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Funções secretoras do trato digestivo

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Funções secretoras do 
trato digestivo 
Ao longo do trato gastrointestinal existem 
glândulas secretoras que desempenham duas 
principais funções: secreção de enzimas 
digestivas e secreção de muco, para proteção e 
lubrificação do trato. 
Tipos de glândulas do trato digestivo: 
Células caliciformes → são glândulas mucosas 
unicelulares que atuam em resposta a irritação 
local do epitélio, expelindo muco para proteção 
e lubrificação epitelial. 
Criptas de Lieberkuhn → são invaginações do 
epitélio para a submucosa que contêm células 
secretoras especializadas. 
Glândulas tubulares profundas → presentes 
no estômago e no duodeno superior. 
Glândulas salivares, pâncreas e fígado → 
fornecem secreções para a digestão ou 
emulsificação dos alimentos. 
 
Secreção salivar 
As principais glândulas responsáveis pela 
salivação são: parótida, submandibular e 
sublingual. 
 
A saliva é composta por uma secreção serosa 
(ptialina — enzima responsável pelo início da 
digestão do amido) e uma secreção mucosa 
(mucina — lubrificação e proteção da 
superfície). 
A secreção salivar é produzida em duas 
etapas: 
Primeira etapa: 
Secreção da saliva primária, composta por 
ptialina e/ou mucina (isotônica em relação ao 
plasma), que é produzida nos ácinos das 
glândulas (unidade secretora). 
Segunda etapa: 
Secreção da saliva secundária a partir do 
deslocamento da secreção primária pelos 
ductos salivares, ao passo que nesse porção 
glandular ocorrem dois processos principais de 
transporte ativo que modificam a composição 
iônica da saliva — reabsorção de Na+ e 
secreção de K+. Vale ressaltar que a saliva 
secundária é hipotônica em relação ao meio, 
tendo em vista que a reabsorção de Na+ é 
maior que a secreção de K+, criando um 
gradiente eletroquímico negativo, que viabiliza 
a reabsorção de Cl-. Além disso, bicarbonato é 
secretado pelo epitélio ductal por meio de 
transporte ativo ou passivo. 
 
Regulação neural da secreção salivar: 
O SNA parassimpático, majoritariamente, 
aumenta a secreção salivar a partir da 
estimulação das glândulas salivares. O SNA 
simpático, por sua vez, atua da mesma maneira, 
entretanto, estimula menos a secreção salivar 
em comparação ao parassimpático. Vale 
salientar que quando o SNA simpático se 
sobrepõe ao SNA parassimpático, ocorre uma 
diminuição da secreção salivar, em virtude da 
vasoconstricção periférica dos vasos que 
alimentam a glândula. 
Secreção esofágica: 
A secreção esofágica é inteiramente mucosa, 
fornecendo lubrificação para a deglutição. 
Secreção gástrica: 
Além das células secretoras de muco, que 
revestem toda a superfície do estômago, a 
mucosa estomacal possui dois tipos 
importantes de glândulas tubulares: as 
glândulas oxínticas, que secretam ácido 
clorídrico, pepsinogênio, fator intrínseco e 
muco, e as glândulas pilóricas, que secretam 
principalmente muco, mas também secretam 
gastrina, através das células G. Vale ressaltar 
que as oxínticas se localizam nos 80% 
proximais do estômago e as pilóricas nos 20% 
distais. 
Glândula oxíntica estomacal: 
 
Essa glândula é composta por três tipos 
principais de células: células mucosas do colo, 
se secretam principalmente muco, células 
principais, que secretam grandes quantidades 
de pepsinogênio, e células parietais, que 
secretam ácido clorídrico e fator intrínseco. 
Além dessas, ainda existe a célula ECL, que 
secreta histamina. 
OBS: o pepsinogênio liberado pelas células 
principais, não tem atividade digestiva. No 
entanto, ao entrar em contato com o ácido 
clorídrico, é ativado, formando pepsina (forma 
ativa). É importante destacar que a pepsina 
atua em um meio altamente ácido (pH ótimo -
1,8-3,5) mas acima de um pH de 5, ela quase 
não tem atividade proteolítica. 
OBS II: o fator intrínseco, liberado pelas células 
parietais, é essencial para a absorção da 
vitamina B12. Assim, a destruição das células 
parietais, além de prejudicar a secreção de 
ácido estomacal, pode estar associada ao 
desenvolvimento de anemia perniciosa, devido 
à falta de maturação dos glóbulos vermelhos na 
ausência de estimulação da medula óssea com 
vitamina B12. 
Formação do HCl pelas células parietais 
 
1. Ocorre a dissociação do ácido carbônico 
( ). 
2. O é transportado passivamente 
para o meio extracelular e a energia desse 
transporte é fornecida para o transporte 
de Cl- para o meio intracelular. 
3. O Cl- é, então, transportado passivamente 
para dentro do lúmen. 
4. O H+ é transportado para o lúmen através 
de um transporte próton-potássio. 
5. No lúmen ocorre a reação entre H+ e Cl-, 
com a formação de HCl. 
Liberação de ácido clorídrico pelas células 
parietais: 
O hormônio gastrina, liberado em resposta as 
proteínas dos alimentos, estimula as células 
ECL, que liberam histamina. A histamina, por 
sua vez, estimula as células parietais, que 
secretam o ácido clorídrico. 
Fatores que estimulam a secreção gástrica 
→ acetilcolina, gastrina e histamina. 
 
Fases da secreção gástrica: 
A secreção gástrica ocorre em três fases: 
cefálica, gástrica e intestinal. 
Fase cefálica → essa fase se inicia antes do 
alimento adentrar o estômago, sendo 
resultante da visão, do cheiro, do pensamento 
ou do sabor dos alimentos e, quanto maior o 
apetite, maior a estimulação. Os sinais 
neurogênicos que causam a fase cefálica se 
originam no córtex cerebral e nos centros de 
apetite na amigdala e do hipotálamo, sendo 
levados até o estômago através dos nervos 
vago. 
Fase gástrica → essa fase se inicia quando o 
bolo alimentar entra no estômago excitando os 
longos reflexos vasovagais do estômago ao 
cérebro e de volta ao estômago, os reflexos 
entéricos locais e o mecanismo da gastrina, o 
que resulta na estimulação das células parietais 
para que secretem ácido clorídrico. 
Fase intestinal → essa fase inicia com a 
presença de alimentos na porção superior do 
intestino delgado (duodeno), sendo marcada 
pela liberação de secretina — neutraliza o 
quimo no intestino delgado — e CCK — 
estimula a produção de bile. 
 
Secreção pancreática: 
O pâncreas exócrino é responsável pela 
produção de enzimas digestivas pelos ácinos 
pancreáticos e de grandes volumes de 
bicarbonato pelos ductos que saem dos ácinos. 
O produto das enzimas e bicarbonato é 
liberado no duodeno através do ducto 
pancreático principal, que se junta ao ducto 
hepático comum, por meio da Papila de Vater, 
circundada pelo esfíncter de Oddi. 
Enzimas digestivas pancreáticas: 
Tripsina → digestão de proteína 
Amilase pancreática → digestão de 
carboidratos 
Lipase pancreática, colesterol esterase e 
fosfolipase → digestão de lipídios 
OBS: as enzimas proteolíticas do suco 
pancreáticas são sintetizadas no pâncreas de 
forma inativada e, apenas após alcançarem o 
intestino, são ativadas. 
Estímulos para a secreção pancreática → 
acetilcolina, CCK (colecistoquinina) e secretina. 
Sendo que a acetilcolina e CCK atuam 
estimulando as células acinares pancreáticas a 
produzirem as enzimas digestivas, enquanto a 
secretina atua estimulando a secreção de 
bicarbonato pelo epitélio ductal pancreático. 
Secreção biliar pelo fígado: 
O fígado produz a bile que desempenha duas 
funções importantes: ajudam a emulsificar 
grandes partículas de gorduras, para que as 
lipases pancreáticas possam atuar, e auxiliam 
na absorção dos produtos finais de gordura 
digerida. Além disso, a bile serve como meio de 
excreção de vários produtos residuais do 
sangue, como a bilirrubina. 
Resposta a ingestão de alimentos 
gordurosos: 
Em resposta a ingestão de alimentos 
gordurosos, o organismo atua de forma a 
retardar o esvaziamento gástrico. Assim, a CCK 
estimula a liberação de enzimas pancreáticas 
(lipase pancreática, colesterol esterase e 
fosfolipase), a secreção de bile e o 
esvaziamento vesicular. Além disso, a 
colecistoquinina também atua no relaxamentodo esfíncter de oddi, fazendo com que o suco 
pancreático e o conteúdo biliar sejam liberados 
no duodeno. Com isso, a digestão das gorduras 
se inicia com a emulsificação realizada pela 
bile, que viabiliza a atuação das enzimas 
lipídicas. 
Secreções do intestino delgado: 
Glândulas de Brunner → estão localizadas 
nos primeiros cm do duodeno sendo 
responsáveis pela secreção de muco alcalino, 
que protege a parede duodenal da digestão 
pelo suco gástrico. 
Criptas de Lieberkuhn →criptas localizadas 
entre as vilosidades intestinais compostas por 
dois tipos celulares: células caliciformes, 
secretoras de muco, e enterócitos, que possuem 
função absortiva.

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