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TRAUMA TORÁCICO Epidemiologia: alta incidência e grande impacto (aumento da gravidade e da mortalidade). Toracotomia: aproximadamente 20% dos casos. Os métodos diagnósticos e terapêuticos devem ser precoces e constar do conhecimento de qualquer profissional, pois, na maioria das vezes, para salvar a vida de um traumatizado torácico, não se necessita de grandes cirurgias, mas sim de um efetivo: - Controle das vias aéreas; - Manutenção da ventilação; - Volemia; - Circulação. CLASSIFICAÇÃO 1. Quanto ao Tipo de Lesão: • Penetrantes: ferimentos que penetram a cavidade torácica. Ex: arma branca (FAB), arma de fogo (FAF). • Fechadas: lesões devido à contusão. Ex: maioria dos traumas por acidentes automobilísticos. 2. Quanto ao Agente Causal: • FAF e FAB • Acidentes Automobilísticos 3. Quanto à Manifestação Clínica: • Pneumotórax • Hemotórax • Tamponamento Cardíaco • Contusão Pulmonar • Lesão de Grandes Vasos (aorta, artéria pulmonar, veias cavas) OBS: hemopneumotórax • Sangramento alveolar: troca gasosa comprometida AVALIAÇÃO Os sinais e sintomas de trauma de tórax relacionados com a parede torácica e o pulmão são: falta de ar, taquipneia e dor torácica. Os principais sintomas relacionados a esse tipo de Trauma são: hipóxia, hipercapnia e acidose, em que a sua avaliação segue o fluxo do atendi- mento inicial ao politraumatizado. A dor pode ser descrita como aperto torácico ou desconforto. S. Sintomas A. Alergias M. Medicamentos de uso habitual P. Passado médico/prenhez/antecedentes cirúrgicos L. Líquidos e refeição recente E. Eventos e ambiente relacionados ao trauma O atendimento inicial do paciente com trauma torácico consiste em avaliação primária, estabilização dos sinais vitais – visando principalmente a correção da hipoxemia –, avaliação secundária minuciosa e tratamento definitivo. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA - Vias Aéreas Obstrução de VA A obstrução é um dos principais mecanismos que afetam a VA de um paciente e ela é frequentemente causada por edema, sangramento ou broncoaspiração. Sua avaliação na parte torácica consiste no próprio exame semiológico: a) Inspecionar a cavidade oral, a faringe e também o tórax para ver se há esforço respiratório; b) Palpar o pescoço e o tórax; c) Auscultar a respiração em busca de creptos ou estertores. Caso seja identificado alguma obstrução, nossa conduta será remover o conteúdo por aspiração (se for líquido) ou com dedo em garra (sólido) e avaliar a necessidade VA definitiva. O EXAME DO TÓRAX: - Inspeção: * Existem escoriações, lacerações, distensão de veias do pescoço, desvio de traqueia, assimetria de expansão torácica ou movimentação paradoxal? * Cianose? *tardio * Aumento da frequência respiratória? - Palpação: * Presença de pontos dolorosos, crepitação óssea e segmento instável da parede torácica? - Ausculta: * Presença ou ausência de murmúrio vesicular, o volume inspirado e a simetria do fluxo de ar? -Oximetria de pulso Ideal acima de 95% FRATURAS DE COSTELAS Os sinais e sintomas de fratura de costelas são: dor à movimentação, à palpação do local e, eventualmente, crepitação óssea. O tratamento inicial: imobilização e diminuição do movimento das costelas fraturadas. Isto pode ser realizado usando o braço do doente, uma tipoia e uma faixa. Ventilação e tosse devem ser encorajadas (atelectasias – colabamentos de alvéolos e/ou pneumonia). TÓRAX INSTÁVEL O tórax instável ocorre quando duas ou mais costelas adjacentes são fraturadas em pelo menos dois lugares. Bem...o tórax instável, também conhecido retalho costal móvel, advém de fraturas em 2 pontos da costela e em duas ou mais costelas adjacentes, ou então pode ser decorrente de uma luxação de articulações costocondrais. Esse tipo de lesão acaba criando um retalho na parede torácica, que se move de forma independente e oposta ao restante da caixa óssea (então enquanto a parede torácica se expande, o retalho se retrai e vice-versa). A compressão dos pulmões pode lacerar o tecido, produzindo hemorragia nas paredes alveolares e no espaço alveolar e provocando uma laceração ou contusão pulmonar. Paciente torna-se progressivamente hipóxico – FR aumenta, Respiração paradoxal? dor intensa. Tratamento: oxigênio suplementar, caso não responda – uso de suporte ventilatório mais agressivo. CONTUSÃO PULMONAR Trauma pulmonar a ponto de ocorrer sangramento intersticial e alveolar. A contusão pulmonar, por sua vez, é como se fosse um hematoma dentro do pulmão. Normalmente depois de um trauma contuso, sangue e outros fluidos se acumulam no tecido pulmonar, interferindo na respiração e causando hipóxia no paciente. É uma lesão torácica comum e potencialmente letal. Insuficiência respiratória grave - 8 a 24 h. Pode resultar de trauma fechado e penetrante. Em ambos, apresentam o mesmo problema clínico: áreas do pulmão sem ventilação. Tratamento: assegurar ventilação adequada e administração de oxigênio, limitar a administração de fluidos intravenosos. PNEUMOTÓRAX Classifica-se em: - Simples - Aberto - Hipertensivo • PNEUMOTÓRAX SIMPLES Caracterizado pela presença de ar no espaço pleural. Sinais e sintomas: - Dor torácica pleurítica; - Respiração rápida e difícil; - Diminuição ou ausência de murmúrio vesicular no lado afetado. Tratamento: administração de O2, transporte rápido ao hospital. OBS: Possibilidade de evolução para pneumotórax hipertensivo. • PNEUMOTÓRAX ABERTO Caracterizado por ferimentos penetrantes de tórax através de lesões abertas na parede torácica. O mecanismo do pneumotórax aberto é um pouco diferente do hipertensivo. Aqui, basicamente, vai haver uma lesão na parede torácica (normalmente ≥ 2/3 do diâmetro da traqueia) comunicando o espaço pleural com o meio externo, o que acaba fazendo com que a pressão intrapleural se iguale com a atmosférica. Dessa forma, vai haver uma compressão do pulmão (e consequente prejuízo para a respiração), mas como o ar vai conseguir entrar e sair, acaba não acontecendo um acúmulo muito grande, que é o que justifica não encontrarmos aqui o desvio do mediastino e a congestão venosa, por exemplo. A gravidade do defeito da parede torácica é diretamente proporcional ao seu tamanho. Sinais e sintomas: dor no local da lesão e falta de ar. Ruído de respiração ou borbulhamento. Tratamento: • Fechamento do orifício no tórax (curativo de 3 pontas) e o fornecimento de oxigênio suplementar Então, vamos lá para o manejo! O primeiro passo é fechar a lesão que está permitindo a entrada de ar, no entanto, a gente tem que lembrar que também é ela que permite a sua saída. Dessa forma, nossa conduta inicial deve ser realizar o chamado Curativo de 3 pontas: colocar um material estéril sobre a lesão e fixá-lo em apenas 3 dos seus lados, deixando um livre. Por que isso? Porquê dessa forma, durante a inspiração o material é sugado e oclui a entrada do ar, porém, na fase de expiração, o ar empurra o material para fora e consegue sair pelo lado não fixado do curativo. OBS: Cuidado para não evoluir para pneumotórax hipertensivo. • PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO O pneumotórax hipertensivo se desenvolve quando o ar consegue entrar na cavidade pleural através de um mecanismo de válvula unidirecional, ou seja: o ar entra mas não sai. Dessa forma, o ar começa a se acumular, comprimindo o pulmão e empurrando o mediastino para o lado contralateral. Com toda essa compressão, então, o paciente sofre uma redução do retorno venoso e, consequentemente, do débito cardíaco, levando a um quadro de choque do tipo obstrutivo. O aumento da pressão no espaço pleural - colaba pulmão no lado acometido - empurra o mediastino (coração e vasos sanguíneos) para o lado oposto (contralateral).Consequências: 1. Ventilação torna-se progressivamente mais difícil; 2. Diminui-se o fluxo de sangue para o coração. Os sinais e sintomas: - Precoces: murmúrio vesicular diminuído ou ausente no lado acometido; piora progressiva da dispnéia e da taquipnéia apesar do tratamento. - Sinais evolutivos: piora da taquipnéia, dispnéia, taquicardia, dificuldade aumentada para ventilar o paciente intubado. - Sinais tardios: distensão de veias jugulares, desvio de traquéia. Tratamento: Diminuir a pressão no espaço pleural. - Ferimentos penetrantes: Retirar o curativo por alguns segundos, caso não funcione, descompressão com agulha. -Pneumotórax hipertensivo fechado: Descompressão do tórax com agulha de grande calibre dentro do espaço pleural do lado afetado. Transporte rápido com O2 em concentração elevada. • HEMOTÓRAX Caracterizado pela presença de sangue no espaço pleural. Hemotórax corresponde a presença de sangue na cavidade pleural e a gente o classifica como maciço quando esse volume de sangue é maior do que 1500mL ou maior do 2/3 do volume total. A partir daí, o sangue vai se comportar como o ar e comprimir o pulmão, atrapalhando, assim, processo respiratório. Sinais e sintomas: taquipneia, diminuição do murmúrio vesicular e sinais clínicos de choque. A primeira coisa que precisamos ter em mente é que o volume de sangue que vaza para a cavidade pleural dificilmente será parecido com o volume de ar em um pneumotórax hipertensivo, por exemplo. Ou seja, na maioria das vezes não haverá um desvio de mediastino significativo a ponto de provocar desvio de traqueia e muito menos estase de jugular. SE LIGA! por conta da perda de sangue, a presença de estase de jugular é muito difícil e ela, inclusive, costuma estar colapsada. Mas caso haja um hemotórax com esse achado, fique atento pois o paciente pode ter um pneumotórax hipertensivo associado! Hemopneumotórax A macicez à percussão e os murmúrios vesiculares (MV) abolidos, ambos justificados pelo fato de haver líquido no local onde deveria estar o parênquima pulmonar. Tratamento: Correção dos problemas ventilatórios e circulatórios (O2 em alta concentração); Reposição intravenosa de soluções com eletrólitos (hipovolemia e choque), Dreno torácico. Drenagem Torácica! Sim...vai ser preciso descomprimir o tórax do paciente. No entanto, não podemos perder de vista que o hemotórax maciço envolver uma perda significativa e sangue e por isso que o indicado é realizar reposição volêmica SIMULTANEAMENTE - usando primeiro cristalóides e, logo depois, transfusão sanguínea. CONTUSÃO CARDÍACA Contusão miocárdica: pode causar destruição das células da parede, ruptura da própria parede do coração, ou danos às válvulas do coração. Sinais e sintomas: • Diminuição do débito cardíaco ou por arritmias (podem não ser totalmente evidentes); • Desconforto de tórax e dor nas costelas fraturadas ou músculos contundidos; • Dor à palpação do tórax anterior. Tratamento: • Administração de oxigênio, monitoração do pulso e transporte rápido para hospital. TAMPONAMENTO CARDÍACO Caracterizado pela entrada de sangue no espaço pericárdico através de lesões de vasos sanguíneos do pericárdio ou miocárdio. O mecanismo por trás do tamponamento cardíaco é bem parecido com do hemotórax e do pneumotórax: basicamente vai haver um acúmulo de fluido dentro do saco pericárdico e isso vai comprimir o coração, comprometendo o seu enchimento e, por tabela, o débito cardíaco (ou seja: choque restritivo). Sinais e sintomas: • Hipotensão, ingurgitamento de jugulares e abafamento de bulhas cardíacas (tríade de Beck). • Para identificar essa condição, nós vamos procurar pela famosa Tríade de Beck, que consiste em: No entanto, a estase de jugular pode não estar presente, por conta da hipovolemia do paciente, e o abafamento das bulhas cardíacas pode ficar inviável de ser identificada no barulho da sala de emergência. É por isso que a gente precisa se atentar para outros sinais de tamponamento que são: Pode acontecer de confundirmos um tamponamento com um pneumotórax hipertensivo (especialmente se for do lado esquerdo). A grande diferença a gente encontra em dois fatores: a) percussão, em que o pneumotórax se mostrará hipertimpânico; b) ausculta, na qual os MVs estarão presentes bilateralmente se for tamponamento. VOCÊ SABIA? A Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) é um ritmo cardíaco identificado através do ECG que, como o nome já deixa bem claro, se caracteriza pela detecção de atividade elétrica no coração, embora não seja identificado pulso. Essa condição costuma ocorrer em quadros de tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, hipovolemia severa e também em rupturas cardíacas. Tratamento: • Infusão intravenosa de solução de eletrólitos, ventilação e transporte rápido para hospital, pericardiocentese. RUPTURA DE AORTA Cerca de 80 a 90% com lesão de aorta morrem na primeira hora após o acidente. A correção cirúrgica oportuna e o tratamento com hipotensão podem evitar a maioria das mortes dos doentes que chegam vivos ao hospital. Tratamento: • Oxigenoterapia e ventilação assistida. Transporte imediato. TRAUMA ABDOMINAL A gravidade dos traumatismos abdominais baseia-se especialmente na possível existência de uma lesão visceral, capaz de produzir alterações gerais graves como são as peritonites ou as hemorragias. As lesões traumáticas desses órgãos e estruturas podem levar à morte imediata por hemorragias e choque ou, tardiamente, por infecção. As lesões abdominais ocorrem muitas vezes em associação com outras, principalmente do tórax. CLASSIFICAÇÃO DO TRAUMA ABDOMINAL O trauma abdominal pode ser: - Fechado - Aberto TRAUMA ABDOMINAL FECHADO • Diretos: Ex. às lesões por impacto contra o cinto de segurança nos acidentes. • Indiretos: também conhecido como contusão do abdômen, ocorre quando há transferência de energia cinética, através da parede do abdômen, para os órgãos internos, lesando-os. Ex: colisões do abdômen contra volante de veículos. TRAUMA ABDOMINAL ABERTO • Penetrantes: Afetam o peritônio, comunicando a cavidade abdominal com o exterior. A penetração limita-se à parede do abdômen sem provocar lesões internas. • Perfurantes: É quando o objeto que penetrar na cavidade abdominal atingir alguma víscera, lesando órgãos e estruturas. As lesões abdominais compreendem: • Ruptura ou laceração dos órgãos ocos (podem causar peritonite); • Ruptura de estruturas sólidas (podem causar hemorragias internas). OBS: Empalamento. SINAIS E SINTOMAS DO TRAUMA ABDOMINAL Nem todo trauma do abdômen, seja ele aberto ou fechado, leva a lesões internas. Os sintomas podem ser leves, progressivos, ausentes fazendo com que essas lesões passem despercebidas numa avaliação inicial, agravando as condições da vítima ou até contribuindo para a sua morte. A dor abdominal, sintoma mais evidente e frequente nas vítimas deste trauma (irritação do peritônio), em virtude da presença de sangue ou conteúdo das vísceras ocas que extravasam ao se romperem. A dor da irritação peritoneal é difusa, não corresponde ao local do trauma ou à estrutura intra-abdominal lesada. A dor geralmente se faz acompanhar de rigidez da parede abdominal, chamada de "abdômen em tábua", sintoma involuntário presente mesmo nas vítimas inconscientes. Trauma de abdome causando rigidez e aumento de volume O choque hipovolêmico em vários graus de intensidade Muitas vezes, os sinais e sintomas do choque são os únicos sinais do trauma abdominal, visto muitas vítimas estarem inconscientes, com sangramento invisível: - Palidez, - Sudorese fria, - Pulso rápido e fino ou ausente, - Cianose de extremidades, -Hipotensão arterial,são os únicos sinais do trauma abdominal. SINAIS INDICATIVOS DE LESÃO ABDOMINAL: • Fratura de costelas inferiores; • Equimoses; • Hematomas; • Ferimentos na parede do abdômen. OBS: O abdômen escavado, como se estivesse vazio, é sinal de lesão do diafragma, com migração das vísceras do abdômen para o tórax. As lesões penetrantes, principalmente as produzidas por arma branca, às vezes causam a saída de vísceras abdominais, como o intestino, fenômeno conhecido por evisceração. Alguns outros sinais indicativos de lesão intra- abdominal: equimose escrotal, sangramento pela uretra, reto ou vagina, associada a fraturas da pelve, geralmente com lesão em estruturas do abdômen. A rigidez involuntária da musculatura abdominal é um sinal confiável de irritação peritoneal. A dor à descompressão brusca, geralmente, indica uma peritonite estabelecida pelo extravasamento de sangue ou conteúdo gastrintestinal. INVESTIGAÇÃO -Ultrassonografia - Tomografia Computadorizada -Ultrassonografia Avaliação direcionada com ultrassonografia para doentes de trauma FAST (Focused Assessment with Sonografy for Trauma) - Trata-se de um exame acessível, factível e rápido para avaliação da presença de fluidos intra-abdominais que pode ser realizado a beira do leito na sala de choque. - Inclui o exame de quatro regiões importantes (saco pericárdico, espaços hepato e esplenorrenal e pelve ou recesso de Douglas), sendo extremamente útil na detecção da causa de choque. -Lavado Peritoneal Diagnóstico: sangue no peritônio? TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO TRAUMATISMO ABDOMINAL No trauma abdominal, a hemorragia constitui prioridade de tratamento, por ser causa de morte nas primeiras horas. Todo paciente traumatizado deve ser atendido seguindo-se a sistematização do exame primário do Advanced Trauma Life Support (ATLS). O abdome deve ser completamente inspecionado nas suas faces anterior e posterior como também as nádegas e a região perineal. A presença de escoriações, contusões, hematomas localizados e ferimentos abertos são sugestivos de trauma e devem ser bem caracterizados. Medidas para minimizar os danos do estado de choque em decorrência do trauma abdominal: - Desobstruir as vias aéreas permitindo boa ventilação; - Ministrar oxigênio a 12 ou 15 litros por minuto; - Elevar os membros inferiores; - Aquecer a vítima evitando a hipotermia, que agrava o estado de choque; - Controlar hemorragias externas de ferimentos ou imobilizar fraturas de ossos longos para minimizar perdas adicionais de sangue; - Reposição volêmica com 2L de Ringer Lactato em dois acessos venosos e periféricos com jelco 14 em infusão rápida. TRATAMENTO DEFINITIVO Os pacientes com instabilidade hemodinâmica e sinais óbvios de trauma abdominal, tais como a evisceração com exposição de alças intestinais e a peritonite generalizada devem ser submetidos à exploração cirúrgica imediata. Os pacientes conscientes e sem achados suspeitos de trauma abdominal no exame físico, não necessitam ser investigados. Caso não haja outras suspeitas, podem receber alta hospitalar ou ser mantidos em observação clínica com exames clínicos repetidos. Em caso de evisceração, limpar essas vísceras de detritos grosseiros com soro fisiológico e cobri- las com plástico esterilizado próprio para esse fim ou com compressas úmidas a fim de isolá-las do meio ambiente. Em hipótese alguma, tentar reintroduzir as vísceras no abdômen, porque o sangramento se agrava ou propicia o extravasamento de fezes. Em casos de objetos que penetrem no abdômen, como pedaços de ferro, madeira ou outros, nunca retirá-los. Corte-os, se necessário, e proteja-os para que não se movam durante o transporte. Esses corpos estranhos só podem ser retirados em centro cirúrgico, onde haja condições de controlar o sangramento. -Nunca retirar – Imobilizar TRAUMA MÚSCULO- ESQUELÉTICO: Fraturas e Luxações As lesões de extremidades, embora comuns nos pacientes traumatizados, raramente apresentam risco de morte imediato. O trauma de extremidades pode apresentar risco de morte quando leva à perda de sangue acentuada, quer seja externa quer seja interna. ANATOMIA E FISIOLOGIA O corpo humano do adulto é formado por aproximadamente 206 ossos. O corpo humano tem mais de 700 músculos, que são classificados por função (músculos – esqueléticos). Tendões e ligamentos. FISIOPATOLOGIA As lesões de extremidades levam a cinco problemas principais que requerem atendimento pré-hospitalar: 1- Hemorragia; 2- Instabilidade (fraturas ou luxações); 3- Lesões de partes moles (distensões e entorses); 4- Perda de tecido (amputação); 5- Síndrome compartimental. 1- HEMORRAGIA Hemorragia é a perda de sangue do sistema vascular. A taxa de perda sanguínea é diretamente proporcional ao tamanho da perfuração do vaso sanguíneo e da pressão transmural. O primeiro passo no tratamento da hemorragia deve ser a compressão direta sobre a lesão. Organismo: fatores de coagulação e espasmo vascular. 2- INSTABILIDADE A instabilidade de osso ou articulação pode ser devida a: - Fraturas - Luxações 2.1- Fraturas No osso fraturado, a imobilização leva tanto à redução da possibilidade de mais lesão quanto à diminuição da dor. Dividem-se em: - Expostas (Complicações incluem hemorragia externa, lesão de músculos e nervos e infecção óssea); - Fechadas (Podem representar mais uma fonte importante de hemorragia interna. Ex: fêmur e bacia). OBS: O socorrista nunca deve tentar recolocar os ossos na posição normal. 2.2- Luxações A luxação é a separação de dois ossos de uma articulação, resultantes de ruptura de seus ligamentos. Geralmente produzem dor aguda e podem ser difíceis de diferenciar de fraturas. Ela produz área de instabilidade que o socorrista precisa imobilizar. 3- Lesões em tecido mole Lesões de músculos e ligamentos são mais comuns que lesões ósseas. Tipos: - Distensões (laceração de fibras musculares). Caracterizadas por dor com movimento, com pouco ou nenhum edema. - Entorses (ligamentos são estirados ou parcialmente lacerados). Caracterizadas por extrema dor, edema e possível hematoma OBS: Diferenciação através de radiografia. 4-Perda de tecido Quando um tecido foi totalmente separado de uma extremidade, ele fica completamente sem nutrição e oxigenação. Amputação: é a perda de parte ou de todo o membro. Início (sangramento volumoso) – contração de vasos (mecanismo de defesa) – sangramento pode voltar a ocorrer (remoção de coágulos). Resfriamento – sem congelação – da parte amputada reduz o ritmo metabólico e prolonga o tempo de tolerância a falta de oxigenação. 5 - Síndrome compartimental Aumento na pressão dentro num compartimento corporal, reduzindo a perfusão capilar abaixo do nível necessário para a viabilidade tecidual, levando à oclusão da microcirculação. Sinais e sintomas: • Dor maior que o esperado e desproporcional à o estímulo ou lesão; • Dor no alongamento passivo do músculo afetado; • Inchaço tenso do compartimento afetado; • Parestesias ou sensação alterada distal ao compartimento afetado. AVALIAÇÃO As seguintes prioridades sempre devem ser seguidas quando estiver tratando um paciente com trauma de extremidades: 1-Tratar todas as condições que põem em risco a vida; 2-Tratar todas as condições que põem em risco os membros; 3- Tratar todas as outras condições (se o tempo permitir). • Local e cena seguros? • Exame primário (identificar e tratar as lesões com risco de morte); • Sem risco de morte (exame secundário). • Sangramentos? Compressão direta; • Hematomas e deformidades podem indicar fraturas fechadas; • Dor indica graves lesões potenciais; • Ausência de pulso, movimento e sensibilidade podem indicarfalta de fluxo sanguíneo e déficit neurológico em combinação com outros sinais. • Crepitação? • Avaliar a potencial perda de sangue – extensão do ferimento (diminuição da perfusão e choque); • Edema, extremidade fria, pálida e sem pulso (hemorragia arterial interna); • Extremidade amputada deve ser localizada para possível reimplante. TRATAMENTO • Imobilização do paciente em prancha longa; • Tratamento inicial do choque (acesso endovenoso); • Transporte rápido para hospital; • Alinhar extremidade para posição anatômica (facilita imobilização e melhora circulação); • Imobilização do membro: Inclua na tala a articulação proximal e distal a lesão. • Fraturas abertas: controlar o sangramento e proteger o ferimento, ocluindo-o com curativos estéreis e bandagens; • No caso de amputação, realizar os princípios do atendimento a parte amputada. PARADA CARDIORESPIRATÓRIA PCR - CONCEITO É a cessação súbita da circulação sistêmica em indivíduo com expectativa de restauração de suas funções fisiológicas, e não portador de doença crônica intratável ou em fase terminal. Conceito - SANARFLIX: A parada cardiorrespiratória é a ausência de atividade mecânica cardíaca efetiva, confirmada por ausência de pulso juntamente com falha na mecânica ventilatória. A PCR tem como a principal etiologia a síndrome coronariana aguda gerando arritmias graves de origem ventricular, em sua maioria Fibrilação Ventricular (entre 54-76%!!). Em ambiente intra- hospitalar a PCR é normalmente uma evolução de algum quadro metabólico e grave (Sepse, por exemplo). Nesse contexto, uma vez que normalmente a causa da PCR não se dá por uma arritmia primária, os principais ritmos de parada são Assistolia e Atividade Elétrica sem pulso. Reanimação Cardiopulmonar: É o conjunto de procedimentos destinados a manter a circulação de sangue oxigenado para o cérebro e outros órgãos vitais, após uma parada cardíaca. RITMOS DE PARADA • Fibrilação ventricular (FV) A FV é o resultado de múltiplos focos de reentrada em tempos diferentes, resultando em uma contração sem ordem e efetividade alguma. No eletrocardiograma é representado por um traçado completamente anárquico, sem a visualização de padrão nenhum. • Taquicardia ventricular sem pulso (TVsp) A TVsp ocorre com uma taquicardia ventricular sustentada proveniente de focos ectópicos, porém que não gera frequência e intensidade adequadas para manter o débito cardíaco, gerando ausência de pulso palpável. • Atividade elétrica sem pulso (AESP) Há atividade elétrica organizada no traçado, porém sem intensidade o suficiente para gerar uma contração efetiva para perfusão e a geração de pulso. • Assistolia Não há atividade elétrica alguma. É a degeneração de todos os ritmos citados anteriormente, caso as medidas de ressuscitação não sejam aplicadas. CAUSAS REVERSÍVEIS DE PCR Ao encontrar uma parada cardiorrespiratória e iniciar o protocolo de reanimação cardiopulmonar, é necessário a tomada de medidas rápidas e efetivas para o aumento das chances de reversão da PCR e retorno da circulação. O problema é que por muitas vezes a PCR foi precipitada por uma condição de base aguda ou agudizada e REVERSÍVEL, que necessitamos sempre pensar. De nada adianta, por exemplo, a técnica adequada de RCP se o problema do paciente é hipovolemia e o coração continuará a bater “seco”. Para isso, existe uma forma fácil de lembrar das principais condições reversíveis que podem causar a PCR. Apesar de muitas vezes se pensarem nessas causas apenas nos ritmos não chocáveis, é interessante ter eles em mente em qualquer RCP prolongada. Essas condições são conhecidas como “5Hs e 5Ts”. PCR – CRITÉRIOS CLÍNICOS É considerada uma PCR quando o paciente apresenta, concomitantemente: • Crianças: - Geralmente causa respiratória (obstrução de via aérea por corpo estranho - OVACE) • Adultos: - Geralmente causa cardíaca. • Mas será que eu saberia agir para reverter uma PCR? OBJETIVOS DO TRATAMENTO NA PCR • Estabilizar os parâmetros ventilatórios e circulatórios do paciente; • Reduzir o risco de lesões neurológicas; • Diminuir a probabilidade de traumas adicionais. • Corrente de Sobrevivência SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) Consiste em iniciar imediatamente manobras que restituam a circulação em órgãos nobres (coração e cérebro) e a oxigenação. A técnica adequada para realizar RCP é feita com as duas mãos apoiadas sobre o peito do paciente, com os braços esticados e compressões utilizando o peso do corpo. Em um adulto é necessário a compressão de 5 centímetros da caixa torácica, aguardando o retorno total do peito para a próxima compressão. A frequência adequada de compressão é entre 100-120 compressões por minuto. Realizar a RCP é extremamente extenuante, por isso é importante revezar as compressões, não só para prevenir a fadiga do socorrista como também garantir que as compressões serão feitas de forma efetiva e ajudarão o paciente. PEÇA AJUDA! Não somente do SAMU, mas se tiver alguém capacitado, reveze! SE LIGA: Se estiver só, deve-se realizar ligar por ajuda e iniciar imediatamente a compressão, não se preocupando com a ventilação do paciente. A sincrônica entre compressão e ventilação deve ocorrer somente se houver mais de um socorrista. O Desfi brilador Externo Automático, carinhosamente chamado de DEA, é um aparelho que, como o próprio nome nos ajuda a deduzir: Desfibrila automaticamente! É um aparelho eletrônico portátil que desencadeia um choque elétrico com corrente contínua sobre o tórax da vítima. O choque determinará uma assistolia elétrica em todo o miocárdio, permitindo que o sistema de condução elétrica intracardíaco possa reassumir de forma organizada a despolarização miocárdica e o ritmo cardíaco organizado. CONDUTA • Profissional de saúde: Ao avistar um paciente inconsciente, garanta a segurança de sua cena: O que envolve tanto sua proteção pessoal, quanto da equipe e do paciente. Só então aproxime- se do local. • Avalie a responsividade do paciente: Deve-se chamar vigorosamente o paciente. Após a avaliação da responsividade, existem 2 caminhos diferentes a depender da resposta do paciente. • Caso o pulso esteja ausente, peça a uma pessoa que esteja passando que ligue para o SAMU 192 e tente conseguir um DEA/desfibrilador. • Fale direcionado a uma pessoa para delegar a função e alto para que caso alguém que esteja próximo saiba onde possui um DEA próximo possa ir buscar • Inicie imediatamente as compressões, mantendo a técnica adequada. Caso seja possível realizar com segurança a ventilação, realizar de maneira sincronizada 2 ventilações entre 30 compressões. • A cada 2 minutos trocar o socorrista responsável pela compressão, para garantir a qualidade da compressão. Atualmente é possível se fazer compressão contínua com uma ventilação por bolsa-mascara ou boca-mascara a cada 6 segundos mesmo que não haja via aérea avançada. • ATENÇÃO: Tirando casos em que a causa primária seja asfixia, mesmo profissionais de saúde não são obrigados a fazer a respiração, principalmente se estiverem sozinhos, podem optar pela RCP “hands on”, contínua e ininterrupta. • Assim que chegar o DEA, ligue-o e siga suas orientações. Não aguarde o término de um ciclo para colocar o DEA. Com a colocação do DEA corretamente pelas suas instruções, o aparelho indicará 2 caminhos: • Ritmo chocável: Todos devem se afastar da vítima para aplicação do choque. Após a aplicação do choque, reiniciar a RCP imediamente. • Se ritmo não chocável: Reiniciar imediatamente a RCP • Manter o suporte básico até a chegada do serviço médico de urgência e emergência. • Paciente em PCR não deve ser movido ou removido! • O DEA irá automaticamentechecar o ritmo a cada 2 minutos e avaliar a necessidade de aplicar o choque. • Com a chegada do suporte avançado, parar as compressões somente quando a equipe que chega estiver pronta para checar o ritmo e assumir a cena. PROTOCOLO BÁSICO • Alerta = checar responsividade • Posicionar a vítima e checar respiração • Checagem do pulso • Ajuda - 2 ou + socorristas • Compressões torácicas • Abertura das vias aéreas • BREATHING – Ventilações • Desfibrilação precoce • DEA – como utilizar? • D - Desfibrilação • Ritmos chocáveis: - Fibrilação ventricular - Taquicardia ventricular sem pulso Local das pás: - Paraexternal (D) - Abaixo do mamilo (E) - OBS: Usar o DEA o quanto logo possível, não precisa completar compressões. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA • Manobras da SAV (Acesso venoso) • Drogas de reanimação: Adrenalina (vasopressor): - 1ml - 10ml SF ou AD (bolus) *pode repetir após 3 a 5 min (não tem dose máxima) - Amiodarona (antiarritmico): 1=300mg e 2=150mg 10 ml de SF ou AD (bolus) *só pode fazer mais uma vez após 3 a 5 min – dose máxima) OBS: Só deve ser feita depois do 2 ou 3 choques no paciente OBS: Não se usa mais ATROPINA em PCR, somente em bradicardia. SEQUÊNCIA DA RCP NA FV/TVSP SEM PULSO [1] Ritmo passível de choque (FV/TVsp) é detectado: • Realizar o 1° choque • Manter as compressões torácicas durante a preparação do desfibrilador • Reiniciar RCP imediatamente após o choque por 2 minutos. [2] Pegar dois acessos venosos periféricos calibrosos ou acesso intraósseo [3] Após 2 minutos de RCP, analisar ritmo. • FV/TVsp persistente: 2° choque • RCP imediatamente após o choque por 2 minutos [4] Iniciar epinefrina 1mg e repeti-la a cada 3-5 minutos. Todas as drogas NA PCR devem ser feitas em bolus com realização posterior do flush (soro fisiológico para “empurrar” a droga e elevação do membro. [5] Via aérea avançada + capnografia pode ser considerada, sem atrasar os passos da RCP. [6] Após 2 minutos de RCP, analisar o ritmo. • FV/TVsp persistente: 3° choque • RCP imediatamente após o choque por 2 minutos [7] Prescrever a 1° dose de amiodarona ou lidocaína (300mg no adulto) [8] Após 2 minuto, analisar o ritmo. • FV/TVsp persistente: 4° choque • RCP imediatamente após o choque por 2 minutos [9] Nova dose de epinefrina [10] Após 2 minutos de RCP, analisar o ritmo. • FV/TVsp persistente: 5° choque • RCP imediatamente após o choque por 2 minutos [11] Prescrever 2° dose de amiodarona (150mg no adulto) [12] Após 2 minutos de RCP, analisa o ritmo. FV/TVsp persistente: 6° choque RCP imediatamente após o choque por 2 minutos [13] Manter epinefrina a cada 3/5 minutos [14] Analisar o ritmo a cada 2 minutos e seguir o ciclo 12-13-14 Em toda a sequência da RCP, pensar nas causas reversíveis e fornecer o tratamento sempre que detectadas. RELEMBRANDO- AVALIAÇÃO PRIMÁRIA TRAUMA • X: Controle de Hemorragia Externa • A (Airwai): Via aérea e controle da coluna cervical • B (Breathing): Ventilação • C (Circulation): Circulação • D (Disability): Avaliação da capacidade neurológica • E (Exposure): Exposição QUEIMADURAS- ATENDIMENTO AO QUEIMADO QUEIMADURAS São lesões causadas nos tecidos cutâneo, provocados pela ação direta ou indireta de alta temperatura. Epidemiologia: São lesões frequentes nos acidentes, e a quarta causa de óbitos por traumas. No Brasil, estima-se que há: - 1.000.000- de acidentes por ano.100.000 destes procuram atendimento hospitalar. 2.500 evoluem p/óbito 2/3% destes acontece em casa atingindo geralmente crianças. FISIOPATOLOGIA O processo de edema, perda de líquidos e APC (aumento da permeabilidade capilar) geram dois riscos ao paciente queimado. 1º Risco – Choque Hipovolêmico 2º Risco – Perda de Eletrólitos CLASSIFICAÇÃO • Agente causador; • Profundidade; • Extensão; • Localização; • Gravidade Quanto ao agente causal • Físicos: temperatura: vapor, objetos aquecidos, água quente, chama, etc. Eletricidade : corrente elétrica, raio, etc. • Radiação: sol, aparelhos de raios x, raios ultra-violetas, nucleares, etc. • Químicos: produtos químicos: ácidos, bases, álcool, gasolina, etc. • Biológicos: animais: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, etc. E Vegetais: o látex de certas plantas, urtiga, etc. Quanto a profundidade da lesão: • 1º Grau - Não sangra, geralmente seca; - Rosa e toda inervada; - Não passam da Epiderme; - Queimadura de Sol(exemplo); - Hiperemia (Vermelhidão); - Dolorosa. Obs: Normalmente não chega na emergência • 2º Grau - Atinge a derme; - Úmida; - Presença de Flictenas (Bolhas); Retirar ou não? - Rosa, Hiperemia (Vermelhidão) - Dolorosa - Cura espontânea mais lenta, com possibilidade de formação de cicatriz. O que fazer com a bolha/ flictena da queimadura? - A pele que envolve a bolha não é um tecido normal – portanto não serve como barreira protetora. - Bolha dificulta avaliação da lesão. - Evita aplicação de antibiótico tópico diretamente na lesão. - Conclusão: A maioria dos especialistas recomendam o rompimento e cobertura com curativo limpo e seco. • 3º Grau - Atinge todos os apêndices da pele: Ossos, músculos, nervos, vasos - Pouca ou nenhuma dor; - Úmida; - Cor Branca, Amarela ou Marrom; - Não cicatriza espontaneamente, necessita de enxerto. • 4º Grau • Indolor; • Semelhante e/ou mais grave que a queimadura de espessura total; • Epiderme, derme, tecido subcutâneo, ossos ou até órgãos internos. Quanto a extensão da queimadura A extensão da queimadura é estimada e expressa como a porcentagem total da área de superfície corporal. Vale salientar que as queimaduras superficiais (de primeiro grau) não estão incluídas na avaliação da extensão da superfície corporal queimada (SCQ). Os métodos mais utilizados para essa estimativa são: o gráfico de Lund--Browder e a Regra dos Nove. A regra dos Nove é o mais utilizado na prática diária. Regra dos Nove: É uma regra prática e útil, sendo a mais frequente para avaliação da superfície corporal de adultos. O corpo do adulto é dividido em regiões anatômicas que representam 9% ou múltiplos de 9% da SCQ. A configuração dá-se dessa forma: ◊ Cabeça = 9% ◊ Cada braço = 9% ◊ Cada perna = 18% ◊ Tronco anterior e posterior cada = 18% ◊ Genitália = 1% Como sabe-se que a proporção da superfície corporal da criança é diferente da do adulto, há uma Regra dos Noves especificamente para crianças. A cabeça corresponde a uma porcentagem maior e os MMII a uma porcentagem menor do que na do adulto. A porcentagem total que corresponde a cabeça de uma criança é duas vezes a cabeça do adulto normal. Sua configuração é a seguinte: • Cabeça = 18% • Cada braço = 9% • Cada perna = 14% • Nádegas = 5% • Tronco anterior = 13% • Tronco posterior = 18% Quanto a Localização • Área crítica= face, mãos, vias aéreas, genitais. • Semi-crítica= todas as demais áreas corpóreas. COMO DEVE SER A ASSISTÊNCIA À PESSOA VÍTIMA DE QUEIMADURA? • Abordagem sistêmica semelhante à vítima de trauma: ABCDE – via aérea, respiração, circulação, incapacidade e exposição. • Interromper o processo da queimadura; • Despir totalmente a pessoa (remover roupas, joias, anéis, piercings), examinar se há lesões, mantendo-se a temperatura corporal; • Roupa aderida não remover somente após analgesia. • Promover o resfriamento da lesão Avaliação Hidratação – Analgesia - Curativo • Água em temperatura ambiente (12-18°C); • 20 minutos (10 minutos a 1 hora); • Início da irrigação em até 3 horas; Benefícios: alívio da dor, diminuição da formação de edemas, redução da taxa de infecção e aprofundamento da lesão, cicatrização mais rápida, menor necessidade de enxertia, diminuição das cicatrizese da mortalidade. Tratamento de Emergência das queimaduras • Remover roupas e acessórios • Cobrir as lesões • Reposição volêmica: Assistência de Enfermagem • Monitoração contínua dos sinais vitais • Manguito com curativo esterilizado • Cateter venoso de grande calibre • Sondagem vesical e NG • Balanço hídrico rigoroso • Peso + Imunização contra o tétano Fase de Emergência ou de Reanimação Imediata - Assistência de Enfermagem • Posicionamento: cabeceira elevada; • Limpeza com clorexidine 2%; • Antimicrobiano tópico (Sulfadiazina de Prata 1%); • Não usar antibiótico sistêmico profilático; OBSERVAÇÕES • Agitação=hipóxia • Intubação precoce: queimaduras circunferenciais no pescoço ou presença de estridor • Sintomas de inalação podem não aparecer nas primeiras 24hs • Considerar escarotomia da parede toráxica • Oxímetro não confiável se inalação presente ABORDAGEM INICIAL DE UM PACIENTE QUEIMADO Interrupção do processo de lesão Inicialmente, todos acessórios e roupas do paciente devem ser removidos, exceto se houver aderência à pele. Após a interrupção do processo de lesão, a superfície corporal acometida deve ser banhada copiosamente com água corrente e, após isso, cobrir o paciente com lençóis quentes e secos evitando hipotermia. Vias aéreas As queimaduras podem levar a um processo de edema e, por isso, a via aérea superior sempre está em risco de obstrução. Como os sinais de obstrução, inicialmente, são sutis, mas evoluem com grande agilidade levando o paciente a entrar em crise rapidamente, a avaliação precoce da necessidade de intubação orotraqueal é essencial. SE LIGA! A intubação orotraqueal nesses pacientes queimados está indicada quando presente algum dos critérios que sugira lesão por inalação, queimaduras circunferenciais em região de pescoço ou tórax, ou ainda de espessura total, que possam comprometer a respiração ou quando necessitem de transferência. Ventilação Deve-se ter a preocupação quanto a ventilação desses pacientes em situações de hipóxia, intoxicação por monóxido de carbono e por lesões inalatórias de fumaça. Nesses pacientes deve ser administrado oxigênio suplementar, podendo ser com ou sem intubação, dependendo se há ou não indicação para esse procedimento. Obtenção de acessos venosos A reposição volêmica será necessária para qualquer paciente com mais do que 20% da superfície corporal acometida. Os acessos devem ser estabelecidos em veias periféricas com cateter de grosso calibre, no mínimo16 G. Preferivelmente deve se realizar o acesso em região de pele intacta, porém caso não seja possível a queimadura não inviabiliza o processo. Lembrar que sempre os MMSS são prioridade em relação aos MMII, devido a alta incidência de flebites e flebites sépticas nas veias safenas. A infusão é realizada, de preferência com Ringer Lactato. Circulação Para a reanimação do paciente com fluidos, a monitorização do débito urinário será uma forma confiável de avaliação do volume sanguíneo circulante e acompanhar a necessidade de reposição. Assim, a sondagem vesical é um procedimento que deve ser feito em pacientes queimados. Iniciar a reposição volêmica com solução isotônica aquecida, de preferência Ringer Lactato, segundo a fórmula de Parkland se dá da seguinte forma: • Reposição volêmica em>14 anos=2ml X Kg X SCQ% • Reposição volêmica em crianças=3ml X Kg X SCQ% • Reposição volêmica em queimaduras elétricas=4 ml X Kg X SCQ% Assim, para fins de cálculo inicial, programa- se que metade desse volume de Ringer Lactato deve ser administrado nas primeiras 8h e o restante nas 16h seguintes, fechando a infusão em 24h. Por exemplo, um homem de 100 kg com queimaduras de 80% de SCQ requer 2 × 80 × 100 = 16.000 mL em 24 horas. Metade desse volume (8.000 mL) deve ser fornecido nas primeiras 8 horas, portanto o paciente deve ser iniciado a uma taxa de 1000 mL / h. A metade restante do líquido total é administrada durante as 16 horas subsequentes. Após essa quantidade alvo inicial, e independente do esquema de reposição administrado, um volume de líquido deve ser fornecido ao paciente para hidratá-lo, com base no débito urinário, segundo o cálculo: • Hidratação=0,5 ml X Kg • Hidratação em<30 kg=1 ml X Kg Essa hidratação deve ser feita a cada hora.
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