Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Neurologia – 5° Período Edith Carvalho DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Disfunções neurológicas caracterizadas por pobreza ou lentidão dos movimentos voluntários na ausência de paresia ou paralisia, ou por atividade motora involuntária representada pelos diversos tipos de hipercinesias. Não tem fraqueza muscular. SISTEMAS MOTORES BÁSICOS 1. Sistema piramidal ▪ Corticoespinhal Córtex motor: ▪ Produzem movimentos do corpo humano; ▪ Vai do córtex motor até a medula espinhal; ▪ Sistema piramidal é modulado pelo extrapiramidal. 2. Sistema extrapiramidal (gânglios da base) ▪ núcleo lentiforme (putâmen e globo pálido); ▪ Núcleo caudado; ▪ Substância negra (pars compacta e reticulata); ▪ Núcleo subtalamico de Luys; Sistema extrapiramidal inclui: ▪ Substância negra; ▪ Putâmen; ▪ Núcleo subtalâmico; ▪ Globo pálido; ▪ Tálamo. TIPOS DE DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Tipos: parkisonismo, coreia, balismo, distonia, atetose, tique, estereotipias; acatisia, tremor, ataxia, mioclonias, espasmo hemifacial, síndrome das pernas inquietas. Doença hipocinética → parkisonismo. Doença hipercinética → coréia, atetose e balismo. COREIA: hipotonia, movimentos amplos rápidos e de predomínio distal; mãos, braços, língua e região cervical; o Movimentos involuntários o Lesões no gaba e acetilcolina; fibras que ligam o putâmen ao globo pálido 2 tipos principais: COREIA REUMÁTICA: alteração autoimune causada por infecção por strepcocco; em crianças → coreia de sydenham (sintoma secundário a febre reumática) COREIA DE HUNTINGTON: heredodegenerativa; Ocorre devido expansão da repetição do trinucleotídeo CAG no braço curto do cromossomo 4 (herança dominante); fenômeno de antecipação; demência; distúrbio psiquiátrico, marcha bizarra, sintoma aos 30-60 anos; Pode ocorrer coreia também em LES, período gestacional (quando benigno), uso de ACO, hipertireoidismo e neurolépticos (haldol). Perda da hiperpigmentação do núcleo caudado HEMIBALISMO Movimento involuntário Movimento abrupto de um lado do corpo Predomínio proximal Violento, muitas vezes lesionando o paciente Geralmente a etiologia é vascular (neuro sífilis) – núcleo subtalâmico contralateral Geralmente ocorre resolução espontânea TIQUES Movimentos estereotipados Podem ser temporariamente suprimidos Tiques motores simples- isoladamente Tiques motores com tiques vocais, emissão de obscenidades – Síndrome de Gilles de La Tourette Outras causas: TCE, AVC prévio, neurolépticos. Movimentos voluntários realizados para satisfazer uma urgência interna. Tratamento → psiquiatria DISTONIAS Co-contração involuntária de músculos agonistas e antagonistas Lesão: núcleos da base (gânglios) – central; NÃO É MUSCULAR!! DISTONIAS FOCAIS: Distonia cervical -> paciente tem o tempo inteiro contração involuntária da musculatura cervical Câimbras do escritor Neurologia – 5° Período Edith Carvalho Blefaroespasmos – contrações da pálpebra (para com toxina botulínica) Distonia espasmódica Distonia oromandibular DISTONIAS GENERALIZADAS: Após icterícia neonatal (kernicterus) Após PC atetoide Distonia responsiva a L. dopa (simula diplegia espástica) PARKSONISMO Não é sinônimo de doença de Parkinson É uma síndrome; síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo SINTOMAS: bradicinesia (lentidão de movimento), tremor (pode ser importante ou não), rigidez (aumento de tônus), instabilidade postural ou alterações posturais (pode ser tardia). DOENÇA DE PARKINSON IDIOPÁTICA – Descrito em 1917, por James Parkinson como uma “paralisia agitante” Doença degenerativa; neurológica; do SNC; não tem cura; paciente tem piora ao longo do tempo; os medicamentos só tratam os sintomas para melhor qualidade de vida Doença insidiosa, de progressão lenta É idiopática (lesão no núcleo da base) Mais comum em homens do que mulheres Geralmente em > 50 anos de idade, mas pode acontecer precocemente → teste genético (doença de Parkinson genética) Pessoas com história familiar de Parkinson não tem chances de ter → maioria é esporádica Incidência e prevalência >50 anos ETIOLOGIA: idiopática Mecanismos aventados: ▪ Produção de radicais livres ▪ Ação de neurotoxinas ambientais (MPTP) ▪ Predisposição genética Fatores ambientais: pesticidas; metais. Efeitos protetores → não existem fatores protetores nem doenças que levam a existência da doença Painel de genes para investigação de Parkinson genético Substância negra composta de pars compacta (dopamina), pars reticulata (GABA) → ocorre a degeneração da substância negra e posteriormente a redução da produção de dopamina, gerando assim os sintomas parkinsonianos. Com 60-80% de degeneração na substância negra surgem sintomas da Doença de Parkinson Sintomas precoces: Depressão, anosmia, Degeneração e despigmentação dos neurônios da substância negra causando depleção da dopamina ▪ Atividade colinérgica aumentada → tremor ▪ Atividade dopaminérgica diminuída → principal, mas não o único ▪ Serotonina diminuída MICROSCOPICAMENTE: perda neuronal na substância negra, núcleo caudado, globo pálido e putâmen, núcleo dorsal do nervo vago. ANATOMOPATOLÓGICO: corpúsculo Lewy – corpúsculo de inclusão citoplasmática nos neurônios da substância negra. EXAME FÍSICO: Tremor de repouso (braços em cima da mesa), postural (braços elevados), ação (escrever o nome ou desenhar um espiral) TREMOR: de repouso, início unilateral e depois bilateral nos MMSS (mãos e braços) aumenta com stress, desaparece com sono; contar dinheiro ou enrolar pílulas é o sintoma mais frequente. Tremor assimétrico. MAIS FREQUENTE. RIGIDEZ: hipertonia plástica, sinal da roda denteada, músculos flexores predominam (marcha em pequenos passos), move-se como se fosse em bloco. BRADICINESIA: lentidão para a movimentação, é o distúrbio mais incapacitante, parado, fixo, sorriso impossível, fácies tipo máscara, desaparecem movimentos automáticos (balançar dos braços, mímica facial reduzida, gestual das mãos durante a fala), sinal de Myerson; unilateral no início e depois fica bilateral. Pedir para andar; marcha; movimentos automáticos (redução do movimento de asa); pedir para o paciente sentar e levantar (paciente levanta muito lentamente); Neurologia – 5° Período Edith Carvalho movimento pinça; hipomimia facial, fala baixa, lenta; a bradicinesia é o sintoma mais incapacitante. ALTERAÇÕES POSTURAIS: dorsoflexão, semiflexão dos MMSS, dificuldade de recuperar o equilíbrio quando deslocado, anteropulsão, retropulsão. SINTOMA MAIS GRAVE; risco de fraturas, TCE; Teste de retropulsão (teste do puxão), até 3 passos para trás é normal. Em pacientes com Parkinson, tendem a dar mais passos ou até cair. QUADRO CLÍNICO: FALA → monótona, disartrofônica, articulação dificultada e voz baixa (hipofônica). MARCHA → pequenos passos. MICROGRAFIA → letra pequena. ALTERAÇÕES MENTAIS → depressão,demência. ALTERAÇÕES AUTONÔMICAS → hipersalivação, dermatite seborreica, obstipação, hipotensão ortostática (insuficiência adrenérgica), dificuldades urinárias. A demência é uma complicação tardia 10 a 20 anos depois. Alterações de comportamento, perda de foco e atenção são mais frequentes DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO É CLÍNICO → anamnese e exame físico neurológico em busca de tremor, bradicinesia, rigidez e alteração postural. QUADRO CLÍNICO: tremor, rigidez, bradicinesia, alterações posturais, fala, marcha, micrografia, alterações mentais, alterações autonômicas. INVESTIGAÇÃO POR NEUROIMAGEM: para afastar outras causas. ▪ Ressonância magnética de crânio (exclusão) → Paralisia supranuclear progressiva, parkinsonismo vascular. ▪ Tomografia computadorizada de crânio. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TREMOR ESSENCIAL – condição benigna, não incapacitante e não cursa com parkinsonismo, pode ter rigidezmuito leve; única característica é o tremor e pode ser genético e é bem diferente do tremor do Parkinson; tremor de ação (parado melhora), início bilateral e sempre simétrico. Tratamento sintomático → beta bloqueador (propranolol), primidona; melhora com uso de álcool. Parkinsonismo secundário ou sintomático o Medicamentos (neurolépticos - haloperidol, clorpromazina), metoclopramida, cinarizina, flunarizina, metildopa; o Pós encefalítico; o Tóxico; o Vascular (AVC) é raro, isquemia no ramo da artéria cerebral média, tende a afetar mais membro inferior do que superior. o Haloperidol e clorpromazina são reversíveis. o Cinarizina e flunarizina causa lesões irreversíveis da substância negra → parkinsonismo secundário a medicamentos PARKINSONISMO ASSOCIADO A OUTRAS DOENÇAS Doença de Wilson (em < de 45 anos, metabolismo do cobre) → doença que causa um defeito no metabolismo de cobre. Anel de Kyser Flasher, halo. AFECÇÕES DEGENERATIVAS DO SNC Parkinsonismo plus ou Parkinsonismo atípico Rígido acinético, com pouco tremor. PARALISIA SUPRANUCLEAR PROGRESSIVA (PSP) : ▪ Oftalmoplegia do olhar vertical para baixo, geralmente sem tremor. ATROFIAS MULTISSISTEMICAS (AMS): ▪ Degeneração estriatonigral ▪ Atrofia olivopontocerebelar ▪ Síndrome de shy-drager DEGENERAÇÃO CORTIÇO BASAL : mão alienígena DEMÊNCIA DOS CORPOS DE LEWY: ▪ Alucinações ▪ Demência ▪ Parkinsonismo ▪ Déficit cognitivo flutuante. TRATAMENTO CLÍNICO: melhora dos sintomas Neurologia – 5° Período Edith Carvalho Tratamento medicamentoso →precursor da dopamina - levodopa (padrão ouro) L. dopa – absorvido no I.D – fígado, por ação da enzima descarboxilase, transforma-se em dopamina (não atravessa a barreira hematoencefálica) Levodopa + Inibidor da dopa descarboxilase → carbidopa ou benzerazida Inibidor da dopa descarboxilase → carreador do medicamento para atravessar a barreira hematoencefálica (a levodopa atravessa a barreira hemato encefálica e transforma-se em DOPAMINA. Ex: Prolopa (L.dopa 200mg + benzerazida 50mg) Sinemet (L.dopa 250mg + carbidopa 50mg) Cronomet (L.dopa 200mg + carbidopa 50mg) Obs: recomenda-se adiar o uso da levodopa, na fase inicial da Doença de Parkinson para prevenir complicações tardias. Inicia com agonista dopaminérgico ou anticolinérgicos. AGONISTA DA DOPAMINA: ▪ pramipexol (sifol 0,125mg, 0,25mg, 1mg) INIBIDOR DA MAO-B: ▪ monoamino-oxidase-B → enzima que degrada a dopamina no SNC (niar, deprilan, jumexil) INIBIDOR DA ENZIMA COMT: ▪ Catecol-0-Metiltransferase → agem impedindo a degradação da levodopa perifericamente e da dopamina no SNC ▪ Tolcapone (tasmar) ▪ Entacapone (comtan) ANTICOLINÉRGICO: ▪ biperideno (akineton) ▪ Triexafenidil (artane) ESTIMULA LIBERAÇÃO DE DOPAMINA E SUA SÍNTESE: ▪ amantadina (mantidan) COMPLICAÇÕES MOTORAS NA FASE AVANÇADA DA DOENÇA DE PARKINSON FESTINAÇÃO: aceleração involuntária da marcha FREEZING: acinesia súbita ou congelamento, ocorre geralmente quando está caminhando e os pés ficam como que presos ao solo. FENÔMENO ON/OFF: trata-se de flutuações dos sintomas bifásico, a fase de melhora dos sinais (on), e reaparecimento de sintomas e sinais de forma abrupta (off). DISCINESIAS: são movimentos involuntários diferentes do tremor e induzidas pela levodopa. ENCURTAMENTO DA DURAÇÃO DA DOSE (FENÔMENO WEARING-OFF): retorno previsível dos sintomas parkinsonianos, antes do horário de tomada da próxima dose. TRATAMENTO CIRÚRGICO DA DOENÇA DE PARKINSON ESTIMULAÇÃO CEREBRAL PROFUNDA – DBS (DEEP BRAIN STIMULATION): ▪ Implante de marcapasso em área cerebral que apresenta descargas anormais; ▪ Gera uma contracorrente com bloqueio das descargas; ▪ Local é o tálamo e globo pálido. TRATAMENTO DA DOENÇA DE PARKINSON MEDIDAS DE SUPORTE: ▪ Fisioterapia ▪ Fonoaudiologia ▪ Terapia ocupacional ▪ Enfermagem ▪ Nutrição CASO CLÍNICO HDA: Homem de 61 anos de idade com tremor nas mãos. Tem boa saúde exceto por uma rigidez do ombro direito, que ele atribuiu a artrite. Sua esposa notou tremor na mão D quando assistia TV. Outras manifestações: lentidão generalizada dos movimentos, problemas para sair de uma cadeira funda e rigidez. Sua esposa diz que ele arrasta os pés ao andar e voz fraca. Seus filhos comentaram que “papai parece deprimido” Exame neurológico: Neurologia – 5° Período Edith Carvalho Redução da expressão facial O paciente raramente pisca. Sua voz é baixa, compatível com disartria hipocinética. Ele tem movomento do membro superior reduzido enquanto anda. Ele tem tremor na mão D enquanto anda e em repouso. O tono muscular está aumentado a D. Quando é puxado para trás (o teste do puxão), pode manter a postura com um passo.
Compartilhar