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AÇÃO PENAL ASPECTOS GERAIS 1 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO PENAL 2 CONDIÇÕES DA AÇÃO 2 CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PENAL 3 CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PARA A CORRENTE MINORITÁRIA (AURY LOPES JÚNIOR) 5 CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO (CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE) 5 CONDIÇÕES DE PROSSEGUIBILIDADE (CONDIÇÃO SUPERVENIENTE DA AÇÃO) 5 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS 6 AÇÃO PENAL PÚBLICA 6 AÇÃO PENAL PRIVADA 7 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À AÇÃO PENAL 7 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À AÇÃO PENAL PÚBLICA E À AÇÃO PENAL PRIVADA 7 PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO (NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO) 7 PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM PROCESSUAL (inadmissibilidade da persecução penal múltipla) 7 PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA 8 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 8 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE (LEGALIDADE PROCESSUAL) 8 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE 8 PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE 9 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA 9 PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE (CONVENIÊNCIA) 9 PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE 9 PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE 10 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 12 AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO 12 AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MJ 14 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA 15 ESPÉCIES: 15 Ação penal privada exclusiva 15 Ação penal privada personalíssima 15 Ação penal privada subsidiária da pública 15 Poderes do MP na Ação Penal Pública Subsidiária 17 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA 17 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS 19 AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 19 AÇÃO PENAL POPULAR 20 AÇÃO PENAL ADESIVA 20 AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL 20 AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA 20 AÇÃO PENAL INDIRETA 21 PEÇA ACUSATÓRIA 21 REQUISITOS 21 PROCURAÇÃO NA QUEIXA-CRIME 23 PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA 24 PRAZO PARA OFERECIMENTO DA QUEIXA 24 PONTOS IMPORTANTES NA JURISPRUDÊNCIA 24 ASPECTOS GERAIS Inicialmente, deve-se destacar que o direito de ação encontra seu fundamento constitucional no art. 5º, XXXV, que prevê que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Adentrando ao conceito do direito de ação, pode-se afirmar que é o direito ao julgamento do mérito da causa (TEORIA ECLÉTICA). Assim, é o direito que a parte tem de pedir ao juiz um pronunciamento sobre o mérito da demanda, conforme estejam presentes ou não as condições da ação. Ou seja, somente é possível o pronunciamento jurisdicional sobre o mérito da causa, se estiverem presentes determinadas condições (condições da ação). Não confunda: direito de ação e a ação (propriamente dita). A ação propriamente dita “é o ato jurídico, ou mesmo a iniciativa de se ir à justiça, em busca do direito, com efetiva prestação da tutela jurisdicional, funcionando como a forma de se provocar o Estado a prestar a tutela jurisdicional.”1 1 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.291. 1 CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO PENAL2 DIREITO PÚBLICO A atividade jurisdicional é de natureza pública (ação penal é um direito público), mesmo quando o Estado transfere ao ofendido a possibilidade de ingressar em juízo. DIREITO SUBJETIVO Possibilidade de exigir do Estado-juiz a prestação jurisdicional. DIREITO AUTÔNOMO Não se confunde com o direito material que se pretende tutelar. DIREITO ABSTRATO Independe do resultado da pretensão acusatória. DIREITO DETERMINADO Por visar solucionar uma pretensão de direito material, é instrumentalmente conexo a um fato concreto. DIREITO ESPECÍFICO Apresenta um conteúdo, que é o fato delituoso atribuído ao acusado. CONDIÇÕES DA AÇÃO A análise das condições da ação é feita unicamente com fundamento nas assertivas (afirmações) contidas na petição inicial do autor (TEORIA DA ASSERÇÃO ou TEORIA DELLA PROSPETTAZIONE), sem aprofundamento probatório. As condições da ação devem ser analisadas, pelo juiz, no momento do juízo de admissibilidade da peça acusatória. Estando presentes, o juiz RECEBERÁ a peça (Art. 396, CPP). Todavia, se quaisquer das condições da ação estiver ausente, deverá o juiz REJEITAR a peça acusatória (Art. 395, II). 2 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.294. Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal ATENÇÃO: Recebida a peça acusatória, percebendo o juiz a AUSÊNCIA de condição da ação, deverá declarar a NULIDADE ABSOLUTA do processo (Art. 564, II, CPP). Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: II - Por ilegitimidade de parte; Segundo Renato Brasileiro (2020, p.296), “Em sede processual penal, a presença dessas condições da ação deve ser analisada por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória. A denúncia ou queixa deve ser rejeitada pelo magistrado quando faltar condição para o exercício da ação penal (CPP, art. 395, II). Se, no entanto, isso não ocorrer por ocasião do juízo de admissibilidade da peça acusatória, é perfeitamente possível o reconhecimento de nulidade absoluta do processo, em qualquer instância, com fundamento no art. 564, inciso II, do CPP – o dispositivo refere-se apenas à ilegitimidade de parte, mas, por analogia, também pode ser aplicado às demais condições da ação penal. Há quem entenda que também seria possível a extinção do processo sem julgamento do mérito, aplicando-se, por analogia, o disposto no art. 485, VI, do NCPC”. No processo penal, as condições da ação são subdivididas em: 1) Genéricas: devem estar presentes em todas as ações penais; e 2) Específicas (de procedibilidade): devem estar presentes em apenas algumas ações penais, v.g. representação do ofendido). 2 CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PENAL Temos aqui duas correntes doutrinárias: 1ªC (MAJORITÁRIA) 2ªC (AURY LOPES JUNIOR) As condições seriam as mesmas do processo civil, adicionando-se a “justa causa”. Assim, teríamos legitimidade, interesse e justa causa para a ação penal. Portanto, aplicamos aqui o Art. 17 do CPC. O processo penal tem peculiaridades que demandam condições próprias do processo penal, quais sejam: a) Fato aparentemente criminoso; b) Punibilidade concreta; c) Legitimidade e justa causa. Vejamos agora cada uma das condições... 1) LEGITIMIDADE AD CAUSAM: É a pertinência subjetiva para a ação, ou seja, é a capacidade de constar do polo ativo ou do polo passivo da ação penal. a) Legitimidade ativa: ❖ Ação penal pública: Ministério Público (dominus littis), conforme o Art. 129, I da CF. ❖ Ação penal privada: O querelante (sujeito passivo da infração). ATENÇÃO: Súmula 714 do STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.” Cuidado com o teor da Súmula nº 714 do STF, pois, conforme a doutrina e jurisprudência majoritárias, trata-se de uma legitimidade alternativa, isto é, ou o ofendido representa e o MP oferece a denúncia ou o ofendido resolve, por si só, oferecer a queixa-crime. Não é possível, portanto, que, ao mesmo tempo, o ofendido represente e ofereça a queixa-crime, devendo optar por uma das opções. b) Legitimidade passiva: Pode ser acusado do cometimento de infração penal: - Pessoa física com 18 anos completos, inclusive o inimputável por anomalia mental; - Pessoa jurídica, em crimes ambientais. Observação: A jurisprudência pátria superou a TEORIA DE DUPLA IMPUTAÇÃO, não sendo mais condicionante da responsabilização da pessoa jurídica que a pessoa física também seja responsabilizada. Assim, atualmente, é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome.3 Segundo o entendimento atual da jurisprudência, é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudêncianão mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714)4. 4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Responsabilidade penal da pessoa jurídica e abandono da dupla imputação. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/25 3f7b5d921338af34da817c00f42753>. 3 https://www.dizerodireito.com.br/2015/10/e-possivel-responsabilizaca o-penal-da.html 3 Não confunda5: “Legitimidade ad causam não se confunde com legitimatio ad processum, fenômeno relacionado à capacidade de estar em juízo, tida como pressuposto processual de validade. Essa capacidade processual refere-se à capacidade de exercer direitos e deveres processuais, ou seja, de praticar validamente atos processuais. É o que ocorre com um ofendido menor de 18 (dezoito) anos, que não tem capacidade processual para oferecer queixa-crime, razão pela qual sua incapacidade é suprida por seu representante legal.” “Capacidade processual, por sua vez, não se confunde com capacidade postulatória, assim compreendida a aptidão para postular perante órgãos do Poder Judiciário. Supondo, assim, ofendido que não seja advogado inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, o ajuizamento da queixa-crime deverá ser feito por advogado com poderes especiais (CPP, art. 44).” “Não se pode confundir o conceito de legitimidade ad causam com o de capacidade de ser parte, pressuposto de existência de um processo. A capacidade de ser parte deriva da personalidade, consistindo na capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações (CC, art. 1º). No âmbito processual penal, além de pessoas físicas e jurídicas, é interessante perceber que alguns “entes” também são considerados como pessoas formais.” 2) INTERESSE DE AGIR: É composto por 3 elementos: a) Necessidade; b) Adequação; c) Utilidade. a) Necessidade de obtenção da tutela jurisdicional pleiteada: No processo penal, a ação penal é sempre necessária para obtenção de uma 5 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.299. sentença condenatória definitiva (nulla poena sine judicio), ante o devido processo penal. Observação: Segundo Renato Brasileiro (2020, p. 302), “A ressalva à possibilidade de aplicação de pena sem processo no âmbito processual penal fica por conta da transação penal no âmbito dos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95, art. 76). Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos, deverá o titular da ação penal formular proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou de multa. Nesse caso, ainda não há processo. O ato compositivo ocorre por ocasião da audiência preliminar, logo, antes do oferecimento da denúncia.” b) Adequação entre o pedido e a proteção jurisdicional que se pretende obter: No processo penal, a ação penal condenatória sempre será adequada à obtenção da tutela jurisdicional pretendida (sentença condenatória). A relevância da adequação se fará presente nas ações penais não condenatórias (HC). Vejamos a súmula 693, STF: “Não cabe ‘habeas corpus’ contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.” c) Utilidade: Só será útil a ação penal em que haja a possibilidade concreta de aplicação de uma sanção penal (v.g. prescrição virtual – Não é aceita pelos tribunais superiores). Observação: O STF e o STJ consideram inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, também denominada de prescrição virtual, em perspectiva, por prognose”, “projetada” ou “antecipada” (Súmula 438-STJ) Mas, como ressalta Renato Brasileiro (2020, p. 305) ao falar sobre o interesse de agir, “qual seria a utilidade de um processo penal, com grande desperdício de atos processuais, de tempo, de trabalho humano, etc., se, antecipadamente, já se pode antever que não haverá resultado algum?” 4 3) JUSTA CAUSA: Trata-se do lastro probatório mínimo que dá suporte à acusação, evitando-se a instauração de processos criminais temerários. A deflagração da ação exige que haja, cumulativamente: a) Certeza da existência da infração penal; b) Indícios suficientes de autoria. A justa causa para a ação penal é obtida, como regra, pelos elementos de informação produzidos na fase investigatória no bojo do inquérito policial ou de outro procedimento investigatório preliminar à ação penal. A peça acusatória oferecida sem justa causa deverá ser REJEITADA pelo juiz. Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. ATENÇÃO: JUSTA CAUSA DUPLICADA - Trata-se de um instituto inerente à Lei de Lavagem de Dinheiro. É necessidade de instruir a denúncia com lastro probatório mínimo do crime de lavagem de dinheiro e também do crime antecedente (Art. 2º, §1º Lei 9.613/98). CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PARA A CORRENTE MINORITÁRIA (AURY LOPES JÚNIOR) Para esta corrente, as condições deveriam ser buscadas no antigo Art. 43 do CPP (revogado em 2008). 1) FATO APARENTEMENTE CRIMINOSO: O fato imputado dever ser, aparentemente, típico, ilícito e culpável. Exceção: inimputabilidade por anomalia mental. 2) PUNIBILIDADE CONCRETA: Para que o mérito da ação seja julgado, a punibilidade não pode ter sido extinta. Ou seja, nenhuma das hipóteses do Art. 107 do CP podem estar presentes para que o mérito da ação possa ser julgado. 3) LEGITIMIDADE DE PARTE: Mesma da primeira corrente. 4) JUSTA CAUSA: Mesma da primeira corrente. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO (CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE) Além das condições genéricas, são aquelas exigidas pela lei para que o mérito de uma ação penal possa ser julgado. Exemplos: a) Representação do ofendido (Art. 147, §único); b) Requisição do Ministro da Justiça (crimes contra a honra do PR); c) Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial (Art. 525, CPP); d) Provas novas, quando o inquérito policial tiver sido arquivado com base na ausência de elementos probatórios; e) Autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, para a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado (CF, art. 51, I). Não confundir as condições de procedibilidade com as condições de PROSSEGUIBILIDADE. CONDIÇÕES DE PROSSEGUIBILIDADE (CONDIÇÃO SUPERVENIENTE DA AÇÃO) São aquelas que devem estar presentes para que um processo já em andamento possa prosseguir. Exemplo 1: Restauração da sanidade mental em caso de insanidade superveniente ao crime: 5 Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2° do art. 149. Exemplo 2: A representação superveniente do ofendido nos processos em curso de lesão corporal leve e culposa, a partir da entrada em vigor da Lei 9.099/95. Não confundir: CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE CONDIÇÕES DE PROSSEGUIBILIDADE Devem estar presentes para que a ação penal tenha início.6 Devem estar presentes para que a ação penal já em curso possa prosseguir. CONDIÇÕES DA AÇÃO CONDIÇÕES OBJETIVAS DE PUNIBILIDADE “Relacionadas ao direito processual penal, sendo exigidas para o exercício regular do direito de ação, subdividindo-se em condições genéricas e específicas”. 7 “Referem-se ao direito penal, funcionando como fatos externos ao tipo penal, que devem ocorrer para a formação de um injusto culpável punível, sendo chamadas de objetivas porquanto independem do dolo ou da culpa do agente.” “Se não estiver presente uma condição de procedibilidade, ocorre a anulação do processo e não a absolvição do agente, pois não há, em regra, analise do mérito, ou seja, nada impede a “A ausência de uma condição objetiva de punibilidade impede o início da persecução criminal; porém, proposta a ação penal, haverá decisão demérito e, portanto, formação de 7 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.312. 6 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.311. renovação do processo, desde que seja removido o impedimento processual. Em outras palavras, tal decisão só faz coisa julgada formal.” coisa julgada formal e material.” CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS AÇÃO PENAL PÚBLICA Como regra, a ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente declara privativa do ofendido. ● TITULARIDADE: Ministério Público, conforme o Art. 129 da CF. ● PEÇA ACUSATÓRIA: Conforme o Art. 24 do CPP, a ação penal pública será promovida por DENÚNCIA do Ministério Público. ● ESPÉCIES: 1) Ação penal pública incondicionada: a atuação do órgão ministerial independe do implemento de qualquer condição específica. 2) Ação penal pública condicionada:a atuação do Ministério Público está subordinada ao implemento de uma condição – representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. 8 No que tange à ação penal condicionada, ainda que o MP veja justa causa, ela necessita de determinadas condições. CPP: Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de 8 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.318. 6 quem tiver qualidade para representá-lo. AÇÃO PENAL PRIVADA Quando a lei expressamente declarar. No silêncio da lei, a ação penal é pública. ● TITULARIDADE: Conforme o Art. 30 do CPP, a titularidade é do ofendido ou de seu representante. “Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.” ● PEÇA ACUSATÓRIA: Conforme o Art. 100, §2º do CP: a ação de iniciativa privada é promovida mediante QUEIXA do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. ● ESPÉCIES: 1) Ação penal de iniciativa privada exclusiva: regra nas ações penais de iniciativa privada. 2) Ação penal de iniciativa privada personalíssima: a queixa só pode ser oferecida pelo próprio ofendido, não sendo possível sucessão processual. Subiste apenas no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (CP, art. 236, parágrafo único). 3) Ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública (ou ação penal acidentalmente privada): seu cabimento está subordinado à inércia do Ministério Público. Ou seja, ocorre quando em um crime de ação penal pública o MP não oferece a denúncia e não toma outras medidas no prazo legal. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À AÇÃO PENAL PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À AÇÃO PENAL PÚBLICA E À AÇÃO PENAL PRIVADA 1) PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO (NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO) Ao juiz não é dado iniciar uma ação de ofício. Não poderá o magistrado deflagrar uma ação penal sem que ele tenha sido provocado pela parte legítima. Ao adotar o sistema acusatório, a Constituição não permite que o juiz dê início à ação penal de ofício, sem provocação da parte. ● Procedimento Judicialiforme: Não recepção pela CF/88. Art. 26, CPP. A ação penal, nas CONTRAVENÇÕES, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial. Trata-se de norma materialmente incompatível com a Constituição Federal. Isso pelo fato de que a titularidade da ação penal pública é do MP. ATENÇÃO: O juiz não pode iniciar ação penal de CONHECIMENTO de ofício, mas a fase de EXECUÇÃO pode ser iniciada de ofício, conforme o Art. 195, LEP: Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício, a requerimento do Ministério Público, do interessado, de quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descendente, mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou, ainda, da autoridade administrativa. 2) PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM PROCESSUAL (inadmissibilidade da persecução penal múltipla) Ninguém pode ser processado mais de uma vez pela mesma imputação. Apesar de não constar expressamente da Constituição Federal, o princípio do ne bis in idem consta da Convenção Americana sobre Direitos Humanos: Art. 8, item 4 do pacto de São José da Costa Rica: “O acusado absolvido por sentença passada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos”. 7 Assim, ainda que novas provas sejam colhidas, não poderá ser novamente processado. Segundo Renato Brasileiro (2020, 321), “Só se pode falar em aplicação do princípio do ne bis in idem se o fato delituoso atribuído ao agente em ambos os processos criminais for idêntico.” Ademais, ressalva que “Não há falar em violação ao princípio do ne bis in idem processual na eventualidade de imputações idênticas contra o mesmo acusado tramitarem em países diversos (...) pendência de julgamento de litígio no exterior não teria o condão de impedir, por si só, o processamento da ação penal no Brasil, não configurando bis in idem. A regra é que apenas a sentença definitiva oriunda de distintos Estados soberanos – e não a existência de litígio pendente de julgamento – possa obstar a formação, a continuação ou a sobrevivência da relação jurídica processual que configuraria a litispendência.” 3) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA A ação penal só pode ser oferecida contra o suposto autor do fato delituoso, não podendo alcançar terceiros não relacionados ao fato. Trata-se de um princípio consectário do princípio da pessoalidade da pena, previsto no art. 5º, XLV, da Constituição Federal. Art. 5º (...) XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 1) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE (LEGALIDADE PROCESSUAL) Havendo justa causa, o MP está obrigado a oferecer denúncia, conforme o Art. 24, CPP: Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta SERÁ promovida por denúncia do Ministério Público, (...). ATENÇÃO: Exceções (OBRIGATORIEDADE MITIGADA ou DISCRICIONARIEDADE REGRADA): a) Transação Penal (infrações penais de menor potencial ofensivo – Art. 76, Lei 9.099/95); b) Acordo de Leniência (crimes contra a ordem tributária econômica – Lei 12.529/11); c) Parcelamento do débito tributário (Art. 83, §§1º e 2º, Lei 9.430/96); d) Colaboração premiada (organizações criminosas – Art. 4º, §4º, Lei 12.850/12); e) Acordo de não persecução penal (Art. 28-A, CPP). 2) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE Decorre logicamente do primeiro, não podendo o MP desistir da ação penal, conforme o Art. 42 do CPP: “Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.” Da mesma forma, não pode o MP desistir de recurso por ele mesmo interposto: “Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.” Obviamente isso não impede o MP de pedir a absolvição do acusado, ao final do processo. Conforme o Art. 385, CPP: Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. 8 ATENÇÃO: Exceção - INDISPONIBILIDADE MITIGADA ou DISCRICIONARIEDADE REGRADA: suspensão condicional do processo, prevista na Lei 9.099/95. 3) PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE 1ªC (Divisibilidade – MAJORITÁRIA) 2ªC (Indivisibilidade – MINORITÁRIA) O MP pode denunciar alguns autores e prosseguir as investigações em relação aos demais. É a posição que prevalece no STJ e STF. O MP não tem a absoluta discricionariedade para escolher quem vai processar ou não. Na verdade, o princípio diz que o MP poderá denunciar aqueles contra quem haja indícios de autoria já sedimentados, e prosseguir as investigações contra aqueles contra os quais ainda não haja elementos de autoria e materialidade. Havendo justa causa, o MP deverá denunciar todos os investigados. É o entendimento de Renato Brasileiro, Fernando da CostaTourinho Filho, Aury Lopes Jr. e outros. Conclusão: Perceba que, na verdade, as duas correntes dizem a mesma coisa de formas distintas. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA 1) PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE (CONVENIÊNCIA) O ofendido ou seu representante legal podem optar pelo oferecimento ou não da queixa-crime, atendendo a critérios próprios de conveniência e oportunidade. Contrasta com o princípio da obrigatoriedade. Se o ofendido não tiver interesse em propor a ação penal privada, há duas possibilidades: a) Renúncia ao direito de queixa: o ofendido abre mão do direito de queixa (explícita ou implicitamente). Independe de aceitação do agente. b) Decadência: O ofendido deixa escoar o prazo de 6 MESES, da data do conhecimento da autoria, para propor a queixa-crime. Observações: - Tanto a renúncia ao direito de queixa quanto a decadência se aplicam antes do início do processo penal, ainda na fase pré-processual, por isso se relacionam ao princípio da oportunidade ou conveniência. - Em ambos os casos (decadência e renúncia) temos causas extintivas da punibilidade. 2) PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE O querelante poderá desistir da ação penal privada em andamento (desistência). Temos 3 formas de desistência: a) Perdão do ofendido: O querelante perdoa o querelado, que precisa ACEITAR o perdão; b) Perempção: Se o querelado não aceitar o perdão, é possível desistir do processo, deixando o querelante de dar andamento à ação penal privada (negligência). c) Conciliação nos crimes contra a honra. “Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado pelo querelante o termo da desistência, a queixa será arquivada.” Observação: Os institutos que se relacionam ao princípio da Disponibilidade ocorrem após o início do processo penal, isto é, já na fase processual, diferentemente do que ocorre no princípio da Conveniência ou Oportunidade. 9 3) PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE Nas Lições de Renato Brasileiro: “(...) se optar pelo oferecimento da queixa, uma coisa é certa: o querelante não pode escolher quem vai processar; ele está obrigado a processar todos os autores do delito, por força do princípio da indivisibilidade.”9 Conforme o Art. 48, CPP: “Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.” Perceba que o MP é o fiscal do princípio da indivisibilidade na ação penal privada. Constatada a inobservância do princípio em comento surgem duas possibilidades: ● Se a omissão em incluir determinado autor/partícipe foi proposital: considera-se renúncia ao direito de queixa, o que se estende aos demais. ● Se a omissão foi involuntária: o MP deve se manifestar para que o querelante adite a inicial para incluir os demais autores/partícipes. Decorrem do princípio da indivisibilidade as seguintes regras: a) Renúncia concedida a um dos acusados estende-se aos demais; “Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.” b) Perdão concedido a um dos querelados estende-se aos demais, desde que haja aceitação. 9LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.311. “Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.” QUADRO COMPARATIVO DOS PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL10 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA Princípio do ne procedat iudex ex officio: com a adoção do sistema acusatório pela Constituição Federal, ao juiz não é dado iniciar um processo de ofício. O denominado processo judicialiforme, por meio do qual o juiz dava início a um processo por meio de portaria, não foi recepcionado pela Constituição Federal. Princípio do ne procedat iudex ex officio: também se aplica à ação penal de iniciativa privada. Princípio do ne bis in idem: ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação. Previsto expressamente na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 678/92, art. 8º, nº 4) Princípio do ne bis in idem: também se aplica à ação penal de iniciativa privada. Princípio da intranscendência: a ação penal pública só pode ser proposta em relação ao provável autor do delito. Princípio da intranscendência: a ação penal de iniciativa privada só pode ser proposta em relação ao provável autor do delito. 10 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.331/332 10 Princípio da Obrigatoriedade (ou legalidade processual): presentes as condições da ação penal e havendo justa causa para a deflagração de um processo criminal, o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia. Deriva do art. 24 do CPP e do art. 30 do CPPM. Exceções ao princípio da obrigatoriedade: 1) Transação penal (art. 76 da Lei nº 9.099/95); 2) Acordo de leniência (Lei nº 12.529/11, arts. 86 e 87 ); 3) Termo de ajustamento de conduta (Lei nº 7.347/85, art. 5º, § 6º); 4) Parcelamento do débito tributário (Lei nº 9.430/96, art. 83, § 2º, com redação dada pela Lei nº 12.382/11); 5) Colaboração premiada na nova Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/13, arts. 4º a 7º); 6) Acordo de não persecução penal (Resolução n. 181 do CNMP, art. 18); Princípio da oportunidade ou da conveniência: mediante critérios próprios de oportunidade ou conveniência, o ofendido pode optar pelo oferecimento (ou não) da queixa-crime. Caso não pretenda exercer seu direito, pode permanecer inerte durante o curso do prazo decadencial, ou renunciar (expressa ou tacitamente) ao direito de queixa, situações que darão ensejo à extinção da punibilidade em relação aos crimes de ação penal exclusivamente privada e de ação penal privada personalíssima, nos termos do art. 107, inciso IV e V, do Código Penal. Princípio da indisponibilidade: se, por conta do princípio da obrigatoriedade, o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia, não pode Princípio da disponibilidade: se a ação penal de iniciativa privada está sujeita a critérios próprios de oportunidade ou conveniência do desistir da ação penal pública, nem tampouco do recurso que haja interposto (CPP, arts. 42 e 576). Isso, todavia, não significa dizer que o Ministério Público não possa pedir a absolvição do acusado. Exceção ao princípio da indisponibilidade: 1) suspensão condicional do processo (Lei nº 9.099/95, art. 89); ofendido ou de seu representante legal, isso significa dizer que o querelante poderá dispor do processo penal em andamento. Formas de disposição: 1) perdão do ofendido: tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade nos crimes de ação penal exclusivamente privada ou personalíssima, porém, ao contrário da renúncia, depende de aceitação do querelado; 2) perempção: é a perda do direito de prosseguir com o exercício da ação penal exclusivamente privada ou personalíssima em virtude da desídia do querelante, com a consequente extinção da punibilidade; 3) conciliação e assinatura de termo de desistência, no procedimento dos crimes contra a honra de competência do juiz singular (CPP, art. 522). Princípio da (in) divisibilidade: parte da doutrina entende que vigora na ação penal pública o princípio da indivisibilidade. Logo, havendo lastro probatório contra todos os coautores e partícipes, o Ministério Público é obrigado a oferecer Princípio da indivisibilidade: o ofendido não é obrigado a agir (princípio da oportunidade ou conveniência). Porém, se quiser exercer seu direito de queixa-crime, é obrigado a exercê-lo em relação a todos os coautores e partícipes do 11 denúncia contra todos (nossa posição). Outra parte da doutrina e a jurisprudência majoritária entende que vigora o princípio da divisibilidade, significando que o Parquet pode oferecer denúncia contra certos agentes, sem prejuízo do aprofundamento das investigações quanto aos demais envolvidos. fato delituoso. Como dispõe o art. 48 do CPP, o processo de um obriga ao processo de todos. Como consequência desse princípio, a renúncia ao exercício do direito dequeixa em relação a um dos autores do crime estende-se aos demais (CPP, art. 49). Da mesma forma, o perdão concedido a um dos querelados aproveita a todos, salvo se um deles não o aceitar (CPP, art. 51). O fiscal desse princípio é o Ministério Público, que não tem legitimidade ad causam para aditar a queixa crime para incluir coautores. Verificando-se que a omissão do querelante fora voluntária, haverá renúncia tácita, extensiva a todos os envolvidos. Afinal, se sabia da existência de outros coautores e partícipes, e deixou de inclui-los no polo passivo da demanda, é porque renunciou ao direito de ação quanto a eles, renúncia esta que se estende aos demais, nos termos do art. 48 do CPP. Se, todavia, a omissão do querelante foi involuntária, deve o MP instar o querelante a aditar a queixa-crime para incluir os demais envolvidos, sob pena de caracterização de renúncia tácita, acarretando a extinção da punibilidade de todos os envolvidos. Princípio da oficialidade: a legitimidade para a persecução penal recai sobre órgãos do Estado, tanto na fase pré-processual, quanto na fase processual. Princípio da oficialidade: aplica-se à ação penal de iniciativa privada, porém apenas na fase pré-processual. Princípio da autoritariedade: o órgão responsável pela persecução criminal é autoridade pública, tanto na fase pré-processual, quanto na fase processual. Princípio da autoritariedade: aplica-se à ação penal de iniciativa privada, porém apenas na fase pré-processual. Princípio da oficiosidade: nos crimes de ação penal pública incondicionada, as autoridades estatais são obrigadas a agir de ofício, independentemente de provocação do ofendido ou de terceiros. Princípio da oficiosidade: não se aplica à ação penal de iniciativa privada, já que, mesmo na fase investigatória, a atuação da polícia investigativa depende de prévio requerimento do ofendido ou de seu representante legal. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO Representação: A representação nada mais é do que a manifestação do ofendido ou de seu representante no sentido de que possui interesse na persecução penal do autor do fato criminoso. 12 Natureza Jurídica: Trata-se de uma CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE. Necessário, portanto, que as condições genéricas estejam presentes e a representação. Em outras palavras, sem o seu implemento a ação penal não pode ter início. Desnecessidade de formalismo: Não há necessidade de maiores formalidades para a representação. Basta que a vítima demonstre de forma clara que ela tem interesse na persecução penal. Assim, o Art. 39 dispõe: “Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.” Destinatários da representação: Conforme o dispositivo que acabou de ser citado, temos: a) Juiz; b) MP; c) Autoridade policial. Titularidade (quem pode representar?): 1) Ofendido maior e capaz: Essa representação pode ser realizada pessoalmente ou por meio de procurador COM PODERES ESPECIAIS. 2) Ofendido menor de 18 anos ou maior com anomalia mental: Aqui o REPRESENTANTE LEGAL oferecerá a representação. 3) Ofendido menor de 18 anos ou maior com anomalia mental sem representante legal ou com representante com interesses colidentes: Neste caso, nomear-se-á um CURADOR ESPECIAL para oferecer representação. Conforme o Art. 33, CPP: “Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.” Observação: Essa norma se aplica por analogia à queixa-crime. 4) Morte ou Ausência da vítima: Neste caso, teremos o direito de representação sendo transmitido a: a)Cônjuge; b) Ascendente; c)Descendente; d) Irmão. Conforme o Art. 31: “Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.” Observações: - A doutrina inclui aqui o companheiro. Todavia, esse dispositivo diz respeito ao direito de punir e isso acaba ampliando o poder punitivo estatal, gerando assim uma verdadeira “analogia in malam partem”. O STJ entendeu que o companheiro possui legitimidade para ajuizar ação penal privada. A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo status de cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a ação penal privada. STJ. 13 Corte Especial. APn 912-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019 (Info 654).11 - Ordem preferencial para o oferecimento da representação. Assim, seguimos a ordem elencada. - Aplica-se essa ordem de preferência à queixa crime. ATENÇÃO: Em caso de divergência no CADI, prevalece a vontade de quem deseja dar início ao processo. Prazo do sucessor: O sucessor terá direito ao prazo restante. Assim, morrendo o ofendido ou sendo declarado ausente, seu sucessor não terá restituído o prazo para oferecer representação. Exemplo: Já se passaram 2 meses do prazo decadencial e a vítima morre, o sucessor terá mais 4 meses para representar. Observação: Isso também se aplica à queixa. Prazo decadencial para o oferecimento da representação: Aplica-se tanto à representação quanto à queixa. Conforme o Art. 38: “Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.” 11 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Apesar de o § 1º do art. 24 do CPP falar apenas em “cônjuge”, a companheira (hetero ou homoafetiva) também possui legitimidade para ajuizar ação penal privada. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b3 f445b0ff5a783ec652cdf8e669a9bf>. Retratação da representação: Uma vez oferecida a representação, é possível retratar-se (voltar atrás) dela até o OFERECIMENTO da denúncia. “Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.” ATENÇÃO: LEI MARIA DA PENHA - É permitida a retratação (equivocadamente chamada de renúncia) até o RECEBIMENTO da denúncia. “Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.” Retratação da retratação da representação: Feita a representação, a vítima se retrata (não deseja mais representar). Depois, a vítima se arrepende de retratar-se, querendo representar novamente. É possível? Prevalece que: É POSSÍVEL, desde que respeitado o prazo decadencial de 6 meses. Eficácia objetiva da Representação: Feita a representação contra apenas um dos coautores ou partícipes, ela se ESTENDE aos demais autores. ATENÇÃO: Uma vez realizada a representação em relação a um fato criminoso, ela NÃO SE ESTENDE aos demais fatos criminosos. AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MJ Requisição do Ministro da Justiça: É a manifestação de vontade do Ministro da Justiça no sentido de que possui interesse na persecução penal do fato delituoso. 14 Natureza Jurídica: Trata-se de condição específica da ação penal (condição de procedibilidade). Em outras palavras, sem o seu implemento a ação penal não pode ter início. Não vinculação (Independência funcional do Ministério Público): A requisiçãonão vincula o MP (independência funcional). O MP somente deverá denunciar se houver justa causa. Prazo decadencial? Não há prazo decadencial para a requisição: O crime só se sujeita ao prazo prescricional. AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA ASPECTOS GERAIS: Há situações em que o Estado, titular do direito de punir, transfere ao particular o direito de PERSEGUIR a pena, legitimando-o à propositura da ação penal (privada). DIREITO DE PUNIR DIREITO DE PERSEGUIR A PENA Estado (indelegável) O Estado pode delegar ao particular (ação penal privada). Observação: Lembre-se que no silêncio da lei, a ação penal será pública incondicionada. Somente quando a lei expressamente mencionar que “somente se procede mediante queixa” é que a ação penal será privada. Na ação penal privada, temos como peça inicial acusatória a QUEIXA-CRIME, que deverá ser proposta por intermédio de um profissional da advocacia, inscrito da OAB, com capacidade postulatória. ESPÉCIES: ● Ação penal privada exclusiva Nesta que é a REGRA, em caso de morte ou ausência do ofendido, ocorre a SUCESSÃO PROCESSUAL, assumindo o polo ativo o CADI. “Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.” ● Ação penal privada personalíssima O direito de ação só pode ser exercido pelo ofendido. Em caso de morte do ofendido, não haverá sucessão processual: haverá extinção da punibilidade, seja pela decadência (queixa ainda não proposta), seja pela perempção (queixa já em trâmite). ATENÇÃO: Temos aqui UM ÚNICO EXEMPLO: Induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento (Art. 236, CP). Assim, somente o contraente enganado pode propor a queixa-crime. ● Ação penal privada subsidiária da pública Inicialmente, trata-se de um direito fundamental da vítima, conforme o Art. 5º, LIX da CF: “Art. 5º (...) LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;” Assim, diante da inércia do MP em oferecer a denúncia, em crime de ação penal pública, a vítima passa a ser COLEGITIMADA à propositura da ação penal, mediante queixa-crime substitutiva. Perceba que esta ação penal é essencialmente pública. Todavia, esgotado o prazo para o MP oferecer a denúncia, a vítima passa a ser colegitimada. Isso não significa, entretanto, que o MP não deixa de ser legitimado, mas a vítima também passa a ter legitimidade ativa concorrente. ATENÇÃO: O direito de ação privada subsidiária é inaplicável nos CRIMES VAGOS, pois delitos sem vítima determinada, v.g. crime de perigo abstrato. 15 Cabimento: A ação privada subsidiária só é cabível em caso de inércia do MP, após o prazo legal para oferecimento da denúncia (no CPP: 15 dias, se solto; 05 dias, se preso). “Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. (...) Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.” Arquivamento do Inquérito pelo Ministério Público: Em caso de arquivamento, não houve inércia do MP, logo, não caberá a propositura de queixa subsidiária. Hipóteses na Legislação Penal Especial: 1) Crimes do Código de Defesa do Consumidor: Temos aqui entidade e órgãos da Administração direta ou indireta e Associações podem propor ação privada subsidiária da pública (Art. 80 e 82 do CDC). “Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.” “Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: (...) III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; (exemplo: PROCON) IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear. (exemplo: Proteste)” 2) Crimes falimentares: Temos aqui a possibilidade de o administrador judicial ou o credor habilitado. “Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. Parágrafo único. Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1º, sem que o representante do Ministério Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6 (seis) meses.” Prazo DECADENCIAL para o oferecimento da queixa subsidiária: 6 meses. Início do prazo: O prazo do ofendido para propor a queixa subsidiária começa a ser contado assim que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia do MP. 16 “Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.” Se o investigado for solto, o MP terá o prazo de 15 dias. Assim, a partir do 16º dia, começa a correr o prazo da vítima para oferecer a queixa substitutiva. DECADÊNCIA IMPRÓPRIA: Findo o prazo decadencial para que a vítima ofereça queixa subsidiária, não ocorrerá extinção da punibilidade, porque o MP ainda poderá oferecer a denúncia até o término do prazo prescricional. A decadência do direito de queixa subsidiária, portanto, não extingue a punibilidade. Vejamos o seguinte quadro: Até o 15º dia em caso de investigado solto: A partir do 16º dia e até 6 meses depois: Passados os 6 meses: Somente o MP pode oferecer a denúncia. Teremos legitimidade concorrente em que a vítima pode propor a ação privada subsidiária e o MP a denúncia. Ocorre a decadência imprópria em relação à vítima, mas o MP continua a ser legitimado para oferecer a denúncia até o término do prazo prescricional. Poderes do MP na Ação Penal Pública Subsidiária “Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.” Temos, portanto, os seguintes poderes: a) Aditar a queixa-crime (v.g. querelante não incluiu um crime); b) Repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva (v.g. queixa inepta); c) Intervir em todos os termos do processo (v.g. participar de audiências); d) Fornecer elementos de prova (v.g. arrolar testemunhas e juntar documento); e) Interpor recurso; f) Retomar a titularidade da ação, em caso de negligência do querelante (AÇÃO PENAL INDIRETA). EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA DECADÊNCIA: é a perda do direito de açãopenal privada ou de representação em virtude de seu não exercício no prazo legal. - Natureza jurídica: Tem natureza de causa extintiva de punibilidade (Art. 107, IV, CP). Além disso, trata-se de um prazo FATAL e improrrogável: Não se suspende, nem se interrompe. 17 - Contagem: Como causa extintiva da punibilidade, o prazo é de natureza MATERIAL. Assim, conta-se conforme o Art. 10 do CP: “Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.” - Início do prazo: O prazo de 6 meses será contado a partir do momento do conhecimento da autoria da infração penal. Aplicamos aqui a TEORIA DA ACTIO NATA. RENÚNCIA: ato unilateral pelo qual o ofendido abre mão do direito de queixa. Logo, não há necessidade de que haja concordância do agente criminoso. A renúncia materializa o PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE (o ofendido ou seu representante legal podem optar pelo oferecimento ou não da queixa-crime). - Natureza jurídica: Causa extintiva da punibilidade (Art. 107, V, CP). - Cabimento: Apenas na ação penal exclusiva e na personalíssima. Não cabe na subsidiária. Lembre-se que a ação subsidiária é essencialmente pública. Observações: O fato de o ofendido receber a indenização do dano causado pelo crime não implica em renúncia tácita - art. 104, parágrafo único, CP. “Art. 104. Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.” COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS (JECRIM) - Trata-se de renúncia ao direito de queixa. Conforme o Art. 74, §único da Lei 9.099/95: “Art. 74 (...) Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.” PERDÃO DO OFENDIDO: ato bilateral pelo qual, no curso do processo, o querelante resolve perdoar o querelado. Temos aqui a materialização do PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE (o querelante poderá desistir da ação penal privada em andamento (DESISTÊNCIA). O perdão exige a aceitação do querelado (pois é ato bilateral). Conforme o Art. 58, CPP: “Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de 3 dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.” - Natureza Jurídica: Trata-se de causa de extinção da punibilidade (Art. 107, V, CP). - Cabimento: Só terá cabimento na ação privada exclusiva e na personalíssima. - Se o querelado não aceitar o perdão, o que poderá o querelante fazer? Poderá provocar a perempção. - Qual o limite do perdão do ofendido? É possível o perdão até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (Ver. 106, §3º, CP). Não confundir12: RENÚNCIA PERDÃO DO OFENDIDO Causa extintiva da punibilidade nas hipóteses de ação penal exclusivamente privada e Causa extintiva da punibilidade nas hipóteses de ação penal exclusivamente privada e 12 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.355/356 18 de ação penal privada personalíssima. de ação penal privada personalíssima. Decorre do princípio da oportunidade ou conveniência Decorre do princípio da disponibilidade. Ato unilateral: não depende de aceitação Ato bilateral: depende de aceitação do querelado É concedida antes do início do processo (até o oferecimento da queixa-crime). É concedido durante o curso do processo. Por força do princípio da indivisibilidade, a renúncia concedida a um dos coautores ou partícipes do delito estende-se aos demais. Por força do princípio da indivisibilidade, o perdão concedido a um dos querelados estende-se aos demais, mas desde que haja aceitação. PEREMPÇÃO: perda do direito de prosseguir na ação, em virtude de negligência do querelante. “Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.” - Natureza Jurídica: Trata-se de causa de extinção da punibilidade (Art. 107, IV, CP). - Cabimento: ação privada exclusiva e personalíssima OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Diante da inércia de um órgão estatal, outro órgão estatal oferecerá a ação penal, em substituição. Sua inserção como espécie de ação penal pública não é ponto pacífico na doutrina.13 1) Crime de Responsabilidade de prefeitos (Decreto-Lei 201/67): Se o MPE (PGJ) permanecer inerte em oferecer a ação penal contra o prefeito, será possível pedir providências ao PGR (MPF). A doutrina entende que este dispositivo atenta contra a autonomia dos ministérios públicos estaduais, sendo não recepcionado pela CF. 2) Código Eleitoral (Art. 357, §§ 3º e 4º): Se o promotor eleitoral não oferecer denúncia, o juiz poderá solicitar ao procurador regional eleitoral a designação de outro promotor para oferecer a denúncia ou oferecerá pessoalmente denúncia. Vejamos: “Art. 357 (...) § 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal. § 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o juiz solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia.” 13 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.318. 19 3) Incidente de Deslocamento de Competência (violação a direitos humanos): Conforme o Art. 109, §5º da CF: “Art. 109 (...) § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” AÇÃO PENAL POPULAR Parcela da doutrina discute a possibilidade de qualquer do povo propor uma ação penal. Hipóteses: - HABEAS CORPUS: O CPP prevê que o HC pode ser proposto por qualquer pessoa. Assim, parcela da doutrina aponta o HC como exemplo possível de ação penal popular. Todavia, outra parcela critica no seguinte sentido: Não se trata de ação penal CONDENATÓRIA popular. - CRIME DE RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA OU MINISTRO DE ESTADO (Art. 14, Lei 1.079/50) “Art. 14. É permitido a qualquer cidadão denunciar o PR ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a câmara dos deputados.” Crítica: A expressão “denúncia” é, na verdade, uma “notitia criminis” dirigida à Câmara dos deputados e não a peça acusatória de uma ação penal condenatória. Além disso, a Lei 1.079/50 não tipifica crimes, mas sim infrações político administrativas. Assim, não se trata de ação penal condenatória popular. AÇÃO PENAL ADESIVA 1ªC (MAJORITÁRIA) 2ªC O MP oferece denúncia em crimes de ação penal privada, desde que haja interesse público. Seria um litisconsórcio ativo entre o MP, em crime de ação penal pública, e o querelante, em crimes de ação penal privada. AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL Ação penal ajuizada com o objetivo de aplicar medida de segurança ao inimputável. O objetivo é a prolação de uma sentençaabsolutória imprópria. Para Tourinho Filho, a ação penal condenatória é gênero com duas espécies: a ação penal propriamente dita, tendo por finalidade a aplicação a pena privativa de liberdade, e a ação de prevenção penal, visando à imposição de medida de segurança.14 AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA Ocorre na hipótese em que a lei estabelece uma espécie de ação penal para determinado crime, porém, em virtude do surgimento de circunstâncias especiais, passa a prever, secundariamente, uma nova espécie de ação penal para essa infração.15 Exemplo: Furto – ação pública incondicionada. O furto cometido contra as pessoas do Art. 182, CP, será de ação penal pública condicionada à representação. “Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.” 15 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.359. 14 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 31ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. p. 515. 20 AÇÃO PENAL INDIRETA Quando o querelante abandona a ação penal privada subsidiária da pública e o MP reassume o polo ativo da ação penal. PEÇA ACUSATÓRIA AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA Denúncia (Ministério Público) Queixa-crime (querelante/ofendido) REQUISITOS “Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.” ● Exposição do fato criminoso e circunstâncias: A peça acusatória deve narrar pormenorizadamente a conduta imputada, sob pena de cerceamento de defesa. ATENÇÃO: CRIPTOIMPUTAÇÃO - Trata-se da peça acusatória com DEFICIÊNCIA na narrativa do fato criminoso (inépcia). Em virtude disso, a peça acusatória será REJEITADA (juízo de admissibilidade negativo). Não confundir: DENÚNCIA GENÉRICA DENÚNCIA GERAL Aponta fato incerto e imprecisamente descrito. Há acusação da prática de fato específico atribuído a diversas pessoas, ligadas por circunstâncias comuns, mas sem a indicação minudente da responsabilidade interna e individual dos imputados. Segundo o STF, “2. Não há abuso de acusação na denúncia que, ao tratar de crimes de autoria coletiva, deixa, por absoluta impossibilidade, de esgotar as minúcias do suposto cometimento do crime. 4. Nos casos de denúncia que verse sobre delito societário, não há que se falar em inépcia quando a acusação descreve minimamente o fato tido como criminoso.” (HC 118891) Observação: IMPUTAÇÃO IMPLÍCITA IMPUTAÇÃO ALTERNATIVA A imputação deve ser clara, precisa e completa. O art. 41 do CPP estabelece que a denúncia deve proceder à exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, dessa forma, a imputação implícita acarreta evidente prejuízo ao exercício do direito de defesa. Afrânio Silva Jardim pontua que ocorre imputação alternativa “quando a peça acusatória vestibular atribui ao réu mais de uma conduta penalmente relevante, asseverando que apenas uma delas efetivamente terá sido praticada pelo imputado, embora todas se apresentem como prováveis, em face da prova do inquérito”16. Segundo Renato Brasileiro (2020, p.391), a maioria da doutrina “se posiciona contrariamente a ela, já que, ainda quando houver compatibilidade entre os fatos imputados, seu oferecimento quase 16 JARDIM, Afrânio Silva. Direito Processual Penal. 11ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002. p. 149. 21 sempre acarreta dificuldades ao exercício do direito de defesa.” Imputação Alternativa Objetiva17 “Refere-se à alternatividade quanto aos dados objetivos do fato narrado, podendo ser de duas espécies: a) imputação alternativa objetiva ampla: é aquela que incide sobre a ação principal, furto ou receptação; b) imputação alternativa objetiva restrita: é aquela que se refere a uma circunstância qualificadora.” Imputação Alternativa Subjetiva18 “diz respeito ao sujeito passivo da imputação, subdivide-se em: a) simples: a alternatividade decorre de dúvida sobre a autoria do crime, como ocorre nos exemplos em que os investigados se acusam reciprocamente, sendo contraditórios os elementos de informação colhidos no inquérito (v.g., briga em bares); b) complexa: é aquela que abrange não só o 18 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.391. 17 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.390. autor do delito, como também a própria infração penal.” Imputação Alternativa Originária “Na denúncia ou na queixa, os fatos delituosos já são atribuídos de maneira alternativa ao agente (imputação alternativa objetiva ampla originária).” Imputação Alternativa Superveniente “Resultava do aditamento da peça acusatória nos casos de mutatio libelli, prevista na redação original do parágrafo único do art. 384 do CPP, antes das alterações produzidas pela reforma processual de 2008 (...) De acordo com a nova redação do art. 384, § 4º, do CPP, havendo aditamento, ficará o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.” ● Qualificação do acusado: O acusado deverá ser qualificado ou deverão ser indicadas suas características físicas. “Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a 22 sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.” ● Classificação do crime: Trata-se da tipificação penal da conduta imputada. O acusado se defende dos fatos imputados (não da capitulação jurídica). Assim, é possível a aplicação do Art. 383 do CPP (Emendatio libelli). “Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave.” ● Rol de testemunhas: O MP e o querelante devem arrolar as testemunhas na peça acusatória, sob pena de PRECLUSÃO consumativa. Quanto ao número de testemunhas, vejamos o quadro: Procedimento Comum Até 8 (por fato criminoso) Procedimento sumário Até 5 Procedimento sumaríssimo Até 3 1ª Fase do Júri Até 8 Plenário do Júri Até 5 Drogas Até 5 Sem prejuízo das testemunhas arroladas pelas partes, o juiz poderá ouvir as chamadas “testemunhas do juízo”. PROCURAÇÃO NA QUEIXA-CRIME Poderes especiais: nome do querelado e menção do fato criminoso. Conforme o Art. 44, CPP: “Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante (leia-se “querelado”) e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.” Na Jurisprudência: Para que o advogado proponha queixa-crime em nome do seu cliente, ele precisa ter recebido procuração com poderes especiais para praticar esse ato. Se o cliente outorga procuração sem conferir poderes ao advogado para ajuizar queixa-crime, este advogado não pode oferecer substabelecimento a outro advogado mencionando que este terá poderes para propor queixa-crime. Ora, se o advogado originário não recebeu poderes para ajuizar queixa-crime, ele não poderá substabelecer para outro advogado poderes para propor queixa-crime. Em palavras mais simples, o advogado não pode substabelecer poderes que não recebeu. Apenas os poderes originariamente outorgados podem ser transferidos. Assim, deve ser tida por inexistente a inclusão, ao substabelecer, de poderes especiais para a propositura de ação penal privada, se eles não constavam do mandato originário. Portanto, cabe reconhecer a nulidade da queixa-crime, por vício de representação, tendo em vista que a procuraçãooutorgada para a sua propositura não atende às exigências do art. 44 do CPP. STJ. 6ª Turma. RHC 33790-SP, Rel. originário Min. Maria Thereza De Assis Moura, Rel. para Acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/6/2014 (Info 544).19 19 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Poderes especiais para advogado propor queixa-crime. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/38 75115bacc48cca24ac51ee4b0e7975> 23 Para que seja protocolizada queixa-crime é necessária capacidade postulatória. A procuração outorgada pelo querelante ao seu advogado para o ajuizamento de queixa-crime é uma procuração com poderes especiais. Nesta procuração deve constar o “nome do querelado” e a “menção ao fato criminoso”. Para o STJ, “menção ao fato criminoso” significa que, na procuração, basta que seja mencionado o tipo penal ou o nomen iuris do crime, não precisando identificar a conduta. Para o STF, “menção ao fato criminoso” significa que, na procuração, deve ser individualizado o evento delituoso, não bastando que apenas se mencione o nomen iuris do crime. Caso haja algum vício na procuração para a queixa-crime, esse vício deverá ser corrigido antes do fim do prazo decadencial de 6 meses, sob pena de decadência e extinção da punibilidade. STF. 2ª Turma. RHC 105920/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 8/5/2012 (Info 665). O vício na representação processual do querelante é sanável, desde que dentro do prazo decadencial. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1392388/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 18/08/2015.20 PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA RÉU PRESO RÉU SOLTO CPP 5 DIAS 15 DIAS DROGAS 10 DIAS ECONOMIA POPULAR 2 DIAS 20 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Procuração para queixa-crime. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/01 89caa552598b845b29b17a427692d1> CÓDIGO ELEITORAL 10 DIAS PRAZO PARA OFERECIMENTO DA QUEIXA O prazo será sempre de 6 meses. Todavia, questão importante é saber sobre o início da contagem do prazo: INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO DE 6 MESES AÇÃO PRIVADA EXCLUSIVA E PERSONALÍSSIMA AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA A partir do conhecimento da autoria (“actio nata”) Esgotamento do prazo do MP para oferecer denúncia. LEMBRE-SE: na ação exclusiva e na personalíssima teremos uma decadência própria caso não seja cumprido o prazo, gerando a extinção da punibilidade. No caso da subsidiária, a decadência é imprópria. PONTOS IMPORTANTES NA JURISPRUDÊNCIA - Recebimento da denúncia e princípio do in dubio pro societate. No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018 (Info 898).21 - Trancamento de inquérito policial por excesso de prazo e oferecimento de denúncia O eventual trancamento de inquérito policial por excesso de prazo não 21 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Princípio do in dubio pro societate. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e3 4376937c784505d9b4fcd980c2f1ce>. 24 impede, sempre e de forma automática, o oferecimento da denúncia STF. 2ª Turma. HC 194023 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/09/2021.22 - Denúncia e Teoria do Domínio do Fato Não há óbice para que a denúncia invoque a teoria do domínio do fato para dar suporte à imputação penal, sendo necessário, contudo, que, além disso, ela aponte indícios convergentes no sentido de que o Presidente da empresa não só teve conhecimento do crime de evasão de divisas, como dirigiu finalisticamente a atuação dos demais acusados. Assim, não basta que o acusado se encontre em posição hierarquicamente superior. Isso porque o próprio estatuto da empresa prevê que haja divisão de responsabilidades e, em grandes corporações, empresas ou bancos há controles e auditorias exatamente porque nem mesmo os sócios têm como saber tudo o que se passa. STF. 2ª Turma. HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/12/2016 (Info 850).23 - Denúncia e lastro probatório Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento prévio, impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas na versão do autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de Termo Circunstanciado ou de qualquer outro 23 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inépcia caso a denúncia se baseie apenas no fato de que o réu era Diretor-Presidente da empresa. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/84 899ae725ba49884f4c85c086f1b340> 22 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O eventual trancamento de inquérito policial por excesso de prazo não impede, sempre e de forma automática, o oferecimento da denúncia. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ef 7a3d1d2f039be1cb6a695f856b5ca6> documento hábil a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime. STJ. 5ª Turma. RHC 61822-DF, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/12/2015 (Info 577).24 - Denúncia e Norma Penal em Branco A denúncia que deixa de mencionar a legislação complementar a que se refere o tipo penal não atende o disposto no art. 41 do CPP porque não descreve por completo a conduta delitiva, dificultando a compreensão da acusação e, por conseguinte, o exercício do direito de defesa. STJ. 5ª Turma. RHC 64430/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/11/201525. - Queixa-crime e elemento subjetivo Deve ser rejeitada a queixa-crime que impute ao querelado a prática de crime contra a honra, mas que se limite a transcrever algumas frases, escritas pelo querelado em sua rede social, segundo as quais o querelante seria um litigante habitual do Poder Judiciário (fato notório, publicado em inúmeros órgãos de imprensa), sem esclarecimentos que possibilitem uma análise do elemento subjetivo da conduta do querelado consistente no intento positivo e deliberado de lesar a honra do ofendido. STJ. Corte Especial. AP 724-DF, Rel. Min. 25 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em caso de norma penal em branco, a denúncia deverá explicitar qual é o complemento, sob pena de ser considerada inepta. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/71 e09b16e21f7b6919bbfc43f6a5b2f0> 24 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Rejeição de queixa-crime desacompanhada de documentos hábeis a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a5 01bebf79d570651ff601788ea9d16d> 25 Og Fernandes, julgado em 20/8/2014 (Info 547).26 26 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Queixa-crime deverá demonstrar o elemento subjetivo do agente. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/05 1928341be67dcba03f0e04104d9047> 26