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AÇÃO PENAL
ASPECTOS GERAIS 1
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO PENAL 2
CONDIÇÕES DA AÇÃO 2
CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PENAL 3
CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PARA A
CORRENTE MINORITÁRIA (AURY LOPES JÚNIOR) 5
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO (CONDIÇÕES DE
PROCEDIBILIDADE) 5
CONDIÇÕES DE PROSSEGUIBILIDADE (CONDIÇÃO
SUPERVENIENTE DA AÇÃO) 5
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS 6
AÇÃO PENAL PÚBLICA 6
AÇÃO PENAL PRIVADA 7
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À AÇÃO PENAL 7
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À AÇÃO PENAL PÚBLICA E À
AÇÃO PENAL PRIVADA 7
PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO (NE
PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO) 7
PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM PROCESSUAL
(inadmissibilidade da persecução penal
múltipla) 7
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA 8
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 8
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE (LEGALIDADE
PROCESSUAL) 8
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE 8
PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE 9
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA 9
PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE
(CONVENIÊNCIA) 9
PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE 9
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE 10
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 12
AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO
DO OFENDIDO 12
AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MJ
14
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA 15
ESPÉCIES: 15
Ação penal privada exclusiva 15
Ação penal privada personalíssima 15
Ação penal privada subsidiária da pública 15
Poderes do MP na Ação Penal Pública
Subsidiária 17
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL DE
INICIATIVA PRIVADA 17
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS 19
AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 19
AÇÃO PENAL POPULAR 20
AÇÃO PENAL ADESIVA 20
AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL 20
AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA 20
AÇÃO PENAL INDIRETA 21
PEÇA ACUSATÓRIA 21
REQUISITOS 21
PROCURAÇÃO NA QUEIXA-CRIME 23
PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA 24
PRAZO PARA OFERECIMENTO DA QUEIXA 24
PONTOS IMPORTANTES NA JURISPRUDÊNCIA 24
ASPECTOS GERAIS
Inicialmente, deve-se destacar que o direito
de ação encontra seu fundamento constitucional no art.
5º, XXXV, que prevê que a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Adentrando ao conceito do direito de ação,
pode-se afirmar que é o direito ao julgamento do
mérito da causa (TEORIA ECLÉTICA). Assim, é o direito
que a parte tem de pedir ao juiz um pronunciamento
sobre o mérito da demanda, conforme estejam
presentes ou não as condições da ação. Ou seja,
somente é possível o pronunciamento jurisdicional
sobre o mérito da causa, se estiverem presentes
determinadas condições (condições da ação).
Não confunda: direito de ação e a ação
(propriamente dita). A ação propriamente dita “é o ato
jurídico, ou mesmo a iniciativa de se ir à justiça, em
busca do direito, com efetiva prestação da tutela
jurisdicional, funcionando como a forma de se provocar
o Estado a prestar a tutela jurisdicional.”1
1 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed.
Juspodivm, 2020, p.291.
1
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO PENAL2
DIREITO PÚBLICO
A atividade jurisdicional é de
natureza pública (ação penal é
um direito público), mesmo
quando o Estado transfere ao
ofendido a possibilidade de
ingressar em juízo.
DIREITO
SUBJETIVO
Possibilidade de exigir do
Estado-juiz a prestação
jurisdicional.
DIREITO
AUTÔNOMO
Não se confunde com o direito
material que se pretende
tutelar.
DIREITO
ABSTRATO
Independe do resultado da
pretensão acusatória.
DIREITO
DETERMINADO
Por visar solucionar uma
pretensão de direito material, é
instrumentalmente conexo a
um fato concreto.
DIREITO
ESPECÍFICO
Apresenta um conteúdo, que é
o fato delituoso atribuído ao
acusado.
CONDIÇÕES DA AÇÃO
A análise das condições da ação é feita
unicamente com fundamento nas assertivas
(afirmações) contidas na petição inicial do autor
(TEORIA DA ASSERÇÃO ou TEORIA DELLA
PROSPETTAZIONE), sem aprofundamento
probatório.
As condições da ação devem ser analisadas,
pelo juiz, no momento do juízo de admissibilidade da
peça acusatória. Estando presentes, o juiz RECEBERÁ a
peça (Art. 396, CPP). Todavia, se quaisquer das
condições da ação estiver ausente, deverá o juiz
REJEITAR a peça acusatória (Art. 395, II).
2 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed.
Juspodivm, 2020, p.294.
Art. 395.  A denúncia ou
queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente
inepta;  
II - faltar pressuposto
processual ou condição para o
exercício da ação penal
ATENÇÃO: Recebida a peça acusatória, percebendo o
juiz a AUSÊNCIA de condição da ação, deverá declarar a
NULIDADE ABSOLUTA do processo (Art. 564, II, CPP).
Art. 564.  A nulidade ocorrerá
nos seguintes casos:
II - Por ilegitimidade de
parte;
Segundo Renato Brasileiro (2020, p.296), “Em
sede processual penal, a presença dessas condições da
ação deve ser analisada por ocasião do juízo de
admissibilidade da peça acusatória. A denúncia ou
queixa deve ser rejeitada pelo magistrado quando faltar
condição para o exercício da ação penal (CPP, art. 395,
II). Se, no entanto, isso não ocorrer por ocasião do
juízo de admissibilidade da peça acusatória, é
perfeitamente possível o reconhecimento de
nulidade absoluta do processo, em qualquer
instância, com fundamento no art. 564, inciso II, do
CPP – o dispositivo refere-se apenas à ilegitimidade
de parte, mas, por analogia, também pode ser
aplicado às demais condições da ação penal. Há
quem entenda que também seria possível a extinção do
processo sem julgamento do mérito, aplicando-se, por
analogia, o disposto no art. 485, VI, do NCPC”.
No processo penal, as condições da ação são
subdivididas em:
1) Genéricas: devem estar presentes em
todas as ações penais; e
2) Específicas (de procedibilidade):
devem estar presentes em apenas algumas ações
penais, v.g. representação do ofendido).
2
CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PENAL
Temos aqui duas correntes doutrinárias:
1ªC (MAJORITÁRIA)
2ªC (AURY LOPES
JUNIOR)
As condições seriam as
mesmas do processo
civil, adicionando-se a
“justa causa”. Assim,
teríamos legitimidade,
interesse e justa causa
para a ação penal.
Portanto, aplicamos aqui
o Art. 17 do CPC.
O processo penal tem
peculiaridades que
demandam condições
próprias do processo
penal, quais sejam:
a) Fato
aparentemente
criminoso;
b) Punibilidade
concreta;
c) Legitimidade e
justa causa.
Vejamos agora cada uma das condições...
1) LEGITIMIDADE AD CAUSAM: É a pertinência
subjetiva para a ação, ou seja, é a capacidade de
constar do polo ativo ou do polo passivo da ação penal.
a) Legitimidade ativa:
❖ Ação penal pública: Ministério Público
(dominus littis), conforme o Art. 129, I da CF.
❖ Ação penal privada: O querelante (sujeito
passivo da infração).
ATENÇÃO: Súmula 714 do STF: “É concorrente a
legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do
Ministério Público, condicionada à representação do
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra
de servidor público em razão do exercício de suas
funções.”
Cuidado com o teor da Súmula nº 714 do STF,
pois, conforme a doutrina e jurisprudência majoritárias,
trata-se de uma legitimidade alternativa, isto é, ou o
ofendido representa e o MP oferece a denúncia ou o
ofendido resolve, por si só, oferecer a queixa-crime.
Não é possível, portanto, que, ao mesmo tempo, o
ofendido represente e ofereça a queixa-crime, devendo
optar por uma das opções.
b) Legitimidade passiva:
Pode ser acusado do cometimento de
infração penal:
- Pessoa física com 18 anos completos,
inclusive o inimputável por anomalia mental;
- Pessoa jurídica, em crimes ambientais.
Observação: A jurisprudência pátria superou a TEORIA
DE DUPLA IMPUTAÇÃO, não sendo mais condicionante
da responsabilização da pessoa jurídica que a pessoa
física também seja responsabilizada. Assim,
atualmente, é possível a responsabilização penal da
pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização
concomitante da pessoa física que agia em seu nome.3
Segundo o entendimento atual da
jurisprudência, é possível a
responsabilização penal da pessoa
jurídica por delitos ambientais
independentemente da
responsabilização concomitante da
pessoa física que agia em seu nome. A
jurisprudêncianão mais adota a
chamada teoria da "dupla imputação".
STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE
548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 6/8/2013 (Info 714)4.
4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Responsabilidade penal da
pessoa jurídica e abandono da dupla imputação. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/25
3f7b5d921338af34da817c00f42753>.
3
https://www.dizerodireito.com.br/2015/10/e-possivel-responsabilizaca
o-penal-da.html
3
Não confunda5:
“Legitimidade ad causam não se confunde com
legitimatio ad processum, fenômeno relacionado à
capacidade de estar em juízo, tida como
pressuposto processual de validade. Essa capacidade
processual refere-se à capacidade de exercer
direitos e deveres processuais, ou seja, de
praticar validamente atos processuais. É o que
ocorre com um ofendido menor de 18 (dezoito)
anos, que não tem capacidade processual para
oferecer queixa-crime, razão pela qual sua
incapacidade é suprida por seu representante
legal.”
“Capacidade processual, por sua vez, não se
confunde com capacidade postulatória, assim
compreendida a aptidão para postular perante
órgãos do Poder Judiciário. Supondo, assim,
ofendido que não seja advogado inscrito nos quadros
da Ordem dos Advogados do Brasil, o ajuizamento da
queixa-crime deverá ser feito por advogado com
poderes especiais (CPP, art. 44).”
“Não se pode confundir o conceito de legitimidade ad
causam com o de capacidade de ser parte,
pressuposto de existência de um processo. A
capacidade de ser parte deriva da personalidade,
consistindo na capacidade de adquirir direitos e
contrair obrigações (CC, art. 1º). No âmbito
processual penal, além de pessoas físicas e jurídicas,
é interessante perceber que alguns “entes” também
são considerados como pessoas formais.”
2) INTERESSE DE AGIR:
É composto por 3 elementos:
a) Necessidade;
b) Adequação;
c) Utilidade.
a) Necessidade de obtenção da tutela
jurisdicional pleiteada: No processo penal, a ação
penal é sempre necessária para obtenção de uma
5 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed.
Juspodivm, 2020, p.299.
sentença condenatória definitiva (nulla poena sine
judicio), ante o devido processo penal.
Observação: Segundo Renato Brasileiro (2020,
p. 302), “A ressalva à possibilidade de
aplicação de pena sem processo no âmbito
processual penal fica por conta da transação
penal no âmbito dos Juizados Especiais
Criminais (Lei nº 9.099/95, art. 76). Presentes os
pressupostos objetivos e subjetivos, deverá o
titular da ação penal formular proposta de
aplicação imediata de pena restritiva de
direitos ou de multa. Nesse caso, ainda não
há processo. O ato compositivo ocorre por
ocasião da audiência preliminar, logo, antes do
oferecimento da denúncia.”
b) Adequação entre o pedido e a
proteção jurisdicional que se pretende obter: No
processo penal, a ação penal condenatória sempre será
adequada à obtenção da tutela jurisdicional pretendida
(sentença condenatória).
A relevância da adequação se fará presente
nas ações penais não condenatórias (HC). Vejamos a
súmula 693, STF: “Não cabe ‘habeas corpus’ contra
decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em curso por infração penal a que a pena
pecuniária seja a única cominada.”
c) Utilidade: Só será útil a ação penal em
que haja a possibilidade concreta de aplicação de uma
sanção penal (v.g. prescrição virtual – Não é aceita pelos
tribunais superiores).
Observação: O STF e o STJ consideram inadmissível a
extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva com fundamento em pena hipotética, também
denominada de prescrição virtual, em perspectiva,
por prognose”, “projetada” ou “antecipada” (Súmula
438-STJ) Mas, como ressalta Renato Brasileiro (2020, p.
305) ao falar sobre o interesse de agir, “qual seria a
utilidade de um processo penal, com grande
desperdício de atos processuais, de tempo, de trabalho
humano, etc., se, antecipadamente, já se pode antever
que não haverá resultado algum?”
4
3) JUSTA CAUSA: Trata-se do lastro
probatório mínimo que dá suporte à acusação,
evitando-se a instauração de processos criminais
temerários.
A deflagração da ação exige que haja,
cumulativamente:
a) Certeza da existência da infração penal;
b) Indícios suficientes de autoria.
A justa causa para a ação penal é obtida,
como regra, pelos elementos de informação produzidos
na fase investigatória no bojo do inquérito policial ou de
outro procedimento investigatório preliminar à ação
penal.
A peça acusatória oferecida sem justa causa
deverá ser REJEITADA pelo juiz.
Art. 395.  A denúncia ou
queixa será rejeitada quando:
III - faltar justa causa para o
exercício da ação penal.
ATENÇÃO: JUSTA CAUSA DUPLICADA -
Trata-se de um instituto inerente à Lei de Lavagem de
Dinheiro. É necessidade de instruir a denúncia com
lastro probatório mínimo do crime de lavagem de
dinheiro e também do crime antecedente (Art. 2º, §1º
Lei 9.613/98).
CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PARA A CORRENTE
MINORITÁRIA (AURY LOPES JÚNIOR)
Para esta corrente, as condições deveriam ser buscadas
no antigo Art. 43 do CPP (revogado em 2008).
1) FATO APARENTEMENTE CRIMINOSO:
O fato imputado dever ser, aparentemente, típico, ilícito
e culpável. Exceção: inimputabilidade por anomalia
mental.
2) PUNIBILIDADE CONCRETA: Para que o
mérito da ação seja julgado, a punibilidade não pode
ter sido extinta. Ou seja, nenhuma das hipóteses do Art.
107 do CP podem estar presentes para que o mérito da
ação possa ser julgado.
3) LEGITIMIDADE DE PARTE: Mesma da
primeira corrente.
4) JUSTA CAUSA: Mesma da primeira
corrente.
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA AÇÃO (CONDIÇÕES DE
PROCEDIBILIDADE)
Além das condições genéricas, são aquelas exigidas
pela lei para que o mérito de uma ação penal possa ser
julgado.
Exemplos:
a) Representação do ofendido (Art. 147,
§único);
b) Requisição do Ministro da Justiça
(crimes contra a honra do PR);
c) Laudo pericial nos crimes contra a
propriedade imaterial (Art. 525, CPP);
d) Provas novas, quando o inquérito
policial tiver sido arquivado com base na ausência de
elementos probatórios;
e) Autorização da Câmara dos Deputados,
por dois terços de seus membros, para a instauração
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da
República e os Ministros de Estado (CF, art. 51, I).
Não confundir as condições de
procedibilidade com as condições de
PROSSEGUIBILIDADE.
CONDIÇÕES DE PROSSEGUIBILIDADE (CONDIÇÃO
SUPERVENIENTE DA AÇÃO)
São aquelas que devem estar presentes para que um
processo já em andamento possa prosseguir.
Exemplo 1: Restauração da sanidade mental
em caso de insanidade superveniente ao crime:
5
Art. 152.  Se se verificar que a
doença mental sobreveio à
infração o processo
continuará suspenso até que
o acusado se restabeleça,
observado o § 2° do art. 149.
Exemplo 2: A representação superveniente
do ofendido nos processos em curso de lesão corporal
leve e culposa, a partir da entrada em vigor da Lei
9.099/95.
Não confundir:
CONDIÇÕES DE
PROCEDIBILIDADE
CONDIÇÕES DE
PROSSEGUIBILIDADE
Devem estar presentes
para que a ação penal
tenha início.6
Devem estar presentes
para que a ação penal já
em curso possa
prosseguir.
CONDIÇÕES DA AÇÃO CONDIÇÕES OBJETIVAS
DE PUNIBILIDADE
“Relacionadas ao direito
processual penal, sendo
exigidas para o exercício
regular do direito de ação,
subdividindo-se em
condições genéricas e
específicas”. 7
“Referem-se ao direito
penal, funcionando como
fatos externos ao tipo
penal, que devem ocorrer
para a formação de um
injusto culpável punível,
sendo chamadas de
objetivas porquanto
independem do dolo ou
da culpa do agente.”
“Se não estiver presente
uma condição de
procedibilidade, ocorre a
anulação do processo e
não a absolvição do
agente, pois não há, em
regra, analise do mérito,
ou seja, nada impede a
“A ausência de uma
condição objetiva de
punibilidade impede o
início da persecução
criminal; porém, proposta
a ação penal, haverá
decisão demérito e,
portanto, formação de
7 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.312.
6 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.311.
renovação do processo,
desde que seja removido
o impedimento
processual. Em outras
palavras, tal decisão só faz
coisa julgada formal.”
coisa julgada formal e
material.”
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS
AÇÃO PENAL PÚBLICA
Como regra, a ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente declara privativa do ofendido.
● TITULARIDADE: Ministério Público, conforme o
Art. 129 da CF.
● PEÇA ACUSATÓRIA: Conforme o Art. 24 do
CPP, a ação penal pública será promovida por
DENÚNCIA do Ministério Público.
● ESPÉCIES:
1) Ação penal pública incondicionada: a
atuação do órgão ministerial independe do implemento
de qualquer condição específica.
2) Ação penal pública condicionada:a
atuação do Ministério Público está
subordinada ao implemento de uma condição
– representação do ofendido ou requisição do
Ministro da Justiça. 8 No que tange à ação
penal condicionada, ainda que o MP veja justa
causa, ela necessita de determinadas
condições.
CPP: Art. 24.  Nos crimes de ação
pública, esta será promovida por
denúncia do Ministério Público, mas
dependerá, quando a lei o exigir, de
requisição do Ministro da Justiça, ou
de representação do ofendido ou de
8 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.318.
6
quem tiver qualidade para
representá-lo.
AÇÃO PENAL PRIVADA
Quando a lei expressamente declarar. No silêncio da lei,
a ação penal é pública.
● TITULARIDADE: Conforme o Art. 30 do CPP, a
titularidade é do ofendido ou de seu representante.
“Art. 30.  Ao ofendido ou a quem tenha
qualidade para representá-lo caberá
intentar a ação privada.”
● PEÇA ACUSATÓRIA: Conforme o Art. 100, §2º
do CP: a ação de iniciativa privada é promovida
mediante QUEIXA do ofendido ou de quem tenha
qualidade para representá-lo.
● ESPÉCIES:
1) Ação penal de iniciativa privada
exclusiva: regra nas ações penais de iniciativa privada.
2) Ação penal de iniciativa privada
personalíssima: a queixa só pode ser oferecida pelo
próprio ofendido, não sendo possível sucessão
processual. Subiste apenas no crime de induzimento a
erro essencial e ocultação de impedimento (CP, art. 236,
parágrafo único).
3) Ação penal de iniciativa privada
subsidiária da pública (ou ação penal
acidentalmente privada): seu cabimento está
subordinado à inércia do Ministério Público. Ou seja,
ocorre quando em um crime de ação penal pública o
MP não oferece a denúncia e não toma outras medidas
no prazo legal.
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À AÇÃO PENAL
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À AÇÃO PENAL PÚBLICA E À
AÇÃO PENAL PRIVADA
1) PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO (NE
PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO)
Ao juiz não é dado iniciar uma ação de ofício. Não
poderá o magistrado deflagrar uma ação penal sem
que ele tenha sido provocado pela parte legítima. Ao
adotar o sistema acusatório, a Constituição não permite
que o juiz dê início à ação penal de ofício, sem
provocação da parte.
● Procedimento Judicialiforme: Não recepção
pela CF/88.
Art. 26, CPP.  A ação penal, nas
CONTRAVENÇÕES, será iniciada com o
auto de prisão em flagrante ou por
meio de portaria expedida pela
autoridade judiciária ou policial.
Trata-se de norma materialmente
incompatível com a Constituição Federal. Isso pelo fato
de que a titularidade da ação penal pública é do MP.
ATENÇÃO: O juiz não pode iniciar ação penal de
CONHECIMENTO de ofício, mas a fase de EXECUÇÃO
pode ser iniciada de ofício, conforme o Art. 195, LEP:
Art. 195. O procedimento judicial
iniciar-se-á de ofício, a requerimento do
Ministério Público, do interessado, de
quem o represente, de seu cônjuge,
parente ou descendente, mediante
proposta do Conselho Penitenciário, ou,
ainda, da autoridade administrativa.
2) PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM PROCESSUAL
(inadmissibilidade da persecução penal
múltipla)
Ninguém pode ser processado mais de uma vez pela
mesma imputação. Apesar de não constar
expressamente da Constituição Federal, o princípio do
ne bis in idem consta da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos:
Art. 8, item 4 do pacto de São José da
Costa Rica: “O acusado absolvido por
sentença passada em julgado não poderá
ser submetido a novo processo pelos
mesmos fatos”.
7
Assim, ainda que novas provas sejam
colhidas, não poderá ser novamente processado.
Segundo Renato Brasileiro (2020, 321), “Só se
pode falar em aplicação do princípio do ne bis in idem
se o fato delituoso atribuído ao agente em ambos os
processos criminais for idêntico.” Ademais, ressalva
que “Não há falar em violação ao princípio do ne bis in
idem processual na eventualidade de imputações
idênticas contra o mesmo acusado tramitarem em
países diversos (...) pendência de julgamento de
litígio no exterior não teria o condão de impedir, por
si só, o processamento da ação penal no Brasil, não
configurando bis in idem. A regra é que apenas a
sentença definitiva oriunda de distintos Estados
soberanos – e não a existência de litígio pendente de
julgamento – possa obstar a formação, a continuação
ou a sobrevivência da relação jurídica processual
que configuraria a litispendência.”
3) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA
A ação penal só pode ser oferecida contra o suposto
autor do fato delituoso, não podendo alcançar terceiros
não relacionados ao fato. Trata-se de um princípio
consectário do princípio da pessoalidade da pena,
previsto no art. 5º, XLV, da Constituição Federal.
Art. 5º (...) XLV - nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser,
nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o
limite do valor do patrimônio transferido;
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA
1) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE
(LEGALIDADE PROCESSUAL)
Havendo justa causa, o MP está obrigado a oferecer
denúncia, conforme o Art. 24, CPP:
Art. 24.  Nos crimes de ação pública,
esta SERÁ promovida por denúncia do
Ministério Público, (...).
ATENÇÃO: Exceções (OBRIGATORIEDADE MITIGADA
ou DISCRICIONARIEDADE REGRADA):
a) Transação Penal (infrações penais de
menor potencial ofensivo – Art. 76, Lei
9.099/95);
b) Acordo de Leniência (crimes contra a
ordem tributária econômica – Lei 12.529/11);
c) Parcelamento do débito tributário
(Art. 83, §§1º e 2º, Lei 9.430/96);
d) Colaboração premiada (organizações
criminosas – Art. 4º, §4º, Lei 12.850/12);
e) Acordo de não persecução penal (Art.
28-A, CPP).
2) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE
Decorre logicamente do primeiro, não podendo o MP
desistir da ação penal, conforme o Art. 42 do CPP:
“Art. 42.  O Ministério Público não poderá
desistir da ação penal.”
Da mesma forma, não pode o MP desistir de
recurso por ele mesmo interposto:
“Art. 576.  O Ministério Público não
poderá desistir de recurso que haja
interposto.”
Obviamente isso não impede o MP de pedir a
absolvição do acusado, ao final do processo. Conforme
o Art. 385, CPP:
Art. 385.  Nos crimes de ação pública, o
juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério
Público tenha opinado pela absolvição,
bem como reconhecer agravantes,
embora nenhuma tenha sido alegada.
8
ATENÇÃO: Exceção - INDISPONIBILIDADE MITIGADA
ou DISCRICIONARIEDADE REGRADA: suspensão
condicional do processo, prevista na Lei 9.099/95.
3) PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE
1ªC (Divisibilidade –
MAJORITÁRIA)
2ªC (Indivisibilidade –
MINORITÁRIA)
O MP pode denunciar
alguns autores e
prosseguir as
investigações em relação
aos demais. É a posição
que prevalece no STJ e
STF.
O MP não tem a absoluta
discricionariedade para
escolher quem vai
processar ou não. Na
verdade, o princípio diz
que o MP poderá
denunciar aqueles contra
quem haja indícios de
autoria já sedimentados,
e prosseguir as
investigações contra
aqueles contra os quais
ainda não haja
elementos de autoria e
materialidade.
Havendo justa causa, o
MP deverá denunciar
todos os investigados. É
o entendimento de
Renato Brasileiro,
Fernando da CostaTourinho Filho, Aury
Lopes Jr. e outros.
Conclusão: Perceba que, na verdade, as duas
correntes dizem a mesma coisa de formas distintas.
PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA
1) PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE
(CONVENIÊNCIA)
O ofendido ou seu representante legal podem optar
pelo oferecimento ou não da queixa-crime, atendendo
a critérios próprios de conveniência e oportunidade.
Contrasta com o princípio da obrigatoriedade.
Se o ofendido não tiver interesse em propor a
ação penal privada, há duas possibilidades:
a) Renúncia ao direito de queixa: o
ofendido abre mão do direito de queixa (explícita ou
implicitamente). Independe de aceitação do agente.
b) Decadência: O ofendido deixa escoar o
prazo de 6 MESES, da data do conhecimento da
autoria, para propor a queixa-crime.
Observações:
- Tanto a renúncia ao direito de queixa quanto a
decadência se aplicam antes do início do
processo penal, ainda na fase pré-processual,
por isso se relacionam ao princípio da
oportunidade ou conveniência.
- Em ambos os casos (decadência e renúncia)
temos causas extintivas da punibilidade.
2) PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE
O querelante poderá desistir da ação penal privada em
andamento (desistência). Temos 3 formas de
desistência:
a) Perdão do ofendido: O querelante
perdoa o querelado, que precisa ACEITAR o perdão;
b) Perempção: Se o querelado não
aceitar o perdão, é possível desistir do processo,
deixando o querelante de dar andamento à ação penal
privada (negligência).
c) Conciliação nos crimes contra a
honra.
“Art. 522.  No caso de reconciliação, depois
de assinado pelo querelante o termo da
desistência, a queixa será arquivada.”
Observação: Os institutos que se relacionam ao
princípio da Disponibilidade ocorrem após o início do
processo penal, isto é, já na fase processual,
diferentemente do que ocorre no princípio da
Conveniência ou Oportunidade.
9
3) PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE
Nas Lições de Renato Brasileiro: “(...) se optar pelo
oferecimento da queixa, uma coisa é certa: o
querelante não pode escolher quem vai processar; ele
está obrigado a processar todos os autores do delito,
por força do princípio da indivisibilidade.”9
Conforme o Art. 48, CPP:
“Art. 48.  A queixa contra qualquer dos
autores do crime obrigará ao processo
de todos, e o Ministério Público velará
pela sua indivisibilidade.”
Perceba que o MP é o fiscal do princípio da
indivisibilidade na ação penal privada. Constatada a
inobservância do princípio em comento surgem duas
possibilidades:
● Se a omissão em incluir determinado
autor/partícipe foi proposital:
considera-se renúncia ao direito de
queixa, o que se estende aos demais.
● Se a omissão foi involuntária: o MP
deve se manifestar para que o
querelante adite a inicial para incluir
os demais autores/partícipes.
Decorrem do princípio da indivisibilidade as
seguintes regras:
a) Renúncia concedida a um dos
acusados estende-se aos demais;
“Art. 49.  A renúncia ao exercício do
direito de queixa, em relação a um
dos autores do crime, a todos se
estenderá.”
b) Perdão concedido a um dos
querelados estende-se aos demais, desde que haja
aceitação.
9LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.311.
“Art. 51.  O perdão concedido
a um dos querelados
aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em
relação ao que o recusar.”
QUADRO COMPARATIVO DOS PRINCÍPIOS DA AÇÃO
PENAL10
PRINCÍPIOS DA AÇÃO
PENAL PÚBLICA
PRINCÍPIOS DA AÇÃO
PENAL DE INICIATIVA
PRIVADA
Princípio do ne
procedat iudex ex
officio: com a adoção do
sistema acusatório pela
Constituição Federal, ao
juiz não é dado iniciar
um processo de ofício. O
denominado processo
judicialiforme, por meio
do qual o juiz dava início
a um processo por meio
de portaria, não foi
recepcionado pela
Constituição Federal.
Princípio do ne
procedat iudex ex
officio: também se aplica
à ação penal de iniciativa
privada.
Princípio do ne bis in
idem: ninguém pode ser
processado duas vezes
pela mesma imputação.
Previsto expressamente
na Convenção Americana
sobre Direitos Humanos
(Dec. 678/92, art. 8º, nº 4)
Princípio do ne bis in
idem: também se aplica
à ação penal de iniciativa
privada.
Princípio da
intranscendência: a
ação penal pública só
pode ser proposta em
relação ao provável autor
do delito.
Princípio da
intranscendência: a
ação penal de iniciativa
privada só pode ser
proposta em relação ao
provável autor do delito.
10 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.331/332
10
Princípio da
Obrigatoriedade (ou
legalidade processual):
presentes as condições
da ação penal e havendo
justa causa para a
deflagração de um
processo criminal, o
Ministério Público é
obrigado a oferecer
denúncia. Deriva do art.
24 do CPP e do art. 30 do
CPPM.
Exceções ao princípio da
obrigatoriedade:
1) Transação penal (art.
76 da Lei nº 9.099/95);
2) Acordo de leniência
(Lei nº 12.529/11, arts. 86
e 87 );
3) Termo de ajustamento
de conduta (Lei nº
7.347/85, art. 5º, § 6º);
4) Parcelamento do
débito tributário (Lei nº
9.430/96, art. 83, § 2º,
com redação dada pela
Lei nº 12.382/11);
5) Colaboração premiada
na nova Lei das
Organizações Criminosas
(Lei nº 12.850/13, arts. 4º
a 7º);
6) Acordo de não
persecução penal
(Resolução n. 181 do
CNMP, art. 18);
Princípio da
oportunidade ou da
conveniência: mediante
critérios próprios de
oportunidade ou
conveniência, o ofendido
pode optar pelo
oferecimento (ou não) da
queixa-crime. Caso não
pretenda exercer seu
direito, pode permanecer
inerte durante o curso do
prazo decadencial, ou
renunciar (expressa ou
tacitamente) ao direito
de queixa, situações que
darão ensejo à extinção
da punibilidade em
relação aos crimes de
ação penal
exclusivamente privada e
de ação penal privada
personalíssima, nos
termos do art. 107, inciso
IV e V, do Código Penal.
Princípio da
indisponibilidade: se,
por conta do princípio da
obrigatoriedade, o
Ministério Público é
obrigado a oferecer
denúncia, não pode
Princípio da
disponibilidade: se a
ação penal de iniciativa
privada está sujeita a
critérios próprios de
oportunidade ou
conveniência do
desistir da ação penal
pública, nem tampouco
do recurso que haja
interposto (CPP, arts. 42
e 576). Isso, todavia, não
significa dizer que o
Ministério Público não
possa pedir a absolvição
do acusado. Exceção ao
princípio da
indisponibilidade:
1) suspensão condicional
do processo (Lei nº
9.099/95, art. 89);
ofendido ou de seu
representante legal, isso
significa dizer que o
querelante poderá dispor
do processo penal em
andamento. Formas de
disposição:
1) perdão do ofendido:
tem natureza jurídica de
causa extintiva da
punibilidade nos crimes
de ação penal
exclusivamente privada
ou personalíssima,
porém, ao contrário da
renúncia, depende de
aceitação do querelado;
2) perempção: é a perda
do direito de prosseguir
com o exercício da ação
penal exclusivamente
privada ou
personalíssima em
virtude da desídia do
querelante, com a
consequente extinção da
punibilidade;
3) conciliação e
assinatura de termo de
desistência, no
procedimento dos crimes
contra a honra de
competência do juiz
singular (CPP, art. 522).
Princípio da (in)
divisibilidade: parte da
doutrina entende que
vigora na ação penal
pública o princípio da
indivisibilidade. Logo,
havendo lastro
probatório contra todos
os coautores e partícipes,
o Ministério Público é
obrigado a oferecer
Princípio da
indivisibilidade: o
ofendido não é obrigado
a agir (princípio da
oportunidade ou
conveniência). Porém, se
quiser exercer seu direito
de queixa-crime, é
obrigado a exercê-lo em
relação a todos os
coautores e partícipes do
11
denúncia contra todos
(nossa posição). Outra
parte da doutrina e a
jurisprudência
majoritária entende que
vigora o princípio da
divisibilidade,
significando que o
Parquet pode oferecer
denúncia contra certos
agentes, sem prejuízo do
aprofundamento das
investigações quanto aos
demais envolvidos.
fato delituoso. Como
dispõe o art. 48 do CPP, o
processo de um obriga
ao processo de todos.
Como consequência
desse princípio, a
renúncia ao exercício do
direito dequeixa em
relação a um dos autores
do crime estende-se aos
demais (CPP, art. 49). Da
mesma forma, o perdão
concedido a um dos
querelados aproveita a
todos, salvo se um deles
não o aceitar (CPP, art.
51). O fiscal desse
princípio é o Ministério
Público, que não tem
legitimidade ad causam
para aditar a queixa
crime para incluir
coautores. Verificando-se
que a omissão do
querelante fora
voluntária, haverá
renúncia tácita, extensiva
a todos os envolvidos.
Afinal, se sabia da
existência de outros
coautores e partícipes, e
deixou de inclui-los no
polo passivo da
demanda, é porque
renunciou ao direito de
ação quanto a eles,
renúncia esta que se
estende aos demais, nos
termos do art. 48 do CPP.
Se, todavia, a omissão do
querelante foi
involuntária, deve o MP
instar o querelante a
aditar a queixa-crime
para incluir os demais
envolvidos, sob pena de
caracterização de
renúncia tácita,
acarretando a extinção
da punibilidade de todos
os envolvidos.
Princípio da
oficialidade: a
legitimidade para a
persecução penal recai
sobre órgãos do Estado,
tanto na fase
pré-processual, quanto
na fase processual.
Princípio da
oficialidade: aplica-se à
ação penal de iniciativa
privada, porém apenas
na fase pré-processual.
Princípio da
autoritariedade: o
órgão responsável pela
persecução criminal é
autoridade pública, tanto
na fase pré-processual,
quanto na fase
processual.
Princípio da
autoritariedade:
aplica-se à ação penal de
iniciativa privada, porém
apenas na fase
pré-processual.
Princípio da
oficiosidade: nos crimes
de ação penal pública
incondicionada, as
autoridades estatais são
obrigadas a agir de ofício,
independentemente de
provocação do ofendido
ou de terceiros.
Princípio da
oficiosidade: não se
aplica à ação penal de
iniciativa privada, já que,
mesmo na fase
investigatória, a atuação
da polícia investigativa
depende de prévio
requerimento do
ofendido ou de seu
representante legal.
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA
AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO
OFENDIDO
Representação: A representação nada mais é do que a
manifestação do ofendido ou de seu representante no
sentido de que possui interesse na persecução penal do
autor do fato criminoso.
12
Natureza Jurídica: Trata-se de uma CONDIÇÃO DE
PROCEDIBILIDADE. Necessário, portanto, que as
condições genéricas estejam presentes e a
representação. Em outras palavras, sem o seu
implemento a ação penal não pode ter início.
Desnecessidade de formalismo: Não há necessidade
de maiores formalidades para a representação. Basta
que a vítima demonstre de forma clara que ela tem
interesse na persecução penal. Assim, o Art. 39 dispõe:
“Art. 39.  O direito de representação
poderá ser exercido, pessoalmente ou
por procurador com poderes especiais,
mediante declaração, escrita ou oral,
feita ao juiz, ao órgão do Ministério
Público, ou à autoridade policial.”
Destinatários da representação: Conforme o dispositivo
que acabou de ser citado, temos:
a) Juiz;
b) MP;
c) Autoridade policial.
Titularidade (quem pode representar?):
1) Ofendido maior e capaz: Essa
representação pode ser realizada pessoalmente ou por
meio de procurador COM PODERES ESPECIAIS.
2) Ofendido menor de 18 anos ou maior
com anomalia mental: Aqui o REPRESENTANTE LEGAL
oferecerá a representação.
3) Ofendido menor de 18 anos ou maior
com anomalia mental sem representante legal ou
com representante com interesses colidentes: Neste
caso, nomear-se-á um CURADOR ESPECIAL para
oferecer representação.
Conforme o Art. 33, CPP:
“Art. 33.  Se o ofendido for menor de 18
anos, ou mentalmente enfermo, ou
retardado mental, e não tiver
representante legal, ou colidirem os
interesses deste com os daquele, o direito
de queixa poderá ser exercido por curador
especial, nomeado, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, pelo
juiz competente para o processo penal.”
Observação: Essa norma se aplica por analogia à
queixa-crime.
4) Morte ou Ausência da vítima:
Neste caso, teremos o direito de
representação sendo transmitido a:
a)Cônjuge;
b) Ascendente;
c)Descendente;
d) Irmão.
Conforme o Art. 31:
“Art. 31.  No caso de morte do ofendido
ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de oferecer
queixa ou prosseguir na ação passará
ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão.”
Observações:
- A doutrina inclui aqui o companheiro. Todavia,
esse dispositivo diz respeito ao direito de punir
e isso acaba ampliando o poder punitivo
estatal, gerando assim uma verdadeira
“analogia in malam partem”. O STJ entendeu
que o companheiro possui legitimidade para
ajuizar ação penal privada.
A companheira, em união estável
homoafetiva reconhecida, goza do
mesmo status de cônjuge para o
processo penal, possuindo legitimidade
para ajuizar a ação penal privada. STJ.
13
Corte Especial. APn 912-RJ, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 07/08/2019
(Info 654).11
- Ordem preferencial para o oferecimento da
representação. Assim, seguimos a ordem
elencada.
- Aplica-se essa ordem de preferência à queixa
crime.
ATENÇÃO: Em caso de divergência no CADI, prevalece a
vontade de quem deseja dar início ao processo.
Prazo do sucessor: O sucessor terá direito ao prazo
restante. Assim, morrendo o ofendido ou sendo
declarado ausente, seu sucessor não terá restituído o
prazo para oferecer representação.
Exemplo: Já se passaram 2 meses do prazo decadencial
e a vítima morre, o sucessor terá mais 4 meses para
representar.
Observação: Isso também se aplica à queixa.
Prazo decadencial para o oferecimento da
representação: Aplica-se tanto à representação quanto
à queixa. Conforme o Art. 38:
“Art. 38.  Salvo disposição em contrário,
o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de
representação, se não o exercer dentro
do prazo de seis meses, contado do dia
em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em
que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Parágrafo único.  Verificar-se-á a
decadência do direito de queixa ou
representação, dentro do mesmo
prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo
único, e 31.”
11 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Apesar de o § 1º do art. 24 do
CPP falar apenas em “cônjuge”, a companheira (hetero ou
homoafetiva) também possui legitimidade para ajuizar ação penal
privada. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b3
f445b0ff5a783ec652cdf8e669a9bf>.
Retratação da representação: Uma vez oferecida a
representação, é possível retratar-se (voltar atrás) dela
até o OFERECIMENTO da denúncia.
“Art. 25.  A representação será
irretratável, depois de
oferecida a denúncia.”
ATENÇÃO: LEI MARIA DA PENHA - É permitida a
retratação (equivocadamente chamada de renúncia)
até o RECEBIMENTO da denúncia.
“Art. 16. Nas ações penais públicas
condicionadas à representação da
ofendida de que trata esta Lei, só será
admitida a renúncia à representação
perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal
finalidade, antes do recebimento da
denúncia e ouvido o Ministério Público.”
Retratação da retratação da representação: Feita a
representação, a vítima se retrata (não deseja mais
representar). Depois, a vítima se arrepende de
retratar-se, querendo representar novamente. É
possível? Prevalece que: É POSSÍVEL, desde que
respeitado o prazo decadencial de 6 meses.
Eficácia objetiva da Representação: Feita a
representação contra apenas um dos coautores ou
partícipes, ela se ESTENDE aos demais autores.
ATENÇÃO: Uma vez realizada a representação em
relação a um fato criminoso, ela NÃO SE ESTENDE aos
demais fatos criminosos.
AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MJ
Requisição do Ministro da Justiça: É a manifestação
de vontade do Ministro da Justiça no sentido de que
possui interesse na persecução penal do fato delituoso.
14
Natureza Jurídica: Trata-se de condição específica da
ação penal (condição de procedibilidade). Em outras
palavras, sem o seu implemento a ação penal não pode
ter início.
Não vinculação (Independência funcional do
Ministério Público): A requisiçãonão vincula o MP
(independência funcional). O MP somente deverá
denunciar se houver justa causa.
Prazo decadencial? Não há prazo decadencial para a
requisição: O crime só se sujeita ao prazo prescricional.
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
ASPECTOS GERAIS: Há situações em que o Estado,
titular do direito de punir, transfere ao particular o
direito de PERSEGUIR a pena, legitimando-o à
propositura da ação penal (privada).
DIREITO DE PUNIR DIREITO DE PERSEGUIR A
PENA
Estado (indelegável) O Estado pode delegar ao
particular (ação penal
privada).
Observação: Lembre-se que no silêncio da lei, a ação
penal será pública incondicionada. Somente quando a
lei expressamente mencionar que “somente se procede
mediante queixa” é que a ação penal será privada.
Na ação penal privada, temos como peça inicial
acusatória a QUEIXA-CRIME, que deverá ser proposta
por intermédio de um profissional da advocacia,
inscrito da OAB, com capacidade postulatória.
ESPÉCIES:
● Ação penal privada exclusiva
Nesta que é a REGRA, em caso de morte ou
ausência do ofendido, ocorre a SUCESSÃO
PROCESSUAL, assumindo o polo ativo o CADI.
“Art. 31.  No caso de morte do ofendido ou
quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou
prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.”
● Ação penal privada personalíssima
O direito de ação só pode ser exercido pelo
ofendido. Em caso de morte do ofendido, não
haverá sucessão processual: haverá extinção da
punibilidade, seja pela decadência (queixa
ainda não proposta), seja pela perempção
(queixa já em trâmite).
ATENÇÃO: Temos aqui UM ÚNICO EXEMPLO:
Induzimento a erro essencial ou ocultação de
impedimento (Art. 236, CP). Assim, somente o
contraente enganado pode propor a queixa-crime.
● Ação penal privada subsidiária da pública
Inicialmente, trata-se de um direito
fundamental da vítima, conforme o Art. 5º, LIX
da CF:
“Art. 5º (...) LIX - será admitida ação
privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal;”
Assim, diante da inércia do MP em oferecer a
denúncia, em crime de ação penal pública, a vítima
passa a ser COLEGITIMADA à propositura da ação
penal, mediante queixa-crime substitutiva.
Perceba que esta ação penal é
essencialmente pública. Todavia, esgotado o prazo para
o MP oferecer a denúncia, a vítima passa a ser
colegitimada. Isso não significa, entretanto, que o MP
não deixa de ser legitimado, mas a vítima também
passa a ter legitimidade ativa concorrente.
ATENÇÃO: O direito de ação privada subsidiária é
inaplicável nos CRIMES VAGOS, pois delitos sem
vítima determinada, v.g. crime de perigo abstrato.
15
Cabimento: A ação privada subsidiária só é cabível em
caso de inércia do MP, após o prazo legal para
oferecimento da denúncia (no CPP: 15 dias, se solto;
05 dias, se preso).
“Art. 29.  Será admitida ação privada nos
crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia
substitutiva, intervir em todos os termos
do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso
de negligência do querelante, retomar a
ação como parte principal.
(...)
Art. 46. O prazo para oferecimento da
denúncia, estando o réu preso, será de 5
dias, contado da data em que o órgão do
Ministério Público receber os autos do
inquérito policial, e de 15 dias, se o réu
estiver solto ou afiançado. No último caso,
se houver devolução do inquérito à
autoridade policial (art. 16), contar-se-á o
prazo da data em que o órgão do
Ministério Público receber novamente os
autos.”
Arquivamento do Inquérito pelo Ministério Público:
Em caso de arquivamento, não houve inércia do MP,
logo, não caberá a propositura de queixa subsidiária.
Hipóteses na Legislação Penal Especial:
1) Crimes do Código de Defesa do
Consumidor: Temos aqui entidade e órgãos da
Administração direta ou indireta e Associações podem
propor ação privada subsidiária da pública (Art. 80 e 82
do CDC).
“Art. 80. No processo penal atinente aos
crimes previstos neste código, bem como a
outros crimes e contravenções que
envolvam relações de consumo, poderão
intervir, como assistentes do Ministério
Público, os legitimados indicados no art.
82, inciso III e IV, aos quais também é
facultado propor ação penal subsidiária, se
a denúncia não for oferecida no prazo
legal.”
“Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo
único, são legitimados concorrentemente:
(...)      
III - as entidades e órgãos da
Administração Pública, direta ou indireta,
ainda que sem personalidade jurídica,
especificamente destinados à defesa dos
interesses e direitos protegidos por este
código; (exemplo: PROCON)
IV - as associações legalmente constituídas
há pelo menos um ano e que incluam
entre seus fins institucionais a defesa dos
interesses e direitos protegidos por este
código, dispensada a autorização
assemblear. (exemplo: Proteste)”
2) Crimes falimentares: Temos aqui a
possibilidade de o administrador judicial ou o credor
habilitado.
“Art. 184. Os crimes previstos nesta Lei são
de ação penal pública incondicionada.
Parágrafo único. Decorrido o prazo a que
se refere o art. 187, § 1º, sem que o
representante do Ministério Público
ofereça denúncia, qualquer credor
habilitado ou o administrador judicial
poderá oferecer ação penal privada
subsidiária da pública, observado o prazo
decadencial de 6 (seis) meses.”
Prazo DECADENCIAL para o oferecimento da queixa
subsidiária: 6 meses.
Início do prazo: O prazo do ofendido para
propor a queixa subsidiária começa a ser
contado assim que se esgota o prazo para o
oferecimento da denúncia do MP.
16
“Art. 38.  Salvo disposição em contrário, o
ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de
representação, se não o exercer dentro do
prazo de seis meses, contado do dia em
que vier a saber quem é o autor do crime,
ou, no caso do art. 29, do dia em que se
esgotar o prazo para o oferecimento da
denúncia.
Parágrafo único.  Verificar-se-á a
decadência do direito de queixa ou
representação, dentro do mesmo prazo,
nos casos dos arts. 24, parágrafo único,
e 31.”
Se o investigado for solto, o MP terá o prazo de
15 dias. Assim, a partir do 16º dia, começa a
correr o prazo da vítima para oferecer a queixa
substitutiva.
DECADÊNCIA IMPRÓPRIA: Findo o prazo
decadencial para que a vítima ofereça queixa
subsidiária, não ocorrerá extinção da
punibilidade, porque o MP ainda poderá
oferecer a denúncia até o término do prazo
prescricional.
A decadência do direito de queixa subsidiária,
portanto, não extingue a punibilidade. Vejamos o
seguinte quadro:
Até o 15º dia em
caso de
investigado
solto:
A partir do 16º
dia e até 6
meses depois:
Passados os 6
meses:
Somente o MP
pode oferecer a
denúncia.
Teremos
legitimidade
concorrente em
que a vítima
pode propor a
ação privada
subsidiária e o
MP a denúncia.
Ocorre a
decadência
imprópria em
relação à vítima,
mas o MP
continua a ser
legitimado para
oferecer a
denúncia até o
término do prazo
prescricional.
Poderes do MP na Ação Penal Pública Subsidiária
“Art. 29.  Será admitida ação privada nos
crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la
e oferecer denúncia substitutiva, intervir em
todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a
todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte
principal.”
Temos, portanto, os seguintes poderes:
a) Aditar a queixa-crime (v.g. querelante não
incluiu um crime);
b) Repudiar a queixa, oferecendo denúncia
substitutiva (v.g. queixa inepta);
c) Intervir em todos os termos do processo (v.g.
participar de audiências);
d) Fornecer elementos de prova (v.g. arrolar
testemunhas e juntar documento);
e) Interpor recurso;
f) Retomar a titularidade da ação, em caso de
negligência do querelante (AÇÃO PENAL INDIRETA).
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E AÇÃO PENAL DE
INICIATIVA PRIVADA
DECADÊNCIA: é a perda do direito de açãopenal
privada ou de representação em virtude de seu não
exercício no prazo legal.
- Natureza jurídica: Tem natureza de causa
extintiva de punibilidade (Art. 107, IV, CP).
Além disso, trata-se de um prazo FATAL e
improrrogável: Não se suspende, nem se
interrompe.
17
- Contagem: Como causa extintiva da
punibilidade, o prazo é de natureza
MATERIAL. Assim, conta-se conforme o Art. 10
do CP:
“Art. 10. O dia do começo inclui-se no
cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário
comum.”
- Início do prazo: O prazo de 6 meses será
contado a partir do momento do
conhecimento da autoria da infração penal.
Aplicamos aqui a TEORIA DA ACTIO NATA.
RENÚNCIA: ato unilateral pelo qual o ofendido abre
mão do direito de queixa. Logo, não há necessidade de
que haja concordância do agente criminoso. A renúncia
materializa o PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE (o
ofendido ou seu representante legal podem optar pelo
oferecimento ou não da queixa-crime).
- Natureza jurídica: Causa extintiva da
punibilidade (Art. 107, V, CP).
- Cabimento: Apenas na ação penal exclusiva e
na personalíssima. Não cabe na subsidiária.
Lembre-se que a ação subsidiária é
essencialmente pública.
Observações:
O fato de o ofendido receber a indenização do dano
causado pelo crime não implica em renúncia tácita -
art. 104, parágrafo único, CP.
“Art. 104. Parágrafo único - Importa
renúncia tácita ao direito de queixa a
prática de ato incompatível com a
vontade de exercê-lo; não a implica,
todavia, o fato de receber o ofendido a
indenização do dano causado pelo
crime.”
COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS (JECRIM) - Trata-se
de renúncia ao direito de queixa. Conforme o Art. 74,
§único da Lei 9.099/95:
“Art. 74 (...) Parágrafo único. Tratando-se
de ação penal de iniciativa privada ou de
ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.”
PERDÃO DO OFENDIDO: ato bilateral pelo qual, no
curso do processo, o querelante resolve perdoar o
querelado. Temos aqui a materialização do PRINCÍPIO
DA DISPONIBILIDADE (o querelante poderá desistir da
ação penal privada em andamento (DESISTÊNCIA). O
perdão exige a aceitação do querelado (pois é ato
bilateral). Conforme o Art. 58, CPP:
“Art. 58.  Concedido o perdão, mediante
declaração expressa nos autos, o
querelado será intimado a dizer, dentro de
3 dias, se o aceita, devendo, ao mesmo
tempo, ser cientificado de que o seu
silêncio importará aceitação.”
- Natureza Jurídica: Trata-se de causa de
extinção da punibilidade (Art. 107, V, CP).
- Cabimento: Só terá cabimento na ação privada
exclusiva e na personalíssima.
- Se o querelado não aceitar o perdão, o que
poderá o querelante fazer? Poderá provocar a
perempção.
- Qual o limite do perdão do ofendido? É possível
o perdão até o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória (Ver. 106, §3º, CP).
Não confundir12:
RENÚNCIA PERDÃO DO OFENDIDO
Causa extintiva da
punibilidade nas
hipóteses de ação penal
exclusivamente privada e
Causa extintiva da
punibilidade nas
hipóteses de ação penal
exclusivamente privada e
12 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.355/356
18
de ação penal privada
personalíssima.
de ação penal privada
personalíssima.
Decorre do princípio da
oportunidade ou
conveniência
Decorre do princípio da
disponibilidade.
Ato unilateral: não
depende de aceitação
Ato bilateral: depende de
aceitação do querelado
É concedida antes do
início do processo (até o
oferecimento da
queixa-crime).
É concedido durante o
curso do processo.
Por força do princípio da
indivisibilidade, a
renúncia concedida a um
dos coautores ou
partícipes do delito
estende-se aos demais.
Por força do princípio da
indivisibilidade, o perdão
concedido a um dos
querelados estende-se
aos demais, mas desde
que haja aceitação.
PEREMPÇÃO: perda do direito de prosseguir na ação,
em virtude de negligência do querelante.
“Art. 60.  Nos casos em que somente se
procede mediante queixa,
considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante
deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou
sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir
no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a
quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;
 III - quando o querelante deixar de
comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva
estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações
finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa
jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.”
- Natureza Jurídica: Trata-se de causa de
extinção da punibilidade (Art. 107, IV, CP).
- Cabimento: ação privada exclusiva e
personalíssima
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS
AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA
Diante da inércia de um órgão estatal, outro órgão
estatal oferecerá a ação penal, em substituição. Sua
inserção como espécie de ação penal pública não é
ponto pacífico na doutrina.13
1) Crime de Responsabilidade de
prefeitos (Decreto-Lei 201/67): Se o MPE (PGJ)
permanecer inerte em oferecer a ação penal contra o
prefeito, será possível pedir providências ao PGR (MPF).
A doutrina entende que este dispositivo atenta contra a
autonomia dos ministérios públicos estaduais, sendo
não recepcionado pela CF.
2) Código Eleitoral (Art. 357, §§ 3º e 4º):
Se o promotor eleitoral não oferecer denúncia, o juiz
poderá solicitar ao procurador regional eleitoral a
designação de outro promotor para oferecer a
denúncia ou oferecerá pessoalmente denúncia.
Vejamos:
“Art. 357 (...)
§ 3º Se o órgão do Ministério Público não
oferecer a denúncia no prazo legal
representará contra ele a autoridade
judiciária, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade penal.
§ 4º Ocorrendo a hipótese prevista no
parágrafo anterior o juiz solicitará ao
Procurador Regional a designação de
outro promotor, que, no mesmo prazo,
oferecerá a denúncia.”
13 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.318.
19
3) Incidente de Deslocamento de
Competência (violação a direitos humanos):
Conforme o Art. 109, §5º da CF:
“Art. 109 (...) § 5º Nas hipóteses de grave
violação de direitos humanos, o
Procurador-Geral da República, com a
finalidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em
qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)”
AÇÃO PENAL POPULAR
Parcela da doutrina discute a possibilidade de qualquer
do povo propor uma ação penal. Hipóteses:
- HABEAS CORPUS: O CPP prevê que o HC pode
ser proposto por qualquer pessoa. Assim,
parcela da doutrina aponta o HC como exemplo
possível de ação penal popular. Todavia, outra
parcela critica no seguinte sentido: Não se trata
de ação penal CONDENATÓRIA popular.
- CRIME DE RESPONSABILIDADE DO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA OU MINISTRO DE
ESTADO (Art. 14, Lei 1.079/50)
“Art. 14. É permitido a qualquer cidadão
denunciar o PR ou Ministro de Estado, por
crime de responsabilidade, perante a
câmara dos deputados.”
Crítica: A expressão “denúncia” é, na verdade,
uma “notitia criminis” dirigida à Câmara dos
deputados e não a peça acusatória de uma
ação penal condenatória. Além disso, a Lei
1.079/50 não tipifica crimes, mas sim infrações
político administrativas. Assim, não se trata de
ação penal condenatória popular.
AÇÃO PENAL ADESIVA
1ªC (MAJORITÁRIA) 2ªC
O MP oferece denúncia
em crimes de ação
penal privada, desde
que haja interesse
público.
Seria um litisconsórcio
ativo entre o MP, em
crime de ação penal
pública, e o querelante,
em crimes de ação penal
privada.
AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL
Ação penal ajuizada com o objetivo de aplicar medida
de segurança ao inimputável. O objetivo é a prolação de
uma sentençaabsolutória imprópria. Para Tourinho
Filho, a ação penal condenatória é gênero com duas
espécies: a ação penal propriamente dita, tendo por
finalidade a aplicação a pena privativa de liberdade, e a
ação de prevenção penal, visando à imposição de
medida de segurança.14
AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA
Ocorre na hipótese em que a lei estabelece uma
espécie de ação penal para determinado crime, porém,
em virtude do surgimento de circunstâncias especiais,
passa a prever, secundariamente, uma nova espécie de
ação penal para essa infração.15
Exemplo: Furto – ação pública incondicionada. O furto
cometido contra as pessoas do Art. 182, CP, será de
ação penal pública condicionada à representação.
“Art. 182 - Somente se procede
mediante representação, se o crime
previsto neste título é cometido em
prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou
judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o
agente coabita.”
15 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
Penal. 8ª ed. Juspodivm, 2020, p.359.
14 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo
penal. 31ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. p. 515.
20
AÇÃO PENAL INDIRETA
Quando o querelante abandona a ação penal privada
subsidiária da pública e o MP reassume o polo ativo da
ação penal.
PEÇA ACUSATÓRIA
AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA
Denúncia (Ministério
Público)
Queixa-crime
(querelante/ofendido)
REQUISITOS
“Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a
exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime
e, quando necessário, o rol das
testemunhas.”
● Exposição do fato criminoso e
circunstâncias: A peça acusatória deve narrar
pormenorizadamente a conduta imputada, sob pena de
cerceamento de defesa.
ATENÇÃO: CRIPTOIMPUTAÇÃO -
Trata-se da peça acusatória com
DEFICIÊNCIA na narrativa do fato
criminoso (inépcia). Em virtude disso,
a peça acusatória será REJEITADA (juízo
de admissibilidade negativo).
Não confundir:
DENÚNCIA GENÉRICA DENÚNCIA GERAL
Aponta fato incerto e
imprecisamente descrito.
Há acusação da prática de
fato específico atribuído a
diversas pessoas, ligadas
por circunstâncias
comuns, mas sem a
indicação minudente da
responsabilidade interna
e individual dos
imputados.
Segundo o STF, “2. Não há abuso de
acusação na denúncia que, ao tratar de
crimes de autoria coletiva, deixa, por
absoluta impossibilidade, de esgotar as
minúcias do suposto cometimento do crime.
4. Nos casos de denúncia que verse sobre
delito societário, não há que se falar em
inépcia quando a acusação descreve
minimamente o fato tido como criminoso.”
(HC 118891)
Observação:
IMPUTAÇÃO IMPLÍCITA IMPUTAÇÃO
ALTERNATIVA
A imputação deve ser
clara, precisa e completa.
O art. 41 do CPP
estabelece que a denúncia
deve proceder à
exposição do fato
criminoso, com todas as
suas circunstâncias, dessa
forma, a imputação
implícita acarreta
evidente prejuízo ao
exercício do direito de
defesa.
Afrânio Silva Jardim
pontua que ocorre
imputação alternativa
“quando a peça acusatória
vestibular atribui ao réu
mais de uma conduta
penalmente relevante,
asseverando que apenas
uma delas efetivamente
terá sido praticada pelo
imputado, embora todas
se apresentem como
prováveis, em face da
prova do inquérito”16.
Segundo Renato Brasileiro
(2020, p.391), a maioria da
doutrina “se posiciona
contrariamente a ela, já
que, ainda quando houver
compatibilidade entre os
fatos imputados, seu
oferecimento quase
16 JARDIM, Afrânio Silva. Direito Processual Penal. 11ª ed.
Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002. p. 149.
21
sempre acarreta
dificuldades ao exercício
do direito de defesa.”
Imputação Alternativa
Objetiva17
“Refere-se à
alternatividade quanto
aos dados objetivos do
fato narrado, podendo ser
de duas espécies:
a) imputação alternativa
objetiva ampla: é aquela
que incide sobre a ação
principal, furto ou
receptação;
b) imputação alternativa
objetiva restrita: é
aquela que se refere a
uma circunstância
qualificadora.”
Imputação Alternativa
Subjetiva18
“diz respeito ao sujeito
passivo da imputação,
subdivide-se em:
a) simples: a
alternatividade decorre de
dúvida sobre a autoria do
crime, como ocorre nos
exemplos em que os
investigados se acusam
reciprocamente, sendo
contraditórios os
elementos de informação
colhidos no inquérito (v.g.,
briga em bares);
b) complexa: é aquela
que abrange não só o
18 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal.
8ª ed. Juspodivm, 2020, p.391.
17 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal.
8ª ed. Juspodivm, 2020, p.390.
autor do delito, como
também a própria
infração penal.”
Imputação Alternativa
Originária
“Na denúncia ou na
queixa, os fatos delituosos
já são atribuídos de
maneira alternativa ao
agente (imputação
alternativa objetiva ampla
originária).”
Imputação Alternativa
Superveniente
“Resultava do aditamento
da peça acusatória nos
casos de mutatio libelli,
prevista na redação
original do parágrafo
único do art. 384 do CPP,
antes das alterações
produzidas pela reforma
processual de 2008 (...) De
acordo com a nova
redação do art. 384, § 4º,
do CPP, havendo
aditamento, ficará o juiz,
na sentença, adstrito
aos termos do
aditamento.”
● Qualificação do acusado: O acusado
deverá ser qualificado ou deverão ser indicadas suas
características físicas.
“Art. 259.  A impossibilidade de
identificação do acusado com o seu
verdadeiro nome ou outros qualificativos
não retardará a ação penal, quando certa a
identidade física. A qualquer tempo, no
curso do processo, do julgamento ou da
execução da sentença, se for descoberta a
22
sua qualificação, far-se-á a retificação, por
termo, nos autos, sem prejuízo da validade
dos atos precedentes.”
● Classificação do crime: Trata-se da
tipificação penal da conduta imputada. O acusado se
defende dos fatos imputados (não da capitulação
jurídica). Assim, é possível a aplicação do Art. 383 do
CPP (Emendatio libelli).
“Art. 383.  O juiz, sem modificar a
descrição do fato contida na denúncia ou
queixa, poderá atribuir-lhe definição
jurídica diversa, ainda que, em
conseqüência, tenha de aplicar pena mais
grave.”
● Rol de testemunhas: O MP e o
querelante devem arrolar as testemunhas na peça
acusatória, sob pena de PRECLUSÃO consumativa.
Quanto ao número de testemunhas, vejamos o quadro:
Procedimento Comum Até 8 (por fato criminoso)
Procedimento sumário Até 5
Procedimento
sumaríssimo
Até 3
1ª Fase do Júri Até 8
Plenário do Júri Até 5
Drogas Até 5
Sem prejuízo das testemunhas arroladas
pelas partes, o juiz poderá ouvir as chamadas
“testemunhas do juízo”.
PROCURAÇÃO NA QUEIXA-CRIME
Poderes especiais: nome do querelado e menção do
fato criminoso. Conforme o Art. 44, CPP:
“Art. 44.  A queixa poderá ser dada por
procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do
mandato o nome do querelante (leia-se
“querelado”) e a menção do fato criminoso,
salvo quando tais esclarecimentos
dependerem de diligências que devem ser
previamente requeridas no juízo criminal.”
Na Jurisprudência:
Para que o advogado proponha
queixa-crime em nome do seu cliente, ele
precisa ter recebido procuração com
poderes especiais para praticar esse ato.
Se o cliente outorga procuração sem
conferir poderes ao advogado para
ajuizar queixa-crime, este advogado não
pode oferecer substabelecimento a outro
advogado mencionando que este terá
poderes para propor queixa-crime. Ora, se
o advogado originário não recebeu poderes
para ajuizar queixa-crime, ele não poderá
substabelecer para outro advogado poderes
para propor queixa-crime. Em palavras mais
simples, o advogado não pode
substabelecer poderes que não recebeu.
Apenas os poderes originariamente
outorgados podem ser transferidos. Assim,
deve ser tida por inexistente a inclusão, ao
substabelecer, de poderes especiais para a
propositura de ação penal privada, se eles
não constavam do mandato originário.
Portanto, cabe reconhecer a nulidade da
queixa-crime, por vício de representação,
tendo em vista que a procuraçãooutorgada
para a sua propositura não atende às
exigências do art. 44 do CPP. STJ. 6ª Turma.
RHC 33790-SP, Rel. originário Min. Maria
Thereza De Assis Moura, Rel. para Acórdão
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
27/6/2014 (Info 544).19
19 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Poderes especiais para
advogado propor queixa-crime. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/38
75115bacc48cca24ac51ee4b0e7975>
23
Para que seja protocolizada
queixa-crime é necessária capacidade
postulatória. A procuração outorgada
pelo querelante ao seu advogado para o
ajuizamento de queixa-crime é uma
procuração com poderes especiais.
Nesta procuração deve constar o “nome
do querelado” e a “menção ao fato
criminoso”. Para o STJ, “menção ao fato
criminoso” significa que, na procuração,
basta que seja mencionado o tipo penal ou
o nomen iuris do crime, não precisando
identificar a conduta. Para o STF, “menção
ao fato criminoso” significa que, na
procuração, deve ser individualizado o
evento delituoso, não bastando que
apenas se mencione o nomen iuris do
crime. Caso haja algum vício na
procuração para a queixa-crime, esse vício
deverá ser corrigido antes do fim do prazo
decadencial de 6 meses, sob pena de
decadência e extinção da punibilidade.
STF. 2ª Turma. RHC 105920/RJ, Rel. Min.
Celso de Mello, julgado em 8/5/2012 (Info
665).
O vício na representação processual do
querelante é sanável, desde que dentro
do prazo decadencial. STJ. 5ª Turma. AgRg
no REsp 1392388/MG, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 18/08/2015.20
PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA
RÉU PRESO RÉU SOLTO
CPP 5 DIAS 15 DIAS
DROGAS 10 DIAS
ECONOMIA
POPULAR
2 DIAS
20 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Procuração para
queixa-crime. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/01
89caa552598b845b29b17a427692d1>
CÓDIGO
ELEITORAL
10 DIAS
PRAZO PARA OFERECIMENTO DA QUEIXA
O prazo será sempre de 6 meses. Todavia, questão
importante é saber sobre o início da contagem do
prazo:
INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO DE 6 MESES
AÇÃO PRIVADA
EXCLUSIVA E
PERSONALÍSSIMA
AÇÃO PRIVADA
SUBSIDIÁRIA DA
PÚBLICA
A partir do conhecimento
da autoria (“actio nata”)
Esgotamento do prazo
do MP para oferecer
denúncia.
LEMBRE-SE: na ação exclusiva e na personalíssima
teremos uma decadência própria caso não seja
cumprido o prazo, gerando a extinção da punibilidade.
No caso da subsidiária, a decadência é imprópria.
PONTOS IMPORTANTES NA JURISPRUDÊNCIA
- Recebimento da denúncia e princípio do in
dubio pro societate.
No momento da denúncia, prevalece o
princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª
Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 17/04/2018 (Info 898).21
- Trancamento de inquérito policial por
excesso de prazo e oferecimento de
denúncia
O eventual trancamento de inquérito
policial por excesso de prazo não
21 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Princípio do in dubio pro
societate. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e3
4376937c784505d9b4fcd980c2f1ce>.
24
impede, sempre e de forma automática,
o oferecimento da denúncia STF. 2ª
Turma. HC 194023 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 15/09/2021.22
- Denúncia e Teoria do Domínio do Fato
Não há óbice para que a denúncia
invoque a teoria do domínio do fato para
dar suporte à imputação penal, sendo
necessário, contudo, que, além disso, ela
aponte indícios convergentes no sentido
de que o Presidente da empresa não só
teve conhecimento do crime de evasão
de divisas, como dirigiu finalisticamente a
atuação dos demais acusados. Assim,
não basta que o acusado se encontre em
posição hierarquicamente superior. Isso
porque o próprio estatuto da empresa
prevê que haja divisão de
responsabilidades e, em grandes
corporações, empresas ou bancos há
controles e auditorias exatamente
porque nem mesmo os sócios têm como
saber tudo o que se passa. STF. 2ª Turma.
HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 6/12/2016 (Info 850).23
- Denúncia e lastro probatório
Deve ser rejeitada a queixa-crime que,
oferecida antes de qualquer
procedimento prévio, impute a prática de
infração de menor potencial ofensivo
com base apenas na versão do autor e na
indicação de rol de testemunhas,
desacompanhada de Termo
Circunstanciado ou de qualquer outro
23 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inépcia caso a denúncia se
baseie apenas no fato de que o réu era Diretor-Presidente da
empresa. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/84
899ae725ba49884f4c85c086f1b340>
22 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O eventual trancamento de
inquérito policial por excesso de prazo não impede, sempre e de
forma automática, o oferecimento da denúncia. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ef
7a3d1d2f039be1cb6a695f856b5ca6>
documento hábil a demonstrar, ainda
que de modo indiciário, a autoria e a
materialidade do crime. STJ. 5ª Turma.
RHC 61822-DF, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 17/12/2015 (Info 577).24
- Denúncia e Norma Penal em Branco
A denúncia que deixa de mencionar a
legislação complementar a que se refere
o tipo penal não atende o disposto no
art. 41 do CPP porque não descreve por
completo a conduta delitiva, dificultando
a compreensão da acusação e, por
conseguinte, o exercício do direito de
defesa. STJ. 5ª Turma. RHC 64430/SP, Rel.
Min. Gurgel de Faria, julgado em
19/11/201525.
- Queixa-crime e elemento subjetivo
Deve ser rejeitada a queixa-crime que
impute ao querelado a prática de crime
contra a honra, mas que se limite a
transcrever algumas frases, escritas pelo
querelado em sua rede social, segundo
as quais o querelante seria um litigante
habitual do Poder Judiciário (fato notório,
publicado em inúmeros órgãos de
imprensa), sem esclarecimentos que
possibilitem uma análise do elemento
subjetivo da conduta do querelado
consistente no intento positivo e
deliberado de lesar a honra do ofendido.
STJ. Corte Especial. AP 724-DF, Rel. Min.
25 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em caso de norma penal em
branco, a denúncia deverá explicitar qual é o complemento, sob pena
de ser considerada inepta. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/71
e09b16e21f7b6919bbfc43f6a5b2f0>
24 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Rejeição de queixa-crime
desacompanhada de documentos hábeis a demonstrar, ainda que de
modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime. Buscador Dizer
o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a5
01bebf79d570651ff601788ea9d16d>
25
Og Fernandes, julgado em 20/8/2014
(Info 547).26
26 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Queixa-crime deverá
demonstrar o elemento subjetivo do agente. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/05
1928341be67dcba03f0e04104d9047>
26

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