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DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 1 Prof. Gilberto Ligero E-mail: gilberto_ligero@toledoprudente.edu.br 04/08/2016 CONDOMÍNIO Considerações Gerais Primeiramente valer frisarmos que o condomínio esta intimamente ligado ao direito de propriedade. Como sabemos a propriedade confere ao seu titular as faculdades de usar, gozar, dispor e o direito de reaver a coisa com quem injustamente a possua ou detenha. O legislador elencou no inciso I do Art. 1.225 do Código Civil, a propriedade, sendo, portanto, o primeiro dos Direitos Reais e, nos demais incisos temos Direitos Reais que não passam de desdobramentos/atributos do Direito de Propriedade. Ao analisarmos o rol trazido pelo referido artigo, não encontraremos o condomínio como sendo um Direito Real e nem poderia, uma vez que ele refere-se à própria propriedade que é exercida por mais de uma pessoa, ou seja, quando pensamos em condomínio estamos falando de uma copropriedade e não um direito derivado da propriedade. o Princípio da Exclusividade Há um princípio próprio dos Direitos Reais, que denominamos Princípio da Exclusividade. Tal princípio enuncia que não se admite dois Direitos Reais de mesma espécie sobre uma determinada coisa. Em outras palavras, segundo este princípio um determinado bem pode ter apenas um titular do direito real de propriedade e/ou um titular do direito de superfície e assim por diante. Não fere o princípio da exclusividade, recair sobre um mesmo bem mais de um Direito Real, desde que sejam de naturezas distintas. Neste sentido, um mesmo bem pode possuir um titular do Direito de Propriedade e outro titular do Direito de Superfície, no entanto, não pode haver dois titulares exclusivos do Direito de Propriedade. Enfim, por este princípio existe um único Direito de Propriedade, um único Direito de Superfície e assim por diante. Sabendo disso, quando pensamos em condomínio precisamos pensar em uma forma de o compatibilizarmos diante do princípio da exclusividade. Para tal vejamos a definição de condomínio segundo a doutrina clássica: Definição de Condomínio mailto:gilberto_ligero@toledoprudente.edu.br DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 2 O condomínio se verifica todas as vezes que a coisa pertencer a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes. Esta definição consegue perfeitamente ajustar o condomínio ao princípio da exclusividade, uma vez que é perfeitamente possível que duas ou mais pessoas exerçam o Direito de Propriedade ao mesmo tempo sobre a mesma coisa, quando consideramos suas frações ideais. Assim, para compreendermos o condomínio temos que entender que os coproprietários EXERCEM UMA ÚNICA PROPRIEDADE DE ACORDO COM SUAS FRAÇÕES IDEAIS. Caso não adotemos a ideia de frações ideias, dificilmente conseguiríamos explicar o condomínio, especialmente quando colocamos em debate o princípio da exclusividade. Principais características do condomínio Cotitularidade e Regime Jurídico de Cotas (Partes Ideais) É fundamental que identifiquemos a existência de cotitularidade (duas ou mais pessoas) do Direito de Propriedade sobre uma determinada coisa e que estas pessoas exerçam a propriedade ao mesmo tempo sob o regime de partes ideais. Classificação (Espécies Condominiais) o Quanto à origem Sob este viés classificamos o condomínio com relação aos motivos determinantes que levaram a sua formação. Neste aspecto os condomínios podem ser classificados como: Voluntários ou Convencionais Fundamenta-se em um acordo de vontades (contrato). Duas ou mais pessoas se reúnem e decidem comprar um determinado bem (imóvel ou móvel) formando-se o condomínio. O regime jurídico disciplinado pelo Código Civil diz respeito ao condomínio voluntário e ao condomínio legal, já em relação ao condomínio eventual, as regras pertinentes ao condomínio voluntário também o abrangerão, uma vez que o que os diferenciam é apenas sua origem. Eventuais Fundamenta-se em qualquer outra razão que não o acordo de vontades (contrato). Neste sentido, o condomínio que surge por força de herança (evento causa mortis) ou o que surge em decorrência de um divórcio, especialmente nos casos de casamentos cujo regime há alguma forma de comunhão de bens, são considerados condomínios eventuais. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 3 Legais, Forçados, Impostos ou Necessário Neste caso, impera única e exclusivamente a vontade do legislador. Ou seja, ainda que as partes não desejem o legislador impõe a formação do condomínio em algumas situações. É o caso de paredes divisórias de casas geminadas ou mesmo os muros que dividem duas propriedades. Tanto é assim, que aquele que construir arcando com a totalidade dos custos tem direito de cobrar a metade do proprietário do imóvel vizinho. O direito de vizinhança também regula várias nuances sobre o assunto, por exemplo, o caso de uma árvore que cresça exatamente na linha divisória entre duas propriedades, determina o direito de vizinhança que ela seguirá o regime jurídico de condomínio. o Quanto à forma Este critério é muito utilizado pela doutrina e refere-se ao modo como o condomínio se apresenta, em outras palavras diz respeito a sua estrutura. Sob esta vertente os condomínios podem ser classificados como sendo: “Pro-diviso” Refere-se à espécie condominial que existe de direito, mas de fato as frações “ideais” encontram-se especializadas. Em outras palavras, todas as vezes que os coproprietários acordarem em delimitar a fração de cada um deles teremos uma situação onde de fato não existirá um condomínio, afinal cada um exercerá a propriedade exclusiva sobre sua fração ideal, no entanto, juridicamente os coproprietários constarão como condôminos. Nesta situação, normalmente cada coproprietário é responsável pelas despesas de sua fração, não havendo o rateio. “Pró indiviso” Neste caso, refere-se a espécie condominial que existe de fato e de direito. Aqui não há como identificar as frações ideais, até porque muitas vezes o bem é indivisível, neste sentido, um imóvel urbano ou um semovente se pertencerem a duas ou mais pessoas, não há muita saída a não ser formarem um condomínio pró indiviso. Neste caso, há o rateio de despesas proporcional as frações ideais de cada coproprietário. Vale ressaltar que quanto à administração no caso do condomínio pró-diviso ela é individual, já no pró-indiviso ela deve ser comum. 05/08/2016 Natureza Jurídica DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 4 Existem duas teorias que divergem quanto à natureza jurídica do condomínio, mas ambas estão diretamente ligadas ao tratamento dado pelos coproprietários as suas respectivas partes ideais. o Teoria das Propriedades Plúrimas e Parciais Para a corrente criadora desta teoria o condomínio nada mais é que a somatória de propriedades exclusivas. o Teoria da Propriedade Integral e Total Já para corrente criadora desta teoria, o condomínio trata-se de uma única propriedade fracionada em cotas ideais e os condôminos exercem ao mesmo tempo todos os poderes inerentes à propriedade. Não é difícil perceber que esta teoria é a que prevalece e foi adotada pelo legislador no Código, sendo aceita pela doutrina majoritária. Espécies de Condomínios o Voluntário ou Convencional O Código Civil a partir do Art. 1.314 regula especificamente o Condomínio Voluntário. Pela leitura do Código perceberemos que o legislador não se preocupou em defini-lo, mas sim com seu Regime Jurídico. Em outras palavras, o legislador se preocupou em estabelecer as consequências jurídicas de um condomínio voluntário (acordado pelas partes). Dito isso, passaremos agora a discutir a consequências jurídicas do condomínio voluntário, em outras palavras quais sãoos direitos e deveres dos condôminos neste caso. Direitos e Deveres dos Condôminos no Condomínio Voluntário ou Convencional Antes de adentrarmos especificamente no tema, precisamos relembrar que a propriedade confere ao titular as faculdades de usar, gozar e dispor da coisa além do direito de reavê-la de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Sabendo disso, insta salientar que ao falarmos de copropriedade, obviamente os condôminos exercerão os atributos inerentes à propriedade, disposto no parágrafo anterior. Vejamos o que dispõe o Art. 1.314 do Código Civil. Art. 1.314, CC – Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindica-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 5 O artigo acima é bastante completo, especialmente no que tange aos direitos dos condôminos, estando diretamente ligado ao direito de propriedade. Passemos a análise do referido artigo: - Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação [...] – Assim, os condôminos possuem o direito de usar da coisa, mas esta faculdade não é absoluta, uma vez que eles devem respeitar a destinação da coisa. No entanto, ao regular que o uso deve respeitar a destinação da coisa, acabamos gerando problemas em alguns casos cuja destinação não esteja diretamente ligada à própria natureza da coisa. Por exemplo, um imóvel urbano construído em área exclusivamente residencial, só pode ter como destinação a moradia, já um imóvel urbano em área exclusivamente industrial, sua destinação se limitará a este fim. Em outras palavras, nestes casos fica claro a destinação da coisa, uma vez que será obrigatório respeitar a sua natureza. Por outro lado, nas hipóteses em que não for possível identificar a destinação utilizando o parâmetro da natureza jurídica da coisa, será necessário que os condôminos cheguem a um consenso quanto à destinação. Sobre o tema, a doutrina majoritária defende que a decisão necessita da concordância da maioria absoluta dos condôminos (levando-se em conta suas frações ideias), salvo se os próprios condôminos estipularem outra forma. Sendo assim, caso um dos condôminos tenha 51% da fração ideal da coisa, caberá a ele decidir sua destinação, no entanto, insta salientar que suas decisões poderão ser questionadas em juízo caso fique constatado a chamada ditadura de um só. Em outras palavras, a jurisprudência tem entendido que todas as vezes que um condômino impor sua vontade aos demais por possuir mais da metade das frações ideias, se ela não for razoável, poderá ser arrazoada por decisão judicial. Acerca do uso ainda nos cabe informar que ele deve ser de fato exercido em comum, de maneira que um condômino não exclua o outro. Em outras palavras, nenhum condômino pode usar da coisa com exclusividade, salvo se houver consenso sobre essa utilização. Sobre a utilização exclusiva da coisa por um dos condôminos, a doutrina e jurisprudência são fortes no sentido de que é possível a cobrança de uma indenização, devida desde o momento em que se consiga demonstrar o início da utilização com exclusividade. Para esta regra existe uma exceção, no caso dos condomínios eventuais por força do divórcio, o STF entende que enquanto o condômino excluído não cobrar o condômino que utiliza da coisa como exclusividade, estabelece-se um comodato tácito entre eles, assim a indenização será devida a partir da propositura da demanda. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 6 Alguns autores defendem que esta indenização trata-se de uma espécie de aluguel, no entanto não podemos compactuar com este termo uma vez que não existe um contrato de locação. É possível ainda que os condôminos excluídos proponham uma Ação de Reintegração de Posse ou até mesmo cumular ambos os pedidos em uma mesma ação (Reintegração + Indenização). Por fim, em relação ao uso, nos cabe ressaltar que o Parágrafo único do Art. 1.214 do Código Civil, normatiza que nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa, sem o consenso dos demais, vejamos: Art. 1.314, Parágrafo único, CC – Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros. Portanto, se de um lado há o direito de usar da coisa conforme sua destinação do outro há o dever de não alterar sua destinação sem o consentimento dos outros (maioria absoluta). - Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão [...] – Neste sentido, os condôminos possuem direito de receber os frutos da coisa, ou seja, fruir da coisa, reservada a obrigação de contribuir com as despesas de produção ou permitir que se desconte do seu quinhão nos frutos o valor das despesas que lhe compete. Assim, podemos afirmar que os condôminos possuem direito aos frutos líquidos, proporcionais a suas frações ideais, salvo se convencionarem de forma diversa. - [...] reivindica-la de terceiro [...] – Os condôminos possuem o direito de reivindicar a coisa de terceiros. Reivindicar é fruto do direito de sequela, por tal razão este direito se limita a terceiros e não aos cotitulares, uma vez que não se pode reivindicar a coisa de quem também é proprietário. A causa de pedir da Ação Reivindicatória é o próprio direito real de propriedade, tratando-se, portanto, de uma ação petitória e não possessória. Por tal razão, somente o proprietário possui legitimidade para propô-la e da mesma forma é parte ilegítima para compor o polo passivo da demanda. Existe, no entanto, uma situação em que a doutrina e jurisprudência entendem que o condômino excluído deverá propor Ação Reivindicatória contra aquele que exerce a posse com exclusividade, que é o caso de se formar um condomínio e um dos condôminos toma posse imediatamente, excluindo os demais, sem permitir que eles sequer tomem posse. Neste caso, como eles sequer tomaram posse, não há como a alegarem como causa de pedir em uma Ação de Reintegração de Posse, por outro lado, é inegável que eles são proprietários a partir do momento em que se formou o condomínio, o que lhes permite alegar DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 7 a propriedade como causa de pedir em uma Ação Reivindicatória, ainda que no polo passivo esteja um cotitular do direito de propriedade. Em suma, nas situações em que um condômino se adianta, toma posse da coisa e excluí os demais, não permitindo que tomem posse, abre a possibilidade dos coproprietários excluídos proporem Ação Reivindicatória, uma vez que se proporem Ação de Reintegração de Posse, haverá carência da ação, uma vez que a posse nunca ocorreu. - [...] defender a sua posse [...] – Os condôminos possuem o direito de defender a sua posse. Ao contrário do direito de reivindicar, aqui o legislador não delimitou o direito contra terceiro, o que significa que o direito de defender a posse vale contra todos, inclusive contra um coproprietário. Assim, todas as vezes que um condômino é excluído de sua posse, abre a possibilidade da propositura de uma Ação Possessória (Reintegração, Manutenção ou Interdito Proibitório) - [...] alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la. – Alhear significa tornar alheio, neste sentido, o condômino pode vender, doar, dar em pagamento, enfim tirar a coisa do seu patrimônio e realoca-la no patrimônio de outro. É importante chamarmos atenção para o seguinte detalhe: normalmente o condomínio recai sobre coisas indivisíveis, estabelecendo-se o condomínio “pró indiviso”. Nestes casos, se um dos condôminos demonstrar a intenção de alhear a sua fração ideal, os demais condôminos terão direito de exercer a preferencia, conforme previsão do Art.504 do Código Civil, vejamos: Art. 504, CC – Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de decadência. Neste sentido, se a coisa for indivisível e o condômino desejar alienar sua fração ideal, ele deverá primeiramente notificar os demais condôminos para que exerçam, caso desejem, o direito de preferencia. Se este regramento não for observado, o condômino que não tiver sido informado da venda, terá o prazo de 180 dias para exercer seu direito de preferência, sob pena de decair seu direito. Em relação aos condomínios “pró diviso” a legislação não estabelece a necessidade de se respeitar o direito de preferencia e, sobre o assunto, a doutrina e jurisprudência possuem entendimentos diversos: há aqueles que defendem a necessidade de se dar preferência, pois embora não exista um condomínio de fato, existe um condomínio de direito, não sendo os demais condôminos obrigados a aceitarem terceiros nesta relação; por outro lado há aqueles que defendem não ser necessário dar preferencia, uma vez que o Art. 504 do CC, que regula o assunto, normatiza expressamente que se confere o direito de preferencia quando se tratar de coisas indivisíveis. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 8 Insta salientar que em se tratando de alheação da coisa por doação, não faz sentido o direito de preferencia, uma vez que trata-se de ato unilateral de vontade que não envolve um preço no negócio. Há ainda o direito dos condôminos de gravar suas partes ideais, o que significa que ele pode impor um ônus ou gravame (penhor, hipoteca) a sua fração ideal e, para tal não há necessidade do consentimento dos demais. Neste sentido, vejamos o dispositivo abaixo, que regula o assunto: Art. 1.420, §2°, CC – A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver. Tal dispositivo encontra-se no Título que trata Do Penhor, Da Hipoteca e da Anticrese no Código Civil, neste sentido, é livre a qualquer condômino gravar sua fração ideal, no entanto, a totalidade da coisa somente poderá ser gravada se houver o consentimento de TODOS os condôminos. Por fim, há o dever dos condôminos de participarem no rateio das despesas da coisa comum, ou seja, todos os condôminos devem concorrer para o pagamento das despesas da coisa, conforme dispõe o Art. 1.315 do Código Civil. Art. 1.315, CC – O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita. É importante chamarmos atenção que as despesas de conservação da coisa incluem tanto as despesas ordinárias (do dia a dia) como as extraordinárias (eventuais) e, mais, se os condôminos convencionarem que dividirão a coisa, cada um deles terá que arcar proporcionalmente a sua fração ideal com os custos desta divisão, salvo se disporem de forma diversa. O Parágrafo único do Art. 1.315, CC nos traz ainda uma presunção relativa (juris tantun) em relação às frações ideais dos condôminos, que presumirão serem iguais caso não exista convenção dispondo o contrário, vejamos: Art. 1.315, Parágrafo único, CC – Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos. 11/08/2016 Há ainda uma responsabilidade prevista no Art. 1.319, CC para os condôminos. Art. 1.319, CC – Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que lhe causou. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 9 Esta previsão trata da responsabilidade objetiva de um condômino em relação aos demais quanto aos frutos percebidos e quanto aos danos causados. Tal previsão tem fundamento justamente no fato da coisa ser comum e, toda vez que ela auferir um prejuízo todos acabam sofrendo com ele. É importante chamarmos a atenção, no que se refere aos frutos, na previsão do Art. 1.326, CC. Art. 1.326, CC – Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação ou disposição de última vontade, serão partilhados na proporção dos quinhões. Assim, a normatização trazida pelo dispositivo acima acaba por completar o previsto no Art. 1.319 no que diz respeito aos frutos, pois se um destes condôminos colher os frutos (naturais, industriais ou civis) e não dividi-los com os demais surgirá a responsabilidade de indeniza-los na proporção de seus quinhões, salvo disposição em contrário. Administração Condominial no Condomínio Voluntário ou Convencional Continuando no regime jurídico de Condomínio Voluntário, outro tema que precisamos chamar atenção, além dos direitos e deveres, diz respeito a Administração do Condômino. Como sempre teremos dois ou mais condôminos, neste tópico verificaremos como fica a responsabilidade de cada um. E tal tema é regulado do Art. 1.323 ao 1.326 do CC, vejamos alguns dispositivos: Art. 1.323, CC – Deliberando a maioria sobre a administração da coisa comum, escolherá o administrador, que poderá ser estranho ao condomínio; resolvendo alugá-lo, preferir-se-á, em condições iguais, o condômino ao que não o é. Assim a primeira parte do dispositivo acima traz expressamente a forma de escolha do administrador, qual seja, pela deliberação da maioria (portanto, exige quórum qualificado de maioria absoluta, levando-se em consideração as frações ideais), que pode inclusive ser pessoa estranha ao condomínio. Neste sentido, em complemento ao que já adiantamos acima, acerca do quórum qualificado e a proporcionalidade em relação aos quinhões, dispõe o Art. 1.325 e §§ do CC o que se segue: Art. 1.325, CC – A maioria será calculada pelo valor dos quinhões. §1° - As deliberações serão obrigatórias, sendo tomadas por maioria absoluta. §2° - Não sendo possível alcançar maioria absoluta, decidirá o juiz, a requerimento de qualquer condômino, ouvidos os outros. §3° Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão, será este avaliado judicialmente. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 10 Baseado na normatização acima, imaginemos a hipótese em que um condômino sozinho já representa maioria absoluta. Tendo a maioria absoluta em tese ele poderia fazer o que bem lhe conviesse. Nestas situações, buscando proteger os demais condôminos da “ditadura de um só” é possível acessar o judiciário. A Jurisprudência e a doutrina defendem que todas as decisões tomadas pela “ditadura de um só” podem ser revistas no que tange a sua razoabilidade. Dito isso, vamos supor que o condômino cuja fração já representa a maioria absoluta descida por reformar as cercas da propriedade rural que possui em condomínio com outras 3 pessoas. No entanto, ao invés de optar por um mourão mais econômico ele decide utilizar um que custa quatro vezes mais o valor do mourão comum, cuja vida útil é a mesma que a do outro. Neste caso, os outros teriam que arcar com à custa da cerca e, mas ainda que seja na proporção de suas frações, para eles ficaria muito caro, por tal razão que a lei permite que se busque o judiciário afim de obter uma decisão anulatória ou revisional desta atitude proveniente da “ditadura de um só”. Extinção do Condomínio Voluntário ou Convencional O Condomínio é um fenômeno do Direito Material de vida curta, em outras palavras o legislador não criou o condomínio para ser perpétuo. Isto porque historicamente falando, o condomínio é fonte de discórdia entre os condôminos. Por tal razão, o legislador precisou criar mecanismos para por fim ao condomínio sempre que as discórdias se tornassem insanáveis. O mecanismo se diferencia em relaçãoa coisa ser divisível ou indivisível. Em se tratando de Coisa Divisível, teremos as seguintes situações: o Divisão Amigável de Coisa Divisível Art. 1.320, CC – A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão. Assim, sendo divisível e havendo acordo entre os condôminos põem-se fim ao condomínio. Claro que em algumas situações, embora o bem seja divisível, haverá necessidade de um estudo técnico que ateste a possibilidade da divisão de fato. Nas situações em que a divisão não for possível, por exemplo, no caso de um imóvel rural, as frações não atingirem ao mínimo legal (um módulo rural). o Divisão Não Amigável de Coisa Divisível Quando não há acordo de vontades nem quanto à divisão, nem quanto à venda do bem com o objetivo de se ratear o valor arrecadado o legislador criou um procedimento DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 11 especial no Código de Processo Civil, denominado Ação de Divisão e da Demarcação de Terras Particulares. Este procedimento encontra-se regulado entre o Art. 569 até o Art. 598 do NCPC. Vejamos o dispositivo abaixo, destacando o previsto no inciso II. Art. 569, NCPC – Cabe: I – ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados; II – ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes a estremar os quinhões. Portanto, nas hipóteses em que não houver acordo e a coisa for divisível aquele que tem interesse na divisão deve propor a Ação de Divisão buscando a Tutela Jurisdicional. Em se tratando de Coisa Indivisível, precisamos nos atentar ao previsto no Art. 1.322, CC, vejamos: Art. 1.322, CC – Quando coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudica-la a um só, indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior. Assim, quando a coisa for indivisível, a forma amigável de extinção seria um dos condôminos pagar aos demais e adjucar a coisa para si. Porém quando os consortes não concordarem em adjudica-la a um só, ainda de comum acordo a coisa poderá ser vendida e o valor rateado entre eles. Nesta venda ainda possuirá preferencia o condômino ao estranho. Entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas e não as havendo o de quinhão maior. Com essa disposição o legislador traça quais os critérios a serem seguidos na hipótese de mais de um condômino ter interesse em adquirir o bem. Por fim, nas situações em que nenhum condômino tenha benfeitoria ou elas forem de igual valor e as frações ideais forem idênticas, resolve-se o caso conforme previsto no Parágrafo único do mesmo artigo. Art. 1.322, Parágrafo único, CC – Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum e participam todos do condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de adjudicada a coisa à aquele que ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa seja adjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições iguais, o condômino ao estranho. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 12 Então, nesta situação será necessário realizar uma licitação entre estranhos e antes de adjudica-la àquele que deu maior lance, deve ser realizada uma licitação entre os condôminos dando preferencia aquele que deu maior lance, preferindo os condôminos aos terceiros. Em resumo, esta licitação possui duas etapas, uma primeira entre estranhos e outra entre os condôminos, onde retiramos os dois maiores lances ganhando quem tiver dado o maior lanc e e na hipótese de serem iguais, dar-se-á preferencia ao condômino. Até aqui, não há necessidade de intervenção do judiciário, no entanto, se as formas elencadas acima não resolverem a controvérsia, restará apenas a alternativa de se ingressar com uma Ação de Alienação Judicial Forçada, prevista no Art. 730 do CPC, que em resumo não passa de um leilão. Art. 730, CPC – Nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre os interessados sobre o modo como se deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão, observando-se o disposto na Seção I deste Capitulo e, no que couber, o disposto nos arts. 879 a 903. Portanto, não havendo acordo entre os interessados sobre o modo de alienação do bem, o juiz de ofício ou a requerimento dos interessados, mandará aliená-lo em leilão. Na parte final do dispositivo acima, o legislador faz uma ressalva sobre observar no que couber o disposto nos arts. 879 a 903 do CPC, que tratam da alienação dentro do processo de execução. Isso significa que a Alienação Judicial Forçada se dará nos mesmos moldes como se o bem estivesse penhorado, o que na maioria das vezes não dá bons resultados. Art. 879, CPC – A alienação far-se-á: I – por iniciativa particular; II – em leilão judicial eletrônico ou presencial. Para termos ideia do quão ruim é a situação o Art. 891, CPC normatiza que não será aceito preço vil, o que em contrário senso significa dizer que qualquer valor superior ao que for considerado vil será aceito. Vejamos o que a lei considera preço vil: Art. 891, Parágrafo único, CPC: Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da avaliação. Ou seja, aqueles condôminos que não entraram em acordo quanto à alienação do bem comum podem ser obrigados a vendê-lo pela metade do valor de avaliação, sendo, portanto, um péssimo negócio para eles. Com certeza, em se tratando de coisa comum, não vale a pena brigar e mandar o bem para leilão público, pois além do valor pago poder ficar abaixo do valor de avaliação, ainda há gastos com o processo e as custas do próprio leilão, que são descontadas do valor final arrecadado. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 13 CONDOMÍNIO NECESSÁRIO Está regulado entre os Arts. 1.327 e 1.330 do CC. Insta salientar que o condomínio necessário é também conhecido como condomínio legal ou forçado, pois esta espécie condominial não depende da vontade dos condôminos, mas sim de critérios legais guardados pelo legislador. A situação fática que faz existir este condomínio esta muito bem delineada no dispositivo abaixo: Art. 1.327, CC – O condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas regula-se pelo disposto neste Código (arts. 1.297 e 1.298; 1.304 a 1.307). Então o condomínio necessário é uma espécie de condomínio que se estabelece entre vizinhos. E o objeto do condomínio são paredes, cercas, muros e valas. No Direito de Vizinhança há vários direitos entre eles o de cercar os imóveis extremando-os uns dos outros. Em outras palavras é direito de cada proprietário individualizar seu imóvel, ainda que o outro não queira. Assim, muitas vezes, buscando evitar maiores problemas os indivíduos constroem um pouco mais adentro da divisa, no entanto, ainda que seja muito pouco há a perda de espaço uma vez que a legislação o autoriza a construir exatamente na divisa. E, nestes casos é que surge o condomínio necessário, ou seja, o muro construído na divisa torna-se coisa comum. Não podemos dizer que é um condomínio voluntário, pois mesmo que uma das partes não queira, haverá o estabelecimento do condomínio, por determinação legal. Ao se tornar proprietário de um imóvel é necessário abrir mão de um mínimo, que neste caso é aceitar a construção de umacerca na divisa entre os terrenos, trocando a liberdade por mais privacidade. Portanto, podemos afirmar que o Condomínio Necessário nasce no Direito de Vizinhança e esta diretamente ligado a ele. . Neste sentido, vejamos o disposto no Art. 1.328, CC. Art. 1.328, CC – O proprietário que tiver direito a estremar um imóvel com paredes, cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede, muro, valado ou cerca do vizinho, embolsando-lhe metade do que atualmente valer a obra e o terreno por ela ocupado (art. 1.297). Tal disposição significa dizer que da mesma forma que um vizinho pode exigir do outro o pagamento da meação pela construção de paredes, cercas, muros, valas ou valados, o outro pode requerer a participação dessa meação para utilizar o que já foi construído. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 14 Na verdade aquele que chegar depois só poderá construir depois que ressarcir a metade do valor da parede da divisa, caso contrário é possível embargar a construção. O Art. 1.329, CC regula o preço da meação. Art. 1.329, CC – Não convindo os dois no preço da obra, será este arbitrado por peritos, a expensas de ambos os confinantes. Então se há duvidas quanto ao valor, faz-se uma arbitragem e as custas ficam a cargo de ambos os confinantes. Art. 1.330, CC – Qualquer que seja o valor da meação, enquanto aquele que pretender a divisão não o pagar ou depositar, nenhum uso poderá fazer na parede, muro, vala, cerca ou qualquer outra obra divisória. O que significa que se o fizer ou realizar estará agindo contra a Lei. O uso é atributo do Direito de Propriedade e significa valer-se da coisa pela sua utilidade, neste sentido, como a utilidade de uma parede é dar sustentação a obra e/ou individualiza-la das demais, a outra parte só poderá utilizar-se dela depois que restituir metade do valor. CONDOMÍNIO EDILÍCIO – CONDEDI (Arts. 1.331 à Art. 1.358). Considerações Gerais O Condomínio Edilício trata-se de uma forma especial de condomínio que não constava no Código de 1.916, mas devido a sociedade de forma geral passar a contar com esta forma de condomínio cada vez mais frequente, o legislador foi obrigado a regulamenta-lo no Código de 2002. Aspectos Normativos O Código Civil de 1916 não tratava do tema porque na época em que ele foi idealizado a sociedade brasileira sequer imaginava este tipo de condomínio. No Brasil, as primeiras construções em níveis só foram surgir por volta do ano de 1925. O tempo passou e em 1.960 o Brasil já possuía outra estrutura, o povo estava saindo do campo e indo em direção as cidades. As cidades por sua vez começam a se preocupar com novas construções para acomodar toda essa população e, então surgem os grandes edifícios. Tanto é verdade, que o legislador se viu obrigado a criar uma lei regulamentando os Condomínios Edilícios já na década de 60 (Lei 4.591/64). A Lei 4.591/64 passou a regulamentar o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias, que é a principal forma de constituição, construção e venda de prédios de apartamentos, salas comerciais, etc. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 15 Mesmo com a Lei em vigência, o legislador em 2002 (que na verdade começou a elaborar o código na década de 60), achou por bem regular o tema (Condôminos Edilícios) para dentro do Direito das Coisas. A Lei de 64 regula em seus primeiros 27 dispositivos acerca do Condomínio Edilício propriamente dito e, a partir do Art. 28 acerca das incorporações imobiliárias. O legislador do Código de 2002 trouxe para o Código, justamente os primeiros 27 dispositivos da Lei, reproduzindo o que já existia com algumas pequenas variações. Existe até hoje divergências na doutrina e jurisprudência quanto a que Lei se aplica ao Condomínio Edilício. Há uma corrente que defende que os Arts. 1° ao 27 da Lei 4.591/64 foram refogados pelo Código Civil e, há outra corrente que defende que no nosso ordenamento para uma Lei posterior de caráter geral (Código Civil) revogar lei anterior de caráter especial (Lei 4.591/64) é necessário fazer expressamente, coisa que não ocorreu com o advento do Código Civil. Na pratica os tribunais tem aplicado o regulamento em conjunto. 12/08/2016 Definição Condomínio Edilício trata-se de uma espécie de propriedade em sistema condominial que congrega propriedade exclusiva e propriedade sobre áreas comuns. Natureza Jurídica Quando falamos em Natureza Jurídica, buscamos saber a origem do instituto, ou melhor dizendo, se ele se enquadra em algum fenômeno jurídico preexistente. Sob este aspecto não podemos dizer que o condomínio se encaixe em nenhum fenômeno jurídico preexistente, uma vez que, ele não pode ser confundido com: Sociedade Os condôminos não são sócios, além do mais para se constituir uma sociedade é necessário o affectio societatis, requisito este que não existe para formação de um condomínio; Fundação Os primeiros condôminos não podem ser ditos como fundadores do condomínio, também não há um destaque do patrimônio de alguém e uma finalidade social, política ou econômica envolvida em sua constituição; Associação Os condôminos também não são associados; Aqui vale frisarmos que nos casos de loteamentos fechados, os moradores formam uma associação, com o intuito de ratearem as despesas do local. Mas estes loteamentos não se confundem com o condomínio, uma vez que nos loteamentos o indivíduo compra o lote apenas, não havendo áreas comuns. No caso do loteamento as vias são DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 16 públicas e eles obtém a concessão para poder explorar a área controlando o acesso. Acerca da associação de moradores, há grande discussão doutrinaria acerca do indivíduo que deixa de cumprir com suas obrigações, se esta obrigação seria propter rem, ou não, coisa que no condomínio edilício não se discute, pois já é consolidado o entendimento de que a obrigação é propter rem. Assim, podemos perceber que o Condomínio Edilício não se enquadra em nenhum instituto jurídico preexistente. João Batista Lopes, grande estudioso do Condomínio Edilício, defende a tese que o Condomínio Edilício possui uma Natureza Jurídica Especial, por não se enquadrar em nenhum fenômeno jurídico preexistente e, tal fato ocorre justamente por tratar-se de um composto de propriedade exclusiva com propriedade comum. Feito estas considerações, podemos afirmar que o Condomínio Edilício possui Natureza Jurídica Própria com regulamento próprio. Personalidade Jurídica O Condomínio Edilício para o ordenamento jurídico brasileiro não se trata de uma Pessoa Jurídica, sendo, portanto, um ente despersonalizado. Tal afirmação pode ser extraída a partir da leitura do Art. 44 do Código Civil, que elenca as Pessoas Jurídicas de Direito Privado, vejamos: Art. 44, CC – São pessoas jurídicas de direito privado: I – as associações; II – as sociedades; III – as fundações; IV – as organizações religiosas; V – os partidos políticos; VI – as empresas individuais de responsabilidade limitada. Como o Condomínio Edilício, não se encontra no rol de Pessoas Jurídicas criadas pelo legislador, só lhe resta ser um ente despersonalizado, ao lado da Massa Falida, Espólio e da Herança Jacente. Mesmo não possuindo personalidade jurídica, o condomínio possui capacidade processual e quem o representará em juízo será seu administrador ou síndico, conforme previsão abaixo: Art. 75, NCPC – Serão representados em juízo ativa e passivamente: [...] XI – o condomínio, pelo administrador ou síndico. Insta salientar que embora exista as normatizações elencadas acima e o fato do Condomínio Edilício ser reconhecido como um ente despersonalizado desde a sua criação, há quem divirja deste entendimento e afirme que ele é uma Pessoa Jurídica, ou melhor dizendo quedeve-se conferir personalidade jurídica ao Condomínio. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 17 Os defensores desta tese fundamentam seu entendimento baseado no fato do Condomínio ser obrigado a possuir o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e que o rol elencado no Art. 44 do CC é meramente exemplificativo. Além disso, o Condomínio contrata funcionários e alguns podem até perfazer lucro, quando disponibilizam serviço de van, panificadora, lavanderia e uma série e outros serviços aos seus condôminos. Já os defensores do entendimento contrário, que são a grande maioria, defendem que o fato do Condomínio Edilício possuir CNPJ se baseia em uma Resolução da Receita Federal e possui o viés, única e exclusivamente de facilitar o dia a dia do Condomínio, como o registro de empregados, a compra de produtos de limpeza, etc. Já em relação ao rol de Art. 44 do CC ser exemplificativo, não há muito que se falar a respeito, uma vez que o entendimento majoritário é que se trata de um rol taxativo, pois somente o legislador possui autonomia para criar uma Pessoa Jurídica. Em outras palavras, ir contra o entendimento de que o rol é taxativo é rechaçar a Teoria da Realidade Técnica ou Jurídica, uma vez que como já dissemos somente o legislador pode criar a Pessoa Jurídica. Acerca do tema o Sindicato dos Condomínios não deseja o reconhecimento como Pessoa Jurídica, uma vez que a partir do momento que se reconhecer ser Pessoa Jurídica, passa a incidir encargos. Assim, por enquanto tem prevalecido a tese de que o Condomínio Edilício não passa de um ente despersonalizado. Formas de Instituição Aqui, veremos os mecanismos que podem ser utilizados para a instituição de um Condomínio Edilício. Vejamos o Art. 1.332, CC. Art. 1.332, CC – Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial. Sendo assim, o Condomínio Edilício pode se instituir por ato entre vivos ou por Testamento. A Lei especial a que se refere o dispositivo acima é a Lei 4.591/64. A normatização acima elenca o mínimo que o ato de constituição deve conter, sem excluir outras exigências que estiverem na Lei, no caso das incorporações por exemplo. É importante chamarmos a atenção para alguns detalhes acerca do dispositivo, vejamos: - Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento [...] – portanto, tanto em uma circunstancia como na outra o Condomínio Edilício é fruto de uma disposição de vontades. A principal forma de instituição do Condomínio Edilício é através de Incorporações Imobiliárias. A incorporação imobiliária trata-se de um instituto intimamente ligado a DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 18 construção civil. Em outras palavras as Incorporações Imobiliárias não estão ligadas a aquisição de um terreno, mas tão somente na construção e venda de áreas comuns e particulares. Em determinadas situações os próprios condôminos se tornam os incorporadores. Neste caso eles se organizam, adquirem o terreno e constroem com dinheiro próprio o empreendimento. Uma definição clara e precisa sobre o que vem a ser incorporação imobiliária é encontrada no Parágrafo único do Art. 28 da Lei 4.591/64. Art. 28, Parágrafo único, Lei 4.591/64 – Para efeito desta Lei considera-se incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações, ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas. É perceptível, portanto, que não se trata de um negócio jurídico simples, mas sim complexo que congrega a construção e venda de áreas exclusivas atreladas a áreas comuns. A Lei criou ainda um sistema de responsabilidade patrimonial próprio para as Incorporações Imobiliárias e, quando ela lança um empreendimento, é como surgisse uma Pessoa Jurídica própria do empreendimento que não se confunde com a personalidade jurídica da incorporadora. Tal mandamento possui o viés de preservar os condôminos, pois se algo ocorrer com a incorporadora, como, por exemplo, ela vir a falir, o empreendimento é totalmente preservado. Tal normatização passou a existir depois que a Encol que foi uma grande incorporadora do país, quebrou e muitos condôminos que estavam com suas prestações em dia perderam o imóvel, por conta da má administração da incorporadora. O STJ inclusive bancou uma súmula sobre esta questão, transcrita abaixo: Súmula 308 do STJ – A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel. Para finalizar o tema, nos cumpre informar que a Lei prevê duas formas de incorporação imobiliária. Incorporação Comum Neste caso, empresas bancam o empreendimento com dinheiro próprio ou buscam dinheiro no mercado financeiro e vendem as unidades. Incorporação Administração ou a Preço de Custo Nesta forma os condôminos adquirem o terreno, contratam a construtora, cuidam da questão documental e, eles mesmos se comprometem entre eles a construir e entregar o empreendimento. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 19 Assim, se institui o Condomínio Edilício normalmente pela incorporação imobiliária e uma vez instituído ele se concretiza efetivamente com a entrega das unidades exclusivas. Quase que concomitantemente a instituição do condomínio há a necessidade de se elaborar a convenção condominial. Ao nos referirmos a legislação aplicável ao Condomínio primeiramente temos que respeitar a Constituição Federal, depois o Código Civil e por fim a Convenção Condominial. Estrutura do Condomínio Edilício (Art. 1.331, CC) Uma vez estudado as formas de instituição do Condomínio Edilício, precisamos identificar como fica efetivamente sua estrutura. O Art. 1.331, CC e seus parágrafos normatizam como deve ser a estrutura do condomínio Edilício, vejamos: Art. 1.331, CC – Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos. §1° - As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio. §2° - O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos. §3° - A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns, que será identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de instituição do condomínio. §4° - Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público. §5° - O terraço de cobertura é parte comum, salvo disposição contrária da estrutura de constituição do condomínio. Assim, o §1° trata das partes exclusivas, trazendo alguns exemplos de unidades exclusivas. Já o §2° regula as partes comuns, também elencando alguns exemplos. O §3° dispõe acerca do regramento da fração ideal na Escritura Pública. Por fim, o §5° normatiza que em regra o terraço de cobertura será área comum, entretanto é possível que algumas convenções autorize sua utilização exclusiva. 18/08/2016 DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 20 Convenção Condominial (Art. 1.333,CC) A utilização das áreas comuns e unidades exclusivas devem estar muito bem regulamentadas. Por tal razão é necessário um conjunto normativo capaz de agregar todos os interesses. O legislador, pensando em regulamentar o convívio pacífico entre os condôminos e administração do condomínio, pensou na Convenção Condominial. Assim, a Convenção Condominial trata-se de um documento escrito onde consta todos os direitos e deveres dos condôminos, incluindo as sanções que serão aplicadas para aqueles que a desrespeitem. A Natureza Jurídica da Convenção Condominial é de Ato Normativo, pois ela é escrita pelos próprios condôminos e se aprovada com maioria de 2/3 passa a ter força normativa. Algumas Convenções chegam a prever até um Devido Processo Administrativo, para imposição de uma sanção a um condômino. A Convenção Condominial só pode ser elaborada de maneira escrita, mas a forma pode ser tanto por Escritura Pública como por Documento Particular. Art. 1.334, §1°, CC – A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular. Vejamos um dos dispositivos que regula a Convenção e logo abaixo faremos algumas considerações: Art. 1.333, CC – A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, 2/3 (dois terços) das frações ideias e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção. - deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, 2/3 (dois terços) das frações ideais – ser subscrita por pelo menos 2/3 dos proprietários das unidades trata-se de um requisito de validade e, por óbvio, para qualquer alteração também será necessário este quórum; - torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades – tratando-se de um ato normativo, ao tornar-se obrigatória (para os titulares de direito sobre as unidades e para os possuidores e detentores da coisa) ninguém pode escusar-se de respeita-la alegando seu desconhecimento. Isso significa que ao ser subscrita pelo quórum requerido a Convenção passa a valer imediatamente, sem necessidade de registro ou publicação, para os condôminos e possuidores e detentores da coisa, uma vez que o §2° do Art. 1.334 do CC equipara aos proprietários os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos ás unidades autônomas. Art. 1.334, §2°, CC – São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição em contrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônomas. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 21 Porém para que tenha validade erga omnes será necessário cumprir com a disposição do Parágrafo único do Art. 1.333, CC, vejamos: Art. 1.333, Parágrafo único, CC – Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Assim, para que a Convenção surta efeitos sobre terceiro, obrigatoriamente ela deve ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis onde estiver registrado o Condomínio. Um tema importante da Convenção Condominial esta intimamente relacionado as cláusulas que a devem compor. Acerca do tema, é possível identificarmos três grupos de matérias/cláusulas que devem constar na convenção, vejamos o Art. 1.334, CC, que regula o assunto: Art. 1.334, CC – Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houverem por bem estipular, a convenção determinará: I – a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio; II – sua forma de administração; III – a competência das assembleias, forma de sua convocação e quórum exigido para as deliberações; IV – as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores; V – o regimento interno. - cláusulas referidas no art. 1.332 – trata-se do primeiro grupo de cláusulas, segue abaixo a transcrição do referido artigo. Art. 1.332, CC – Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial: I – a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns; II – a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns; III – o fim a que as unidades se destinam. Assim, as informações elencadas nos incisos acima não poderão faltar na Convenção, sob pena dela ser considerada inválida. - cláusulas [...] das que os interessados houverem por bem estipular – trata-se do segundo grupo de cláusulas. Sobre este tópico não há maiores problemas, pois tudo aquilo que os condôminos em comum acordo quiserem pactuar, poderão fazê-lo em sede de Convenção Condominial. - Além das cláusulas referidas [...] a convenção determinará: I – a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio; II – sua forma de administração; III – a competência das assembleias, forma de sua convocação e quórum exigido para as DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 22 deliberações; IV – as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores; V – o regimento interno – trata-se do terceiro grupo de cláusulas. Sobre a determinação do caput do Art. 1.334, CC para que a Convenção contenha as matérias estipuladas em seus incisos, também não há maiores problemas, uma vez que os incisos são autoexplicativos, salvo o V, que determina a confecção do Regimento Interno, que passaremos a estudar abaixo. o Regimento Interno A Convenção Condominial, muitas vezes traz a regra, mas não traz de forma especifica como ela deve ser implementada. Por exemplo, a Convenção pode estipular que no período noturno a portaria permanecerá fechada. Mas qual horário? Para estas regulamentações, mais simples, é que existe o Regimento Interno. Assim, além do horário que a portaria permanecerá fechada, o Regimento pode instituir o horário de utilização da piscina, da churrasqueira, do salão de festas, o valor das taxas que serão cobradas pela utilização do salão de festas/churrasqueira, as regras para utilização das áreas comuns e, assim por diante. A Assembleia pode inclusive estabelecer um quórum diferenciado para alterar o Regimento Interno, menos apurado quando comparado ao para alterar a Convenção. Direitos e Deveres dos Condôminos Precisamos ter bastante cuidado ao discorrer sobre este tema, especialmente no que tange aos deveres, para assegurar uma boa convivência entre os condôminos. Os Arts. 1.335, 1.336 e 1.337 do Código Civil foram destacados para tratar do tema. Mas vale ressaltar que além da matéria trazida nestes artigos a Convenção pode elencar outros direitos e deveres. o Direitos dos Condôminos Iniciaremos nosso estudo pelo Art. 1.335, CC, que elenca os direitos dos condôminos, vejamos: Art. 1.335, CC – São direitos do condômino: I – usar, fruir e livremente dispor das suas unidades; II – usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores; III – votar nas deliberações da assembleia e delas participar, estando quite. - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades – tais direitos estão intimamente ligados ao direito de propriedade e referem-se à propriedade exclusiva de cada condômino. Tal disposição é até desnecessária uma vez que o Art. 1.228, CC já elenca estes mesmos direitos. Sob estes direitos, precisamos chamar atenção para apenas um detalhe, o proprietário pode usar e fruir de sua unidade exclusiva, mas sem fugir da finalidade para qual o condomínio foi instituído. DIREITO CIVIL VIIIKleber Luciano Ancioto Página 23 - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais compossuidores – da mesma forma que o inciso anterior, esta normatização já esta elencada em outro artigo, qual seja, o Art. 1.314, CC. Neste sentido, toda vez que um condômino excluir outro, poderá ser sancionado. - votar nas deliberações da assembleia e delas participar, estando quite – trata-se do direito de participação e voto nas Assembleias, mas há uma condição para que o indivíduo possa votar que é estar adimplente, ou seja, o condômino não pode ser devedor do rateio das despesas condominiais. Tal mandamento de “estar quite” a doutrina tem entendido que deve ser modulado caso a caso, assim se o indivíduo sempre esteve adimplente, mas por um aperto financeiro não conseguiu honrar com sua obrigação para com o rateio das despesas condominiais naquele mês e calhar de uma assembleia ser marcada bem neste período, ele não deverá ser impedido de votar. o Deveres dos Condôminos Após vermos os direitos dos condôminos, os deveres são elencados no Art. 1.336, CC, vejamos: Art. 1.336, CC – São dever do condômino: I – contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção; II – não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; III – não alterar a forma e a cor da fachada das partes e esquadrias externas; IV – dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou dos bons costumes. Faremos uma analise pontual de cada inciso deste artigo, pois todos guardam particularidades. - Inciso I – contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção. Trata-se de um dever que é fundamental para a manutenção do condomínio. As despesas condominiais englobam as despesas ordinárias e extraordinárias. As despesas ordinárias são do dia a dia, é compreendida pelo custo da manutenção normal do condomínio, acerca destas despesas é dever do Síndico apresentar nas Assembleias Ordinárias uma previsão dos custos do condomínio. Já as despesas extraordinárias, são as despesas não esperadas. Neste sentido, se o motor do elevador fundir, o custo da troca será rateado pelos condôminos como despesa extraordinária, no mesmo sentido reformas, troca de mobiliário das áreas comuns, pintura da fachada, as despesas com um processo judicial, são despesas extraordinárias. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 24 A contribuição, segundo o dispositivo legal, deve ser proporcional às frações ideias de cada condômino, no entanto, nada impede que a Convenção estipule outra forma de rateio, como, por exemplo, por unidade. Um detalhe importante que precisamos chamar atenção é que normalmente o rateio das despesas é cobrado por intermédio de boletos bancários, onde deve constar um resumo das despesas e o valor a ser pago. Com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil o documento escrito que contém a cobrança do rateio passou a receber status de Título Executivo Extrajudicial, senão vejamos: Art. 784, NCPC – São títulos executivos extrajudiciais: [...] VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; [...] Isso significa dizer que o Condomínio atualmente para cobrar um condômino inadimplente não precisa ingressar com uma Ação de Conhecimento, bastando impetrar direto uma Ação de Execução, tendo a possibilidade inclusive protestar o Título. Tal disposição diferencia-se em muito do que previa o Código Revogado de 1973, onde, nesta situação, o condomínio era obrigado a propor uma Ação de Cobrança (Processo de Conhecimento que reconhecesse a dívida) para depois manejar o Cumprimento de Sentença. Inciso II – não realizar obras que comprometam a segurança da edificação. Este dever esta intimamente relacionado à utilização da unidade exclusiva, uma vez que ninguém pode realizar obras particulares nas áreas comuns. Caso o condômino não respeite tal dever, poderá sofrer sanções por colocar em risco a segurança do condomínio. 19/08/2016 Inciso III – não alterar a forma e a cor da fachada das partes e esquadrias externas. As fachadas são consideradas áreas comuns, nos condomínios edilícios e qualquer alteração, como sua coloração, deve passar pela decisão da Assembleia Condominial. A razão para tal normatização tem o condão de preservar o padrão arquitetônico do imóvel, não permitindo que ele se desvalorize devido a atitudes isoladas de condôminos que alterem sua arquitetura. São comuns demandas judiciais envolvendo fachadas, principalmente no que tange a instalação de aparelhos de ar condicionados. Existem Convenções que proíbem a instalação destes aparelhos e cortinas de vidro e outras especificam com detalhes os modelos e os locais em que os aparelhos e cortinas devem ser instalados. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 25 O problema existe pelo fato da legislação ter simplesmente previsto o dever de não alterar a fachada, mas não especificamente a proibição de instalação de ar condicionado ou cortina de vidro nas sacadas. Fato é que este inciso III não traz uma regra absoluta, ou seja, haverá casos em que mesmo a Convenção proibindo tais instalações o condômino poderá ser autorizado judicialmente a fazê-las. Somente a título de exemplo, no Rio de Janeiro um condomínio entrou com uma Ação de Obrigação de Fazer, para que um condômino desinstalasse a cortina de vidro blindado que estava instalada em sua sacada, sob a justificativa que a obra alterava a fachada do edifício. Em sua defesa o condômino explicou que seu apartamento é voltado para duas comunidades em que há trocas de tiros frequentes entre os traficantes que disputam a área e que tal atitude se mostrava necessária para garantir a sua segurança e de sua família. Nesta situação o Tribunal de justiça confirmou a decisão do Magistrado em 1° instância pela da manutenção da obra, uma vez que aos olhos da justiça, ela era totalmente justificável. Inciso IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou dos bons costumes. Este inciso esta intimamente ligado ao Direito de Vizinhança em sede de Condomínio Edilício, uma vez que possuem os mesmos objetivos: garantir o sossego, saúde e segurança. É interessante destacar que o legislador inicia o inciso disciplinando que o condômino tem o dever de dar a sua unidade exclusiva a destinação que possui a edificação. Assim, em um imóvel residencial é dever de condômino dar uma destinação residencial e, no caso do imóvel ser comercial dar uma destinação comercial. As áreas comuns seguem a mesma lógica, todas as atividades desenvolvidas, devem ser compatíveis com a finalidade da respetiva área e, respeitar as regras de boa convivência. Na segunda parte do inciso, quando o legislador diz que é dever do condômino não utilizar as áreas exclusivas ou comuns de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos demais condôminos, possuidores e detentores, nos leva a questionarmos sobre a possibilidade da criação de animais domésticos ou não pelos condôminos. Acerca do tema a jurisprudência é pacífica no sentido que é permitido a criação de animais de pequeno e médio porte pelos condôminos, ainda que a Convenção proíba. Mas, insta salientar que cada caso deve ser estudado isoladamente, pois alguns animais podem extrapolar os limites do tolerável quanto a perturbação do sossego, saúde e segurança dos demais condôminos. Portanto, a Jurisprudência é firme no sentido de admitir quecondôminos tenham animais, mas há limites que devem ser observados em prol da preservação da boa convivência. o Sanções DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 26 Veremos agora o que o Código prevê como sanção para o descumprimento dos deveres elencados acima. Acerca do descumprimento do inciso I do Art. 1.336, CC, que diz respeito a contribuição para as despesas do condomínio, o §1° do mesmo artigo disciplina a sanção a ser aplicada, vejamos: Art. 1.336, §1°, CC – O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de 1% (um por cento) ao mês e multa de até 2% (dois por cento) sobre o débito. Portanto, a sanção, como não poderia deixar de ser, é pecuniária, incidindo cobrança de multa, juros moratórios e correção monetária. Ao compararmos a previsão deste dispositivo ao que prevê o §3° do Art. 12 da Lei 5.591/64, no que tange a multa que pode ser imposta, verificaremos uma discrepância enorme, uma vez que a referida lei permite a cobrança de até 20% sobre o valor do débito, ao passo que o dispositivo do Código Civil apenas 2%. Tal normatização fez com que a taxa de inadimplência disparasse uma vez que antes de 2002 (quando o Código entrou em vigor) a taxa de inadimplência era de apenas 2% e, após a entrada em vigor subiu pra 20%. Assim surgiram demandas judiciais questionando a possibilidade de se aplicar o que prevê a Lei de 64 já que ela ainda esta em vigor e, a Jurisprudência do STJ pacificou o seguinte entendimento: as Convenções Condominiais instituídas antes do Código Civil de 2002 entrar em vigor deve-se respeitar o previsto na Convenção, desde que não exceda os 20% estipulado na Lei de 1964, uma vez que trata-se de um ato jurídico perfeito que se estabeleceu sob a égide da referida Lei, por outro lado, as Convenções instituídas após a entrada em vigor do Código de 2002, precisam respeitar o teto de 2%. De qualquer forma, a estipulação de no máximo 2% do valor do débito para a cobrança da multa, nos faz pensar que o legislador utilizou como parâmetro o teto permitido pelo Código de Defesa do Consumidor, sem, no entanto, existir qualquer relação entre a obrigação dos condôminos em contribuir com o rateio das despesas em um Condomínio Edilício e uma Relação de Consumo. Por fim, cumpre-nos informar que a Jurisprudência é firme no sentido de que os Condomínios não podem se valer de meios vexatórios para cobrar os condôminos inadimplentes. Por tal razão é que não é permitido afixar em qualquer área do condomínio uma relação com os nomes dos inadimplentes, sob pena de se praticar ato ilícito que acaba por gerar dever de indenização. Assim, o Condomínio pode: protestar o título, propor uma Ação de Execução, cobrar multa, juros, correção monetária, mas nunca expor o condômino de forma vexatória. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 27 Na hipótese do descumprimento dos deveres previstos entre os incisos II e IV do Art. 1.336, CC, a sanção correspondente encontra-se no §2° do mesmo artigo, transcrito abaixo: Art. 1.336, §2°, CC – O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição expressa, caberá à assembleia geral, por 2/3 (dois terços) no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa. Então, em relação ao descumprimento das obrigações previstas entre os incisos II a IV do Art. 1.336, CC também é pecuniária. É de suma importância que as sanções estejam previstas na Convenção Condominial, pois ai dispensa-se a necessidade de se convocar uma assembleia para estabelecer as multas todas as vezes que condôminos descumprirem com seus deveres. Lembrando que a penalidade não poderá ultrapassar o valor referente a cinco vezes o valor do rateio das despesas mensais. O Art. 1.337, CC, disciplina acerca dos casos de reincidência no descumprimento de deveres por parte dos condôminos, vejamos: Art. 1.337, CC – O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de ¾ (três quartos) dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurarem. Assim, o condômino não pode alegar bis in idem caso já tenha sido apenado com multa e voltar a ser apenado por ter reincidido no mesmo descumprimento. Lembrando que a imposição de multa não exime o condômino reincidente de indenizar por eventuais prejuízos que ele tenha causado. Por fim, precisamos tratar do condômino antissocial. Para estes o legislador foi ainda mais severo quanto ao teto para a imposição de multa. Art. 1.337, Parágrafo único, CC – O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antissocial, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia. Então, nestes casos a legislação permite a aplicação de multa até o décuplo do valor do rateio das despesas e traz ainda uma expressão que devemos analisar com cautela: DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 28 - até ulterior deliberação da assembleia – Tal expressão nos leva ao questionamento sobre se o legislador queria dizer que a multa deveria ser ratificada pela assembleia ou se a assembleia poderia deliberar uma sanção mais gravosa como a proibição do condômino de usar a sua unidade exclusiva. Sobre o tema, existe uma parte da doutrina que entende não ser possível a assembleia deliberar sobre a proibição de um condômino em exercer a plenitude de direitos sobre a sua propriedade, em consonância com o Art. 1.228, CC. Para quem defende esta tese, só restaria ao Condomínio a aplicação da multa prevista no Parágrafo único do Art. 1.337, CC. Porém há doutrinadores que divergem deste pensamento e, já há julgados neste sentido, entendendo que a Assembleia Condominial pode autorizar o Síndico a propor uma Ação para exclusão do condômino antissocial, ainda que de forma temporária. Isso se deve ao fato de que em uma ponderação de direitos fundamentais, estando de um lado o direito de propriedade e de outro o direito a vida, integridade física, etc, pode pesar mais estes últimos do que o primeiro. É importante salientarmos que esta mesma doutrina e jurisprudência são pacíficas no sentido de que o condômino antissocial não perde a propriedade. Em outras palavras, o condomínio não possui o poder de desapropriar o sujeito, mas possui o direito de ingressar com uma Ação pleiteando a exclusão do condômino e já há decisões neste sentido, proibindo o indivíduo de sequer passar perto do condomínio. Tal sanção é drástica, mas como ultima ratio pode ser necessária, no caso de condôminos antissociais. Por fim, é importante chamarmos atenção que em todas as hipóteses em que for necessária a aplicação de uma sanção, deverá ser observado o Devido Processo Legal Administrativo, ou seja, ainda que em um procedimento simples, o Condômino sempre terá direito de ser ouvido e produzir provas em seu favor, sob pena de anulação da sanção imposta. Administração Condominial Existem pelo menos três órgãos no Condomínio Edilício: Assembleia de Condôminos – possui competência deliberativa; Síndico – órgão administrativo unipessoal; e o Conselho Fiscal ou Consultivo – que como o próprio nome diz trata-se de um órgão consultivo e não deliberativo.o O Síndico Pode ser tanto uma Pessoa Física como uma Pessoa Jurídica. Se for Pessoa Física, não há qualquer exigência legal que seja morador do condomínio ou mesmo proprietário de unidade exclusiva. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 29 O Síndico normalmente não é remunerado, salvo os terceirizados. É, no entanto, comum as Convenções autorizarem que o Síndico não participe do rateio das despesas como uma forma de contraprestação pelos serviços prestados para o condomínio. As competências do Síndico estão elencadas no Art. 1.348, CC, transcrito abaixo: Art. 1.348, CC – Compete ao síndico: I – convocar a assembleia dos condôminos; II – representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, os atos necessários à defesa dos interesses comuns; III – dar imediato conhecimento à assembleia da existência de procedimento judicial ou administrativo, de interesse do condomínio; IV – cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações da assembleia; V – diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores; VI – elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano; VII – cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas devidas; VIII – prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas; IX – realizar o seguro da edificação. As competências como podemos perceber tratam-se de medidas administrativas para efetivamente colocar em prática o que estiver previsto na Convenção e na legislação pátria. Importante salientar que a responsabilidade do Síndico é objetiva, neste sentido, caso ele não preste contas e cause um prejuízo para o Condomínio será responsabilizado objetivamente. O Art. 1.349, CC, prevê a possibilidade de destituição do Síndico. Art. 1.349, CC – A assembleia, especialmente convocada para o fim estabelecido no §2° do artigo antecedente, poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, destituir o síndico que praticar irregularidades, não prestar contas, ou não administrar convenientemente o condomínio. Acerca do dispositivo acima, nos importa chamar atenção para o quórum para a destituição, que deve ser de maioria absoluta de seus membros, e a expressão: - destituir o síndico que [...] não administrar convenientemente o condomínio – Não há uma definição objetiva sobre o que seria não administrar convenientemente um condomínio, mas podemos supor que um Síndico que administra o condomínio com base em fundamentos pessoais em detrimento dos fundamentos determinados pela Convenção Condominial, não administra convenientemente o condomínio e, ainda que ele possua a maioria das quotas, não pode imperar a democracia de um só. 25/08/2016 DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 30 o A Assembleia Condominial Trata-se do mais importante Órgão do Condomínio Edilício. A Assembleia pode ser Ordinária ou Extraordinária, devendo obrigatoriamente ocorrer ao menos uma vez ao ano (Ordinária), já a Extraordinário ocorre somente quando for necessária uma tomada de decisão emergencial. Todos os condôminos são vinculados pelas decisões tomadas pela Assembleia. Ela pode ser convocada pelo Síndico ou ¼ do total dos condôminos. Art. 1.355, CC – Assembleias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por ¼ (um quarto) dos condôminos. Há ainda a possibilidade de qualquer condômino recorrer à Justiça, caso julgue necessário à convocação, no entanto, ele não tenha a quantidade de assinaturas necessárias. As decisões são sempre tomadas respeitando-se aos quóruns, que são disciplinados pela Legislação Pátria ou mesmo pela própria Convenção, neste sentido, é necessária a unanimidade dos condôminos para alterar a destinação do condomínio e 2/3 para alterar as demais matérias contidas na Convenção Condominial. Vejamos abaixo alguns dispositivos do Código Civil, que dizem respeito à Assembleia de Condôminos, principalmente no que tange a sua competência e quóruns de aprovação: Art. 1.347, CC – A assembleia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o condomínio, por prazo não superior a 2 (dois) anos, o qual poderá renovar-se. Assim, é competência da Assembleia eleger o Síndico. Art. 1.349, CC – A assembleia, especialmente convocada pra o fim estabelecido no §2° do artigo antecedente, poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, destituir o síndico que praticar irregularidades, não prestar contas, ou não administrar convenientemente o condomínio. Este dispositivo trata da destituição do Síndico e, para tal, a Assembleia constituída para este fim precisa deliberar pelo quórum de maioria absoluta. Art. 1.351, CC – Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos. O dispositivo acima vem corroborar com o que já dispusemos anteriormente que para alteração da Convenção é necessário 2/3 dos votos dos condôminos e para a alteração da destinação do edifício é necessário à unanimidade dos condôminos. DIREITO CIVIL VIII Kleber Luciano Ancioto Página 31 Art. 1.352, CC – Salvo quando exigido quórum especial, as deliberações da assembleia serão tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos metade das frações ideais. Assim, para que a Assembleia se instaure em primeira chamada é necessário um número mínimo de condôminos que represente pelo menos a metade das frações ideias, deliberando pela maioria de votos se não houver exigência de um quórum especial. Insta salientar que nada impede que a Convenção Condominial estabeleça o voto por cabeça, ou seja, por unidade condominial ao invés de por frações ideais, conforme dispõe o dispositivo abaixo: Art. 1352, Parágrafo único, CC – Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio. Nas hipóteses em que ocorrer o que a doutrina chama de “a maioria de um só”, eventualmente é possível questionar judicialmente suas decisões sempre que não se pautarem em critérios razoáveis. Em contrário senso, se forem razoáveis, ainda que as decisões sejam tomadas por um único indivíduo, os demais condôminos terão que aceitar. “A maioria de um só” configura-se sempre que um único condômino possui a maioria das frações ideais e, por tal razão acaba tomando as decisões em relação ao Condomínio. Feito estas considerações, o dispositivo abaixo prevê a instauração da Assembleia em 2° Chamada, vejamos: Art. 1.353, CC – Em segunda convocação, a assembleia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo quando exigido quórum especial. Portando, em segunda chamada a Assembleia será instaurada com o número de condôminos que se fizerem presentes, ainda que eles não atinjam a representação de metade das frações ideais. Assim, se o único quórum passível de ser atingido é o de maioria simples, ao invés de deliberar acerca da Convenção, por exemplo, a Assembleia pode deliberar sobre o Regimento Interno, sem desrespeitar nenhum quórum especial. A Assembleia de Condôminos por tratar-se de um Ato Jurídico deve atentar para os planos de Existência, Validade e Eficácia. Pois, especialmente quanto ao plano da validade qualquer condômino pode recorrer ao Judiciário e requer a anulação da Assembleia, caso ela não respeite todas as normatizações prevista na Convenção Condominial e Legislação pátria vigente. Neste sentido, vejamos a previsão do dispositivo abaixo: Art. 1.354, CC – A assembleia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a
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