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Hematologia – 5° período Edith Carvalho LEUCEMIAS Proliferação neoplásica (autônoma, descontrolada) de uma linhagem (clone) de células anormais (blastos) do sistema hematopoiético, que resulta em maior ou menor infiltração destas células no sangue periférico. Caracterizam-se por não responder aos mecanismos de regulação da hematopoese; substituir a hematopoese normal da medula óssea CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO No tipo celular → linfoide e mieloide NO GRAU DE DIFERENCIAÇÃO E EVOLUÇÃO CLÍNICA: AGUDA → proliferação de células imaturas; evolução rápida; CRÔNICA → existe maturação dos elementos; evolução arrastada LLA – leucemia linfoblástica aguda (na infância) LLA de célula B 58,5% LLA de células T 5% ou (18%) LMA – Leucemia mieloide aguda – 34% LA de linhagem ambígua: LA bifenotípica / LA bi-linhagem: LA indiferenciada: não tem tto; transplante de medula. ETIOLOGIA Não conhecida; descrevem-se fatores etiológicos associados às leucemias RAIOS IONIZANTES: acidentes nucleares; sobreviventes da bomba atômica apresentam maior incidência de LMC; DROGAS MIELOTÓXICAS: quimioterápicos; benzeno; VÍRUS HTLV-1: relacionado à leucemia/linfoma de células T do adulto; FATORES GENÉTICOS: no japonês praticamente não há LLC, que é uma das mais frequentes no ocidente; indivíduos com trissomia 21 (S. Down) apresentam cerca de 20X mais leucemia (LMA M7) que a população normal; DOENÇAS PRÉVIAS: leucemia mieloide crônica, síndrome mielodisplásica, Policitemia vera. CLÍNICA Depende do tipo de leucemia (aguda ou crônica): há sinais e sintomas decorrentes da baixa das linhagens hematopoiéticas normais: Anemia, infecções, sangramentos → astenia, palidez, petéquias, equimoses, epistaxes, etc); Febre → por infecções e pela doença; Dor óssea → principal queixa em crianças (dor nas pernas) Linfoadenopatia → infiltração da doença; difusa (pelo corpo todo na LLA T) Hepatoesplenomegalia → infiltração da doença Cefaléia, vômitos → LLA tem uma predileção por tecido cerebral e testículos (quadro convulsivo) Paresias ou paralisias → infiltração do SNC DIAGNÓSTICO Distinção entre as LA e outras doenças neoplásicas ou reacionais Diferenciação entre LLA e LMA → pelo tipo de produção celular Classificação em categorias que definam os grupos de prognóstico e tratamento Estudo das células leucêmicas → SP e MO (medula óssea e bx) DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO: Morfologia e citoquímica →diagnóstico e classificação Imunofenotipagem → citometria de fluxo multiparamétrica (IMF) Diagnóstico específico e prognóstico → Anormalidades citogenéticas e moleculares Hematologia – 5° período Edith Carvalho LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA - LLA ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS Doença maligna mais comum em crianças: 30% dos cânceres infantis e 75-80% das leucemias na infância. Nos adultos é mais rara! ➔ Pico na infância (2-4 anos) – momento de melhor tto. ➔ A incidência varia com a idade Predomínio para o sexo masculino CARACTERÍSTICA CLÍNICAS Anemia, trombocitopenia e granulocitopenia, com aumento ou não da leucometria AUMENTO DO BAÇO, FÍGADO E LINFONODOS: maioria dos pacientes INFILTRAÇÃO DO SNC: 5-10 % dos casos ao diagnóstico INFILTRAÇÃO TESTICULAR: menos de 1 % nos meninos Leucometria >100 x 10/9L, linfoadenopatia evidente, hepatoesplenomegalia maciça, infiltração do mediastino e SNC ➔ LLA T; lactentes t(4;11) LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA – LMA ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS Doença mais comum em adultos: 80% das leucemias nos adultos Mais raro em crianças → QT + transplante de medula ➔ 15-20% das leucemias da infância Incidência aumenta com a idade Não há diferença na distribuição entre os sexos masculino e feminino CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Anemia, trombocitopenia e granulocitopenia, com aumento ou não da leucometria Linfoadenopatias, grandes visceromegalias, infiltração do SNC e testicular ➔ Menos frequentes que na LLA Hiperplasia gengival, infiltração cutânea (cloroma) ou sarcoma granulocitico ➔ LMA monocítica, lactentes e pacientes t(8;21) Leucometria > 100 x 10/9L, linfoadenopatia, hepatoesplenomegalia maciça, infiltração do mediastino e SNC ➔ LMA monocítica (LMA MS) MIELOGRAMA – MO NORMAL O aparecimento de blastos na periferia já comprova leucemia aguda, mesmo que seja somente uma célula blasto. MIELOGRAMA – MO BLASTOS Substituição de tecido normal por uma única célula → blastos (monotonia celular). MORFOLOGIA Pesquisa das células blásticas em esfregaços de SP e MO: colorações de Leishman ou May Grunwald-Giensa TÉCNICAS CITOQUÍMICAS: mieloperoxidase (POX); Sudam Black B (SBB) Ácido periódico de Shiff (PAS) Esterase inespecífica (ANAE) A maioria dos casos de LLA e LMA pode ser diagnosticada pelo exame dos esfregaços Hematologia – 5° período Edith Carvalho IMUNOFENOTIPAGEM: finalidade Identificar a linhagem celular ➔ Mieloide; linfoide B; linfoide T Classificar corretamente as leucemias agudas ➔ LMA minimamente diferenciada (FAB M0) ➔ LMA megacarioblástica (FAB M7) ➔ Bifenotípicas ➔ Subclassificar as LLA em células B (LLA B) e T (LLA T) Imunofenotipagem → pesquisa de anticorpos monoclonais (AcMo) Antígenos citoplasmáticos, de membrana e nucleares expressos em células linfoides e mieloides normais e leucêmicas MARCADORES IMUNOLÓGICOS: Mieloide – MPO Células B – cCD22 / cCD79a Células T – cCD3 TECNICADA DA IMUNOFENOTIPAGEM: IMUNOCITOQUÍMICA: peroxidase; fosfatase alcalina (coloração) IMUNOFLUORESCÊNCIA: microscopia óptica; citometria de fluxo GENÉTICA ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS NUMÉRICAS E ESTRUTURAIS: definem bom ou mau prognóstico Estudo citogenético convencional (banda G) ESTUDOS MOLECULARES: FISH, RT-PCR Definem estratégias terapêuticas de acordo com cada grupo de risco Maiores indicadores independentes de prognostico na LLA e LMA na definição de grupos de tratamento CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA L1 – células regulares, homogêneas L2 – células mais heterogêneas L3 – células de citoplasma basófilo, vacuolizado, correspondendo à morfologia do linfoma de Burkitt CITOQUÍMICA: POX e SBB negativas PAS + em 70% → sem especificidade diagnóstica IMUNOFENOTIPAGEM: essencial no diagnóstico e subclassificação da LLA LLA de células B: 87% (93%) nas crianças e 75% (91%) em adultos LLA de células T: 13% (7%) das crianças e em 24% (9%) dos adultos Correlação entre alguns imunofenótipos e anormalidades cromossômicas específica (prognóstico e grupo de risco de tratamento) CLASSIFICAÇÃO IMUNOLÓGICA DA S LLA T(4;11)(q21;q23) → prognóstico desfavorável Hiperdiploidia (51-45)- T(12;21)(p13;q22)→ favorável T(1;19)(q23;p13) → intermediário Hematologia – 5° período Edith Carvalho T(8;14)(q24;q32)→ desfavorável LMA Séries mielomonocíticas, eritrocítica e megacariocítica Mieloblastos na MO: > 30% das células não eritróides CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA FAB: M0 a M7 Bastonetes de Auer → definem o diagnóstico de LMA CITOQUÍMICA: POX e SBB + > 3%: maioria POX e SBB negativas: M0 e M7; M5: > neg ANAE – M5 e M4 CITOQUÍMICA: POX e SBB → negativas LMA – classificação OMS IMUNOFENOTIPAGEM: Fundamental no diagnóstico da LMA M0 e M7 Na diferenciação entre LMA M0-M7 e LLA L2 Auxiliar no diagnóstico nos demais subgrupos LMA M7 → comum na síndrome de Down MPO (mieloperoxidase), CD13, CD33 = positivos na maioria das LMA CD14, CD64, CD4 → associados à linhagem monocítica, porém podem ocorrer na linhagem granulocítica; CD61 e CD41 → linhagem megacariocítica; Glicoforina A → linhagem eritróide FATORES PROGNÓSTICOS – LLA CRIANÇAS: PROGNÓSTICO FAVORÁVEL Idade entre 1 e 10 anos Leucócitos <50.000 Beta2 microglobulina normal LLA B comum t12;21 ; hiperdiploidia 47 a 50 Remissão completa em 2 semanas após a QT CRIANÇAS: PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL Idademenor que 1 ano e maior que 10 anos Leucocitose elevada (>50.000) B2 microglobulina aumentada; hipodiploidia LLA B t(4;11); t(9;22); t(1;19); t(8;14); LLA T Infiltração SNC e testículos Ausência de RC em 2 semanas após QT ADULTOS: PROGNÓSTICO FAVORÁVEL Idade <60 anos Leucócitos <30.000 Beta microglobulina normal LLA T Remissão completa < 4 a 6 semanas após a QT ADULTOS: PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL Idade >60 anos Leucocitose elevada >30.000 Beta microglobulina aumentada ; hipodiploidia LLA B t(4;11); t(9;22); t(1;19); t(8;14) Infiltração SNC e testículos Ausência de remissão completa em < 4 a 6 semanas após QT FATORES PROGNÓSTICOS – LMA CRIANÇAS: PROGNÓSTICO FAVORÁVEL Leucócitos <20.000 Presença de bastonetes de Auer M3, M4Eo, t(15;17), t(8;21), inv(16), t(11;19) Síndrome de Down CRIANÇAS: PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL Leucocitose >100.000 LMA 2° a tto de outras neoplasias ou SMD Não RC ou parcial após 1° ciclo de QT Outras anormalidades cariotípicas Adultos: prognóstico favorável Hematologia – 5° período Edith Carvalho Leucócitos <20.000 Presença de bastonetes de Auer M3, M4Eo, t(15;17), t(8;21), inv (16) ADULTOS: PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL Idade > 60 Leucocitose >100.000 LMA 2° a tto de outras neoplasias ou SMD Não RC ou parcial após 1° ciclo de QT Outras anormalidades cariotípicas TRATAMENTO MEDIDAS DE SUPORTE Hidratação oral e EV + B. sódio + allopurinol: evitar lesão renal por hiperuricemia (lise tumoral) Isolamento ou semi-isolamento Antibioticoterapia e anti-fúngicos Não ingestão de verduras e frutas cruas Transfusão de hemácias e plaquetas ESPECÍFICO Protocolos de quimioterapia: indução da remissão, consolidação e manutenção LMA: remissão 30-80% em pacientes mais jovens – recaídas frequentes ➔ Em crianças é necessário TMO pois não há boa resposta ao tratamento LLA: remissão e cura 75-80% nas crianças ➔ Diagnóstico precoce Transplante de medula óssea: nos casos de alterações genéticas de mau prognóstico e nas recaídas ➔ Casos específicos ➔ Depende da variabilidade genética ➔ Em crianças com diagnóstico de LMA CASO CLÍNICO Qual sua hipótese diagnóstica? 1. Conceitue 2. Relacione as possíveis causas 3. Classifique os subtipos 4. Cite algumas diferenças no quadro clínico, entre os subtipos mieloide e linfoide < 50 mil células → mielograma; se tiver com 50 ou > não precisa fazer Tratamento – 2 anos após livre de recaída
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