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História do Brasil Monárquico I Arthur Daltin Francielly Breda Rodrigues RA 201242362 5° sem./2022 – Noturno RELATÓRIO DOCUMENTO COSTA, Hipólito José. da. "Escravatura no Brasil". Correio Braziliense ou Armazém Literário. Vol. XXIX, no 174, novembro de 1822, Ed. fac-similar. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado: Brasília, DF: Correio Braziliense, 2002, pp. 574-577 O documento de José Hipólito Costa publicado no Correio Braziliense com título Escravatura do Brasil vai discorrer sobre as ideias abolicionistas no Brasil no final do século XIX, momento na qual as discussões sobre o fim da escravidão estavam sendo debatidas intensamente. O autor apresenta um balanço sobre a contradição entre querer um país livre mantendo um sistema completamente oposto a liberdade da população. Nesse período uma parte da sociedade brasileira via o fim da escravidão com muitos questionamentos, pois na sua visão o escravo era necessário para manutenção de serviços que sustentavam a economia diretamente relacionada aos campos agrícolas e as minas assim como a cultura relacionada a essas atividades e que as riquezas e as atividades econômicas desapareciam sem os escravos. O autor nega que o fim da escravidão impactaria na riqueza e levanta o questionamento se os brasilienses preferiam ser pobres porem homens livres, ou serem ricos e submissos a governos arbitrários e despóticos. A continuação da escravidão no Brasil faria com que as pessoas se tornassem menos virtuosas e mais suscetíveis a governos arbitrários. O texto busca uma abordagem mais intima, mostrando que na educação do povo desde a sua infância as pessoas sempre conviviam durante muito tempo com seus escravos, e passando a vida toda tendo esse contraste como isso poderia afetar de maneira positiva o desenvolvimento cívico das pessoas. Seria inconcebível uma pessoa ser virtuosa e querer ser livre enquanto passa grande parte de sua vida junta a pessoas que estão escravizadas. O autor afirma que não existe outra opção entre você querer ser livre ou se submeter a governos despóticos, e além de UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e letras – FCL/Assis Departamento de História pressionar pelo fim da escravidão o autor também mostra como é importante que a opinião pública seja direcionada nesse caminho. De acordo com Alencastro o escravismo moderno abrangia o direito e o privilégio da posse de escravos na vida privada, indo além da organização política e jurídica nacional, sendo o escravizado um tipo de propriedade particular sustentando os anseios da nobreza. No século XIX a evolução da modernidade nacional brasileira ainda apresenta um sistema arcaico que se sustenta na escravização. "O escravismo não se apresenta como uma herança colonial, ou seja, como um vínculo com o passado que o presente oitocentista se encarregaria de dissolver. O escravismo apresenta-se, como um compromisso para o futuro: O Império irá retomar e reconstruir a escravidão no quadro do direito moderno, dentro de um país independente, projetando-a sobre a contemporaneidade". (ALENCASTRO, 1997, p.17). Costa buscava dialogar com a opinião pública a fim de mobilizar uma força mais expressiva, afinal a escravidão circulava em caráter privado que fundamentava as bases do poder da monarquia. Mas essa mudança acontece de maneira gradual, onde as pessoas vão passando a creditar cada vez mais que tratar as pessoas como mercadoria era inadmissível. Apesar desse esforço de Costa, as suas considerações pelo fim da escravidão são pautadas no racismo do Darwinismo Social. Nesse contexto da abolição da escravatura havia a busca por um Império brasileiro e os negros escravizados seriam um obstáculo nessa construção nacional, pois se buscava serem livres do governo despótico, e perpetuar a escravidão iria na contramão de serem homens livres. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Vida privada e ordem privada no império. In. NOVAIS, Fernando A. (coordenador geral); ALENCASTRO, L F. (organizador do volume). História da vida privada no Brasil (volume 2). São Paulo, Companhia das letras, 1997, p. 11-93.
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