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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DEFINIÇÃO 2 CONTROLE DE LEGALIDADE E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 2 CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE 2 SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO 3 SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO BRASILEIRO 3 CONTROLE POLÍTICO 3 CONTROLE JUDICIAL 4 ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 4 CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 5 Quanto ao momento em que deverá ocorrer o controle 5 CONTROLE PREVENTIVO (OU A PRIORI) 5 CONTROLE REPRESSIVO 6 Quanto à extensão 6 TOTAL 6 PARCIAL 7 Quanto ao momento 7 ORIGINÁRIA 7 SUPERVENIENTE 7 Quanto ao prisma de apuração 8 ANTECEDENTE (OU DIRETA) 8 INDIRETA (REFLEXA, POR VIA OBLÍQUA OU POR ATO INTERPOSTO) 8 Quanto ao tipo de conduta do Poder Público 8 AÇÃO 8 OMISSÃO 8 Quanto à finalidade do controle 9 CONTROLE CONCRETO 9 CONTROLE ABSTRATO 9 ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE 9 INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL (NOMODINÂMICA OU EXTRÍNSECA) 9 INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (NOMOESTÁTICA, DE CONTEÚDO MATERIAL, SUBSTANCIAL, DOUTRINÁRIA OU INTRÍNSECA) 10 INCONSTITUCIONALIDADE EM RAZÃO DA OFENSA AO DECORO PARLAMENTAR (OU FINALÍSTICA) 10 INCONSTITUCIONALIDADE “CHAPADA”, “ENLOUQUECIDA”, “DESVAIRADA” (ADI 3.232) 10 FORMAS DE CONTROLE REPRESSIVO JURISDICIONAL 10 FORMAS DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 11 LEI “AINDA CONSTITUCIONAL”, OU “INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA”, OU “DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DE NORMA EM TRÂNSITO PARA A INCONSTITUCIONALIDADE” 13 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM PRONÚNCIA DA NULIDADE (OU SEM EFEITO ABLATIVO) 13 INCONSTITUCIONALIDADE CIRCUNSTANCIAL 13 PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO "ATALHAMENTO CONSTITUCIONAL" OU DO "DESVIO DO PODER CONSTITUINTE" 14 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO X PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME 14 LIMITES À APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME 15 CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE 15 MOMENTO A PARTIR DO QUAL A DECISÃO SE TORNA OBRIGATÓRIA 15 INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO HORIZONTAL 16 INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO VERTICAL 16 PRINCÍPIO DA PARCELARIDADE 16 DESCABIMENTO DO CONTROLE ABSTRATO POR VIA DAS AÇÕES DIRETAS 16 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADI 17 LEGITIMAÇÃO 17 OBJETO 18 PROCEDIMENTO - Lei 9.868/99 – PONTOS RELEVANTES 22 1 Coisa julgada “inconstitucional”. S. 343/STF. Rescisória (art. 966, V, CPC/2015) 30 Alteração posterior de jurisprudência pelo STF não legitima o pedido rescisório 30 Prospective overruling 30 AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE - ADC 31 ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL - ADPF 32 Espécies 32 ARGUIÇÃO AUTÔNOMA - art. 1º, caput, Lei 9.882/99 32 ARGUIÇÃO INCIDENTAL (por equiparação ou equivalência) - art. 1º, parágrafo único, I c/c art. 6º, § 1º, Lei 9.882/99 33 PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO 34 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO - ADO 36 ESPÉCIES DE OMISSÃO 36 OBJETO 37 CONTROLE CONCENTRADO-ABSTRATO NO ÂMBITO ESTADUAL 38 SIMULTANEIDADE DE AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE (simultaneus processus) 40 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO MUNICIPAL 42 CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE 42 CISÃO FUNCIONAL DE COMPETÊNCIA 43 EXCEÇÕES À CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO 44 CONTROLE DIFUSO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA 45 A TEORIA DA ABSTRATIVIZAÇÃO (OBJETIVAÇÃO, VERTICALIZAÇÃO OU CONCENTRAÇÃO) DO CONTROLE DIFUSO 46 DEFINIÇÃO Verificação da relação imediata de compatibilidade vertical entre norma legal e norma constitucional. Para um conceito lato sensu, consubstancia-se em um sistema de imunização do texto da constituição. CONTROLE DE LEGALIDADE E CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE1 CONTROLE DE LEGALIDADE: é imanente ao Direito Administrativo, pois é destinada a aferição da validade de norma infralegal em face da Legislação CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: é inerente ao Direito Constitucional, sendo dirigido ao aferimento da validade de norma infraconstitucional em face da Constituição. Trata-se de uma atividade por meio da qual o sujeito controlador verifica se existe ou não compatibilidade formal e material entre o objeto, o ato normativo (espécies do Art. 59 da CF), e o objeto paradigma, a Constituição. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE2 Valerio de Oliveira Mazzuoli É a verificação da compatibilidade das leis e atos normativos com os tratados internacionais com força supralegal. A Emenda Constitucional no 45/04, que acrescentou o § 3o ao art. 5o da Constituição, trouxe a possibilidade de os tratados internacionais de direitos humanos serem aprovados com um quorum qualificado, a fim de passarem (desde que ratificados e em vigor no plano internacional) de um status materialmente constitucional para a condição (formal) de tratados “equivalentes às emendas constitucionais”. Tal acréscimo constitucional trouxe ao direito brasileiro um novo tipo de controle à produção normativa doméstica, até hoje desconhecido entre nós: o controle de convencionalidade das leis. Com isso, as leis internas estariam sujeitas a um DUPLO PROCESSO DE COMPATIBILIZAÇÃO VERTICAL, 2 https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/46/181/ril_v46_n1 81_p113.pdf 1 https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucio nal/efeitos-do-controle-de-constitucionalidade-e-sua-im portancia-para-garantir-a-seguranca-juridica/#:~:text=Co mo%20se%20depreende%20desses%20dois,o%20segund o%20%C3%A9%20imanente%20ao 2 devendo obedecer aos comandos previstos na Carta Constitucional, bem como aos previstos em tratados internacionais de direitos humanos regularmente incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO COMPARADO A ideia de controle de constitucionalidade existe desde Aristóteles, em 420 a.C., passando pela Idade Média. Nesse contexto, cumpre ressaltar que não existe uma data precisa para a criação do controle de constitucionalidade. Contudo, pode-se afirmar que o controle difuso foi sistematizado nos Estados Unidos em 1803, com a decisão Marbury X Madison, ao passo que o controle concentrado foi sistematizado na Áustria, em 1920, por Hans Kelsen, na Constituição daquele país. QUAIS OS CRITÉRIOS EXISTENTES NO MUNDO? Há dois critérios básicos: NATUREZA DO ÓRGÃO: ❖ CONTROLE POLÍTICO: efetivado por um órgão não pertencente ao poder judiciário. Exemplo: França. Cuidado, pois na França, a partir de 2008, temos uma espécie de controle judicial (ainda que rudimentar). ❖ CONTROLE JUDICIAL: Efetuado por órgão pertencente ao poder judiciário. Como exemplo, temos os Estados Unidos. MOMENTO DO EXERCÍCIO ❖ CONTROLE PREVENTIVO: É o controle efetuado sobre o AINDA PROJETO DE LEI OU PROPOSTA. Antes da norma adquirir vigência. ❖ CONTROLE REPRESSIVO: É o efetuado após a norma legal adquirir vigência. Não se dá sobre projeto/proposta, mas sim sobre LEI ou EMENDA. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO DIREITO BRASILEIRO No Brasil, temos todos os controles apresentados, com base em duas regras: Em regra, o controle político é preventivo; Em regra, o controle judicial é repressivo. CONTROLE POLÍTICO Sobre o controle político, o Art. 66, §1º dispõe que: Art. 66. § 1º: Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, INCONSTITUCIONAL ou contrário ao interesse público, VETA-LO-Á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. Temos aqui o veto JURÍDICO, pois a fundamentação é uma suposta inconstitucionalidade do projeto. ATENÇÃO Em regra, é PREVENTIVO. Exceção: REPRESSIVO - art. 49, V da CF. Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - SUSTAR OS ATOS NORMATIVOS do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (1ª parte) ou dos limites de delegação legislativa (2ª parte); 3 A Constituição Federal estabelece limites, que são exorbitadospelo Executivo, fazendo com que o Legislativo atue para impedir a inconstitucionalidade. Art. 84, IV, parte final: envolve DECRETO executivo. Assim, temos um decreto regulamentar que exorbita o poder regulamentar e por isso será sustado pelo Congresso, mantendo-se o que não ultrapassa os limites do poder regulamentar. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV - Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como EXPEDIR DECRETOS E REGULAMENTOS PARA SUA FIEL EXECUÇÃO; Art. 68: temos aqui LEI DELEGADA. Lembre-se que o Presidente legisla em dois casos: Medida Provisória e Lei Delegada. A primeira é altamente informal, enquanto a lei delegada é altamente formal (obtendo delegação legislativa). Se não obtiver delegação legislativa para tratar de determinada matéria, será possível ao poder legislativo sustar o que exorbite a delegação. Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. ATENÇÃO Alguns doutrinadores apontem o art. 62 (MP) como controle político repressivo. Todavia, Guilherme Peña assevera que esse exemplo não deve ser citado, pois nem sempre o controle da MP é de constitucionalidade (na verdade, na maioria é unicamente um controle político). Inclusive, uma das correntes sobre a natureza jurídica da Medida Provisória é a de que MP é projeto de lei que tem força cautelar de Lei (SAULO RAMOS). Para essa posição, o exemplo da MP não configura um controle repressivo. CONTROLE JUDICIAL Previsto no art. 102, I, a da CF: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de LEI ou ATO NORMATIVO federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; Na ADI ou na ADC, o objeto é Lei ou Ato normativo. Portanto, norma já vigente.. ATENÇÃO Em regra, é REPRESSIVO. Exceção - PREVENTIVO: Mandado de segurança impetrado por membro do CN ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE3 ❖ Elemento conceitual (“bloco de constitucionalidade”) Consiste na determinação da própria ideia de Constituição e na definição das premissas jurídicas, políticas e ideológicas que lhe dão consistência. A ideia é identificar o que deve ser entendido como parâmetro de constitucionalidade. Trata-se de nítido processo de 3 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 241 4 aferição da compatibilidade vertical das normas inferiores em relação ao que foi considerado como “modelo constitucional” (vínculo de ordem jurídica, tendo em vista o princípio da supremacia da Constituição —paradigma de confronto). Predomina no Brasil uma posição restritiva em relação ao conceito de “bloco de constitucionalidade”, no qual o parâmetro seriam somente as normas e princípios expressos da Constituição escrita e positivada. Tal tendência está fundada na ideia de supremacia formal, apoiada no conceito de rigidez constitucional e na consequente obediência aos princípios e preceitos decorrentes da Constituição (“bloco de constitucionalidade em sentido estrito”). ATENÇÃO A EC 45/04 ampliou o “bloco de constitucionalidade”, na medida em que se passou a ter um novo parâmetro (norma formal e materialmente constitucional), qual seja, nos termos do art. 5º, § 3º, CF, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. ❖ Elemento temporal É imprescindível constatar se o padrão de confronto, alegadamente desrespeitado, ainda vige, pois, sem a sua concomitante existência, descaracteriza-se o fator de contemporaneidade, necessário à verificação desse requisito. CLASSIFICAÇÃO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Quanto ao momento em que deverá ocorrer o controle ❖ CONTROLE PREVENTIVO (OU A PRIORI) Tem por finalidade evitar que um projeto de lei inconstitucional adentre no sistema jurídico. Momentos em que é exercido: a) No Poder Legislativo: realizado na Comissão de Constituição e Justiça. É possível recurso ao Plenário quando o projeto de lei for rejeitado na CCJ (art. 58, CF). É realizado também quando da rejeição do veto do Presidente da República, pois se envolver fundamento constitucional será uma forma de controle, hipótese em que a posição do Poder Legislativo estará prevalecendo sobre o entendimento do Executivo. b) No Poder Executivo: realizado pelo Chefe do Poder Executivo, por meio de sanção ou veto jurídico. c) No Poder Judiciário: em regra, parlamentar tem o direito público subjetivo de questionar a regularidade do devido processo legislativo constitucional (impetração de mandado de segurança). Nesse sentido, cabe ao Poder Judiciário apenas verificar se foi garantido um procedimento em total conformidade com a CF, não lhe cabendo a extensão do controle sobre aspectos discricionários concernentes às questões políticas e aos atos interna corporis, vedando-se a interpretação de normas regimentais. ATENÇÃO A jurisprudência do STF consolidou-se no sentido de negar legitimidade ativa ad causam a terceiros não parlamentares, ainda que invoquem sua potencial condição de destinatário da futura lei ou emenda, pois somente o parlamentar tem direito líquido e certo à observância do processo legislativo. É possível que o STF, ao julgar MS impetrado por parlamentar, exerça controle de constitucionalidade de projeto que tramita no Congresso Nacional e o declare inconstitucional, determinando seu arquivamento? Em regra, não. Existem, contudo, duas exceções nas quais o STF pode determinar o arquivamento da propositura: a) proposta de emenda constitucional que viole cláusula pétrea; b) proposta de emenda constitucional ou projeto de lei cuja tramitação esteja ocorrendo com violação às regras constitucionais sobre o processo legislativo. STF. Plenário. MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20/6/2013(Info 711)4. 4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Mandado de segurança contra projeto de lei supostamente inconstitucional. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 5 Partidos políticos também podem impetrar mandado de segurança questionando projeto em tramitação e que seja, em tese, inconstitucional?5 NÃO. Segundo o STF (MS 24.642), somente o parlamentar tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de leis e emendas constitucionais que não se compatibilizam com o processo legislativo constitucional. O que acontece se houve perda superveniente do mandato parlamentar? Segundo Pedro Lenza, parece ter razão o Min. Celso de Mello ao afirmar que a perda superveniente de titularidade do mandato legislativo desqualifica a legitimação ativa do congressista, impondo-se a extinção do mandado de segurança (STF, MS 27.971). ❖ CONTROLE REPRESSIVO Tem por finalidade retirar do ordenamento jurídico normas violadoras da CF. Em regra, é realizado pelo Poder Judiciário (realizado por um órgão jurisdicional) EXCEÇÕES - É competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa (art. 49, V, CF). - Análise dos requisitos de relevância e urgência, realizada pelo Congresso Nacional, quando da edição de medida provisória (art. 62, CF). - O Chefe do Poder Executivo pode realizar o controle de constitucionalidade pela negativa de cumprimento de lei considerada por ele inconstitucional. - O STF, em entendimento Sumulado, entendia que o TCU poderia deixar de aplicar o ato por considerá-lo 5 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Mandado de segurança contra projeto de lei supostamente inconstitucional. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d645920e395fedad7bbbed0eca3fe2e0> <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/d645920e395fedad7bbbed0eca3fe2e0> inconstitucional, bem como sustar outros atos praticados com base em leis vulneradoras da CF, sempre de forma incidental. A Súmula 347 do STF tratava do assunto: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público. Em recente decisão, o STF passou a entender que Não cabe ao Tribunal de Contas, que não tem função jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade de leis ou atos normativos nos processos sob sua análise (STF. Plenário. MS 35410, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/04/2021. CNMP e CNJ podem realizar controle de constitucionalidade? Não. O STF (MS 27.744, Info 781; MS 32.582-MC, Info 744) entendeu que não é possível que o CNMP e o CNJ realizem controle de constitucionalidade, sob o fundamento de que tais órgãos exercem atos de caráter administrativo. O Conselho Nacional de Justiça, embora seja órgão do Poder Judiciário, nos termos do art. 103-B, § 4º, II, da Constituição Federal, possui, tão somente, atribuições de natureza administrativa e, nesse sentido, não lhe é permitido apreciar a constitucionalidade dos atos administrativos, mas somente sua legalidade. STF. Plenário. MS 28872 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/02/2011. 6 Quanto à extensão ❖ TOTAL A inconstitucionalidade pode ser de toda a lei, artigo ou alínea. Em geral, a inconstitucionalidade total de lei decorre de inconstitucionalidade formal. 6 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. CNJ não pode fazer controle de constitucionalidade. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/c0e190d8267e36708f955d7ab048990d> 6 ❖ PARCIAL Incide sobre uma palavra ou expressão, desde que não altere o restante do sentido, em expressão do PRINCÍPIO DA PARCELARIDADE. ATENÇÃO Segundo Pedro Lenza, em sua obra a respeito de Direito Constitucional, o princípio da parcelaridade é aplicável no âmbito do controle concentrado. Isso significa que a Corte Constitucional, ao julgar parcialmente procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade, pode expurgar do texto legal apenas uma palavra ou expressão, diferente com o que ocorre no caso do veto presidencial, conforme o art. 66, parágrafo segundo da CF/88. “O Presidente da República, ao vetar determinado projeto de lei (controle de constitucionalidade prévio ou preventivo, realizado pelo Executivo), poderá fazê-lo integralmente (veto de todo o projeto de lei) ou parcialmente; nesta última hipótese, porém, o veto só poderá ser de texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea (art. 66, § 2.º, da CF).”7 Quanto ao momento ❖ ORIGINÁRIA O ato desde a sua origem já é inconstitucional (o objeto surge após o parâmetro). ❖ SUPERVENIENTE O objeto, que originariamente era constitucional, torna-se inconstitucional em razão da superveniente mudança de parâmetro. ATENÇÃO Segundo Lenza, em regra, não se pode admitir nem o fenômeno da constitucionalidade superveniente, nem o da inconstitucionalidade superveniente8. 8 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 188-190 7 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 271 CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE: é o fenômeno pelo qual uma lei ou ato normativo que tenha “nascido” com algum vício de inconstitucionalidade, seja formal ou material, e se constitucionaliza. Esse fenômeno é inadmitido na medida em que o vício congênito não se convalida. Ou seja, se a lei é inconstitucional, trata-se de ato nulo (null and void) e, assim, por regra, não pode ser “corrigido”, pois o vício de inconstitucionalidade não se convalida, é um vício insanável, “incurável”. INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE: fenômeno pelo qual uma lei ou ato normativo que “nasceu” “perfeita”, sem nenhum tipo de vício de inconstitucionalidade, vem a se tornar inconstitucional. Em regra, esse fenômeno não é observado. Lenza expõe exemplos, na visão da jurisprudência do STF, que afastam essa possibilidade em razão da caracterização de outros institutos específicos e próprios: ■ Lei editada antes do advento da nova Constituição (fenômeno da recepção): se a lei foi editada antes do advento de uma nova Constituição, duas situações surgem: ou a lei é compatível e será recepcionada, ou a lei é incompatível e, então, nesse caso, será revogada por não recepção (cf. item 4.8.1). Não se pode falar em inconstitucionalidade superveniente nesse caso, pois não haverá preenchimento da regra da contemporaneidade. ■ Lei editada já na vigência da nova Constituição e superveniência de emenda constitucional futura que altere o fundamento de constitucionalidade da lei: o STF entende que, se a lei foi editada já na vigência da nova Constituição sem nenhum tipo de vício, eventual emenda constitucional que mude o parâmetro de controle pode deixar de assegurar validade à referida norma, e, assim, a nova emenda constitucional revogaria a lei em sentido contrário. Não se trata, portanto, do fenômeno de inconstitucionalidade superveniente. EXCEÇÕES À REGRA DA IMPOSSIBILIDADE DE INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE 7 a) mutação constitucional: a redação do dispositivo da Constituição não é alterada, mas o seu sentido interpretativo muda, surgindo, então, uma nova norma jurídica. As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, por meio de processos informais. A lei, então, que nasceu constitucional, tornar-se-ia inconstitucional em razão da mudança no sentido interpretativo do parâmetro de constitucionalidade. Exemplo: união estável entre pessoas do mesmo sexo. b) mudança no substrato fático da norma: não se tem uma alteração no parâmetro da Constituição, mas nos novos aspectos de fato que surgem e que não eram claros no momento da primeira interpretação. Exemplo trazido por Pedro Lenza: amianto - em um primeiro momento, o STF pronunciou-se no sentido de se declarar a constitucionalidade da lei federal que admitia o uso controlado de uma das modalidades do amianto (asbesto branco). Em momento seguinte, em razão da mudança no substrato fático da norma, referida disposição se tornou inconstitucional, passando a norma por um processo de inconstitucionalização. Quanto ao prisma de apuração9 ❖ ANTECEDENTE (OU DIRETA) Ocorre quando o ato viola diretamente a Constituição, ou seja, quando se tem uma norma constitucional e uma lei, não tendo nada interposto entre elas. ATENÇÃO: ADI só será admitida quando a inconstitucionalidade for direta. ❖ INDIRETA (REFLEXA, POR VIA OBLÍQUA OU POR ATO INTERPOSTO) Ocorre se entre o objeto e a CF houver um ato interposto. Neste caso, o objeto é ato normativo secundário. Configura-se uma ilegalidade previamente à inconstitucionalidade. Ex: regulamento de execução que desborda dos limites da lei. ATENÇÃO 9 https://jus.com.br/artigos/64556/teoria-do-controle-de-c onstitucionalidade-topicos-teoricos-e-praticos A jurisprudência não admite controle de constitucionalidade de atos normativos secundários (inaptos a criar direito novo), de que são espécies, além do regulamento, as resoluções, as instruções normativas e portarias, dentre outros (STF, AgReg na ADI 6117 DF). Contudo, excepcionalmente é possível que o STF controle a constitucionalidade de decreto regulamentador, quando este ultrapassar o poder de regulamentar, em razão do art. 49, V, CF, que possibilita que o Congresso Nacional também exerça esse controle. Quanto ao tipo de conduta do Poder Público ❖ AÇÃO Pressupõe uma conduta positiva do legislador que não se compatibiliza com os princípios e normas constitucionalmente consagrados. ❖ OMISSÃO Decorre de uma lacuna inconstitucional, ou seja, do descumprimentoda obrigação constitucional de legislar na regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada ATENÇÃO: Em relação às normas programáticas, em regra não será possível falar em omissão inconstitucional, exceto se a inércia inviabilizar providências ou prestações correspondentes ao mínimo existencial. São dois os remédios jurídicos concebidos pela CF para enfrentar o problema: mandado de injunção e ação direta de inconstitucionalidade por omissão. ● Omissão total (ou absoluta) Quando o legislador, tendo o dever jurídico de atuar, abstenha-se inteiramente de fazê-lo, deixando um vazio normativo no tema. Possibilidades de atuação judicial: a) Reconhecer auto-aplicabilidade da norma constitucional e fazê-la incidir diretamente: em regra, dá-se prazo ao órgão para que supra a lacuna. 8 b) Declarar a existência da omissão, constituindo em mora o órgão omisso: declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade. c) Criar a norma para o caso concreto. ● Omissão parcial relativa A lei exclui do seu âmbito de incidência determinada categoria que nele deveria estar abrigada, privando-a de um benefício e violando o princípio da isonomia. Possibilidades de atuação judicial: a) Declaração de inconstitucionalidade por ação da lei que fere a isonomia. b) Declaração de inconstitucionalidade por omissão parcial da lei, dando-se ciência ao órgão legislador para tomar as providências necessárias. c) Extensão do benefício à categoria excluída: o Poder Judiciário, mesmo se deparando com uma situação de desigualdade, não pode “corrigir” essa disparidade porque não tem “função legislativa”, não lhe sendo possível suprir a ausência da lei que é indispensável no caso. Nesse sentido: Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. Exceções à SV 3710: ações judiciais que questionam a Resolução nº 133/2011, que reconhece a simetria constitucional entre as carreiras da Magistratura e do MP como decorrência da aplicação direta do dispositivo constitucional (art. 129, § 4º, da CF/88. O Plenário do STF ainda irá apreciar essas discussões. 10 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula vinculante 37-STF. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/det alhes/f550e0ba9e1c4e8bb4a5ed0ac23a952d>. ● Omissão parcial propriamente dita O legislador atua sem afetar o princípio da isonomia, mas de modo insuficiente ou deficiente relativamente à obrigação que lhe era imposta. Quanto à finalidade do controle ❖ CONTROLE CONCRETO Surge a partir de um caso concreto, tendo como finalidade principal assegurar direitos subjetivos, e não assegurar a supremacia da Constituição, tendo em vista que a constitucionalidade é uma questão incidental. A pretensão será deduzida por meio de um processo constitucional subjetivo. ATENÇÃO: Todo controle difuso é também um controle concreto, mas nem todo controle concreto é um controle difuso. ❖ CONTROLE ABSTRATO Quando exercido em face da norma, abstratamente considerada. A pretensão é deduzida por meio de um processo constitucional objetivo. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL (NOMODINÂMICA OU EXTRÍNSECA) A lei ou ato normativo viola o devido processo legislativo constitucional. Subespécies FORMAL SUBJETIVA: quando há vício de iniciativa. Ressalta-se que o vício de iniciativa não é sanado pela sanção do Presidente da República. FORMAL OBJETIVA (RITUAL OU PROCESSUAL): violação do devido processo legislativo em seu conteúdo objetivo. 9 https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f550e0ba9e1c4e8bb4a5ed0ac23a952d https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f550e0ba9e1c4e8bb4a5ed0ac23a952d POR VIOLAÇÃO A PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO NORMATIVO11: Pedro Lenza lembra que a violação ou falta dos pressupostos, requisitos externos e anteriores ao procedimento legislativo, também gera inconstitucionalidade. Ex: verificação dos requisitos de relevância e urgência quando da edição de MP, observância dos requisitos do art. 18, § 4º, CF, para a criação de Município. FORMAL ORGÂNICA: quando a falha está na competência legislativa para elaboração do ato. Ex: lei federal (elaborada pelo Congresso Nacional) não pode dispor sobre tempo de permanência em fila de banco, uma vez que se trata de competência municipal (elaborada pela Câmara Municipal). INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (NOMOESTÁTICA, DE CONTEÚDO MATERIAL, SUBSTANCIAL, DOUTRINÁRIA OU INTRÍNSECA) Violação da matéria constitucional, que pode ser uma regra ou um princípio constitucional. Como exemplo: A questão do Princípio da Individualização da Pena que impede que o Legislador estabeleça em abstrato a progressão de regime, a Lei de Crimes Hediondos vedava a progressão de regime em abstrato, nesse caso é inconstitucional segundo o STF que decidiu no (Habeas Corpus 82959).12 INCONSTITUCIONALIDADE EM RAZÃO DA OFENSA AO DECORO PARLAMENTAR (OU FINALÍSTICA) Segundo o art. 55, § 1º, CF, é incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. Pedro Lenza (2011, p. 235) lança a ideia de inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar 12 https://jus.com.br/artigos/64570/teoria-do-controle-de-c onstitucionalidade-topicos-teoricos-e-praticos 11 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 194 com base no art. 55, §1º, da Constituição Federal, ao defender a possibilidade de reconhecimento desta espécie de inconstitucionalidade. Para o autor, trata-se de inconstitucionalidade já que a corrupção dos parlamentares, uma vez condenados pela Justiça, macula a essência do voto e o conceito de representatividade popular.13 O que é vício de decoro parlamentar? 14Segundo entendimento de Pedro Lenza, o vício de decoro parlamentar é uma das espécies de vício de inconstitucionalidade, ao lado da formal e da material. Consubstancia-se quando, na votação de determinada matéria, ocorre a situação descrita no art. 55, parágrafo primeiro, da CF/88. Assim, por exemplo, quando se comprova que no processo legislativo de uma emenda constitucional ocorreu a compra de votos (mensalão), deveria tal lei ser tida por inconstitucional pelo vício no decoro. INCONSTITUCIONALIDADE “CHAPADA”, “ENLOUQUECIDA”, “DESVAIRADA” (ADI 3.232) Expressão inicialmente utilizada pelo Min. Sepúlveda Pertence para caracterizar uma inconstitucionalidade mais do que evidente, clara, escancarada, flagrante, não restando qualquer dúvida sobre o vício, seja formal, seja material.15 FORMAS DE CONTROLE REPRESSIVO JURISDICIONAL CONTROLE DIFUSO (OU ABERTO, MODELO AMERICANO, INCIDENTAL, INDIRETO, PELA VIA DA DEFESA ou EXCEÇÃO, incidenter tantum) Possibilidade de qualquer juiz ou tribunal realizar o controle. Realizado pelo processo constitucional subjetivo. 15 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 252 14 Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.pág. 195 13 https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucio nal/controle-judicial-de-constitucionalidade-por-vicio-de -decoro-parlamentar-o-caso-mensalao/ 10 CONTROLE CONCENTRADO (ou FECHADO, MODELO AUSTRÍACO ou EUROPEU-CONTINENTAL, DIRETO, PELA VIA DA AÇÃO) Trata-se da competência originária de algum órgão específico. Controle realizado em processo constitucional objetivo. O que é a teoria da divisibilidade das leis no âmbito do controle de constitucionalidade?16 Referido princípio possibilita ao STF julgar e declarar inconstitucional apenas parte do texto legal que estiver em conflito com otexto constitucional, mantendo em vigor a parcela que com ela for compatível, desde que autônoma em relação à parte declarada inconstitucional. FORMAS DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Quanto aos ASPECTOS SUBJETIVO E OBJETIVO CONTROLE CONCRETO: efeito inter partes. CONTROLE ABSTRATO: efeito erga omnes e vinculante. É aplicável à ADI, ADC e ADPF. Quanto ao ASPECTO SUBJETIVO (sujeitos atingidos pelo efeito) EFEITO ERGA OMNES: atinge tanto os particulares quanto os Poderes Públicos. EFEITO VINCULANTE: atinge todo o Poder Judiciário, salvo o Plenário do STF; todo o Poder Executivo, incluindo o Chefe do Executivo e a Administração Pública Direta e Indireta, em todas as esferas de governo. Segundo Márcio Cavalcante,“essa decisão não vincula, contudo, o Plenário do STF. Assim, se o STF decidiu, em controle abstrato, que determinada lei é constitucional, a Corte poderá, mais tarde, mudar seu entendimento e decidir que esta mesma lei é inconstitucional por conta de mudanças no cenário 16 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/362132/no-que-consist e-o-principio-da-parcelaridade-no-ambito-do-controle-c oncentrado-de-constitucionalidade-denise-cistina-manto vani-cera jurídico, político, econômico ou social do país. Isso se justifica a fim de evitar a "fossilização da Constituição".17” ATENÇÃO 1. Os órgãos fracionários (relator ou turmas) do STF ficam vinculados e não podem ir de encontro à decisão do Pleno do STF. 2. Não é o Poder Legislativo em si que não fica vinculado, mas sim a função legiferante, sob pena de fossilização da Constituição. Assim, quando atuando em função administrativa (ex: nomeação de funcionários) também estará vinculado. 3.O Chefe do Poder Executivo só fica vinculado quanto à função administrativa. Quanto ao ASPECTO OBJETIVO (relativo à extensão dos efeitos) Que partes da decisão produzem eficácia erga omnes e efeito vinculante?18 1ª corrente: TEORIA RESTRITIVA Somente o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os motivos invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes. 2ª corrente: TEORIA EXTENSIVA Além do dispositivo, os motivos determinantes (ratio decidendi) da decisão também são vinculantes. Admite-se a transcendência dos motivos que embasaram a decisão. O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”. Segundo a teoria restritiva, adotada pelo STF, somente o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os 18 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O STF não admite a teoria da transcendência dos motivos determinantes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/det alhes/6c468ec5a41d65815de23ec1d08d7951> 17 https://www.dizerodireito.com.br/2015/10/superacao-legis lativa-da-jurisprudencia.html 11 motivos invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes. A reclamação no STF é uma ação na qual se alega que determinada decisão ou ato: • usurpou competência do STF; ou • desrespeitou decisão proferida pelo STF. Não cabe reclamação sob o argumento de que a decisão impugnada violou os motivos (fundamentos) expostos no acórdão do STF, ainda que este tenha caráter vinculante. Isso porque apenas o dispositivo do acórdão é que é vinculante. Assim, diz-se que a jurisprudência do STF é firme quanto ao não cabimento de reclamação fundada na transcendência dos motivos determinantes do acórdão com efeito vinculante. STF. Plenário. Rcl 8168/SC, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 19/11/2015 (Info 808). STF. 2ª Turma. Rcl 22012/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 12/9/2017 (Info 887). TEORIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES (EFEITOS IRRADIANTES OU TRANSBORDANTES?) Segundo a teoria dos efeitos irradiantes da decisão, além do dispositivo, os motivos determinantes (ratio decidendi) da decisão também são vinculantes. Para tanto, há de se observar a distinção entre ratio decidendi e obter dictum.19 Obter dictum (“coisa dita de passagem”): são comentários laterais, que não influem na decisão, sendo perfeitamente dispensáveis. Portanto, aceita a “teoria do transbordamento”, não se falaria em irradiação de obter dictum, com efeito vinculante, para fora do processo. Ratio decidendi (ou holding, no direito norte-americano): é a fundamentação essencial que ensejou aquele determinado resultado da ação. Nessa hipótese, aceita a “teoria dos efeitos irradiantes”, a “razão da 19 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 242 decisão” passaria a vincular outros julgamentos. Tal fenômeno reflete uma preocupação doutrinária em assegurar a força normativa da Constituição, cuja preservação integral exige o reconhecimento de que a eficácia vinculante atinge também os próprios fundamentos determinantes da decisão proferida pela Corte Suprema, especialmente quando consubstanciar uma declaração de inconstitucionalidade em sede de controle abstrato. Quanto ao ASPECTO TEMPORAL Tanto no controle concentrado como no difuso, pelo fato de que a natureza da lei inconstitucional é de ato nulo, a regra é de que a decisão de inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc. MODULAÇÃO DOS EFEITOS Excepcionalmente, admite-se uma modulação temporal dos efeitos da decisão, podendo o STF estabelecer um momento para o qual a inconstitucionalidade começa a valer, mesmo que se trate de um momento futuro. Tal modulação, que tem regulamentação específica no controle concentrado (art. 27, Lei 9.868/99), aplicável também no controle difuso por analogia, deve atender a dois requisitos: a) Quórum qualificado de 2/3. b) Deve atender a questões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social. ATENÇÃO Segundo o STF (ADI 2949 QO, Info 780)20, depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve ser considerado concluído e encerrado e, por isso, mostra-se inviável, em face da preclusão, a sua reabertura para discutir novamente a modulação dos efeitos da decisão proferida. “Depois da proclamação do resultado final, o julgamento deve ser considerado concluído e 20 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Momento-limite da modulação dos efeitos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/28dd2c7955ce926456240b2ff0100bde> 12 encerrado e, por isso, mostra-se inviável a sua reabertura para discutir novamente a modulação dos efeitos da decisão proferida. A análise da ação direta de inconstitucionalidade é realizada de maneira bifásica: a) primeiro, o Plenário decide se a lei é constitucional ou não; e b) em seguida, se a lei foi declarada inconstitucional, discute-se a possibilidade de modulação dos efeitos. Uma vez encerrado o julgamento e proclamado o resultado, inclusive com a votação sobre a modulação (que não foi alcançada), não há como reabrir o caso, ficando preclusa a possibilidade de reabertura para deliberação sobre a modulação dos efeitos”. STF. Plenário ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 8/4/2015 (Info 780). OBSERVAÇÃO O STJ, no REsp 1.904.374, pontuou que “da excepcionalidade da modulação decorre a necessidade de que o intérprete seja restritivo, a fim de evitar inadequado acréscimo de conteúdo sobre aquilo que o intérprete autêntico pretendeu proteger e salvaguardar.” No julgamento, A relatora, ministra Nancy Andrighi, explicou que a lei incompatível com o texto constitucional padece do vício de nulidade e, como regra, a declaração da sua inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc (retroativos). Contudo, ela lembrou que, excepcionalmente – por razões como a proteção à boa-fé, tutela da confiança e previsibilidade –, pode ser conferida eficácia prospectiva (efeito ex nunc) às decisões que declaram a inconstitucionalidade de lei. "As interpretações subsequentes da modulação de efeitos devem ser restritivas, afim de que não haja inadequado acréscimo de conteúdo exatamente sobre aquilo que o intérprete autêntico pretendeu, em caráter excepcional, proteger e salvaguardar", ressaltou.21 LEI “AINDA CONSTITUCIONAL”, OU “INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA”, OU “DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DE 21 https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao /Noticias/17082021-Inconstitucionalidade-da-distincao-de -regimes-sucessorios-alcanca-decisao-anterior-que-preju dicou-companheira.aspx NORMA EM TRÂNSITO PARA A INCONSTITUCIONALIDADE”22 Trata-se da hipótese em que uma lei, em virtude das circunstâncias de fato, pode vir a ser inconstitucional, não o sendo, porém, enquanto essas circunstâncias de fato não se apresentarem com a intensidade necessária para que se tornem inconstitucionais. Exemplos: 1. Prazo em dobro para recurso no Processo Penal às Defensorias Públicas: a norma será constitucional ao menos até que a organização da Defensoria, nos Estados, alcance o nível de organização do respectivo Ministério Público, que é a parte adversa, como órgão de acusação, no processo da ação penal pública. 2. O art. 68, CPP, o qual trata da propositura de ação civil ex delicto pelo MP, é uma lei ainda constitucional e que está em trânsito, progressivamente, para a “inconstitucionalidade”, à medida que as Defensorias Públicas forem sendo, efetiva e eficazmente, instaladas. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM PRONÚNCIA DA NULIDADE (OU SEM EFEITO ABLATIVO) A Corte Suprema reconhece que a norma é inconstitucional, mas a mantém no ordenamento jurídico até que nova lei seja editada em sua substituição. Isto é, a eficácia da lei fica suspensa até que o legislador manifeste-se sobre a situação inconstitucional.23 Ex: município putativo (ADI 2.240). INCONSTITUCIONALIDADE CIRCUNSTANCIAL24 24 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 248 23 https://jus.com.br/artigos/31062/apontamentos-sobre-a-t ecnica-da-declaracao-de-inconstitucionalidade-sem-pron uncia-de-nulidade-no-julgamento-das-normas-sobre-nu meros-de-deputados-no-stf#:~:text=(3)%20Declara%C3% A7%C3%A3o%20de%20inconstitucionalidade%20sem,seja %20editada%20em%20sua%20substitui%C3%A7%C3%A3 o. 22 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 244 13 Ocorre quando um enunciado normativo, em regra, válido, ao ser aplicado em determinadas circunstâncias, produz uma norma inconstitucional. Em outras palavras, a inconstitucionalidade circunstancial1 se dá quando determinada norma, embora seja válida, quando confrontada com uma situação específica, torna-se inconstitucional em decorrência do seu contexto particular. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO "ATALHAMENTO CONSTITUCIONAL" OU DO "DESVIO DO PODER CONSTITUINTE"25 Segundo Pedro Lenza, a finalidade do princípio é “vedar qualquer mecanismo a ensejar o ‘atalhamento constitucional’, vale dizer, qualquer artifício que busque abrandar, suavizar, abreviar, dificultar ou impedir a ampla produção de efeitos dos princípios constitucionais”. Esse princípio, de origem alemã, foi aplicado no caso em que, visando burlar o princípio da anualidade, previsto no art. 16, CF, foi editada a EC 52/06 com efeitos retroativos, afirmando que esta teria aplicação nas eleições ocorridas em 2002. Nesse caso, haveria desvio de poder ou finalidade pela utilização de meio aparentemente legal com o objetivo de atingir fim ilícito. Percebe-se, portanto, que o princípio veda qualquer artifício que busque abrandar, suavizar, abreviar, dificultar ou impedir a ampla produção de efeitos dos princípios constitucionais, como, no caso, do princípio da anualidade do processo eleitoral. QUANTO À EXTENSÃO DOS EFEITOS DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE COM REDUÇÃO DE TEXTO: uma parte do texto ou todo o texto será excluído. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO: o STF não declara a nulidade de um texto, mas sim de uma interpretação que poderia ser dada àquele texto. 25 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 252 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO X PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME O STF só pode realizar a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto e a interpretação conforme se a norma em questão admitir espaço para decisão (normas polissêmicas). Se o sentido da norma for unívoco, qualquer interpretação dada pelo STF implicaria em atuação como legislador positivo, o que não é possível. DECLARAÇÃO DE NULIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME SEMELHANÇAS a) Não há alteração do texto da norma. b) Há uma redução no âmbito de aplicação do dispositivo. c) Nos dois casos, o STF julga parcialmente procedente a ADI. QUANTO À NATUREZA A declaração de nulidade (com ou sem redução de texto) é uma técnica de decisão judicial, que só pode ser aplicada no controle abstrato de constitucionali dade. Pode ser aplicado em todos os controles, inclusive o difuso, pois trata-se de um princípio interpretativo (ou instrumental) da hermenêutica constitucional. QUANTO À TÉCNICA APLICADA Exclui uma interpretação e permite as demais. Permite uma interpretação e exclui as demais. 14 LIMITES À APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME a) Clareza do texto legal: se a norma não é polissêmica, só havendo uma interpretação possível, não será possível utilizar a interpretação conforme. b) O juiz não pode substituir a vontade da lei ou do legislador pela sua própria vontade. PONTOS IMPORTANTES26 Eficácia normativa Quando o STF, no controle concentrado de constitucionalidade(ADI ou ADC decide que determinada lei é constitucional ou inconstitucional, ele gera a consequência que se pode denominar de eficácia normativa que significa manter ou excluir(declarar nula a referida norma do ordenamento jurídico. Eficácia executiva ou instrumental Além da eficácia normativa a sentença de mérito na ADI ou ADC provoca também um efeito vinculante, consistente em atribuir ao julgado uma força impositiva e obrigatória em relação aos atos administrativos ou judiciais supervenientes. A isso o Min. Teori Zavascki chama de eficácia executiva ou instrumental (eficácia vinculante). Em caso de descumprimento dessa eficácia executiva ou instrumental a parte prejudicada poderá ajuizar no STF uma reclamação (art. 102, I, “l” da CF/88). Eficácia normativa (efeitos ex tunc) A Eficácia normativa (declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade) opera de forma “ex tunc” (retroativa). Eficácia executiva (efeitos ex nunc) A eficácia executiva (efeito vinculante) produz efeitos “ex nunc”. 26 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O simples fato de o STF ter declarado a inconstitucionalidade de uma lei não faz com que ocorra automaticamente a desconstituição da sentença transitada em julgado anterior que tenha aplicado este ato normativo. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/d5c186983b52c4551ee00f72316c6eaa> Assim o termo inicial da eficácia executiva é o dia de publicação do acórdão do STF no Diário Oficial (art. 28 da Lei 9.868/1999). CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE Pronunciamento em abstrato acerca da validade da norma Trata-se de exercício ATÍPICO de jurisdição, pois não há litígio ou partes (existem apenas sob o aspecto formal), nem um caso concreto que deve ser solucionado mediante a aplicação da lei pelo julgador. É um processo objetivo, destinado à proteção do próprio ordenamento. Questão principal a) Cumpre ao tribunal manifestar-se especificamente acerca da validade de uma lei e sobre sua permanência ou não no sistema, diferindo do controle por via incidental, no qual a discussão da constitucionalidadeé questão prejudicial. b) Cabe ao autor indicar os atos infraconstitucionais que considera incompatíveis com a CF e as normas constitucionais em face das quais estão sendo questionados, com as respectivas razões. ATENÇÃO O STF, via de regra, não estende a declaração de inconstitucionalidade a dispositivos que não tenham sido impugnados. Contudo, não está adstrito aos fundamentos veiculados pelo autor e deve atuar como legislador negativo, a fim de que não crie norma anteriormente inexistente. CONTROLE CONCENTRADO a) Plano federal - STF: ADI, ADC e ADI por omissão, tendo como paradigma a CF. b) Plano estadual - TJ: paradigma a CE. MOMENTO A PARTIR DO QUAL A DECISÃO SE TORNA OBRIGATÓRIA 15 A decisão, seja definitiva ou cautelar, torna-se obrigatória a partir da publicação da ata da sessão de julgamento no DOU ou DJU, não sendo necessário aguardar o trânsito em julgado. Teoria da inconstitucionalidade por “arrastamento” ou “atração”, ou “inconstitucionalidade consequente de preceitos não impugnados”, ou inconstitucionalidade consequencial, ou inconstitucionalidade consequente ou derivada, ou “inconstitucionalidade por reverberação normativa”, ou inconstitucionalidade secundária27 Pela referida teoria, se em determinado processo de controle concentrado de constitucionalidade for julgada inconstitucional a norma principal, em futuro processo, outra norma dependente daquela que foi declarada inconstitucional em processo anterior, tendo em vista a relação de instrumentalidade que entre elas existe, também estará eivada pelo vício de inconstitucionalidade “consequente”, por “arrastamento” ou “atração”. Essa técnica da declaração de inconstitucionalidade por arrastamento pode ser aplicada tanto em processos distintos como em um mesmo processo, situação que vem sendo verificada com mais frequência na jurisprudência do STF. Ou seja, já na própria decisão, a Corte define quais normas são atingidas, e no dispositivo, por “arrastamento”, também reconhece a invalidade das normas que estão “contaminadas”, mesmo na hipótese de não haver pedido expresso na petição inicial. Trata-se, sem dúvida, de exceção à regra de que o juiz deve ater-se aos limites da lide fixados na exordial (princípio da adstrição), especialmente em razão da correlação, conexão ou interdependência dos dispositivos legais e do caráter político do controle de constitucionalidade realizado pelo STF. INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO HORIZONTAL São as hipóteses de inconstitucionalidade parcial geradoras da inconstitucionalidade total, isto é, 27 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 243 quando dentro do mesmo sistema normativo existe relação de dependência entre elas, seja lógica (ex: alínea que não sobrevive sem o restante do corpo do artigo) ou teleológica (a inconstitucionalidade muda o sentido ou a finalidade da norma que restar no ordenamento). INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO VERTICAL A declaração de inconstitucionalidade incide, por consequência, em norma ligada hierarquicamente à norma objeto do pedido inicial. Ex: inconstitucionalidade de uma lei que conduz à inconstitucionalidade do decreto que a regulamenta. PRINCÍPIO DA PARCELARIDADE28 O STF pode julgar parcialmente procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade, expurgando do texto legal apenas uma palavra ou expressão, diferentemente do que ocorre com o veto presidencial. Trata-se de interpretação conforme com redução de texto, verificada, por exemplo, na ADI 1.227, suspendendo a eficácia da expressão “desacato”, do art. 7º, § 2º, do Estatuto dos Advogados. PONTO IMPORTANTE DESCABIMENTO DO CONTROLE ABSTRATO POR VIA DAS AÇÕES DIRETAS29 Para fiscalização preventiva (projetos legislativos e propostas de EC). Para atacar atos normativos já revogados ou com eficácia suspensa ou já exaurida. Exceções: casos em que: (a) a revogação do ato atacado, ocorrida no curso do processo, seja considerada fraude processual; (b) a petição inicial tenha sido emendada, antes da apreciação do requerimento de liminar, com a finalidade de incluir no objeto da ação a lei 29 Bernardes e Ferreira (p. 499), via dizerodireito 28 Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado / Pedro Lenza. – Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 24. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, pág. 271 16 revogadora que reproduzira as normas impugnadas, desde que a revogação tenha ocorrido na pendência do processo; ( c) a ação já haja sido julgada antes da notícia da revogação da norma impugnada; e (d) a norma impugnada tiver sido reproduzida em texto posterior de ato normativo equivalente. Para controlar antinomias que envolvam o critério cronológico. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADI É possível o ajuizamento de ADI nos âmbitos estadual e federal de maneira simultânea? (“simultaneus processus”) Sim. Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de justiça local e outra perante o STF, o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da segunda – do STF – se preenchidas duas condições cumulativas: 1) se a decisão do Tribunal de Justiça for pela procedência da ação e 2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do Estado sem correspondência na Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de constitucionalidade tenha correspondência na Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF para o controle abstrato de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 3659/AM, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/12/2018 (Info 927)30. LEGITIMAÇÃO Passiva 30 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Coexistência de ADI no TJ e ADI no STF, sendo a ADI estadual julgada primeiro. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/49ef08ad6e7f26d7f200e1b2b9e6e4ac>. Órgãos ou autoridades responsáveis pela lei ou ato normativo objeto da ação, aos quais caberá prestar informações ao relator. A defesa propriamente dita caberá ao AGU, independentemente de sua natureza federal ou estadual. ATENÇÃO O STF, na ADI 4667, pontuou que “A teor do disposto no artigo 103, § 3º, da Carta Federal, no processo objetivo em que o Supremo aprecia a inconstitucionalidade de norma legal ou ato normativo, o Advogado-Geral da União atua como curador, cabendo-lhe defender o ato ou texto impugnado, sendo imprópria a emissão de entendimento sobre a procedência da pecha”. Ativa LEGITIMADOS ATIVOS UNIVERSAIS ESPECIAIS Podem propor a ADI e a ADC independentemente da existência de pertinência temática São aqueles dos quais se exige pertinência temática como requisito implícito de legitimação I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. NEUTROS OU UNIVERSAIS 17 a) PR: independe de sua participação direta no processo de elaboração, seja com iniciativa ou sanção. b) Mesa do CN: não pode propor ADI. c) PGR: possui juízo discricionário. d) Partidos políticos: a aferição da legitimidade deve ser feita no momento da propositura da ação. INTERESSADOS OU ESPECIAIS a) Mesa da AL: necessitam de pertinência temática, que vem a ser o vínculo objetivo entre a norma impugnada e a competência da casa legislativa ou do Estado do qual é ela o órgão representativo. b) Governador: situação análoga à da Mesa da AL, sendo possível ajuizar ação tendo por objeto lei ou ato normativo originários de seu Estado, da União ou mesmo de outros Estados da Federação,se interferirem ilegitimamente em competências ou interesses juridicamente protegidos do seu Estado. ATENÇÃO Governador de Estado afastado cautelarmente de suas funções — por força do recebimento de denúncia por crime comum — não tem legitimidade ativa para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade. STF. Plenário. ADI 6728 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/4/2021 (Info 1015). c) Entidades de classe de âmbito nacional d) Confederação sindical Para que as confederações sindicais e as entidades de classe possam propor ADI e ADC, o STF exige o cumprimento dos seguintes REQUISITOS: a) a caracterização como entidade de classe ou sindical, decorrente da representação de categoria empresarial ou profissional; b) a abrangência ampla desse vínculo de representação, exigindo-se que a entidade represente toda a respectiva categoria, e não apenas fração dela; c) o caráter nacional da representatividade, aferida pela demonstração da presença da entidade em pelo menos 9 estados brasileiros; e d) a pertinência temática entre as finalidades institucionais da entidade e o objeto da impugnação. STF. Plenário. ADI 6465 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/10/2020 (Info 995).31 OBJETO Lei ou ato normativo federal ou estadual. A palavra lei compreende todas as espécies normativas do art. 59, CF (emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções). OBSERVAÇÕES32 a) Lei delegada: em tese, sujeita-se a duplo controle jurisdicional de constitucionalidade: sobre a resolução do CN que veicula a delegação, bem como sobre a lei delegada propriamente dita, elaborada pelo PR. Além disso, pode ser submetida a controle político, nos termos do art. 49, V, CF. b) MP: a apreciação dos requisitos de relevância e urgência fica por conta do CN e do PR, de modo que o controle judicial exercido pelo STF só terá lugar quando a ausência dos requisitos puder ser evidenciada objetivamente, sem depender de uma avaliação discricionária, ou seja, o exame deve ser feito cum grano salis, com muita parcimônia. Em uma ADI proposta é possível que o STF julgue inconstitucional medida provisória pelo fato de ela não ter relevância e urgência? SIM. O STF admite a possibilidade de controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a edição de medidas provisórias. No entanto, “o escrutínio a ser feito pelo Judiciário neste particular é de domínio estrito, justificando-se a invalidação da iniciativa presidencial apenas quando atestada a inexistência cabal desses requisitos” (RE 592.377).33 33 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível o controle judicial dos pressupostos de relevância e urgência para a 32 LENZA (2020). 31 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Entidade de classe que representa apenas parte da categoria profissional (e não a sua totalidade), não pode ajuizar ADI/ADC. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/det alhes/a8acc28734d4fe90ea24353d901ae678 18 A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de medidas provisórias consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária de competência do Presidente da República, controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise dos requisitos da MP. No caso de MP que trate sobre situação tipicamente financeira e tributária, deve prevalecer, em regra, o juízo do administrador público, não devendo o STF declarar a norma inconstitucional por afronta ao art. 62 da CF/88. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2016 (Info 851). c) MP que abre crédito extraordinário (art. 62 c/c art. 167, § 3º, CF): ao contrário do que ocorre em relação aos requisitos de relevância e urgência (art. 62, CF), que se submetem a uma ampla margem de discricionariedade por parte do Presidente da República, os requisitos de imprevisibilidade e urgência (art. 167, § 3º, CF) recebem densificação normativa da Constituição. Nesse contexto, os conteúdos semânticos das expressões “guerra”, “comoção interna” e “calamidade pública” constituem vetores para a interpretação e aplicação do art. 167, § 3º c/c o art. 62, § 1º, I, “d”, CF. d) Normas orçamentárias: podem ser objeto de controle abstrato de constitucionalidade. É cabível a propositura de ADI contra lei orçamentária, lei de diretrizes orçamentárias e lei de abertura de crédito extraordinário. STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016 (Info 817).34 34 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. ADI contra leis orçamentáriasa. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/67c6a1e7ce56d3d6fa748ab6d9af3fd7 edição de medidas provisórias, no entanto, esse exame é de domínio estrito, somente havendo a invalidação quando demonstrada a inexistência cabal desses requisitoso. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/74a9d40b0df3a01eda99c4463b607dd1> e) Atos de revisão constitucional: podem ser objeto de controle de constitucionalidade. f) Atos normativos: podem ser resoluções administrativas dos tribunais; atos estatais de conteúdo meramente derrogatório, como as resoluções administrativas, desde que incidam sobre atos de caráter normativo (generalidade e abstração); deliberações administrativas dos órgãos judiciários. Ex: decisão administrativa de TJ que estende gratificação a todos os servidores do Judiciário estadual (STF, ADI 3.202, Info 734). O STF admite o uso das ações do controle concentrado de constitucionalidade para o exame de atos normativos infralegais, nos casos em que a tese de inconstitucionalidade articulada pelo autor propõe o cotejo da norma impugnada diretamente com o texto constitucional. STF. Plenário. ADI 3481/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/3/2021 (Info 1008)35 ATENÇÃO No caso de atos normativos secundários (decretos regulamentares, portarias, resoluções), duas hipóteses são possíveis: - Ato administrativo em desconformidade com a lei que lhe cabia regulamentar: ilegalidade. - A própria lei está em desconformidade com a CF: ela é que deverá ser impugnada. Nesse contexto, por estarem subordinados à lei, via de regra, não se submetem a controle de constitucionalidade em sede de ADI, pois os referidos atos serão ilegais e não inconstitucionais (“crise de legalidade”). Como se vê, o objeto não seria ato normativo primário, com fundamento de validade diretamente na Constituição, mas ato secundário, com base na lei, não se admitindo, portanto, controle de inconstitucionalidade por via indireta, reflexa ou oblíqua. 35 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É cabível ADI contra Resolução de Conselho Profissional que não tratou de mero exercício de competência regulamentar, mas expressou conteúdo normativo que lidou diretamente com direitos e garantias tutelados pela Constituição. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/95c3f1a8b262ec7a929a8739e21142d7>. 19 Um Decreto pode ser considerado ato normativo para os fins do art. 102, I, da CF/88? Um decreto pode ser objeto de ADI? 36 • Decreto que apenas regulamenta uma lei: NÃO. Não cabe ADI contra decreto meramente regulamentar de lei. Isso porque, neste caso, esse decreto terá natureza de ato secundário. Nesse sentido: (...) Vocacionada ao controle da constitucionalidade das leis e atos normativos, a ação direta de inconstitucionalidade não constitui meio idôneo para impugnar a validade de ato regulamentar e secundário em face de legislação infraconstitucional. (...) STF. Plenário. ADI 4127 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/10/2014. • Decreto autônomo: SIM. Cabe ADI contra decreto autônomo. O decreto autônomo possui “coeficiente mínimo de normatividade, generalidade e abstração”, ouseja, ele retira seu fundamento de validade diretamente da Constituição Federal, não regulamentando nenhuma lei. Ele possui caráter essencialmente abstrato e primário. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado para o controle de decreto regulamentar de lei estadual. Seria possível a propositura de ADI se fosse um decreto autônomo. Mas sendo um decreto que apenas regulamenta a lei, não é hipótese de cabimento de ADI. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905). g) Tratados internacionais: eventual declaração de inconstitucionalidade recairá sobre os decretos de aprovação ou promulgação, impossibilitando que o tratado ou convenção, os quais são atos de natureza internacional, produzam efeitos válidos internamente. É admissível para todos os tratados, sejam eles equiparados à CF, à lei ordinária ou de caráter supralegal. 36 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não cabe ADI contra decreto regulamentar de lei estadual. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/203cb085a5c2c3faf8e4f60131817256> h) Lei anterior à CF em vigor: serão revogadas, não cabendo controle abstrato. i) Ato normativo já revogado ou de eficácia exaurida: não cabe ADI, na medida em que não se deve considerar, para efeito do contraste que lhe é inerente, a existência de paradigma revestido de valor meramente histórico. ATENÇÃO O STF (ADPF 77 MC), em razão de não caber a ADI e nem mesmo a ADC, tendo em vista o princípio da subsidiariedade (art. 4º, § 1º, Lei 9.882/99), tem admitido o cabimento da ADPF contra ato normativo revogado ou com a sua eficácia exaurida. j) Lei revogada ou que tenha perdido a sua vigência após a propositura da ADI: perda superveniente do interesse processual, pois a medida deixou de ser útil e necessária. (ADI 2049). Exceções: ■ADI 3.232: fraude processual; ■ ADI 3.306: fraude processual; ■ ADI 951 ED: comunicação tardia de revogação da lei objeto da ADI (após o STF ter julgado o mérito da ação, reconhecendo a inconstitucionalidade da lei); ■ ADI 4.426: singularidades do caso; ■ ADI 2.501: inexistência de alteração substancial da norma; ■ ADI 2.418: inexistência de alteração substancial da norma. k) Alteração do parâmetro constitucional invocado: prevalece o entendimento no STF no sentido de que, havendo alteração no parâmetro constitucional invocado (no caso, por emenda constitucional), e já proposta a ADI, esta deve ser julgada prejudicada em razão da perda superveniente de seu objeto (já que a emenda constitucional, segundo entendimento da Corte, revoga a lei infraconstitucional em sentido contrário e que era o objeto da ADI). ATENÇÃO: Analisando a situação do caso concreto e modificando o seu entendimento, o STF (ADI 2.158 e 20 ADI 2.189) não admitiu o pedido de prejudicialidade, passando à análise da constitucionalidade de lei à luz da regra constitucional que à época vigorava. Por não admitir o fenômeno da constitucionalidade superveniente, a referida lei, que nasceu inconstitucional, deve ser nulificada perante a regra da Constituição que vigorava à época de sua edição (princípio da contemporaneidade). l) Divergência entre a ementa da lei e o seu conteúdo: não caracteriza situação de controle de constitucionalidade, na medida em que a simples divergência entre a ementa da lei e o seu conteúdo não seria suficiente para configurar afronta à Constituição. m) Respostas emitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral: o STF entendeu não configurar objeto de ADI as respostas emitidas pelo TSE às consultas que lhe forem endereçadas, na medida em que os referidos atos não possuem eficácia vinculativa aos demais órgãos do Poder Judiciário. n) Leis e atos de efeitos concretos: não cabe ADI para o STF. ATENÇÃO O STF modificou seu posicionamento, ao fazer a distinção de ato de efeito concreto editado pelo Poder Público sob a forma de lei do ato de efeito concreto não editado sob a forma de lei. Portanto, mesmo que de efeito concreto, se o ato do Poder Público for materializado por lei (ou medida provisória, no caso da que abre créditos extraordinários), poderá ser objeto do controle abstrato. o) Lei municipal em face da CF: não cabe ADI para o STF. É possível ADI contra ato normativo municipal em face da respectiva lei orgânica? Não. Não se admite controle concentrado de constitucionalidade de leis ou atos normativos municipais em face da lei orgânica respectiva. Com efeito, não é possível extrair, da literalidade do art. 125, § 2°, da Constituição Federal, o cabimento de controle concentrado de constitucionalidade de leis ou atos normativos municipais contra a lei orgânica respectiva. ADI 5548/PE, relator Min. Ricardo Lewadowski, julgamento virtual finalizado em 16.8.2021 p) DF no exercício de sua competência legislativa municipal: não cabe ADI para o STF. Quanto ao tema: Súmula 642-STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal. Lei do DF só pode ser objeto de ADI quando tratar de assunto de competência estadual. Agora se a mesma lei utilizar de suas duas competências, o STF somente conhecerá do pedido de julgamento da inconstitucionalidade no que tange à competência estadual, alegando incompetência na parte municipal. Isso porque, somente o TJ do DF pode julgar ADI contra lei de conteúdo municipal em face da Lei orgânica do DF.37 q) DF no exercício de sua competência legislativa estadual: cabe ADI para o STF. r) PEC ou PL: não cabe, pois o direito brasileiro não prevê hipóteses de controle jurisdicional preventivo de constitucionalidade. ATENÇÃO Para o STF (ADI 466), lei já publicada, mas que ainda não esteja em vigor, ou seja, que se encontre no período de vacatio legis, pode ser objeto de ADI.38 s) Deliberações administrativas dos órgãos judiciários: segundo o STF (ADI 3202), podem ser objeto de controle de constitucionalidade, quando tiverem conteúdo normativo, com generalidade e abstração. salvo as convenções coletivas de trabalho (ADI 681). 38 LENZA (2020). Pág. 229 37 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1989387/uma-lei-do-distrito-f ederal-poderia-ser-objeto-de-adi-daniel-leao-de-almeida 21 t) Súmula: não cabe ADI por não ter caráter normativo. u) ADI versus políticas públicas e a teoria da “reserva do possível” (ADPF 45): há de se verificar, no caso concreto, a “razoabilidade da pretensão” e a “disponibilidade financeira” do Estado para a implementação da política pública via controle do STF. Assim, a violação aos direitos mínimos tem de ser evidente e arbitrária. ATENÇÃO: Para o STF, é possível o controle jurisdicional de políticas públicas, desde que presentes três requisitos: - A natureza constitucional da política pública reclamada. - A existência de correlação entre ela e os direitos fundamentais. - A prova de que há omissão ou prestação deficiente pela Administração Pública, inexistindo justificativa razoável para tal comportamento. Ex: o Poder Judiciário poderá determinar que Estado garanta acessibilidade para portadores de necessidades especiais em prédio público (STF, RE 440.028, Info 726). v) Leis temporárias, após o período da sua vigência: não podem ser objeto de ADI, porque não há ameaça à supremacia da Constituição nas leis de eficácia exaurida, assim como as leis revogadas, rejeitadas e prejudicadas. w) Resolução do TSE: segundo o STF (ADI 5.104 MC, Info 747), pode ser objeto de ADI se, a pretexto de regulamentar dispositivos legais, assumir caráter autônomo e inovador. x) Regimento Interno de Assembleia Legislativa: segundo o STF (ADI 4.587, Info 747), pode ser objeto de ADI, desde que possua caráter normativo e autônomo. z) Resolução de TJ: Cabe ADI (ADI5310) É cabível nova ADI por inconstitucionalidade material contra ato normativo já reconhecido formalmente constitucional pelo STF? Sim. Segundo o STF (ADI 5.081, Info 787), o fato de ter declarado a validade formal de uma norma não interfere nem impede que elereconheça posteriormente que ela é materialmente inconstitucional. Se em uma primeira ADI o STF não discutiu a inconstitucionalidade material da Lei “X” (nem disse que ela era constitucional nem inconstitucional do ponto de vista material), nada impede que uma segunda ação seja proposta questionando, agora, a inconstitucionalidade material da lei e nada impede que o STF decida declará-la inconstitucional sob o aspecto material. O fato de o STF ter declarado a validade formal de uma norma não interfere nem impede que ele reconheça posteriormente que ela é materialmente inconstitucional. STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787). É possível o aditamento da petição inicial da ADI para a inclusão de novos dispositivos legais?39 Não. Segundo o STF (ADI 4541), não é admitido o aditamento à inicial da ação direta de inconstitucionalidade após o recebimento das informações dos requeridos e das manifestações do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República. PROCEDIMENTO - Lei 9.868/99 – PONTOS RELEVANTES Petição inicial - art. 3º, Lei 9.868/99 a) STF não está adstrito aos fundamentos invocados pelo autor (princípio da causa petendi aberta), não sendo possível admitir alegação genérica de 39 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível o aditamento da petição inicial da ADI para a inclusão de novos dispositivos legais?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/det alhes/d4a973e303ec37692cc8923e3148eef7> 22 inconstitucionalidade sem qualquer demonstração razoável. O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está vinculado aos fundamentos jurídicos invocados pelo autor. Assim, pode-se dizer que na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) é aberta. Isso significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do restante do bloco de constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico para declarar uma lei ou ato normativo inconstitucional. STF. Plenário ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/3/2017 (Info 856). b) Havendo 2 ou mais ações com identidade total de objeto, deverão ser APENSADAS para julgamento e processamento conjunto. c) Autoridades e entidades previstas no art. 103, I a VII, CF, possuem capacidade processual plena, decorrente da própria norma constitucional, o que lhes garante capacidade postulatória. d) Partido político com representação no CN, confederações sindicais e entidades de classe: segundo o STF (ADI 4.430, Info 762), se a petição inicial for assinada por advogado, deverá ser acompanhada de procuração com poderes especiais e que indique, de forma específica, os atos normativos que serão objeto da ação. ATENÇÃO Segundo Lenza, o STF decidiu que a perda de representação do partido político no Congresso Nacional, após o ajuizamento da ADI, não descaracteriza a legitimidade ativa para o prosseguimento na ação. Dessa forma, “... a aferição da legitimidade deve ser feita no momento da propositura da ação...” (ADI 2.159 AgR/DF) e) Da decisão do relator que indefere liminarmente a petição inepta, não fundamentada ou manifestamente improcedente caberá AGRAVO. ATENÇÃO A jurisprudência do STF considera manifestamente improcedente a ADI que versar sobre norma cuja constitucionalidade já tenha sido expressamente declarada pelo Plenário da Corte, mesmo que em RE (tendência de objetivação do RE). AMICUS CURIAE - art. 7º, § 2º, Lei 9.868/99 É alguém que, mesmo sem ser parte, é chamado ou se oferece para intervir em processo relevante, em razão de sua representatividade, com o objetivo de apresentar ao Tribunal a sua opinião sobre o debate que está sendo travado nos autos, fazendo com que a discussão seja amplificada e o órgão julgador possa ter mais elementos para decidir de forma legítima. Poderá ser admitido, por despacho irrecorrível, tendo em vista a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes. A participação não constitui direito subjetivo, ficando a critério do relator. Contudo, uma vez admitida, inclui direito a sustentação oral (admitida no STF, mas não no STJ). A finalidade do amicus curiae é de pluralizar o debate constitucional, tornando-o mais democrático. Assim, trata-se de fator de legitimação social das decisões do STF. A lei estabelece dois requisitos: a) Requisito objetivo: relevância da matéria. b) Requisito subjetivo: representatividade do postulante. Natureza jurídica O amicus curiae é uma forma de intervenção anômala de terceiros. Pessoa natural (pessoa física) pode ser amicus curiae? 40 40 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Pessoa física não pode ser amicus curiae em ação de controle concentrado de constitucionalidade. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/c9dd73f5cb96486f5e1e0680e841a550> 23 O art. 138 do CPC afirma que SIM. Mas, segundo o entendimento que prevalece no STF, o art. 138 do CPC/2015 não se aplica para ações de controle concentrado de constitucionalidade Assim, STF entende que, no caso de ação direta de inconstitucionalidade, não se admite o ingresso de pessoa natural como amicus curiae. A pessoa física não tem representatividade adequada para intervir na qualidade de amigo da Corte em ação direta. STF. Plenário. ADI 3396 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/8/2020 (Info 985). Obs: a despeito do julgado acima, vale mencionar que o Min. Roberto Barroso, em decisão monocrática proferida no dia 17/06/2021, admitiu o ingresso do Senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid-19, como amicus curiae na ADI 6855, proposta pelo Presidente da República contra medidas administrativas restritivas instituídas por Governadores de Estado, em razão da pandemia do novo coronavírus. Limite máximo para a intervenção41 Regra: Não poderá intervir se o processo já foi liberado pelo Relator para que seja incluído na pauta de julgamentos. STF. Plenário. ADI 5104 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014 (Info 747). Exceção: STF admite algumas exceções se ficar demonstrado que: a) existe grande relevância no caso; b) ou que a manifestação do requerente poderá trazer notória contribuição para o julgamento da causa. Em tais situações é possível admitir o ingresso do amicus curiae mesmo após a inclusão do processo em pauta. STF. Decisão monocrática. RE 647827, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/10/2016. Ilegitimidade do amicus curiae para pleitear medida cautelar42 42 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Ilegitimidade do amicus curiae para pleitear medida cautelar. Buscador 41 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Limite máximo para a intervenção. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia /detalhes/a3f390d88e4c41f2747bfa2f1b5f87db> O amicus curiae não tem legitimidade para propor ação direta; logo, também não possui legitimidade para pleitear medida cautelar. STF. Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/3/2020 (Info 970). Cabe recurso contra a decisão do Relator que ADMITE o ingresso do amicus curiae?40 NÃO. O art. 138 do CPC/2015 Cabe recurso contra a decisão do Relator que INADMITE o ingresso do amicus curiae em processo objetivo?40 SIM. O Min. Celso de Melo, na ADI 3396, afirmou que “o Plenário do Supremo Tribunal Federal entende cabível o recurso de agravo quando interposto contra decisão do Relator que não admite a intervenção formal de terceiro, como “amicus curiae”, no processo de controle normativo abstrato”.43 ATENÇÃO Em processo subjetivo, NÃO CABE RECURSO da decisão que INADMITE, conforme decidiu o STF no RE 602584 (Info 920) MEDIDA CAUTELAR Prevista expressamente no art. 102, I, "p", CF, trata-se de providência de caráter excepcional, à vista da presunção de validade dos atos estatais, inclusive os normativos. O indeferimento do pedido cautelar não significa a confirmação da
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