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Reflexões sobre a teoria do desenvolvimento da inteligência humana, de Jean Piaget Glaucius Duarte Related papers Psicologia da educação 2 apost ila Leila Bezerra Helen_Bee_ -_A_Crianca_em_Desenvolvimento.pdf Angélica Lucialdo Filho Fases do conhecimento matemát ico Rafaela Mout inho Download a PDF Pack of the best related papers https://www.academia.edu/8322355/Psicologia_da_educa%C3%A7%C3%A3o_2_apostila?from=cover_page https://www.academia.edu/13178670/Helen_Bee_A_Crianca_em_Desenvolvimento_pdf?from=cover_page https://www.academia.edu/3759773/Fases_do_conhecimento_matem%C3%A1tico?from=cover_page https://www.academia.edu/8490713/Reflex%C3%B5es_sobre_a_teoria_do_desenvolvimento_da_intelig%C3%AAncia_humana_de_Jean_Piaget?bulkDownload=thisPaper-topRelated-sameAuthor-citingThis-citedByThis-secondOrderCitations&from=cover_page PGIE/UFRGS - PIE00027 - Trabalho 3 Glaucius Décio Duarte - 1/12/2003 - 1 Reflexões sobre a teoria do desenvolvimento da inteligência humana, de Jean Piaget Glaucius Décio Duarte1 1 UCPel e CEFET/RS, Pelotas/RS, (53)2270921, glaucius@atlas.ucpel.tche.br, http://atlas.ucpel.tche.br/~glaucius Resumo Este trabalho consiste em algumas reflexões pessoais a partir da leitura de trabalhos elaborados por Jean Piaget sobre o desenvolvimento da inteligência humana. Palavras Chave Epistemologia genética, teoria dos estágios de desenvolvimento, inteligência humana, Jean Piaget. I. INTRODUÇÃO Jean Piaget (1896*-1980 � ) (Fig. 1), nascido na Suiça, em Neuchâtel, foi um típico e importante pensador e pesquisador do século XX. Considerado um sujeito de ciência (era biólogo), afirmou que existe um processo de construção do conhecimento, e lançou a grande questão: "Como podemos conhecer?". Figur a 1 - Jean Piaget Considerado um autor "não muito fácil de ler", com inspiração religiosa, utilizou uma abordagem não-linear, não aceitando explicações meramente psicológicas, mas sim, fazendo uso de testes de inteligência, verificou que as crianças, em testes experimentais, erravam sempre do mesmo jeito. Trabalhou de uma forma hipotético-dedutiva e apresentou a teoria dos estágios evolutivos, como forma de organização do desenvolvimento da inteligência humana. Nota-se, também, um profundo processo de amadurecimento de suas idéias ao longo do tempo, tendo inclusive reali zado importantes estudos com os seus três filhos. II . MINHAS REFLEXÕES PESSOAIS A partir das idéias lançadas por Piaget [Piaget 1978], aventuro-me inicialmente a afirmar que o desenvolvimento das estruturas cognitivas humanas não surge por acaso, e muito menos nasce com o indivíduo. Mas sim, é necessário um processo contínuo na aquisição de novos substratos, que se inicia mesmo antes do nascimento devido a uma embriologia dos reflexos (que aparece com a motricidade do feto), envolvendo a passagem obrigatória por determinados estágios (Tabela 1). TABELA 1. ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO, SEGUNDO PIAGET Estágio Idade média Sensório-motor até os 18 meses Pré-operatório até os 7 ou 8 anos Operações concretas entre 7 e 12 anos Operações formais a partir dos 12 anos Por outro lado, os estágios são temporalmente interdependentes, isto é, para que o indivíduo atinja um novo estágio, é necessário que tenha atingido o estágio anterior, e mesmo na idade adulta, pode-se afirmar que em muitos casos, em algumas áreas específicas, o ser humano pode ainda não ter atingido todos os estágios. Por exemplo, nem todas as pessoas são operatórias formais com relação a sua capacidade para nadar, cozinhar para os amigos ou mesmo jogar xadrez. Além disso, os estágios apresentam uma ordem de sucessão fixa, e Piaget define basicamente quatro estágios, relativamente à aquisição das estruturas cognitivas da criança (seu alvo direto, no trabalho lido). É necessário primeiro cumprir determinadas tarefas cognitivas básicas, antes de passar a aquisições mentais mais evoluídas. Por sua vez, verifica-se que o conhecimento também não está no objeto, pois este necessita da mediação das estruturas cognitivas adquiridas em estágios pré-determinados. O aspecto da novidade também é mencionado como um elemento motivador de aquisição de novas estruturas cognitivas, e merece ser explorado. Nesse sentido, a busca pelo novo ou desconhecido, parece mesmo impulsionar as aquisições espontâneas do ser humano, desde o seu nascimento. A criança, desde cedo, procura experimentar novas sensações e estímulos produzidos pelo ambiente que a cerca (os pais, como primeiros educadores, acabam desempenhando um papel fundamental neste sentido - "paparicar" a criança e estimulá-la, considero ser algo bastante saudável). Então, parece mesmo que a criança adquire as estruturas fundamentais rapidamente, pois está bastante motivada, e a motivação produzida lhe faz aprender! Ela é levada a aprender sozinha, embora isto leve algum tempo para se concretizar. Sim, a motivação espontânea, considero mesmo, parece ser fundamental nesse processo fundamental de aquisições iniciais humanas. Além disso, já existe uma inteligência interiorizada, como coordenação dos meios para atingir um certo fim, embora não exista ainda o pensamento. PGIE/UFRGS - PIE00027 - Trabalho 3 Glaucius Décio Duarte - 1/12/2003 - 2 Piaget denominou esta etapa de estágio sensório-motor, sendo que esta etapa precede a linguagem, sendo atingida, antes dos 18 meses, considerando-se esta como uma idade média e aproximativa. No estágio sensório-motor a criança passa a reali zar experiências, que podem ser subdivididas em seis subestágios, que iniciam com a embriologia dos reflexos e vão até a necessidade da criança em encontrar novos meios, não mais por meio de tacteios exteriores ou materiais, mas por combinações interiorizadas. Assim, a partir do segundo ano de existência, a criança passa a utili zar a evocação representativa de um objeto ou de um acontecimento ausente envolvendo, por sua vez, a construção ou o emprego de "significantes" relativos a objetos presentes ou mesmo ausentes. Essa nova necessidade caracteriza a passagem para o estágio seguinte, denominado pré-operatório. Nesse estágio, a criança passa a utili zar a linguagem (evocação verbal), cria imagens mentais (que surge com a imitação interiorizada a partir de lembranças) e ações simbólicas (a criança pode, por exemplo, fingir estar dormindo ou jogando bola). Essas ações simbólicas podem ser consideradas como uma construção das relações semióticas, do pensamento e das conexões interindividuais. Por sua vez, a função semiótica, inclui a imitação diferida, jogos simbólicos, desenhos, imagens mentais e evocação verbal. A partir destas observações, pessoalmente acredito que a imitação de ações reali zadas pelos adultos, ou mesmo a ausência dos objetos, produzida pela necessidade específica de reali zar alguma coisa de seu interesse, passa a influenciar a atividade mental da criança. Incrivelmente, ao fim do estágio pré-operatório, o filho do homem inicia uma notável passagem da centração subjetiva em todos os domínios à descentração a um tempo cognitiva, social e moral. Este estágio, denominado como das operações concretas, caracteriza-se principalmente pelas trocas cognitivas, que consistem em reunir informações, colocá-las em relação ou em correspondências, introduzir reciprocidades, etc. Ocorre, notadamente, que o universo da representação já não é exclusivamente formado por objetos (ou de pessoas-objetos) como no nível sensório-motor, mas igualmente de sujeitos, comportando a possibilidade trocas, exigindo o aparecimento de atividades de coordenação individuais einterindividuais. E isso, caracteriza o surgimento dos aspectos cooperativos entre sujeito-sujeito. Portanto, a criança passa a considerar a questão social, como um processo interindividual de sociali zação, cogniti vo, afetivo e moral, ao mesmo tempo. Além disso, as operações concretas baseiam-se diretamente nos objetos e não ainda nas hipóteses enunciadas verbalmente, como será o caso das operações proposicionais, que estabelecem uma transição entre a ação e as estruturas lógicas mais gerais, implicando numa combinatória e uma estrutura de grupo a coordenarem as duas formas possíveis de reversibilidade. O último estágio dessa evolução da inteligência humana é marcado por uma impressionante unidade de conduta, em que o pré-adolescente consegue libertar-se do concreto, passando a situar o real num conjunto de transformações possíveis. Piaget denominou este estágio como sendo o das operações formais, ou seja, aquele em que ocorrem grandes transformações do pensamento, que possibilitam a manipulação das hipóteses, adicionando-se o raciocínio sobre proposições que se projetam a partir da constatação concreta e atual. Pode-se afirmar tranqüilamente, que é nesse estágio que surge o pensamento formal e a combinatória, incluindo uma série de esquemas operatórios novos, tais como as noções de proporções, certas formas de probabilidades, sistemas duplos de referência, compreensão do equilíbrio hidrostático, etc. Mas então, qual é mesmo a diferença entre as operações concretas e a evolução proporcionada pelas operações formais? Podemos responder a esta questão, ao percebermos que o sujeito que já está no operatório formal atinge as transformações possíveis e só assimila o real em função desses envolvimentos deduzidos ou imaginados. Por outro lado, a criança que está no operatório concreto, ainda está fundamentalmente centrada no real. III . CONCLUSÕES Interessante, também, é a consideração do aspecto temporal na aquisição do conhecimento. Nesse sentido, Piaget afirma que "...o tempo é necessário como duração...", sendo que também "...o tempo é necessário igualmente como ordem de sucessão...". Assim, quando a criança está trabalhando para adquirir um novo raciocínio, não bastam somente alguns dias, mas esta aquisição precisa ser amadurecida e diversos processos intermediários, baseados em substratos, ou seja na obtenção definitiva de subestruturas anteriores, devem ser executados até que o conteúdo esteja bem fixado na mente. As estruturas precisam ser bem aprendidas, de forma a serem armazenadas na memória de longo prazo. Muitas vezes, serão necessárias indefinidas regressões, na busca de instrumentos lógicos preliminares, até que um novo instrumento lógico possa ser definitivamente construído. Por outro lado, também é interessante a afirmação de Piaget, de que na velhice do ser humano, as estruturas parecem se desintegrarem na ordem inversa em que são adquiridas, ou seja, no estágio final, será mesmo que estaríamos de volta ao sensório-motor...? Será mesmo, que perdemos o que adquirimos nos outros estágios mais avançados? E como é que funciona a aquisição de conhecimentos na idade adulta? Será que o adulto também apresenta alguns estágios bem definidos? Como se desenvolve a aquisição de novas estruturas nos estudantes universitários? Da mesma forma, será que a aquisição de novas estruturas é reali zada da mesma forma em estudantes de cursos técnicos, isto é, os estudantes de cursos técnicos adquirem o conhecimento da mesma forma que os estudantes de cursos universitários? Resolvi colocar estas questões pessoais, porque isso agora me ocorreu, e como trabalho com estes dois perfis de estudantes, pensei que seria interessante sociali zar estes meus questionamentos momentâneos, gerados a partir de minhas primeiras leituras dos textos de Jean Piaget... REFERÊNCIAS Piaget, J. (1978) "A epistemologia genética: Sabedoria e ilusões da filosofia; Problemas de psicologia genética", São Paulo, Abril Cultural. Piaget, J. e Inhelder, B. (2003) "A psicologia da criança", Rio de Janeiro, Difel.
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