Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 2 SUMÁRIO BREVE HISTÓRICO ....................................................................................................... 5 O QUE É PSICOPEDAGOGIA? ..................................................................................... 5 COMPETÊNCIAS DO PSICOPEDAGOGO .................................................................. 6 Recursos Utilizados em Psicopedagogia .......................................................................... 7 Psicopedagogia: ação e parceria ....................................................................................... 7 EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............................................................................................. 9 PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR .................................................................................. 11 A ESCUTA PSICOPEDAGÓGICA AOS PROFESSORES NA ESCOLA .................. 14 A ESCUTA CLÍNICA NA PSICOPEDAGOGIA ......................................................... 15 A postura analítica e a atitude clínica na psicopedagogia .............................................. 16 Confrontando a visão da psicopedagoga e das professoras ............................................ 21 PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E HOSPITALAR ....................................................... 24 PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR ............................................................................ 26 CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA – ABPp .............................................................................................................................. 28 CAPÍTULO I: DOS PRINCÍPIOS ................................................................................. 28 CAPÍTULO II: DAS RENPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS .............. 29 CAPÍTULO III: DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES ............................ 30 CAPÍTULO IV: DO SIGILIO ........................................................................................ 30 CAPÍTULO V: DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS ................................................. 31 CAPÍTULO VI: DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL .............................................. 31 3 CAPÍTULO VII: DOS HONORÁRIOS......................................................................... 32 CAPÍTULO VIII: DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO .......................... 32 CAPÍTULO IX: DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA ........................................................................................................................................ 32 CAPÍTULO X: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................. 33 A CONSTRUÇÃO DO OLHAR DO/A PSICOPEDAGOGO/A .................................. 33 A Importância da Afetividade no Processo de Cognição - Afetividade e Cognição: Caminhos que se Cruzam ............................................................................................... 37 ALUNO - AFETIVIDADE - PROFESSOR: UMA TRÍADE QUE DÁ CERTO ......... 38 O PAPEL DA FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ..................... 41 DESENVOLVENDO O "ESPAÇO POTENCIAL" NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ......................................................................................................... 44 CONSTRUINDO UM ESPAÇO POTENCIAL ............................................................ 45 TEMPO DE BRINCAR/ DE CRIAR/ DE DESPERTAR... .......................................... 49 Além do Horizonte ......................................................................................................... 55 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 59 4 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 5 BREVE HISTÓRICO Mara Rubia Rodrigues Martins (adaptado) Segundo Bossa (2000), os primeiros esboços de Psicopedagogia aconteceram na França no início do século XIX com contribuições da Medicina, Psicologia e Psicanálise, para ação terapêutica em crianças que tinham lentidão ou dificuldades para aprender. Os estudos franceses influenciaram a iniciação psicopedagógica na Argentina e esta no Brasil. Aproximadamente há 30 anos, surgiram os primeiros grupos de estudos sobre a aprendizagem e o sistema educacional brasileiro. Os cursos na área de Psicopedagogia começam a surgir nos anos 70, mas é na década de 90 que se multiplicam. Em 1996 foi aprovado em Assembleia Geral no III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia, o Código de Ética que assinala dentre outras coisas, que a Psicopedagogia é um campo de atuação em saúde educação que lida com o processo de aprendizagem humana, é de natureza interdisciplinar e o trabalho pode se dar na clínica ou instituição, de caráter preventivo e/ou remediativo e cabe ao psicopedagogo por direito e não por obrigação, seguir esse código. O QUE É PSICOPEDAGOGIA? É a área do conhecimento que estuda a aprendizagem humana, objetivando facilitar o processo de aprendizagem não apenas no ambiente escolar, mas em todos os âmbitos: cognitivo, afetivo, social e durante toda vida. A Psicopedagogia cuida do ser que aprende, pois deve evitar o fracasso e facilitar os processos de aprendizagem. 6 Para Rubinstein (1996, p. 127), “a Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse processo”. Isso significa colher conhecimentos de várias áreas como a Psicologia, Pedagogia, Medicina, Fonoaudiologia e outras. Portanto, tem enfoque transdisciplinar, ou seja, recebe influências de vários ramos. A transdisciplinaridade para Assmann (1998), não pretende desvalorizar o que cabe às disciplinas específicas, mas melhorar e ampliar o conhecimento em todas. Apenas uma área de conhecimento não seria capaz de abarcar a complexidade de um processo de aprendizagem, pois cada indivíduo possui uma modalidade de aprendizagem, um jeito particular de aprender, a Psicopedagogia aliada a outras áreas de conhecimento, está comprometida em resolver os problemas e melhorar as condições de aprendizagem. A Psicopedagogia não é a associação da Psicologia com a Pedagogia, pois ela se propõe a pesquisar e resolver os problemas de aprendizagem através de um intercâmbio dos conhecimentos de outras áreas. COMPETÊNCIAS DO PSICOPEDAGOGO Cabe ao Psicopedagogo em primeiro lugar, estabelecer um vínculo positivo com o aprendiz, a fim de proporcionar o resgate do prazer de aprender. É um trabalho terapêutico centrado na aprendizagem, mas levando-se em consideração o aprendente como um todo, seu meio e suas relações. O Psicopedagogo elabora diagnósticos e realiza intervenções durante o trabalhocom foco na aprendizagem, porém sem perder de vista o ser humano com sua 7 individualidade, capacidade e ambiente no qual está inserido, ou seja, um olhar amplo, imparcial e sem preconceito, uma escuta atenta que vai além das evidências, geralmente já observadas pela família e pela escola. De acordo com Barone (1990, p.19), “a tarefa do Psicopedagogo é levar a criança a reintegrar-se à vida escolar normal, segundo suas potencialidades e interesses”. O Psicopedagogo não trabalha sozinho, atua em parceria com outros profissionais como: Neurologista, Psiquiatras, Fonoaudiólogos, Psicólogos e outros. Para Paín (1992, p.74), “o tratamento Psicopedagógico é o mais indicado no caso de tratar-se um transtorno de aprendizagem”. Recursos Utilizados em Psicopedagogia Não existem recursos específicos e limitados, mas são geralmente jogos, atividades de expressão artística, linguagem oral e escrita, dramatização e todo tipo de recursos que facilitem o desenvolvimento da capacidade de aprender com autonomia e prazer. De acordo com Fernández (2001, p.163), devemos proporcionar “um espaço de confiança, criatividade onde possamos dar um sentido criativo e lúdico ao nosso trabalho”. Seu filho não vai bem na escola? Tem dificuldades em aprender? Problemas escolares? É inquieto? Desobediente? Desinteressado? Desatento? Agressivo? A Orientadora solicita sua presença constantemente na escola? A professora pede ajuda? Quando esse pedido de ajuda está ligado à aprendizagem, procure um Psicopedagogo! Psicopedagogia: ação e parceria Marlei Adriana Beyer (adaptado) 8 A Psicopedagogia, área de conhecimento interdisciplinar, tem como objeto de estudo a aprendizagem humana. É papel fundamental do psicopedagogo potencializá-la e atender as necessidades individuais, no decorrer do processo. O trabalho psicopedagógico pode adquirir caráter preventivo, clínico, terapêutico ou de treinamento, o que amplia sua área de atuação, seja ela escolar - orientando professores, realizando diagnósticos, facilitando o processo de aprendizagem, trabalhando as diversas relações humanas que existem nesse espaço; empresarial - realizando trabalhos de treinamento de pessoal e melhorando as relações interpessoais na empresa; clínica - esclarecendo e atenuando problemas; ou hospitalar - atuando junto à equipe multidisciplinar no pós-operatório de cirurgias ou tratamentos que afetem a aprendizagem. É importante salientar que a Psicopedagogia é uma área que vem para somar, trabalhando em parceria com os diversos profissionais que atuam em sua área de abrangência. Um questionamento breve sobre “o que é a Psicopedagogia” poderia trazer à tona uma resposta imediatista, identificando facilmente a constituição da palavra: Psicologia e Pedagogia. Essa análise reducionista do real significado omite a perspectiva de interdisciplinaridade da mesma. A Psicopedagogia é uma área de conhecimento e de atuação dirigida pelo e para o processo de aprendizagem humana. Seu objeto de estudo é o ser, que apreende da realidade, e constrói o seu conhecimento, aprendendo. Visto que o conhecimento é construído natural e continuamente pelo sujeito, no seu viver, não sendo exclusividade do ambiente escolar, já que ocorre simultaneamente com o processo de vida, a Psicopedagogia pode auxiliar várias áreas da atividade humana. 9 As relações dela com o conhecimento, vinculado à aprendizagem e as significações do ato de aprender, fazem parte do seu foco de estudo a fim de contribuir para a análise e reformulação de práticas educativas, ressignificando hábitos e atitudes. As teorias vinculadas a ela são relacionadas à prática pedagógica, envolvendo o atendimento às necessidades individuais de aprendizagem, o fracasso escolar e a apropriação do conhecimento; à prática clínica, integrando compreensão, prevenção e métodos terapêuticos ao analisar o aprender; à área hospitalar, no que diz respeito à continuidade do processo de aprendizagem, aliada à Fonoaudiologia, Neurologia, Fisioterapia, Psicologia, e Medicina em geral, fazendo deste processo doloroso, um momento mais humano; e finalmente, à área empresarial - trabalhando com os processos de aprendizagem individual e organizacional, em parceria com o psicólogo organizacional e o profissional de Recursos Humanos no que se refere ao recrutamento de pessoal, treinamento, melhorando a qualidade do trabalho, da produtividade e as relações intra e interpessoais, administrando conflitos. Em suma, o psicopedagogo é um profissional envolvido com a aprendizagem humana, que congrega conhecimentos de diversas áreas intervindo neste processo, seja para potencializá-lo ou para amenizar dificuldades, atendendo as necessidades individuais de aprendizagem. Neste sentido pretende-se divulgar o caráter transdisciplinar da Psicopedagogia, suas ações e parcerias, nas diversas áreas de atuação do psicopedagogo. EVOLUÇÃO HISTÓRICA Definida a área de atuação da Psicopedagogia, uma breve análise sobre seus primórdios nos remete à Europa do século XIX. Conforme Bossa, as primeiras tentativas de articulação entre a Medicina, a Psicologia, a Psicanálise e a Pedagogia deram-se na França. Onde há documentos de Janine Mery, apresentando considerações sobre o termo Psicopedagogia Curativa, termo utilizado para definição da ação terapêutica sobre as crianças que experimentavam dificuldade ou lentidão, em relação aos colegas e às aquisições escolares. Lá se encontram, também, os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico-psicopedagógico na França. 10 As ideias francesas influenciaram a ação psicopedagógica argentina, de grandes nomes como Sara Paín, Alícia Fernandez e Jorge Visca. Foi a Psicopedagogia argentina, que influenciou a práxis brasileira. Os estudos referentes a Psicopedagogia, no Brasil, têm uma história de aproximadamente 30 anos, inicialmente dedicados à pesquisa - em forma de grupos de estudos, que refletiam sobre a prática educacional. Na década de 70 os primeiros cursos na área de Psicopedagogia foram oferecidos. Mas, foi nos anos 90, que estes cursos proliferaram pelo Brasil - que têm nas Regiões Sul e Sudeste, maior demanda de especialização e trabalhos realizados. A ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia), teve seu início através de um grupo de estudos, formados por profissionais preocupados com os problemas de aprendizagem. Este grupo tornou-se a APp (Associação Paulista de Psicopedagogia), para a partir de 1980 conquistar âmbito nacional. Atualmente, a ABPp, busca o reconhecimento da profissão. Conforme divulgado no site da mesma, em 1997, o Deputado Federal Barbosa Neto, atendendo ao pedido de algumas psicopedagogas, criou o Projeto de Lei no. 3124/97 que dispõe sobrea regulamentação da profissão de Psicopedagogo, cria os Conselhos Regionais de Psicopedagogia e determina outras providências. Este projeto foi encaminhado à Comissão de Trabalho no dia 15/5/97 e aprovado pela mesma Comissão no dia 3/9/97. Após esta aprovação este Projeto de Lei foi encaminhado à Comissão de Educação, Cultura e Desporto onde permaneceu por quatro anos e também foi aprovado, com algumas emendas, no dia 12/9/01. Atualmente este P.L. está na Comissão de Constituição e Justiça e de Redação esperando pela sua aprovação. Caso seja aprovado, este P.L. irá para o Senado para a sua apreciação e, depois ser sancionada pela Presidente da República. O que certamente acontecerá, pois, avanços já podem ser contabilizados nesta área. Em 20/9/01, o projeto de lei nº 108/01 foi aprovado no Estado de São Paulo, 11 autorizando o poder Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino básico públicos. A funcionalidade desta profissão que espera ser reconhecida,é aqui tratada de acordo com as habilidades que podem ser desenvolvidas, nas respectivas áreas de atuação. Click e assista https://www.youtube.com/watch?v=YPCMnUr2RVE https://www.youtube.com/watch?v=U- IimAg86UU&index=4&list=PLYIuur6wfP80-llgulQtuOstRDcLODMcD PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR A escola mudou com o passar dos tempos. Novas tecnologias e metodologias ingressaram no cotidiano escolar. Professores e planos de curso tornam-se defasados, necessitando de atualização. Paradigmas ultrapassados ou esgotados perdem espaço para paradigmas emergentes ou inovadores - o que não diminuiu consideravelmente o compartimento e isolamento da escola em relação à realidade de cada educando. Muitas vezes desmotivado e amedrontado pela reprovação, num local em que as necessidades individuais de https://www.youtube.com/watch?v=YPCMnUr2RVE https://www.youtube.com/watch?v=U-IimAg86UU&index=4&list=PLYIuur6wfP80-llgulQtuOstRDcLODMcD https://www.youtube.com/watch?v=U-IimAg86UU&index=4&list=PLYIuur6wfP80-llgulQtuOstRDcLODMcD 12 aprendizagem não são atendidas. É neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista espaço. Uma observação minuciosa e uma escuta atenta sem “preconceitos”, assinalada pela imparcialidade, pode detectar a real problemática da instituição escolar. “Esse é o papel do psicopedagogo nas instituições: olhar em detalhe, numa relação de proximidade, porém não de cumplicidade”, afirma Césaris (2001); facilitando o processo de aprendizagem. Afinal, a Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo da aprendizagem humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma, ou mesmo prevenindo-as, visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo processo de ensinar e aprender, garantindo o sucesso escolar para todos. Com vasto cabedal teórico, a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de aprendizagem, passando a assumir um papel mais abrangente, “cujo principal objetivo é a investigação sobre a origem da dificuldade de, bem como a compreensão de seu processamento, considerando todas as variáveis que intervêm neste processo”, como afirma Rubinstein (1992, p. 103). Ou seja, a linha de trabalho definida pelo psicopedagogo, é a forma de ação e investigação para identificar as possíveis defasagens no processo de aprender. Tamanha a complexidade deste ato, todas as variáveis devem ser consideradas, desde uma disfunção orgânica ou uma falha no processo de compreensão, que pode estar comprometendo a aprendizagem. Assim, as necessidades individuais de aprendizagem não podem ser definidas por apenas um fator, estando ele na própria criança, no meio familiar ou no ambiente escolar. Exatamente por isso, Ferreira (2002), ressalta: Devido a complexidade dos problemas de aprendizagem, a Psicopedagogia se apresenta com um caráter multidisciplinar, que busca conhecimento em diversas outras áreas de conhecimento, além da psicologia e da pedagogia. É necessário ter noções de linguística, para explicar como se dá o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de aquisição da linguagem oral e escrita. 13 Também de conhecimentos sobre o desenvolvimento neurológico, sobre suas disfunções que acabam dificultando a aprendizagem; de conhecimentos filosóficos e sociológicos, que nos oferece o entendimento sobre a visão de homem , seus relacionamentos a cada momento histórico e sua correspondente concepção de aprendizagem. A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caráter preventivo bem como assistencial. Na função preventiva, segundo Bossa (2000) cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação . Já no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria “ensinagem”. Participando da rotina escolar, o psicopedagogo interage com a comunidade escolar, participando das reuniões de pais - esclarecendo o desenvolvimento dos filhos; dos conselhos de classe - avaliando o processo didático metodológico; acompanhando a relação professor-aluno - sugerindo atividades ou oferecendo apoio emocional e, finalmente acompanhando o desenvolvimento do educando e do educador no complexo processo de aprendizagem que estão compartilhando. Apesar desta dinâmica, Ferreira (2002), adverte: (...) Mesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de aprendizagem, nunca conseguiria abarcá-los na sua totalidade, algumas crianças com problemas escolares apresentam um padrão de comportamento mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagógico mais especializado em clínicas. Sendo assim, surge a necessidade de diferentes modalidades de atuação psicopedagógica; uma mais preventiva com o objetivo de estar 14 atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da escola e outra, a clínico- terapêutica, onde seriam encaminhadas apenas as crianças com maiores comprometimentos, que não pudessem ser resolvidos na escola. A ESCUTA PSICOPEDAGÓGICA AOS PROFESSORES NA ESCOLA Marcos Vinícius Castro Souza (adaptado) Evidencia-se na literatura sobre psicopedagogia pouca reflexão acerca da escuta psicopedagógica aos professores na escola. Entretanto, a escuta é um elemento relevante e vem ocupando constantemente seu espaço nas mais variadas áreas, como: na psicanálise, na psicologia, bem como na própria psicopedagogia. Neste contexto, o principal objetivo deste artigo foi analisar a forma como o profissional formado em psicopedagogia exerce sua escuta aos professores na instituição escolar. Assim, optou-se pela realização de pesquisa de campo, utilizando-se a técnica de entrevistas para levantamento de dados, numa abordagem qualitativa. Contudo, a falta de referencial teórico dificulta o desenvolvimento da escuta clínica por parte dos psicopedagogos. Em virtude disso, o presente estudo pretende contribuir para a literatura sobre o assunto, apresentando possíveis estratégias para aprimorar/desenvolver a escuta psicopedagógica. O olhar e a escuta são elementos complementares no processo de análise de fenômenos sociais, pois, o ver e o escutar contribuem nesse processo. Para Weffort (1997), não ouvimos realmente o que os outros falam, e sim o que se quer ouvir. Neste sentido, o ver e o ouvir demandam implicações e entregas ao outro. A situação analítica desenvolvida por Freud (1976)para o seu método psicanalítico, “surge e se desenvolve na escuta e para a escuta singular à qual se propõe” (FALCÃO; MACEDO, 2004, p. 2). Assim, como recurso proveniente da técnica psicanalítica e que aos poucos vem conquistando espaço em diferentes profissões, a escuta clínica apresenta-se e destaca-se como ponto relevante intersubjetivo, característico do encontro analítico. Segundo Cecim (1997, p. 31), essa escuta difere-se da audição. 15 Porque, enquanto a audição permite à apreensão/compreensão de vozes e sons audíveis, a escuta clínica refere-se à apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, audição das expressões e gestos, posturas e condutas durante a escuta. E, esta, não se limita exclusivamente ao campo da fala, “[mais do que isso]busca permitir os membros interpessoais que constituem nossa subjetividade para cartografar o movimento das forças de vida que engendram nossa singularidade”(CECCIM, 1997, p. 31). A ESCUTA CLÍNICA NA PSICOPEDAGOGIA A atuação do psicopedagogo, em instituições escolares, requer postura/atitude clínica frente às diversas produções sejam elas explícitas ou implícitas dos indivíduos a quem se propõe intervenção psicopedagógica. Nesta perspectiva, a escuta psicopedagógica clínica insere-se como mecanismo de verificar e tratar os diferentes fenômenos que se apresentam no cotidiano do trabalho docente nas escolas. Para se apropriar da utilização da escuta clínica na psicopedagogia, é relevante antes, caracterizar o olhar clínico como aquele que toma em consideração um campo – de pesquisa ou de intervenção – estruturado por um jogo de relações e de intervenções dinâmicas e complexas. No entanto, ele também supõe que o prático e o pesquisador estejam convenientemente deslocados da relação, isto é, que eles assumam uma postura de implicação-distanciamento. Tal postura, por sua vez, possibilitar-lhes-á estar efetivamente co-presente na situação que eles analisam, sem perder, para tanto, suas especificidades e suas competências (MARTINS, 2003, p. 43). Isto remete que a atitude clínica necessária ao psicopedagogo ante sua possibilidade de intervenção, implica a busca por novos sentidos para sua relação com o objeto pesquisado. A observação torna-se, assim, importante. Pois, o olhar clínico se estabelece fundamentalmente na observação. Contudo, a escuta se impõe como fator imprescindível no que se refere ao temporal, “aquilo não-dito” (MARTINS, 2003, p. 44). Portanto, para Martins (2003), isto significa que as diferentes funções do olhar e da escuta clínicas, que se apoiam em perspectivas diferentes e, consequentemente, em metodologias também específicas, 16 precisam ser articuladas no intuito de se estabelecer pontos de referência nos aspectos temporal e espacial. O psicopedagogo, enquanto terapeuta é um sujeito que “legaliza a palavra do paciente, [...] alguém que com sua escuta outorga valor e sentido à palavra de quem fala, permitindo-lhe organizar-se (começar a entender-se), precisamente a partir de ser ouvido” (FERNANDEZ, 1991, p. 126). Com isso, a escuta psicopedagógica torna-se fator preponderante no atendimento a heterogeneidade de/dos professores na escola, possibilitando-lhes, vez e voz para expressarem-se oralmente e/ou através de mensagens subliminares. O psicopedagogo terapeutizando, precisa posicionar-se em um lugar capaz de proporcionar-lhe a análise eficaz, de modo a permitir “ao paciente organizar-se e dar sentido ao discurso a partir de um outro que escuta e não desqualifica, nem qualifica”. “Somente a partir das fraturas do discurso, por um lado, e de nos aproximarmos, por outro lado, por encontrar o dramático, resgataremos o interessante, o original dessa história (FERNANDEZ, 1991, p. 126). A postura analítica e a atitude clínica na psicopedagogia O psicopedagogo deve “escutar e traduzir” (FERNANDEZ, 1991, p. 127) de modo transcendente o que lhe é apresentado, buscando a atitude clínica necessária no trato dos dados obtidos através de sua escuta e análise. Pois, “são as palavras, ou sua ausência, associados com a cena penosa, as que dão ao sujeito os elementos que impressionarão sua imaginação” (MANNONI apud FERNANDEZ, 1991, p. 127). Assim, a função da escuta psicopedagógica não é fazer o paciente confessar o tido como importante, mas sim, garantir ao indivíduo a possibilidade de que fale do que realmente carece de importância. Para Fernandez (1991, p. 128), o lugar analítico, tão importante para o desenvolvimento da escuta clínica, é “lugar de testemunha e atitude clínica, da atitude do que escuta e traduz promovendo um discurso mítico e não real. Lugar e atitudes necessários a todo terapeuta, que o psicopedagogo deverá assumir”. Neste sentido, a referida autora apresenta sua proposta ou guia para o psicopedagogo conseguir uma escuta psicopedagógica: (FERNANDEZ, 1991, p. 131) 17 1. Escutar–olhar – o primeiro momento da intervenção psicopedagógica supõe escutar-olhar o outro e mais nada. De acordo com Fernandez (1991, p. 131), “escutar não é sinônimo de ficar em silêncio, como olhar não é de ter os olhos abertos”; 2. Deter-se nas fraturas do discurso – estar atento aos aspectos trazidos através do discurso verbal, assim como ao corporal, ao agir subjetivo do sujeito; 3. Observar e relacionar com o que aconteceu previamente à fratura – registrar as fraturas, as formas diferentes de expressar-se; 4. Descobrir o esquema de ação – significação – “para encontrar o esquema de ação, não é necessário deter-se no conteúdo do mesmo, mas no processo e nos mecanismos” (FERNANDEZ, 1991, p. 132); 5. Buscar a repetição dos esquemas de ação – buscar detectar em que outras situações e com que outros contextos e conteúdos repete-se este esquema; 6. Interpretar a operação, mais do que o conteúdo –levantar as concepções e ideias inconscientes sobre a aprendizagem, estabelecendo relações com a “operação particular que constitui o sintoma” (FERNANDEZ, 1991, P. 133). O momento da intervenção psicopedagógica é único tanto para o paciente, quanto para o terapeuta, e requer o estabelecimento de uma relação harmônica entre ambos, onde o escutar esteja presente cotidianamente neste processo. Para isso, Fernandez (1991, p. 131) esclarece que “escutar não é sinônimo de ficar em silencio, como olhar não é de ter os olhos abertos. Escutar, receber, aceitar, abrir-se, permitir, impregnar-se”. Todavia, o terapeuta deve aprimorar a sua escuta para além do que o paciente expõe oralmente, permitindo-lhe “falar e ser reconhecido, e ao terapeuta compreender a mensagem” (p. 131) para poder intervir da melhor maneira possível. No entanto, para Martins (2003) é imperioso que ambos estejam convenientemente deslocados na relação estabelecida, isto é, que eles assumam uma visão/postura de implicação-distanciamento. Esta postura possibilitar-lhes-á efetivamente estarem co-presentes na situação que analisam, sem para isso, perder suas especificidades e suas capacidades. Ou seja, uma postura/atitude clínica que se estruture numa escuta, que aqui deve ser compreendido como um mecanismo de acompanhamento acerca da 18 realidade, registrando-se o vivenciado, o experimentado. É preciso criar espaços onde as vivências institucionais possam ser afirmadas e verdadeiramente escutadas. Esta perspectiva, no plano das práticas do psicopedagogo, poderá fomentar o reconhecimento e a apropriação “de elementos até então desconsiderados na abordagem dos processos educativos, possibilitando uma reapropriação da experiência e de outros sentidos, a eles atribuídos, pela abertura ao desconhecido, pela disponibilidade para a alteração(e por consequência da heterogeneidade), para a escuta do inefável (MARTINS, 2003, p. 44). Para realização deste estudo, pesquisou-se uma psicopedagoga e quatro professoras de uma escola pública, localizada na zona urbana da cidade de Santo Amaro, Recôncavo do Estado da Bahia, sendo utilizado como critério de inclusão todos os funcionários que atuam numa mesma instituição escolar. Em relação à pesquisa de campo, foi utilizado como instrumento para coleta de dados a realização de entrevistas. Os dados obtidos foram analisados partindo-se da perspectiva da abordagem qualitativa. De um modo geral, as entrevistas qualitativas são muito pouco estruturadas, sem um fraseamento e uma ordem rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se muito a uma conversa. Tipicamente, o investigador está interessado em compreender o significado atribuído pelos sujeitos a eventos, situações processos ou personagens que fazem parte de sua vida cotidiana (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998, p. 168). Neste contexto, constituíram-se como aspectos a serem englobados na entrevista com a psicopedagoga: 1) A forma como estacompreende e analisa a função de sua escuta; 2) Ao modo como tem escutado os professores desta instituição, se exerce essa escuta cotidianamente, assim como isso ocorre; 3) As possíveis contribuições desta escuta aos professores na intervenção psicopedagógica, a forma como isso se efetiva. As entrevistas com as professoras constavam: 1) A respeito da percepção em relação à atuação da psicopedagoga na escola; 19 2) Ao modo como percebe e analisa a possível parceria entre ambos, a forma como essa parceria pode contribuir na prática docente no trato das dificuldades de aprendizagem dos alunos; 3) A existência de possíveis oportunidades de ser escutada pela psicopedagoga nesta instituição, a forma como ocorre; 4) Os momentos destinados a reunião onde se possibilita a exposição de problemas. Partindo-se destes itens, as entrevista foram realizadas. Assim, optou-se por iniciar a coleta de dados através da entrevista com a psicopedagoga, para, posteriormente, realizá-las com as professores que recebem assistência desta profissional. Todavia, visando preservar a identidade dos sujeitos pesquisados, foram utilizados nomes fictícios para os participantes da pesquisa. A realização da entrevista com a psicopedagoga englobou fundamentalmente três aspectos básicos em torno da escuta psicopedagógica aos professores na escola. Sobre a forma como esta compreende e analisa a função de sua escuta na instituição, a mesma abordou que reconhece a relevância desta, afirmando que “ao escutar o outro vou percebendo assuas necessidades, o que realmente está sendo vivenciado pela profissional”. Posteriormente, em torno do segundo aspecto, a respeito do modo como a psicopedagoga tem escutado os professores desta instituição, se exerce essa escuta constantemente, assim como isso se dá na prática. Obteve-se a seguinte resposta: Através de diálogo procuro escutar com atenção as necessidades dos profissionais que trabalham comigo, buscando entender o ponto de vista de cada um, visto que ao escutá-los trocamos ricas experiências e, assim, explorar dimensões e possíveis caminhos para solucionar as demandas necessárias. E, esses momentos ocorrem durante as reuniões pedagógicas quinzenalmente (MÁRCIA). 20 Outro aspecto levantado foi a partir das possíveis contribuições desta escuta aos professores na sua intervenção, bem como a forma como isso se efetiva, onde a mesma respondeu que “ao escutar o outro (os professores) podemos perceber suas necessidades e a de seus alunos e, procurar orientá-los da melhor maneira possível”. A atuação psicopedagógica não pode ser efetivada em momentos inadequados como em reuniões pedagógicas, mas em espaços e momentos específicos, onde a professora seja oportunizado a expressar-se em sua multiplicidade, e a psicopedagoga escutá-lo transcendentemente. Contudo, esta escuta não pode/deve estar contaminada com impressões impregnadas de estereótipos e de fraturas das relações sociais estabelecidas entre ambos. Para tanto, Weffort (1997), salienta que a ação de escutar clinicamente o outro é um processo reflexivo e analítico de sair de si para ver e compreender o outro e a realidade segundo seus próprios pontos de vista, sua subjetividade, singularidade e segundo sua história. Assim, para Weffort (1997), a escuta constitui-se como uma ação altamente movimentada, reflexiva, estudiosa e transcendente. O lugar da escuta poderá possibilitar ao psicopedagogo “criar situações coletivas, espaços de construção de conhecimentos sobre si mesmo – sobre a escola, sobre as experiências dos envolvidos no processo educacional, etc. – de tal forma que os problemas vividos sejam amplamente discutidos e a busca de soluções para os mesmos, compartilhada” (MARTINS, 2003, p. 44). Ao psicopedagogo cabe, no exercício de sua escuta, de acordo com as concepções de Fernandez (1991), detectar os lapsos, as diversas dificuldades na expressão do discurso, da forma como os cortes são efetivados, das inconsistências, das repetições, das pausas prolongadas, emerge o inconsciente, etc. Em momentos posteriores, durante a realização das entrevistas com as quatro professoras, pode-se detectar uma inquietação em torno do acompanhamento psicopedagógico realizado nesta escola. Partindo-se deste pressuposto, o primeiro aspecto levantado foi a respeito de como elas percebem essa profissional e sua atuação na escola. Onde obteve-se considerações como: “Ela trabalha bem, buscando sempre saber nossas necessidades e ajuda no que 21 pode, entretanto, o tempo dela aqui na escola é pouco, o trabalho acaba sendo fragmentado”. Ademais, abordaram que percebem a relevância dessa profissional atuando num ambiente escolar e que a parceria estabelecida nesta acaba contribuindo na prática docente, pois, segundo as entrevistadas, “o atendimento que ela nos garante ajuda a possibilitar aos alunos uma melhorara comportamental em sala de aula e na aprendizagem”. Outro aspecto discutido com as professoras foi se elas têm oportunidades de serem escutados pela psicopedagoga nesta instituição, assim como a forma que isso se efetiva, da existência ou não de momentos destinados a reuniões, onde elas pudessem expor seus problemas, etc. Onde elas afirmaram que sim, que ela ouve suas queixas em momentos específicos nas reuniões pedagógicas que se efetivam quinzenalmente. Assim, reafirmam que o tempo destinado para tal fim é pouco. Os discursos das professoras entrevistadas aparentam estar emersos em um receio (medo) em expressar realmente o que pensam a respeito da atuação da psicopedagoga na instituição. E isso é vislumbrado através do subliminar de suas falas, nas inquietações, nos olhares, nas expressões, nas faltas, etc. Com isso, evidencia-se a importância da criação de mecanismos que garantam as professoras serem efetivamente escutadas pela psicopedagoga neste espaço. Confrontando a visão da psicopedagoga e das professoras Através do confronto entre as informações obtidas a partir da realização das entrevistas tanto com a psicopedagoga, quanto com as professoras participantes deste estudo, pôde-se detectar fraturas nos discursos destas em relação à atuação da psicopedagoga nesta unidade escolar e o modo como suas intervenções se efetivam no cotidiano deste espaço. A escuta, elemento tão relevante ao psicopedagogo, é tido/visto tanto pela psicopedagoga quanto pelas professoras que recebem seu acompanhamento, meramente como um canal auditivo capaz de apreender falas e possibilitar a intervenção partindo-se destas. Contudo, a escuta clínica necessária a este profissional, requer o transcendente, o subentendido do discurso exposto oralmente. Ou seja, “o exercício da escuta clínica, por sua vez, tem como perspectiva desvelar dimensões do cotidiano escolar e das relações 22 que o estruturam até então impensadas, desconhecidas, mas que tangenciam as práticas que aí se estabelecem” (MARTINS, 2003, p. 45). As professoras não podem/devem ser encaradas como pacientes da psicopedagoga, daí a precisão da adequação da escuta clínica para o atendimento às mesmas. Entretanto, a escassez na fundamentação teórica/prática a respeito da escuta clínica na psicopedagogia revela uma possível falha no processo de formação desta profissional, que muitas vezes, não é preparada para assumir uma postura/atitude clínica ante a demanda. Na construção da escuta necessária ao psicopedagogo, constata-se, segundo Weffort (1997, p. 1) alguns movimentos necessários a sua construção: 1 – “movimento de concentração para a escuta do próprio ritmo [...] o que se quer observar, que hipóteses se quer checar, o que se intui que não se vê, não se entende, não se sabe qual o significado, etc.”; 2 – “o movimento que se dá no registro das observações, seguindo o que cada um se propôs na pauta planejada, ondeo desafio está em sair de si para colher os dados da realidade significativa e não idealizada”; 3 – “o movimento de trazer para dentro de si a realidade observada, registrada, para assim poder pensá-la, interpretá-la [...]. Neste movimento podemos nos dar conta do que ainda não sabemos”. Macedo e Falcão (2009, p. 6) apud Freud (1937) apontam para o importante efeito da escuta clínica no campo analítico: “a análise é um processo terminável enquanto se refere ao uso da capacidade de escuta do analista, mas interminável enquanto se refere à capacidade adquirida pelo paciente de escutar-se. O processo analítico, a partir da escuta do” psicopedagogo, “envolve a instrumentalização da escuta do paciente em relação a si mesmo. Para se chegar às últimas palavras deste estudo, retoma-se a questão que o originou: de que forma a escuta psicopedagógica vem contribuindo no interior da instituição escolar? A resposta para tal indagação pode ser obtida sob as seguintes dimensões: Através da pesquisa de campo realizada, percebeu-se que a escuta psicopedagógica não tem acontecido/contribuído nas intervenções efetivadas na 23 instituição escolar fonte da coleta de dados, pois, a psicopedagoga não demonstrou exercer a escuta clínica as professoras neste espaço. Assim, evidenciou-se que as entrevistadas não demonstraram apropriação a respeito do real significado da escuta para a psicopedagogia. Segundo Weffort (1997), os indivíduos não foram educados para a escuta, nem para seu real significado. Ou seja, a escuta acaba estereotipada exclusivamente para a função auditiva. Cabe registrar a escassez de material sobre a escuta na psicopedagogia, fator que pode ser preponderante quanto a sua não utilização por parte da profissional pesquisada. Assim, visualiza-se ainda, a falta de recomendações e orientações técnicas em relação à apropriação e utilização da escuta transcendente ao que é falado e apreendido auditivamente, capaz de captar lapsos, falhas, repetições, sintomas, queixas, o subjetivo, etc. aspectos que lhe permita interpretação e intervenção adequadas. Para Macedo e Falcão (2009), a formação do terapeuta precisa estar atrelada ao “famoso tripé – formação teórica, atividade de supervisionar-se e análise pessoal – constitui os recursos na qualificação do processo de escutar o outro. Com isso, detecta-se que os psicopedagogos precisam estar abertos para efetivamente escutar os professores e suas queixas na escola, não auditivamente, mas de modo transcendente, buscando então, “a sintonia com o ritmo do outro, do grupo, adequando em harmonia” (WEFFORT, 1997, p. 1) para favorecer o trabalho deste no contexto escolar. Portanto, fica evidente a relevância de os cursos de formação em psicopedagogia se adequarem a essa necessidade de estimular o desenvolvimento da postura/atitude e escuta clínicas para que o profissional possa escutar os professores na escola e também desenvolver as intervenções convenientes. O alcance da escuta psicopedagógica está conectada a apropriação de um fazer-se terapeuta. Em virtude disso, ao se propor um estudo em torno da escuta psicopedagógica aos professores na escola, laça-se um olhar, segundo Macedo e Falcão (2009), para a importância dado pelo terapeuta às falas, gestos, movimentos, etc. de seu analisado, isso demonstrou o papel da escuta deste em relação a si próprio, em sua investigação pessoal. Pois, a escuta da psicopedagogia encontra sua vitalidade na 24 capacidade do analista em perceber e reconhecer o valor e a necessidade de ser ele próprio escutado, gerando em si uma capacidade que está fora do domínio da rigidez ou da padronização, e que por isso abre espaço à escutado outro. Click e assista https://www.youtube.com/watch?v=-du8JaMCsZM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E HOSPITALAR Marlei Adriana Beyer (adaptado) A procura de um profissional fora do espaço escolar apresenta alternativas às propostas e condições existentes na escola. O atendimento diferenciado pode ir além das questões-problema vinculadas à aprendizagem podendo trazer à tona, mais facilmente, as razões que desencadeiam as necessidades individuais - às vezes alheias ao fator escola, que fazem com que as crianças e adolescentes sintam-se excluídos, ou excluam-se a si mesmos do sistema educacional. O papel do profissional está caracterizado, conforme Fernández (1991), por uma atitude que envolve o escutar e o traduzir, transformando-se em uma testemunha atenta que valida a palavra do paciente; completamente inerente às relações entre ele e sua família. https://www.youtube.com/watch?v=-du8JaMCsZM 25 Nesta perspectiva, a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta, interpretação, reflexão e intervenção, criando e recriando espaços, é fundamental. Podendo assim a psicopedagogia, ser considerada como uma forma de terapia. É importante ressaltar que nessa modalidade clínica, o psicopedagogo também não trabalha sozinho, dependendo de parcerias com profissionais de outras áreas como: a Psicologia, a Neurologia, a Medicina e quais outras se fizerem necessárias pra o caso a ser atendido Se terapeuta é aquele que não cura, mas cuida do outro, tentando amenizar o seu sofrimento, esta ideia ganha força. O psicopedagogo é um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem, uma característica humana. Gonçalves (1997), defende esta afirmação: “todo trabalho psi é clínico, seja realizado numa instituição ou entre as quatro paredes de um consultório. Clínica é a nossa atitude de respeito pelas vivências do outro, de disponibilidade perante seus sofrimentos, de olhar e de escuta além das aparências que nos são expostas”. Vai além, quando sobre os cuidados do corpo: “caberá ao terapeuta a função de dialogar com o corpo, desatando os nós que se colocam como impelidos à vida e à inteligência criativa”. E, a esta vida deve-se dar atenção, cuidando do ser. Afinal, não é somente o problema que existe e vive. É preciso “olhar para aquilo que vai bem, para o ponto de luz que pode dissipar as trevas, aquilo que escapa ao homem, abrindo espaços para mudanças, um espaço onde o homem possa se recolher e descansar, encontrando seus próprios caminhos para aprender”. O que não é ensinar, mas possibilitar aprendizagens. Essa relação promove um processo de crescimento para ambas as partes, criando “ensinantes e aprendentes”, numa interação sem papéis fixos e independentes, direcionada para o interior ou exterior de cada envolvido. Deixando de lado particularidades, o próprio ponto de vista e seus condicionamentos, para ver as coisas a partir delas mesmas, como são. Isso cria uma interdependência ativa que faz com que um complemente o outro e ambos cresçam construindo novos conhecimentos. 26 O olhar do psicopedagogo, além de lúcido deve ser esclarecedor, sem julgamentos ou depreciações. Diante de um olhar assim, a aceitação flui naturalmente. E esta aceitação é a condição primeira, a mais necessária para que se inicie o caminho de cura, aliando a teoria à prática. PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR A educação hospitalar da criança e do adolescente representa um novo desafio à educação, especificamente ao psicopedagogo, que, devido sua formação interdisciplinar é um dos profissionais mais aptos a esta modalidade. A alternativa de apoio educacional psicopedagógico ao paciente interno é interessante para assegurar-lhe uma boa recuperação em meio à inquietação oriunda da preocupação sobre o tratamento recomendado à recuperação e o tempo de hospitalização. Em suma, o ambiente hospitalar é um local que emana diversos sentimentos e sensações: ora de doença ou saúde, de imensa tensão ou angústia ou então de alívio, cura ou consolo. Extremamente técnico, aos poucos o local se abriu a outros profissionais que não são da área da saúde. No caso dopsicopedagogo é necessário conectar-se com a equipe, criando um elo entre as especialidades. De acordo com Vasconcelos (2000), as doenças tratadas no hospital podem ser classificadas em: 27 Acidentes, sejam acidentes domésticos (queimaduras, quedas, feridas), ou acidentes externos. Para esta categoria, junte-se tentativa de suicídio, estuprose espancamentos (casos de maus-tratos). Esta primeira classificação constitui o que se chama traumatologia e internações gerais. - Enfermidades de má formação congênita, como afecções ósseas, nefrológicas, hepáticas, neurológicas ou musculares: má-formação de membros ou do esqueleto, escolioses, luxações congênitas das articulações do quadril, miopatias, etc. - Finalmente, enfermidades adquiridas ao nascimento ou de crescimento: debilidade motora cerebral, poliartrite, poliomielite, tumores musculares ou ósseos, cânceres. As equipes médicas agrupam cirurgiões, médicos, anestesistas, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, bem como, psicopedagogos. Ainda pode-se contar com visitas voluntárias, com intenções diversas, sejam elas recreativas, religiosas ou humanitárias. Toda esta equipe acompanha, direta ou indiretamente, todas as etapas de uma internação, que em geral são enfrentadas de forma diferente por cada indivíduo hospitalizado. A sensação de dor, por exemplo, é sentida diferentemente de acordo com a idade do paciente e de acordo com diferenças individuais. Nessa hora, nossa intervenção ganha uma razão de ser, mas não é ainda, necessariamente aquilo que traz a cura, logo, não é essencial. Ainda não fácil de distinguir entre a dor e outras agressões de que a criança é a vítima (separação da mãe, mudança de quadro, rostos e procedimentos desconhecidos) (...) Nossa intervenção leva em conta o estado emocional da criança que pede socorro quando se nega a uma atividade ou quando é agressiva (...) Em nossa escuta de Psicopedagogo, devemos agir por uma atividade que possa transpor o sofrimento de angústia, de solidão -Vasconcelos (2000) 28 Mesmo assim, muitas vezes as crianças não são capazes de expressar nem de reproduzir o que as faz temer, desenvolvendo angústias, fazendo surgir depressão, revolta ou desespero, ou ainda a possibilidade de regressão no nível de desenvolvimento. Mais uma vez, o psicopedagogo é aquele que faz diferença, trazendo o sentimento de valorização da vida, amor próprio, autoestima, aceitação e segurança - recuperar estes prazeres e garantir a construção dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente escolar, é função do trabalho psicopedagógico que se insere na esfera hospitalar. Afinal, a aprendizagem é um processo tão amplo e grandioso que ocorre através de interações, em qualquer lugar. Click e assista https://www.youtube.com/watch?v=pibzo6l4Oks CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA – ABPp A versatilidade e a seriedade da Psicopedagogia, está amparada pelo Código de Ética da Categoria, reformulado pelo Conselho Nacional e Nato do biênio 95/96, disponível no site da Associação Brasileira de Psicopedagogia, a ABPp., como se segue: CAPÍTULO I: DOS PRINCÍPIOS Artigo 1º A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio _ família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia. Parágrafo único https://www.youtube.com/watch?v=pibzo6l4Oks 29 A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado com o processo de aprendizagem. Artigo 2º A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios. Artigo 3º O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo. Artigo 4º Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-graduação em Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho deformação pessoal. Artigo 5º O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação Inter profissional; (ii) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia. CAPÍTULO II: DAS RENPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS Artigo 6º São deveres fundamentais dos psicopedagogos: A) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem o fenômeno da aprendizagem humana; B) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões de mundo; 30 C) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro dos limites da competência psicopedagógica; D) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia; E) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe sempre que possível; F) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição clara do seu diagnóstico; G) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; H) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes; I) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito público. CAPÍTULO III: DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES Artigo 7º O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o seguinte: A) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas; B) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização; encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento; CAPÍTULO IV: DO SIGILIO Artigo 8º O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade. Parágrafo Único 31 Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a especialistas comprometidos com o atendimento. Artigo 9º O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante autoridade competente. Artigo 10º Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal. Artigo 11º Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não será franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso. CAPÍTULO V: DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS Artigo 12º Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes normas: A) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor; B) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores àquele que mais contribuir para a realização do trabalho; C) Em nenhum caso, o psicopedagogo seprevalecerá da posição hierárquica para fazer publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação; D) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, bem como esclarecidas as ideias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor. CAPÍTULO VI: DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL Artigo 13º 32 O psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, deverá fazê-lo com exatidão e honestidade. Artigo 14º O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos. CAPÍTULO VII: DOS HONORÁRIOS Artigo 15º Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem justa retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente. CAPÍTULO VIII: DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO Artigo 16º O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes sobre a organização, implantação e execução de projetos de Educação e Saúde Pública relativo às questões psicopedagógicos. CAPÍTULO IX: DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA Artigo 17º Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código. Artigo 18º Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos princípios éticos da classe. Artigo 19º O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e aprovado em Assembleia Geral. 33 CAPÍTULO X: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 20º O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembleia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 95/96, sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembleia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia da ABPp, da qual resultou a presente solução. Como outrora lembrado, o fundamento da Psicopedagogia é o estudo da aprendizagem humana, que se constitui a cada momento em qualquer tempo. Intrínseca ao ser humano, que se dá em todos os sentidos, em qualquer local e continuamente. Justamente por ser tão ampla e complexa, essa habilidade, surgiu a necessidade de um profissional com perfil específico para dedicar-se a ela, seja potencializando-a ou fortalecendo-a perante as adversidades encontradas ou criadas. Podemos afirmar que, devido à interdisciplinaridade de sua formação, o psicopedagogo é um profissional apto para inserir-se nesta cadeia de conhecimento e informação a que estamos expostos. A contribuição do psicopedagogo ao complexo ato de aprender pode se concretizar em diferentes instituições, sejam elas escolares, clínicas, hospitalares ou organizacionais. Ainda muito jovem no cenário a que se presta, vem construindo sua história através de intensas pesquisas que envolvem teoria e prática, mostrando-se séria e comprometida em sua atuação, construindo parcerias com diversas áreas do conhecimento e da atividade humana. A versatilidade e competência deste profissional certamente serão reconhecidas, tornando-o um parceiro imprescindível no atual e futuro mercado de trabalho. A CONSTRUÇÃO DO OLHAR DO/A PSICOPEDAGOGO/A Prof. Ms. João Beauclair (adaptado) 34 “A verdadeira viagem da descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em possuir novos olhos “ Marcel Proust A constituição deste texto se deu como uma tentativa de sistematizar algumas ideias sobre a construção do olhar do/a psicopedagogo/a. Trata-se de levantar questionamentos, propor caminhos de reflexão e estabelecer algumas possibilidades de interlocução com autores de diferentes campos do conhecimento que podem, cada qual a sua maneira, contribuir para o debate. Uma pergunta inicial me conduz neste labirinto de tessituras plurais, envolto em luzes múltiplas: Como pode o/a psicopedagogo/a ver os problemas que dificultam a aprendizagem? Que habilidades e competências ele/a deve ter, desenvolver, buscar, enfim, construir? Ou ainda, como conseguir uma escuta, um olhar psicopedagógico vinculado à estas questões? Num primeiro momento desta escritura, tomo como ponto de partida algumas contribuições significativas propostas por Fernandéz (1990). 35 Para esta autora é mister o/a psicopedagogo/a estar “posicionando-se em um lugar analítico e assumindo uma atitude clínica, à qual será necessário incorporar conhecimentos, teoria e saber acerca do aprender “. E nesta incorporação reside, a meu ver, o maior desafio. Que espaços de formação possui o/a psicopedagogo/a? Que conhecimentos ele/a já possui? Quais teorias e saberes fazem parte do seu campo conceitual? Como ele/a se vê enquanto psicopedagogo? Que desafios enfrenta e de que modo tal enfrentamento se dá? Rubinstein(1999) nos dá uma boa pista quando ressalta que a Psicopedagogia deve ser compreendida como” uma práxis dinâmica, tanto em seu contexto interno, isto é, no interior da relação terapêutica, no processo, nos recursos e necessidades do paciente, como no contexto externo, no sentido que as diferentes concepções teóricas que sustentam a prática estão muito relacionadas com o percurso acadêmico e com o contexto particular de formação pessoal do profissional que exerce a função.” No que se refere ao contexto externo, o que irá me interessar neste estudo é tentar, no âmbito restrito deste trabalho, fazer uma revisão da literatura sobre o tema e, ao assim proceder, propor algumas reflexões a respeito da Psicopedagogia como uma área multidisciplinar onde nos é possível resignificarmos nossas próprias práticas, sejam estas concebidas como pedagógicas ou terapêuticas. Já ao buscar compreensão do contexto interno, o desafio ainda se torna mais forte, pois será preciso aprender ainda sobre o que é a relação terapêutica inserida no âmbito da prática psicopedagógica. Na verdade, o que se configura aqui é a busca que proponho, enquanto educador compromissado com o meu fazer, por uma maior compreensão sobre o como garantir um aprendizagem efetiva nos “espaços tempos” da escola. E sobre aprender Alessandrini(1999) nos diz :” é uma palavra que, a meu ver, exprime o grande segredo da vida: transformar toda ação passível de introjeção e reflexão, bem como toda oportunidade de crescimento e desenvolvimento, em ação construtiva. Cada momento de aprendizagem representa a possibilidade de apreender o sentido do conhecimento .” 36 É no campo específico desta ação construtiva que o/a psicopedagogo/a pode ver os problemas que dificultam a aprendizagem. As habilidades e competências que necessitam ter devem estar vinculadas à compreensão do par dialético proposto por Fernandéz(1990) entre o desejo e o não desejo de aprender, ou seja, é preciso instrumentalização e pesquisas constantes para que se compreenda como tal processo ocorre e de que modo pode-se intervir em sua trajetória e rumo. Se compreendemos aqui a Psicopedagogia como área multidisciplinar do conhecimento, é preciso estar, antes de qualquer outra disponibilidade, atentos/as para o estudar constante e pesquisa permanente. Não há como deixar de lado este aspecto: o /a psicopedagogo/a necessita deste constante movimento de olhar novos horizontes e caminhos para trilhar, para abrir espaços não só objetivos como também subjetivos, onde a autoria e a autonomia de pensamento seja uma concreta possibilidade. De acordo com Gonçalves(s/d) as ”relações com o conhecimento, a vinculação com a aprendizagem, as significações contidas no ato de aprender, são estudados pela Psicopedagogia a fim deque possa contribuir para a análise e reformulação de práticas educativas e para a ressignificação de atitudes subjetivas.” É neste sentido, o da ressignificaçãode minhas atitudes e práticas subjetivas, que me lanço no desafio de conseguir uma escuta, um olhar psicopedagógico vinculado às questões do conhecimento e da aprendizagem humana, sabendo que não há teoria única que possa dar conta de responder todas as minhas indagações e inquietudes. No entanto sei que na minha prática cabe, e sempre caberá, buscar nas mais diferentes teorias o que a ela pode dar sustentação. Iniciantes ideias, caminho singular de uma possível construção: o espaço de interlocução aqui se abre e, assim, me permito ter a ousadia de autoria e autonomia no pensar. Que venham os/as interlocutores/as, pois só é possível construir o singular no plural. Click e assista https://www.youtube.com/watch?v=UZGJaNjGqo4 https://www.youtube.com/watch?v=UZGJaNjGqo4 37 A Importância da Afetividade no Processo de Cognição - Afetividade e Cognição: Caminhos que se Cruzam Natália de Cássia Oliveira da Silva Jusani(adaptado) Este texto tem como objetivo destacar a importância da afetividade nas relações sociais, principalmente no contexto escolar, enfatizando a importância da relação afetiva professor- aluno e a sua relevância para o processo de ensino – aprendizagem. Busca-se ainda fazer reflexões relativas à importância do vínculo familiar neste processo bem como mostrar de que maneira as relações afetivas contribuem no processo cognitivo. Em nossa sociedade, principalmente no âmbito do contexto escolar, muito se tem discutido acerca dos problemas relacionados às dificuldades que os alunos encontram durante o processo de construção do conhecimento assim como sobre a dificuldade que alguns professores têm encontrado diante de tal situação. O que ocorre no âmbito escolar hoje é que, o que se tem ensinado em sala de aula acaba caindo num grande vazio devido ao distanciamento que existe entre o professor e o aluno. Na verdade, pouco se tem pensado – dentro das escolas, sobre o valor que a afetividade tem na construção do conhecimento; pouco se tem falado acerca da importância de existir uma relação harmônica, confiável entre professores e alunos e destes com toda a comunidade escolar. É necessário que se reflita sobre os tipos de relação que existem no contexto escolar e mais, sobre o papel da família, sua influência e importância durante o processo de aquisição, construção do conhecimento; já que o ser humano é um ser social, e como 38 tal, precisa ter um bom relacionamento, entendimento com aqueles que de fato são responsáveis por gerir este processo. Uma interação mútua entre professor e aluno e deste com a família, pode evitar problemas como distúrbios na aprendizagem já que a afetividade, assim como aspectos emocionais, está presente no processo de construção do conhecimento. O ser humano como fruto da sua interação com o mundo, forma sua personalidade, desenvolve há bilidades, adquire e reformula conhecimentos a partir da sua relação com o outro. É através do convívio com o outro, que o individuo desenvolve sentimentos, afetividades que facilitam sua interação e dão acesso a novos conhecimentos. Sendo assim, é preciso que haja um vínculo afetivo entre todos aqueles que estão envolvidos no processo de aprendizagem - família, aluno e professor, para que o aprendizado se dê de forma satisfatória e seja prazeroso. ALUNO - AFETIVIDADE - PROFESSOR: UMA TRÍADE QUE DÁ CERTO Depois da figura da família, o professor é a figura que ocupa grande importância na vida do aluno, pois ele não é apenas mediador entre o aluno e o conhecimento, ele divide angústias, dúvidas, É ele quem com calma e firmeza ensina o aluno a dar seus primeiros passos, direcionando-o a teia que é o mundo do conhecimento. Segundo Balestra (2007) o professor é o elo fundamental, indispensável para estabelecer a interação aprendente - objeto de conhecimento, e para que esta interação se dê, os laços de confiança e afetividade entre aquele que ensina e aquele que aprende 39 devem estar bem consolidados pois “a afetividade deve ser vista como a força motriz que impele o sujeito para o conhecimento.” (PIAGET apud BALESTRA, 2007:42). Enxergar o aluno como um ser que já vem para a escola com uma bagagem de conhecimento, com um conhecimento de mundo construído é fundamental para que se firmem laços com o ser aprendente. Durante o processo de aquisição do conhecimento, respeitar o que o aluno traz de conhecimento externo ao ambiente escolar, assim como seu tempo de aprender é muito importante para que a aprendizagem ocorra naturalmente, pois: Saber algo a respeito de certo objeto não quer dizer, necessariamente, saber algo socialmente aceito como “conhecimento”. Saber quer dizer ter construído alguma concepção que explica certo conjunto de fenômenos ou de objetos da realidade. (FERREIRO, 1981:17) Tal respeito contribui para o processo de ensino –aprendizagem já que “a afetividade e a inteligência são, portanto, indissociáveis e constituem os dois aspectos complementares de toda conduta humana.” (PIAGET, 2001:22). Assim, a aproximação, o despertar para os vínculos afetivos é um fator primordial e de extrema importância durante o processo de cognição. Segundo ainda Piaget (2001) em todas as fases da vida humana os vínculos afetivos são fatores determinantes, o que pode resultar numa melhor integração deste com o meio social ou, quando os vínculos não acontecem, num distanciamento daquele com este meio gerando problemas como os distúrbios de aprendizagem. Desta forma, então, é correto afirmar que a aprendizagem está ligada à afetividade, ambas caminham juntas, sendo importante assim, que sejam criados no ambiente escolar, mecanismos para que afetividade e aprendizagem ocorram e se completem, no intuito de se obter um resultado prazeroso – que é a construção do conhecimento, tanto para o educando, quanto para o educador. É preciso que o educador crie vínculos com seus alunos para que possa criar situações de aprendizagem, pois “o objeto a ser conhecido deve contemplar os interesses 40 que caracterizam a fase de desenvolvimento mental em que se encontra a criança.” (BALESTRA, 2007: 36) e mais, o equilíbrio cognitivo necessita da afetividade (do interesse, da vontade, da motivação que deve ser despertada pelo professor) para que haja a construção de novas estruturas intelectuais. Em outras palavras, o professor tem que muitas vezes se despir de velhos paradigmas e métodos para que seja possível aproximar o aluno do objeto a ser conhecido, pois segundo Balestra (2007) tal objeto deve ser desafiador, tem que ser significante, provocar a ação do ser cognoscente. Ou seja, muitas vezes, para criar situações de aprendizagem além do aspecto afetivo é preciso mudar a metodologia, buscar outras fontes, mudar o tom de voz, já que o ser aprendente é como o vaso na mão do oleiro, deve ser moldado cuidadosamente, com carinho, para que suas estruturas no campo da construção do conhecimento não se quebrem, para que assim o aprendizado se dê como um ato motivador. Em suma, mais do que professores bem titulados e equipamentos modernos, as relações estabelecidas na escola necessitam de mais afetividade, pois: O grau de afetividade que envolve a relação do (a) professor (a) com os seus pares representa o fio condutor e o suporte para a aquisição do conhecimento pelo sujeito. O aluno, especialmente o da educação infantil, precisa sentir-se integralmente aceito para que alcance plenamente o desenvolvimento de seus aspectos cognitivo, afetivo e social. (BALESTRA, 2007:50) 41 O PAPEL DA FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Como é sabido a família é o alicerce que rege a vida de todo ser. É ela que primeiramente apresenta o mundo do conhecimento à criança, já que este não é adquirido somente noâmbito escolar. O primeiro conhecimento que qualquer indivíduo possui antes de ingressar na escola é o conhecimento prévio, ou conhecimento de mundo – como assim também é chamado, e este, ao contrário do ambiente escolar, não precisa de regras pré- estabelecidas, ele ocorre naturalmente, através do contato social do indivíduo com a família e destes com o mundo que os cerca. É na família que a criança faz seus primeiros vínculos afetivos e é por meio dela que o individuo é apresentado ao mundo cultural. Ela é a grande responsável pela educação das crianças e também da sua aprendizagem e é por meio desta aprendizagem que o individuo começa a construir saberes. Porém, embora a família seja tão importante, parte fundamental na formação de um indivíduo, o que se vê hoje é que os pais se eximem de seu papel e principalmente, da vida escolar, do processo de construção do conhecimento de seus filhos, que começa em casa. A relação afetiva que uma criança tem em casa irá contribuir negativa ou positivamente no seu desempenho escolar. Os anseios e as expectativas que a família tem sobre a criança são muito relevantes tanto em sua formação acadêmica quanto pessoal, 42 pois a criança espera ser admirada, elogiada, motivada, amada, e quando isto não acontece, ela se sente desestimulada, não produz, não vê satisfação, prazer no ato da aprendizagem. Vale aqui acrescentar, que o acompanhamento da vida escolar do aluno pelos pais é muito importante. Segundo relata os estudos piagetianos, a afetividade é uma valiosa contribuição para a educação da criança na família e, especialmente na escola, no entanto, “o acompanhamento de seu desempenho escolar, ou seja, do processo cognitivo,é importante, mas o aspecto afetivo não pode ser negligenciado em nenhum momento do desenvolvimento infantil, principalmente na vida escolar.” (BALESTRA, 2001: 49). Todo e qualquer acontecimento dentro do âmbito familiar é refletido na escola, se os pais não vão bem e não apresentam um vínculo afetivo com seus filhos, no âmbito escolar, a criança tende a apresentar problemas de aprendizagem e sua vida acadêmica pode se tornar um fracasso. Desta forma cabe as famílias propiciar um ambiente saudável, que ofereça e estimule o desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança. O ambiente familiar é o local onde, de fato, a criança desenvolve suas capacidades emocionais e intelectuais. E os aspectos emocionais conforme Weiss (2008) estariam ligados ao desenvolvimento afetivo que tem extrema importância na construção do conhecimento e na expressão deste através da produção escolar. Ao contrário do ambiente escolar, onde o aprendizado se dá de maneira mais objetiva, no contexto familiar a aprendizagem ocorre, sem dúvidas, de forma bem mais subjetiva, livre, significativa e espontânea, daí a importância de que haja uma relação de diálogo e afetividade ente o ser aprendente e sua família. Em resumo, a afetividade familiar é muito importante, como é importante também que escola e família caminhem juntas numa constante interação, pois assim o aluno poderá ter um desenvolvimento cognitivo maior e um ajustamento cultural e emocional mais adequado. Família e escola devem ser parceiras e aliadas para que lado a lado possam encontrar meios para resolver problemas como as dificuldades de aprendizagem. 43 A afetividade mais do que mola propulsora do aprendizado é o fator primordial, que define, que delimita os campos que o aluno irá trilhar durante o processo de cognição. E sendo assim, família e professores devem cultivar este sentimento para que a aprendizagem não se torne um fracasso. Mais do que metodologias modernas de ensino, equipamentos sofisticados e uma boa titulação, o professor deve ter a consciência de que ele é o responsável pelo processo de aprendizagem dentro da instituição escolar, e como tal, a motivação, o interesse, o prazer em construir e desconstruir conhecimento é responsabilidade sua. É ele quem deve despertar no aluno o gosto pelo aprendizado, e mais do que isso, é ele quem deve pegar o aluno pela mão e acompanhá-lo durante suas primeiras passadas no mundo do conhecimento. Vale acrescentar porém, que para que o processo cognitivo se dê por completo no âmbito escolar, ou seja, para que a relação professor-aluno possa resultar em ponte para o conhecimento, as relações familiares do aluno também devem ser nutridas, já que a família é a instituição mais importante da vida de qualquer individuo. O professor, sem dúvidas, é muito importante no processo cognitivo, mas a família também, já que é no seio familiar que ocorrem as primeiras aprendizagens. Mais do que participar do processo de aprendizagem de seus filhos, os pais ou responsáveis pelo ser aprendente devem ter uma relação afetiva consistente com este, já que o processo de cognição envolve tanto aspectos sociais, orgânicos, pedagógicos, quanto emocionais e cognitivos. E isso significa que se o individuo não estiver bem em suas relações sociais, familiares, fora do contexto escolar; dentro da escola, seu aprendizado poderá estar comprometido. Então, família e escola devem caminhar juntas, criando oportunidades, nutrindo o prazer pelo aprendizado, despertando no ser aprendente quão prazeroso pode ser trilhar o mundo do conhecimento, quando se está disposto para isso. Mais do que parceiro, o 44 professor é a família do aluno dentro de sala de aula, é seu espelho, assim como os pais são os professores de seus filhos fora do ambiente escolar. Portanto, o ato cognitivo deve ser acompanhado afetivamente por todos aqueles que são parte deste processo e que podem contribuir para torná-lo mais prazeroso: pais e professores. DESENVOLVENDO O "ESPAÇO POTENCIAL" NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Elizabeth Polity (adaptado) A este texto interessa observar o espaço que se cria nos encontros terapêuticos e que possibilitam o desenvolvimento das capacidades de aprendizagem, tanto do cliente como do terapeuta. Sobre o espaço potencial Winnicott afirma: "O brincar tem lugar no espaço potencial entre o bebê e a figura materna. Brincar desenvolve-se no espaço potencial de acordo com a oportunidade que o bebê tem de experenciar separação sem separação, e sua iniciação está associada com a experiência do bebê em desenvolver confiança na figura da mãe" (WINNICOTT,in ABRAM, p.226). Segundo o autor, quando o bebê pode "criar a figura da mãe", estabelece-se a experiência de ilusão. Desta experiência inicial de onipotência, surge o espaço potencial, que seria a "área de subjetividade" entre o bebê e a mãe, que emerge durante a fase de repúdio do objeto "não-eu". "A característica específica deste lugar em que se inscrevem o jogo e a experiência cultural é a seguinte: a existência deste lugar depende da experiência da vida e não das tendências herdadas" (WINNICOTT, 1967, p. 45). Não é um espaço transcendental nem instintivo a partir do qual compreendemos o mundo, mas um espaço co-construído juntamente com a nossa compreensão do mundo. Essa incorporação não é automática, mas gradual e deliberada, e provém de experiências vitais como a aprendizagem, como os exemplos e as relações intersubjetivas, que vão se configurando segundo a metodologia de um jogo. É a área importante da experiência "entre o indivíduo eo meio, esse espaço que no começo une e separa o filho e mãe, quando 45 o amor da mãe que se revela e se manifesta pela comunicação de um sentimento de segurança, outorga de fato à criança um sentimento de confiança no meio" (idem). Entendo ser importante perceber que é a figura mediadora (a mãe ou sua substituta), uma figura metapessoal, quem simboliza e introduz seu assentamento, não apenas biológico, mas humano no mundo. Pode-se pensar, então, em união e separação. Processos que serão a base para a
Compartilhar