Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Negociação Estratégica Unidade I Prof. Sérgio Ricardo Duarte Palhas PALHAS, Sérgio Ricardo Duarte. Negociação Estratégica (livro-texto I) / Sérgio Ricardo Duarte Palhas. São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 22 p. : il. 1. Negociação. 2. Organizações. 3. Estilo. 4. Conflito. I. PALHAS, Sérgio Ricardo Duarte. II. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. Título. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 1. CONCEITOS ........................................................................................... 4 1.1 Negociação com ferramenta para obter resultados ................................. 6 1.2 Negociação nas organizações ................................................................. 7 1.3 Caracterização dos atributos de negociação ........................................... 8 1.4 Classificação de Jung ............................................................................ 10 1.5 Classificação de Wanderley ................................................................... 10 2. ETAPAS DE UMA NEGOCIAÇÃO ....................................................... 12 2.1 Condições a negociar ............................................................................ 12 2.2 Que poderes são necessários para negociar? ...................................... 12 2.3 Técnicas de negociação ........................................................................ 13 3. SITUAÇÕES DE CONFLITO ................................................................. 17 4. O MÉTODO HARVARD DE NEGOCIAÇÃO ......................................... 18 4.1 Pessoas ................................................................................................. 18 4.2 Interesses .............................................................................................. 18 4.3 Opções .................................................................................................. 19 4.4 Critérios ................................................................................................. 19 4.5 Conclusão .............................................................................................. 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 20 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 21 3 INTRODUÇÃO Atualmente, observamos que entre uma série de competências exigidas pelas empresas, a habilidade de negociar ocupa destaque especial na hora de um recrutamento. Com isso, surge um questionamento inevitável: Por que as empresas buscam tantos profissionais com essa competência? Uma das possíveis respostas está no fato de que, para ser um líder eficaz, não se admite mais uma postura conservadora e unilateral. Para administrar os conflitos dentro das organizações é preciso convencer com argumentos, apontar os motivos que legitimam uma orientação, dar propósito e sentido para as pessoas envolvidas nos projetos. A evolução tecnológica com grande acesso a informações ampliou a resistência às ordens inquestionáveis e formas de condução autocrática. Nesse contexto de mudanças e rupturas com os modelos convencionais das organizações, a capacidade de estabelecer relações passou a ser imprescindível, considerando que negociação é a busca pelo contentamento das partes e a manutenção do relacionamento e dos acordos estabelecidos. Por essas razões, a arte de negociar tem assumido um papel cada vez mais relevante no segmento empresarial. Hoje, a busca por profissionais generalistas, resilientes, atualizados e com diversas habilidades diverge do modelo anterior do profissional especializado, eficiente, porém isolado em um setor, blindado em seu ambiente e com limitada interação com outros segmentos e profissionais. Nesse cenário, de elevada competitividade, escassez de recursos e alto nível de exigências sobre as pessoas, temos como resultado a elevação dos níveis de conflitos, de tal forma que a capacidade de negociar de maneira eficiente passa a ser um processo imprescindível para a preservação e sustentabilidade das organizações. 4 1. CONCEITOS Existe uma série de conceitos e definições quando se trata do tema negociação: nas publicações de negócios é um assunto recorrente, da mesma forma, nas livrarias podem ser encontrados muitos títulos, desde lançamentos até reedições, e há que se considerar que as abordagens e técnicas de negociação, dada sua relevância, são hoje abordadas em cursos de atualização e especialização e compõem módulos de treinamento nos meios acadêmicos e corporativos. A origem do termo negociação remonta ao latim negocium, palavra formada pela junção dos termos nec (nem, não) + ocium (ócio, repouso), cujo significado estrito é o de atividade difícil, trabalhosa. Em uma visão contemporânea, notamos que se tornou exatamente o oposto da morfologia da palavra; hoje o termo está associado a estratagema ou truque para ganhar dinheiro com facilidade, oportunidade. Observa-se na literatura uma variada abordagem sobre a matéria, seguem algumas delas, na visão de diversos autores: De acordo com Cohen (1980): “Negociação é o uso da informação e do poder com o fim de influenciar o comportamento dentro de uma rede de tensão”. Para Nierenberg (1981): “Negociação é um processo que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os participantes”. Conforme Matos (1989): “Negociação importa em acordo e, assim, pressupõem a existência de afinidades, uma base comum de interesses que aproxime e leve as pessoas a conversarem”. A negociação é o processo de buscar a aceitação de ideias, propósitos ou interesses, visando ao melhor resultado possível, de tal modo que as partes envolvidas entrem num acordo, conscientes de que foram ouvidas, tiveram oportunidades de apresentar toda sua argumentação e que o produto final seja maior que a soma das contribuições individuais. Substituindo a palavra negociação por comunicação, vê-se que os conceitos se equivalem. Nos processos de negociação, ou de comunicação, destacam- se principalmente as habilidades técnicas (processos e métodos); as habilidades associadas ao conhecimento interpessoal dos negociadores (estilos, pontos fortes, necessidades, motivações, dentre outras, de cada uma das partes); e o conhecimento do negócio, que é específico de cada transação, envolvendo o entendimento mínimo do assunto objeto acordado, fundamental até para se saber se a negociação foi bem-sucedida ou não. Sem dúvida, a habilidade técnica tem merecido mais atenção que a habilidade interpessoal, provavelmente, a dimensão mais esquecida no processo (JUNQUEIRA, 1988). Estilo de negociação é a descrição de todas as características de comportamento de um indivíduo envolvido em um encontro de conciliação, incluindo a impressão inicial, as atribuições de situações vivenciadas, as questões de outras fontes não relacionadas ao conhecimento e o comportamento subsequente durante 5 as negociações. Sobre a temática, são esclarecedoras as palavras de Gottschalk (1974 apud MARTINELLI, 2002). A seguir, os aspectos relacionados com os processos de negociações: Tabela 1 – Contextos dos conteúdo de negociações AUTOR ASPECTOS Cohen (1980) Obter vantagens Cohen (1980) Uso da informação e do poder Nierenberg (1981) Relacionamento humano Fisher e Ury (1985) Importância da comunicação Matos (1989) Busca de interesses comuns Matos (1989) Importância da participação no processo Steele et al. (1989) Movimento de posições divergentes para um acordo Steele et al. (1989) Uso da barganha no processo Acuff (1993) Busca de um acordo Mills (1993) Negociamos sempre Gibbons e Mc Govern (1994) Importânciada flexibilidade Hodgson (1996) Instrumento da satisfação das necessidades Robinson (1996) Negocia-se desde o dia em que se nasce Lewick et al. (1996) Negociação estratégica Fonte: Martinelli (2001). Considerando as definições apresentadas, dentre as mais relevantes, que podem ser consideradas como a essência das ideias da maioria dos autores são as que definem os seguintes termos: Negociar é obter um acordo por meio do diálogo, é a maneira pela qual as pessoas podem minimizar ou eliminar suas diferenças. Negociação é um processo de relacionamento interpessoal que ocorre quando uma pessoa deseja algo de outra. Meio pelo qual as pessoas buscam o entendimento e o consenso. Caracterizamos a negociação desde um simples e breve diálogo com nosso colega de trabalho, com o objetivo de obter um entendimento, até um desgastante e complexo processo de conversações entre duas nações, envolvendo vários representantes de cada uma das partes. Portanto, a condução da negociação pode 6 ser simples ou complexa, rápida ou demorada, com a interação de duas ou mais pessoas. Negociar é algo que todos fazemos na vida, apesar de muitas vezes não atribuirmos o nome correto a essa atividade, sendo mais comum relacionarmos a palavra “negociação” ao universo financeiro ou a estratégias utilizadas pelos profissionais que atuam em áreas comerciais, o que é um equívoco, já que negociar está presente em nosso cotidiano, inclusive em ações que parecem simples e que não envolvem grandes somas de capital. Realizar negócios é uma atividade inerente ao ser humano, sempre em busca de obter vantagens ou conquistar benefícios por meio da argumentação e do pensamento analítico. Durante toda a vida precisa-se negociar, de maneira contínua, mesmo que seja uma simples ideia ou proposta, um produto ou serviço, o marketing pessoal ou da organização etc. 1.1 Negociação com ferramenta para obter resultados A negociação é uma via de mão dupla, na qual todos precisam sair satisfeitos. A arte de negociar é uma das melhores formas para solucionar diferenças e chegar a um consenso aceitável para ambas as partes. Em muitas negociações de cunho pessoal, trabalhistas, entre outras, os interlocutores procuram pensar somente em benefício próprio, o que tende aos impasses, visto que todos querem ganhar, sem levar em consideração as necessidades da outra parte. Para que a negociação seja fortuita, ela deve considerar os interesses de todos os envolvidos, propiciando ganhos para todos. Assim, é preciso considerar que os outros também têm necessidades as quais precisam ser satisfeitas. Atualmente, o cidadão quer participar cada vez mais das decisões sobre os problemas que os afetam e está menos disposto a aceitar passivamente as decisões ditadas por outros. A negociação é uma ferramenta de participação. Através da negociação é possível participar do processo de decisão pública, no processo político. No governo, nos negócios, na comunidade ou até na família, a maioria das decisões é tomada por meio de negociação. Sempre que há deferências ou possíveis conflitos, a negociação é usada para lidar com eles. Como a negociação consiste em buscar entendimento de interesses mútuos, o negociador deverá se preocupar sempre em atender a essas necessidades de todas as partes. Assim a negociação terá sucesso. No entanto, é importante entender que a negociação não é uma ciência exata. É um meio para resolver problemas de elementos em jogo, os quais nem sempre geram a mesma resposta e os resultados não são previsíveis, precisos. Em uma negociação, necessidades, poder ou outros componentes não são quantificáveis e estão vinculados à subjetividade. Sempre que há necessidade de satisfazer uma demanda, é gerada a oportunidade de iniciar um processo de negociação, mesmo que potencialmente. Uma negociação bem-sucedida é sempre uma boa oportunidade para resolver um conflito e fortalecer um relacionamento interpessoal. Mesmo considerando as diferenças de pensamento e conduta entre os negociadores, o mais importante é focar nas convergências e nos interesses e ações 7 pertinentes à negociação, assim será alcançado um entendimento e resultado justo para todos. 1.2 Negociação nas organizações No âmbito das empresas, a negociação é a base de qualquer estabelecimento, uma vez que toda corporação existe, essencialmente, para gerar negócios através de acordos que as beneficiem. Essas relações são realizadas com consumidores, colaboradores, comunidade, fornecedores ou investidores, enfim com as partes interessadas com os quais as empresas se relacionam. Esse ponto vem assumindo uma importância cada vez maior, a todo o momento os meios de comunicação estão se referindo às fusões, incorporações, e alianças estratégicas como necessidades de uma economia evoluída, dinâmica e competitiva. As negociações estão presentes não só quando se firmam os acordos, mas também na criação de planos de negócios e nas suas implementações estratégicas. Para se manter em um mercado competitivo, as empresas devem persuadir os clientes com os atributos e benefícios de seus produtos e/ou serviços, frente aos concorrentes, avaliar o seu desempenho atual, criticar seu desempenho e projetar o futuro. Esse conjunto de ações, são construídas por intermédio das negociações, e, portanto, o sucesso de uma empresa está intimamente atrelado às habilidades de negociar de seus colaboradores, por essa razão a negociação trata-se de capacidade essencial para líderes e gestores. Uma importante questão na conjuntura macroeconômica é o fenômeno da globalização, o qual parece acelerar o movimento das empresas de todos os segmentos e portes em todos os âmbitos. É importante ressaltar que os princípios da negociação valem para todas as organizações, independentemente do porte, área de atuação ou rendimento. Esse exercício está incorporado em tudo que fazemos, em atividades pessoais e profissionais, mesmo que não seja percebida essa dinâmica, nas relações diárias as escolhas foram antecedidas de algumas etapas de negociações, é compreensível que em alguns casos, dada a baixa complexidade, não haja maiores desgastes, já no ambiente profissional essas relações apresentam uma multiplicidade que requerem técnicas de negociação estruturadas, e nesse sentido, existe a necessidade de uma compreensão do ambiente, das partes envolvidas, das consequências, e das ferramentas que serão utilizadas para que os objetivos sejam conquistados. Notamos então que uma das competências mais importantes para o sucesso profissional é a negociação. Estudos afirmam que chega a ser em média 80% do nosso tempo. São negociações gerenciais, associações, fusões, vendas, compras e mais uma infinidade de coisas que praticamos cotidianamente. E o número de negociações internas em uma empresa é incontável. Assim, não resta a menor dúvida de que a sinergia organizacional e o sucesso de um líder e/ou gestor dependem, de sua habilidade de negociar. A aplicação da negociação na gestão de relacionamentos é cada vez mais conhecida, não se utiliza mais as expressões, analisar propostas ou avaliar projetos, fala-se em negociar algo com alguém. Exercer a arte de negociar é seguramente uma prioridade dentro de qualquer segmento, ser inflexível e contrariar esse fato, levará o indivíduo ao distanciamento das decisões, fadando-o ao fracasso. 8 Alguns profissionais desconhecem o valor da implementação de uma estratégia para uma determinada negociação, optam em partir para uma abordagem direta e prática concentrando seus esforços para que a implementação seja simples, fato que invariavelmente limita a qualidade de um bom acordo, muitas vezes não atingindo o resultado esperado. Outros profissionais, por sua vez, já preferem utilizar de toda criatividade e relacionamento para manter a comunicação mais aberta possível, assim sendo atentamente ouvidos até o fim da negociação, o que ocorre é que nessa forma de conduzir,os objetivos são tratados de maneira superficial, não há um aprofundamento nas tratativas, e o resultado é limitado. Não há como minimizar os esforços no momento de negociar, existem alguns pontos fundamentais para que uma negociação possa acontecer de forma satisfatória; um deles é a importância de existir uma estratégia, sem ela, não haverá objetivos ou indicadores de sucesso. Não existem negociações sem desconforto ou estresse. Portanto, se não houver preparo, as chances de ceder desnecessariamente ou cometer enganos e desvios serão inevitáveis. Todas as complexidades envolvidas nesse processo reforçam a importância de se investir no aprimoramento contínuo dos profissionais, em todos os fatores responsáveis pelos resultados de uma negociação bem-sucedida. Algumas lideranças de projeção mundial, tiveram habilidades diferenciadas em utilizar as técnicas de negociação, em benefício de seus negócios e de suas convicções, nesses casos o primordial foi o fato de que as partes envolvidas foram beneficiadas de alguma forma, gerando uma satisfação plena ou parcial, baseando- se nesses modelos de sucesso, atualmente as empresas, mais do nunca, precisam se valer das oportunidades, para tal uma alta capacidade organizacional saber negociar é indispensável. Em virtude destas e de tantas outras situações, conclui-se que é preciso ter conhecimento para tal habilidade. Uma negociação eficaz reflete em tomar as melhores decisões para potencializar o resultado a todos os envolvidos. Compreende variados aspectos, considerando que a comunicação é a essência para a conclusão de todo tipo de acordo. 1.3 Caracterização dos atributos de negociação Os negociadores, ou comunicadores, de acordo com Junqueira (1988), podem ser agrupados em quatro estilos básicos, segundo o seu comportamento dominador ou condescendente, formal ou informal: catalisador, apoiador, controlador e analítico, utilizando os quatro elementos da confiança, dentro do processo de negociação e comunicação. Para exemplificar citamos: o negociador controlador, em termos de confiança, tem como ponto forte a coerência e como problema a aceitação; o catalisador tem na clareza o ponto forte, e problemas com a credibilidade; o analítico tem na credibilidade o ponto forte e o problema da sinceridade; e o apoiador tem como ponto forte a receptividade e como problema a coerência. Baseando-se no modelo de personalidade desenvolvido pelo psiquiatra suíço Carl Jung, o autor Sparks (2002) apresentou uma abordagem enfatizando os impulsos que dirigem as ações das pessoas de controle (dominar e governar os outros), desconsideração (rebaixar os outros), deferência (deixar os outros assumirem o comando), e confiança (colaborar), e discutindo as táticas usadas normalmente, e propôs os quatro estilos seguintes: restritivo, confrontador, ardiloso e amigável. 9 Qualquer negociador, segundo Albrecht e Albrecht (1995), já tratou com pessoas de todos os tipos ao longo da vida profissional: algumas mais duras, enérgicas e obstinadas; outras mais reservadas; e ainda há as dóceis e passivas. Esses são comportamentos reconhecidos mediante avaliação do grau de abertura ou sinceridade dos indivíduos (disposição para se comunicarem livremente e sem segredos, compartilhando informações importantes sobre as transações); e o grau de receptividade ou aquiescência (disposição para serem influenciadas por aquilo que esteja sendo dito, oferecido ou sugerido pela outra parte). As combinações dessas variáveis identificam os quatro estilos de negociação: buldogue, raposa, veado e o construtor de negócios. Atkins e Katcher (1973 apud MARTINELLI, 2002), criaram e patentearam o sistema LIFO que registra as orientações comportamentais, e seus respectivos estilos, na maneira de agir dos executivos no contexto organizacional receptivo (estilo dá e apoia, que aceita), explorador (estilo toma e controla, de tomar ou assumir), acumulador (estilo mantém e conserva, de conservar) e o mercantil (estilo adapta e negocia, de permutar, trocar). Baseado na prática de negociações, Gottschalk (1974 apud MARTINELLI, 2002), reconhece quatro diferentes estilos: o duro, o caloroso, o estilo de números e o estilo negociador. Por outro lado, sugere que cada estilo em uma mesa de negociação é a combinação de um estilo negociador individual (para o qual é atraído naturalmente) e do estilo adaptado (o que acredita ser o que se adapta melhor à negociação em curso). Segundo Martinelli (1998), o uso dos estilos de negociação é conveniente para se buscar a resposta para certas questões fundamentais: O que é um comportamento efetivo de negociação? Seria um tipo de comportamento de negociação mais bem- sucedido ou mais efetivo do que outro? Um entendimento do conceito dos estilos de negociação e de seus limites pode ser útil, tanto em termos conceituais quanto em termos práticos, no que se refere ao desenvolvimento de suas habilidades ou para enfrentar uma situação corrente de negociação. Muitas pessoas negociam com base em um estilo e não em uma orientação da questão. Reconhecendo o estilo da outra parte, os negociadores podem prever as ações de seu interlocutor. Em geral, os negociadores têm um estilo primário e pelo menos um secundário, sendo mais comum a existência de dois estilos secundários. A análise dos estilos primário e secundário da outra parte é muito importante, inclusive para se enumerarem os passos que os negociadores devem considerar quando estiverem lidando com eles. Os estilos de negociadores apresentados pela maioria dos autores que tratam desse tema inspiraram-se nas teorias motivacionais de Maslow e McGregor para justificar suas tipologias baseadas nas teorias sobre necessidades e fatores higiênicos. Assim, acreditam que é possível identificar um tipo predominante de negociador em cada pessoa: Cada indivíduo apresenta um estilo característico de negociar e não se pode afirmar que exista um estilo melhor ou mais adequado que o outro, pois cada negociação tem suas peculiaridades que exige atitudes distintas dos envolvidos. Para Wanderley (1998), “entender comportamentos para poder negociar conforme o estilo do outro faz uma boa diferença”. Aquele que conhece o próprio estilo 10 e respeita o do outro leva uma vantagem na negociação, pois pode trabalhar forças e fraquezas, garantindo maiores possibilidades de êxito. Quando o negociador conhece o próprio estilo pode potencializar suas forças, utilizando-as nas negociações; da mesma forma tendo consciência dos seus pontos fracos poderá evitar que os mesmos se tornem visíveis, desenvolvendo estratégias para que essas fraquezas se transformem em forças. Não existe um conceito único para estilos de negociação, visto que cada pessoa detém um estilo predominante de negociar. 1.4 Classificação de Jung O modelo de estilo exposto por Carl Jung combina a capacidade de o indivíduo controlar ou aceitar o controle em relação aos outros com um nível em que tende a considerar ou ignorar outras pessoas nas quais está interessado. Estilo restritivo: esse estilo mostra como as pessoas combinam controle com desprezo mútuo. Os negociadores que adotam esse estilo agem apenas em seu próprio interesse. Estilo de confronto: combina controle com confiança no outro. Trabalhos colaborativos. Ardiloso: o apreço pressupõe que os negociadores devem ser evitados ou mantidos a distância, pois são uma fonte de desconforto. Com muita astúcia, a negociação é sempre baseada em regras e procedimentos. Ardiloso: funciona bem com problemas de rotina em grandes detalhes ou quando chegar a um acordo não é uma prioridade. Amigável: aplicável em casos que exigem entusiasmo e diplomacia, como para aliviar irritações. Confrontador: mais adequado para problemas que exigem o melhor ou que envolvem os interesses mais altos. 1.5 Classificação de Wanderley O primeiro passo para alcançar uma negociação eficaz é conhecer asi mesmo. Para Wanderley (1998), entender os comportamentos para negociar de acordo com o estilo do outro negociador faz uma grande diferença. O autoconhecimento é tão importante que os especialistas criaram uma técnica de marketing para ajudar empresas que desejam entrar em outros mercados, ou iniciar suas carreiras empreendedoras, chamada SWOT. A seguir, dados referentes às características dos estilos de negociação segundo Wanderley (1998): 11 Tabela 2 – Características dos estilos de negociadores DIMENSÕES CATALISADOR APOIADOR ANALÍTICO CONTROLADOR Necessidade dominante Reconhecimento Associação Segurança Realização Metaprograma principal Associador Extrovertido Dissociador Introvertido Gosta e Valoriza (aproximação) Ser notado, admirado e cumprimentos recebe Atenção que recebe, ser aceito pelas pessoas, sentir-se querido Segurança, perfeição, correção e maior garantia Resultados, cumprimentos de metas, eficiência e controle Não gosta (afastamento) Rotina de detalhes Intolerância, impaciência, falta de harmonia Imprevisto e risco Falta de objetividade e ineficiência Temores (afastamento) Desprestígio Confrontos e conflitos Surpresas e embaraços Perda de domínio da situação Para obter apoio (convencer alguém) Persuade, usa habilidades sociais e novas ideias Busca relacionamentos, amizades e trabalha em grupo Procura aprofundar o conhecimento do assunto e especializa-se Confia na ação e na eficiência Para desenvolver os aspectos positivos do estilo, precisa aprender Autodisciplina e moderação Autodeterminação e fixar metas Ser mais rápido nas decisões e correr mais riscos Escutar os outros e ter mais humildade Fonte: Wanderley (1998). Conhecer o “oponente” é tão importante quanto conhecer a si mesmo. Quando o negociador conhece seu próprio estilo, ele pode melhorar sua força, usando-o nas negociações. Por outro lado, quando você conhece suas fraquezas, pode impedir que estas se tornem visíveis e desvantajosas para você e, com isso, desenvolver estratégias para que tais fraquezas se tornem forças. 12 2. ETAPAS DE UMA NEGOCIAÇÃO Hoje, devido à alta competitividade entre as empresas e também para ganhar visibilidade diante do consumidor o modo como são feitas as negociações teve que mudar. Antes, era unidirecional, ou seja, os consumidores só eram ouvidos no serviço de pós-venda. Atualmente, o escopo da tecnologia tornou os consumidores mais conscientes sobre o que eles querem e mais exigentes com as especificações técnicas do produto, com os serviços oferecidos e até com a maneira como são vendidos. O comércio tornou-se uma parte essencial nas organizações e, assim como a negociação com os concorrentes, a imagem dos produtos ou serviços, é dependente dos processos internos bem elaborados e também necessita de uma visibilidade externa favorável para que possa ajudar a empresa a superar as metas e alcançar novos objetivos. 2.1 Condições a negociar Existem duas partes dispostas a fazê-lo. Se houver um terceiro, não é uma negociação. Deve haver um objetivo claro de ambos os lados. Caso contrário, podemos dizer que há uma imposição de uma das partes e isso também não pode ser chamado de negociação. Nem sempre há negociação perfeita, mas deixamos à parte o conflito, deve haver um alongamento e um relaxamento. Quando não há interesse de nenhuma das partes, perde-se qualquer possibilidade de negociação. Por isso, deve haver a intenção de chegar a acordos que nos levarão a bom termo no processo. Nunca na negociação devemos buscar nosso próprio benefício, ambas as partes devem vencer. Daí a famosa frase “ganha-ganha”. Caso contrário, estaríamos impondo nossas condições e isso não é negociação. 2.2 Que poderes são necessários para negociar? Antes, poderíamos dizer que o vendedor, consultor ou executivo nasceu e que, com o tempo, ele se especializou. Já a parte da negociação é desenvolvida ao longo do tempo e com isso pode ser alcançada através do desenvolvimento das habilidades de nossos colaboradores, tais como: Espírito: deve-se seguir com toda a intenção de fazer negócios. Otimista: sempre com um sorriso na boca e com as melhores intenções. 13 Integridade: É importante para agregar valor. O velho clichê “fazer para o cliente, o que ele pede” é deixado no de lado. Agora, é: “faça para o cliente, o que ele precisa”. Perseverança: tem que ter uma vontade de ferro, não importa quantas vezes você seja derrotado, mas como você conseguirá a vitória. Planejamento: antes era comum abusar da improvisação, mas agora você tem que ir ao campo de batalha com uma estratégia e um excelente plano de ação. Preparação: é essencial na área de negociação, pois está diretamente relacionada ao êxito na negociação, assim, é preciso estudar sobre tudo o que está acontecendo em uma negociação. Em resumo, a preparação se baseia na seguinte expressão: “ir armado até os dentes”. 2.3 Técnicas de negociação Os procedimentos e técnicas de negociação não são os mesmos, assim como os processos de vendas são muito específicos. Preparação: faz parte do nosso plano de ação “como” e “o que” queremos alcançar, termos um objetivo específico e o cumprirmos. Discussão: é quando existe um conflito de interesses ou direitos e é chamada de conversa, troca ou apresentação de opiniões. Leitura: assim como nas vendas, deve-se ler o oponente na negociação antes de qualquer afirmação. Por exemplo, as falas “Não podemos dar-lhe esse crédito” ou “As condições que você me pede são impossíveis” são afirmações com conotações negativas, mas que permitem ao negociador ler a expressão e a atitude do seu oponente. Aprenda a ler seus oponentes e mude o jogo sem deixar as regras. Proposta: é isso que está em negociação. Devemos evitar as contrapropostas, pois, às vezes, isso nos enfraquece. Nesse estágio, devemos ser firmes, sem afetar a proposta, aprendendo a negociar com o melhor que temos. Troca: extremo cuidado deve ser tomado por ambas as partes, pois nessa fase tenta-se obter algo ou desistir de outra coisa, e isso não faz parte da negociação. Fechamento: é chegar a um acordo, concedendo algo que está sendo solicitado, resumindo os acordos e destacando os pontos favoráveis e alcançados na negociação para os dois. Tudo o que foi citado acima são situações em que duas ou mais partes se reúnem voluntariamente para tentar resolver qualquer conflito ou diferença e, assim, alcançar o melhor acordo possível. Algumas negociações são explícitas, isto é, são definidas como tal, enquanto outras parecem secretas. A negociação funciona melhor quando as partes têm tempo para se conhecer. É útil avaliar as pessoas que participam das negociações antes de começarem. Quando o processo começa, você deve observar, ouvir e aprender. Uma regra prática é que o começo seja amigável e calmo, mas mantenha seu caráter comercial. 14 A negociação surge após uma declaração geral das metas e objetivos das partes interessadas. A pessoa que fez a declaração inicial deve esperar que a outra parte dê feedback para descobrir se há metas e objetivos semelhantes. Geralmente, é uma boa ideia que as declarações iniciais sejam positivas e agradáveis. Não é hora de ser hostil ou defensivo. Um negociador qualificado estudará cuidadosamente os problemas antes do início das negociações. Depois que os negociadores analisarem os pontos a serem discutidos, eles devem começar a tratá-los um a um. As opiniões variam em relação ao fato de começarem com uma questão muito importante ou uma questão menor. Uma vez definidas as questões a serem discutidas, é provável que haja desacordo e conflito. Isso é natural e deve ser esperado. Os bons negociadores nunca tentam evitar essa fase porque percebem que nesse processo de dar e receber são feitos bons negócios. Em algummomento da negociação, uma das partes avançará em direção a concessões. As expressões que podem refletir isso geralmente começam da seguinte maneira: “Suponha que...”. Quando frases como essa começam, o outro negociador deve ouvir atentamente para detectar se uma tentativa de concessão está sendo oferecida. Quando um acordo é alcançado, será necessário confirmá-lo. É necessário decidir como a solução final será alcançada, especialmente se for necessária uma aprovação adicional. Isso quase sempre significa escrever os termos acordados. A seguir, uma tabela explicando as análises de ponto de vista da preparação para uma negociação: Tabela 3 – Preparativos para as negociações Fases Análise dos Pontos AUTOAVALIAÇÃO Essa fase é sobre identificar um objetivo ou uma aspiração, realmente saber o que você quer com a negociação, analisar e estudar todas as possibilidades, apontando coisas e possíveis e objetivos para obter bons resultados na negociação. Em uma negociação, é importante ter um conjunto de alternativas que representem opções viáveis se a alternativa atual for eliminada. Os objetivos devem ser estabelecidos, as possibilidades máximas e mínimas analisadas e a propensão ao risco avaliada. Essa fase é sobre identificar um objetivo ou uma aspiração, realmente saber o que você quer com a negociação, analisar e estudar todas as possibilidades, apontando coisas e possíveis e objetivos para obter bons resultados na negociação. Em uma negociação, é importante ter um conjunto de alternativas que representem opções viáveis se a alternativa atual for eliminada. Os objetivos devem ser estabelecidos, as possibilidades máximas e mínimas analisadas e a propensão ao risco avaliada. 15 AVALIAÇÃO DA OUTRA PARTE Analise cuidadosamente quem são as partes, faça o possível para identificar os interesses da outra parte. O processo de negociação é uma etapa, a longo prazo ou repetitivo? A negociação envolve escassos recursos ideológicos ou ambos? Negociação deve ser necessária Olá oportunidade? A negociação resulta da troca ou de uma situação de disputa? Verifique os efeitos vinculativos para outras negociações. Será necessário um acordo? AVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO Analise a questão legal da negociação. Verifique se a conquista é necessária. Verifique as restrições de tempo ou outros custos relacionados ao tempo (pressão de tempo e tempo, custos relacionados e que efeito o fator de tempo terá no comércio). Fazer contratos são formais ou informal ? Onde as negociações ocorrem? As negociações são públicas ou privadas? Existe a possibilidade de intervenção de terceiros? Que convenção orienta o processo de negociação? A negociação envolve mais de uma oferta? A forma de negociação é explícita ou tácita? Existe um diferencial de poder entre as partes envolvidas? Existem precedentes importantes? Fonte: Thompson, 2008. Contudo, percebe-se que perguntas são formuladas para que se possa chegar a um nível adequado na negociação. A tabela a seguir apresenta os estágios das negociações: 16 Tabela 4 – Etapas das negociações Etapas das negociações ESTÁGIO DE PREPARAÇÃO Coletar informações (para estabelecer objetivos, ter conhecimento específico sobre a negociação e a outra parte envolvida). Planejar e estabelecer objetivos (o que se espera alcançar, quais são os limites atingíveis, decidir qual proposta inicial, criar alternativas, entender através das informações coletadas como a outra parte abordará a negociação). ESTÁGIO INICIAL Saiba ouvir; declare os argumentos de forma clara, objetiva e eficaz e, através de perguntas, descubra o que a outra parte deseja. ESTÁGIO DA BARGANHA Faça o clássico jogo de negociação: dê e receba competitivamente ou colaborativamente. ESTÁGIO DE FECHAMENTO Revise o contrato, prepare o contrato, esclareça dúvidas e formalize tudo o que for negociado. Fonte: Lewicki; Hiam, 2003. A Negociação competitiva é aquela em que o negociador mostra comportamento agressivo com o objetivo de tentar obter a maior parte do bolo de negociação. Implica obter os melhores resultados sem levar em consideração o relacionamento com o oponente. O negociador considera a outra parte como um adversário. Usa ameaças dificilmente modifica suas posições e se apega a suas posições. É uma situação de vitória/perda. (MELLO, 2003, p. 75). A negociação cooperativa é aquela em que os negociadores expressam desejo de alcançar um acordo benéfico para ambos e alta cooperação. A principal máxima é o respeito pelo benefício mútuo. Uma negociação cooperativa ocorre quando o relacionamento entre os negociadores se prolonga com o tempo. Exemplos de negociações cooperativas são entre fornecedores e clientes, em que o relacionamento ao longo do tempo é mais importante do que ganhos a curto prazo. Na negociação competitiva, os negociadores demonstram fraca cooperação e nem mesmo colaboram. O importante nesse tipo de negociação é a vitória final e o objetivo pretendido, independentemente do da outra parte. Nesse tipo de negociação os poderes e informações de ambas as partes entram em jogo e são usados (DAROS, 2016). Portanto, qualquer que seja o tipo de negociação a ser usado, e considerando que as pessoas envolvidas em um processo de negociação são seres humanos, com emoções diferentes, valores e pontos de vista arraigados, o negociador deve se preparar bem, planejar, executar e revisar. 17 3. SITUAÇÕES DE CONFLITO Na maioria das vezes, as negociações surgem para buscar a resolução de conflitos existentes. Porém o que vem a ser um conflito? Um conflito significa um confronto, um debate, um enfrentamento; pode ainda representar princípios de oposição em um jogo de poderes, mas ele é, fundamentalmente, uma relação interpessoal, consistindo em uma forma de interação social entre duas ou mais pessoas. De maneira mais específica, o conflito geralmente nasce de divergências e de convicções contrárias, de interpretações distintas ou mesmo por julgamentos e incompatibilidade entre as partes envolvidas no conflito Segundo Suares (2002 apud FIORELLI et al., 2008), o processo conflitivo constitui-se numa incompatibilidade que nasce, cresce e se desenvolve entre pessoas; e pode morrer, estacionar, ser negociado ou evoluir para uma situação incontrolável. O confronto é o entendimento das diferenças entre pessoas com interesses divergentes. É um processo, que se dá entre duas ou mais partes, em que predominam as relações de oposição. Para a apropriada administração do conflito é importante que sejam identificadas as possíveis razões. Entre as mais comuns podemos indicar: Frustração de uma ou ambas as partes. Diferenças de personalidade. Diferenças de percepções e entendimento. O conflito pode ter origem da divergência de uma ideia, opinião, atitude ou comportamento. Consequentemente, essa divergência pode acarretar um problema ou uma oportunidade, e pode dar origem ao processo de negociação. A negociação abrange mais do que uma simples realização de troca, compensação ou partilha. Essas situações podem fazer parte do processo, desde que estabelecidas para a solução de um conflito ou incompatibilidade. As organizações constituem-se em campos propícios para conflitos individuais ou coletivos, nos quais os participantes lutam por recursos limitados, possibilidades de ascensão profissional, benefícios diferenciados e outras recompensas que possam ser proporcionadas pela empresa. Uma fonte de conflito pode surgir da experiência de frustração de uma ou ambas as partes, de sua incapacidade de atingir os objetivos. Fato que determina o antagonismo entre os grupos, colocando em oposição os que atingem as metas e os que não conseguem atingir. Tem-se então, os resultados do conflito, que podem ser de natureza completamente diversa para cada um dos negociadores, ou seja, um ciclo de frustrações ocorreem virtude da má interpretação ou incompreensão dos interesses ou necessidades das partes, fazendo com que cada um interprete a situação a seu modo (MARTINELLI; ALMEIDA, 2006, p. 47). 18 4. O MÉTODO HARVARD DE NEGOCIAÇÃO Cada negociação é única, isto é, as pessoas e interesses envolvidos podem ser diferentes, o contexto e os objetivos também, até o lugar no espaço e no tempo. Generalizar e padronizar o processo de negociação é, em primeira instância, uma insensatez, no entanto, ter uma metodologia, ou várias, para desenvolver o processo é indispensável. A Harvard Business School desenvolveu um método denominado de “negociação baseada em princípios”. A ideia central é que cada lado tome decisões lógicas e busque resultados que beneficiem a todos, baseando-se em padrões justos, sendo mundialmente conhecido e estudado e divulgado no livro “Getting a Yes”, ou, com o título em português, Como Chegar ao Sim, por Fisher, Ury e Patton (1994). O objetivo do método Harvard de negociações é embasado em quatro métodos fundamentais: pessoas, interesses, opções e critérios. 4.1 Pessoas Na estratégia de negociação, necessita-se buscar identificar os personagens envolvidos. Na oportunidade de resolver problemas é normal, pela falta de atenção ou respeito do outro, a negociação ser conduzida para o lado pessoal o que, além de alterar os ânimos, prejudica o senso de avaliação e a estratégia de condução no processo. Necessita-se prestar a atenção nos interesses de ambos e não procurar manter um posicionamento unilateral na negociação. Em casos de desacordos nas opiniões, procure revisá-las, escutar a outra parte e compreender o outro lado, por meio de questionamentos ou pedindo ajuda, colocando a razão acima das emoções. Seja sempre prático e objetivo, para não haver discordâncias por posicionamentos e motivos inerentes, os quais atrapalharam o alcance de resultados satisfatórios. 4.2 Interesses Considera-se interesse o resultado que se quer ter com determinada negociação, e a posição é a decisão abordada em concordância com os interesses. Como o ato de negociar é para atender os interesses, apropriar-se do uso de poder, informação e tempo, melhorará significativamente esse processo. Para alcançar os interesses deve-se ser preciso nos pontos que deseja negociar, fazendo-se necessário reconhecer os interesses dos outros; deve-se manter a seriedade no processo e os passos objetivos por princípio, não perdendo de vista a cordialidade, o espírito construtivo, o pensamento no futuro; o sucesso e o alcance da negociação, a fim de alcançar um acordo positivo. 19 4.3 Opções As alternativas e as opções devem ser muito bem estudadas antes do início do processo de negociação. Atentar-se aos interesses de todas as partes envolvidas, para se ter uma negociação equilibrada e agradar ambas as partes. Mills (1993) sugere aos negociadores para desenvolverem a BATNA (the Best Alternative To a Negotiated Agreement), que pode ser descrita em português como MAANA (Melhor Alternativa À Negociação de um Acordo). Os limites máximo e mínimo de uma barganha podem ser comparados com a posição, que costuma ser rígida e inibir a imaginação, e pode ser usada para se pensar em alternativas mais flexíveis na negociação, pautadas nos interesses envolvidos. Sempre é importante, conhecer o seu BATNA, inclusive como medida de avaliação da qualidade do acordo. Para que uma negociação seja bem-feita, são necessários alguns passos e, para tanto, ele sugere sete etapas, denominadas de RESPECT ou PESTTFA no entendimento pátrio, como mostramos a seguir: Tabela 5 – RESPECT ou PESTTFA RESPECT PESTTFA Ready Yourself in Anticipation Prepare-se Explore Each Other’s Needs Explore as necessidades Signal for Movement Sinalize a movimentação Probe with Proposal Teste de proposta Exchange Concessions Feche o acordo Tie Up the Loose Ends Amarre as pontas Fonte: The Mills Group (2007). 4.4 Critérios Ter critérios objetivos é de suma importância para uma negociação bem- sucedida, e o método de Harvard, é altamente eficiente para estabelecer-se esses critérios, pois é baseado em princípios de imparcialidade e eficiência que possibilitam um acordo sensato e proveitoso a ambas as partes. 4.5 Conclusão Antes de embarcar numa negociação, tenha uma boa gama de opções para poder manobrar o evento a seu favor, evite uma postura rígida e, se possível, crie alternativas para deixar a outra parte confortável, evitando colocá-la em uma posição sem saída. 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos concluir que negociação é uma ferramenta de comunicação, que tem como alguns dos seus objetivos atender a necessidades, reverter problemas, administrar conflitos e criar oportunidades. Negociar não é um simples gesto de comprar ou vender, é de fato uma arte que envolve planejamento, objetivos a serem alcançados, tomada de decisões, criatividade, habilidades de comunicação e capacidade de gerenciar divergências. Nesse sentido, dizer que para negociar, é necessário apenas ter técnicas, é minimizar sua importância e complexidade, para se obter uma negociação que propicie a satisfação das partes envolvidas é preciso que exista uma estratégia bem definida, métodos apropriados, e somados a esses conhecimentos, são indispensáveis aos bons negociadores, habilidades interpessoais, e atitudes conscientes e emocionais. Para se diferenciar no mercado, as empresas necessitam de profissionais capazes de conduzir negociações que possibilitem benefícios mútuos, baseados em padrões justos, com uma solução conciliadora, duradora e capaz de gerar resultados positivos para todos os envolvidos. 21 REFERÊNCIAS ALBRECHT, K.; ALBRECHT, S. Agregando valor à negociação. São Paulo: Makron Books, 1995. BOFF, R. J. Negociação: técnicas para a obtenção de resultados. Disponível em: https://www.fd.unl.pt/docentes_docs/ma/tgau_MA_26100.pdf. Acesso em: 28 dez. 2018. COHEN, H. Você pode negociar qualquer coisa. 8. ed. Rio de Janeiro: Record,1980. DAROS, L. O direcionamento de uma negociação corporativa por meio do Campo Semântico. 2016. FIORELLI, J. O.; FIORELLI, M. R.; MALHADAS JUNIOR, M. J. O. Mediação e solução de conflitos: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2008. FISHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Como chegar ao sim: a negociação de acordos sem concessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1994. GOTTSCHALK, A. Cedep teaching notes,1974. JUNQUEIRA, L. A. C. Negociação: tecnologia e comportamento. Rio de Janeiro: COP Editora Ltda., 1988. LEWICKI, R. J.; HIAM, A. MBA compacto: estratégias de negociação e fechamento. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003. p. 301. MARTINELLI, D. P. Negociação, administração e sistemas. SemeAd-FEA-USP, 2002. Disponível em: www.revistas.usp.br/rausp/article. Acesso em: 30 jan. 2018. MARTINELLI, D. P.; ALMEIDA, A. P. Negociação e solução de conflitos: do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 1998. ______. Negociação: como transformar confronto em cooperação. São Paulo: Atlas, 2006. MATOS, F. G. Negociação no trabalho: Indicações práticas baseadas na experiência e na teoria. Rio de Janeiro: CEDEG, 1989. MELLO, J. Negociação baseada em estratégia. São Paulo: Atlas, 2003. MILLS, H. Negociação: a arte de vencer. São Paulo: Makron Books, 1993. NIERENBERG, G. I. The art of negotiating. 2. ed. New York: Simon & Schuster, 1981. SPARKS, D. B. A dinâmica da negociação efetiva: como ser bem-sucedido através de uma abordagem ganha-ganha. São Paulo: Nobel, 2002. WANDERLEY, J. A. Negociação total: encontrando soluções, vencendo resistências, obtendo resultado. São Paulo: Gente, 1998.
Compartilhar