridade da sociedade e de suas atividades. - ##DOD: ##STJ: ##DPEPR-2014: ##DPEAP- 2018: ##DPEPE-2018: ##MPMG-2019: ##TJGO-2021: ##DPEGO-2021: ##CESPE: ##FCC: Novo § 3º do art. 50: previsão expressa da “desconsideração inversa” da personalidade jurídica: Na desconsideração inversa (ou invertida) da personalidade jurídica, o juiz, mediante requerimento, autoriza que os bens da pessoa jurídica sejam utilizados para pagar as dívidas dos sócios ou dos administradores. Segundo a Min. Nancy Andrighi, “a desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza- se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade jurídica propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio.” (REsp 1.236.916-RS). Assim, é possível “a desconsideração inversa da personalidade jurídica sempre que o cônjuge ou companheiro empresário valer- se de pessoa jurídica por ele controlada, ou de interposta pessoa física, a fim de subtrair do outro cônjuge ou companheiro direitos oriundos da sociedade afetiva" (REsp 1.236.916-RS). Os exemplos mais citados pelos livros sobre desconsideração inversa estão no campo do Direito de Família. É o caso de um marido (ou companheiro) que transfere todos os seus bens para a sociedade empresária a fim de não ter que dividir seu patrimônio no divórcio ou dissolução da união estável. - ##STJ: #DOD: ##MPAP-2021: ##CESPE: A ação de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços não contratados de telefonia fixa tem prazo prescricional de 10 anos. STJ. Corte Especial. EAREsp 738991-RS, Rel. Min. Og Fernandes, j. 20/02/19 (Info 651). - ##STJ: #DOD: ##TCERJ-2021: ##CESPE: A pretensão indenizatória decorrente do inadimplemento contratual sujeita-se ao prazo prescricional decenal (art. 205 do CC), se não houver previsão legal de prazo diferenciado. STJ. Corte Especial. EREsp 1.281.594-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Felix Fischer, j. 15/5/19 (Info 649). - ##TJSP-2009: ##DPEMA-2011: ##TJRS- 2012: ##MPGO-2012: ##MPRO-2013: ##TJMG-2014: ##MPMS-2015: ##DPESP- 2015: ##TJAM-2016: ##TRF3-2016: ##CESPE: ##VUNESP: Acerca do tema “novação”, Flávio Tartuce apresenta as seguintes classificações (Fonte: TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil – Vol. Único, 10ª Ed., Forense: Editora Método, 2020, pp. 384-385): I) Novação objetiva ou real: é a modalidade mais comum de novação, ocorrendo nas hipóteses em que o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir a primeira (art. 360, I, do CC). A novação real não se confunde com a dação em pagamento (datio in solutum), uma vez que nesta última não ocorre a substituição de uma obrigação por outra, mas tão somente do objeto da prestação, mantendo-se os demais elementos do vínculo obrigacional, tais P ág in a2 8 como os seus acessórios (juros e cláusula penal, por exemplo). II) Novação subjetiva ou pessoal: é aquela em que ocorre a substituição dos sujeitos da relação jurídica obrigacional, criando-se uma nova obrigação, com um novo vínculo entre as partes. A novação subjetiva pode ser assim classificada: i) Novação subjetiva ativa: ocorre a substituição do credor, criando uma nova obrigação com o rompimento do vínculo primitivo (art. 360, III, do CC). São seus requisitos: o consentimento do devedor perante o novo credor, o consentimento do antigo credor que renuncia ao crédito e a anuência do novo credor que aceita a promessa do devedor. No campo prático, essa forma de novação vem sendo substituída pela cessão de crédito, diante do caráter oneroso e especulativo da última. ii) Novação subjetiva passiva: ocorre a substituição do devedor que sucede ao antigo, ficando este último quite com o credor (art. 360, II, do CC). Se o novo devedor for insolvente, não terá o credor que o aceitou ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve de má-fé a substituição. A novação subjetiva passiva, ou por substituição do devedor, pode ser subclassificada nos seguintes moldes: a) Novação subjetiva passiva por expromissão: ocorre quando um terceiro assume a dívida do devedor originário, substituindo-a sem o consentimento deste (art. 362 do CC), mas desde que o credor concorde com a mudança no polo passivo. No caso de novação expressa, assinam o instrumento obrigacional somente o novo devedor e o credor, sem a participação do antigo devedor. b) Novação subjetiva passiva por delegação: ocorre quando a substituição do devedor é feita com o consentimento do devedor originário, pois é ele que indicará uma terceira pessoa para assumir o seu débito, havendo concordância do credor. Eventualmente, assinam o instrumento o novo devedor, o antigo devedor que o indicou ou delegou poderes e o credor. III) Novação Mista: Além dessas formas de novação, a doutrina aponta ainda a novação mista, hipótese em que, ao mesmo tempo, substitui-se o objeto e um dos sujeitos da relação jurídica. Essa forma de novação pode também ser denominada novação complexa, eis que ocorre a substituição de quase todos os elementos da relação jurídica original, não estando tratada de forma expressa na codificação privada brasileira. - ##MPRJ-2012: ##MPSC-2021: ##CESPE: Quanto à doação pura, é correto afirmar que, a dispensa de aceitação, na hipótese de donatário absolutamente incapaz, só é admitida na doação pura, ou seja, desprovida de encargos ou submetida à condição. Em outras palavras, a doação pura é aquela simples, de plena liberalidade/generosidade, sem nenhuma exigência, motivação, limitação, condição ou encargo. A aceitação é presumida. - ##STJ: ##DOD: ##MPAP-2021: ##CESPE: A cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuo é permitida quando houver expressa pactuação. Isso significa que a capitalização de juros, seja qual for a sua periodicidade (anual, semestral, mensal), somente será considerada válida se estiver expressamente pactuada no contrato. A pactuação da capitalização dos juros é sempre exigida, inclusive para a periodicidade anual. O art. 591 do CC permite a capitalização anual, mas não determina a sua aplicação automaticamente. Não é possível a incidência da capitalização sem previsão no contrato. STJ. 2ª S. REsp 1.388.972-SC, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 8/2/17 (recurso repetitivo) (Info 599). P ág in a2 9 - Compete à Justiça estadual julgar insolvência civil mesmo que envolva a participação da União, de entidade autárquica ou empresa pública federal. A questão constitucional em debate, neste recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida (Tema 859), é se a insolvência civil está, ou não, entre as exceções postas na parte final do artigo 109, I, da Constituição da República, para fins de definição da competência da Justiça Federal de primeira instância. 2. A falência, no contexto do rol de exceções à competência da Justiça Federal de primeira instância, significa tanto a insolvência da pessoa jurídica, quanto a insolvência da pessoa física, considerando que ambas envolvem, em suas respectivas essências, concurso de credores. Assim sendo, diante do caso dos autos, fixa- se a seguinte tese: “A insolvência civil está entre as exceções da parte final do artigo 109, I, da Constituição da República, para fins de definição dacompetência da Justiça Federal.” 4. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 678162, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 29/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe- 091 DIVULG 12-05-2021 PUBLIC 13-05-2021. - ##TRF5-2013: ##DPERS-2014: ##TJRJ- 2019: ##MPDFT-2021: ##CESPE: ##FCC: ##VUNESP: Acerca do elemento imaterial obrigacional, nos dias atuais, entende-se estar superada a teoria monista ou unitária da obrigação, que defende que a obrigação seria constituída de um único elemento, qual seja, o vínculo jurídico que une a prestação e os elementos subjetivos. Entretanto, a doutrina contemporânea, com base nos estudos do jurista alemão Alois Brinz, entende que, atualmente, prevalece a teoria dualista ou binária, pela qual a obrigação é concebida a partir de uma relação débito/crédito. Assim, a existência do vínculo jurídico pressupõe dois elementos da obrigação: (i) débito (“schuld” – sinônimo de “debitum”): é o dever jurídico principal, consistente em uma prestação de dar, fazer ou não fazer, assumido pelo devedor, isto é, com o adimplemento da obrigação, surgirá somente esse conceito; e (ii) responsabilidade (“haftung” – sinônimo de “obligatio”): é a consequência patrimonial pelo descumprimento do débito, ou seja, caso a obrigação não seja cumprida, surgirá a responsabilidade. Feita esse breve resumo, passa-se a análise do enunciado: Uma dívida prescrita: Neste caso, há um débito (Schuld), mas não há uma correspectiva obrigação (Haftung), já que a dívida não é mais exigível. Em outras palavras, a prescrição elimina a pretensão, não o direito. Logo, existe o débito, mas não existe a responsabilização (Com Schuld sem Haftung), de modo que não caberá ação de repetição de indébito pelo pagamento de dívida prescrita (art. 882, CC). Ex: Penhor oferecido por terceiro: Nesta situação, há uma obrigação, um dever (Haftung), mas não há um débito próprio (Schuld), visto que oferecido por terceiro (com Haftung sem Schuld). Ex2. Uma dívida de jogo: A dívida de jogo é um vínculo natural, visto que não pode ser exigível, não havendo uma obrigação (Haftung), portanto, mas há uma dívida (Schuld). Trata-se de obrigação com Schuld sem Haftung, impossibilitando assim a repetição do indébito, porque não era um débito, não obrigam o pagamento. Ex3. Fiança: Neste caso, há a obrigação (Haftung), mas não um débito (Schuld). É a mesma coisa que o penhor oferecido por terceiro, “sou obrigado a pagar porque disse P ág in a3 0 que pagaria, mas não devo, pois quem deve é quem é beneficiado pela minha garantia pignoratícia" (possivelmente uma das partes da obrigação principal, o devedor- afiançado). Eventualmente, passarei a ter obrigação, mas sem o débito do afiançado a obrigação é meramente futura. - ##DPESP-2013: ##TJDFT-2016: ##DPERJ- 2021: ##CESPE: ##FCC: ##FGV: Para além de eventual discussão doutrinária, nos termos do CC/02, apenas nas situações de responsabilidade subjetiva, em que há aferição da culpa, é possível, por evidente, a gradação que viabilize a redução equitativa. Nesse sentido, é o teor do § único do art. 944 do CC/02. Porém, vale destacar a advertência lógica trazida pela doutrina: “Ora, a responsabilidade objetiva é reservada pelo ordenamento brasileiro às atividades que geram, por si só, risco social excessivo (...) seria contraditório permitir que, naquelas hipóteses em que o legislador considerou que a atividade gerava risco excessivo e por isto dispensou a prova da culpa do agente, o juiz levasse em conta a baixa intensidade da culpa para reduzir a indenização, relançando parte do risco sobre a vítima do dano" (TEPEDINO, Gustavo. BARBOZA, Heloisa H. MORAES, Maria Celina Bodin. Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. Vol. II. RJ: Renovar, 2006, p. 861). Trata-se, portanto, apenas de redução equitativa na indenização de responsabilidade subjetiva, haja vista que a responsabilidade objetiva independe de culpa. Desta forma, não há, nessa segunda hipótese, culpa a ser analisada e apta a ensejar uma redução da indenização. Vale registrar, ainda, que o § único do art. 944 do CC excepciona o princípio da restituição integral, para que seja possível fixar indenização por equidade. Nesse contexto o teor do Enunciado 46 da I JDC, complementado pelo Enunciado 380 da IV JDC, ambos citados acima. Nesse sentido, Daniel Carnacchioni explica que “a aplicação da norma é restrita e, de acordo com a posição atual da doutrina civil, tal dispositivo também pode ser utilizado como parâmetro para a responsabilidade objetiva. A redução é excepcional e somente será realizada quando a amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta do agente”. (Manual de Direito Civil, 2017, p. 753). - ##TJAL-2008: ##DPESP-2013: ##DPERJ- 2021: ##CESPE: ##FCC: Restitutio in integrum significa restituição por inteiro ou integralmente; é o retorno ao “status quo ante” ou a completa reposição do lesado à situação anterior ao dano. É a regra geral do CC/02, afastada em situações excepcionais, pelo art. 944, § único, CC, onde o grau da culpa e não somente a extensão do dano que servirão de parâmetro ao juiz para a fixação equitativa da indenização. - ##MPMG-2021: Sintetizando as principais diferenças entre ALUVIÃO e AVULSÃO: * AVULSÃO (art. 1.250, CC): Violentamente. Com indenização. * ALUVIÃO (art. 1.251, CC): Lentamente. Sem indenização. - ##STJ: ##DOD: ##TRF4-2016: ##PGM/AM- 2018: ##TJPR-2021: ##CESPE: ##FGV: Legitimidade passiva em ação de cobrança de dívidas condominiais: Em caso de compromisso de compra e venda, a legitimidade passiva para ação de cobrança de cotas condominiais será do promitente- comprador ou do promitente vendedor? Quem deverá responder pelo pagamento? A 2ª Seção do STJ apreciou o tema e forneceu três conclusões expostas em forma de teses: a) O que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações condominiais P ág in a3 1 não é o registro do compromisso de compra e venda, mas a relação jurídica material com o imóvel, representada pela imissão na posse pelo promissário comprador e pela ciência inequívoca do condomínio acerca da transação. b) Havendo compromisso de compra e venda não levado a registro, a responsabilidade pelas despesas de condomínio pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o promissário comprador, dependendo das circunstâncias de cada caso concreto. c) Se ficar comprovado: (i) que o promissário comprador se imitira na posse; e (ii) o condomínio teve ciência inequívoca da transação, afasta-se a legitimidade passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais relativas a período em que a posse foi exercida pelo promissário comprador. STJ. 2ª S. REsp 1.345.331-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 8/4/15 (recurso repetitivo) (Info 560). - ##STJ: #DOD: ##DPERJ-2021: ##FGV: É admissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge ainda na constância do vínculo conjugal. Exemplo hipotético: Regina Andrade Medina casou-se com João da Costa Teixeira. Com o casamento, ela passou a ser chamada de Regina Medina Teixeira. Ocorre que, após anos de casada, Regina arrependeu-se da troca e deseja retornar ao nome de solteira. Ela apresentou justas razões de ordem sentimental e existencial. O pedido deve ser acolhido a fim de ser preservada a intimidade, a autonomia da vontade, a vida privada, os valores e as crenças das pessoas, bem como a manutenção e perpetuação da herança familiar. STJ. 3ª T. REsp 1873918-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 02/03/21 (Info 687). - ##STF ##DOD: ##MPGO-2016: ##DPU- 2017: ##TJMT-2018: ##MPBA-2018: ##MPMS-2018: ##DPEAP-2018: ##TJPA- 2019:##MPPR-2019: ##MPMG- 2017/2018/2021: ##MPDFT-2021: ##MPRS- 2021: ##CESPE: ##FCC: ##VUNESP: Vale ressaltar que o STF já admitiu a possibilidade de existir dupla paternidade: “A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios. Ex: Lucas foi registrado e criado como filho por João; vários anos depois, Lucas descobre que seu pai biológico é Pedro; Lucas poderá buscar o reconhecimento da paternidade biológica de Pedro sem que tenha que perder a filiação socioafetiva que construiu com João; ele terá dois pais; será um caso de pluriparentalidade; o filho terá direitos decorrentes de ambos os vínculos, inclusive no campo sucessório. STF. Plenário. RE 898060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21 e 22/9/16 (Info 840). - ##MPMG-2021: Reprodução assistida é “a intervenção do homem no processo de procriação natural, com o objetivo de possibilitar a pessoas com problemas de infertilidade ou esterilidade satisfaçam o desejo de alcançar a maternidade ou a paternidade.” (MALUF, Adriana Caldas do Rego Bagus, pág. 331). É possível afirmar que a procriação artificial ou a reprodução humana assistida é o gênero, que pode ser realizada através de duas técnicas principais: a) a fecundação in vitro, também conhecida como bebê de proveta (art. 1.597, III); b) a inseminação artificial. Perceba que não é necessário que se prove o vínculo biológico entre os genitores e os filhos frutos das referidas técnicas por conta de presunção legal. - ##STF: ##MPMT-2012: ##DPEAC-2012: ##DPEAM-2013: ##DPESP-2013: ##TCEAM- 2013: ##TJDFT-2014: ##MPGO-2014: P ág in a3 2 ##DPEGO-2014: ##MPDFT-2013/2015: ##DPEMA-2015: ##DPEPA-2015: ##DPERN- 2015: ##DPU-2015: ##MPRR-2017: ##DPESC-2017: ##TRF3-2018: ##MPRS- 2021: ##CESPE: ##FCC: ##FMP: No julgamento da ADPF 132/RJ e da ADI 4.277/DF. em 05 de maio de 2011, o STF entendeu pela aplicação, por analogia, de todas as regras da união estável heteroafetiva para união estável homoafetiva. Como a decisão tem efeitos vinculantes e erga omnes, não se pode admitir outras formas de interpretação que não seja o enquadramento da união homoafetiva como família, com incidência dos mesmos dispositivos legais relativos à união estável. Nesse sentido, destaca-se o seguinte trecho do julgado: “Ante a possibilidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de ‘interpretação conforme à Constituição’. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. (STF - RE: 846102 PR - PARANÁ, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 05/03/2015, Data de Publicação: DJe-052 18/03/2015). - ##TJPR-2021: ##FGV: Nos termos do art. 1.815 do CC, a exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença, não sendo, portanto, automática. - Edição no 133 dos Informativos em Teses do STJ: “A inexistência de outros bens imóveis no patrimônio de cônjuge/companheiro sobrevivente não é requisito para o reconhecimento do direito real de habitação”. Ainda de acordo com a corte superior: “O cônjuge sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel em que residia o casal, desde que seja o único dessa natureza e que integre o patrimônio comum ou particular do cônjuge falecido no momento da abertura da sucessão. A lei não impõe como requisito para o reconhecimento do direito real de habitação a inexistência de outros bens, seja de que natureza for, no patrimônio próprio do cônjuge sobrevivente”. (STJ. 4a Turma. AgInt no REsp. 1.554.976/RS. Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 25/5/2020). - Os herdeiros não podem exigir remuneração da companheira sobrevivente, nem da filha que com ela reside no imóvel. (STJ. 3a Turma. REsp. 1.846.167/SP. Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/2/2021. Info. 685) - Havendo pedido de indenização por perdas e danos em geral, pode o juiz reconhecer a aplicação da perda de uma chance sem que isso implique em julgamento fora da pretensão autoral. (STJ. 3a Turma. REsp 1.637.375-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/11/2020 – Info. 683). - São princípios que regem os direitos reais o absolutismo, publicidade, sequela, especialidade, exclusividade, usucapião, privilégio, abandono, taxatividade, atualidade, preferência e posse. - Expressões importantes: Absolutismo – O direito real é oponível erga omnes Publicidade – O direito real deve ser público para que, assim, todos possam respeitar. Sequela – Prerrogativa de ser perseguido em poder de quem quer que esteja. P ág in a3 3 Exclusividade – Não há dois direitos reais contraditórios Usucapião – Adquire-se pela prescrição aquisitiva Privilégio/preferência – O credor tem a prerrogativa de receber antecipadamente. Abandono – O titular pode abandonar um direito real. Taxatividade – Os direitos reais são numerusclausus Posse- São passíveis de posse, o que não há no direito pessoal. - A doutrina compreende que na posse há sempre um senhorio de fato sobre a coisa. Em outras palavras, no campo dos direitos reais, é possível, de forma geral, identificar a posse com um domínio fático da pessoa sobre a coisa. Cuidado! É errado dizer que a posse é um direito real, pois que ela não consta do art. 1.225, do CC. - Na emancipação, somente será necessária a autorização judicial, quando um dos genitores discordarem. Por exemplo, se um dos genitores for falecido e o outro assentiu com a emancipação, não será necessário autorização judicial. - Lembre-se que na emancipação voluntária, a responsabilidade dos pais deixa de ser subsidiária e passa a ser solidária. - A responsabilidade em si dos pais para com os filhos menores não está atrelada ao poder familiar, mas sim a guarda. - A emancipação é ato irrevogável, mas os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo filho que emanciparam. Esse é o entendimento mais razoável, em nossa opinião, para que a vítima não fique sem qualquer ressarcimento. - Antes do registro, qualquer emancipação, seja ela voluntária ou judicial não tem qualquer efeito. - A desconsideração da personalidade jurídica, nos moldes do art. 50, do CC, dispensa a demonstração da insolvência da pessoa jurídica. - A transferência de ativos/passivos sem alterações não constitui confusão patrimonial para fins de desconsideração da personalidade jurídica. - A guarda compartilhada com dupla residência não se confunde com a guarda alternada. Aliás. Essa guarda alternada não detém previsão legal, sendo normal que na guarda compartilhada o filho detenha a dupla residência, pois que o objetivo é que este (o filho) detenha o maio convívio possível com ambos os pais. Não há problema, pois, na dupla residência em guarda compartilhada. Exceção, é a fixação de residência, sendo, pois, este o motivo em que algumas sentenças apontam a residência de algum genitor, quando da fixação da guarda compartilhada. Não caia no argumento de que a guarda compartilhada será aplicada tão somente pelo fato de um dos genitores, quando do divórcio, não aceitarem, pois que deve sempre ser observado o princípio do melhor interesse. Lembre-se, então, que a guarda compartilhada é a regra, não tem mais essa de “sempre que possível”, é que será guarda compartilhada. P ág in a3 4 - No casamento nuncupativo somente pode se fazer representar o cônjuge que não estiver enfermo,ou seja, aquele que não está em perigo de vida. - Lembre-se que somente a pequena propriedade rural trabalhista é que é impenhorável, desde que produtiva. Não caia na pegadinha que só fala na rural tralhada pela família, pois que é a pequena propriedade. - A usucapião posse trabalho não é sinônimo de usucapião pro labore. - DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL PRIVADA POR POSSE-TRABALHO (art. 1.228, §§ e 4º e 5º do CC): O proprietário pode ser privado da coisa se: - um considerável número de pessoas - estiver por mais de 5 anos - na posse ininterrupta e de boafé - de extensa área - e nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. Neste caso, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Alguns doutrinadores, especialmente civilistas, afirmam que esse instituto tem natureza jurídica de “usucapião”. Outros autores, no entanto, sustentam que se trata de uma hipótese de “desapropriação”, considerando a posição topográfica (o § 3º do art. 1.228 está tratando sobre desapropriação) e o fato de se exigir pagamento de indenização. - USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL ESPECIAL RURAL (USUCAPIÃO AGRÁRIA OU PRO LABORE) ART. 191, CAPUT CF, ART. 1239 CC: NÃO SÃO EXIGIDOS O JUSTO TÍTULO E A BOA-FÉ. - Imóvel rural até 50 hectares - Posse ad usucapionem por 5 anos - Utilização do imóvel para subsistência ou trabalho pelo possuidor ou sua família (moradia) - Não pode ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano - A jurisprudência adota o entendimento de que as terras devolutas não são passíveis de usucapião, pois são bens públicos dominicais. - Cuidado: Via de regra, as terras devolutas pertencem aos Estados, as que pertencem a União são aquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; Também, as terras devolutas pertencentes aos Estados podem ser trespassadas aos Municípios. - Em ação possessória movida pelo proprietário é possível ao réu alegar a usucapião como matéria de defesa, sem violação ao art. 557 - DE OLHO NESSA JURISPRUDÊNCIA (SOBRE A POSSIBILIDADE DE UTILIZAR A AÇÃO DE USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL PARA FINS DE TRANSFERÊNCIA ADMINISTRATIVA DO VEÍCULO NO ÓRGÃO DE TRÂNSITO). Em se tratando de veículo, a falta de transferência da propriedade no órgão de trânsito correspondente limita o exercício da propriedade plena, uma vez que torna impossível ao proprietário que não consta do registro tomar qualquer ato inerente ao seu direito de propriedade, como o de alienar ou de gravar o bem. Dessarte, para a formalização da aquisição do domínio, bem como o exercício pleno da propriedade nos casos de veículos registrados em nome de P ág in a3 5 terceiros, é indispensável que o possuidor proponha ação própria contra aquele em cujo nome a propriedade se encontre registrada. Outrossim, apesar de se observar a posse direta do bem, aquele que a detém terá de elidir a cadeia sucessória dos antigos proprietários, além dos sucessores do proprietário constante dos registros do DETRAN, para exercer a propriedade plena do veículo em questão. Sob esse prisma, a ação de usucapião poderá ser utilizada para o fim pretendido com o fito de possibilitar a transferência administrativa do veículo no órgão de trânsito. REsp 1.582.177-RJ, 25/10/2016, DJe 9/11/2016. - DE OLHO NESSA JURISPRUDÊNCIA (É POSSÍVEL A USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL PROVENIENTE DE CRIME(FURTO) APÓS CESSADA A CLANDESTINIDADE OU A VIOLÊNCIA): Em 2003, João adquiriu um caminhão de Ricardo, por meio de financiamento bancário. Vale ressaltar que foi feito o registro e licenciamento regular perante o DETRAN. Em 2013, apareceu Pedro dizendo que o caminhão era seu e que Ricardo havia furtado o veículo em 2002. Diante disso, Pedro ajuizou ação de reintegração de posse contra João pedindo de volta o caminhão. João, por sua vez, formulou pedido contraposto para que fosse reconhecida a usucapião extraordinária sobre o bem, considerando que ele estava na posse mansa e pacífica durante todos esses anos. Pedro argumentou que não havia posse porque se trata de bem objeto de furto. Assim, nem sempre será proibido que o bem furtado seja objeto de usucapião. É necessário analisar, no caso concreto, se houve a cessação da clandestinidade, especialmente quando o bem furtado é transferido a terceiros de boa-fé. O exercício ostensivo da posse perante a comunidade, ou seja, a aparência de dono é fato, por si só, apto a provocar o início da contagem do prazo de usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.370-RJ, 10/09/2019 (Info 656) - Usufruto é o direito real e temporário de usar e fruir (retirar frutos e utilidades) coisa alheia (bem móvel ou imóvel), de forma gratuita, sem alterar-lhe a substância ou destinação econômica. O usufrutuário detém a posse direta do bem. Além disso, como se trata de direito real, ele também possui o poder de sequela, podendo perseguir a coisa onde quer que ela vá. Como o usufrutuário detém a posse direta do bem, é óbvio que ele pode se valer das ações possessórias caso esteja sendo ameaçado em sua posse. No entanto, como o usufruto é um direito real e como o usufrutuário detém poder de sequela, a doutrina e a jurisprudência também admitem que ele ajuíze ação reivindicatória – de caráter petitório – com o objetivo de fazer prevalecer o seu direito sobre o bem, seja contra o nu-proprietário, seja contra terceiros. STJ. 3ª Turma. REsp 1.202.843-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/10/2014 (Info 550). - Cônjuges unidos sob separação obrigatória de bens podem estabelecer pacto antenupcial mais restritivo. - A declaração de nulidade da sentença arbitral pode ser pleiteada, judicialmente, por duas vias: a) ação declaratória de nulidade de sentença arbitral (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96); ou b) impugnação ao cumprimento de sentença arbitral (art. 33, § 3º, da Lei nº 9.307/96). O § 1º do art. 33 prevê um prazo de 90 dias para ajuizar a ação de declaração de nulidade. O § 3º do mesmo artigo não prevê prazo. P ág in a3 6 Diante disso, indaga-se: o prazo de 90 dias do § 1º do art. 33 também se aplica para a hipótese do § 3º? A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral também deve ser apresentada no prazo de 90 dias? Depende: • se a parte executada quiser alegar algum dos vícios do art. 32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de 90 dias. Assim, se já tiver se passado 90 dias da notificação da sentença, ela não poderá apresentar impugnação alegando um dos vícios do art. 32. • mesmo que já tenha se passado o prazo de 90 dias, a parte ainda poderá alegar uma das matérias do § 1º do art. 525 do CPC. Não é cabível a impugnação ao cumprimento da sentença arbitral, com base nas nulidades previstas no art. 32 da Lei nº 9.307/96, após o prazo decadencial nonagesimal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.900.136/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/04/2021 (Info 691). STJ. 3ª Turma. REsp 1.862.147-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/09/2021 (Info 709). - “A disponibilização de equipamentos em quarto de hotel, motel ou afins para a transmissão de obras musicais, literomusicais e audiovisuais permite a cobrança de direitos autorais pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD". - "A contratação por empreendimento hoteleiro de serviços de TV por assinatura não impede a cobrança de direitos autorais pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD, inexistindo bis in idem"”. (STJ, REsp 1.870.771/SP,Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 24/03/2021 – Tema 1066). - “O reembolso das despesas médico- hospitalaes efetuadas pelo beneficiário com tratamento/atendimento de saúde fora da rede credenciada pode ser admitido somente em hipóteses excepcionais, tais como a inexistência ou insuficiência de estabelecimento ou profissional credenciado no local e urgência ou emergência do procedimento”. (STJ, EAREsp 1.459.849-ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por maioria, julgado em 14/10/2020, DJe 17/12/2020). - “Salvo disposição contratual expressa, os planos de saúde não são obrigados a custear o tratamento médico de fertilização in vitro”. (STJ, REsp 1.851.062-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Segunda Seção, por maioria, julgado em 13/10/2021 – Tema 1067). - “Não é ilegal ou abusiva a cláusula que prevê a cobertura adicional de invalidez funcional permanente total por doença (IFPD) em contrato de seguro de vida em grupo, condicionando o pagamento da indenização securitária à perda da existência independente do segurado, comprovada por declaração médica”. (STJ, REsp 1.867.199-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 13/10/2021, DJe 18/10/2021 – Tema 1068). - “O atraso, por parte de instituição financeira, na baixa de gravame de alienação fiduciária no registro de veículo não caracteriza, por si só, dano moral in reipsa”. (STJ, REsp 1.881.453-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por P ág in a3 7 unanimidade, julgado em 30/11/2021, DJe 07/12/2021 – Tema 1078). - “É inconstitucional a cobrança por parte de associação de taxa de manutenção e conservação de loteamento imobiliário urbano de proprietário não associado até o advento da Lei nº 13.465/17, ou de anterior lei municipal que discipline a questão, a partir da qual se torna possível a cotização dos proprietários de imóveis, titulares de direitos ou moradores em loteamentos de acesso controlado, que i) já possuindo lote, adiram ao ato constitutivo das entidades equiparadas a administradoras de imóveis ou (ii) sendo novos adquirentes de lotes, o ato constitutivo da obrigação esteja registrado no competente Registro de Imóveis”. (STF, PLENÁRIO, RE 695911/SP – Tema 492 RG). - “A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1.723, § 1º, do Código Civil (1), impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro”. (STF, PLENÁRIO, RE 1045273/SE – Tema 529 RG). - Fideicomisso, do latim fideicomissum, é forma de substituição testamentária mediante a qual o testador, fideicomitente, dispõe que bem de sua herança, por ocasião de sua morte, se transmita a um dos seus herdeiros ou legatários, o fiduciário, mas, por morte deste, ou a certo tempo ou sob certa condição, se transmita a outro herdeiro ou legatário, o fideicomissário, que o receberá livre de ônus ou gravame. Pode o testador indicar outra pessoa para substituir o herdeiro ou legatário indicado inicialmente para ser o fiduciário, caso este não aceite ou renuncie ao bem fideicomitido. -Da Substituição Fideicomissária Art. 1.951. Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário. Art. 1.952. A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador. Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário, adquirirá este a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário. Art. 1.953. O fiduciário tem a propriedade da herança ou legado, mas restrita e resolúvel. Parágrafo único. O fiduciário é obrigado a proceder ao inventário dos bens gravados, e a prestar caução de restituí-los se o exigir o fideicomissário. Art. 1.954. Salvo disposição em contrário do testador, se o fiduciário renunciar a herança ou o legado, defere-se ao fideicomissário o poder de aceitar. Art. 1.955. O fideicomissário pode renunciar a herança ou o legado, e, neste caso, o fideicomisso caduca, deixando de ser resolúvel a propriedade do fiduciário, se não houver disposição contrária do testador. Art. 1.956. Se o fideicomissário aceitar a herança ou o legado, terá direito à parte que, ao fiduciário, em qualquer tempo acrescer. Art. 1.957. Ao sobrevir a sucessão, o fideicomissário responde pelos encargos da herança que ainda restarem. P ág in a3 8 Art. 1.958. Caduca o fideicomisso se o fideicomissário morrer antes do fiduciário, ou antes de realizar-se a condição resolutória do direito deste último; nesse caso, a propriedade consolida-se no fiduciário, nos termos do art. 1.955. Art. 1.959. São nulos os fideicomissos além do segundo grau. Art. 1.960. A nulidade da substituição ilegal não prejudica a instituição, que valerá sem o encargo resolutório. - Sobre o DIREITO REAL DE LAJE: Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo. (Lei nº 13.465/2017) § 1º O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base. (Lei nº 13.465/2017) § 2º O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre a sua unidade. (Lei nº 13.465/2017) § 3º Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor. (Lei nº 13.465/2017) • As unidades autônomas constituídas em matrícula própria poderão ser alienadas por seu titular sem necessidade de prévia anuência do proprietário da construção-base. (certa) VUNESP - 2018 - PGE-SP • Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor. (certa) CONSULPLAN - 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO § 4º A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação proporcional em áreas já edificadas. (Lei nº 13.465/2017) § 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. (Lei nº 13.465/2017) • O seu titular poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes, e que sejam respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. (certa) CONSULPLAN - 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO ** I - Caso o proprietário do solo e o superficiário não sejam a mesma pessoa, para que este conceda o direito de laje em segundo grau é indispensável o consentimento do dono do solo. PORQUE II. O contrato deve prever de maneira específica o direito de laje em segundo grau, presumindo-se a vedação no caso de silêncio. (certa) FCC - 2021 - DPE- BA -Art. 1.510-D. Em caso de alienação dequalquer das unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de condições com terceiros, os titulares da construção-base e da laje, nessa ordem, que serão cientificados por escrito para que se manifestem no prazo de trinta dias, salvo se o contrato dispuser de modo diverso. (Lei nº 13.465/2017) • No caso de alienação de qualquer das unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de condições com P ág in a3 9 terceiros, os titulares da construção-base e da laje, nessa ordem. (certa) CONSULPLAN - 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO Art. 1.510-E. A ruína da construção-base implica extinção do direito real de laje, salvo: (Lei nº 13.465/2017) I - se este tiver sido instituído sobre o subsolo; (Lei nº 13.465/2017) II - se a construção-base não for reconstruída no prazo de cinco anos. (Lei nº 13.465/2017) Parágrafo único. O disposto neste artigo não afasta o direito a eventual reparação civil contra o culpado pela ruína. (Lei nº 13.465/2017) - JURIS EM TESES: * Na união estável de pessoa maior de 70 anos (art. 1.641, II, do CC/02), impõe-se o regime da separação obrigatória, sendo possível a partilha de bens adquiridos na constância da relação, desde que comprovado o esforço comum. * O companheiro sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel no qual convivia com o falecido, ainda que silente o art. 1.831 do atual Código Civil. * O direito real de habitação pode ser invocado em demanda possessória pelo companheiro sobrevivente, ainda que não se tenha buscado em ação declaratória própria o reconhecimento de união estável. * Não há possibilidade de se pleitear indenização por serviços domésticos prestados com o fim do casamento ou da união estável, tampouco com o cessar do concubinato, sob pena de se cometer grave discriminação frente ao casamento, que tem primazia constitucional de tratamento. * Compete à Justiça Federal analisar, incidentalmente e como prejudicial de mérito, o reconhecimento da união estável nas hipóteses em que se pleiteia a concessão de benefício previdenciário. - Negócios jurídicos bifrontes: são os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes, como o mútuo, o mandato, o depósito. A conversão só se torna possível se o contrato é definido na lei como negócio gratuito, pois a vontade das partes não pode transformar um contrato oneroso em benéfico, visto que subverteria sua causa. Frise-se que nem todos os contratos gratuitos podem ser convertidos em onerosos por convenção das partes. A doação e o comodato, por exemplo, ficariam desfigurados se tal acontecesse, pois se transformariam, respectivamente, em venda e locação. - Qual o prazo da prescrição das pretensões que envolvam segurado e segurado em contrato de seguro facultativo? Ponto de debate: saber se em contrato de seguro facultativo, é ou não anual o prazo da prescrição em todas as pretensões que envolvam segurado e segurador, não apenas as indenizatórias. Tese formada: é de um ano o prazo prescricional para exercício de qualquer pretensão do segurado em face do segurador (e vice-versa) baseada em suposto inadimplemento de deveres (principais, secundários ou anexos) derivados do contrato de seguro, ex vi do disposto no artigo 206, § 1º, II, "b", do Código Civil de 2002 (artigo 178, § 6º, II, do Código Civil de 1916). Observação: o resultado do julgamento não se aplica aos seguros de saúde, planos de saúde e o DPVAT, por possuírem regramento específico próprio.(REsp 1.303.374/ES, Segunda Seção, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 30/11/2021, IAC 2) P ág in a4 0 - Condomínios residenciais podem impedir uso de imóveis para locação pelo Airbnb, decide Quarta Turma. - Mesmo sem registro, dação em pagamento de imóvel antes da citação não configura fraude à execução. - Do Rompimento do Testamento Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao testador. Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários. Art. 1.975. Não se rompe o testamento, se o testador dispuser da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte. - FRAUDE CONTRA CREDORES A ocorrência de fraude contra credores exige: a) a anterioridade do crédito; b) a comprovação de prejuízo ao credor (eventusdamni); c) que o ato jurídico praticado tenha levado o devedor a insolvência e d) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do devedor (scientia fraudis). - O Código Civil de 1916, assim como o CC/2002, proíbem expressamente tanto a doação universal como a doação inoficiosa. A doação universal (art. 1.175 do CC/1916; art. 548 do CC/2002) é vedada porque, como leciona a doutrina, "mesmo os que não possuem herdeiros, não podem doar simplesmente tudo o que têm", motivo pelo qual "o doador sempre deve manter em seu patrimônio bens ou renda suficientes para a sua subsistência". Por sua vez, a doação inoficiosa (arts 1.176 e 1.576, do CC/1916; art. 549 do CC/2002) é igualmente proibida no direito brasileiro porque quis o legislador tutelar os interesses dos herdeiros necessários, conferindo a eles uma certa garantia de subsistência decorrente dos estreitos vínculos de parentesco com o falecido. Uma parcela significativa da doutrina tem dado às doações universais e às doações inoficiosas o caráter de regra inflexível, reputando como absolutamente nulo o ato de disposição de todo o patrimônio ou o ato de disposição em desrespeito à legítima dos herdeiros necessários e, mesmo quem sustenta haver a possibilidade de alguma espécie de flexibilização dessas regras, não dispensa a preservação de um mínimo existencial para preservação da dignidade da pessoa humana do doador (na hipótese da doação universal) ou a obrigatória aquiescência dos herdeiros (na hipótese da doação inoficiosa). É nesse contexto, pois, que a doação remuneratória, caracterizada pela existência de uma recompensa dada pelo doador pelo serviço prestado pelo donatário e que, embora quantificável pecuniariamente, não é juridicamente exigível, deve respeitar os limites impostos pelo legislador aos atos de disposição de patrimônio do doador, de modo que, sob esse pretexto, não se pode admitir a doação universal de bens sem resguardo do mínimo existencial do doador, tampouco a doação inoficiosa em prejuízo à legítima dos herdeiros necessários sem a indispensável autorização desses, inexistente na hipótese em exame. - CONDIÇÃO SUSPENSIVA Art. 125, CC. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, P ág in a4 1 enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. Condição suspensiva é a condição que suspende os efeitos do ato jurídico durante o período de tempo em que determinado evento não ocorre. - CONDIÇÃO RESOLUTIVA Art. 127, CC. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. - O ponto extremo da responsabilidade civil estatal é a teoria do risco social ou risco integral, em que o Estado é responsável até por danos não imputáveis ao seu comportamento independentemente até mesmo de nexo de causalidade, sem possibilidade de causas de exclusão (caso fortuito, força maior, culpa de terceiros, da própria vítima, etc.). Além da responsabilidade por danos nucleares (art. 21, XXIII, d, CF, regulamentado pela Lei n. 6.453/77), outroexemplo dessa espécie de obrigação pecuniária do Estado, mais de seguridade social que de responsabilidade civil propriamente dita, é a instituída pela Lei n. 10.744, de 09 de outubro de 2003, que, adotando a Teoria do Risco Integral, propicia à União arcar com os prejuízos que venham a ser causados por atos terroristas. - A cláusula penal moratória tem a finalidade de indenizar pelo adimplemento tardio da obrigação, e, em regra, estabelecida em valor equivalente ao locativo, afasta-se sua cumulação com lucros cessantes – STJ - PRESCRIÇÃO É QUINQUENAL o prazo prescricional aplicável a pretensão de cobrança, materializada em boleto bancário, ajuizada por operadora do plano de saúde contra empresa que contratou o serviço de assistência médico-hospitalar para seus empregados. Fundamento: art. 206, § 5o, I, do CC. Art. 206. Prescreve:(...) § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dividas liquidas constantes de instrumento público ou particular; STJ. 3a Turma. REsp 1763160-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em 17/09/2019 (Info 657). - PRESCRIÇÃO É DECENAL o prazo prescricional aplicável ao exercício da pretensão de reembolso de despesas médico-hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de seguro saúde), mas que não foram adimplidas pela operadora. STJ. 2a Seção. REsp 1.756.283-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomao, julgado em 11/03/2020 (Info 673). - ALTERAÇÃO LEGISLATIVA PROMOVIDA PELA LEI 14.138/2021 NA LEI 8.560/92:Inclusão do §2º ao art. 2º-A, da Lei 8.560/92 promovida pela Lei 14.138/21: Art. 2º-A (...) § 2º Se o suposto pai houver falecido ou não existir notícia de seu paradeiro, o juiz determinará, a expensas do autor da ação, a realização do exame de pareamento do código genético (DNA) em parentes consanguíneos, preferindo-se os de grau mais próximo aos mais distantes, importando a recusa em presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório (incluído pela Lei 14.138/21) P ág in a4 2 EXPLICAÇÃO: Já havia previsão legal e jurisprudencial no sentido de que a recusa do pai em se submeter ao exame de DNA configuraria presunção relativa de paternidade (Súmula 301, STJ; art. 231, CC e art. 2º-A, §1º, Lei 8.560/92). Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade. Art. 231, CC/02: Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. Art. 2º-A, Lei nº 8.560/92: Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. § 1º A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório. A Lei 14.138/21 acrescentou o parágrafo 2º ao art. 2º-A da Lei nº 8.560/92, positivando o entendimento no sentido de que a presunção de paternidade também se aplica aos sucessores do suposto pai. - Qual a diferença entre venda ad corpus e venda ad mensuram? VENDA AD CORPUS: é a venda de imóvel como coisa certa e discriminada. Ex.: o contrato refere-se à venda da Fazenda Esperança. A dimensão do imóvel, se for mencionada, é feita de forma meramente enunciativo. O preço não tem relação direta com a extensão exata do imóvel. A dimensão exata não é requisito essencial do contrato. VENDA AD MENSURAM: é aquela em que o preço é fixado tendo em vista a real dimensão da área. Tal ocorre quando se determina o preço de cada unidade, alqueire, metro quadrado ou metro de frente. Ex.: o contrato refere-se à venda de um imóvel de 150m2. - 2º) Cabe complementação da área ou indenização nessas modalidades de venda? VENDA AD CORPUS: Na venda ad corpus não cabe complementação do preço, caso a área seja maior, nem complementação da área, se esta for menor. Art. 500, §3º, CC. Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. VENDA AD MENSURAM: Situação 1. Se a área for MENOR do que estava no contrato: o comprador poderá mover ação exempto ou exvendito, por meio do qual se reclamará a complementação da área. Trata-se de ação pessoal. Se não tiver como o devedor complementar, o comprador poderá mover as ações edilícias: a) Ação redibitória: resolução do contrato; b) Ação quanti minoris: abatimento do preço. Art. 500, caput, CC Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento. da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. - A pretensão de cobrança, por meio de ação monitória, de dívida representada por cédula P ág in a4 3 de crédito bancário prescreve em cinco anos. REsp 1.940.996-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/09/2021, DJe 27/09/2021. (Info 711) - No julgamento de recursos especiais repetitivos (Tema 1.034) em fevereiro 2021, a Segunda Seção definiu, em três teses, quais condições assistenciais e de custeio do plano de saúde devem ser mantidas para beneficiários inativos, nos termos do artigo 31 da Lei 9.656/1998. a) "Eventuais mudanças de operadora, de modelo de prestação de serviço, de forma de custeio e de valores de contribuição não implicam interrupção da contagem do prazo de 10 (dez) anos previsto no art. 31 da Lei n. 9.656/1998, devendo haver a soma dos períodos contributivos para fins de cálculo da manutenção proporcional ou indeterminada do trabalhador aposentado no plano coletivo empresarial." b) "O art. 31 da lei n. 9.656/1998 impõe que ativos e inativos sejam inseridos em plano de saúde coletivo único, contendo as mesmas condições de cobertura assistencial e de prestação de serviço, o que inclui, para todo o universo de beneficiários, a igualdade de modelo de pagamento e de valor de contribuição, admitindo-se a diferenciação por faixa etária se for contratada para todos, cabendo ao inativo o custeio integral, cujo valor pode ser obtido com a soma de sua cota-parte com a parcela que, quanto aos ativos, é proporcionalmente suportada pelo empregador." c) "O ex-empregado aposentado, preenchidos os requisitos do art. 31 da Lei n. 9.656/1998, não tem direito adquirido de se manter no mesmo plano privado de assistência à saúde vigente na época da aposentadoria, podendo haver a substituição da operadora e a alteração do modelo de prestação de serviços, da forma de custeio e os respectivos valores, desde que mantida paridade com o modelo dos trabalhadores ativos e facultada a portabilidade de carências." REsp 1818487/SP - O condomínio edilício responde pelos danos causados por seus empregados mesmo que fora do horário de expediente, desde que em razão do seu trabalho – REsp 1787026/RJ, julgado em 26/10/2021. 3T Informativo 717 do STJ, de 16/11/2021 - Quando na estipulação da cláusula penal prepondera a finalidade coercitiva, a diferença entre o valor do prejuízo efetivo e o montante da pena não pode ser novamente considerada para fins de redução da multa convencional com fundamento na segunda parte do art. 413 do Código Civil – REsp 1803803/RJ, julgado em 09/11/2021. Informativo 717 do STJ, de 16/11/2021 - Quando na estipulação da cláusula penal prepondera a finalidade coercitiva, a diferença entre o valor doprejuízo efetivo e o montante da pena não pode ser novamente considerada para fins de redução da multa convencional com fundamento na segunda parte do art. 413 do Código Civil – REsp 1803803/RJ, julgado em 09/11/2021. Informativo 717 do STJ, de 16/11/2021 - O laudo médico, previsto no art. 750 do CPC/2015 como necessário à propositura da ação de interdição, pode ser dispensado na hipótese em que o interditando resiste em se submeter ao exame – REsp 1933597/RO, julgado em 26/10/2021. - Situação adaptada: a Petrobrás celebrou contrato de afretamento de embarcação com a LarsenLimited. Em outras palavras, a LarsenLimited deveria entregar uma P ág in a4 4 embarcação para a Petrobrás, que viria do exterior para o Brasil. Como o contrato envolvia vultosos valores e a LarsenLimited está situada no exterior, a Petrobrás exigiu que a Larsen Brasil Ltda (outra empresa do grupo) também figurasse no ajuste como devedora solidária. Assim, a Larsen Brasil se obrigou conjuntamente com a outra empresa pelas “obrigações pecuniárias decorrentes do contrato”. A LarsenLimited, por culpa exclusiva sua, não cumpriu o contrato (não entregou a embarcação combinada). Diante disso, a Petrobrás cobrou o valor da cláusula penal compensatória exigindo o seu pagamento tanto da LarsenLimited (devedora principal) como da Larsen Brasil Ltda (devedora solidária). No caso, a parte não se obrigou pela entrega da embarcação (obrigação que se tornou impossível), mas pelas obrigações pecuniárias decorrentes do contrato. No entanto, é oportuno assinalar que a cláusula penal compensatória tem como objetivo prefixar os prejuízos decorrentes do descumprimento do contrato, evitando que o credor tenha que promover a liquidação dos danos. Assim, a cláusula penal se traduz em um valor considerado suficiente pelas partes para indenizar o eventual descumprimento do contrato. Tem, portanto, caráter nitidamente pecuniário. STJ. 3ª Turma. REsp 1867551-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/10/2021. - O Código Civil exige que o devedor seja notificado acerca da cessão de crédito: Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. A citação da devedora em ação movida pelo cessionário atende a finalidade precípua do art. 290 do Código Civil, que é a de “dar ciência” ao devedor do negócio, por meio de “escrito público ou particular”. A partir da citação, o devedor toma ciência inequívoca da cessão de crédito e, por conseguinte, sabe exatamente a quem deve pagar.Assim, a citação revela-se suficiente para cumprir a exigência de cientificar o devedor da transferência do crédito. STJ. Corte Especial. EAREsp 1125139-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/10/2021 (Info 713). - Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. Culpa do devedor + Impossibilidade de uma das prestações + Escolha cabe ao credor = Prestação subsistente ou o valor da prestação que se perdeu + Perdas e danos. Culpa do devedor + Impossibilidade de todas as prestações + Escolha cabe ao credor = Valor de qualquer uma das prestações + Perdas e danos. - Sobre o pagamento de cotas condominiais: “O que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações condominiais não é o registro do compromisso de compra e venda, mas a relação jurídica material com o imóvel, representada pela imissão na posse pelo promissário comprador e pela ciência inequívoca do condomínio acerca da transação”. STJ. 2ª Seção. REsp 1345331-RS, P ág in a4 5 Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/4/2015 (recurso repetitivo) (Info 560). Em caso de compra e venda, a legitimidade passiva para a ação de cobrança será do promitente-comprador ou do promitente- vendedor? DEPENDE. 1) A responsabilidade será do PROMITENTE COMPRADOR se ficar comprovado que: a) o promissário comprador se imitiu na posse (ele já está na posse direta do bem); e b) o condomínio teve ciência inequívoca da transação (o condomínio sabe que houve a “venda”). 2) A responsabilidade será do PROMITENTE VENDEDOR se: a) o promissário comprador ainda não está na posse do imóvel (não houve imissão de posse); ou b) se o condomínio não teve ciência de que ocorreu esse contrato de compromisso de compra e venda. - A possibilidade de cumulação da paternidade socioafetiva com a biológica contempla especialmente o princípio constitucional da igualdade dos filhos (art. 227, § 6º, da CF). Não se deve admitir que na certidão de nascimento conste o termo "pai socioafetivo", bem como não é possível afastar a possibilidade de efeitos patrimoniais e sucessórios quando reconhecida a multiparentalidade. Caso contrário, estar-se-ia reconhecendo a possibilidade de uma posição filial inferior em relação aos demais descendentes do genitor socioafetivo, violando o disposto nos arts. 1.596 do CC/2002 e 20 da Lei n. 8.069/1990. Portanto, reconhece-se a equivalência de tratamento e dos efeitos jurídicos entre as paternidades biológica e socioafetiva na hipótese de multiparentalidade. STJ. 4ª Turma. REsp 1487596/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 28/09/2021. - A LINDB traz uma ideia de aprimoramento do processo decisório ligado a questões de direito público. Essa é a essência da alteração legislativa. Quase que uma lei de segurança jurídica para o processo decisório no âmbito do direito público. Há valorização da consensualidade, cláusulas gerais de segurança jurídica com a proteção da confiança legítima, vinculação da administração aos seus próprios precedentes, dever de fundamentação. Uma primeira premissa é a segurança e eficiência na aplicação do direito público relativamente à ação estatal como um todo. Uma segunda premissa é aprimorar a atividade jurídico-decisória sobre questões públicas. Uma terceira premissa é ser uma lei que deve ser observada por todos os poderes e órgãos constitucionais autônomos e que lidam com questões de direito público. Uma quarta premissa é ser uma lei com aplicação em todos os níveis federativos, com caráter nacional. Uma quinta premissa é que a lei tem aplicação em todos os ramos do direito público (econômico, administrativo, tributário). É uma lei geral voltada a questões de direito público. Quanto aos objetivos da lei: a) Valorização da segurança jurídica na aplicação do direito público como um todo. b) Racionalização do controle da administração pública. P ág in a4 6 c) Processualização e democratização da administração pública. d) Consagração da proporcionalidade como critério limitador de decisões de direito público. e) Valorização da consensualidade como critério alternativo ao exercício da autoridade estatal. f) Preocupação com resultados práticos dos efeitos de decisões e o contexto em que tomadas (consequencialismo e contextualismo) - REFRAÇÃO DO CRÉDITO → Via de regra, desaparece a solidariedade no caso de falecimento do credor. Exceção: Obrigação indivisível Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. ➡EXEMPLO: Maria, José e Jacó eram credores solidários de um cavalo puro- sangue devido porDaniel. Maria, antes de a dívida ser quitada, faleceu deixando como herdeiros Zaqueu, Sara e Gaspar. Sobre a possibilidade de exigibilidade da obrigação, TEMOS QUE ZAQUEU, SARA OU GASPAR PODERÃO EXIGIR E RECEBER O CAVALO, pois a cada herdeiro neste caso (obrigação indivisível) assiste o direito de exigir a dívida por completo - Nos contratos de comodato firmados por prazo determinado, mostra-se desnecessária a promoção de notificação prévia - seja extrajudicial ou judicial - do comodatário, pois, logicamente, a mora constituir-se-á de pleno direito na data em que não devolvida a coisa emprestada, conforme estipulado contratualmente. Por outro lado, no caso de comodato por prazo indeterminado, é indispensável a prévia notificação para rescindir o contrato, pois, somente após o término do prazo previsto na notificação premonitória, a posse exercida pelo comodatário, anteriormente tida como justa, tornar-se-á injusta, de modo a configurar o esbulho possessório. No caso concreto, todavia, a despeito de o comodato ter-se dado por tempo indeterminado e de não ter havido a prévia notificação do comodatário, não se pode conceber que este detinha a posse legítima do bem. Isso porque foi ajuizada uma outra ação antes da propositura da própria ação possessória e nessa primeira ação já se demonstrou o intuito de retomar o bem, mostrando-se a notificação premonitória uma mera formalidade, inócua aos fins propriamente pretendidos. Assim, verificada a ciência inequívoca do comodatário para que providenciasse a devolução do imóvel cuja posse detinha em função de comodato com a falecida proprietária, configurado está o esbulho possessório, hábil a justificar a procedência da lide. STJ. 3ª Turma. REsp 1947697-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/09/2021 (Info 713). - É intransmissível ao cônjuge sobrevivente a pretensão de ver declarada a existência de relação avoenga com o de cujus. A impossibilidade do julgamento do pedido declaratório de relação avoenga não acarreta, necessariamente, a impossibilidade do julgamento do pedido de petição de herança. STJ. 3ª Turma. REsp 1868188-GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. P ág in a4 7 Nancy Andrighi, julgado em 28/09/2021 (Info 713). - #STJ: ##DOD: A averbação do contrato com cláusula de vigência no registro de imóveis é imprescindível para que a locação possa ser oposta ao adquirente. É o que prevê o art. 8º da Lei 8.245/91. STJ. 3ª T. REsp 1669612-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 7/8/18 (Info 632). - Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. Para facilitar, pense assim: EstadOdEperigO - OEA - Obrigação Excessivamente Onerosa Dolo de aproveitamento - Estado de Perigo DesproporcionaL – Lesão - Art. 156. Configura-se o ESTADO DE PERIGO quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte (dolo de aproveitamento), assume obrigação excessivamente onerosa. (O estado de perigo configura-se quando há perigo de dano à pessoa, não aos bens) Dica: O grave dano DEVE ser conhecido pela outra parte (Dolo de aproveitamento). Assim: Estado DE Perigo → Dolo DE aproveitamento; Lesão → Não exige dolo de aproveitamento. ESTADO DE PERIGO: Premido da NECESSIDADE DE SALVAR-SE, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, ASSUME OBRIGAÇÃO EXCESSIVAMENTE ONEROSA. LESÃO: Sob PREMENTE NECESSIDADE, ou por INEXPERIÊNCIA, se obriga a PRESTAÇÃO MANIFESTAMENTE DESPROPORCIONAL ao valor da prestação oposta. - Art. 157. Ocorre a LESÃO quando uma pessoa, sob premente NECESSIDADE, ou por INEXPERIÊNCIA, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1º. Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2º. Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. Atenção: Enunciado nº 148 – Art. 156: Ao “estado de perigo” (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157. -Dica das aulas do Tartuce (LFG): ERRO: "Me enganei". DOLO: "Me enganaram". COAÇÃO: "Me pressionaram". ESTADO DE PERIGO: "Meu reino por um cavalo". LESÃO: "Negócio da China". SIMULAÇÃO: "Parece, mas não é". - Arras é a quantia ou outro bem móvel dado por um dos contratantes ao outro para concluir o contrato e excepcionalmente assegurar o pontual cumprimento das obrigações. P ág in a4 8 1ª regra – se a inexecução for de quem deu as arras, irá perdê-las para a parte inocente. 2ª regra – se a inexecução for de quem as recebeu, terá a obrigação de devolver o valor em dobro mais atualização monetária, juros e honorários advocatícios. ` OBS: A parte inocente (prejudicada) pode pedir indenização complementar? R.: Depende das arras. - Arras confirmatórias são aquelas em que não há direito de arrependimento expresso no contrato. Aqui, a parte prejudicada pode pedir indenização complementar pelas perdas e danos. - Arras penitenciais são aquelas em que o contrato prevê um direito de arrependimento. A parte prejudicada não poderá pedir indenização complementar porque a outra parte exerceu um direito legítimo. - Na multiparentalidade deve ser reconhecida a equivalência de tratamento e de efeitos jurídicos entre as paternidades biológica e socioafetiva. STJ. 4ª Turma.REsp 1487596-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 28/09/2021 (Info 712). - A morte de usufrutuário que arrenda imóvel, durante a vigência do contrato de arrendamento, sem a reivindicação possessória pelo proprietário, torna precária e injusta a posse exercida pelos seus sucessores, mas não constitui óbice ao exercício dos direitos provenientes do contrato de arrendamento pelo espólio perante o terceiro arrendatário. REsp 1.758.946-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021, DJe 11/06/2021(Info 700) - É cabível dano moral pelo defeito na prestação de serviço de transporte aéreo com a entrega de passageiro menor desacompanhado, após horas de atraso, em cidade diversa da previamente contratada. STJ. 3ª Turma. REsp 1733136-RO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/09/2021 (Info 711). - Direitos da personalidade em espécie. 1. Direito ao nome. STJ: É possível que mãe divorciada altere o sobrenome no registro dos filhos, para acrescentar seu patronímico de solteira (REsp. 1.041.751). - É intransmissível ao cônjuge sobrevivente a pretensão de ver declarada a existência de relação avoenga com o de cujus. A impossibilidade do julgamento do pedido declaratório de relação avoenga não acarreta, necessariamente, a impossibilidade do julgamento do pedido de petição de herança. STJ. 3ª Turma. REsp 1868188-GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/09/2021 (Info 713). - Na ação de busca e apreensão de que trata o DL 911/1969, a análise da contestação somente deve ocorrer após a execução da medida liminar. STJ. 2ª Seção. REsp 1.892.589-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1040) (Info 710). - De acordo com o Código Civil de 2002, é responsável pela reparação civil, independentemente de culpa, o que houver P ág in a4 9 gratuitamente participado no produto de crime, até a concorrentequantia. - Comprovada a mora ou o inadimplemento do devedor o juiz concederá a busca e apreensão de forma liminar (sem ouvir o devedor). No prazo de 15 dias após o cumprimento da liminar (apreensão do bem), o devedor fiduciante apresentará resposta (contestação). Qual é o termo inicial para a contagem desse prazo de 15 dias: o dia em que for executada a medida liminar (apreensão do bem) ou a data da juntada do mandado de citação cumprido? Data da juntada aos autos do mandado de citação cumprido. Mas o devedor pode se adiantar e apresentar a contestação antes da execução da medida liminar? Sim. É possível a apresentação da contestação antes da execução da medida liminar. Não se pode falar que essa apresentação seja extemporânea ou prematura. Assim, não há necessidade de se desentranhar essa peça. E qual seria o objetivo de o devedor se antecipar e apresentar logo a contestação? O devedor poderia fazer isso com o objetivo de tentar evitar que o juiz concedesse a medida liminar de busca e apreensão. Essa tentativa do devedor terá êxito? Não. Isso porque o STJ entende que, mesmo se o devedor apresentar a contestação antes da execução da medida liminar, essa resposta somente será analisada pelo juiz após o cumprimento da medida. Na ação de busca e apreensão de que trata o DL 911/1969, a análise da contestação somente deve ocorrer após a execução da medida liminar. Condicionar o cumprimento da medida liminar de busca e apreensão à apreciação da contestação, causaria insegurança jurídica e ameaça à efetividade do procedimento. STJ. 2ª Seção. REsp 1892589-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1040) (Info 710). - Valorização patrimonial de imóveis ou cotas sociais de sociedade, adquiridos antes do casamento, não integra o patrimônio comum a ser partilhado, visto que a valorização é decorrência de fenômeno econômico que dispensa a comunhão de esforços do casal. - Para que a venda de ascendente para descendente seja anulada (art. 496 do CC), é imprescindível que o autor da ação anulatória comprove, no caso concreto, a efetiva ocorrência de prejuízo aos herdeiros necessários, não se admitindo a alegação de prejuízo presumido. Isso porque este negócio jurídico não é nulo (nulidade absoluta), mas sim meramente anulável (nulidade relativa). Logo, não é possível ao magistrado reconhecer a procedência do pedido no âmbito de ação anulatória da venda de ascendente a descendente com base apenas em presunção de prejuízo decorrente do fato de o autor da ação anulatória ser absolutamente incapaz quando da celebração do negócio por seus pais e irmão. STJ. 4ª Turma. REsp 1211531-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/2/2013 (Info 514). "Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do P ág in a5 0 cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória." - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas, ficará obrigado a pagar ao devedor o dobro do que houver cobrado; não se aplicará tal pena se o autor desistir da ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido. - A declaração de nulidade da sentença arbitral pode ser pleiteada, judicialmente, por duas vias: a) ação declaratória de nulidade de sentença arbitral (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96); ou b) impugnação ao cumprimento de sentença arbitral (art. 33, § 3º, da Lei nº 9.307/96). O § 1º do art. 33 prevê um prazo de 90 dias para ajuizar a ação de declaração de nulidade. O § 3º do mesmo artigo não prevê prazo. Diante disso, indaga-se: o prazo de 90 dias do § 1º do art. 33 também se aplica para a hipótese do § 3º? A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral também deve ser apresentada no prazo de 90 dias? Depende: • se a parte executada quiser alegar algum dos vícios do art. 32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de 90 dias. Assim, se já tiver se passado 90 dias da notificação da sentença, ela não poderá apresentar impugnação alegando um dos vícios do art. 32. • mesmo que já tenha se passado o prazo de 90 dias, a parte ainda poderá alegar uma das matérias do § 1º do art. 525 do CPC. Não é cabível a impugnação ao cumprimento da sentença arbitral, com base nas nulidades previstas no art. 32 da Lei nº 9.307/96, após o prazo decadencial nonagesimal. STJ. 3ª Turma. REsp 1900136/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/04/2021 (Info 691). STJ. 3ª Turma. REsp 1862147-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/09/2021 (Info 709). - ##STJ: ##DOD: Não são exigíveis aluguéis no período compreendido entre o incêndio que destruiu imóvel objeto de locação comercial e a efetiva entrega das chaves pelo locatário. A locação consiste na cessão do uso ou gozo da coisa em troca de uma retribuição pecuniária, isto é, tem por objeto poderes ou faculdades inerentes à propriedade. Em outras palavras, o objeto do contrato de locação não é exatamente a coisa ou prédio locado, mas sim o uso ou a fruição que deles se faz. Assim, extinta a propriedade pelo perecimento do bem, também se extingue, a partir desse momento, a possibilidade de usar, fruir e gozar desse mesmo bem, o que inviabiliza, por conseguinte, a manutenção do contrato de locação, o que inviabiliza, por conseguinte, a exploração econômica dessas faculdades da propriedade por meio do contrato de locação. Essa relação jurídica é baseada no mutualismo e o mutualismo pressupõe que existam prestações e contraprestações recíprocas. Se não existe mais imóvel para ser locado, há uma quebra desse sinalagma e a cobrança de aluguéis pode configurar até mesmo enriquecimento sem causa para o locador. STJ. 3ª T. REsp 1707405/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. p/ Acórdão Min. Moura Ribeiro, j. 7/5/19 (Info 650). - Elemento acidental do negócio jurídico, a condição possui, entre outras, as seguintes características: acessoriedade e voluntariedade. P ág in a5 1 - O valor existente em plano de previdência complementar privada aberta na modalidade PGBL, antes de sua conversão em renda e pensionamento ao titular, possui natureza de aplicação e investimento, devendo ser objeto de partilha por ocasião da dissolução do vínculo conjugal ou da sucessão por não estar abrangido pela regra do art. 1.659, VII, do CC/2002. Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: (...) VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. STJ. 3ª Turma. REsp 1726577-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info 709). - A cessação da incapacidade civil de um dos cônjuges, que impunha a adoção do regime da separação obrigatória de bens sob a égide do Código Civil de 1916, autoriza a modificação do regime de bens do casamento. STJ. 3ª Turma. REsp 1947749-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info 709). - A obrigação alimentar é personalíssima, extingue-se com o óbito do alimentante, cabendo ao Espólio arcar com débitos não quitados em vida. Exceção: casos em que o alimentado seja herdeiro, hipóteses nas quais a prestação perdurará ao longo do inventário (STJ, Tese 7, Ed. 77). - JUROS MORATÓRIOS→ * Responsabilidade Extracontratual: juros moratórios desde o Evento danoso (Súmula 54, STJ: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.) * Responsabilidade Contratual: juros moratórios desde a Citação. (Art. 405, CC: Contam-se osjuros de mora desde a citação inicial.) - CORREÇÃO MONETÁRIA: incide desde a data do Arbitramento. Súmula 362, STJ: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. - RESPONSABILIDADE CONTRATUAL --> aplica-se a regra geral (art. 205 CC/02) que prevê dez anos de prazo prescricional. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL --> aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/02, com prazo de três anos". - DANO SOCIAL: "Portanto, a nossa tese é bem clara: a responsabilidade civil deve impor indenização por danos individuais e por danos sociais. Os danos individuais são os patrimoniais, avaliáveis em dinheiro, - danos emergentes e lucros cessantes -, e os morais, - caracterizados por exclusão e arbitrados como compensação para a dor, para lesões de direito de personalidade e para danos patrimoniais de quantificação precisa impossível. Os danos sociais, por sua vez, sãolesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral - principalmente a respeito da segurança - quanto por diminuição por dolo ou culpa grave, especialmente, repetimos, se atos que reduzem as condições coletivas de segurança, e de indenizaçãodissuasória, se atos em geral de pessoa jurídica, que trazem uma diminuição do índice de qualidade de vida da população." (DE AZEVEDO, Antônio Junqueira. Por uma nova categoria de dano na responsabilidade civil: o dano social. In: FILOMENO, José Geraldo Brito; WAGNER JR., Luiz Guilherme da Costa; GONÇALVES, Renato Afonso (coord.). O Código Civil e sua interdisciplinaridade. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 376) P ág in a5 2 • Enunciado 455 da V Jornada de Direito Civil do CJF: "A expressão dano no art. 944 abrange não só os danos individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a serem reclamados pelos legitimados para propor ações coletivas • Enunciado nº 456 do Conselho de Justiça Federal: “A expressão ‘dano’ no artigo 944 abrange não só os danos individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos”. - CONTRATOS – DEVERES ACESSÓRIOS: • De fato, a boa-fé objetiva constitui um modelo de conduta social ou um padrão ético de comportamento, impondo, concretamente, a todo cidadão que atue com honestidade, lealdade e probidade. • As múltiplas funções exercidas pela boa-fé no curso da relação obrigacional, desde a fase anterior à formação do vínculo, passando pela sua execução, até a fase posterior ao adimplemento da obrigação, PODEM SER VISLUMBRADAS EM TRÊS GRANDES PERSPECTIVAS, que foram positivadas pelo CC: • a) interpretação das regras pactuadas (função interpretativa); • b) criação de novas normas de conduta (função integrativa); • e c) limitação dos direitos subjetivos (função de controle contra o abuso de direito). • A função integrativa da boa-fé permite a identificação concreta, em face das peculiaridades próprias de cada relação obrigacional, de novos deveres, além daqueles que nascem diretamente da vontade das partes (art. 422 do CC). • Ao lado dos deveres primários da prestação, SURGEM OS DEVERES SECUNDÁRIOS OU ACIDENTAIS DA PRESTAÇÃO E, ATÉ MESMO, DEVERES LATERAIS OU ACESSÓRIOS DE CONDUTA. • ENQUANTO OS DEVERES SECUNDÁRIOS VINCULAM-SE AO CORRETO CUMPRIMENTO DOS DEVERES PRINCIPAIS (v.g. dever de conservação da coisa até a tradição), OS DEVERES ACESSÓRIOS LIGAM- SE DIRETAMENTE AO CORRETO PROCESSAMENTO DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL (v.g. deveres de cooperação, de informação, de sigilo, de cuidado). • Decorre, portanto, justamente da função integradora do princípio da boa-fé objetiva, a necessidade de comunicação expressa ao ex-empregado de possível cancelamento do plano de saúde caso este não faça a opção pela manutenção no prazo de 30 dias. • E mais, não pode a operadora do plano de saúde proceder ao desligamento do beneficiário sem a prova efetiva de que foi dada tal oportunidade ao ex-empregado. • Por fim, destaque-se que o entendimento aqui firmado encontra guarida na Resolução Normativa 279 da ANS, de 24/11/2011, que "Dispõe sobre a regulamentação dos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, e revoga as Resoluções do CONSU nºs 20 e 21, de 7 de abril de 1999”. REsp 1.237.054-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/4/2014. (INFO 542) - TEORIA DO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL: • O ARTIGO 389 DO CC É FUNDAMENTO E A CAUSA DE JUSTIFICAÇÃO DA TEORIA DO INADIMPLEMENTO, bem como da impropriamente denominada responsabilidade civil “contratual” (violação de dever jurídico preexistente e específico). P ág in a5 3 • A RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL (vínculo entre sujeitos determinados ou ao menos determináveis) É, ESSENCIALMENTE, TRANSITÓRIA. • Em razão desta característica, A LIBERAÇÃO DOS SUJEITOS DESTE VÍNCULO ESPECÍFICO E INDIVIDUALIZADO OCORRERÁ POR MEIO DO ADIMPLEMENTO (objetivo de toda obrigação) OU INADIMPLEMENTO, COM TODAS AS CONSEQUÊNCIAS DAÍ DECORRENTES (perdas e danos, juros, cláusula penal e arras). • Na relação jurídica obrigacional, de um lado, há o titular do direito subjetivo de crédito (credor) e, de outro, o titular de dever jurídico (devedor - este se compromete a concretizar prestação de dar, fazer ou não fazer e a se comportar de modo adequado no processo obrigacional). • O vínculo jurídico é individualizado e específico, porque os sujeitos (credor e devedor) podem ser identificados. A partir desta noção geral, é fácil compreender o inadimplemento. • Se o devedor, por ação ou omissão, viola o dever jurídico preexistente assumido com o credor, caracterizado estará o inadimplemento. Este é o resultado da violação do dever jurídico. • É o que enuncia o artigo 389: “não cumprida a obrigação” ... ou seja, VIOLADO O DEVER JURÍDICO PREEXISTENTE .... O QUE PODE OCORRER PELA NÃO CONCRETIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO (dar, fazer ou não fazer – dever jurídico de prestação) OU EM RAZÃO DE COMPORTAMENTO INADEQUADO, DEFEITUOSO OU NÃO ÉTICO DURANTE O PROCESSO OBRIGACIONAL (boa-fé objetiva –dever de comportamento– VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO). • A CONFUSÃO OCORRE QUANDO SE FAZ ASSOCIAÇÃO (QUE NÃO É NECESSÁRIA) ENTRE O INADIMPLEMENTO E A RESPONSABILIDADE CIVIL (que pode ter como causa o inadimplemento). • Inadimplemento consiste apenas na violação de dever jurídico, que afeta o direito subjetivo de outrem (credor). Ponto. • Tal violação (inadimplemento) pode ou não ser causa de responsabilidade civil (denominada “contratual”, justamente porque o seu fundamento é a violação de dever jurídico preexistente específico – inadimplemento). • A responsabilidade civil “contratual” subjetiva pressupõe inadimplemento culposo (dolo ou culpa - imputabilidade), nexo causal e o dano. • A responsabilidade civil objetiva, na teoria do inadimplemento, pressupõe inadimplemento (não cumprimento da prestação por sujeito que exerce atividade de risco ou não cumprimento nas relações jurídicas que a lei objetiva, como no transporte), nexo causal (o elemento mais relevante da responsabilidade objetiva, pois a ausência de culpa, por si só, não rompe o nexo – apenas o fortuito externo/fato de terceiro ou fato exclusivo do outro sujeito rompem o nexo – será objeto de outro post) e o dano. • O inadimplemento pode ser imputável (neste caso haverá responsabilidade) ou não imputável (não haverá responsabilidade) ao sujeito que viola dever jurídico (não cumpre a prestação ou se comporta de modo inadequado durante o processo obrigacional). • Por exemplo, se o inadimplemento decorre de caso fortuito ou força maior, em regra, não há responsabilidade civil (art.393, caput). • Portanto, embora possa ser causa de responsabilidade civil, não é correto fazer correlação necessária entre inadimplemento e responsabilidade. P ág in a5 4 • O artigo 389 pode ser fracionado em duas partes: Na primeira parte (“não cumprida a obrigação...”) trata do inadimplemento e, na segunda (“responde o devedor...”), da responsabilidade civil. O inadimplemento PODE ser fonte de responsabilidade (efeito daquele). • Por fim, O INADIMPLEMENTO PODE SER ABSOLUTO (prestação não foi cumprida e não há possibilidade de ser cumprida OU não há interesse do outro sujeito no cumprimento – a prestação é substituída – sub-rogação - por indenização, se for imputável), RELATIVO (teoria da mora – prestação não foi cumprida, mas ainda há possibilidade de ser cumprida E o outro sujeito tem interesse no cumprimento – será analisada em outro post) E, FINALMENTE, VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO (ainda que a prestação tenha sido cumprida, um dos sujeitos, durante o processo obrigacional, não adotou comportamento eticamente adequado – violação de deveres anexos/colaterais, decorrentes da boa-fé objetiva). • NO QUE TANGE À VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO, DUAS OBSERVAÇÕES: 1- é espécie autônoma de inadimplemento; 2- rompe com a tradição das relações jurídicas individualizadas porque os deveres relacionados à boa-fé objetiva – cooperação, lealdade, informação, proteção, entre outros, independem de previsão na relação jurídica obrigacional específica. - Casos em que os parentes até 4º grau terão legitimidade legal para exercer direitos: • Ajuizar ação de interdição em face de outro parente Art. 747 CPC. A interdição pode ser promovida: II - pelos parentes ou tutores; • Ajuizar ação em defesa de direito da personalidade de morto Art. 12 CC. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. • Receber herança: Art. 1.829 CC. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: IV - aos colaterais. • Lei 11.101/05 Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata o art. 142: [omissis] II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. § 1º O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante for: [omissis]; II – parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; - Caso concreto → determinado supermercado funciona em um shopping center, com quem mantém contrato de locação de espaço. O ajuste prevê que o P ág in a5 5 aluguel corresponde a 2 por cento sobre as vendas líquidas que o supermercado realizar. O supermercado ajuizou ação renovatória de locação contra a administradora do shopping pedindo a renovação do aluguel. O shopping contestou afirmando que não se opõe à renovação do contrato, desde que haja um aumento do aluguel para o percentual de 2,5 por cento das vendas líquidas, considerando que o valor originalmente contratado (2 por cento) está abaixo do percentual adotado comumente no mercado. O pedido do shopping não foi acolhido. Para a fixação do valor do aluguel no contrato de locação de espaço em shopping center, são consideradas algumas características especiais do empreendimento e que o diferencia dos demais. Assim, a título de exemplo, devem ser consideradas a disponibilidade e a facilidade de estacionamento, a segurança do local, a oferta de produtos e serviços, opções de lazer, entre outros. Desse modo, há uma série de fatores que influenciam na fixação da remuneração mensal e que são alheios ao valor de mercado. Frente às singularidades que diferenciam tais contratos, o art. 54 da Lei nº 8.245/91 assegura a prevalência dos princípios da autonomia da vontade e do pacta sunt servanda. Nesse sentido, a alteração do aluguel percentual em sede de ação renovatória de locação de espaço em shopping center somente é viável caso demonstrado pela parte postulante - locatário ou locador - o desequilíbrio econômico superveniente resultante de evento imprevisível (arts. 317 e 479 do CC/2002). STJ. 3ª Turma. REsp 1.947.694-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info 709). - Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora desde a data da prática do ato. - É lícita a previsão, em estatuto social de cooperativa de trabalho médico, de processo seletivo público como requisito de admissão de profissionais médicos para compor os quadros da entidade, devendo o princípio da porta aberta ser compatibilizado com a possibilidade técnica de prestação de serviços e a viabilidade estrutural econômico-financeira da sociedade cooperativa. STJ. 3ª Turma. REsp 1901911- SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/08/2021 (Info 673). STJ. 2ª Seção. AgInt nos EREsp 1561337/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 18/08/2021. - Situações em que o MP poderá ajuizar a ação de interdição: ✓ I - em caso de doença mental grave (independentemente dos demais legitimados); ou ✓ II - em qualquer outro caso de incapacidade, se não existirem outros legitimados (pais, tutores, cônjuge ou parente) ou, existindo, eles ficarem inertes ou se não puderem propor a ação (por serem incapazes). ➔ Dessa forma, o MP só propõe a ação de interdição em caso de doença mental grave ou se nenhum dos outros legitimados propuser. - Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. P ág in a5 6 - Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. - O art. 500 do Código Novo, substituiu as disposições do art. 1.136 do Código que se expira sob a venda “ad mensuram” e a venda “ad corpus” com suas consequências. A venda de imóvel “ad mensuram” ou por medida é aquela em que se fixa área determinada e estipula o preço por medida de extensão. É interessante a distinção entre a venda por medida e a venda “ad corpus”, porque os efeitos são diferentes. Na prática, a venda “ad mensuram” constitui-se de gleba retirada de área maior. O comprador adquire uma determinada metragem de terreno. O vendedor tem de entregar a quantidade vendida, observado pelo comprador um limite legal de tolerância em favor do vendedor de até menos de 1/20 da área total enunciada. Se a área vendida foi de 100 hectares, o vendedor tem de entregar ao comprador (100 : 20 = 5. 100 – 5 = 95) no mínimo 96 hectares. Se a medida for menor, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional do preço. A presunção de que a diferença encontrada não excedente a 1/20 foi meramente enunciativa (“juris tantum”), porque a Lei ressalvou ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. Por outro lado, o que não eraprevisto no Código de 1916 (antigo), se a área encontrada for maior do que a declarada no título, o vendedor tem direito, por escolha do comprador, de receber a complementação do preço ou a devolução do excesso, desde que o vendedor possa provar que tinha motivo suficiente para ignorar a medida exata da área vendida. - Considera-se “ad corpus” a compra e venda de uma gleba determinada de terra, com limites e confrontações conhecidos por ambos os contratantes e colocados na descrição no título. Neste tipo de operação as partes não estão interessadas em medidas, mas no todo que compõe a gleba. Neste caso não haverá complementação da área e nem devolução do excesso. Havendo limites certos e confrontantes determinados, a referência às dimensões é apenas enunciativa, mesmo que não conste de modo expresso haver sido a venda “ad corpus”. Com muito mais razão ainda, quando em tais circunstâncias, a dimensão é seguida da locução adverbial “mais ou menos”, significando que para mais ou para menos não faz diferença para os contratantes. - Tanto o vendedor quanto o comprador têm o prazo de um ano para reclamarem em juízo a complementação da área faltante, ou a rescisão do contrato ou o abatimento proporcional do preço, contado a partir do registro do título, ou, então, a partir da imissão na posse se houver atraso por culpa do alienante – (art. 501 do Novo Código Civil). - Conversas no Whatsapp: As conversas travadas por meio do WhatsApp são resguardadas pelo sigilo das comunicações. Assim, terceiros somente podem ter acesso às conversas de WhatsApp se houver consentimento dos participantes ou autorização judicial. As mensagens eletrônicas estão protegidas pelo sigilo em razão de o seu conteúdo ser privado, isto é, restrito aos interlocutores. Dessa forma, ao enviar mensagem a determinado ou a determinados P ág in a5 7 destinatários, via WhatsApp, o emissor tem a expectativa de que ela não será lida por terceiros, quanto menos divulgada ao público, seja por meio de rede social ou da mídia. Essa expectativa advém não só do fato de ter o indivíduo escolhido a quem enviar a mensagem, como também da própria encriptação a que estão sujeitas as conversas (criptografia ponta-a-ponta). Além disso, se a sua intenção fosse levar ao conhecimento de diversas pessoas o conteúdo da mensagem, a pessoa que enviou a mensagem teria optado por uma rede social menos restrita ou mesmo repassado a informação à mídia para que fosse divulgada. Assim, se o indivíduo divulga ao público uma conversa privada, além de estar quebrando o dever de confidencialidade, está também violando legítima expectativa, a privacidade e a intimidade do emissor. Justamente por isso, esse indivíduo pode ser responsabilizado por essa divulgação caso se configure o dano. É importante consignar que a ilicitude poderá ser descaracterizada (afastada) quando a exposição das mensagens tiver como objetivo resguardar um direito próprio do receptor. Nesse caso, será necessário avaliar as peculiaridades concretas para fins de decidir qual dos direitos em conflito deverá prevalecer. STJ. 3ª Turma. REsp 1903273-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/08/2021 (Info 706). - Para fins de determinação da legitimidade ativa em ação de inventário, a adoção realizada na vigência do CC/1916 é suscetível de revogação consensual pelas partes após a entrada em vigor do Código de Menores (Lei nº 6.697/79), mas antes da entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90). STJ. 3ª Turma. REsp 1930825-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/08/2021 (Info 706). - Por si só, a pactuação do IGPM como índice de correção monetária não revela ilegalidade ou abusividade. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1935166/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão Weber, julgado em 23/08/2021. - ##STJ: ##DOD: O art. 12 da Lei 8.245/91 prevê que “em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel.” O § 1º do art. 12 afirma que o locatário sub-rogado deverá notificar o fiador, informando sobre essa separação, a fim de que o fiador decida se deseja ou não continuar com este encargo. Segundo o § 2º do art. 12, o fiador, depois de ser notificado pelo sub-rogado, poderá, no prazo máximo de 30 dias, informar ao locador que quer se exonerar das suas responsabilidades. Suponhamos que o locatário sub-rogado não informou o fiador. O locador, contudo, assumiu esse papel e notificou o fiador, comunicando que houve a sub-rogação. Mesmo assim o prazo do fiador já começou a correr? O prazo de 30 dias para que o fiador peça a sua exoneração começou a ser contado a partir dessa notificação feita pelo locador? SIM. O prazo para o fiador exonerar-se da fiança inicia-se do efetivo conhecimento da sub-locação, ainda que a ciência não ocorra pela comunicação do locatário sub-rogado. Apesar de o art. 12, § 2º da Lei 8.245/91 afirmar que é o locatário original que deverá fazer a notificação do fiador, é possível a relativização dessa formalidade por meio da aplicação do princípio da instrumentalidade das formas. STJ. 3ª T. REsp 1.510.503-ES, Rel. Min. Ricardo P ág in a5 8 Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, j. 5/11/19 (Info 660). - É possível o ajuizamento de ação possessória, fundada em cláusula resolutiva expressa, decorrente de inadimplemento contratual do promitente comprador, sendo desnecessária a prévia propositura de ação para resolução do contrato: Não se pode impor à parte já prejudicada pelo inadimplemento ter o ônus de ajuizar demanda judicial para obter a resolução do contrato quando já existe uma cláusula resolutória expressa em seu favor. Exigir isso seria impor ônus demasiado e obrigação contrária ao texto expresso da lei, desprestigiando o princípio da autonomia da vontade, da não intervenção do Estado nas relações negociais, criando obrigação que refoge à verdadeira intenção legislativa. Fundamento legal: Código Civil / Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. A cláusula resolutiva expressa é aquela expressamente estipulada pelas partes no momento da celebração do negócio jurídico ou em oportunidade posterior (por meio de aditivo contratual), porém, sempre antes da verificação da situação de inadimplência nela prevista, que constitui o suporte fático para a resolução do ajuste firmado. Nesta cláusula, as partes indicam as hipóteses que geram a extinção do contrato. STJ. 4ª Turma. REsp 1789863-MS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 10/08/2021 (Info 704). - Para penhorar bens pertencentes a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), por dívidas do empresário que a constituiu, é imprescindível a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica de que tratam os arts. 133 e seguintes do CPC/2015, de modo a permitir a inclusão do novo sujeito no processo atingido em seu patrimônio em decorrência da medida. Exemplo hipotético: o banco ajuizou execução cobrando dívida de João. Não foram localizados bens do executado. Foi então que o banco descobriu que João era titular de uma EIRELI e que essa empresa possuía alguns bens em seu nome. O banco pediu ao juiz a penhora dos bens pertencentes à EIRELI. O magistrado proferiu decisão interlocutória rejeitando o pedido de penhora sob o argumento de que a EIRELI é uma pessoa jurídica diferente de João, com patrimônio autônomo. Tratando-se de pessoa jurídica com patrimônio autônomo, é indispensável a instauração de incidente de desconsideração da personalidade jurídicaantes de eventual constrição de bens. Agiu corretamente o magistrado. Na hipótese de indícios de abuso da autonomia patrimonial, a personalidade jurídica da EIRELI pode ser desconsiderada, de modo a atingir os bens particulares do empresário individual para a satisfação de dívidas contraídas pela pessoa jurídica. Também se admite a desconsideração da personalidade jurídica de maneira inversa, quando se constatar a utilização abusiva, pelo empresário individual, da blindagem patrimonial conferida à EIRELI, como forma de ocultar seus bens pessoais. Em uma ou em outra situação, todavia, é imprescindível a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica de que tratam os arts. 133 e seguintes do CPC/2015, de modo a permitir a inclusão do novo sujeito no processo - o empresário individual ou a EIRELI -, atingido em seu patrimônio em decorrência da medida. STJ. 3ª Turma. REsp 1874256-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/08/2021 (Info 705). P ág in a5 9 Obs: o art. 41 da Lei nº 14.195/2021 retirou a EIRELI do ordenamento jurídico brasileiro. - O fato de ter sido concedida a gestão da herança a terceiro não implica restrição do exercício do poder familiar do genitor sobrevivente para promover a contratação de advogado, em nome dos herdeiros menores, a fim de representar os interesses deles no inventário. Exemplo hipotético: Carlos faleceu e deixou como herdeiros Andrea (viúva), Lucas e Gabriela (filhos menores). Carlos deixou um testamento no qual nomeou sua irmã (Elisângela) como testamenteira. O juiz nomeou Elisângela como inventariante dos bens deixados por Carlos, cabendo a ela a administração do patrimônio deixado para os filhos pelo de cujus. A mãe dos menores contratou advogados para defender os interesses de seus filhos menores no inventário e pactuou honorários de 3% sobre o valor real dos bens móveis e imóveis inventariados. Os advogados do escritório ajuizaram execução cobrando os honorários. Elisângela, na qualidade de tia dos menores executados, testamenteira e única administradora, ofereceu exceção de pré- executividade em favor dos devedores Lucas e Gabriela, filhos do de cujus, alegando que o contrato de serviços advocatícios onerou o patrimônio deles sem que houvesse sua expressa autorização, tendo o negócio sido firmado por pessoa (Andrea) que não possuía ingerência sobre tais bens, dando-os em garantia de pagamento da obrigação. O STJ não concordou com a alegação de nulidade do contrato. A contratação de advogado por representante de incapaz, para atuar em inventário, como ocorreu no presente caso, configura ato de simples administração e, por isso mesmo, não depende de autorização judicial. Por se tratar de ato de simples administração, independe de prévia autorização judicial a contratação de advogado para patrocinar a ação de inventário de bens do falecido, realizada pela genitora dos menores que herdarão o patrimônio deixado pelo de cujus. STJ. 4ª Turma. REsp 1566852-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 17/08/2021 (Info 705). - Sobre o pagamento de dívidas de devedores solidários: 1) Quando a dívida é de interesse comum dos devedores solidários (hipótese que está no comando da questão): neste caso, aplica- se o art. 283 do CC, em que o pagamento integral efetuado por um dos codevedores somente o autoriza cobrar dos demais devedores o valor da cota de cada um destes, não havendo solidariedade entre os cotistas. 2) Quando a dívida interessa exclusivamente a um dos devedores solidários: neste caso aplica-se o artigo 285 do CC, em que o pagamento integral efetuado por devedor solidário sem interesse na dívida, o autoriza a cobrar do devedor interessado na dívida, o VALOR TOTAL do que pagou, livrando-se de pagar uma cota. Ex: fiador (devedor solidário sem interesse) que paga integralmente a dívida do afiançado (devedor interessado na dívida). Neste caso, pode o fiador depois de pagar totalmente o débito, cobrar do afiançado o valor total da dívida que quitou. - Visão funcionalizada do bem público • Nessa acepção, a ideia de funcionalização é ínsita até à propriedade pública. A propriedade pública é, de ordinário, funcionalizada à satisfação de um determinado fim de interesse público, sem o P ág in a6 0 que não faria sentido cogitar do próprio domínio público. • Esse conceito guarda relação com as noções de Estado Gerencial; e de máximo aproveitamento dos recursos públicos. - Não se pode impor à parte já prejudicada pelo inadimplemento ter o ônus de ajuizar demanda judicial para obter a resolução do contrato quando já existe uma cláusula resolutória expressa em seu favor. Exigir isso seria impor ônus demasiado e obrigação contrária ao texto expresso da lei, desprestigiando o princípio da autonomia da vontade, da não intervenção do Estado nas relações negociais, criando obrigação que refoge à verdadeira intenção legislativa. Fundamento legal: Código Civil / Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. A cláusula resolutiva expressa é aquela expressamente estipulada pelas partes no momento da celebração do negócio jurídico ou em oportunidade posterior (por meio de aditivo contratual), porém, sempre antes da verificação da situação de inadimplência nela prevista, que constitui o suporte fático para a resolução do ajuste firmado. Nesta cláusula, as partes indicam as hipóteses que geram a extinção do contrato. STJ. 4ª Turma. REsp 1789863-MS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 10/08/2021 (Info 704). - O fato de o devedor de alimentos estar recolhido à prisão pela prática de crime não afasta a sua obrigação alimentar, tendo em vista a possibilidade de desempenho de atividade remunerada na prisão ou fora dela a depender do regime prisional do cumprimento da pena. STJ. 3ª Turma. REsp 1882798-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/08/2021 (Info 704). - Alguns pontos sobre a desconsideração da PJ: • Teoria da desregardofthe legal entity ou desregarddoctrine ou TEORIA DA PENETRAÇÃO: quebra da autonomia, independência patrimonial e processual da PJ frente aos seus membros; a desconsideração é exceção. • Não confunda a desconsideração da PJ com a ‘’despersonificação’’ ou ‘’despersonalização’’. • Por despersonalização entende-se a anulação ou dissolução definitiva da personalidade da sociedade, não sendo essa a medida mais adequada a ser tomada no caso de abuso ou fraude cometida pela pessoa jurídica, tendo em vista que ela é um pólo de desenvolvimento de empregos e geração de rendas • TEORIA ULTRA VIRES: a PJ somente responde pelos atos de seus representantes até o limite dos poderes que lhe foram outorgados, sendo nulo aquilo que o exceda. Essa teoria busca proteger a pessoa jurídica. • TEORIA DA APARÊNCIA: atribui a obrigação decorrente do ato abusivo à sociedade, cabendo a esta ação regressiva em face do sócio ou administrador que aja em excesso. Essa teoria busca defender a boa-fé objetiva do terceiro, que estabeleceu relações com pessoa que agia em nome da sociedade, e desconhecia os limites desses poderes. • Teoria MAIOR - direito civil: considera necessário que tenha ocorrido abuso de personalidade jurídica, caracterizado por desvio de finalidade ou confusão patrimonial. • Teoria MENOR - direito ambiental e consumidor: basta a apresentação de mera P ág in a6 1 prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial; • DESCONSIDERAÇÃO INVERSA/INVERTIDA: caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade,para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade jurídica propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio.” REsp 1.236.916-RS. - CONCEITOS IMPORTANTES sobre a desconsideração da PJ: • Confusão patrimonial: ocorre quando, na prática, não há separação entre o que seja patrimônio da pessoa jurídica e dos sócios, caracterizada por: cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. • Desvio de finalidade: é o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros utilizando a autonomia da pessoa jurídica como um escudo: lesar credores e praticar de atos ilícitos de qualquer natureza. • Grupo econômico: um conjunto de sociedades no qual se há o controle efetivo de uma sociedade sobre todas as demais ou um conjunto em que estas forem coligadas. Referido controle pode ser fundado na titularidade de ações ou quotas por outra sociedade (por participação direta ou indireta) ou, ainda, mediante acordo entre os sócios/acionistas (bloco de controle), desde que se tenha assegurado, de modo permanente, o direito à preponderância nas deliberações societárias. - Pretensões imprescritíveis: 1. Relativas ao estado das pessoas; 2. Relacionadas a bens públicos; 3. Decorrentes de condutas do período militar; 4. Reparação de danos ambientais; 5. Ressarcimento ao erário por ato doloso de improbidade administrativa. - Da inexecução contratual imputável, única e exclusivamente, àquele que recebeu as arras, estas devem ser devolvidas mais o equivalente. Se a parte que recebeu as arras não cumprir sua obrigação contratual (arras confirmatórias) ou exercer seu direito de arrependimento (arras penitenciais), ela terá que pagar para a parte inocente o valor das arras mais o equivalente. Assim, a restituição somada ao “equivalente” ocorre tanto no caso de arras confirmatórias como nas arras penitenciais. STJ. 3ª Turma. REsp 1927986-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/06/2021 (Info 702). - A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativa. Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC. Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a vítima. P ág in a6 2 Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio mínimo do infante. Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz. - A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária. STJ. 4ª Turma. REsp 1436401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599). Fonte: dizer o direito. - O poder familiar não se esgota na guarda, compreendendo um complexo de deveres como, proteção, cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária, sendo irrelevante a proximidade física quando os menores venham a causar danos, salvo em caso de residência permanente em local distinto daquele no qual mora o menor com o outro genitor. - ESPÉCIES DE ALIMENTOS (CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS) 3.1 Generalidades São diversas as classificações a respeito dos alimentos, implicando em diferentes espécies, com a intenção de uma melhor compreensão da matéria. Assim, vejamos, minudentemente, cada um dos critérios classificatórios. 3.2 Quanto à origem: legítimos, voluntários e ressarcitórios. Em razão da sua origem (causa jurídica), os alimentos podem ser legítimos, • também chamados de legais, voluntários ou ressarcitórios, a depender da razão jurídica justificadora. Serão legítimos ou legais quando decorrem de uma relação familiar (seja de casamento, de união estável ou de parentesco), estabelecendo uma prestação em favor daquele que necessita e proporcionalmente às possibilidades do devedor (CC; · art. 1.694). Estes são os únicos disciplinados pelas regras do Direito de Família, permitindo, inclusive, a prisão civil do alimentante como força coercitiva para o cumprimento da obrigação (CF, art. 5", LXVII). De outro turno, são voluntários quando decorrem de ato espontâneo de quem os presta, seja intervivos ou causa mortis. Nessa hipótese (causa mortis), denominam-se testamentários, por defluir de um ato de última vontade, somente produzindo efeitos após a morte do instituidor. É um caso típico de legado sob a forma de alimentos, onerando o espólio (CC. art. 1.920). Naquele caso (intervivos), são apelidados de convencionais, apresentando- se sob. a forma de doação. Em ambas as hipóteses, trata-se de liberalidade porque o devedor não estava obrigado por lei a prestá-los. É importante registrar que os alimentos voluntários se submetem ao limite da legítima, e não estão regidos pelas regras familiaristas. Por derradeiro, os alimentos serão ressarcitórios, também nominados indenizatórios, quando resultam de uma sentença condenatória em matéria de Responsabilidade Civil, quando o juiz fixa a reparação do dano sob a forma de prestações periódicas, com natureza alimentar. Não se trata de obrigação, mas de faculdade do magistrado, a teor do que reza o art. 533 do Código de Processo Civil de 2015. É o exemplo da vítima que se torna incapaz para o trabalho em razão de lesões corporais ou de tentativa de homicídio. É matéria atinente· ao Direito da Responsabilidade Civil. - Há dois tipos de coação: - Coação absoluta ou física (vis absoluta) - Coação relativa ou moral (vis compulsiva) P ág in a6 3 A coação absoluta ou física, em verdade, não consiste em um defeito do negócio jurídico, mas em motivo de completa aniquilação da manifestação de vontade, a qual atingirá o plano da existência do negócio jurídico, não apenas o plano da validade (como a coação relativa e os demais defeitos do negócio). Assim, o negócio jurídico realizado por coação absoluta será INEXISTENTE, e não inválido. A coação invalidante, portanto, é a COAÇÃO RELATIVA, aquela na qual existe manifestação de vontade ainda que viciada. Assim: COAÇÃO FÍSICA – INEXISTÊNCIA DO NJ COAÇÃO MORAL – ANULAÇÃO DO NJ - NULIDADE X INEXISTÊNCIA O ato inexistente é aquele que não reúne os elementos necessários à sua formação.Ele não produz qualquer consequência jurídica. (Não depende de decisão judicial para a sua retirada). Por exemplo: sentença não assinada pelo juiz, coação FÍSICA (não está no Código Civil). Já o ato nulo é o ato que embora reúna os elementos necessários a sua existência, foi praticado com violação da lei, a ordem pública, bons costumes ou com inobservância da forma legal. O ato nulo precisa de decisão judicial para a retirada da sua eficácia. Ex: Simulação (única que causa nulidade absoluta, nos defeitos dos negócios jurídicos). O ato anulável é o que tem defeito de menor gravidade. Já a invalidade é uma forma genérica das subespécies de: nulidade e anulabilidade. Assim, tanto o ato nulo como o anulável é considerado inválido. O dolo principal torna o negócio jurídico anulável (art. 171 ,II,CC). - Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: II - por vício resultante de erro, dolo, coação (RELATIVA/MORAL), estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. - Independentede ser contra a Fazenda ou não, temos: Acerca do JUROS DE MORA: →Se extracontratual: a partir do evento danoso (art. 398 e Sumula 54 STJ) → Se contratual: a) em obg liquida – a partir do vencimento (397CC) b) em obgiliquida– partir da citação (405CC) -Acerca da correção monetária: Dano material: a partir da data do efetivo prejuizo (seja o ilicito contratual ou extracontratual) - Sumula 43 STJ Dano moral: incide a partir do arbitramento (seja contratual ou extracontratual - S 362 STJ) Nos danos MORAIS = a CORREÇÃO é sempre do arbitramento (seja arbitrado em face de responsabilidade contratual ou extracontratual) Nos danos MORAIS= os JUROS são sempre da data do evento/prejuízo (seja arbitrado em face de responsabilidade contratual ou extracontratual) - A operadora que resiliu unilateralmente plano de saúde coletivo empresarial não possui a obrigação de fornecer ao usuário idoso, em substituição, plano na modalidade individual, nas mesmas condições de valor do plano extinto. P ág in a6 4 STJ. 3ª Turma. REsp 1924526-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/06/2021 (Info 703). - A entidade esportiva mandante do jogo responde pelos danos sofridos por torcedores, em decorrência de atos violentos provocados por membros de torcida rival. STJ. 3ª Turma. REsp 1924527-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info 701). - qual é a diferença entre estado de perigo e lesão? Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. - qual é o prazo prescricional para a pretensão indenizatória devido à abusividade de contrato de seguro- saúde? →20 anos (CC/16) e 3 anos (CC/02). - os prazos prescricionais podem ser, em alguma hipótese, alterados pelas partes? →não - qual é o prazo para a ação de nulidade de negócio jurídico por incapacidade absoluta da parte? →Não há, uma vez que o negócio nulo não se convalesce com o decurso do tempo, conforme o artigo 169, do CC. - qual é o prazo (e sua natureza) para a ação de revogação de doação por ingratidão do donatário? →decadencial de 1 ano (art. 559, CC) - aplicam-se à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição? → Não, salvo disposição em contrário (art. 207, CC). - quais são as hipóteses de casamento nulo? →após a alteração promovida pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n° 13.146/2015), [só] é NULO o casamento contraído por infringência de IMPEDIMENTO MATRIMONIAL. Todavia, é importante deixar anotado que, apesar da literalidade da lei, há vários julgados entendendo que na ocorrência de casamento simulado (v.g. para obtenção de benefício previdenciário) tem- se causa de NULIDADE. - Decisão apoiada →é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. - Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio. - no caso de a parte solicitar o término do acordo firmado em processo de decisão apoiada, será esse requerimento apreciado P ág in a6 5 pelo MP? →não há previsão nem de apreciação pelo MP nem de homologação pelo juiz (1783-A, § 9º, CC) - Princípio da cindibilidade (ou parcelaridade) do título imobiliário: →consiste na possibilidade e fazer apenas o registro de parte dos objetos constantes do título seja porque existe uma nulidade parcial que permite a separação, ou porque houve pedido expresso da parte interessada, isto é, é possível a separação do título (o que comporta registro), colocando de lado o que não pode ser registrado. - Princípio da especialidade subjetiva →diz que todo imóvel que seja objeto de registro deve estar perfeitamente individualizado. Tratando-se de direito real de garantia, não só o imóvel como também a dívida garantida especificada. - Princípio da continuidade registral →devem ser perfeitamente encadeados de forma que NÃO haja vazios ou interrupções na corrente registrária. Ou seja, nenhum registro pode ser feito sem que se tenha previamente registrado o título anterior, do qual dependa. - qual é o prazo (e o termo inicial) para o registro do casamento de brasileiros celebrado no estrangeiro perante autoridades ou cônsules brasileiros? →180 dias, da volta de um ou ambos os cônjuges ao Brasil. - o casamento nulo e anulável podem ser declarados de ofício pelo juiz? →não. Tanto o casamento nulo quanto o anulável requerem, para a sua invalidação, pronunciamento judicial em ação própria, visto que ao juiz é vedado declarar de ofício a invalidade. (1549, CC) - o casamento de quem não completou a idade mínima para casar é nulo ou anulável? →anulável - o que é casamento putativo? →é aquele realizado por desconhecimento de um ou ambos os cônjuges sobre determinado fato ou circunstância que, por determinação legal ou por tornar insuportável a vida em comum, o torne nulo ou anulável. - qual é a diferença entre separação e divórcio? * separação é a modalidade de extinção da sociedade conjugal que põe fim aos deveres de coabitação e fidelidade, bem como ao regime de bens, podendo, entretanto, ser revertida a qualquer momento pelos cônjuges. * divórcio é a forma de dissolução do vínculo conjugal que extingue o casamento, permitindo aos cônjuges que celebrem outro matrimônio. - se houve doação de imóvel ao filho do casal, por ocasião do acordo realizado em autos de separação consensual, a falta de escritura pública produz qual efeito na doação? →nenhum, pois a sentença que homologa o acordo tem a mesma eficácia de escritura pública. P ág in a6 6 - qual é a diferença entre a cláusula de renúncia de alimentos entre cônjuges em ação de divórcio e aquela referente a alimentos fundados em parentesco? →os alimentos fundados em parentesco são irrenunciáveis (súm 379-STF), enquanto, entre ex-cônjuges, a renúncia é válida e eficaz, não autorizando o cônjuge que renunciou a voltar a pleitear o encargo. - o divórcio, a separação e a extinção de união estável podem ser realizados por escritura pública? →Se consensuais, sim. - o negócio jurídico realizado por absolutamente incapaz é anulável? qual é o prazo e sua natureza? →não. É nulo (166, I, CC) e imprescritível (169, CC). - quais são os requisitos para a validade da doação verbal? →que os bens sejam móveis, de pequeno valor, e que lhe siga incontinenti a tradição. - em quanto tempo o imóvel urbano abandonado pelo proprietário, que não se encontre na posse de outrem, passará à propriedade do município ou DF? →em 3 anos da arrecadação como bem vago. - natureza das ações (declaratória, constitutiva ou condenatória) e suas consequências (prescrição, decadência e imprescritibilidade). Qual é a natureza da: * ação de investigação de paternidade→declaratória, logo, imprescritível. * ação de anulação de casamento por erro essencial→constitutiva, logo, decadência. * ação de petição de herança→condenatória, logo, prescrição. * ação de anulação de negócio jurídicopor erro substancial→constitutiva, logo, decadência. * ação de despejo por falta de pagamento→condenatória, logo, prescrição. * ação de indenização por ato ilícito→condenatória, logo, prescrição. * ação de nulidade de negócio jurídico por incapacidade absoluta→declaratória, logo imprescritível. * ação renovatória de contrato de locação comercial→constitutiva, logo, decadência. * ação de indenização por dano moral→condenatória, logo, prescrição. * ação de anulação de negócio jurídico por incapacidade relativa do agente→constitutiva, logo, decadência. * ação de rescisão de contrato por inadimplemento de uma das partes→(Div.) 1c) condenatória, logo, prescrição. 2c) declaratória, mas decadência, sem prazo previsto. * ação de cobrança de indenização de seguro de vida→condenatória, logo, prescrição. * ação para reconhecimento de invalidade de contrato que tenha por objetivo herança de pessoa viva→declaratória, logo, imprescritível. * ação de anulação de venda de ascendente para descendente sem a anuência dos demais descendentes→constitutiva, logo, decadência. P ág in a6 7 * ação de revogação de doação por ingratidão do donatário→constitutiva, logo, decadência. - A venda de ascendente para descendente submete-se ao instituto da colação? →não, pois o instituto da colação só é aplicado às doações (liberalidades), não às vendas. - Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal abrangem as pertenças? →não, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação da vontade ou das circunstâncias do caso (art. 94, CC) - qual é o prazo (e sua natureza) da ação de despejo por falta de pagamento? →prazo prescricional de 3 anos, conforme art. 206, § 3º, I, do CC. - qual é o prazo (e sua natureza) da ação de anulação do negócio jurídico por incapacidade relativa do agente? →prazo decadencial de 4 anos, nos termos do art. 178, III, do CC. - qual é o prazo (e sua natureza) para a ação que vise invalidar o contrato cujo objeto é a herança de pessoa viva? →é um contrato nulo, logo, a ação é imprescritível. - Na contagem de prazo, exclui-se o primeiro dia e inclui-se o último. - se o pai deixa de pagar pensão alimentícia ao filho desde quando este tinha 3 anos e, ao atingir a idade de 18 anos, o filho ingressa com ação de cobrança, quais parcelas poderá cobrar? →Todas, pois, embora a pretensão para haver prestações alimentares prescreva em 2 anos, não corre a prescrição durante o poder familiar. (arts. 1630 c/c 197, do CC) - sobre quem recai o dever de prestar alimentos, segundo o CC? →É recíproco entre pais e filhos. Não havendo, recai primeiramente sobre ascendentes, após, sobre descendentes, segundo a ordem de sucessão, e, por fim, sobre os irmãos. Não alcança primos, sobrinhos etc. (arts. 1696 e 1697 do CC) - conformearts. 1851 e 1852 do CC, o que é o direito de representação e em qual relação de parentesco ele ocorre, na herança? →é a norma legal de sucessão dos parentes do falecido em todos os direitos que ele sucederia, se vivo fosse. Ocorre na linha reta descendente, nunca na ascendente, e na linha transversal para os filhos do irmão do falecido, quando concorrerem com irmãos deste. - há diferença de sucessão entre irmãos unilaterais e bilaterais? →Sim. Os unilaterais recebem metade do que cada bilateral receber. (art. 1841 do CC) - a obrigação de prestar alimentos por parentesco transmite-se aos herdeiros do alimentante, após sua morte? →Sim, nos limites da herança (art. 1792, CC), com base no art. 1700 do CC (tecnicamente, é sobre o espólio) - o que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigações condominiais, P ág in a6 8 em um compromisso de compra e venda? É o seu registro? →Não. É a relação jurídica material com o imóvel, representada pela imissão na posse pelo promissário comprador e pela ciência inequívoca do condomínio acerca da transação. - havendo compromisso de compra e venda não levado a registro, sobre quem recairá a responsabilidade pelas despesas de condomínio? →pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o promissário comprador, dependendo das circunstâncias de cada caso concreto. Se ficar comprovado: (i) que o promissário comprador se imitira na posse; e (ii) o condomínio teve ciência inequívoca da transação, afasta-se a legitimidade passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais relativas a período em que a posse foi exercida pelo promissário comprador. - é possível a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas diversas? Se sim, em que hipóteses? →Sim, cf. art. 672 do CPC, quando houver identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens, heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros ou dependência de uma das partilhas em relação à outra. - como se conta o prazo prescricional no caso de o direito à indenização fundada na responsabilidade civil extracontratual originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal? →ele começa a fluir com o trânsito em julgado da sentença no processo criminal (art. 200, CC). - qual é a regra aplicável às benfeitorias feitas em imóvel loteado objeto de compromisso de compra e venda, se houver rescisão por inadimplemento do adquirente? →as necessárias e úteis realizadas por ele deverão ser indenizadas. São ineficazes disposições contratuais em sentido contrário (art. 34, Lei 6.766/79) - a quem se dá o direito de representação em sucessão legítima? →na linha reta descendente e, na linha transversal, em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem (arts. 1852 e 1853 do CC) - no contrato de locação, será possível, como garantia, caução, fiança, seguro-fiança ou cessão fiduciária de fundos de investimento. É possível a previsão de mais de uma garantia? Caso seja prevista, qual é a ordem de prevalência? →Não. É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma das modalidades de garantia num mesmo contrato de locação. (art. 37, p.ú., Lei 8.245/91) - qual é o quórum para a nomeação e destituição de administradores na sociedade limitada? →Designação: se não for sócio, unanimidade, se o CS não estiver integralizado, ou mínimo 2/3 do CS, se estiver integralizado. Qualquer destituição (sócio ou não) ou nomeação de sócio: por mais da metade do capital social. - qual é o quórum para a deliberação sobre o pedido de recuperação judicial, na limitada? P ág in a6 9 →mais da metade do capital social. (art. 1076, II, CC) - é possível alegar a impenhorabilidade do bem de família à execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens, se o bem imóvel não foi adquirido com produto do crime? →Não. (art. 3º, VI, Lei 8009/90) - TABELA DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS 1 ANO • Pretensão do segurador, sub-rogado nos direitos do segurado, de indenização pela deterioração de carga em navio por falha em contêiner. • Ação do segurador sub-rogado para haver indenização por extravio ou perda de carga transportada por navio. • Pretensão de sociedade seguradora em face de ressegurador baseada em contrato de resseguro • Pretensão indenizatória decorrente de extravio, perda ou avaria de cargas transportadas por via marítima • Sobre-estadias de contrato de transporte marítimo multimodal • I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; • II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responderà ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; • III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; • IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo; • V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. 2 ANOS • Acidente de consumo em transporte aéreo internacional de passageiros (art. 29 da Convenção de Varsóvia) • As prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem 3 ANOS • Responsabilidade civil EXTRACONTRATUAL (reparação civil); • Negativação indevida (3ª Turma STJ) • Ação de evicção • Ação de repetição de indébito envolvendo contrato de cédula de crédito rural; • Ação proposta por entidade de previdência privada complementar contra terceiro que se apropriou indevidamente de verbas relativas a benefício previdenciário; • Ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a título de participação financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica (se não houver previsão contratual) P ág in a7 0 • Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão condenatória decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista prescreve em 3 anos; • A pretensão indenizatória da seguradora contra o causador de dano ao segurado prescreve em três anos, pois a seguradora sub-roga-se em seus direitos. • Pretensão de restituição dos valores pagos a título de comissão de corretagem ou de serviço de assistência técnico-imobiliária, ou atividade congênere. • Pretensão de ressarcimento do fiador em contrato de locação que efetuou integralmente o pagamento da dívida do locatário inadimplente; • A pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos, ainda que celebrados com a administração pública • II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; • III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores • de 1 ano, com capitalização ou sem ela; • IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; • V - a pretensão de reparação civil; • VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; • VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: • a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; • b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação • tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento; • c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação; • VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; • IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório - DPVAT. 4 ANOS • A pretensão relativa a tutela, a contar da data da aprovação das contas 5 ANOS • Pretensão de cobrança, materializada em boleto bancário, ajuizada por operadora do plano de saúde contra empresa que contratou o serviço de assistência médico-hospitalar para seus empregados. • Vítima de um acidente de trânsito proponha ação de indenização contra concessionária de serviço público de transporte coletivo (empresa de ônibus). • Pretensão de cobrança de anuidades pela OAB. • Cobrança de honorários periciais arbitrados em processo judicial em que a parte é beneficiária da gratuidade da justiça • Ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a título de participação financeira do consumidor no P ág in a7 1 custeio de construção de rede elétrica (se houver previsão contratual) • A pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular • A pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; • A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. 10 ANOS • A ação de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços não contratados de telefonia fixa • Responsabilidade CONTRATUAL (inadimplemento contratual) • Pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto de automóvel por mecânico que não tenha conhecimento técnico e formação intelectual suficiente para ser qualificado como profissional liberal. • Prazo para que um advogado autônomo possa cobrar de outro advogado o valor correspondente à divisão de honorários advocatícios contratuais e de sucumbência referentes a ação judicial na qual ambos trabalharam em parceria • Ação pedindo o ressarcimento por despesas médico-hospitalares que não foram pagas pelo plano e que estariam previstas no contrato • A pretensão creditícia ao reembolso de despesas alimentícias efetuadas por terceiro, no lugar de quem tinha a obrigação de prestar alimentos, por equiparar-se à gestão de negócios, é de direito comum e prescreve em 10 anos. • Pretensão indenizatória decorrente de vício construtivo • Responsabilidade do cooperado pelo rateio de prejuízos • Repetição de tarifa de água e esgoto • Ação revisional de contrato bancário • Cobrança de vrg no contrato de leasing - CONDIÇÃO, ENCARGO o CONDIÇÃO SUSPENSIVA - quando for física ou juridicamente impossível - Invalida o Negócio o CONDIÇÃO RESOLUTIVA - quando for física ou juridicamente impossível e a de não fazer coisa impossível - É considerada inexistente o ENCARGO - se for ilícito ou impossível - Considera-se não escrito, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. o CONDIÇÃO SUSPENSIVA E A RESOLUTIVA - Se forem ilícitas, ou de fazer coisa ilícita, ou então incompreensíveis ou contraditórias - Invalidam o negócio. - SOLIDARIEDADE *SUBJETIVA → NÃO ELIMINA A SOLIDARIEDADE NÃO É TRANSMITIDA AOS HERDEIROS DO FALECIDO. OS SUCESSORES SERÃO APENAS CREDORES OU DEVEDORES FRACIONÁRIOS, ASSUMINDO OU RESPONDENDO ATÉ O LIMITE DA COTA DO FALECIDO NA OBRIGAÇÃO. SE ESTENDE AOS JUROS, EM RAZÃO DO CARÁTER ACESSÓRIO INDIVISIBILIDADE P ág in a7 2 *OBJETIVA→ ACARRETA A EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO EM FACE DA CONVERSÃO DA OBRIGAÇÃO ORIGINÁRIA EM PERDAS E DANOS NADA ALTERA A OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL SÓ OS CULPADOS PELA INCIDÊNCIA DA MORA SERÃO RESPONSABILIZADOS PERANTE O CREDOR, EXONERADO OS DEMAIS A SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO EM FAVOR DE UM DOS CREDORES SOLIDÁRIOS SOMENTE APROVEITA AOS OUTROS SE A OBRIGAÇÃO FOR INDIVISÍVEL. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - PRINCÍPIOS *Princípio da Responsabilidade Parental - Responsabilidade parental é o conjunto de poderes e deveres destinados a assegurar o bem-estar material e moral dos filhos, especificamente do genitor a tomar conta dos seus, mantendo relações pessoais, assegurando a sua educação, o seu sustento, a sua representação legal e a administração dos seus bens; *Princípio da Prevalência da Família - Prevalênciada família: quando a criança é abandonada/sem assistência, cabe ao Estado dar uma solução, assegurar os direitos, como disposto na CF e no ECA. O Estado deve primeiro inserir a criança em sua família natural e, se não conseguir, deverá amparar e estruturar essa família, dar o que for necessário; *Princípio da proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida no ECA deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares; - GUARDA *O detentor da guarda tem o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais da criança ou do adolescente; *O deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais e nem faz cessar o dever alimentar por parte dos genitores. - ADOÇÃO *É vedada por procuração (ato personalíssimo); *É ato irrevogável, incaducável, pleno, excepcional e constituído por sentença judicial. *Precedido de estágio de convivência que poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo. *O adotado poderá ter acesso ao processo de adoção: Após completar 18 anos. Antes de completar 18 anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. *A redação literal do ECA proíbe a adoção avoenga (adoção do neto pelos avós); *O STJ admite a sua mitigação (relativização) excepcional quando: • o pretenso adotando seja menor de idade; • os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as funções de mãe e pai do neto desde o seu nascimento; • a parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente atestada por estudo psicossocial; P ág in a7 3 • o adotando reconheça os - adotantes como seus genitores e seu pai (ou sua mãe) como irmão; • inexista conflito familiar a respeito da adoção; • não se constate perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; • não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da predominância de interesses econômicos; e • a adoção apresente reais vantagens para o adotando. STJ. 3ª Turma. REsp 1448969-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Info 551). STJ. 4ª Turma. REsp 1587477-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 678). - RECURSOS *Não exigem preparo; *Prazo:Regra: 10 dias // Exceção: Embargos de declaração - 5 dias. *Será contado em dias corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público; *Salvo nos embargos de declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10 (dez) dias; *Efeito: Devolutivo, SALVO em adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando. *Processamento prioritário, com imediata distribuição, sem a necessidade de revisor e com a colocação do processo para julgamento em mesa no prazo máximo de 60 dias. - Transporte: • Contrato pelo qual alguém se obriga... ✓ mediante retribuição, ✓ a transportar de um lugar para outro ✓ pessoas ou coisas. • INFO 640, STJ. Mesmo que o transportador não tenha exigido, durante longo período de tempo, o pagamento antecipado do pedágio, não perde o direito de exigir essa quantia (inocorrência de supressio). A dobra do frete, sanção aplicável àquele que não paga ao transportador o valor do pedágio, não pode ser suprimida nem modificada por acordo entre as partes, por tratar-se de sanção legal de natureza cogente. - Responsabilidade pressuposta (G. Hironaka) Consiste em pressupor a responsabilidade de quem, com sua atividade, expõe outras pessoas a risco (miseendanger) e, por isso, deve indenizá-las, ainda que não seja o culpado. A ideia é a de que, em primeiro lugar, deve-se indenizar a vítima e, depois, buscar-se o reembolso de quem realmente foi o culpado ou o criador da situação de risco. Dessa maneira, é proposta a retirada do elemento culpa para a concretização da responsabilidade. Isso quer dizer que o dano ocuparia papel principal na apuração da responsabilidade: primeiro, preocupa-se com o ressarcimento do dano provocado em caso de atividade eminentemente perigosa, depois, apura-se o real causador do dano. P ág in a7 4 PROCESSO CIVIL - ESCOPOS DA JURISDIÇÃO 1 - ESCOPO JURÍDICO: Consiste na aplicação concreta da vontade do direito (por meio da criação da norma jurídica), resolvendo-se a chamada “lide jurídica”. Note-se que, diante de uma afronta ou ameaça ao direito objetivo, a jurisdição, sempre que afasta essa violação concreta ou iminente, faz valer o direito objetivo no caso concreto, resolvendo do ponto de vista jurídico o conflito existente entre as partes. 2 - ESCOPO SOCIAL: consiste em resolver o conflito de interesses proporcionando às partes envolvidas a pacificação social. 3 - ESCOPO EDUCACIONAL: diz respeito à função da jurisdição de ensinar aos jurisdicionados – e não somente às partes envolvidas no processo – seus direitos e deveres. 4 - ESCOPO POLÍTICO: É analisado sob três diferentes vertentes: (i) SE PRESTA A FORTALECER O ESTADO. Funcionando a contento a jurisdição, o Estado aumenta a sua credibilidade perante seus cidadãos, fortalecendo-se junto a eles. Politicamente, portanto, é importante uma jurisdição em pleno e eficaz funcionamento como forma de afirmar o poder estatal; (ii) A JURISDIÇÃO É O ÚLTIMO RECURSO EM TERMOS DE PROTEÇÃO ÀS LIBERDADES PÚBLICAS E AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, VALORES ESSENCIALMENTE POLÍTICOS DE NOSSA SOCIEDADE. O Estado, como um todo, deve se preocupar com tais valores, mas, quando ocorre a concreta agressão ou ameaça, mesmo provenientes do próprio Estado, é a jurisdição que garante o respeito a tais valores; (iii) INCENTIVAR A PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA POR MEIO DO PROCESSO, DE FORMA QUE O AUTOR DE UMA DEMANDA JUDICIAL, OU AINDA O TITULAR DO DIREITO DEBATIDO, MESMO QUE NÃO SEJA O AUTOR (POR EXEMPLO, OS DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS), POSSA PARTICIPAR, POR MEIO DO PROCESSO, DOS DESTINOS DA NAÇÃO E DO ESTADO. O exemplo mais claro do que se afirma é a ação popular, por meio da qual qualquer cidadão pode desfazer ato administrativo lesivo ao Erário Público, bem como condenar os responsáveis ao ressarcimento. É o cidadão, por meio do processo, interferindo na administração pública. Por outro lado, nas ações coletivas, em especial nas que tutelam direitos difusos, determina-se a espécie de sociedade que estamos vivendo; NOTA: o tema relativo aos escopos da jurisdição possui particular relevância quanto à natureza jurídica da jurisdição voluntária, particularmente no que se refere a uma das características da jurisdição voluntária, que é a inexistência de aplicação do direito ao caso concreto. Nesse aspecto, divergem as teorias clássica (administrativista) e teoria revisionista: para a teoria clássica/administrativista, a inexistência de aplicação do direito objetivo ao caso concreto evidencia a natureza administrativa da atividade judicial, de mera administração pública de interesses privados, já que nestes casos não exerce a atividade jurisdicional típica. Por sua vez, para a corrente revisionista, a jurisdição não se limita apenas ao escopo da aplicação do direito objetivo ao caso concreto. P ág in a7 5 - "A distinção entre representação e substituição processual é clássica, e ambas estão relacionadas com a não coincidência entre o titular do direito material e aquele que defende esse direito em juízo. Ocorre representação quando o representante age em nome do representado,na tutela do direito deste; já na substituição processual o substituto age em nome próprio, na defesa do direito do substituído. Na hipótese de atuação judicial de entidade associativa a título de representante, o ente vai a juízo em nome e no interesse dos associados, de modo que há necessidade de apresentar autorização prévia para essa atuação e os efeitos da sentença ficam circunscritos aos representados. Trata-se da previsão do art. 5, inc. XXI, da Constituição Federal. Trata- se de legitimação ordinária. Já na substituição processual, o que ocorre é uma atuação pelo ente coletivo que tem como função precípua a defesa dos interesses comuns do grupo de substituídos; daí a desnecessidade de autorização expressa e pontual dos seus membros para a sua atuação em juízo, como também ocorre com a tradicional legitimidade extraordinária dos sindicatos. E daí, também, a extensão dos efeitos da sentença a todos os substituídos, aplicando-se as regras da coisa julgada próprias dos processos coletivos (arts. 103 e 105 do CDC). Neste caso, a legitimação é extraordinária." - A atuação das associações em processos coletivos pode se verificar de duas maneiras: (a) por meio da ação coletiva ordinária, hipótese de representação processual, com base no permissivo contido no artigo 5º, inciso XXI, da CF/1988; ou (b) ou na ação civil pública, agindo a associação nos moldes da substituição processual prevista no Código de Defesa do Consumidor e na Lei da Ação Civil Pública. - A parte e o advogado possuem legitimidade recursal concorrente quanto à fixação dos honorários advocatícios. REsp 1.776.425-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021. (Info 700) - O termo inicial do prazo para oferecer contestação na hipótese de acolhimento da impugnação ao cumprimento de sentença fundada no art. 525, § 1º, I, do CPC/2015 é a data da intimação que acolhe a impugnação. REsp 1.930.225-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021 (Info 700) - Não cabe a aplicação de multa pelo não comparecimento pessoal à audiência de conciliação, por ato atentatório à dignidade da Justiça, quando a parte estiver representada por advogado com poderes específicos para transigir. RMS 56.422-MS, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021 (Info 700) - O termo inicial do prazo para ajuizamento da ação rescisória, quando há insurgência recursal da parte contra a inadmissão de seu recurso, dá-se da última decisão a respeito da controvérsia, salvo comprovada má-fé. REsp 1.887.912-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/09/2021, DJe 24/09/2021. (Info 711) P ág in a7 6 - É possível a determinação de consulta ao CCS-Bacen em cumprimento de sentença de natureza cível com o fim de apurar a existência de patrimônio do devedor – REsp 1938665/SP, julgado em 26/10/2021. - Não é permitido ao outorgante da procuração restringir os poderes gerais para o foro por meio de cláusula especial. REsp 1.904.872-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/09/2021, DJe 28/09/2021. (Info 711) - No cumprimento provisório de decisão condenatória ao pagamento de quantia certa, o executado não pode substituir o depósito judicial em dinheiro por bem equivalente ou representativo do valor, salvo se houver concordância do exequente, como forma de se isentar da multa e dos honorários advocatícios com base no art. 520, §3º, do CPC/2015. REsp 1.942.671-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/09/2021, DJe 23/09/2021. (Info 711) - O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da pessoa jurídica executada ou na presunção de sua ocorrência, não pode ser autorizado contra o sócio ou o terceiro não sócio que, embora exercesse poderes de gerência ao tempo do fato gerador, sem incorrer em prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou aos estatutos, dela regularmente se retirou e não deu causa à sua posterior dissolução irregular, conforme art. 135, III, do CTN. (REsp 1.377.019/SP, REsp 1.776.138/RJ e REsp 1.787.156/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgados em 24/11/2021, Tema 962) - "Para que seja autorizada a excepcional redução da multa periódica acumulada em virtude do descumprimento de ordem judicial, é preciso, cumulativamente, que: (i) o valor alcançado seja exorbitante; (ii) que, no momento da fixação, a multa diária tenha sido fixada em valor desproporcional ou incompatível com a obrigação; (iii) que a parte beneficiária da tutela específica não tenha buscado mitigar o seu próprio prejuízo" (STJ - Terceira Turma, REsp 1840280/BA, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, julgado em 24/08/2021, DJe 09/09/2021) - "A Reclamação com base na alegação de descumprimento de decisão proferida pelo STJ em caso concreto independe, para sua admissibilidade, da publicação do acórdão impugnado ou do juízo de retratação previsto no art. 1.030, II, do CPC." (STJ - Primeira Seção, Rcl 41.894-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade, julgado em 24/11/2021, Info 720). - COMPETÊNCIA (STF 1033/21). Competência jurisdicional para julgamento de ação rescisória em que a União figure como terceira interessada - RE 598650/MS (Tema 775 RG) Tese fixada: “Compete ao Tribunal Regional Federal processar ação rescisória proposta pela União com o objetivo de desconstituir sentença transitada em julgado proferida por juiz estadual, quando afeta interesses de órgão federal.” P ág in a7 7 - O prazo para a Fazenda Pública interpor agravo interno em suspensão de liminar é de 15 dias (e não de 5 dias) e deve ser contado em dobro. STJ. Corte Especial. SLS nº 2572/DF, julgado em 15/12/2021 STJ. Corte Especial. AgRg no AgRg na SLS 1.955/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 18/03/2015; Por outro lado, o pensamento do STF é que não se aplica o prazo em dobro: STF; SL-AgR-AgR 586; Tribunal Pleno; Rel. Min. Presidente; DJE 25/08/2017; STF; SS-AgR 4.390; Tribunal Pleno; Rel. Min. Presidente; DJE 27/02/2018. - Ocorre a suspensão IMEDIATA do processo, por falecimento das partes, advogados ou representantes? → Só no falecimento DO ADVOGADO. Nos demais casos (falecimento da parte ou do representante legal) a suspensão será determinada somente após comprovação. - Qual é a diferença entre a suspensão convencional do processo no conhecimento e na execução? → Na execução, não está sujeita ao prazo máximo de 6 meses (art. 922 do CPC). - CPC, art. 485, §1º. Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. → Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu? → Sim. - É possível a aplicação, pelo Tribunal, do efeito translativo dos recursos em sede de agravo de instrumento, extinguindo diretamente a ação independentemente de pedido, se verificar a ocorrência de uma das causas referidas no art. 485, § 3º, do CPC? → Sim. - A improcedência por insuficiência de provas impede nova propositura da mesma demanda e julgamento do mérito respectivo? → Sim, porque a decisão produz coisa julgada. É diferente do processo penal e do processo coletivo. (Art. 508 do CPC: Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeiçãodo pedido). - O regime da formação de coisa julgada sobre questões prejudiciais, previsto no art. 503, § 1º, do CPC, é aplicável aos processos iniciados antes da vigência do CPC/15? → Não. Somente é aplicável aos processos iniciados após a sua vigência, por força do disposto no art. 1.054 do CPC. - A intervenção do Ministério Público é necessária em todos os procedimentos de jurisdição voluntária? → Não. Só naqueles que se encaixem na previsão geral do art. 178 do CPC (interesse público ou social, interesse de incapaz e litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana). P ág in a7 8 - A intimação pessoal dos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública far-se-á da mesma forma prevista para os membros da Advocacia Pública? → Sim. - A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor? → Sim, desde que o faça de maneira expressa (art. 225 do CPC). - Em caso de obstáculo criado por uma das partes, superado o motivo que deu causa à suspensão do curso do prazo, este será restituído integralmente à outra parte? → Não. Será restituído pelo tempo igual ao que faltava para a sua complementação (art. 221 do CPC). - Com relação à produção antecipada de prova, o juízo estadual tem competência quando requerida em face da União, de suas autarquias ou de empresa pública federal? → Sim, no caso de, na localidade, não haver vara federal (381, § 4º, do CPC) - É competente para a produção antecipada de prova o juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu (art. 381, § 2º, do CPC). - O instrumento de transação referendado por conciliador credenciado por tribunal, para ser título executivo, depende da homologação do juiz? → Não. - Para que o contrato particular garantido por direito real de garantia seja título executivo, exige-se a assinatura de duas testemunhas? → Não. - Para que o contrato particular garantido por fiança seja título executivo, exige-se a assinatura de duas testemunhas? → Não. - A apelação, em regra, tem efeito suspensivo? → Sim (art. 1.012 do CPC). - A apelação, nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, tem efeito suspensivo? → Não (art. 58, V, da Lei nº 8.245/91). - A partir de que momento processual começa a contar o prazo prescricional para a execução individual do beneficiário de sentença condenatória em ação coletiva proposta pelo MP? Qual é o prazo? → Cinco anos, a partir do trânsito em julgado da sentença coletiva. (Tema 877- STJ) P ág in a7 9 - Qual é a ordem de preferência dos meios de citação? → É a seguinte (art. 246, caput, do CPC): meio eletrônico para as empresas privadas de grande porte e Fazenda Pública (art. 246, §§ 1º e 2º, do CPC), correio, oficial de justiça, escrivão ou chefe de secretaria se o citando comparecer em cartório e edital. - Qual é o número máximo de testemunhas no CPC? → 10 no total, sendo 3 para cada fato. - Em que momentos incidem os juros moratórios, na execução contra a fazenda pública? → Primeiramente, começam a incidir a partir da realização dos cálculos. Suspendem-se a partir do 1º de julho posterior à apresentação para pagamento até 31 de dezembro do exercício seguinte (prazo constitucional para o pagamento - SV 17) e continuam a correr depois desse prazo, caso a Fazenda não pague. - De que formas poderá ocorrer a intimação do devedor, no cumprimento de sentença? * Pelo Diário da Justiça, na pessoa do seu advogado constituído (salvo após 1 ano do trânsito em julgado, quando deverá ser pessoal por carta com AR) * Por carta com AR, quando representado pela Def. ou quando não tiver procurador constituído * Por meio eletrônico, quando se tratar de empresas ou PJ de Direito Público. * Por edital, se revel na fase de conhecimento (Art. 513, § 2º, do CPC) - Em ação que contenha pedido de reconhecimento de paternidade cumulado com pedido de alimentos, quando se inicia o prazo prescricional para o cumprimento da sentença que condene o réu ao pagamento de verba alimentícia retroativa? → Após o trânsito em julgado da sentença que reconheça a paternidade. - As hipóteses de sigilo processual são taxativas, na CF e no CPC? → Não. Tanto o Código de Processo Civil (art. 189, I) quanto a Constituição Federal (art. 93, IX) se utilizam de conceitos jurídicos indeterminados (normas de pressuposto fático indeterminado, embora determinável, mas de consequência normativa certa) para permitir o sigilo processual. - A partir de que momento a multa diária, cominada pelo não cumprimento de obrigação de fazer determinada em ACP, pode ser exigida? → Após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor. - Quais são as hipóteses de cabimento da Reclamação, segundo o CPC? * Preservar a competência do tribunal; * Garantir a autoridade das decisões do tribunal; * Garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; * Garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas P ág in a8 0 ou de incidente de assunção de competência. - Que recurso cabe da decisão que inadmite recurso extraordinário ou recurso especial em decorrência da aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos? → Agravo interno (art. 1.035, § 7º, do CPC). - Nos processos promovidos perante a justiça federal de primeira instância em que forem partes organismo internacional e pessoa domiciliada no país, quem é competente para julgar o agravo de instrumento das decisões interlocutórias previstas no art. 1015 do CPC? → O Superior Tribunal de Justiça. - Quais são as hipóteses de cabimento e não cabimento de MS relacionadas à compensação tributária, previstas em súmulas do STJ? → Cabe para declarar o direito à compensação (Súm. 213) e não cabe para convalidar a compensação realizada pelo contribuinte (Súm. 460). - Aplica-se a fungibilidade no caso de interposição de recurso extraordinário, quando seria hipótese de cabimento de recurso ordinário de decisão denegatória de mandado de segurança? → Não. Trata-se de erro grosseiro, segundo a Súm. 272, do STF. - Qual é o recurso cabível contra a decisão de julgamento antecipado parcial de mérito? → Agravo de Instrumento (art. 356, § 5º, CPC), pois essa decisão tem natureza de decisão interlocutória, e não sentença (art. 203, § 1º, CPC). - No julgamento do incidente de impedimento ou suspeição, o relator, em regra, o receberá com ou sem efeitos suspensivos? → Não há regra. Ele deverá declarar os efeitos, ao receber o incidente (art. 146, § 2º, CPC). - O trâmite do procedimento de mediação suspende o prazo prescricional? → Sim, conforme o art. 20 da Lei nº 13.140/15. - A quem compete apreciar o pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional? → Ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida (art. 34 do CPC). - A quem será encaminhada a carta rogatória oriunda de autoridade brasileira competente, a fim de viabilizar o seu cumprimento? → Ao Ministério da Justiça, que é a autoridade central "residual" (art. 37 c/c 26, § 4º, DO CPC). - Há necessidade de vênia conjugal para a propositura de ação sobre direito real imobiliário? → Sim, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens(art. 73 do CPC). P ág in a8 1 - Qual é o princípio que se aplica ao descabimento de condenação de honorários advocatícios em ação civil pública, quando inexistente má-fé, tanto para a parte autora quanto para a parte ré? → Princípio da Simetria entre os autores e os réus. - O cônjuge separado judicialmente tem legitimidade para pretender o suprimento judicial do outro? → Não, pois o art. 1.648 do CC somente prevê essa hipótese para a ocasião de estarem casados. - Qual é o momento processual para a arguição de carência da ação por falta de interesse e legitimidade? Ocorre preclusão? → Qualquer momento, pois a carência da ação é matéria de ordem pública, podendo ser reconhecida a qualquer tempo e grau de jurisdição. - Em que momento do processo de conhecimento, de execução e no cumprimento de sentença podem ser opostos os embargos de terceiro? → No processo de conhecimento, a qualquer tempo enquanto não transitada em julgado a sentença. No cumprimento de sentença e no processo de execução, até 5 dias depois da adjudicação, na alienação por iniciativa particular ou na arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta (art. 675 do CPC). - Para obtenção de medida liminar, em embargo de terceiro, é necessário que o embargante demonstre prova pré- constituída de sua posse ou domínio? → Não. É possível que ele demonstre essa prova em audiência preliminar (art. 677 do CPC). - Há limite de cognição horizontal para os embargos opostos pelo credor com garantia real? → Sim. Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que: I - o devedor comum é insolvente; II - o título é nulo ou não obriga a terceiro; ou III - outra é a coisa dada em garantia (art. 680 do CPC). - Cabe condenação em honorários advocatícios em IDPJ? → Em regra, não é cabível a condenação em honorários advocatícios em qualquer incidente processual, ressalvados os casos excepcionais. Não há previsão legal para honorários advocatícios em IDPJ. - Caso haja cláusula de mediação e a parte não compareça à primeira reunião, qual será a consequência jurídica? → Se vencedora, ela deverá arcar com metade das custas e honorários sucumbenciais (art. 22, IV, da Lei 13.140/15), pois o comparecimento é obrigatório, conforme o art. 2º, § 1º, da mesma lei. - Quando é que ocorrerá a liquidação da sentença por arbitramento e pelo procedimento comum? * Por arbitramento ⇒ quando determinado pela sentença, P ág in a8 2 convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação (é a mais usual). * Pelo procedimento comum ⇒ quando houver necessidade de alegar e provar fato novo (art. 509 do CPC). - Na ação de produção antecipada de prova, o interessado (réu) pode se utilizar do mesmo procedimento para a produção de outra prova? → Sim, desde que relacionada ao mesmo fato e que não acarrete excessiva demora (art. 382, § 3º, do CPC) - Na hipótese de descoberta de prova nova, qual é o prazo e seu termo inicial para o ajuizamento da ação rescisória? → 2 anos, a partir da descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 anos contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (art. 975, § 2º, do CPC). - No caso da condenação do devedor que caiu em inadimplência de obrigação em prestações sucessivas (compra parcelada, por exemplo), a que parcelas deverá o juiz condená-lo, se o autor só incluiu no pedido o débito vencido? → Ao débito vencido e às prestações vincendas, enquanto durar a obrigação, ainda que o autor não tenha as pedido expressamente, se, no curso do processo, não foram pagas nem consignadas. Trata- se de pedido implícito (art. 323 do CPC). - O perito pode escusar-se da nomeação? → Sim, por impedimento ou suspeição, casos em que o juiz nomeará novo perito. - No cumprimento de sentença, a multa de 10% demanda a prévia intimação do executado? → Não. Ela decorre do não cumprimento voluntário da condenação (art. 523, § 1º, CPC) - Não impugnada a execução, por ordem do juiz, será expedida requisição de obrigação de pequeno valor, a ser quitada pela Executada no prazo de 2 (dois) meses contados da entrega da requisição à devedora (art. 535, § 3º, II, do CPC). - É cabível sustentação oral em agravo de instrumento? → Sim, na hipótese de "agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência" (art. 937, VII, do CPC). - Se o juiz de primeira instância comunicar que reformou integral ou parcialmente a decisão impugnada, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento? → Apenas na reforma integral. Parcial, não. Art. 1.018, § 1º, do CPC. - Na ação consignatória da Lei nº 8.245/91, havendo, na reconvenção, cumulação dos pedidos de rescisão da locação e cobrança dos valores objeto da consignatória, o credor pode executar ambos os pleitos, simultaneamente, caso tenham sido acolhidos? P ág in a8 3 → Não. A execução da consignatória só poderá ter início após obtida a desocupação do imóvel. (Art. 67, VIII, da Lei de Locações) - Na ação renovatória da Lei de Locações, se a ação for proposta pelo sublocatário do imóvel, serão citados locador e sublocador como litisconsortes? → Sim, salvo se, em virtude de locação originária ou renovada, o sublocador dispuser de prazo que admita renovar a sublocação. (art. 71 da Lei de Locações) - A prescrição e a decadência devem ser alegadas em que momento processual, em que espécie de alegação? → Em contestação, como matéria de mérito, não como preliminares processuais. - Quais são os requisitos e o prazo para que o executado requeira a substituição do bem penhorado? → 10 dias, da intimação da penhora. Deve comprovar que lhe será menos onerosa e que não trará prejuízo ao exequente. (art. 847 do CPC) - A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório? → Sim (Súm. 406-STJ). - Cabe recurso extraordinário da decisão proferida em processamento de precatórios? → Não, pois ela não tem caráter jurisdicional (Súm. 733-STF e 311-STJ) - Que espécies de precedentes dispensam a remessa necessária? → Súmula de Tribunal SUPERIOR; acórdão do STF/STJ em repetitivos; entendimento firmado em IRDR ou IAC; e orientação vinculante administrativa do próprio órgão. (496, § 4º, CPC) - De acordo com a decisão na Rcl. 24.686 ED-AgR/RJ, qual é o requisito para a reclamação, junto ao STF, por violação de tese fixada em repercussão geral? → Que tenham sido esgotados todos os recursos cabíveis em instâncias antecedentes. - Quem tem legitimidade para ingressar com reclamação, segundo o CPC? → A parte interessada ou o MP (art. 988 do CPC). - Quais são as sanções previstas para a litigância de má-fé? → (1) multa entre 1% e 10% do valor da causa, ou sendo o valor da causa irrisório ou inestimável até 10 vezes o valor do salário-mínimo; (2) indenização pelos prejuízos causados à parte contrária, sendo nesse caso indispensável a existência de prova do dano e (3) condenação nos honorários advocatícios e despesas. (art. 81 do CPC). - Quais são as características da responsabilidade civil do incapaz e dos seus responsáveis pela reparação dos danos que aqueles causarem? P ág in a8 4 → Os incapazes, quando praticarem atos que causem prejuízos, terão responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa. Já seus responsáveis terão responsabilidade substitutiva, exclusiva e não-solidária. (art. 932, I, do CCe Resp 1436401) - Quais são as características da obrigação dos avós de prestar alimentos? → Natureza complementar e subsidiária. Somente exsurge se ficar demonstrada a impossibilidade de os dois genitores proverem os alimentos dos filhos, ou de os proverem de forma suficiente. (STJ - REsp 1249133) - Se a mãe, ante o inadimplemento do pai obrigado a prestar alimentos a seu filho, assume essas despesas, qual é o prazo prescricional da pretensão de cobrança do reembolso? → 10 anos. (STJ. REsp 1.453.838-SP) - Qual é o prazo para a interposição de recurso ordinário em habeas corpus contra decisão do TJ que nega liberdade para devedor de alimentos? → 5 dias (não é 15 dias). (art. 30 da Lei nº 8.038/90, não se aplicando à hipótese os arts. 1.003, §5º, e 994, V, do CPC/2015) - Em que regimes de bens o cônjuge supérstite será herdeiro ou concorrerá com os descendentes? → O cônjuge, qualquer que seja o regime de bens adotado pelo casal, é herdeiro necessário (art. 1.845 do CC). No regime de separação convencional de bens, assim como na participação final nos aquestos ou comunhão parcial (neste se houver bens particulares do de cujus) o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes do falecido. A lei afasta a concorrência apenas quanto aos regimes da comunhão universal e da separação legal (obrigatória) de bens previsto no art. 1.641 do CC. (STJ. REsp 1.382.170-SP) - O montante recebido a título de aluguéis de imóvel particular do “de cujus” comunica-se à companheira supérstite após a data da abertura da sucessão? → Não. Os frutos dos bens particulares entram na comunhão só enquanto estiverem em vida. Depois da morte, essa comunhão termina e tais valores deverão se submeter à divisão da herança. (REsp 1.795.215/PR) - Há direito real de habitação sobre imóvel comprado pelo falecido em copropriedade com terceiro? → Não. (STJ. EREsp 1.520.294-SP) - De acordo com o CPC, em que casos não será aplicável a técnica do julgamento ampliado? → No IRDR e IAC, na remessa necessária e nos julgamentos proferidos pelo plenário ou pela corte especial. (art. 942, § 4º, do CPC) - De quem é a competência para o juízo de admissibilidade de recurso ordinário contra decisão do TJ que denega mandado de segurança? → Do STJ. P ág in a8 5 - Nessa hipótese, qual é o instrumento cabível contra a decisão do TJ que negar seguimento ao recurso? → Reclamação, em razão da usurpação da competência do STJ. (Rcl. 35.958/CE) - Qual é a natureza jurídica do saneamento no processo? → Decisão interlocutória. - Qual é a diferença entre as decisões do relator que dá provimento ao recurso e que o nega, com base em súmula, repetitivos, IRDR ou IAC? → Para dar provimento, ele precisa conceder prazo para contrarrazões, mas para NEGAR, NÃO PRECISA (art. 932, IV e V, do CPC). - Qual é o recurso que desafia a decisão sobre os embargos em ação monitória? Tem efeito suspensivo? → Apelação, pois é uma sentença (art. 702, § 9º, do CPC). Não tem efeito suspensivo, segundo a doutrina, segundo os seguintes argumentos: * o art. 702, § 8º do CPC, dispõe que, rejeitados os embargos, constituir-se-á “de pleno direito” (ou seja, imediatamente) o título executivo judicial, procedendo-se ao cumprimento de sentença; * nos termos do art. 702, § 4º, a oposição dos embargos suspende os efeitos da decisão que determinou a expedição do mandado “até o julgamento em primeiro grau”, significando que, proferida sentença, se o pedido da ação monitória for julgado procedente, com a rejeição dos embargos, a decisão que havia ordenado o adimplemento da obrigação volta a produzir efeitos, agora amparada em cognição exauriente do juiz e independentemente do fato de ainda caber apelação contra a sentença; * a sentença que julga procedente o pedido da ação monitória, rejeitando os embargos, confirma a decisão que havia determinado a expedição do mandado monitório, a qual se caracteriza como uma tutela de evidência, espécie de tutela provisória, provimento sujeito à apelação, sem efeito suspensivo automático (art. 1.012, § 1º, V, CPC), confirmando que tal recurso, na ação monitória, também não possui suspensividade automática. - Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por quanto tempo? → Por até 2 meses (art. 222 do CPC). - ##TJAL-2019: ##Cartórios/TJPR-2019: ##TJMS-2020: ##PGEPB-2021: ##TCERJ- 2021: ##CESPE: ##FCC: ##UFPR: Pelo princípio da indelegabilidade significa dizer que a jurisdição não pode ser delegada/atribuída a outro Poder (aspecto externo) ou a outro órgão jurisdicional (aspecto interno). Tal princípio decorre do princípio da indeclinabilidade, segundo o qual o órgão jurisdicional, uma vez provocado, não pode recusar-se, tampouco delegar a função de dirimir os litígios, mesmo se houver lacunas na lei, caso em que poderá o juiz valer-se de outras fontes do direito, como a analogia, os costumes e os princípios gerais, nos termos do art. 4º da LINDB. Portanto, não poderá o juiz delegar sua jurisdição a outro órgão, pois, se assim o fizesse, violaria, pela via oblíqua, o princípio da inafastabilidade P ág in a8 6 e a garantia constitucionalmente assegurada do juiz natural. - ##DPEAC-2017: ##MPBA-2018: ##TJPA- 2019: ##Cartórios/TJPR-2019: ##TJMS- 2020: ##PGEPB-2021: ##CESPE: ##TJMS- 2020: ##FCC: ##UFPR: Daniel Assumpção explica que o princípio da inevitabilidade da jurisdição é aplicado em dois momentos distintos, a saber: 1º) Vinculação obrigatória dos sujeitos do processo judicial: Ainda que se reconheça que ninguém será obrigado a ingressar com demanda contra a sua vontade e que existem formas de se tornar parte dependente da vontade do sujeito (por exemplo, assistência, recurso de terceiro prejudicado), o certo é que uma vez integrado a relação jurídica processual, ninguém poderá, por sua própria vontade, se negar a esse “chamado jurisdicional”. Essa vinculação é automática, não dependendo de qualquer concordância do sujeito, ou mesmo de acordo entre as partes para se vincularem ao processo e se sujeitarem à decisão e; 2º) Suportar os efeitos da decisão jurisdicional: O estado de sujeição das partes torna a geração dos efeitos jurisdicionais inevitável, inclusive não havendo necessidade de colaboração no sentido de aceitar em suas esferas jurídicas a geração de tais efeitos. Mesmo diante de resistência, a jurisdição terá total condição de afastá-las e, consequentemente, de fazer valer suas decisões (os meios executivos bem demonstram tal fenômeno). (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume Único. Salvador: Ed. Juspodivm, 2017. p. 88). Portanto, tal princípio indica que o poder estatal impõe-se por si mesmo, independentemente da vontade das partes, motivo pelo qual, proposta uma ação em face de outrem, este fica sujeito à jurisdição, ainda que, tendo sido citado, à sua revelia. Logo, a inevitabilidade da jurisdição de fato guarda pertinência com a imposição do direito ao fato e com sujeição das partes. - ##STJ: ##DOD: ##TJGO-2021: ##FCC: Os honorários advocatícios só podem ser fixados com base na equidade de forma subsidiária, ou seja: 1) quando não for possível o arbitramento pela regra geral; ou 2) quando for inestimável ou irrisório o valor da causa. Assim, o juízo de equidade na fixação dos honorários advocatícios somente pode ser utilizado de forma subsidiária, quando não presente qualquer hipótese prevista no § 2º do art. 85 do CPC. STJ. 2ª S. REsp 1746072-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, j. 13/2/19 (Info 645).- ##Jurisprud. Teses/STJ – Ed. nº 150: ##DPEDF-2019: ##MPDFT-2021: ##DPERJ-2021: ##CESPE: ##FGV: O defensor dativo não possui a prerrogativa do prazo em dobro para recorrer, pois ele atua como advogado, e o Estatuto da Advocacia não prevê esta possibilidade. Nesse sentido é o teor da seguinte tese do STJ: Tese 11: Os defensores dativos, por não integrarem o quadro estatal de assistência judiciária gratuita, não dispõem da prerrogativa de prazo em dobro para recorrer. - ##TJMG-2018: ##Cartórios/TJMG-2019: ##PGM-São José do Rio Preto/SP-2019: ##PGEPB-2021: ##CESPE: ##Consulplan: ##VUNESP: Pelo princípio da instrumentalidade das formas, temos que a existência do ato processual é um instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade. Assim, ainda que com vício, se o ato atinge sua P ág in a8 7 finalidade sem causar prejuízo às partes, não se declara sua nulidade. Em resumo, o princípio da instrumentalidade das formas pressupõe que, mesmo que o ato seja realizado fora da forma prescrita em lei, se ele atingiu o objetivo, esse ato será válido. - ##STJ: ##DOD: ##MPAP-2021: ##CESPE: O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do executado, mesmo após o início do cumprimento de sentença: O inciso II do art. 516 do CPC prevê que o cumprimento da sentença será feito perante o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição. O parágrafo único, por sua vez, afirma que o exequente poderá optar por ingressar com o cumprimento de sentença: a) no juízo do atual domicílio do executado; b) no juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução; c) no juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer. É possível que o exequente faça a opção de que trata o parágrafo único do art. 516 do CPC/2015 mesmo após já ter sido iniciado o cumprimento de sentença? SIM. O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do executado, mesmo após o início do cumprimento de sentença. STJ. 3ª T. REsp 1776382-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 03/12/19 (Info 663). - ##STJ: ##DOD: ##DPEBA-2021: ##FCC: O que acontece caso o exequente desista da execução antes da citação do executado? A desistência da execução antes do oferecimento dos embargos independe da anuência do devedor. A apresentação de desistência da execução quando ainda não efetivada a citação do devedor provoca a extinção dos embargos posteriormente opostos, ainda que estes versem acerca de questões de direito material. O credor não responde pelo pagamento de honorários sucumbenciais se manifestar a desistência da execução antes da citação e da apresentação dos embargos e se não houver prévia constituição de advogado nos autos. STJ. 2ª T. REsp 1682215/MG, Rel. Min. Ricardo Vilas Bôas Cueva, j. 06/04/21 (Info 692). - ##DOD: ##STJ: ##MPAP-2021: ##CESPE: Impenhorabilidade de pequena propriedade rural constituída de mais de um terreno, desde que a área total seja inferior a 4 módulos fiscais: É impenhorável a pequena propriedade rural familiar constituída de mais de 01 (um) terreno, desde que contínuos e com área total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do município de localização. STF. Plenário. ARE 1038507, Rel. Min. Edson Fachin, j. 18/12/20 (Repercussão Geral – Tema 961) (Info 1003). - ##MPAP-2021: ##CESPE: O art. 916, caput, do CPC permite que, na execução fundada em título extrajudicial, o executado, no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, requeira “que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês”. Acontece que, segundo o § 7º do art. 916, “o disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença”. Por tal razão, em que pese as críticas doutrinárias, o executado, em execução fundada em título judicial, não tem direito de se valer dessa "moratória" permitida pela lei para as execuções fundadas em título extrajudicial. P ág in a8 8 - Dica: Parcelamento: * Cumprimento de sentença: NÃO CABE * Execução de título extrajudicial: CABE - ##STF: ##TJPR-2021: ##FGV: 1. Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição (Súmula 267), nem contra decisão transitada em julgado (Súmula 268). 2. Inviável o manejo de mandado de segurança como sucedâneo de ação rescisória. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. STF. Plenário. MS 26394 AgR, Rel. Carlos Britto, j. 01/07/09. - ##STJ: ##DOD: ##Cartórios/TJGO-2021: ##VUNESP: É possível a penhora no rosto dos autos de procedimento de arbitragem para garantir o pagamento de dívida cobrada em execução judicial. A penhora no rosto dos autos consiste apenas numa averbação, cuja finalidade é atingida no exato momento em que o devedor do executado toma ciência de que o pagamento - ou parte dele - deverá, quando realizado, ser dirigido ao credor deste, sob pena de responder pela dívida, nos termos do art. 312 do Código Civil. Assim, é possível aplicar a regra do art. 860 do CPC, ao procedimento de arbitragem, a fim de permitir que o juiz oficie o árbitro para que este faça constar em sua decisão final, acaso favorável ao executado, a existência da ordem judicial de expropriação. Ex: a empresa “A” ajuizou execução de título extrajudicial contra a empresa “B”; a exequente sabia que a empresa “B” estava em procedimento de arbitragem com a empresa “C” discutindo um contrato; diante disso, a exequente pediu e o juiz decretou a penhora dos direitos, bens e valores que a empresa “B” eventualmente venha a receber caso seja vencedora no procedimento arbitral; assim, se a empresa “C” perder a arbitragem ela irá pagar os valores não para a empresa “B”, mas sim para a empresa “A”.STJ. 3ª T. REsp 1.678.224-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 7/5/19 (Info 648). - ##STJ: ##DOD: ##DPESP-2019: ##Cartórios/TJDFT-2019: ##Analista/MPCPA-2019: ##DPERJ-2021: ##PGM-Criciúma/SC-2021: ##CESPE: ##FCC: ##FGV: O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação. STJ. Corte Especial. REsp 1704520/MT (recurso repetitivo), Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 05/12/2018 (Info 639). - ##STJ: ##DOD: ##DPERJ-2021: ##FGV: A decisão interlocutória que afasta (rejeita) a alegação de prescrição é recorrível, de imediato, por meio de agravo de instrumento com fundamento no art. 1.015, II, do CPC/2015. Isso porque se trata de decisão de mérito. Embora a ocorrência ou não da prescrição ou da decadência possam ser apreciadas somente na sentença, não há óbice para que essas questões sejam examinadas por intermédio de decisões interlocutórias, hipótese em que caberá agravo de instrumento com base no art. 1.015, II, do CPC/15, sob pena de formação de coisa julgada material sobre a questão. STJ. 3ª T. REsp 1738756-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 19/2/19 (Info 643). - ##STJ: ##DOD: ##MPDFT-2021: O art. 1.015, VI, do CPC/15 abrange a decisão interlocutória que versa sobre a exibição do documento em incidente processual, em ação incidental ou, ainda, em mero requerimento P ág in a8 9 formulado no bojo do próprio processo. Assim, cabe agravo de instrumento com base no art. 1.015, VI, do CPC/15, contra a decisão interlocutória que defira ou indefira a expedição de ofício para que um terceiro apresente determinado documento, mesmo sem a instauração de incidente processual ou de ação incidental. STJ. 3ª T. REsp 1.798.939-SP, Rel. Min. NancyAndrighi, j. 12/11/19 (Info 661). - ##STJ: ##DOD: ##DPERJ-2021: ##FGV: Segundo o inciso VII do art. 1.015, CPC/15: “cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre exclusão de litisconsorte”. Essa previsão abrange somente a decisão que exclui o litisconsorte. Assim, cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que exclui o litisconsorte. Por outro lado, não cabe agravo de instrumento contra a decisão que indefere o pedido de exclusão de litisconsorte (decisão que mantém o litisconsorte). STJ. 3ª T. REsp 1724453-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 19/3/19 (Info 644). - Lei 9099 – JEC – Da sentença cabe recurso oral ou escrito cujo preparo deve ser apresentado em 48 horas a contar da interposição, independente de intimação, sob pena de deserção. (art. 42, parágrafo único), - No juizado especial cível a contagem de tempo é em dias úteis (art. 12 – A, Lei 9099). - Para a desconsideração da personalidade jurídica em relação de consumo deve-se comprovar que o devedor não tem patrimônio suficiente para suportar a execução. - A nota fiscal acompanhada de comprovante de entrega de mercadorias ou prestação do serviço é apta a instruir ação monitória. - Na execução de título executivo extrajudicial, o STJ exige o documento original se for título de crédito, mas admite cópia autenticada se for outro documento. - A técnica de ampliação do colegiado do art. 942 CPC tem como marco temporal a DATA DA PROCLAMAÇÃO DO RESULTADO. Assim, concluído o julgamento sob o rito do CPC/1973, não se aplica a técnica, mesmo que o julgamento seja publicado sob o CPC/2015. (AgInt nos EDcl no REsp 1659188 / RJ - DJe 22/10/2021 e REsp 1762236/SP, rel. p/ Acórdão Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/02/2019, DJe 15/03/2019) - A técnica de ampliação do colegiado (art. 942 CPC) se aplica ao mandado de segurança. (REsp 1868072 / RS – 2ª Turma – Relator Min Francisco Falcão - DJe 10/05/2021). A Lei n. 12.016/2009, responsável por disciplinar o mandado de segurança, não contém nenhuma disposição especial acerca da técnica de julgamento a ser adotada nos casos em que o resultado da apelação for não unânime. Embora a técnica de ampliação do colegiado, prevista no art. 942 do CPC/2015, e os embargos infringentes (vedados no art. 25, Lei 12016), revogados junto com Código de Processo Civil de 1973 (CPC/1973), possuam objetivos semelhantes, os referidos institutos não se confundem, sendo a aplicação do colegiado agora mandatória. - A vítima tem o ônus de identificar para o provedor o URL de página com conteúdo criminoso para que possa ser retirado do ar. P ág in a9 0 - É vedado ao provedor de internet fornecer dados de forma indiscriminada dos usuários que tenham compartilhado determinada postagem em pedido genérico e coletivo, sem especificação mínima de uma conduta ilícita realizada. (Info 688 STJ) - O mero compartilhamento de vídeo com conteúdo falso não faz depreender “fundados indícios da ocorrência de ilícito” por parte de quem compartilhou, que sequer poderia saber da falsidade do conteúdo. (Info 688 STJ) - AÇÃO RESCISÓRIA: Se o STF declara inconstitucional lei que fundamentou sentença há duas situações possíveis: (i) prolatada sentença e acórdão superveniente do STF sobrevém antes do trânsito em julgado cabe impugnação ao cumprimento de sentença por inexigibilidade do título (art. 525, III, CPC); (ii) se a sentença baseada em lei inconstitucional transita em julgado e depois sobrevém acórdão do STF declarando a inconstitucionalidade da lei que fundamentou o julgado cabe ação rescisória (art. 525, p. 15, CPC), sendo a impugnação ao cumprimento de sentença meio inadequado. - Juiz suspeito não é caso de ação rescisória, mas árbitro suspeito é causa de ação anulatória (arts. 14 e 32, Lei nº 9.307). - Contra omissão ou ato da Administração Pública, o uso da reclamação será admitido após o esgotamento das VIAS ADMINISTRATIVAS. (art. 7º, p. 1º, L 11417) - A multa para quem lançar cotas marginais interlineares nos autos é MEIO salário-mínimo. (art. 202 do CPC). - No julgamento antecipado do mérito, a questão enfrentada deve ser direito autônomo e destacável do resto da causa. É possível que haja julgamento antecipado do mérito em parte de um único pedido vinculado, conforme a doutrina. - A regra do Código Civil que prevê responsabilidade subsidiária dos sócios de sociedade simples (art. 1023 CC) não se aplica às associações sem fins lucrativos (REsp 1398438 / SC - DJe 11/04/2017) - Corte Especial: citação na ação de cobrança basta para informar o devedor sobre a cessão de crédito. - É INCORRETO DIZER QUE a ampliação do acesso à Justiça restringe-se ao aperfeiçoamento dos institutos e regras processuais. Paulo Cesar Pinheiro Carneiro, elenca princípios (acessibilidade, operosidade, utilidade e proporcionalidade), que em sendo observados conduziram para o aperfeiçoamento dos institutos e regras processuais, sem dúvida conduzirão à ampliação do efetivo acesso à Justiça. Todavia, as reformas não podem se restringir ao plano jurídico-normativo, é preciso que haja a adoção de medidas práticas que realmente efetivem tais mudanças no plano dos fatos. - Dispõe o art. 782, § 3º, do CPC/2015 que, a requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes. Tal medida aplica-se tanto à execução de título extrajudicial quanto ao P ág in a9 1 cumprimento definitivo de sentença (art. 782, § 5º, do CPC/2015) e só pode ser determinada se houver prévio pedido do exequente. E, havendo requerimento, o juiz poderá ou não o deferir "a depender das circunstâncias do caso concreto" (REsp 1.827.340/RS, Segunda Turma, DJe 11/10/2019). Ou seja, cuida-se de faculdade atribuída ao juiz. - Acerca do cancelamento da restrição, o art. 782, § 4º, do CPC/2015 estabelece que "a inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo". - Consabidamente, na interpretação das normas que regem a execução, deve-se extrair a maior efetividade possível ao procedimento executório. A doutrina processualista alerta para a necessidade de a interpretação dar prevalência, tanto quando possível, ao princípio da efetividade da execução. Vale dizer, deve-se sempre propiciar a pronta e integral satisfação do crédito exequendo. - Não se ignora que o art. 805 do CPC consagra o princípio da menor onerosidade da execução, segundo o qual, "quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado". Entretanto, a jurisprudência do STJ é no sentido de que a menor onerosidade da execução não se sobrepõe à sua efetividade. - Com assento nessas premissas, sopesando os direitos fundamentais em conflito - de um lado o direito fundamental do credor à tutela executiva e, de outro, os direitos de personalidade do executado -, deve prevalecer o direito do credor à integral satisfação da obrigação. Isso significa que, se o débito for garantido apenas parcialmente, não há óbice à determinação judicial de inclusão do nome do executado em cadastro de inadimplentes, mediante prévio requerimento do exequente. - COMPETÊNCIA (STF 1011/21) Insolvência civil e competência da Justiça comum estadual - RE 678162/AL (Tema 859 RG) Tese fixada: “A insolvência civil está entre as exceções da parte final do artigo 109, I, da Constituição da República, para fins de definição da competência da JustiçaFederal”. Resumo: O termo “falência”, contido na parte final do art. 109, I, da Constituição Federal compreende a insolvência civil. Por essa razão, compete à Justiça comum estadual, e não à federal, processar e julgar as ações de insolvência civil ainda que haja interesse da União, entidade autárquica ou empresa pública federal. - O que deve indicar a petição inicial da execução fiscal? → O juiz a quem é dirigida, o pedido e o requerimento para a citação. (art. 6º) - O acordo de leniência firmado entre a Entidade pública lesada e os responsáveis pelos atos estende-se à improbidade administrativa? → Não. - A propositura de ACP previne o juízo para as ações posteriormente P ág in a9 2 intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto? → Sim (art. 2º, par. único, da Lei 7.347/1985) - Em caso de desistência infundada ou abandono da ACP por associação legitimada, quem tem atribuição para assumir a titularidade ativa? → O Ministério Público ou outro legitimado ativo (art. 5º, § 3º, Lei 7.347/1985). - LACP, Art. 2 As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do LOCAL ONDE OCORRER O DANO, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. - A demanda coletiva de competência da Justiça Federal deverá sempre ser proposta em vara federal, ainda que esta se situe em local diverso daquele em que se verificou o dano? → Sim (STF). - Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. O que se entende por "afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito": Ponto (razão) é cada um dos sustentáculos (de fato ou de direito) que embasam a pretensão da parte. Questão, por seu turno, é o ponto controvertido nos autos. Obviamente, a existência de um ponto (de fato ou de direito) comum entre as partes não é suficiente para ensejar o litisconsórcio quando esse ponto for meramente circunstancial ou secundário. O ponto (ou questão) que autoriza o litisconsórcio é o principal, que sustenta com preponderância a pretensão da parte (ou a defesa do réu). - O CPC/2015 suprimiu a nomeação à autoria e a oposição das modalidades de intervenção de terceiros, sem, contudo, abolir os institutos. A nomeação à autoria agora é mera correção do polo passivo (arts. 338 e 339 do NCPC), enquanto a oposição tem natureza de procedimento especial (arts. 682 a 686 do NCPC). - “Não é admissível, nem excepcionalmente, a impetração de mandado de segurança para impugnar decisões interlocutórias após a publicação do acórdão em que se fixou a tese referente ao tema repetitivo 988, segundo a qual "o rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação"”. (STJ, RMS 63.202-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 01/12/2020, DJe 18/12/2020). - “É possível que o magistrado, a qualquer tempo, e mesmo de ofício, revise o valor desproporcional das astreintes”. (STJ, EAREsp 650.536/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, Corte Especial, por maioria, julgado em 07/04/2021). P ág in a9 3 - “O termo inicial de contagem dos prazos processuais, em caso de duplicidade de intimações eletrônicas, dá-se com a realizada pelo portal eletrônico, que prevalece sobre a publicação no Diário da Justiça (DJe)”. (STJ, EAREsp 1.663.952-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, Corte Especial, por maioria, julgado em 19/05/2021). - “Desde que prováveis a existência da relação jurídica entre as partes e de documento ou coisa que se pretende seja exibido, apurada em contraditório prévio, poderá o juiz, após tentativa de busca e apreensão ou outra medida coercitiva, determinar sua exibição sob pena de multa com base no art. 400, parágrafo único, do CPC/2015”. (STJ, REsp 1.777.553-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 26/05/2021, DJe 01/07/2021 – Tema 1000). - “O recurso especial interposto contra acórdão em ação rescisória pode atacar diretamente os fundamentos do acórdão rescindendo, não precisando limitar-se aos pressupostos de admissibilidade da rescisória”. (STJ, EREsp 1.434.604-PR, Rel. Min. Raul Araújo, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 18/08/2021). - “É cabível agravo de instrumento para impugnar decisão que define a competência”. (STJ, EREsp 1.730.436-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 18/08/2021). - “A homologação da decisão estrangeira sobre alimentos não subtrai do devedor a possibilidade de ajuizar ação revisional do valor da pensão alimentícia”. (STJ, HDE 4.289-EX, Rel. Min. Raul Araújo, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 18/08/2021, DJe 23/08/2021). - “Na ação de busca e apreensão de que trata o Decreto-Lei n. 911/1969, a análise da contestação somente deve ocorrer após a execução da medida liminar”. (STJ, REsp 1.892.589-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por maioria, julgado em 16/09/2021 – Tema 1040). - “A falta de impugnação, no agravo interno, de capítulo autônomo e/ou independente da decisão monocrática que aprecia o recurso especial ou agravo em recurso especial apenas conduz à preclusão da matéria não impugnada, afastando a incidência da Súmula 182/STJ”. (STJ, EREsp 1.424.404- SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Corte Especial, por unanimidade, julgado em 20/10/2021). - “Não há ofensa à prerrogativa de intimação pessoal prevista no art. 183 do CPC, quando o ente público deixa de realizar o necessário cadastramento no Sistema de Intimação Eletrônica do Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 1.050 do CPC, sendo válida a intimação pela publicação no Diário de Justiça Eletrônico”. (STJ, AR 6.503-CE, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 27/10/2021). - “A substituição, na fase de cumprimento de sentença, do parâmetro da base de cálculo dos P ág in a9 4 honorários advocatícios - de valor da condenação para proveito econômico - ofende a coisa julgada”. (STJ, AR 5.869- MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, por maioria, julgado em 30/11/2021). - De acordo com a doutrina, constitui ação cognitiva de natureza constitutiva aquela que, além de apresentar um conteúdo declaratório, também cria, modifica ou extingue um estado ou uma relação jurídica. - É devido o pagamento de custas judiciais adiantadas no âmbito de liquidação de sentença coletiva genérica proposta por associação em nome de titulares de direito material, sendo os representados pessoas específicas e determinadas. - “O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário municipal”. Se a multa aplicada pelo Tribunal de Contas decorre da prática de atos que causaram prejuízo ao erário municipal, o legitimado ativo para a execução do crédito fiscal é o município lesado, e não o Estado. Entendimento diverso caracterizaria hipótese de enriquecimento sem causa. (STF, PLENÁRIO, RE 1003433/RJ – Tema 642 RG). - “São inconstitucionais as decisões judiciais que determinam a constrição de verbas públicas oriundas de Fundo Estadualde Saúde (FES) — que devem ter aplicação compulsória na área de saúde — para atendimento de outras finalidades específicas”. (STF, PLENÁRIO, ADPF 664/ES). - A relação civil entre duas pessoas pode ser privada. Mas, quando posta em juízo, forma uma nova, de cunho processual, que pertence ao direito público. - Mesmo no caso de sentença coletiva proferida na defesa de direitos individuais homogêneos, haverá certeza e a precisão no que se refere ao direito, que não pode ser mais discutido. Todavia, em atendimento ao art. 95 do CDC, a condenação será genérica, sem determinar os destinatários e a extensão da reparação. Com efeito, diferentemente do que ocorre no processo individual, a liquidação no processo coletivo não é só para apurar o quanto devido (quantum debeatur), mas também o nexo de causalidade e o dano (an debeatur), razão pela qual a doutrina (DINAMARCO) considera que não há verdadeiramente liquidação, mas sim habilitação (ou “liquidação imprópria”, como prefere a LACP para diferenciá-la da liquidação própria, que avalia apenas o quantum debeatur). Por tais motivos, a doutrina afirma que há uma dupla iliquidez: uma de ordem objetiva e outra subjetiva. a) iliquidez objetiva: não há fixação de um valor determinado pela sentença; b) iliquidez subjetiva: há necessidade de liquidação também para aferir a titularidade do crédito executado. ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELA LEI 14.195/21 RELACIONADAS COM DIREITO PROCESSUAL CIVIL P ág in a9 5 No que tange aos dispositivos abaixo explicados, a Lei nº 14.195/2021 já entrou em vigor em 27/08/2021, estando produzindo seus efeitos. - NOVO DEVER DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES: INFORMAR E MANTER SEUS DADOS CADASTRAIS Inclusão do inciso VII no art. 77 do Código de Processo Civil promovida pela Lei 14.195/21: Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: (...) VII - informar e manter atualizados seus dados cadastrais perante os órgãos do Poder Judiciário e, no caso do § 6º do art. 246 deste Código, da Administração Tributária, para recebimento de citações e intimações. - PRAZO MÁXIMO PARA A CITAÇÃO Inclusão do parágrafo único ao art. 238 do Código de Processo Civil promovida pela Lei 14.195/21: Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. Parágrafo único. A citação será efetivada em até 45 (quarenta e cinco) dias a partir da propositura da ação. - CITAÇÃO ELETRÔNICA PASSA A SER O MEIO PREFERENCIAL Nova redação dada ao art. 246 e seu §1º, CPC pela Lei 14.195/21: Art. 246. A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no prazo de até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos endereços eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça. § 1º As empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. *Inclusão dos §§ 1º-A ao 1-C e 4º ao 6º ao art. 246, CPC pela Lei 14.195/21: § 1º-A A ausência de confirmação, em até 3 (três) dias úteis, contados do recebimento da citação eletrônica, implicará a realização da citação: I - pelo correio II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por edital. § 1º-B Na primeira oportunidade de falar nos autos, o réu citado nas formas previstas nos incisos I, II, III e IV do § 1º-A deste artigo deverá apresentar justa causa para a ausência de confirmação do recebimento da citação enviada eletronicamente. § 1º-C Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça, passível de multa de até 5% (cinco por cento) do valor da causa, deixar de confirmar no prazo legal, sem justa causa, o recebimento da citação recebida por meio eletrônico. § 4º As citações por correio eletrônico serão acompanhadas das orientações para realização da confirmação de P ág in a9 6 recebimento e de código identificador que permitirá a sua identificação na página eletrônica do órgão judicial citante. § 5º As microempresas e as pequenas empresas somente se sujeitam ao disposto no § 1º deste artigo quando não possuírem endereço eletrônico cadastrado no sistema integrado da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim). § 6º Para os fins do § 5º deste artigo, deverá haver compartilhamento de cadastro com o órgão do Poder Judiciário, incluído o endereço eletrônico constante do sistema integrado da Redesim, nos termos da legislação aplicável ao sigilo fiscal e ao tratamento de dados pessoais. *Nova redação dada ao caput do art. 247, CPC pela Lei 14.195/21: Art. 247. A citação será feita por meio eletrônico ou pelo correio para qualquer comarca do País, exceto: (...) - DESCRIÇÃO DO PEDIDO NA AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA Nova redação dada aos incisos I, II e III do art. 397 do CPC pela Lei 14.195/21: Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá: I - a descrição, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa, ou das categorias de documentos ou de coisas buscados; II - a finalidade da prova, com indicação dos fatos que se relacionam com o documento ou com a coisa, ou com suas categorias; III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe, ainda que a referência seja a categoria de documentos ou de coisas, e se acha em poder da parte contrária. - NÃO LOCALIZAÇÃO DO EXECUTADO PASSA A SER CAUSA DE SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO Nova redação dada ao inciso III do art. 921 do CPC pela Lei 14.195/21: Art. 921. Suspende-se a execução: III - quando não for localizado o executado ou bens penhoráveis; - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE Nova redação dada ao §4º do art. 921 do CPC pela Lei 14.195/21: § 4º O termo inicial da prescrição no curso do processo será a ciência da primeira tentativa infrutífera de localização do devedor ou de bens penhoráveis, e será suspensa, por uma única vez, pelo prazo máximo previsto no § 1º deste artigo. - Inclusão do §4º-A ao art. 921, CPC pela Lei 14.195/21: § 4º-A A efetiva citação, intimação do devedor ou constrição de bens penhoráveis interrompe o prazo de prescrição, que não corre pelo tempo necessário à citação e à intimação do devedor, bem como para as formalidades da constrição patrimonial, se necessária, desde que o credor cumpra os prazos previstos na lei processual ou fixados pelo juiz. P ág in a9 7 - Nova redação dada ao §5º do art. 921 do CPC pela Lei 14.195/21: § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição no curso do processo e extingui-lo, sem ônus para as partes. - Inclusão dos §§6ª e 7º ao art. 921, CPC pela Lei 14.195/21: § 6º A alegação de nulidade quanto ao procedimento previsto neste artigo somente será conhecida caso demonstrada a ocorrência de efetivo prejuízo, que será presumido apenas em caso de inexistência da intimação de que trata o § 4º deste artigo. § 7º Aplica-se o disposto neste artigo ao cumprimento de sentença de que trata o art. 523 deste Código. - É incabível o ajuizamento de reclamação contra decisão que defere ou indefere o sobrestamento do feito em razão de processamento de pedido de uniformização ou recurso especial repetitivo. STJ. 1ª Seção. Rcl 31.193-SC, Rel. Min. Regina HelenaCosta, julgado em 16/09/2021 (Info 710). - Caso, na sentença, não sejam arbitrados os honorários sucumbenciais, o advogado da parte vencedora poderá, após o trânsito em julgado, ajuizar ação autônoma para obter a fixação e a cobrança do valor. - Proposta ação cognitiva contra apenas um dos devedores solidários, este poderá, no prazo da contestação, promover a citação dos demais devedores para compor a relação processual na condição de litisconsortes passivos. - Se, no curso do processo, ocorrer a morte de qualquer uma das partes, e sendo transmissível o direito em litígio, haverá a suspensão do processo e a consequente sucessão do falecido por seu espólio ou sucessor. - Nas relações processuais em que o município for parte, salvo quando houver prazo próprio previsto em lei, as suas procuradorias gozarão de prazo em dobro para todas as manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. - O princípio da identidade física do juiz é de natureza infraconstitucional e pode ser suprimido do ordenamento jurídico em eventual reforma realizada pelo legislador ordinário. - É impossível examinar a legitimidade ad causam dos litigantes, sem referência ao direito material alegado. - AGRAVO INTERNO * Decisão que admite o recurso especial/recurso extraordinário = irrecorrível. * Da decisão do Supremo Tribunal Federal que não conhece do recurso extraordinário por falta de repercussão geral, nos termos do art. 1.035, NCPC, também NÃO CABE QUALQUER RECURSO, sendo, IRRECORRÍVEL. P ág in a9 8 * Se o presidente ou vice do TJ/TRF negar seguimento ao RE ou RESP, analisando o MÉRITO da matéria (inciso I, alíneas a, b, do art.1.030 do CPC), CABE AGRAVO INTERNO (1021), JULGADO PELO COLEGIADO DO PRÓPRIO TJ OU TRF; * Se o presidente ou vice do TJ/TRF negar seguimento, aduzindo a falta de requisitos, pressupostos, que não preencheu os requisitos constitucionais (art. 1.030, V, do CPC), já que os requisitos de admissibilidade devem ser sempre analisados antes do mérito, pois são prejudiciais a este, CABE AGRAVO EM RE OU RESP (1.042), julgado pelos STF ou STJ, respectivamente. Mas ATENÇÃO: A competência para a análise da REPERCUSSÃO GERAL é exclusiva do STF (art. 1.035, §2º, CPC), ainda que o recurso extraordinário passe por um juízo de admissibilidade perante o órgão prolator da decisão impugnada. E da decisão do Supremo Tribunal Federal que não conhece do recurso extraordinário por falta de repercussão geral, nos termos do art. 1.035 do NCPC NÃO CABE QUALQUER RECURSO, i.e = IRRECORRÍVEL. * Por fim, se a decisão que obstar o processamento dos recursos extraordinário ou especial contiver simultaneamente fundamento de falta de pressupostos de admissibilidade (art. 1.030, V, do CPC) e na incompatibilidade vertical - mérito (art. 1.030, I, a e b, do CPC): caberão simultaneamente o agravo em recurso extraordinário ou especial (§ 1º do art. 1.030 do CPC) e o agravo interno (§ 2º do art. 1.030 do CPC). - Enunciado 77 da I Jornada de Direito Processual Civil do Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal: “Para impugnar decisão que obsta trânsito a recurso excepcional e que contenha simultaneamente fundamento relacionado à sistemática dos recursos repetitivos ou da repercussão geral (art. 1.030, I, do CPC) e fundamento relacionado à análise dos pressupostos de admissibilidade recursais (art. 1.030, V, do CPC), a parte sucumbente deve interpor, simultaneamente, agravo interno (art. 1.021 do CPC) caso queira impugnar a parte relativa aos recursos repetitivos ou repercussão geral e agravo em recurso especial/extraordinário (art. 1.042 do CPC) caso queira impugnar a parte relativa aos fundamentos de inadmissão por ausência dos pressupostos recursais.” - No MANDADO DE SEGURANÇA, se o impetrante morre, os seus herdeiros não podem se habilitar para continuar o processo. Assim, falecendo o impetrante, o mandado de segurança será extinto sem resolução do mérito, ainda que já esteja em fase de recurso. Isso ocorre em razão do caráter mandamental e da natureza personalíssima do MS. STJ. 3ª Seção. EDcl no MS 11.581-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/6/2013 (Info 528). - CONFORME INFORMATIVO 629 STJ – O Ministério Público possui legitimidade ativa para postular em juízo a defesa de direitos transindividuais de consumidores que celebram contratos de compra e venda de imóveis com cláusulas pretensamente abusivas. Tal orientação, ademais, é a que veio a prevalecer neste Tribunal Superior, que aprovou o VERBETE SUMULAR N. 601, de seguinte teor: "O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM LEGITIMIDADE ATIVA PARA ATUAR NA DEFESA DE DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS DOS CONSUMIDORES, P ág in a9 9 AINDA QUE DECORRENTES DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO." Além disso, tanto a Lei da Ação Civil Pública (arts. 1º e 5º) como o Código de Defesa do Consumidor (arts. 81 e 82) são expressos em definir o Ministério Público como um dos legitimados a postular em juízo em defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos do consumidor. Daí porque se firmou a compreensão de que, para haver legitimidade ativa do Ministério Público para a defesa de direitos transindividuais não é preciso que se trate de direitos indisponíveis, havendo de se verificar, isso sim, se há "INTERESSE SOCIAL" (expressão contida no art. 127 da Constituição) capaz de autorizar a legitimidade do Ministério Público. - Decisão colegiada de Tribunal em MS: Denegou → RO para o STJ Concedeu → REsp para o STJ e RExt para o STF (dependendo da matéria arguida) Indeferimento liminar → Agravo para o próprio tribunal - Casos de competência originária do STJ: Denegou: RO para o STF Concedeu: RExt para o STF. - MS contra ato do TJ é julgado pelo próprio TJ. - A teor do art. 39 da Lei nº 6.830/80, a Fazenda Pública exequente, no âmbito das execuções fiscais, está dispensada de promover o adiantamento de custas relativas ao ato citatório, devendo recolher o respectivo valor somente ao final da demanda, acaso resulte vencida. STJ. 1ª Seção. REsp 1.858.965-SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 22/09/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1054) (Info 710). - Interpretação do art. 485, §§ 4º e 5º Vejamos os dispositivos: § 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. § 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. Primeiramente, o réu poderá desistir da ação sem o consentimento do réu até o oferecimento da contestação. Ora, se o réu ainda não “jogou as cartas na mesa”, ou seja, ainda não impugnou os argumentos do autor, pode este desistir da ação. Após o oferecimento da contestação, a desistência exige a aceitação do réu, pois a partir da contestação o réu também tem direito à jurisdictio, de modo que o réu pode ser, a partir da contestação, o principal interessado em ter uma sentença de mérito a seu favor. Após a sentença, não é possível a desistência da ação. Por exemplo, o autor promoveu a demanda e na análise do mérito pelo juiz ele perdeu, e se não recorrer aquela sentença fará coisa julgada formal e material. Com isso, o autor decide recorrer e no processamento do recurso ele quer desistir não só do recurso, como também da ação como um todo. Se isso fosse possível, seria um ‘macete’ para substituir uma decisão de mérito que foi desfavorável à parte autora por uma decisão terminativa, porque depois ela entraria com a demanda novamente. P ág in a1 0 0 Fonte: Aula 25.18 Processo Civil IV – Ênfase Adendo 1: Há uma exceção em que o autor poderá desistir da ação sem o consentimentodo réu, mesmo que este já tenha oferecido a contestação. É o que se infere nos §§ 1º e 3º do art. 1040 do CPC: Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma: (...) § 1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da controvérsia. § 3º A desistência apresentada nos termos do § 1º independe de consentimento do réu, ainda que apresentada contestação. Fonte: Aula 20.38 Eleitoral - Ênfase - O litisconsórcio unitário é, em regra, necessário. Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes (unitário). - A decisão que deixa de homologar pedido de extinção consensual da lide retrata decisão interlocutória de mérito a admitir recorribilidade por agravo de instrumento, interposto com fulcro no art. 1.015, II, do CPC/2015. STJ. 1ª Turma.REsp 1817205-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 05/10/2021 (Info 712). - Nem sempre as partes do processo de execução serão as mesmas que atuaram no processo de conhecimento. Muitas vezes isso não ocorre, por exemplo, nas ações de conhecimento ajuizadas em face de uma pessoa jurídica que, durante a fase de execução, em hipóteses específicas, tem a sua personalidade jurídica afastada a fim de que a execução da sentença possa recair diretamente sobre os bens de seus sócios administradores, que passam a integrar o polo passivo da demanda. - Tendo em vista a lei federal como fonte formal primária do processo civil, é correto dizer que compete à União legislar sobre o direito processual civil, tendo porém os Estados competência concorrente à União para legislar sobre normas procedimentais em matéria processual. - Princípio da eventualidade: "compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir"; - Princípio da identidade física do juiz: "o juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor"; - Princípio da adstrição ou congruência: Segundo ele, o juiz não pode decidir nem fora e nem além daquilo que foi pedido pelo autor. O seu desrespeito fere o contraditório, tendo em vista que a decisão judicial abarca pontos que não foram mencionados pelas partes nem na inicial e nem na defesa, de forma que o juiz P ág in a1 0 1 surpreende tanto o autor quanto o réu em relação ao ponto excedente na sentença. OBS.: A fundamentação "per relationem" é aquela em que o julgador adota, em sua sentença ou acórdão, a íntegra de outros julgados ou pareceres do MP. Recentemente, o STJ, por meio de decisão de sua segunda turma (INF 517), entendeu lícita a fundamentação: IV - Princípio da congruência ou da adstrição: "é defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado". III. As fontes formais acessórias do direito processual civil são as mesmas das normas em geral, quais sejam, analogia, costumes e princípios gerais do direito; servem para suprir as lacunas do ordenamento jurídico, integrando-o. - A respeito da incidência da lei processual nova sobre processos pendentes quando do início da sua vigência, aplica-se a teoria do isolamento dos atos processuais, isto é, os atos ainda pendentes dos processos em curso se sujeitam aos comandos da lei nova, respeitada a eficácia daqueles atos já praticados de acordo com a lei antiga. - A imparcialidade, em primeiro lugar, decorre do sistema legal do processo, que adotou o chamado sistema acusatório, no qual são distintos o órgão acusador e o órgão julgador. Nesse sentido a imparcialidade decorre da equidistância do juiz em face das partes. - O sistema processual é pautado no livre convencimento motivado, isto é, na liberdade que se defere ao juiz para a valoração da prova, neste sentido é extremamente difícil se estabelecer parâmetros atinentes a escolha da pertinência e do controle do material probatório, sem que se macule a liberdade e a independência do magistrado. - O mandado de busca e apreensão/citação veicula, simultaneamente, a comunicação ao devedor acerca da retomada do bem alienado fiduciariamente e sua citação, daí decorrendo dois prazos diversos: a) de 5 dias, contados da execução da liminar, para o pagamento da dívida; e b) de 15 dias, a contar da juntada do mandado aos autos, para o oferecimento de resposta. STJ. 3ª Turma. REsp 1321052-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/8/2016 (Info 588). - É facultado aos advogados promover a intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento. - Nos Embargos de Terceiros a prova é sumária e não pré-constituída, neste procedimento há dilação probatória, sendo facultada a prova da posse em audiência preliminar. - O CPC não admite a divisão de honorários em razão da sucumbência parcial. - Art. 525, § 4º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de P ág in a1 0 2 imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. - Haverá litisconsórcio passivo necessário entre os cônjuges, na ação fundada em obrigação contraída por um deles, em proveito da família. - O profissional nomeado pela assistência judiciária, defensor dativo, exerce múnus público e naquele procedimento passa a atuar como se defensor público fosse. Ao se apropriar indevidamente do dinheiro da parte, o defensor dativo comete o crime de peculato-apropriação, previsto na primeira parte do caput do art. 312 do Código Penal. - Coação no curso do processo (art. 344) e falso testemunho (342) são crimes que podem ser praticados no juízo arbitral. - No mandado de segurança, havendo substituição processual, o substituído poderá ser assistente litisconsorcial do impetrante que o substituiu. - Atenção a Teoria Eclética foi adotada pelo CPC/2015, contudo o STJ adota a teoria da asserção. - O foro contratual obriga herdeiros e sucessores. - Compete à autoridade judiciária brasileira, COM EXCLUSÃO DE QUALQUER OUTRA, conhecer de ações alusivas a imóveis situados no Brasil; sucessão hereditária, confirmação de testamento particular e partilha de bens situados no Brasil, além do divórcio, separação judicial, partilha de bens situados nos Brasil. - Teses de repercussão geral do STF, Tema 858: “I - O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação desapropriatória não obsta a propositura de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público, para discutir a dominialidade do bem expropriado, ainda que já se tenha expirado o prazo para a Ação Rescisória; II - Em sede de Ação de Desapropriação, os honorários sucumbenciais só serão devidos caso haja devido pagamento da indenização aos expropriados”. (RE 1010819 - 26/05/2021) - Teses de repercussão geral do STF, Tema 1075: “I - É inconstitucional a redação do art. 16 da Lei 7.347/1985, alterada pela Lei 9.494/1997, sendo repristinada sua redação original. II - Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a competênciadeve observar o art. 93, II, da Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor). III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional e fixada a competência nos termos do item II, firma-se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas conexas”. (RE 1101937 - 08/04/2021) - Teses de repercussão geral do STF, Tema 249: “É constitucional, pois foi devidamente recepcionado pela Constituição Federal de 1988, o procedimento de execução extrajudicial, previsto no Decreto-lei nº 70/66”. (RE 627106 - 08/04/2021) P ág in a1 0 3 - Requisitos da ação renovatória Segundo o art. 51 da referida Lei, nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito à renovação do contrato, por igual prazo, desde que sejam cumpridos os seguintes requisitos cumulativos: a) o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e por prazo determinado de 5 anos ou mais, ou, a soma dos prazos ininterruptos dos contratos seja de, no mínimo, 5 anos (art. 51, incisos I e II); b) exploração do comércio pelo locatário, no mesmo ramo, por pelo menos 3 anos ininterruptos (art. 51, III); c) prova do exato cumprimento das obrigações contratuais, bem como do pagamento de impostos e taxas incidentes sobre o imóvel (art. 71, incisos II e III); d) indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação (art. 71, IV); e) declaração dos fiadores aceitando a renovação do contrato e os encargos da fiança, se forem os mesmos. Se forem outros, indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição no Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a nacionalidade, o estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade. Mesmo não havendo alteração do fiador, é necessária a comprovação da idoneidade financeira (art. 71, V). * A sua propositura deve ocorrer no prazo de 1 ano, no máximo, e até 6 meses, no mínimo, antes da data do término do contrato em vigor, sob pena de decadência do direito (art. 51, § 5º, da Lei nº 8.245/91). - A respeito das despesas de atos processuais praticados pela Fazenda e Ministério Público: * Despesas de atos processuais requeridos pelo MP como custus iuris serão pagos pelo autor: Art. 82 [omissis] § 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. § 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. * Despesas de atos processuais requeridos pela Fazenda, MP e Defensoria como partes serão pagos ao final pelo vencido: Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública, do Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo vencido. * Perícias requeridas pela Fazenda, MP e Defensoria como partes, seguirão a seguinte ordem: i) realizadas por entidade pública; ii) não havendo previsão orçamentária da entidade pública, os valores serão adiantados por aquele que requerer a prova: Art. 91 [omissis] § 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que requerer a prova. Obs.: na parte final do parágrafo acima, se não houver previsão orçamentária no P ág in a1 0 4 exercício em que o ente requereu a prova pericial, o pagamento ocorrerá no exercício seguinte, ou pelo vencido se o processo se encerrar antes do adiantamento feito pelo ente: Art. 91 [omissis] § 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público. - É lícita a comprovação, em agravo interno, da tempestividade do recurso especial na hipótese de ilegibilidade do carimbo de protocolo. - A prova diabólica é tratada pela doutrina como sendo aquela impossível de ser produzida pela parte, nesse caso poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, conforme o art. 373, §1°, do NCPC. Por consequência, a prova bilateralmente diabólica é aquela que não pode ser produzida por nenhuma das partes, ante a sua total impossibilidade. Sendo o caso de prova bilateralmente diabólica, ante a impossibilidade de inversão, aplica-se a regra geral de ônus da prova prevista nos incisos I e II do art. 373 do NCPC. - "Numa ação de despejo entre locador e locatário, a sublocação não figura como objeto da lide, portanto, trata-se de assistência simples ou adesiva em relação ao sublocatário por se tratar de interesse indireto. Na assistência simples, o terceiro ingressa no feito afirmando-se titular de relação jurídica conexa àquela que está sendo discutida. O interesse jurídico do terceiro reflete-se na circunstância de manter este, com o assistido, relação jurídica que poderá ser afetada a depender do julgamento da causa. Como diz Genacéia Alberton: o assistente simples visa à vitória do assistido, tendo em vista o reflexo que a decisão possa ter em relação jurídica existente entre eles. Fundamental perceber que, no processo, não se discute relação jurídica da qual faça parte este terceiro, bem como não tem ele qualquer vínculo jurídico com o adversário do assistido. O terceiro intervém para ser parte auxiliar - sujeito parcial mas que, em razão de o objeto litigioso do processo não lhe dizer respeito diretamente, fica submetido à vontade do assistido. Bom exemplo é o do sublocatário, em demanda de despejo contra o locatário, pois o direito dele depende da preservação de direito de outrem; seu interesse jurídico é mediato e aparentemente altruísta, pois, para proteger o seu patrimônio, tem de ajudar na defesa do alheio" (DIDIER JR., Freddie. Direito Processual Civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento, Salvador: JusPODIVM, 2006, p. 296). - No processo civil, a curadoria especial será nomeada no caso de incapaz sem representante legal ou quando da colisão de interesses entre o incapaz e o representante (enquanto durar a incapacidade), réu preso revel, réu citado por edital ou com hora certa, enquanto não constituído advogado, sendo esta exercida pela Defensoria Pública nos termos da lei. - Nas ações possessórias é dispensável o consentimento do cônjuge, exceto no P ág in a1 0 5 caso de composse ou atos praticados por ambos. - O CPC aduz que o Município é representado em juízo, ativa e passivamente, por seu prefeito ou procurador. - Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no processo no qual o espólio seja parte. - A sociedade ou associação sem personalidade jurídica NÃO PODERÁ opor a irregularidade de sua constituição quando demandada. - O ato atentatório à dignidade da justiça não se aplica para advogados públicos ou privados, Defensoria Pública e Ministério Público. - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ * Aplicação de multa de >1% < 10% valor da causa. Se valor da causa for irrisório, possível fixação em até 10x s-m + indenização + honorários advocatícios + despesas. * Art. 96. O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé REVERTERÁ EM BENEFÍCIO DA PARTE CONTRÁRIA. - NÃO SERÃO DEVIDOS honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada. - Na ação de indenização por atoilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 prestações vincendas. - Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidirão a partir da data do trânsito em julgado da decisão. - Os honorários constituem direito do advogado e TÊM NATUREZA ALIMENTAR, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo VEDADA a compensação em caso de sucumbência parcial. - Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem proporcionalmente pelas despesas e pelos honorários. A sentença deverá distribuir entre os litisconsortes, de forma expressa, a responsabilidade proporcional pelo pagamento das verbas previstas no caput. Se a distribuição de que trata o § 1º não for feita, os vencidos responderão solidariamente pelas despesas e pelos honorários. (art. 87 do CPC). - Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as despesas proporcionalmente a seus quinhões. - Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do pagamento das custas processuais remanescentes, se houver. P ág in a1 0 6 - Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir integralmente a prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade. (isso só é aplicável na fase de conhecimento – JDPC 10) - A sentença arbitral brasileira não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário. - Os bancos não podem ajuizar execução no Juizado Especial, ainda que a execução não fulmine o valor de 40 SM, isto porque não consta do art. 3º, da Lei nº 9.099/1995. - As pessoas incapazes, ainda que devidamente representadas, não podem ser partes nos processos que tramitam no Juizado Especial. - A gratuidade da justiça passou a poder ser concedida a estrangeiro não residente no Brasil após a entrada em vigor do CPC/2015. STJ. Corte Especial. Pet 9.815-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/11/2017 (Info 622). - A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas. - O deferimento de gratuidade de justiça não afasta a imposição de multas processuais, mas apenas DISPENSA SUA EXIGÊNCIA COMO CONDIÇÃO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS. - O direito à gratuidade da justiça é pessoal, NÃO SE ESTENDENDO a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos. - Havendo risco de perecimento do direito, o poder do juiz de exigir do autor a comprovação dos pressupostos legais para a concessão da gratuidade não o desincumbe do dever de apreciar, desde logo, o pedido liminar de tutela de urgência. - Contra a decisão que indeferir o pedido de gratuidade da justiça ou deferir o pedido de revogação cabe Agravo de Instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. - Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. § 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. § 2º O ato não ratificado será considerado INEFICAZ relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos. - No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos casos expressos em lei. - A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título P ág in a1 0 7 particular, NÃO ALTERA a legitimidade das partes. O adquirente ou cessionário NÃO PODERÁ ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como ASSISTENTE LITISCONSORCIAL do alienante ou cedente. Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário. - O litisconsórcio será NECESSÁRIO por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a EFICÁCIA da sentença depender da CITAÇÃO DE TODOS que devam ser litisconsortes. - O litisconsórcio será UNITÁRIO quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de DECIDIR o mérito DE MODO UNIFORME PARA TODOS os litisconsortes. - Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo. - A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: I - NULA, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo (litisconsórcio necessário e unitário); II - INEFICAZ, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. - Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar. - Na assistência simples, sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual. - A assistência simples NÃO OBSTA a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos. - DENUNCIAÇÃO DA LIDE é forma de intervenção de terceiros, que pode ser provocada tanto pelo autor quanto pelo réu, diversamente do chamamento ao processo, que só pode ser requerido pelo réu. - Todas as hipóteses de denunciação são associadas ao direito de regresso (evicção também). Ela permite que o titular desse direito já o exerça nos mesmos autos em que tem a possibilidade de ser condenado, o que favorece a economia processual. - Admite-se UMA ÚNICA DENUNCIAÇÃO SUCESSIVA, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese P ág in a1 0 8 em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. - Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu. - Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. - Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbênciaem favor do denunciado. - A dilação dos prazos processuais, poder este cabível ao Juiz, somente pode se dar antes de encerrado o prazo regular (isso se aplica ao processo de improbidade). - Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé. - É hipótese de impedimento - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 3° grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; - Observado o dever de revelação, as partes celebrantes de convenção de arbitragem podem afastar, de comum acordo, de forma expressa e por escrito, hipótese de impedimento ou suspeição do árbitro. - Não impedimento ou suspeição de testemunha. - Cabe ao Oficial de Justiça certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber. - Certificada a proposta de autocomposição prevista no inciso VI, o P ág in a1 0 9 juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-se, no prazo de 5 dias, sem prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o SILÊNCIO COMO RECUSA. - Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. - O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 a 5 anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis. - O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo. - O depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos causados, sem prejuízo de sua responsabilidade penal e da imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da justiça. - O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes. - A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal da parte patrocinada quando o ato processual depender de providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada. - Tramitam em segredo de justiça os processos que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. - O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. - É admissível negócio jurídico processual envolvendo ampliação do tempo de sustentação oral. - Não é possível negócio jurídico processual para modificação da competência absoluta; acordo para supressão da primeira instância, e exclusão da intervenção do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica. - Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se suspendem pela superveniência delas: I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de direitos, quando P ág in a1 1 0 puderem ser prejudicados pelo adiamento; II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador; III - os processos que a lei determinar. - Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense. - O CPC prevê expressamente a prática de atos processuais por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real. - Pode ser encaminhada pelo juízo arbitral carta para um juiz de direito requerendo cooperação judiciária, inclusive, alusiva aos atos que importem no cumprimento de tutela provisória concedida pelo juízo arbitral. - A carta arbitral poderá ser processada diretamente pelo órgão do Poder Judiciário do foro onde se dará a efetivação da medida ou decisão, ressalvadas as hipóteses de cláusulas de eleição de foro subsidiário. - A coisa julgada formada no Mandado de Segurança Coletivo 2005.51.01.016159-0 (impetrado pela Associação de Oficiais Militares do Estado do Rio de Janeiro - AME/RJ, enquanto substituta processual) beneficia os militares e respectivos pensionistas do antigo Distrito Federal, integrantes da categoria substituída - oficiais, independentemente de terem constado da lista apresentada no momento do ajuizamento do mandamus ou de serem filiados à associação impetrante. REsp 1.865.563-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, Primeira Seção, por maioria, julgado em 21/10/2021. (Tema 1056) (Info 715) - O beneficiário de expurgos inflacionários pode promover cumprimento individual de nova sentença coletiva para a cobrança dos juros remuneratórios não contemplados no anterior título judicial coletivo já executado. Exemplo: a associação de defesa dos consumidores ajuizou ACP pedindo que a CEF fosse condenada a pagar expurgos inflacionários decorrentes de planos econômicos. Em 2001, o juiz julgou o pedido procedente, determinando o pagamento dos expurgos inflacionários em favor dos consumidores. Vale ressaltar que essa sentença determinou o pagamento apenas do valor principal, sem falar em juros remuneratórios, tendo em vista que não houve pedido expresso nesse sentido. Houve o trânsito em julgado. Em 2004, João, um dos consumidores que se enquadrava nessa situação, ingressou com pedido de cumprimento individual de sentença. Ocorre que tramitava outra ACP, proposta por outra associação, pedindo o pagamento dos expurgos inflacionários e também dos juros remuneratórios. Em 2007, outro juiz julgou o pedido procedente, condenando os bancos a pagarem os expurgos inflacionários acrescidos dos juros remuneratórios. Em 2008, João, sabendo disso, ingressou com nova execução individual pedindo, agora, o pagamento exclusivamente dos juros remuneratórios não contemplados na primeira ACP. Isso é possível, não havendo que se falar em violação à coisa julgada. P ág in a1 1 1 STJ. 4ª Turma. REsp 1934637-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/06/2021 (Info 700). STJ. 3ª Turma. REsp 1932243-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 713). - Independe de citação o indeferimento da inicial e a improcedência liminar do pedido. - A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, INDUZ LITISPENDÊNCIA, TORNA LITIGIOSA A COISA e CONSTITUI EM MORA O DEVEDOR. - A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO, operada pelo DESPACHO QUE ORDENA A CITAÇÃO, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. - O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou, na localidade onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis, que será consideradohabilitado para representar o locador em juízo. - A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. - Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa. A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando. - Na AÇÃO DE USUCAPIÃO DE IMÓVEL, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada. - A citação não pode ser feita pelos correios quando se tratar de ações de estado (a citação deve ser feita na pessoa réu); incapacidade; pessoa de direito público; local não atendido pelos correios e quando for requerido, justificadamente, outra forma. - Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências. - Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente. P ág in a1 1 2 - Ao ser citado, o réu deverá ser advertido de que sua ausência injustificada à audiência de conciliação ou mediação configura ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA, punível com a multa do art. 334, § 8º, sob pena de sua inaplicabilidade. - Quando, por 2 vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar (citação por hora certa). O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia. - Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. - Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. - A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 vezes o salário- mínimo, que será revertida em favor do citando. - Serão publicados editais: I - na ação de usucapião de imóvel; II - na ação de recuperação ou substituição de título ao portador; III - em qualquer ação em que seja necessária, por determinação legal, a provocação, para participação no processo, de interessados incertos ou desconhecidos. - O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão motivada quando: faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierarquia; no caso de incompetência em razão da matéria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente. - Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, com o respectivo número de inscrição na OAB, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados. - A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação. - Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada P ág in a1 1 3 ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço. - As citações e as intimações serão NULAS quando feitas sem observância das prescrições legais. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam independentes. - O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as prescrições legais. - Ainda assim o processo será distribuído por dependência quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; - Será cancelada a distribuição do feito se a parte, intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento das custas e despesas de ingresso em 15 dias. - Quando o pedido for alternativo, o valor da causa será o de maior valor e subsidiário, o valor do principal. - O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. - O juiz corrigirá, DE OFÍCIO E POR ARBITRAMENTO, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes. - O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, SOB PENA DE PRECLUSÃO, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas. - As tutelas provisórias de urgência e de evidência são admissíveis no sistema dos Juizados Especiais. - A decisão que nega a tutela provisória coletiva não obsta a concessão da tutela provisória no plano individual. - O NCPC eliminou o juízo de admissibilidade do juizo a quo. Nesse caso, não cabe mais ao juiz de 1º grau inadmitir o recurso de apelação. Cabe reclamação ao Tribunal se o juiz de 1ª grau inadmitir o recurso de apelação. (Enunciados 99 e 208 FPPC) - Nas ações de acidente do trabalho, os honorários periciais, adiantados pelo INSS, constituirão despesa a cargo do Estado, nos casos em que sucumbente a parte autora, beneficiária da isenção de P ág in a1 1 4 ônus sucumbenciais, prevista no parágrafo único do art. 129 da Lei n. 8.213/1991. REsp 1.824.823-PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 21/10/2021, DJe 25/10/2021. (Tema 1044) (Info 715) - A prolação de sentença objeto de recurso de apelação não acarreta a perda superveniente do objeto de agravo de instrumento pendente de julgamento que versa sobre a consumação da prescrição. Exemplo hipotético: João ajuizou ação de cobrança contra Pedro. Na contestação Pedro alegou que a pretensão estaria prescrita. Logo, pediu a extinção do processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC. O juiz, contudo, não concordou e proferiu decisão interlocutória rejeitando a arguição deprescrição. Contra essa decisão, Pedro interpôs agravo de instrumento, insistindo no argumento de que teria havido a consumação da prescrição. Antes que o agravo de instrumento fosse julgado, houve a prolação de sentença. Mesmo assim, não haverá perda superveniente do objeto de agravo de instrumento que versa sobre a consumação da prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1921166-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 713) - A parte pode ser condenada em litigância de má-fé e embargos de declaração protelatórios em decorrência do mesmo fato. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AUTOS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. INSURGÊNCIA DA PARTE AGRAVANTE. 2.1. No caso em tela, a aplicação da multa por litigância de má-fé, no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, foi devidamente justificada pelas instâncias ordinárias. A modificação das conclusões adotadas no acórdão recorrido demandaria o revolvimento de suporte fático-probatório dos autos. Incidência dos óbices das Súmulas 7 e 83 do STJ. 3. Conforme entendimento proferido no REsp n. 1.250.739/PA, pela Corte Especial do STJ, as sanções previstas no artigo 1.026, § 2º, do CPC/15 (antigo art. 538, parágrafo único, do CPC/73), e no artigo 81 do CPC/15 (antigo art. 18 do CPC/73), possuem naturezas distintas, podendo, inclusive, serem cumuladas. (AgInt no REsp 1910327/TO, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 31/05/2021, DJe 04/06/2021) - Macete: *MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ – valor: superior a 1% e inferior a 10% do valor da causa; destinatário: parte contrária (81, caput, CPC); *ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA: valor: até 20% do valor da causa; destinatário: União ou Estado (77, § 3º, CPC); *MULTA EMBARGOS PROTELATÓRIOS – valor: até 2% do valor da causa; destinatário: embargado (1026, § 2º, CPC) - Somente se admite a técnica do julgamento ampliado, em agravo de instrumento, quando houver o provimento do recurso por maioria de votos e desde que a decisão agravada tenha julgado parcialmente o mérito. P ág in a1 1 5 STJ. 3ª Turma. REsp 1960580-MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 05/10/2021 (Info 713). - Em caso de desistência da ação após a citação e antes de apresentada a contestação, é devida a condenação do autor ao pagamento de honorários advocatícios, que deve observar a regra geral prevista no § 2º do art. 85 do CPC/2015. O art. 1.040, § 2º, do CPC/2015, que trata de hipótese específica de desistência do autor antes da contestação sem pagamento de honorários advocatícios, somente se aplica dentro do microssistema do recurso especial repetitivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1819876-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/10/2021 (Info 713). - No caso de vários pedidos e em que apenas um diga respeito a entendimento firmado em incidente de resolução de demanda repetitiva, o juiz poderá indeferir a petição inicial quanto ao pedido repetido e determinar a citação do réu com relação aos demais. - O juiz julgará antecipadamente o mérito do pedido, quando não houver necessidade de produção de outras provas ou quando o réu for revel e presumir-se verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor e, ainda, o réu não houver formulado requerimento de provas contrapostas às alegações do autor, o que deve fazer por representação nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa produção. - Nas ações civis públicas promovidas pela DPU, a legislação pertinente prevê a dispensa do adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e outras despesas para a parte autora; entretanto, nessas ações, aquele que integrar o polo passivo da relação processual não desfrutará do mesmo benefício. - As decisões interlocutórias sobre a instrução probatória não são impugnáveis por agravo de instrumento ou pela via mandamental, sendo cabível a sua impugnação diferida pela via da apelação. RMS 65.943-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 26/10/2021. (Info 715) - Da Defensoria Pública como curadora especial * O CPC prevê que, em determinadas situações, o juiz terá que nomear um curador especial que irá defender, no processo civil, os interesses do réu, porquanto este não detém a capacidade de estar em juízo (capacidade processual) ou não está em condições de exercê-la. O curador especial também é chamado de curador à lide. O exercício da curadoria especial é função institucional da Defensoria Pública, sendo isso o que prevê a Lei Orgânica da Defensoria Pública (LC 80/94): Art. 4o São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em le *A Turma reafirmou que não são devidos honorários à Defensoria Pública no exercício da curadoria especial, uma vez que essa função faz parte de suas atribuições institucionais. (...) Esclareceu P ág in a1 1 6 a Min. Relatora que, apesar da impossibilidade de percepção de honorários advocatícios no exercício de função institucional, eles só são devidos à Defensoria Pública como instituição, quando forem decorrentes da regra geral de sucumbência nos termos do art. 4º, XXI, da LC n. 80/1994. REsp 1.203.312-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/4/2011 (Info 469). - A mera remissão a link de site do Tribunal de origem nas razões recursais é insuficiente para comprovar a tempestividade de recurso. AgInt nos EDCL no REsp 1.893.371-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 26/10/2021. (Info 715) - STF (Info 787, RG): a decisão do STF que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das decisões proferidas nos processos anteriores que tenham adotado entendimento diferente. Para que haja essa reforma ou rescisão, será indispensável a interposição do recurso próprio ou, se for o caso, ação rescisória própria. Não se deve confundir a eficácia normativa da decisão em ADI/ADO (efeito ex tunc) com a eficácia executiva (ex nunc). - O princípio do máximo benefício da tutela jurisdicional coletiva indica que a sentença coletiva somente pode interferir nas demandas individuais se for para beneficiar o seu autor, mas não para prejudicá-lo. Significa que, caso o pedido formulado em uma ação coletiva seja julgado procedente, e exista ação individual em trânsito com o mesmo objeto, o autor da ação individual pode beneficiar-se do resultado da ação coletiva. Mas, sendo a ação coletiva julgada improcedente, o seu resultado não poderá, por si só, prejudicar os pedidos idênticos formulados em ações individuais. Este princípio é o que informa a denominada "coisa julgada in utilibus". - Se os honorários advocatícios não estiverem incluídos na CDA, eles serão fixados em 10% com base no art. 827 do CPC, não se aplicando o art. 85, § 3º. Na Execução Fiscal, quando não incluídos como encargo na CDA, os honorários provisórios arbitrados no despacho do juiz que ordena a citação devem observar o percentual estabelecido no art. 827 e não as faixas do art. 85, § 3°, ambos do CPC/2015. STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1738784- GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 05/10/2021 (Info 713). - Requerimento para cumprimento de sentença deve ser instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito (art. 524, CPC/2015). Art. 524 (…) - § 4º Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta)dias para o cumprimento da diligência. § 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe. P ág in a1 1 7 * A requerimento do credor, pode ser determinado prazo judicial (em média 30 dias) para que o executado ou terceiro apresente documentos que estejam em seu poder, com o objetivo de acerto nos cálculos dos valores decorrentes da obrigação contida na sentença, para a fase de execução. Havendo descumprimento injustificado do prazo arbitrado, não fluirá o prazo prescricional para a execução ou o cumprimento de sentença. STJ entende que com a medida estabelecida no parágrafo 5º, não pode mais o credor informar impossibilidade a suspender o prazo prescricional. STJ, REsp 1.336.026-PE, INFO 607. - CPC, Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito; IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. VII - informar e manter atualizados seus dados cadastrais perante os órgãos do Poder Judiciário e, no caso do § 6º do art. 246 deste Código, da Administração Tributária, para recebimento de citações e intimações. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) § 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça. § 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. § 3 o Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2º será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97 . § 4º A multa estabelecida no § 2º poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º , e 536, § 1º . § 5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 2º poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. § 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada P ág in a1 1 8 pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. § 7º Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2º. § 8º O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar. - Se o réu recorreu contra sentença que favoreceu litisconsortes ativos facultativos simples e o Tribunal deu provimento ao recurso no que tange a apenas alguns dos litisconsortes, haverá condenação em honorários recursais quanto aos demais. STJ. 3ª Turma. REsp 1954472-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 714). - Súmula 41-STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou dos respectivos órgãos. - A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade. (S 429, STJ) - STF. Súmula n. 631: EXTINGUE-SE O PROCESSO DE MANDADO DE SEGURANÇA SE O IMPETRANTE NÃO PROMOVE, NO PRAZO ASSINADO, A CITAÇÃO DO LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO. - É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual (S. 181, do STJ). - Súmula 449-STF: O valor da causa, na consignatória de aluguel, corresponde a uma anuidade. DIREITO DO CONSUMIDOR - Art. 104 – A, p. 5º - CDC - § 5º O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo [repactuação das dívidas por endividamento do consumidor pessoa natural] não importará em declaração de insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação. - Segundo a FGV (certame do TJPR/2021), a cláusula de eleição de foro em contrato de consumo é admissível desde que não prejudique a facilitação da defesa do consumidor, que pode optar por demandar no foro de seu domicílio ou no foro de eleição. - Publicidade por telefone: (i) é permitida se a chamada é gratuita para o consumidor; (ii) é proibida se a chamada é onerosa. (interpretação do art. 33, parágrafo único, do CDC). P ág in a1 1 9 - É nula de pleno direito a cláusula de contrato de consumo que estabeleça a utilização compulsória da arbitragem. (art. 51, VII, CDC) - ##Jurisprud. Teses/STJ - Ed. nº 161: ##TRF3-2018: ##MPDFT-2021: Tese 10: As regras do CDC não se aplicam aos contratos firmados no âmbito do Programa de Financiamento Estudantil - FIES, pois não se trata de serviço bancário, mas de programa governamental custeado pela União. - ##MPSC-2010: ##TRF2-2009/2011: ##TJPR-2012: ##MPPI-2012: ##MPRR- 2012: ##DPEAC-2012: ##DPEES-2012: ##PGEPA-2012: ##DPEDF-2013: ##Cartórios/TJBA-2013: ##TRF3-2013: ##TJDFT-2014: ##DPEGO-2014: ##DPEPR-2014: ##Analista Legisl.-Câm. Deputados/2014: ##TJPB-2015: ##PGEPR- 2015: ##PGM-Salvador/BA-2015: ##TRF4- 2014/2016: ##DPEBA-2016: ##PGM- Marília/SP-2016: ##TRF5- 2011/2015/2017: ##DPEAL-2017: ##Anal. Judic./TRF1-2017: ##DPEAM-2013/2018: ##PCSE-2018: ##TJPA-2019: ##MPGO- 2019: ##DPEMG-2019: ##Assessor Juríd./CODEVASF-2021: ##CESPE: ##FCC: ##PUCPR: ##VUNESP: Teoria Maximalista (objetiva) x Teoria Finalista (subjetiva): Landolfo Andrade explica que, “na teoria maximalista (objetiva), ‘destinatário final’ é o destinatário fático do produto ou serviço, ou seja, é aquele que adquire o produto ou serviço, retirando-o do mercado de consumo. Note-se que para o maximalista a definição de ‘destinatário final’ é puramente objetiva, ou seja, não importa saber qual a destinação econômica que a pessoa física ou jurídica pretende dar ao produto ou serviço. Basta a retirada do bem de consumo da cadeia de produção para que se identifique o consumidor, sendo irrelevante saber se o produto ou serviço será revendido, empregado profissionalmente ou utilizado para fim pessoal ou familiar. Nessa linha, considera-se consumidor, por exemplo, o empresário que adquire uma máquina nova para empregá-la na produção têxtil de sua fábrica. (...) Já para a teoria finalista (subjetiva), ’destinatário final’ é o destinatário fático e econômico do produto ou serviço.Para se identificar o consumidor, portanto, não basta que o adquirente ou utente seja o destinatário fático do bem, retirando-o da cadeia de produção: deve ser também o seu destinatário econômico, ou seja, deve empregá-lo apara atender necessidade pessoal ou familiar, não podendo revendê-lo ou utilizá-lo para fim profissional. (...) Na interpretação finalista, somente pode ser considerado consumidor aquele que adquire ou utiliza produto ou serviço para fim pessoal ou familiar, não o empregando, portanto, para o incremento de sua atividade econômica. Noutras palavras, somente o adquirente ou utente não profissional pode ser considerado consumidor. (Fonte: ANDRADE, Adriano; MASSON, Cléber; ANDRADE, Landolfo. Interesses difusos e coletivos. 10ª Ed.; Editora Método, 2020, pp. 536-537). Sobre a teoria finalista ou subjetiva, vejamos os seguintes julgados do STJ: “No tocante à aplicação do CDC, a jurisprudência deste Tribunal Superior consolidou-se no sentido da adoção da teoria finalista ou subjetiva para fins de caracterização da pessoa jurídica como consumidora em eventual relação de consumo, motivo pelo qual a contratação inserida no âmbito da atividade empresarial da autora afasta a aplicação da pretendida norma. STJ. 4ª T., AgRg no AREsp 482.875/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 15/03/18. (...) A jurisprudência desta Corte sedimenta-se P ág in a1 2 0 no sentido da adoção da teoria finalista ou subjetiva para fins de caracterização da pessoa jurídica como consumidora em eventual relação de consumo, devendo, portanto, ser destinatária final econômica do bem ou serviço adquirido (REsp 541.867/BA). STJ. 2ª S., CC 92.519/SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 16/02/09.” - ##Jurisprud. Teses/STJ - Ed. nº 83: ##MPPI-2019: ##MPDFT-2021: ##CESPE: Tese 04: As cooperativas de crédito são equiparadas às instituições financeiras, aplicando-se-lhes o Código de Defesa do Consumidor, nos termos da Súmula n. 297/STJ. - ##MPBA-2010: ##MPRO-2010: ##DPEBA-2010: ##TRF1-2013: ##DPEGO- 2014: ##MPDFT-2021: ##CESPE: Por intermédio da observância do disposto no art. 10, § 1º do CDC é que se procede ao denominado recall ou chamamento. É o procedimento gratuito pelo qual o fornecedor informa o público e/ou eventualmente o convoca para sanar os defeitos encontrados em produtos vendidos ou serviços prestados. O objetivo essencial do recall é proteger e preservar a vida, a saúde, a integridade e a segurança do consumidor, além de evitar e minimizar prejuízos físicos ou morais. O recall não exclui a responsabilidade do fornecedor: o fato de o fornecedor alertar os consumidores, através de anúncios publicitários ou comunicar o ato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, não o exime da responsabilidade objetiva sobre os danos provenientes dos vícios e defeitos de tais produtos e serviços, devendo responder nos exatos termos do art. 12 e ss do CDC. - ##STJ: ##DOD: ##MPAP-2021: ##CESPE: A Súmula 130 do STJ prevê o seguinte: a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de DANO ou FURTO de veículo ocorridos em seu estacionamento. Em casos de roubo, o STJ tem admitido a interpretação extensiva da Súmula 130 do STJ, para entender que há o dever do fornecedor de serviços de indenizar, mesmo que o prejuízo tenha sido causado por roubo, se este foi praticado no estacionamento de empresas destinadas à exploração econômica direta da referida atividade (empresas de estacionamento pago) ou quando o estacionamento era de um grande shopping center ou de uma rede de hipermercado. Por outro lado, não se aplica a Súmula 130 do STJ em caso de roubo de cliente de lanchonete fast-food, se o fato ocorreu no estacionamento externo e gratuito por ela oferecido. Nesta situação, tem-se hipótese de caso fortuito (ou motivo de força maior), que afasta do estabelecimento comercial proprietário da mencionada área o dever de indenizar. Logo, a incidência do disposto na Súmula 130 do STJ não alcança as hipóteses de crime de roubo a cliente de lanchonete praticado mediante grave ameaça e com emprego de arma de fogo, ocorrido no estacionamento externo e gratuito oferecido pelo estabelecimento comercial. STJ. 3ª T. REsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 15/8/17 (Info 613). (...) O STJ, conferindo interpretação extensiva à Súmula 130, entende que estabelecimentos comerciais, tais como grandes shoppings centers e hipermercados, ao oferecerem estacionamento, ainda que gratuito, respondem pelos assaltos à mão armada praticados contra os clientes quando, apesar de o estacionamento não ser inerente à natureza do serviço prestado, gera legítima expectativa de segurança ao P ág in a1 2 1 cliente em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos consumidores. No entanto, nos casos em que o estacionamento representa mera comodidade, sendo área aberta, gratuita e de livre acesso por todos, o estabelecimento comercial não pode ser responsabilizado por roubo à mão armada, fato de terceiro que exclui a responsabilidade, por se tratar de fortuito externo. Assim, lanchonete não tem o dever de indenizar consumidor vítima de roubo ocorrido no estacionamento externo e gratuito do estabelecimento. STJ. 2ª S. EREsp 1.431.606/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 27/3/19 (Info 648). - ##STJ: ##MPBA-2010: ##DPEGO-2010: ##TRF1-2011: ##MPRR-2012: ##TRF3- 2013: ##MPF-2013: ##DPEPR-2014: ##DPERS-2014: ##PGEPR-2015: ##TRF5- 2015: ##DPEBA-2016: ##MPRO-2017: ##TJPA-2019: ##Advogado-CODEN/SP- 2021: ##CESPE: ##FCC: ##FMP: ##PUCPR: ##VUNESP: Segundo a doutrina, são objeto de tutela pelo CDC os serviços públicos prestados uti singuli e mediante retribuição por tarifa ou preço público, quer pelo Poder Público diretamente, quer por empresas concessionárias ou permissionárias, sobretudo, para os efeitos do seu art. 22. (Fonte: CDC comentado pelos autores do anteprojeto: direito material e processo coletivo: volume único/Ada Pellegrini Grinover...; colaboração. Vicente Gomes de Oliveira Filho e João Ferreira Braga. 12. ed. Forense, 2019). Nesse sentido, vejamos o seguinte julgado do STJ: “Os serviços públicos impróprios ou UTI SINGULI prestados por órgãos da administração pública indireta ou, modernamente, por delegação a concessionários, como previsto na CF (art. 175), são remunerados por tarifa, sendo aplicáveis aos respectivos contratos o CDC. (...)” (STJ, 2ª T., AgRg no REsp 1089062/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 01/09/09). - ##DOD: ##STJ: ##TJPR-2021: ##Proc.- TC/DF-2021: ##CESPE: ##FGV: Membros do conselho fiscal de uma cooperativa não podem ser atingidos pela desconsideração da personalidade jurídica se não praticaram nenhum ato de administração: A desconsideração da personalidade jurídica, ainda que com fundamento na Teoria Menor, não pode atingir o patrimônio pessoal de membros do Conselho Fiscal sem que haja a mínima presença de indícios de que estes contribuíram, ao menos culposamente e com desvio de função, para a prática de atos de administração. Caso concreto: consumidor comprou um imóvel de uma cooperativa habitacional, mas este nunca foi entregue; o consumidor ajuizou ação de cobrança contra a cooperativa, tendo o pedido sido julgado procedente para devolver os valores pagos; durante o cumprimento de sentença, o juiz, com base na teoria menor, fez a desconsideração da personalidade jurídica para atingir o patrimônio pessoal dos membros do Conselho Fiscal da cooperativa; o STJ afirmou que eles não poderiam ter sido atingidos. A despeito de não se exigir prova de abuso ou fraude para fins de aplicação da Teoria Menor da desconsideraçãoda personalidade jurídica, tampouco de confusão patrimonial, o § 5º do art. 28 do CDC não dá margem para admitir a responsabilização pessoal de quem jamais atuou como gestor da empresa. STJ. 3ª T. REsp 1766093-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 12/11/19 (Info 661). - ##MPRN-2009: ##DPERO-2012: ##DPERS-2011/2014: ##DPEPB-2014: P ág in a1 2 2 ##MPRO-2010/2017: ##TJDFT-2014: ##DPEPA-2015: ##DPU-2015: ##TJAM- 2016: ##DPEMT-2016: ##TRF2-2017: ##DPEPE-2018: ##MPMG-2019/2021: ##TJGO-2021: ##TJPR-2021: ##MPSC- 2021: ##CESPE: ##FCC: ##FGV: ##VUNESP: O CC/02 e o CDC adotam teorias distintas para justificar a desconsideração da personalidade jurídica. Enquanto o primeiro acolheu a teoria maior, exigindo a demonstração de abuso ou fraude como pressuposto para sua decretação (CC art. 50), o CDC perfilha a teoria menor, a qual admite a responsabilização dos sócios quando a personalidade da sociedade empresária configurar impeditivo ao ressarcimento dos prejuízos causados ao consumidor (CDC art. 28, § 5º). - ##STJ: ##DOD: ##MPMG-2021: Erro grosseiro de sistema não obriga empresas a emitir passagens compradas a preço muito baixo: Caso concreto: em decorrência de uma falha no site da empresa de turismo Decolar.com, constou que duas passagens aéreas, ida e volta, de Brasília para Amsterdã (Holanda) custariam cerca de R$ 1 mil. Um casal tentou efetuar a compra, fazendo uma reserva no site. Dois dias depois, contudo, eles receberam um e-mail da empresa explicando que houve uma falha, cancelando a reserva. Não houve necessidade de estorno no cartão de crédito, pois a cobrança não foi feita no momento da reserva. Os consumidores ajuizaram ação pedindo a emissão dos bilhetes no valor que havia sido ofertado. O STJ, entretanto, não acolheu o pedido. Para o Tribunal, o erro sistêmico grosseiro no carregamento de preços e a rápida comunicação ao consumidor podem afastar a falha na prestação do serviço e o princípio da vinculação da oferta. O CDC não é somente um conjunto de artigos que protege o consumidor a qualquer custo. Antes de tudo, ele é um instrumento legal que pretende harmonizar as relações entre fornecedores e consumidores, sempre com base nos princípios da boa-fé e do equilíbrio contratual. No caso, os consumidores promoveram a reserva de bilhetes aéreos com destino internacional a preço muito aquém do praticado por outras empresas aéreas, não tendo sequer havido a emissão dos bilhetes eletrônicos (e-tickets) que pudessem formalizar a compra. Agrega-se o fato de que os valores sequer foram debitados do cartão de crédito e, em curto período, os consumidores receberam e-mail informando a não conclusão da operação. Nesse contexto, é inadmissível que, diante de inegável erro sistêmico grosseiro no carregamento de preços, possa se reconhecer a falha da prestação dos serviços das empresas, que prontamente impediram o lançamento de valores na fatura do cartão de crédito utilizado, informando, ainda, com antecedência necessária ao voo, o cancelamento da operação. Por conseguinte, não há que se falar em violação do princípio da vinculação da oferta (art. 30 do CDC). STJ. 3ª T. REsp 1794991-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 05/05/20 (Info 671). - ##STJ: ##TJDFT-2015: ##MPMG-2019: ##CESPE: O STJ permite o uso da publicidade comparativa implícita: “(...) 1. A propaganda comparativa é forma de publicidade que identifica explícita ou implicitamente concorrente de produtos ou serviços afins, consagrando-se, em verdade, como um instrumento de decisão do público consumidor. 2. Embora não haja lei vedando ou autorizando expressamente a publicidade comparativa, o tema sofre influência das legislações consumerista e de propriedade industrial, tanto no P ág in a1 2 3 âmbito marcário quanto concorrencial. 3. A publicidade comparativa não é vedada pelo CDC, desde que obedeça ao princípio da veracidade das informações, seja objetiva e não abusiva. 4. Para que viole o direito marcário do concorrente, as marcas devem ser passíveis de confusão ou a referência da marca deve estar cumulada com ato depreciativo da imagem de seu produto/serviço, acarretando a degenerescência e o consequente desvio de clientela. (...) 6. Propaganda comparativa ilegal é aquela que induz em erro o consumidor, causando confusão entre as marcas, ocorrendo de maneira a depreciar a marca do concorrente, com o consequente desvio de sua clientela, prestando informações falsas e não objetivas. 7. Na espécie, consoante realçado pelo acórdão recorrido, as marcas comparadas não guardam nenhuma semelhança, não sendo passíveis de confusão entre os consumidores. Ademais, foram prestados esclarecimentos objetivos sem denegrir a marca da concorrente, pelo que não se verifica infração ao registro marcário ou concorrência desleal. (...).” STJ. 4ª T., REsp 1377911/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 02/10/14 (Info 550). “(...). 4. A publicidade comparativa pode ser definida como método ou técnica de confronto empregado para enaltecer as qualidades ou o preço de produtos ou serviços anunciados em relação a produtos ou serviços de um ou mais concorrentes, explícita ou implicitamente, com o objetivo de diminuir o poder de atração da concorrência frente ao público consumidor. (...)". STJ. 3ª T., REsp 1668550/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 23/05/17. (...) “(...). 4. A inexistência de norma expressa vedando a modalidade comparativa de publicidade revela sua aceitação pelo ordenamento jurídico brasileiro, mas não isenta o responsável por sua utilização de observar as regras atinentes à proteção dos direitos do consumidor e da propriedade intelectual. 5. Consoante a jurisprudência desta Corte, a publicidade comparativa, apesar de ser de utilização aceita, encontra limites na vedação à propaganda (i) enganosa ou abusiva; (ii) que denigra a imagem ou gere confusão entre os produtos ou serviços comparados, acarretando degenerescência ou desvio de clientela; (iii) que configure hipótese de concorrência desleal e (iv) que peque pela subjetividade e/ou falsidade das informações (...).” STJ. 3ª T., REsp 1481124/SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva. J. 07/04/15. - ##MPBA-2010: ##DPERO-2012: ##MPPR-2013: ##TRF2-2014: ##TRT1- 2015: ##CESPE: ##FCC: Publicidade subliminar: é aquela que atinge somente o inconsciente do indivíduo, fazendo com que não perceba que está sendo induzido a comprar. Em outras palavras, trata-se de mensagem que é transmitida em um baixo nível de percepção, tanto auditiva quanto visual; embora não possamos identificar esta absorção da informação, o nosso subconsciente capta- a e ela é assimilada sem nenhuma barreira consciente, e aceitamo-la como se tivéssemos sido hipnotizados. Ela é expressamente proibida no art. 36 do CDC. - ##TRF5-2009: ##DPERO-2012: ##CESPE: Publicidade promocional: Tem por objetivo convencer o público a comprar o produto ou a contratar o serviço anunciado. Em outras palavras, tem por finalidade imediata a venda do bem de consumo. Ela é permitida. P ág in a1 2 4 - Para Cláudia Lima Marques, superendividamento é a “impossibilidade global de o devedor pessoa natural, consumidor, leigo e de boa-fé, pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de consumo (excluídas as dívidas fiscais, as oriundas de delitos e as de alimentos), em um tempo razoável com sua capacidade atual de rendas e patrimônio”. Quando superendividado, o consumidor, ainda que use todo o salário do mês, não tem condições de honrar suas obrigações financeiras, sem que isso implique na ausência de orçamento para garantir sua sobrevivência, ou seja, seu mínimo existencial. É, portanto, ocompleto estado de insolvência civil da pessoa natural. A doutrina divide o superendividamento em ativo e passivo. 1) ATIVO: o consumidor entra em situação de endividamento de forma voluntária, consumindo acima da capacidade orçamentária, seja abusando do crédito fácil, seja em razão da ação de fornecedores. Por sua vez, o superendividamento ativo divide-se em Consciente e Inconsciente: • a) CONSCIENTE: a pessoa consome de forma desenfreada, mesmo estando ciente da ausência de condições financeiras para a liquidação dos débitos contraídos. Em tal hipótese, não poderá usufruir do tratamento dispensado ao consumidor em situação de superendividamento, em decorrência da ausência de boa-fé. É justamente o que prevê o projeto de lei que trata sobre o tema: caso as dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, ou sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento, o consumidor não estará albergado pelas disposições protetivas. • b) INCOSCIENTE: quando o consumidor “age de forma impulsiva, seduzido pelo mercado, adquirindo produtos supérfluos, deixando de controlar seus gastos”. Aqui, a pessoa acaba consumindo em razão da ação do mercado de consumo: milhares e milhares de ofertas e de cupons de desconto na caixa de e-mail, “juros zero”, “primeira parcela para 90 dias”, cartão de crédito enviado sem solicitação prévia, “promoção exclusiva de Natal”, “antecipe o 13º salário”, “consignado sem análise de crédito”, entre outros artifícios utilizados pelos fornecedores para atrair o consumidor. 2) PASSIVO: quando a falta de recursos financeiros para quitar as dívidas não decorre de uma ação voluntária do consumidor, e sim de algo não previsto. Não é oriunda de “uma ação própria do consumidor, mas sim de uma condição que se impõe alheia à sua vontade. Trata-se do consumidor que, de boa-fé, consome dentro da sua capacidade orçamentária, mas que devido a uma situação imprevista se vê obrigado a não pagar suas dívidas”. São exemplos disso a) o nascimento de gêmeos; b) doença grave na família; c) “empréstimo do nome” para terceiro objetivando celebração de contrato de empréstimo; d) desemprego; e) morte do cônjuge; f) crise econômica. (Fonte: http://cursocliquejuris.com.br/blog/super endividamento-muito-mais-do-que- deixar-de-pagar-alguns-boletos/) - ##MPGO-2010: ##MPPB-2018: ##MPDFT-2021: ##FCC: Explica Hugo Nigro Mazzilli que, “em matéria de interesses difusos, desde que a questão diga respeito indistintamente aos integrantes da comunidade, não se há reconhecer suspeição ou impedimento do promotor ou do juiz, mesmo que P ág in a1 2 5 também atingidos pelo dano... A razão é simples: quanto mais abrangente o interesse difuso, mais se aproxima do interesse público e impessoal de toda a coletividade” (O inquérito civil, São Paulo, Saraiva, 1999, p.90). - ##STJ: ##MPSC-2013: ##DPEPR-2014: ##MPMG-2014/2018: A sentença de procedência na ação coletiva tendo por causa de pedir danos referentes a direitos individuais homogêneos, nos moldes do disposto no art. 95 do CDC, será, em regra, genérica, de modo que depende de superveniente liquidação, não apenas para apuração do quantum debeatur, mas também para aferir a titularidade do crédito, por isso denominada pela doutrina "liquidação imprópria". STJ. 4ª T., AgRg no REsp 1348512/DF, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, j. 18/12/12. Sobre o tema, Landolfo Andrade e Cleber Masson explicam que: “nas sentenças condenatórias genéricas do processo tradicional, cumpre ao interessado, na fase de liquidação, demonstrar simplesmente o quantum debeatur, ou seja, qual o valor a ser posteriormente executado (liquidez do título). O dever de o réu ressarcir especificamente aquele interessado já estava definido na sentença condenatória (certeza do título). Por sua vez, na liquidação de sentenças coletivas (ou mesmo das sentenças penais condenatórias de crimes contra coletividades abstratas) que geram a obrigação de indenizar os titulares de direitos individuais homogêneos lesados, os interessados (vítimas ou sucessores) não precisam comprovar apenas o quantum debeatur, mas a própria condição de vítima do evento reconhecido na sentença (ou de sucessor de uma vítima), uma vez que a sentença condenatória não identifica cada uma das vítimas do evento. Em razão disso, a liquidação dessas sentenças coletivas é denominada por Dinamarco como liquidação imprópria.” (Fonte: ANDRADE, Adriano; MASSON, Cléber; ANDRADE, Landolfo. Interesses difusos e coletivos. 10ª Ed.; Editora Método, 2020, pp. 320-321). - ##MPT-2013: ##PGEMS-2014: ##PGM- Caruaru/PE-2018: ##MPAP-2021: ##CESPE: Se o interesse individual homogêneo possuir relevância social e transcender a esfera de interesses dos efetivos titulares da relação jurídica de consumo, tendo reflexos práticos em uma universalidade de potenciais consumidores que, de forma sistemática e reiterada, sejam afetados pela prática apontada como abusiva, a legitimidade ativa do Ministério Público estará caracterizada. A recuperação fluida (fluid recovery), prevista no citado art. 100 do CDC, constitui específica e acidental hipótese de execução coletiva de danos causados a interesses individuais homogêneos, instrumentalizada pela atribuição de legitimidade subsidiária aos substitutos processuais do art. 82 do CDC para perseguirem a indenização de prejuízos causados individualmente aos substituídos, com o objetivo de preservar a vontade da Lei e impedir o enriquecimento sem causa do fornecedor que atentou contra as normas jurídicas de caráter público, lesando os consumidores. Ela terá por objeto a apuração do prejuízo globalmente causado. Conforme previsto no art. 100 do CDC para a sentença genérica que veicula direitos individuais homogêneos, passado o prazo de 1 ano sem habilitação de interessados (sem que requeiram a expedição do título no juízo coletivo e promovam a liquidação em separado), poderão os legitimados P ág in a1 2 6 coletivos fazer uma estimativa de quanto seria a indenização devida individualmente, para cada um e executar. Desse modo, o MP tem legitimidade subsidiária para a liquidação e execução da sentença coletiva, caso não haja habilitação por parte dos beneficiários, nos termos do art. 100 do CDC. - Se o vício do produto ou serviço foi sanado pelo fornecedor no prazo legal, é possível que ainda enseje reparação por danos morais? → Sim, desde que presentes elementos caracterizadores do constrangimento à esfera moral do consumidor. - É válida a cláusula em contrato de consumo que reduza o prazo legal para que o vício seja sanado? → Sim, desde que não seja inferior a 7 e nem superior a 180 dias. (art. 18, § 2º, CDC) - Para os danos de âmbito nacional ou regional, qual é o foro competente para as ações coletivas em defesa dos interesses individuais homogêneos? → O foro da capital do estado ou o DF, aplicando-se o CPC para a competência concorrente, ressalvada a competência da JF. - CDC, Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados. - Ações coletivas do CDC - natureza da coisa julgada - para os direitos difusos → erga omnes, secundum eventum probationis (exceto insuficiência de provas) - para os direitos coletivos → ultra partes, secundum eventum probationis (exceto insuficiência de provas) - para os direitos individuais homogêneos → erga omnes, secundum eventum litis (apenas na procedência) - Qual é a responsabilidade do comerciante pelo vício e pelo fato do produto? → Pelo vício, é solidária. Pelo fato, é subsidiária. - É válida a cobrança pelo promitente-vendedor do serviço de assessoria técnico-imobiliária, ou atividade congênere, vinculada à celebração de promessa de compra e venda de imóvel? → Não. É abusiva. - É válida a cláusula contratual ou ato da operadora de plano de saúde que importe em interrupção de tratamento psicoterápico por esgotamento do número de sessões anuais asseguradas no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS? → Não. É abusiva, pois a quantidade de consultas psicoterápicas que ultrapassar as balizas de custeio mínimo obrigatório deverá ser suportada tanto pela operadora quanto pelo usuário, em regime de coparticipação. - É válida a cláusula contratual excludente do custeio de medicamento prescrito e ministrado pelo médico em ambiente domiciliar, se escrita com destaque, que permita a imediata e fácil compreensão do consumidor? P ág in a1 2 7 → Não. É abusiva, pois entende o STJ que, nos casos em que há previsão de cobertura para a doença do consumidor, consequentemente haverá cobertura para procedimento ou medicamento necessário para assegurar o tratamento de doenças previstas no referido plano, inclusive quando se tratar de medicamento domiciliar. - Em que casos entende o STJ ser abusiva a exclusão do seguro de acidentes pessoais em contrato de adesão? → I) gravidez, parto ou aborto e suas consequências; II) perturbações e intoxicações alimentares de qualquer espécie; e III) todas as intercorrências ou complicações consequentes da realização de exames, tratamentos clínicos ou cirúrgicos. - É cabível dano moral pelo defeito na prestação de serviço de transporte aéreo com a entrega de passageiro menor desacompanhado, após horas de atraso, em cidade diversa da previamente contratada. REsp 1.733.136-RO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 21/09/2021, DJe 24/09/2021. (Info 711) - Informativo nº 0638: Na hipótese de atraso de voo, não se admite a configuração do dano moral in re ipsa. • TRANSPORTE INTERNACIONAL: aplica-se Convenções de Varsóvia e Montreal; • TRANSPORTE NACIONAL: aplica- se o CDC. • Danos Morais = CDC • Danos Materiais = Convenção de Varsóvia e de Montreal - Tese estabelecida: na hipótese em que o consumidor autor impugnar a autenticidade da assinatura constante em contrato bancário juntado ao processo pela instituição financeiro, caberá a esta o ônus de provar a autenticidade (CPC, arts. 6º, 369, 429, II). (REsp 1.846.649/MA, Segunda Seção, Rel. Min. Marco Bellizze, julgado em 24/11/2021, Tema 1061). - "A vedação à denunciação da lide nas relações de consumo refere-se tanto à responsabilidade pelo fato do serviço quanto pelo fato do produto." (STJ. AgRg no AREsp 659600, 4ª Turma, Rel. Min. ANTONIO CARLOS FERREIRA, DJe: 09/08/16). - Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. (…) § 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento. - O Ministério Público tem legitimidade para ingressar com ação civil pública relativa ao pagamento de indenização do seguro DPVAT (a súmula 470, do STJ resta cancelada, repercussão geral reconhecida no tema 471) - A abusividade de encargos acessórios não descaracteriza a mora. Tema 972, STJ. P ág in a1 2 8 - A incorporadora na condição de promitente vendedora não é parte legítima para figurar no polo passivo da ação que vise a restituição da comissão de corretagem e da taxa de assessoria técnico imobiliária. - É de 5 (cinco) anos o prazo prescricional para executar sentença coletiva (em ACP, por exemplo), contado do trânsito em julgado, sendo que na ação popular, conta-se da publicação da sentença. - Na execução individual de sentença coletiva contra a Fazenda Pública, quando já iniciada a execução coletiva, o prazo quinquenal para a propositura do título individual, nos termos da Súmula n. 150/STF, interrompe-se com a propositura da execução coletiva, voltando a correr, após essa data, pela metade. - A liquidação e a execução individual de sentença genérica proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo (arts. 93 e 103, CDC). (Recurso Repetitivo - Tema 480) - Não é abusiva a cláusula de cobrança de juros compensatórios incidente em período anterior à entrega das chaves no contrato de promessa de compra e venda ou de compra e venda de imóveis em construção sob o regime de incorporação imobiliária. (STJ) - A jurisprudência do STJ concilia e harmoniza os prazos do § 1º com o do § 5º do art. 43 do CDC, para estabelecer que a manutenção da inscrição negativa nos cadastros de proteção ao crédito respeita a exigibilidade do débito inadimplido, tendo, para tanto, um LIMITE MÁXIMO DE 5 ANOS que pode ser, todavia, restringido, se for menor o prazo prescricional para a cobrança do crédito. - A ação civil pública só discute a responsabilidade civil. - São ações administrativas dos Estados: XIX – aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre. - O saque indevido de numerário em conta-corrente, reconhecido e devolvido pela instituição financeira dias após a prática do ilícito, não configura, por si só, dano moral in re ipsa. - O plano de saúde pode estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado para a cura de cada uma, sendo abusiva a cláusula contratual que exclui tratamento domiciliar (home care). - É abusiva a recusa da operadora de plano de saúde em arcar com a cobertura de medicamento prescrito pelo médico para tratamento do beneficiário, ainda que se trate de fármaco off-label, ou utilizado em caráter experimental, não previsto em rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS. P ág in a1 2 9 - Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei. - Em caso de pretensão de nulidade de cláusula de reajuste prevista em contrato de plano ou seguro de assistência à saúde ainda vigente, com a consequente repetição do indébito, a ação ajuizada está fundada no enriquecimento sem causa e, por isso, o prazo prescricional é trienal, nos termos do art. 206, § 3º, IV, do Código Civil. - A contrapropaganda é uma penalidade administrativa. - Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administrativa, não haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença. - As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão temporária da atividade, bem como a de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de maior gravidade previstas neste código e na legislação de consumo. (CII). - Todos os delitos do CDC são dolosos, com exceção do crime do art. 63 e 66, § 2º, do CDC. Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: § 2° Se o crime é culposo: Pena Detenção de um aseis meses ou multa. Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: § 2º Se o crime é culposo; Pena Detenção de um a seis meses ou multa. - São circunstâncias AGRAVANTES dos crimes tipificados neste código: I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade; II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; IV - quando cometidos: a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à da vítima; b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de 18 ou maior de 60 anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental interditadas ou não; V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais. - Para o crime de publicidade enganosa, previsto no CDC, as pessoas objeto da denúncia deverão ser identificadas, bem como terá de ser demonstrado o vínculo delas com a criação, elaboração ou divulgação da publicidade enganosa. - No processo penal atinente aos crimes previstos neste código (Código de Defesa P ág in a1 3 0 do Consumidor), bem como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal. III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear. Também, a qualidade de sócio, por si só, não é suficiente para a responsabilização penal que só pode ocorrer na vertente subjetiva. Ou seja, deve ser demonstrado o dolo ou a culpa (se houver previsão da modalidade culposa), sob pena de responsabilização penal objetiva (não adotada no nosso sistema penal). - A peça acusatória poderá ser oferecida contra pessoa física desvinculada da pessoa jurídica. - CUIDADO, há uma distinção doutrinária entre bancos de dados e cadastros de consumidores. Com efeito, ambas são espécies do gênero "arquivos de consumo", mas se diferenciam substancialmente. Nos CADASTROS DE CONSUMIDORES, a fonte da informação é o próprio consumidor e o destino é um fornecedor específico. Ex.: uma loja que faz um cadastro baseado em informações de um consumidor que ali adquiriu um produto. Já os BANCOS DE DADOS tem por fonte informações prestadas pelos fornecedores e seu destinatário final é o mercado de consumo. Podem ter finalidades diversas, que vão desde a obtenção de informações para levantamentos estatísticos sobre perfil dos consumidores até a proteção ao crédito. Os órgãos de proteção ao crédito (SCPC, SERASA), portanto, são subespécies de bancos de dados de consumidores. O erro da questão foi trocar os conceitos, dispondo que os cadastros de consumidores são constituídos por informações repassadas por fornecedores, tendo como destino final o mercado. Essa definição não se trata de cadastro de consumidores, mas bancos de dados. - Embora restrinjam a privacidade dos consumidores, os bancos de dados de proteção ao crédito estão em conformidade com a ordem constitucional. - Na ação popular é defeso ao Ministério Público, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou de seus autores, devendo tão somente cumprir o papel de acompanhar a ação, produzir provas e promover a responsabilidade civil e criminal. (art. 6º,§ 4º, da Lei 4117) - A malha aérea concedida pela ANAC é uma oferta que vincula a concessionária a prestar o serviço concedido nos termos do art. 30 e 31 do CDC. Independentemente da maior ou da menor demanda, a oferta obriga o fornecedor a cumprir o que ofereceu, a agir com transparência e a informar o P ág in a1 3 1 consumidor, inclusive por escrito e justificadamente. Descumprida a oferta, a concessionária frustra os interesses e os direitos não apenas dos consumidores concretamente lesados, mas de toda uma coletividade, dando ensejo à reparação de danos materiais e morais (individuais e coletivos)." Info 593 do STJ. - Art. 7º. Constitui crime contra as relações de consumo: I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores. (TJAM, errei, lá dizia com ou sem justa causa) - A decisão proferida pelo STF em sede de ação popular não tem força vinculante.. - A Ação Popular, como proposta, tem índole preventiva e repressiva ou corretiva, ao mesmo tempo. Assim, não é necessária que a lesão ao patrimônio público já esteja consolidada. - É correto o entendimento de que o termo inicial do prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória é a data em que o consumidor toma ciência do registro desabonador, pois, pelo princípio da "actio nata", o direito de pleitear a indenização surge quando constatada a lesão e suas consequências. - A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo. - Os crimes no CDC são punidos com detenção e multa, nunca com reclusão. - A instauração de inquérito civil não interrompe o prazo de prescrição para a ação coletiva. - O MP estadual tem legitimidade para instauração de inquérito civil em face de magistrado de 1º grau. - O simples fato de o Inquérito Civil ter- se formalizado com base em denúncia anônima não impede que o MP realize administrativamente as investigações para formar juízo de valor sobre a veracidade da notícia. Ressalte-se que, no caso em espécie, os servidores públicos já estão, por lei, obrigados na posse e depois, anualmente, a disponibilizar informações sobre seus bens e evolução patrimonial. (RMS 38010 RJ) - Divulgação de publicidade é regida tanto pela legislação consumerista quanto pela de propriedade industrial, envolvendo o direito de marcas e o de concorrência. - Não vulnera o Código de Defesa do Consumidor a cobrança de tarifa básica de assinatura mensal pelo uso dos serviços de telefonia fixa. P ág in a1 3 2 - É inválida a cláusula que estabelece a perda das benfeitorias, sem direito a indenização, em caso de rescisão do contrato, em virtude de mora no pagamento do preço. - Se o fornecedor de serviços recusar cumprimento à oferta, o consumidor poderá rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, além de perdas e danos. - A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. - 5 (cinco) apostas sobre o superendividamento (para você não errar): 1 - De acordo com o art. 54-A, §1o do CDC, somente as pessoas naturais podem ser consideradas em superendividamento, não se estendendo às pessoas jurídicas. Vejamos: Art. 54-A (...) § 1o Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé,pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação. 2 - De acordo com o art. 104-A do CDC, o juiz poderá instaurar o procedimento de pactuação a partir do pedido do consumidor e não de ofício. 3 - Caso o credor não compareça de forma injustificada à audiência, será compulsoriamente incluído no plano. 4 - Art. 104-A (...) § 2º O não comparecimento injustificado de qualquer credor, ou de seu procurador com poderes especiais e plenos para transigir, à audiência de conciliação de que trata o caput deste artigo acarretará a suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos encargos da mora, bem como a sujeição compulsória ao plano de pagamento da dívida se o montante devido ao credor ausente for certo e conhecido pelo consumidor, devendo o pagamento a esse credor ser estipulado para ocorrer apenas após o pagamento aos credores presentes à audiência conciliatória. 5 - O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo não importará em declaração de insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação. (art. 104, § 5º, do CDC) - DEMONSTRADA, PELO CONSUMIDOR, A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE O PRODUTO E O DANO, INCUMBE AO FORNECEDOR O ÔNUS DE COMPROVAR A INEXISTÊNCIA DE DEFEITO DO PRODUTO OU A CONFIGURAÇÃO DE OUTRA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE CONSAGRADA NO § 3º DO ART. 12 DO CDC. O consumidor satisfaz o seu ônus probatório quando demonstra o vínculo causal entre o evento danoso e o produto. No caso, o consumidor satisfez esse ônus considerando que ficou demonstrado que o automóvel incendiou. Embora as perícias realizadas não tenham identificado a causa do incêndio, a inexistência de defeito no veículo deveria ter sido P ág in a1 3 3 comprovada pelas fornecedoras rés, que, não o fazendo, não se eximem de responsabilidade pelo fato do produto. STJ. 3ª Turma. REsp 1955890-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/10/2021 (Info 714). - “Nos contratos de plano de saúde não é abusiva a cláusula de coparticipação expressamente ajustada e informada ao consumidor, à razão máxima de 50% (cinquenta por cento) do valor das despesas, nos casos de internação superior a 30 (trinta) dias por ano, decorrente de transtornos psiquiátricos, preservada a manutenção do equilíbrio financeiro”. (STJ, REsp 1.809.486-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 09/12/2020, DJe 16/12/2020 – Tema 1032). - A SIMPLES COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTO INDUSTRIALIZADO CONTENDO CORPO ESTRANHO É SUFICIENTE PARA CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL, NÃO SENDO NECESSÁRIA A SUA EFETIVA INGESTÃO. Existe, no caso, dano moral in re ipsa porque a presença de corpo estranho em alimento industrializado excede aos riscos comumente esperados pelo consumidor em relação a esse tipo de produto, caracterizando-se a situação como um defeito do produto, a permitir a responsabilização do fornecedor. ATENÇÃO! Havia divergência quanto ao tema entre as 3ª e 4ª Turmas, mas, com esse julgado, a 2ª Seção, que engloba ambas as Turma, pacificou esse entendimento. STJ. 2ª Seção. REsp 1.899.304/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/08/2021. - O contrato de seguro saúde internacional firmado no Brasil não deve observar as normas pátrias alusivas aos reajustes de mensalidades de planos de saúde individuais fixados anualmente pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). STJ. 3ª Turma.REsp 1850781-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/09/2021 (Info 712). - Responsabilidade pessoas jurídicas: art. 28 CDC *Sociedades integrantes de grupos societários e controladas: responsabilidade subsidiária *_C_oligadas: _C_ulpa *Con_SO_rciadas: SO_lidaria - O art. 10, III, da Lei nº 9.656/98, ao excluir a inseminação artificial do plano-referência de assistência à saúde, também excluiu a técnica de fertilização in vitro. A inseminação artificial compreende a fertilização in vitro, bem como todas as técnicas médico-científicas de reprodução assistida, sejam elas realizadas dentro ou fora do corpo feminino. Isso significa que não é abusiva a negativa de custeio, pela operadora do plano de saúde, do tratamento de fertilização in vitro, quando não houver previsão contratual expressa. Salvo disposição contratual expressa, os planos de saúde não são obrigados a custear o tratamento médico de fertilização in vitro. STJ. 2ª Seção. REsp 1851062-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 13/10/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1067) (Info 714). P ág in a1 3 4 - Exatamente por compreender que a efetividade da sentença fundada em direito individual homogêneo dependerá antes de tudo da iniciativa do indivíduo, com o que nem sempre se poderá contar, o legislador consagrou no art. 100 do CDC a chamada execução por fluid recovery, originária do direito norte-americano, também chamada de reparação fluída. Segundo o dispositivo legal, “decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida”. A execução por fluid recovery se distingue de forma significativa da execução individual. Nesta, o indivíduo ou o legitimado coletivo como substituto processual litiga para satisfazer o direito individual, enquanto naquela o legitimado coletivo busca uma recomposição em prol da coletividade, tanto assim que, segundo o art. 100, parágrafo único, do CDC, o produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei 7.347/1985, o Fundo de Direito Difusos (FDD), independentemente de pedido nesse sentido na petição inicial da ação coletiva. Não deixa de ser interessante porque o dano gerado pelo réu foi individual, enquanto a execução por fluid recovery tutela a coletividade. Essa forma diferenciada de execução deve ser considerada como uma anomalia do sistema, só devendo tomar lugar quando as execuções individuais não tiverem sido oferecidas em número compatível com a gravidade do dano. Insista-se mais uma vez que, se o direito individual homogêneo tem natureza de direito individual, as execuções devem ser individuais, valendo-se o sistema da execução por fluid recovery apenas subsidiariamente. Apesar do silêncio da lei, o termo inicial do prazo de um ano previsto pelo art. 100 do CDC é o trânsito em julgado da sentença, pois ninguém pode ser obrigado a executar provisoriamente uma sentença assumindo os riscos que essa espécie de execução proporciona. Caberá aos legitimados coletivos uma primeira aferição do número de interessados habilitados diante do potencial da sentença, uma vez que, se os próprios legitimados coletivos entenderem que o número de interessados habilitados é compatível com a gravidade do dano, não devem ingressar com a execução por fluid recovery. E, mesmo que seja oferecida a execução, caberá ao juiz a palavra final a respeito do cabimento dessa espécie de execução, sendo nesse caso indispensável, em respeito ao princípio do contraditório, a oitiva do réu antes da prolação da decisão. De qualquer forma, o juiz nunca poderá dar início de ofício a tal execução. (Tartuce, Flávio. Manual de direito do consumidor: direito material e processual / Flávio Tartuce, Daniel Amorim Assumpção Neves.– 5. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2016). - É possível, excepcionalmente, a denunciação à lide pelo hospital em caso de erro médico. O hospital é parte legítimana ação de indenização por erro médico, pois, com base na teoria da aparência, para o consumidor, o vínculo entre os médicos que fizeram as cirurgias e o hospital não é relevante, importando tão somente a satisfação do seu direito de reparação. Nos processos em que a responsabilização solidária do hospital depender da apuração de culpa do médico em procedimento que causou danos ao paciente, é possível, excepcionalmente, a P ág in a1 3 5 denunciação da lide pelo estabelecimento, para que o profissional passe a integrar o polo passivo da ação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.832.371/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/06/2021. - O rol de procedimentos e eventos da ANS é meramente explicativo? Há divergência: • SIM. Posição da 3ª Turma do STJ. O fato de o procedimento não constar no rol da ANS não significa que não possa ser exigido pelo usuário, uma vez que se trata de rol exemplificativo. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1874078-PE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/10/2020 (Info 682). STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.914.956, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em 15/06/2021. • NÃO. Posição da 4ª Turma do STJ. O rol de procedimentos e eventos em saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS não é meramente exemplificativo. STJ. 4ª Turma. REsp 1733013-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/12/2019 (Info 665). - TEORIA DO FINALISMO MITIGADO: • O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ADMITE A MITIGAÇÃO DA TEORIA FINALISTA PARA AUTORIZAR A INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NAS HIPÓTESES EM QUE A PARTE (PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA), APESAR DE NÃO SER DESTINATÁRIA FINAL DO PRODUTO OU SERVIÇO, APRESENTA-SE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE. • STJ – 3ª Turma - DIREITO DO CONSUMIDOR. CONSUMO INTERMEDIÁRIO. VULNERABILIDADE. FINALISMO APROFUNDADO - Não ostenta a qualidade de consumidor a pessoa física ou jurídica QUE NÃO É DESTINATÁRIA FÁTICA OU ECONÔMICA DO BEM OU SERVIÇO, SALVO SE CARACTERIZADA A SUA VULNERABILIDADE FRENTE AO FORNECEDOR: • A determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da TEORIA FINALISTA, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, CONSIDERA DESTINATÁRIO FINAL TÃO SOMENTE O DESTINATÁRIO FÁTICO E ECONÔMICO DO BEM OU SERVIÇO, SEJA ELE PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA. • Dessa forma, FICA EXCLUÍDO DA PROTEÇÃO DO CDC O CONSUMO INTERMEDIÁRIO, assim entendido como AQUELE CUJO PRODUTO RETORNA PARA AS CADEIAS DE PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO, COMPONDO O CUSTO (E, PORTANTO, O PREÇO FINAL) DE UM NOVO BEM OU SERVIÇO. • Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pelo CDC, AQUELE QUE EXAURE A FUNÇÃO ECONÔMICA DO BEM OU SERVIÇO, EXCLUINDO-O DE FORMA DEFINITIVA DO MERCADO DE CONSUMO. • Todavia, a jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando "FINALISMO APROFUNDADO". P ág in a1 3 6 • Assim, TEM SE ADMITIDO QUE, EM DETERMINADAS HIPÓTESES, A PESSOA JURÍDICA ADQUIRENTE DE UM PRODUTO OU SERVIÇO POSSA SER EQUIPARADA À CONDIÇÃO DE CONSUMIDORA, POR APRESENTAR FRENTE AO FORNECEDOR ALGUMA VULNERABILIDADE, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao consumidor. • A doutrina tradicionalmente aponta a existência de TRÊS MODALIDADES DE VULNERABILIDADE: TÉCNICA (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo), JURÍDICA (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo) e FÁTICA (situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor). • Mais recentemente, TEM SE INCLUÍDO TAMBÉM A VULNERABILIDADE INFORMACIONAL (DADOS INSUFICIENTES SOBRE O PRODUTO OU SERVIÇO CAPAZES DE INFLUENCIAR NO PROCESSO DECISÓRIO DE COMPRA). • Além disso, A CASUÍSTICA PODERÁ APRESENTAR NOVAS FORMAS DE VULNERABILIDADE APTAS A ATRAIR A INCIDÊNCIA DO CDC À RELAÇÃO DE CONSUMO. • NUMA RELAÇÃO INTEREMPRESARIAL, para além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, A RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA DE UMA DAS PARTES FRENTE À OUTRA PODE, CONFORME O CASO, CARACTERIZAR UMA VULNERABILIDADE LEGITIMADORA DA APLICAÇÃO DO CDC, MITIGANDO OS RIGORES DA TEORIA FINALISTA E AUTORIZANDO A EQUIPARAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA COMPRADORA À CONDIÇÃO DE CONSUMIDORA. Precedentes citados: REsp 1.196.951-PI, DJe 9/4/2012, e REsp 1.027.165-ES, DJe 14/6/2011. REsp 1.195.642-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012. (INFO 510) - Se a construtora atrasar a entrega do imóvel, o adquirente terá direito de ser indenizado por danos materiais e morais? O atraso na entrega do imóvel gera direito à indenização? * DANOS MORAIS: Em regra, não são devidos. O mero descumprimento do prazo de entrega previsto no contrato não acarreta, por si só, danos morais. Em situações excepcionais é possível haver a condenação em danos morais, desde que devidamente comprovada a ocorrência de uma significativa e anormal situação que repercuta na esfera de dignidade do comprador. Ex1: atraso muito grande (2 anos); Ex2: teve que adiar o casamento por conta do atraso. STJ. 3ª Turma. REsp 1654843/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/02/2018. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.870.773, Rel. Min. Paulo de Tarso Sansenverino, julgado em 26/03/2021. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.913.570, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em 15/06/2021. * DANOS MATERIAIS: P ág in a1 3 7 O atraso pode acarretar a condenação da construtora/imobiliária ao pagamento de: a) dano emergente (precisa ser provado pelo adquirente); b) lucros cessantes (são presumidos; o adquirente não precisa provar). Os lucros cessantes devem ser calculados como sendo o valor do aluguel do imóvel atrasado. Isso porque: • o adquirente está morando em um imóvel alugado, enquanto aguarda o seu; ou • o adquirente não está morando de aluguel mas comprou o novo imóvel para investir. Está perdendo “dinheiro” porque poderia estar alugando para alguém. STJ. 3ª Turma. REsp 1662322/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/10/2017. - A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, não ocorre ope legis, mas ope iudicis, vale dizer, é o juiz que, de forma prudente e fundamentada, aprecia os aspectos de verossimilhança das alegações do consumidor ou de sua hipossuficiência. - Os efeitos da coisa julgada na ação coletiva não beneficiarão os consumidores que forem autores de ações individuais se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias a contar da ciência do ajuizamento da ação coletiva. Obs.: Cuidado para não confundir, pois tem que ser requerida a SUSPENSÃO, e não a DESISTÊNCIA do processo, como ocorre no MS Coletivo. - A vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe à responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável também nas demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC). - Em demanda que trata da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), a inversão do ônus da prova decorre da lei (ope legis), não se aplicando o art. 6º, inciso VIII, do CDC. - A redução da multa moratória para 2% prevista no art. 52, § 1º, do CDC aplica- se às relações de consumo