Buscar

Fundamentos-da-Psicopedagogia-Clinica-1-P

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
BREVE HISTÓRICO ....................................................................................................... 5 
O QUE É PSICOPEDAGOGIA? ..................................................................................... 5 
COMPETÊNCIAS DO PSICOPEDAGOGO .................................................................. 6 
Recursos Utilizados em Psicopedagogia .......................................................................... 7 
Psicopedagogia: ação e parceria ....................................................................................... 7 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............................................................................................. 9 
PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR .................................................................................. 11 
A ESCUTA PSICOPEDAGÓGICA AOS PROFESSORES NA ESCOLA .................. 14 
A ESCUTA CLÍNICA NA PSICOPEDAGOGIA ......................................................... 15 
A postura analítica e a atitude clínica na psicopedagogia .............................................. 16 
Confrontando a visão da psicopedagoga e das professoras ............................................ 21 
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E HOSPITALAR ....................................................... 24 
PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR ............................................................................ 26 
CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA – 
ABPp .............................................................................................................................. 28 
CAPÍTULO I: DOS PRINCÍPIOS ................................................................................. 28 
CAPÍTULO II: DAS RENPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS .............. 29 
CAPÍTULO III: DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES ............................ 30 
CAPÍTULO IV: DO SIGILIO ........................................................................................ 30 
CAPÍTULO V: DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS ................................................. 31 
CAPÍTULO VI: DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL .............................................. 31 
 
 
 
 
 
 
3 
CAPÍTULO VII: DOS HONORÁRIOS......................................................................... 32 
CAPÍTULO VIII: DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO .......................... 32 
CAPÍTULO IX: DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE ÉTICA
 ........................................................................................................................................ 32 
CAPÍTULO X: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................. 33 
A CONSTRUÇÃO DO OLHAR DO/A PSICOPEDAGOGO/A .................................. 33 
A Importância da Afetividade no Processo de Cognição - Afetividade e Cognição: 
Caminhos que se Cruzam ............................................................................................... 37 
ALUNO - AFETIVIDADE - PROFESSOR: UMA TRÍADE QUE DÁ CERTO ......... 38 
O PAPEL DA FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ..................... 41 
DESENVOLVENDO O "ESPAÇO POTENCIAL" NAS DIFICULDADES DE 
APRENDIZAGEM ......................................................................................................... 44 
CONSTRUINDO UM ESPAÇO POTENCIAL ............................................................ 45 
TEMPO DE BRINCAR/ DE CRIAR/ DE DESPERTAR... .......................................... 49 
Além do Horizonte ......................................................................................................... 55 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
FACUMINAS 
 
 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo 
de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e 
Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços 
educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de 
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem 
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo 
no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no 
atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
5 
BREVE HISTÓRICO 
 
Mara Rubia Rodrigues Martins (adaptado) 
 
Segundo Bossa (2000), os primeiros esboços de 
Psicopedagogia aconteceram na França no início do 
século XIX com contribuições da Medicina, Psicologia 
e Psicanálise, para ação terapêutica em crianças que 
tinham lentidão ou dificuldades para aprender. 
Os estudos franceses influenciaram a iniciação 
psicopedagógica na Argentina e esta no Brasil. 
Aproximadamente há 30 anos, surgiram os 
primeiros grupos de estudos sobre a aprendizagem e o sistema educacional brasileiro. 
Os cursos na área de Psicopedagogia começam a surgir nos anos 70, mas é na 
década de 90 que se multiplicam. 
Em 1996 foi aprovado em Assembleia Geral no III Congresso Brasileiro de 
Psicopedagogia, o Código de Ética que assinala dentre outras coisas, que a 
Psicopedagogia é um campo de atuação em saúde educação que lida com o processo de 
aprendizagem humana, é de natureza interdisciplinar e o trabalho pode se dar na clínica 
ou instituição, de caráter preventivo e/ou remediativo e cabe ao psicopedagogo por direito 
e não por obrigação, seguir esse código. 
O QUE É PSICOPEDAGOGIA? 
É a área do conhecimento que estuda a aprendizagem humana, objetivando 
facilitar o processo de aprendizagem não apenas no ambiente escolar, mas em todos os 
âmbitos: cognitivo, afetivo, social e durante toda vida. 
A Psicopedagogia cuida do ser que aprende, pois deve evitar o fracasso e facilitar 
os processos de aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
6 
Para Rubinstein (1996, p. 127), “a Psicopedagogia tem como meta compreender 
a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse processo”. 
 
Isso significa colher conhecimentos de várias áreas como a Psicologia, Pedagogia, 
Medicina, Fonoaudiologia e outras. Portanto, tem enfoque transdisciplinar, ou seja, 
recebe influências de vários ramos. 
A transdisciplinaridade para Assmann (1998), não pretende desvalorizar o que 
cabe às disciplinas específicas, mas melhorar e ampliar o conhecimento em todas. 
Apenas uma área de conhecimento não seria capaz de abarcar a complexidade de 
um processo de aprendizagem, pois cada indivíduo possui uma modalidade de 
aprendizagem, um jeito particular de aprender, a Psicopedagogia aliada a outras áreas de 
conhecimento, está comprometida em resolver os problemas e melhorar as condições de 
aprendizagem. 
A Psicopedagogia não é a associação da Psicologia com a Pedagogia, pois ela se 
propõe a pesquisar e resolver os problemas de aprendizagem através de um intercâmbio 
dos conhecimentos de outras áreas. 
COMPETÊNCIAS DO PSICOPEDAGOGO 
Cabe ao Psicopedagogo em 
primeiro lugar, estabelecer um vínculo 
positivo com o aprendiz, a fim de 
proporcionar o resgate do prazer de 
aprender. 
É um trabalho terapêutico centrado 
na aprendizagem, mas levando-se em 
consideração o aprendente como um todo, 
seu meio e suas relações. 
O Psicopedagogo elabora diagnósticos e realiza intervenções durante o trabalhocom foco na aprendizagem, porém sem perder de vista o ser humano com sua 
 
 
 
 
 
 
7 
individualidade, capacidade e ambiente no qual está inserido, ou seja, um olhar amplo, 
imparcial e sem preconceito, uma escuta atenta que vai além das evidências, geralmente 
já observadas pela família e pela escola. 
De acordo com Barone (1990, p.19), “a tarefa do Psicopedagogo é levar a criança 
a reintegrar-se à vida escolar normal, segundo suas potencialidades e interesses”. 
O Psicopedagogo não trabalha sozinho, atua em parceria com outros profissionais 
como: Neurologista, Psiquiatras, Fonoaudiólogos, Psicólogos e outros. 
Para Paín (1992, p.74), “o tratamento Psicopedagógico é o mais indicado no caso 
de tratar-se um transtorno de aprendizagem”. 
Recursos Utilizados em Psicopedagogia 
Não existem recursos 
específicos e limitados, mas são 
geralmente jogos, atividades de 
expressão artística, linguagem oral e 
escrita, dramatização e todo tipo de 
recursos que facilitem o 
desenvolvimento da capacidade de 
aprender com autonomia e prazer. 
De acordo com Fernández (2001, p.163), devemos proporcionar “um espaço de 
confiança, criatividade onde possamos dar um sentido criativo e lúdico ao nosso 
trabalho”. 
Seu filho não vai bem na escola? Tem dificuldades em aprender? Problemas 
escolares? É inquieto? Desobediente? Desinteressado? Desatento? Agressivo? A 
Orientadora solicita sua presença constantemente na escola? A professora pede ajuda? 
Quando esse pedido de ajuda está ligado à aprendizagem, procure um Psicopedagogo! 
Psicopedagogia: ação e parceria 
Marlei Adriana Beyer (adaptado) 
 
 
 
 
 
 
8 
A Psicopedagogia, área de 
conhecimento interdisciplinar, tem como 
objeto de estudo a aprendizagem humana. É 
papel fundamental do psicopedagogo 
potencializá-la e atender as necessidades 
individuais, no decorrer do processo. O 
trabalho psicopedagógico pode adquirir caráter 
preventivo, clínico, terapêutico ou de 
treinamento, o que amplia sua área de atuação, 
seja ela escolar - orientando professores, realizando diagnósticos, facilitando o processo 
de aprendizagem, trabalhando as diversas relações humanas que existem nesse espaço; 
empresarial - realizando trabalhos de treinamento de pessoal e melhorando as relações 
interpessoais na empresa; clínica - esclarecendo e atenuando problemas; ou hospitalar - 
atuando junto à equipe multidisciplinar no pós-operatório de cirurgias ou tratamentos que 
afetem a aprendizagem. 
É importante salientar que a Psicopedagogia é uma área que vem para somar, 
trabalhando em parceria com os diversos profissionais que atuam em sua área de 
abrangência. 
Um questionamento breve sobre “o que é a Psicopedagogia” poderia trazer à tona 
uma resposta imediatista, identificando facilmente a constituição da palavra: Psicologia 
e Pedagogia. Essa análise reducionista do real significado omite a perspectiva de 
interdisciplinaridade da mesma. 
A Psicopedagogia é uma área de conhecimento e de atuação dirigida pelo e para 
o processo de aprendizagem humana. Seu objeto de estudo é o ser, que apreende da 
realidade, e constrói o seu conhecimento, aprendendo. Visto que o conhecimento é 
construído natural e continuamente pelo sujeito, no seu viver, não sendo exclusividade 
do ambiente escolar, já que ocorre simultaneamente com o processo de vida, a 
Psicopedagogia pode auxiliar várias áreas da atividade humana. 
 
 
 
 
 
 
9 
As relações dela com o conhecimento, vinculado à aprendizagem e as 
significações do ato de aprender, fazem parte do seu foco de estudo a fim de contribuir 
para a análise e reformulação de práticas educativas, ressignificando hábitos e atitudes. 
As teorias vinculadas a ela são relacionadas à prática pedagógica, envolvendo o 
atendimento às necessidades individuais de aprendizagem, o fracasso escolar e a 
apropriação do conhecimento; à prática clínica, integrando compreensão, prevenção e 
métodos terapêuticos ao analisar o aprender; à área hospitalar, no que diz respeito à 
continuidade do processo de aprendizagem, aliada à Fonoaudiologia, Neurologia, 
Fisioterapia, Psicologia, e Medicina em geral, fazendo deste processo doloroso, um 
momento mais humano; e finalmente, à área empresarial - trabalhando com os processos 
de aprendizagem individual e organizacional, em parceria com o psicólogo 
organizacional e o profissional de Recursos Humanos no que se refere ao recrutamento 
de pessoal, treinamento, melhorando a qualidade do trabalho, da produtividade e as 
relações intra e interpessoais, administrando conflitos. Em suma, o psicopedagogo é um 
profissional envolvido com a aprendizagem humana, que congrega conhecimentos de 
diversas áreas intervindo neste processo, seja para potencializá-lo ou para amenizar 
dificuldades, atendendo as necessidades individuais de aprendizagem. 
Neste sentido pretende-se divulgar o caráter transdisciplinar da Psicopedagogia, 
suas ações e parcerias, nas diversas áreas de atuação do psicopedagogo. 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
Definida a área de atuação da Psicopedagogia, uma breve análise sobre seus 
primórdios nos remete à Europa do século XIX. Conforme Bossa, as primeiras tentativas 
de articulação entre a Medicina, a Psicologia, a Psicanálise e a Pedagogia deram-se na 
França. Onde há documentos de Janine Mery, apresentando considerações sobre o termo 
Psicopedagogia Curativa, termo utilizado para definição da ação terapêutica sobre as 
crianças que experimentavam dificuldade ou lentidão, em relação aos colegas e às 
aquisições escolares. Lá se encontram, também, os trabalhos de George Mauco, fundador 
do primeiro centro médico-psicopedagógico na França. 
 
 
 
 
 
 
10 
As ideias francesas influenciaram a ação psicopedagógica argentina, de grandes 
nomes como Sara Paín, Alícia Fernandez e Jorge Visca. Foi a Psicopedagogia argentina, 
que influenciou a práxis brasileira. 
Os estudos referentes a Psicopedagogia, no Brasil, têm uma história de 
aproximadamente 30 anos, inicialmente dedicados à pesquisa - em forma de grupos de 
estudos, que refletiam sobre a prática educacional. 
Na década de 70 os primeiros cursos na área de Psicopedagogia foram oferecidos. 
Mas, foi nos anos 90, que estes cursos proliferaram pelo Brasil - que têm nas Regiões Sul 
e Sudeste, maior demanda de especialização e trabalhos realizados. 
A ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia), teve seu início através de um 
grupo de estudos, formados por profissionais preocupados com os problemas de 
aprendizagem. Este grupo tornou-se a APp (Associação Paulista de Psicopedagogia), para 
a partir de 1980 conquistar âmbito nacional. 
Atualmente, a ABPp, busca o reconhecimento da profissão. Conforme divulgado 
no site da mesma, em 1997, o Deputado Federal Barbosa Neto, atendendo ao pedido de 
algumas psicopedagogas, criou o Projeto de Lei no. 3124/97 que dispõe sobrea 
regulamentação da profissão de Psicopedagogo, cria os Conselhos Regionais de 
Psicopedagogia e determina outras providências. 
 Este projeto foi encaminhado à Comissão de Trabalho no dia 15/5/97 e aprovado 
pela mesma Comissão no dia 3/9/97. Após esta aprovação este Projeto de Lei foi 
encaminhado à Comissão de Educação, Cultura e Desporto onde permaneceu por quatro 
anos e também foi aprovado, com algumas emendas, no dia 12/9/01. Atualmente este P.L. 
está na Comissão de Constituição e Justiça e de Redação esperando pela sua aprovação. 
Caso seja aprovado, este P.L. irá para o Senado para a sua apreciação e, depois ser 
sancionada pela Presidente da República. 
O que certamente acontecerá, pois, avanços já podem ser contabilizados nesta 
área. Em 20/9/01, o projeto de lei nº 108/01 foi aprovado no Estado de São Paulo, 
 
 
 
 
 
 
11 
autorizando o poder Executivo a implantar assistência psicológica e psicopedagógica em 
todos os estabelecimentos de ensino básico públicos. 
 A funcionalidade desta profissão que espera ser reconhecida,é aqui tratada de 
acordo com as habilidades que podem ser desenvolvidas, nas respectivas áreas de atuação. 
Click e assista 
https://www.youtube.com/watch?v=YPCMnUr2RVE 
https://www.youtube.com/watch?v=U-
IimAg86UU&index=4&list=PLYIuur6wfP80-llgulQtuOstRDcLODMcD 
PSICOPEDAGOGIA ESCOLAR 
 
 
 
 
 
A escola mudou com o passar dos tempos. Novas tecnologias e metodologias 
ingressaram no cotidiano escolar. Professores e planos de curso tornam-se defasados, 
necessitando de atualização. 
Paradigmas ultrapassados ou esgotados perdem espaço para paradigmas 
emergentes ou inovadores - o que não diminuiu consideravelmente o compartimento e 
isolamento da escola em relação à realidade de cada educando. Muitas vezes desmotivado 
e amedrontado pela reprovação, num local em que as necessidades individuais de 
https://www.youtube.com/watch?v=YPCMnUr2RVE
https://www.youtube.com/watch?v=U-IimAg86UU&index=4&list=PLYIuur6wfP80-llgulQtuOstRDcLODMcD
https://www.youtube.com/watch?v=U-IimAg86UU&index=4&list=PLYIuur6wfP80-llgulQtuOstRDcLODMcD
 
 
 
 
 
 
12 
aprendizagem não são atendidas. É neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista 
espaço. Uma observação minuciosa e uma escuta atenta sem “preconceitos”, assinalada 
pela imparcialidade, pode detectar a real problemática da instituição escolar. “Esse é o 
papel do psicopedagogo nas instituições: olhar em detalhe, numa relação de proximidade, 
porém não de cumplicidade”, afirma Césaris (2001); facilitando o processo de 
aprendizagem. 
Afinal, a Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do 
processo da aprendizagem humana e assim estar resolvendo as dificuldades da mesma, 
ou mesmo prevenindo-as, visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo 
processo de ensinar e aprender, garantindo o sucesso escolar para todos. 
Com vasto cabedal teórico, a Psicopedagogia tem diversos e diferentes fatores nos 
quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no processo de aprendizagem, 
passando a assumir um papel mais abrangente, “cujo principal objetivo é a investigação 
sobre a origem da dificuldade de, bem como a compreensão de seu processamento, 
considerando todas as variáveis que intervêm neste processo”, como afirma Rubinstein 
(1992, p. 103). Ou seja, a linha de trabalho definida pelo psicopedagogo, é a forma de 
ação e investigação para identificar as possíveis defasagens no processo de aprender. 
Tamanha a complexidade deste ato, todas as variáveis devem ser consideradas, desde uma 
disfunção orgânica ou uma falha no processo de compreensão, que pode estar 
comprometendo a aprendizagem. 
Assim, as necessidades individuais de aprendizagem não podem ser definidas por 
apenas um fator, estando ele na própria criança, no meio familiar ou no ambiente escolar. 
Exatamente por isso, Ferreira (2002), ressalta: Devido a complexidade dos problemas de 
aprendizagem, a Psicopedagogia se apresenta com um caráter multidisciplinar, que busca 
conhecimento em diversas outras áreas de conhecimento, além da psicologia e da 
pedagogia. É necessário ter noções de linguística, para explicar como se dá o 
desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de aquisição da linguagem 
oral e escrita. 
 
 
 
 
 
 
13 
Também de conhecimentos sobre o desenvolvimento neurológico, sobre suas 
disfunções que acabam dificultando a aprendizagem; de conhecimentos filosóficos e 
sociológicos, que nos oferece o entendimento sobre a visão de homem , seus 
relacionamentos a cada momento histórico e sua correspondente concepção de 
aprendizagem. 
A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caráter preventivo bem 
como assistencial. 
Na função preventiva, segundo Bossa (2000) cabe ao psicopedagogo perceber 
eventuais perturbações no processo de aprendizagem, participar da dinâmica da 
comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações 
metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do 
grupo, realizando processos de orientação . Já no caráter assistencial, o psicopedagogo 
participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto 
teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que professores, diretores e 
coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades 
individuais de aprendizagem da criança ou, da própria “ensinagem”. 
Participando da rotina escolar, o psicopedagogo interage com a comunidade 
escolar, participando das reuniões de pais - esclarecendo o desenvolvimento dos filhos; 
dos conselhos de classe - avaliando o processo didático metodológico; acompanhando a 
relação professor-aluno - sugerindo atividades ou oferecendo apoio emocional e, 
finalmente acompanhando o desenvolvimento do educando e do educador no complexo 
processo de aprendizagem que estão compartilhando. 
Apesar desta dinâmica, Ferreira (2002), adverte: (...) Mesmo que a escola passe a 
se preocupar com os problemas de aprendizagem, nunca conseguiria abarcá-los na sua 
totalidade, algumas crianças com problemas escolares apresentam um padrão de 
comportamento mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagógico 
mais especializado em clínicas. Sendo assim, surge a necessidade de diferentes 
modalidades de atuação psicopedagógica; uma mais preventiva com o objetivo de estar 
 
 
 
 
 
 
14 
atenuando ou evitando os problemas de aprendizagem dentro da escola e outra, a clínico-
terapêutica, onde seriam encaminhadas apenas as crianças com maiores 
comprometimentos, que não pudessem ser resolvidos na escola. 
A ESCUTA PSICOPEDAGÓGICA AOS PROFESSORES NA ESCOLA 
 Marcos Vinícius Castro Souza (adaptado) 
Evidencia-se na literatura sobre psicopedagogia pouca reflexão acerca da escuta 
psicopedagógica aos professores na escola. Entretanto, a escuta é um elemento relevante 
e vem ocupando constantemente seu espaço nas mais variadas áreas, como: na 
psicanálise, na psicologia, bem como na própria psicopedagogia. Neste contexto, o 
principal objetivo deste artigo foi analisar a forma como o profissional formado em 
psicopedagogia exerce sua escuta aos professores na instituição escolar. Assim, optou-se 
pela realização de pesquisa de campo, utilizando-se a técnica de entrevistas para 
levantamento de dados, numa abordagem qualitativa. Contudo, a falta de referencial 
teórico dificulta o desenvolvimento da escuta clínica por parte dos psicopedagogos. Em 
virtude disso, o presente estudo pretende contribuir para a literatura sobre o assunto, 
apresentando possíveis estratégias para aprimorar/desenvolver a escuta psicopedagógica. 
O olhar e a escuta são elementos complementares no processo de análise de 
fenômenos sociais, pois, o ver e o escutar contribuem nesse processo. 
Para Weffort (1997), não ouvimos realmente o que os outros falam, e sim o que 
se quer ouvir. Neste sentido, o ver e o ouvir demandam implicações e entregas ao outro. 
A situação analítica desenvolvida por Freud (1976)para o seu método 
psicanalítico, “surge e se desenvolve na escuta e para a escuta singular à qual se propõe” 
(FALCÃO; MACEDO, 2004, p. 2). 
Assim, como recurso proveniente da técnica psicanalítica e que aos poucos vem 
conquistando espaço em diferentes profissões, a escuta clínica apresenta-se e destaca-se 
como ponto relevante intersubjetivo, característico do encontro analítico. Segundo Cecim 
(1997, p. 31), essa escuta difere-se da audição. 
 
 
 
 
 
 
15 
Porque, enquanto a audição permite à apreensão/compreensão de vozes e sons 
audíveis, a escuta clínica refere-se à apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, 
audição das expressões e gestos, posturas e condutas durante a escuta. E, esta, não se 
limita exclusivamente ao campo da fala, “[mais do que isso]busca permitir os membros 
interpessoais que constituem nossa subjetividade para cartografar o movimento das forças 
de vida que engendram nossa singularidade”(CECCIM, 1997, p. 31). 
A ESCUTA CLÍNICA NA PSICOPEDAGOGIA 
 A atuação do psicopedagogo, em instituições escolares, requer postura/atitude 
clínica frente às diversas produções sejam elas explícitas ou implícitas dos indivíduos a 
quem se propõe intervenção psicopedagógica. Nesta perspectiva, a escuta 
psicopedagógica clínica insere-se como mecanismo de verificar e tratar os diferentes 
fenômenos que se apresentam no cotidiano do trabalho docente nas escolas. 
Para se apropriar da utilização da escuta clínica na psicopedagogia, é relevante 
antes, caracterizar o olhar clínico como aquele que toma em consideração um campo – de 
pesquisa ou de intervenção – estruturado por um jogo de relações e de intervenções 
dinâmicas e complexas. No entanto, ele também supõe que o prático e o pesquisador 
estejam convenientemente deslocados da relação, isto é, que eles assumam uma postura 
de implicação-distanciamento. Tal postura, por sua vez, possibilitar-lhes-á estar 
efetivamente co-presente na situação que eles analisam, sem perder, para tanto, suas 
especificidades e suas competências (MARTINS, 2003, p. 43). 
Isto remete que a atitude clínica necessária ao psicopedagogo ante sua 
possibilidade de intervenção, implica a busca por novos sentidos para sua relação com o 
objeto pesquisado. A observação torna-se, assim, importante. Pois, o olhar clínico se 
estabelece fundamentalmente na observação. 
Contudo, a escuta se impõe como fator imprescindível no que se refere ao 
temporal, “aquilo não-dito” (MARTINS, 2003, p. 44). Portanto, para Martins (2003), isto 
significa que as diferentes funções do olhar e da escuta clínicas, que se apoiam em 
perspectivas diferentes e, consequentemente, em metodologias também específicas, 
 
 
 
 
 
 
16 
precisam ser articuladas no intuito de se estabelecer pontos de referência nos aspectos 
temporal e espacial. 
O psicopedagogo, enquanto terapeuta é um sujeito que “legaliza a palavra do 
paciente, [...] alguém que com sua escuta outorga valor e sentido à palavra de quem fala, 
permitindo-lhe organizar-se (começar a entender-se), precisamente a partir de ser ouvido” 
(FERNANDEZ, 1991, p. 126). Com isso, a escuta psicopedagógica torna-se fator 
preponderante no atendimento a heterogeneidade de/dos professores na escola, 
possibilitando-lhes, vez e voz para expressarem-se oralmente e/ou através de mensagens 
subliminares. O psicopedagogo terapeutizando, precisa posicionar-se em um lugar capaz 
de proporcionar-lhe a análise eficaz, de modo a permitir “ao paciente organizar-se e dar 
sentido ao discurso a partir de um outro que escuta e não desqualifica, nem qualifica”. 
“Somente a partir das fraturas do discurso, por um lado, e de nos aproximarmos, por outro 
lado, por encontrar o dramático, resgataremos o interessante, o original dessa história 
(FERNANDEZ, 1991, p. 126). 
A postura analítica e a atitude clínica na psicopedagogia 
O psicopedagogo deve “escutar e traduzir” (FERNANDEZ, 1991, p. 127) de 
modo transcendente o que lhe é apresentado, buscando a atitude clínica necessária no 
trato dos dados obtidos através de sua escuta e análise. Pois, “são as palavras, ou sua 
ausência, associados com a cena penosa, as que dão ao sujeito os elementos que 
impressionarão sua imaginação” (MANNONI apud FERNANDEZ, 1991, p. 127). Assim, 
a função da escuta psicopedagógica não é fazer o paciente confessar o tido como 
importante, mas sim, garantir ao indivíduo a possibilidade de que fale do que realmente 
carece de importância. Para Fernandez (1991, p. 128), o lugar analítico, tão importante 
para o desenvolvimento da escuta clínica, é “lugar de testemunha e atitude clínica, da 
atitude do que escuta e traduz promovendo um discurso mítico e não real. Lugar e atitudes 
necessários a todo terapeuta, que o psicopedagogo deverá assumir”. Neste sentido, a 
referida autora apresenta sua proposta ou guia para o psicopedagogo conseguir uma 
escuta psicopedagógica: (FERNANDEZ, 1991, p. 131) 
 
 
 
 
 
 
17 
1. Escutar–olhar – o primeiro momento da intervenção psicopedagógica supõe 
escutar-olhar o outro e mais nada. De acordo com Fernandez (1991, p. 131), “escutar não 
é sinônimo de ficar em silêncio, como olhar não é de ter os olhos abertos”; 
2. Deter-se nas fraturas do discurso – estar atento aos aspectos trazidos através do 
discurso verbal, assim como ao corporal, ao agir subjetivo do sujeito; 
3. Observar e relacionar com o que aconteceu previamente à fratura – registrar as 
fraturas, as formas diferentes de expressar-se; 
4. Descobrir o esquema de ação – significação – “para encontrar o esquema de 
ação, não é necessário deter-se no conteúdo do mesmo, mas no processo e nos 
mecanismos” (FERNANDEZ, 1991, p. 132); 
5. Buscar a repetição dos esquemas de ação – buscar detectar em que outras 
situações e com que outros contextos e conteúdos repete-se este esquema; 
6. Interpretar a operação, mais do que o conteúdo –levantar as concepções e ideias 
inconscientes sobre a aprendizagem, estabelecendo relações com a “operação particular 
que constitui o sintoma” (FERNANDEZ, 1991, P. 133). O momento da intervenção 
psicopedagógica é único tanto para o paciente, quanto para o terapeuta, e requer o 
estabelecimento de uma relação harmônica entre ambos, onde o escutar esteja presente 
cotidianamente neste processo. Para isso, Fernandez (1991, p. 131) esclarece que “escutar 
não é sinônimo de ficar em silencio, como olhar não é de ter os olhos abertos. Escutar, 
receber, aceitar, abrir-se, permitir, impregnar-se”. Todavia, o terapeuta deve aprimorar a 
sua escuta para além do que o paciente expõe oralmente, permitindo-lhe “falar e ser 
reconhecido, e ao terapeuta compreender a mensagem” (p. 131) para poder intervir da 
melhor maneira possível. No entanto, para Martins (2003) é imperioso que ambos estejam 
convenientemente deslocados na relação estabelecida, isto é, que eles assumam uma 
visão/postura de implicação-distanciamento. Esta postura possibilitar-lhes-á efetivamente 
estarem co-presentes na situação que analisam, sem para isso, perder suas especificidades 
e suas capacidades. Ou seja, uma postura/atitude clínica que se estruture numa escuta, 
que aqui deve ser compreendido como um mecanismo de acompanhamento acerca da 
 
 
 
 
 
 
18 
realidade, registrando-se o vivenciado, o experimentado. É preciso criar espaços onde as 
vivências institucionais possam ser afirmadas e verdadeiramente escutadas. 
Esta perspectiva, no plano das práticas do psicopedagogo, poderá fomentar o 
reconhecimento e a apropriação “de elementos até então desconsiderados na abordagem 
dos processos educativos, possibilitando uma reapropriação da experiência e de outros 
sentidos, a eles atribuídos, pela abertura ao desconhecido, pela disponibilidade para a 
alteração(e por consequência da heterogeneidade), para a escuta do inefável (MARTINS, 
2003, p. 44). 
Para realização deste estudo, pesquisou-se uma psicopedagoga e quatro 
professoras de uma escola pública, localizada na zona urbana da cidade de Santo Amaro, 
Recôncavo do Estado da Bahia, sendo utilizado como critério de inclusão todos os 
funcionários que atuam numa mesma instituição escolar. Em relação à pesquisa de 
campo, foi utilizado como instrumento para coleta de dados a realização de entrevistas. 
Os dados obtidos foram analisados partindo-se da perspectiva da abordagem qualitativa. 
De um modo geral, as entrevistas qualitativas são muito pouco estruturadas, sem um 
fraseamento e uma ordem rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se 
muito a uma conversa. Tipicamente, o investigador está interessado em compreender o 
significado atribuído pelos sujeitos a eventos, situações processos ou personagens que 
fazem parte de sua vida cotidiana (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998, 
p. 168). Neste contexto, constituíram-se como aspectos a serem englobados na entrevista 
com a psicopedagoga: 
1) A forma como estacompreende e analisa a função de sua escuta; 
 2) Ao modo como tem escutado os professores desta instituição, se exerce essa 
escuta cotidianamente, assim como isso ocorre; 
3) As possíveis contribuições desta escuta aos professores na intervenção 
psicopedagógica, a forma como isso se efetiva. 
 As entrevistas com as professoras constavam: 
1) A respeito da percepção em relação à atuação da psicopedagoga na escola; 
 
 
 
 
 
 
19 
2) Ao modo como percebe e analisa a possível parceria entre ambos, a forma como 
essa parceria pode contribuir na prática docente no trato das dificuldades de aprendizagem 
dos alunos; 
3) A existência de possíveis oportunidades de ser escutada pela psicopedagoga 
nesta instituição, a forma como ocorre; 
 4) Os momentos destinados a reunião onde se possibilita a exposição de 
problemas. 
Partindo-se destes itens, as entrevista foram realizadas. Assim, optou-se por 
iniciar a coleta de dados através da entrevista com a psicopedagoga, para, posteriormente, 
realizá-las com as professores que recebem assistência desta profissional. Todavia, 
visando preservar a identidade dos sujeitos pesquisados, foram utilizados nomes fictícios 
para os participantes da pesquisa. 
A realização da entrevista com a psicopedagoga englobou fundamentalmente três 
aspectos básicos em torno da escuta psicopedagógica aos professores na escola. Sobre a 
forma como esta compreende e analisa a função de sua escuta na instituição, a mesma 
abordou que reconhece a relevância desta, afirmando que “ao escutar o outro vou 
percebendo assuas necessidades, o que realmente está sendo vivenciado pela 
profissional”. 
Posteriormente, em torno do segundo aspecto, a respeito do modo como a 
psicopedagoga tem escutado os professores desta instituição, se exerce essa escuta 
constantemente, assim como isso se dá na prática. 
Obteve-se a seguinte resposta: 
Através de diálogo procuro escutar com atenção as necessidades dos profissionais 
que trabalham comigo, buscando entender o ponto de vista de cada um, visto que ao 
escutá-los trocamos ricas experiências e, assim, explorar dimensões e possíveis caminhos 
para solucionar as demandas necessárias. E, esses momentos ocorrem durante as reuniões 
pedagógicas quinzenalmente (MÁRCIA). 
 
 
 
 
 
 
20 
Outro aspecto levantado foi a partir das possíveis contribuições desta escuta aos 
professores na sua intervenção, bem como a forma como isso se efetiva, onde a mesma 
respondeu que “ao escutar o outro (os professores) podemos perceber suas necessidades 
e a de seus alunos e, procurar orientá-los da melhor maneira possível”. 
A atuação psicopedagógica não pode ser efetivada em momentos inadequados 
como em reuniões pedagógicas, mas em espaços e momentos específicos, onde a 
professora seja oportunizado a expressar-se em sua multiplicidade, e a psicopedagoga 
escutá-lo transcendentemente. Contudo, esta escuta não pode/deve estar contaminada 
com impressões impregnadas de estereótipos e de fraturas das relações sociais 
estabelecidas entre ambos. Para tanto, Weffort (1997), salienta que a ação de escutar 
clinicamente o outro é um processo reflexivo e analítico de sair de si para ver e 
compreender o outro e a realidade segundo seus próprios pontos de vista, sua 
subjetividade, singularidade e segundo sua história. Assim, para Weffort (1997), a escuta 
constitui-se como uma ação altamente movimentada, reflexiva, estudiosa e transcendente. 
O lugar da escuta poderá possibilitar ao psicopedagogo “criar situações coletivas, espaços 
de construção de conhecimentos sobre si mesmo – sobre a escola, sobre as experiências 
dos envolvidos no processo educacional, etc. – de tal forma que os problemas vividos 
sejam amplamente discutidos e a busca de soluções para os mesmos, compartilhada” 
(MARTINS, 2003, p. 44). Ao psicopedagogo cabe, no exercício de sua escuta, de acordo 
com as concepções de Fernandez (1991), detectar os lapsos, as diversas dificuldades na 
expressão do discurso, da forma como os cortes são efetivados, das inconsistências, das 
repetições, das pausas prolongadas, emerge o inconsciente, etc. 
Em momentos posteriores, durante a realização das entrevistas com as quatro 
professoras, pode-se detectar uma inquietação em torno do acompanhamento 
psicopedagógico realizado nesta escola. 
Partindo-se deste pressuposto, o primeiro aspecto levantado foi a respeito de como 
elas percebem essa profissional e sua atuação na escola. Onde obteve-se considerações 
como: “Ela trabalha bem, buscando sempre saber nossas necessidades e ajuda no que 
 
 
 
 
 
 
21 
pode, entretanto, o tempo dela aqui na escola é pouco, o trabalho acaba sendo 
fragmentado”. Ademais, abordaram que percebem a relevância dessa profissional 
atuando num ambiente escolar e que a parceria estabelecida nesta acaba contribuindo na 
prática docente, pois, segundo as entrevistadas, “o atendimento que ela nos garante ajuda 
a possibilitar aos alunos uma melhorara comportamental em sala de aula e na 
aprendizagem”. Outro aspecto discutido com as professoras foi se elas têm oportunidades 
de serem escutados pela psicopedagoga nesta instituição, assim como a forma que isso se 
efetiva, da existência ou não de momentos destinados a reuniões, onde elas pudessem 
expor seus problemas, etc. Onde elas afirmaram que sim, que ela ouve suas queixas em 
momentos específicos nas reuniões pedagógicas que se efetivam quinzenalmente. Assim, 
reafirmam que o tempo destinado para tal fim é pouco. Os discursos das professoras 
entrevistadas aparentam estar emersos em um receio (medo) em expressar realmente o 
que pensam a respeito da atuação da psicopedagoga na instituição. E isso é vislumbrado 
através do subliminar de suas falas, nas inquietações, nos olhares, nas expressões, nas 
faltas, etc. Com isso, evidencia-se a importância da criação de mecanismos que garantam 
as professoras serem efetivamente escutadas pela psicopedagoga neste espaço. 
Confrontando a visão da psicopedagoga e das professoras 
Através do confronto entre as informações obtidas a partir da realização das 
entrevistas tanto com a psicopedagoga, quanto com as professoras participantes deste 
estudo, pôde-se detectar fraturas nos discursos destas em relação à atuação da 
psicopedagoga nesta unidade escolar e o modo como suas intervenções se efetivam no 
cotidiano deste espaço. 
A escuta, elemento tão relevante ao psicopedagogo, é tido/visto tanto pela 
psicopedagoga quanto pelas professoras que recebem seu acompanhamento, meramente 
como um canal auditivo capaz de apreender falas e possibilitar a intervenção partindo-se 
destas. Contudo, a escuta clínica necessária a este profissional, requer o transcendente, o 
subentendido do discurso exposto oralmente. Ou seja, “o exercício da escuta clínica, por 
sua vez, tem como perspectiva desvelar dimensões do cotidiano escolar e das relações 
 
 
 
 
 
 
22 
que o estruturam até então impensadas, desconhecidas, mas que tangenciam as práticas 
que aí se estabelecem” (MARTINS, 2003, p. 45). 
As professoras não podem/devem ser encaradas como pacientes da 
psicopedagoga, daí a precisão da adequação da escuta clínica para o atendimento às 
mesmas. Entretanto, a escassez na fundamentação teórica/prática a respeito da escuta 
clínica na psicopedagogia revela uma possível falha no processo de formação desta 
profissional, que muitas vezes, não é preparada para assumir uma postura/atitude clínica 
ante a demanda. Na construção da escuta necessária ao psicopedagogo, constata-se, 
segundo Weffort (1997, p. 1) alguns movimentos necessários a sua construção: 
1 – “movimento de concentração para a escuta do próprio ritmo [...] o que se quer 
observar, que hipóteses se quer checar, o que se intui que não se vê, não se entende, não 
se sabe qual o significado, etc.”; 
2 – “o movimento que se dá no registro das observações, seguindo o que cada um 
se propôs na pauta planejada, ondeo desafio está em sair de si para colher os dados da 
realidade significativa e não idealizada”; 
3 – “o movimento de trazer para dentro de si a realidade observada, registrada, 
para assim poder pensá-la, interpretá-la [...]. Neste movimento podemos nos dar conta do 
que ainda não sabemos”. Macedo e Falcão (2009, p. 6) apud Freud (1937) apontam para 
o importante efeito da escuta clínica no campo analítico: “a análise é um processo 
terminável enquanto se refere ao uso da capacidade de escuta do analista, mas 
interminável enquanto se refere à capacidade adquirida pelo paciente de escutar-se. O 
processo analítico, a partir da escuta do” psicopedagogo, “envolve a instrumentalização 
da escuta do paciente em relação a si mesmo. 
 Para se chegar às últimas palavras deste estudo, retoma-se a questão que o 
originou: de que forma a escuta psicopedagógica vem contribuindo no interior da 
instituição escolar? A resposta para tal indagação pode ser obtida sob as seguintes 
dimensões: Através da pesquisa de campo realizada, percebeu-se que a escuta 
psicopedagógica não tem acontecido/contribuído nas intervenções efetivadas na 
 
 
 
 
 
 
23 
instituição escolar fonte da coleta de dados, pois, a psicopedagoga não demonstrou 
exercer a escuta clínica as professoras neste espaço. Assim, evidenciou-se que as 
entrevistadas não demonstraram apropriação a respeito do real significado da escuta para 
a psicopedagogia. Segundo Weffort (1997), os indivíduos não foram educados para a 
escuta, nem para seu real significado. Ou seja, a escuta acaba estereotipada 
exclusivamente para a função auditiva. 
Cabe registrar a escassez de material sobre a escuta na psicopedagogia, fator que 
pode ser preponderante quanto a sua não utilização por parte da profissional pesquisada. 
Assim, visualiza-se ainda, a falta de recomendações e orientações técnicas em relação à 
apropriação e utilização da escuta transcendente ao que é falado e apreendido 
auditivamente, capaz de captar lapsos, falhas, repetições, sintomas, queixas, o subjetivo, 
etc. aspectos que lhe permita interpretação e intervenção adequadas. 
Para Macedo e Falcão (2009), a formação do terapeuta precisa estar atrelada ao 
“famoso tripé – formação teórica, atividade de supervisionar-se e análise pessoal – 
constitui os recursos na qualificação do processo de escutar o outro. Com isso, detecta-se 
que os psicopedagogos precisam estar abertos para efetivamente escutar os professores e 
suas queixas na escola, não auditivamente, mas de modo transcendente, buscando então, 
“a sintonia com o ritmo do outro, do grupo, adequando em harmonia” (WEFFORT, 1997, 
p. 1) para favorecer o trabalho deste no contexto escolar. Portanto, fica evidente a 
relevância de os cursos de formação em psicopedagogia se adequarem a essa necessidade 
de estimular o desenvolvimento da postura/atitude e escuta clínicas para que o 
profissional possa escutar os professores na escola e também desenvolver as intervenções 
convenientes. O alcance da escuta psicopedagógica está conectada a apropriação de um 
fazer-se terapeuta. Em virtude disso, ao se propor um estudo em torno da escuta 
psicopedagógica aos professores na escola, laça-se um olhar, segundo Macedo e Falcão 
(2009), para a importância dado pelo terapeuta às falas, gestos, movimentos, etc. de seu 
analisado, isso demonstrou o papel da escuta deste em relação a si próprio, em sua 
investigação pessoal. Pois, a escuta da psicopedagogia encontra sua vitalidade na 
 
 
 
 
 
 
24 
capacidade do analista em perceber e reconhecer o valor e a necessidade de ser ele próprio 
escutado, gerando em si uma capacidade que está fora do domínio da rigidez ou da 
padronização, e que por isso abre espaço à escutado outro. 
Click e assista 
https://www.youtube.com/watch?v=-du8JaMCsZM 
 
 
 PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E HOSPITALAR 
Marlei Adriana Beyer (adaptado) 
 
 
 
 
 
 
 
 
A procura de um profissional fora do espaço escolar apresenta alternativas às 
propostas e condições existentes na escola. 
O atendimento diferenciado pode ir além das questões-problema vinculadas à 
aprendizagem podendo trazer à tona, mais facilmente, as razões que desencadeiam as 
necessidades individuais - às vezes alheias ao fator escola, que fazem com que as crianças 
e adolescentes sintam-se excluídos, ou excluam-se a si mesmos do sistema educacional. 
O papel do profissional está caracterizado, conforme Fernández (1991), por uma 
atitude que envolve o escutar e o traduzir, transformando-se em uma testemunha atenta 
que valida a palavra do paciente; completamente inerente às relações entre ele e sua 
família. 
https://www.youtube.com/watch?v=-du8JaMCsZM
 
 
 
 
 
 
25 
Nesta perspectiva, a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta, 
interpretação, reflexão e intervenção, criando e recriando espaços, é fundamental. 
Podendo assim a psicopedagogia, ser considerada como uma forma de terapia. É 
importante ressaltar que nessa modalidade clínica, o psicopedagogo também não trabalha 
sozinho, dependendo de parcerias com profissionais de outras áreas como: a Psicologia, 
a Neurologia, a Medicina e quais outras se fizerem necessárias pra o caso a ser atendido 
Se terapeuta é aquele que não cura, mas cuida do outro, tentando amenizar o seu 
sofrimento, esta ideia ganha força. 
O psicopedagogo é um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem, uma 
característica humana. 
Gonçalves (1997), defende esta afirmação: “todo trabalho psi é clínico, seja 
realizado numa instituição ou entre as quatro paredes de um consultório. Clínica é a nossa 
atitude de respeito pelas vivências do outro, de disponibilidade perante seus sofrimentos, 
de olhar e de escuta além das aparências que nos são expostas”. Vai além, quando sobre 
os cuidados do corpo: “caberá ao terapeuta a função de dialogar com o corpo, desatando 
os nós que se colocam como impelidos à vida e à inteligência criativa”. E, a esta vida 
deve-se dar atenção, cuidando do ser. Afinal, não é somente o problema que existe e vive. 
É preciso “olhar para aquilo que vai bem, para o ponto de luz que pode dissipar as trevas, 
aquilo que escapa ao homem, abrindo espaços para mudanças, um espaço onde o homem 
possa se recolher e descansar, encontrando seus próprios caminhos para aprender”. O que 
não é ensinar, mas possibilitar aprendizagens. 
Essa relação promove um processo de crescimento para ambas as partes, criando 
“ensinantes e aprendentes”, numa interação sem papéis fixos e independentes, 
direcionada para o interior ou exterior de cada envolvido. Deixando de lado 
particularidades, o próprio ponto de vista e seus condicionamentos, para ver as coisas a 
partir delas mesmas, como são. 
Isso cria uma interdependência ativa que faz com que um complemente o outro e 
ambos cresçam construindo novos conhecimentos. 
 
 
 
 
 
 
26 
 O olhar do psicopedagogo, além de lúcido deve ser esclarecedor, sem 
julgamentos ou depreciações. Diante de um olhar assim, a aceitação flui naturalmente. E 
esta aceitação é a condição primeira, a mais necessária para que se inicie o caminho de 
cura, aliando a teoria à prática. 
PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
A educação hospitalar da criança e do adolescente representa um novo desafio à 
educação, especificamente ao psicopedagogo, que, devido sua formação interdisciplinar 
é um dos profissionais mais aptos a esta modalidade. 
A alternativa de apoio educacional psicopedagógico ao paciente interno é 
interessante para assegurar-lhe uma boa recuperação em meio à inquietação oriunda da 
preocupação sobre o tratamento recomendado à recuperação e o tempo de hospitalização. 
Em suma, o ambiente hospitalar é um local que emana diversos sentimentos e 
sensações: ora de doença ou saúde, de imensa tensão ou angústia ou então de alívio, cura 
ou consolo. Extremamente técnico, aos poucos o local se abriu a outros profissionais que 
não são da área da saúde. No caso dopsicopedagogo é necessário conectar-se com a 
equipe, criando um elo entre as especialidades. 
De acordo com Vasconcelos (2000), as doenças tratadas no hospital podem ser 
classificadas em: 
 
 
 
 
 
 
27 
Acidentes, sejam acidentes domésticos (queimaduras, quedas, feridas), ou 
acidentes externos. Para esta categoria, junte-se tentativa de suicídio, estuprose 
espancamentos (casos de maus-tratos). Esta primeira classificação constitui o que se 
chama traumatologia e internações gerais. 
- Enfermidades de má formação congênita, como afecções ósseas, nefrológicas, 
hepáticas, neurológicas ou musculares: má-formação de membros ou do esqueleto, 
escolioses, luxações congênitas das articulações do quadril, miopatias, etc. 
- Finalmente, enfermidades adquiridas ao nascimento ou de crescimento: 
debilidade motora cerebral, poliartrite, poliomielite, tumores musculares ou ósseos, 
cânceres. 
As equipes médicas agrupam cirurgiões, médicos, anestesistas, enfermeiras, 
auxiliares de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, 
psicólogos, assistentes sociais, bem como, psicopedagogos. Ainda pode-se contar com 
visitas voluntárias, com intenções diversas, sejam elas recreativas, religiosas ou 
humanitárias. 
Toda esta equipe acompanha, direta ou indiretamente, todas as etapas de uma 
internação, que em geral são enfrentadas de forma diferente por cada indivíduo 
hospitalizado. 
A sensação de dor, por exemplo, é sentida diferentemente de acordo com a idade 
do paciente e de acordo com diferenças individuais. 
Nessa hora, nossa intervenção ganha uma razão de ser, mas não é ainda, 
necessariamente aquilo que traz a cura, logo, não é essencial. Ainda não fácil de distinguir 
entre a dor e outras agressões de que a criança é a vítima (separação da mãe, mudança de 
quadro, rostos e procedimentos desconhecidos) (...) Nossa intervenção leva em conta o 
estado emocional da criança que pede socorro quando se nega a uma atividade ou quando 
é agressiva (...) Em nossa escuta de Psicopedagogo, devemos agir por uma atividade que 
possa transpor o sofrimento de angústia, de solidão -Vasconcelos (2000) 
 
 
 
 
 
 
28 
Mesmo assim, muitas vezes as crianças não são capazes de expressar nem de 
reproduzir o que as faz temer, desenvolvendo angústias, fazendo surgir depressão, revolta 
ou desespero, ou ainda a possibilidade de regressão no nível de desenvolvimento. Mais 
uma vez, o psicopedagogo é aquele que faz diferença, trazendo o sentimento de 
valorização da vida, amor próprio, autoestima, aceitação e segurança - recuperar estes 
prazeres e garantir a construção dos conhecimentos que estariam acontecendo em 
ambiente escolar, é função do trabalho psicopedagógico que se insere na esfera hospitalar. 
Afinal, a aprendizagem é um processo tão amplo e grandioso que ocorre através 
de interações, em qualquer lugar. 
Click e assista 
https://www.youtube.com/watch?v=pibzo6l4Oks 
CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA 
– ABPp 
A versatilidade e a seriedade da 
Psicopedagogia, está amparada pelo 
Código de Ética da Categoria, reformulado 
pelo Conselho Nacional e Nato do biênio 
95/96, disponível no site da Associação 
Brasileira de Psicopedagogia, a ABPp., 
como se segue: 
CAPÍTULO I: DOS PRINCÍPIOS 
Artigo 1º 
A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o 
processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a 
influência do meio _ família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando 
procedimentos próprios da psicopedagogia. 
Parágrafo único 
https://www.youtube.com/watch?v=pibzo6l4Oks
 
 
 
 
 
 
29 
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado 
com o processo de aprendizagem. 
Artigo 2º 
 
A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas 
do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido 
ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios. 
Artigo 3º 
O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter 
preventivo e/ou remediativo. 
Artigo 4º 
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais graduados 
em 3º grau, portadores de certificados de curso de Pós-graduação em Psicopedagogia, 
ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos 
adquiridos, sendo indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável trabalho 
deformação pessoal. 
Artigo 5º 
O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem, 
garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos 
recursos disponíveis, incluindo a relação Inter profissional; (ii) realizar pesquisas 
científicas no campo da Psicopedagogia. 
CAPÍTULO II: DAS RENPONSABILIDADES DOS PSICOPEDAGOGOS 
Artigo 6º 
São deveres fundamentais dos psicopedagogos: 
A) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que 
tratem o fenômeno da aprendizagem humana; 
B) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo 
uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões de mundo; 
 
 
 
 
 
 
30 
C) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado dentro 
dos limites da competência psicopedagógica; 
D) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia; 
E) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe 
sempre que possível; 
F) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma definição 
clara do seu diagnóstico; 
G) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e 
discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; 
H) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes; 
I) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser conivente 
ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a 
dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo para a 
harmonia da classe e manutenção do conceito público. 
 CAPÍTULO III: DAS RELAÇÕES COM OUTRAS PROFISSÕES 
Artigo 7º 
O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os 
componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este fim, o 
seguinte: 
A) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas; 
B) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização; 
encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento; 
CAPÍTULO IV: DO SIGILIO 
Artigo 8º 
O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha 
conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade. 
Parágrafo Único 
 
 
 
 
 
 
31 
 Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a especialistas 
comprometidos com o atendimento. 
Artigo 9º 
O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha 
conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor perante 
autoridade competente. 
Artigo 10º 
Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados, mediante 
concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal. 
Artigo 11º 
Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não será 
franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso. 
CAPÍTULO V: DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS 
Artigo 12º 
Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes 
normas: 
A) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor; 
B) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos 
autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos colaboradores àquele que 
mais contribuir para a realização do trabalho; 
C) Em nenhum caso, o psicopedagogo seprevalecerá da posição hierárquica para 
fazer publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua orientação; 
D) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada, 
bem como esclarecidas as ideias descobertas e ilustrações extraídas de cada autor. 
CAPÍTULO VI: DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL 
Artigo 13º 
 
 
 
 
 
 
32 
O psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços, 
deverá fazê-lo com exatidão e honestidade. 
Artigo 14º 
O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que 
visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade dos mesmos. 
CAPÍTULO VII: DOS HONORÁRIOS 
 Artigo 15º 
Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem justa 
retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente. 
CAPÍTULO VIII: DAS RELAÇÕES COM SAÚDE E EDUCAÇÃO 
Artigo 16º 
O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes sobre 
a organização, implantação e execução de projetos de Educação e Saúde Pública relativo 
às questões psicopedagógicos. 
CAPÍTULO IX: DA OBSERVÂNCIA E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DE 
ÉTICA 
Artigo 17º 
Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código. 
Artigo 18º 
Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos 
princípios éticos da classe. 
Artigo 19º 
O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e 
aprovado em Assembleia Geral. 
 
 
 
 
 
 
33 
CAPÍTULO X: DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 
Artigo 20º 
O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em Assembleia 
Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia da ABPp em 
12/07/1992, e sofreu a 1ª alteração proposta pelo Congresso Nacional e Nato no biênio 
95/96, sendo aprovado em 19/07/1996, na Assembleia Geral do III Congresso Brasileiro 
de Psicopedagogia da ABPp, da qual resultou a presente solução. 
Como outrora lembrado, o fundamento da Psicopedagogia é o estudo da 
aprendizagem humana, que se constitui a cada momento em qualquer tempo. Intrínseca 
ao ser humano, que se dá em todos os sentidos, em qualquer local e continuamente. 
Justamente por ser tão ampla e complexa, essa habilidade, surgiu a necessidade de um 
profissional com perfil específico para dedicar-se a ela, seja potencializando-a ou 
fortalecendo-a perante as adversidades encontradas ou criadas. Podemos afirmar que, 
devido à interdisciplinaridade de sua formação, o psicopedagogo é um profissional apto 
para inserir-se nesta cadeia de conhecimento e informação a que estamos expostos. 
A contribuição do psicopedagogo ao complexo ato de aprender pode se 
concretizar em diferentes instituições, sejam elas escolares, clínicas, hospitalares ou 
organizacionais. 
Ainda muito jovem no cenário a que se presta, vem construindo sua história 
através de intensas pesquisas que envolvem teoria e prática, mostrando-se séria e 
comprometida em sua atuação, construindo parcerias com diversas áreas do 
conhecimento e da atividade humana. 
A versatilidade e competência deste profissional certamente serão reconhecidas, 
tornando-o um parceiro imprescindível no atual e futuro mercado de trabalho. 
A CONSTRUÇÃO DO OLHAR DO/A PSICOPEDAGOGO/A 
 
Prof. Ms. João Beauclair (adaptado) 
 
 
 
 
 
 
34 
“A verdadeira viagem da descoberta 
não consiste em procurar novas paisagens, 
mas em possuir novos olhos “ 
Marcel Proust 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A constituição deste texto se deu como uma tentativa de sistematizar algumas 
ideias sobre a construção do olhar do/a psicopedagogo/a. Trata-se de levantar 
questionamentos, propor caminhos de reflexão e estabelecer algumas possibilidades de 
interlocução com autores de diferentes campos do conhecimento que podem, cada qual a 
sua maneira, contribuir para o debate. 
Uma pergunta inicial me conduz neste labirinto de tessituras plurais, envolto em 
luzes múltiplas: Como pode o/a psicopedagogo/a ver os problemas que dificultam a 
aprendizagem? Que habilidades e competências ele/a deve ter, desenvolver, buscar, 
enfim, construir? Ou ainda, como conseguir uma escuta, um olhar psicopedagógico 
vinculado à estas questões? 
Num primeiro momento desta escritura, tomo como ponto de partida algumas 
contribuições significativas propostas por Fernandéz (1990). 
 
 
 
 
 
 
35 
Para esta autora é mister o/a psicopedagogo/a estar “posicionando-se em um lugar 
analítico e assumindo uma atitude clínica, à qual será necessário incorporar 
conhecimentos, teoria e saber acerca do aprender “. 
E nesta incorporação reside, a meu ver, o maior desafio. Que espaços de formação 
possui o/a psicopedagogo/a? Que conhecimentos ele/a já possui? 
Quais teorias e saberes fazem parte do seu campo conceitual? Como ele/a se vê 
enquanto psicopedagogo? Que desafios enfrenta e de que modo tal enfrentamento se dá? 
 Rubinstein(1999) nos dá uma boa pista quando ressalta que a Psicopedagogia 
deve ser compreendida como” uma práxis dinâmica, tanto em seu contexto interno, isto 
é, no interior da relação terapêutica, no processo, nos recursos e necessidades do paciente, 
como no contexto externo, no sentido que as diferentes concepções teóricas que sustentam 
a prática estão muito relacionadas com o percurso acadêmico e com o contexto particular 
de formação pessoal do profissional que exerce a função.” 
No que se refere ao contexto externo, o que irá me interessar neste estudo é tentar, 
no âmbito restrito deste trabalho, fazer uma revisão da literatura sobre o tema e, ao assim 
proceder, propor algumas reflexões a respeito da Psicopedagogia como uma área 
multidisciplinar onde nos é possível resignificarmos nossas próprias práticas, sejam estas 
concebidas como pedagógicas ou terapêuticas. Já ao buscar compreensão do contexto 
interno, o desafio ainda se torna mais forte, pois será preciso aprender ainda sobre o que 
é a relação terapêutica inserida no âmbito da prática psicopedagógica. 
Na verdade, o que se configura aqui é a busca que proponho, enquanto educador 
compromissado com o meu fazer, por uma maior compreensão sobre o como garantir um 
aprendizagem efetiva nos “espaços tempos” da escola. E sobre aprender 
Alessandrini(1999) nos diz :” é uma palavra que, a meu ver, exprime o grande segredo da 
vida: transformar toda ação passível de introjeção e reflexão, bem como toda 
oportunidade de crescimento e desenvolvimento, em ação construtiva. Cada momento de 
aprendizagem representa a possibilidade de apreender o sentido do conhecimento .” 
 
 
 
 
 
 
36 
É no campo específico desta ação construtiva que o/a psicopedagogo/a pode ver 
os problemas que dificultam a aprendizagem. As habilidades e competências que 
necessitam ter devem estar vinculadas à compreensão do par dialético proposto por 
Fernandéz(1990) entre o desejo e o não desejo de aprender, ou seja, é preciso 
instrumentalização e pesquisas constantes para que se compreenda como tal processo 
ocorre e de que modo pode-se intervir em sua trajetória e rumo. 
Se compreendemos aqui a Psicopedagogia como área multidisciplinar do 
conhecimento, é preciso estar, antes de qualquer outra disponibilidade, atentos/as 
para o estudar constante e pesquisa permanente. Não há como deixar de lado este aspecto: 
o /a psicopedagogo/a necessita deste constante movimento de olhar novos horizontes e 
caminhos para trilhar, para abrir espaços não só objetivos como também subjetivos, onde 
a autoria e a autonomia de pensamento seja uma concreta possibilidade. 
De acordo com Gonçalves(s/d) as ”relações com o conhecimento, a vinculação 
com a aprendizagem, as significações contidas no ato de aprender, são estudados pela 
Psicopedagogia a fim deque possa contribuir para a análise e reformulação de práticas 
educativas e para a ressignificação de atitudes subjetivas.” É neste sentido, o da 
ressignificaçãode minhas atitudes e práticas subjetivas, que me lanço no desafio de 
conseguir uma escuta, um olhar psicopedagógico vinculado às questões do conhecimento 
e da aprendizagem humana, sabendo que não há teoria única que possa dar conta de 
responder todas as minhas indagações e inquietudes. No entanto sei que na minha prática 
cabe, e sempre caberá, buscar nas mais diferentes teorias o que a ela pode dar sustentação. 
Iniciantes ideias, caminho singular de uma possível construção: o espaço de interlocução 
aqui se abre e, assim, me permito ter a ousadia de autoria e autonomia no pensar. Que 
venham os/as interlocutores/as, pois só é possível construir o singular no plural. 
Click e assista 
https://www.youtube.com/watch?v=UZGJaNjGqo4 
https://www.youtube.com/watch?v=UZGJaNjGqo4
 
 
 
 
 
 
37 
A Importância da Afetividade no Processo de Cognição - Afetividade e Cognição: 
Caminhos que se Cruzam 
Natália de Cássia Oliveira da Silva Jusani(adaptado) 
Este texto tem como objetivo 
destacar a importância da afetividade nas 
relações sociais, principalmente no 
contexto escolar, enfatizando a importância 
da relação afetiva professor- aluno e a sua 
relevância para o processo de ensino – 
aprendizagem. Busca-se ainda fazer 
reflexões relativas à importância do vínculo 
familiar neste processo bem como mostrar 
de que maneira as relações afetivas 
contribuem no processo cognitivo. 
Em nossa sociedade, principalmente no âmbito do contexto escolar, muito se tem 
discutido acerca dos problemas relacionados às dificuldades que os alunos encontram 
durante o processo de construção do conhecimento assim como sobre a dificuldade que 
alguns professores têm encontrado diante de tal situação. 
O que ocorre no âmbito escolar hoje é que, o que se tem ensinado em sala de aula 
acaba caindo num grande vazio devido ao distanciamento que existe entre o professor e 
o aluno. Na verdade, pouco se tem pensado – dentro das escolas, sobre o valor que a 
afetividade tem na construção do conhecimento; pouco se tem falado acerca da 
importância de existir uma relação harmônica, confiável entre professores e alunos e 
destes com toda a comunidade escolar. 
É necessário que se reflita sobre os tipos de relação que existem no contexto 
escolar e mais, sobre o papel da família, sua influência e importância durante o processo 
de aquisição, construção do conhecimento; já que o ser humano é um ser social, e como 
 
 
 
 
 
 
38 
tal, precisa ter um bom relacionamento, entendimento com aqueles que de fato são 
responsáveis por gerir este processo. 
Uma interação mútua entre professor e aluno e deste com a família, pode evitar 
problemas como distúrbios na aprendizagem já que a afetividade, assim como aspectos 
emocionais, está presente no processo de construção do conhecimento. 
O ser humano como fruto da sua interação com o mundo, forma sua personalidade, 
desenvolve há 
bilidades, adquire e reformula conhecimentos a partir da sua relação com o outro. 
É através do convívio com o outro, que o individuo desenvolve sentimentos, 
afetividades que facilitam sua interação e dão acesso a novos conhecimentos. Sendo 
assim, é preciso que haja um vínculo afetivo entre todos aqueles que estão envolvidos no 
processo de aprendizagem - família, aluno e professor, para que o aprendizado se dê de 
forma satisfatória e seja prazeroso. 
ALUNO - AFETIVIDADE - PROFESSOR: UMA TRÍADE QUE DÁ CERTO 
Depois da figura da família, 
o professor é a figura que ocupa 
grande importância na vida do 
aluno, pois ele não é apenas 
mediador entre o aluno e o 
conhecimento, ele divide angústias, 
dúvidas, É ele quem com calma e 
firmeza ensina o aluno a dar seus 
primeiros passos, direcionando-o a 
teia que é o mundo do 
conhecimento. 
Segundo Balestra (2007) o professor é o elo fundamental, indispensável para 
estabelecer a interação aprendente - objeto de conhecimento, e para que esta interação se 
dê, os laços de confiança e afetividade entre aquele que ensina e aquele que aprende 
 
 
 
 
 
 
39 
devem estar bem consolidados pois “a afetividade deve ser vista como a força motriz que 
impele o sujeito para o conhecimento.” (PIAGET apud BALESTRA, 2007:42). 
Enxergar o aluno como um ser que já vem para a escola com uma bagagem de 
conhecimento, com um conhecimento de mundo construído é fundamental para que se 
firmem laços com o ser aprendente. 
Durante o processo de aquisição do conhecimento, respeitar o que o aluno traz de 
conhecimento externo ao ambiente escolar, assim como seu tempo de aprender é muito 
importante para que a aprendizagem ocorra naturalmente, pois: 
Saber algo a respeito de certo objeto não quer dizer, necessariamente, saber algo 
socialmente aceito como “conhecimento”. Saber quer dizer ter construído alguma 
concepção que explica certo conjunto de fenômenos ou de objetos da realidade. 
(FERREIRO, 1981:17) 
Tal respeito contribui para o processo de ensino –aprendizagem já que “a 
afetividade e a inteligência são, portanto, indissociáveis e constituem os dois aspectos 
complementares de toda conduta humana.” (PIAGET, 2001:22). Assim, a aproximação, 
o despertar para os vínculos afetivos é um fator primordial e de extrema importância 
durante o processo de cognição. 
Segundo ainda Piaget (2001) em todas as fases da vida humana os vínculos 
afetivos são fatores determinantes, o que pode resultar numa melhor integração deste com 
o meio social ou, quando os vínculos não acontecem, num distanciamento daquele com 
este meio gerando problemas como os distúrbios de aprendizagem. 
Desta forma, então, é correto afirmar que a aprendizagem está ligada à afetividade, 
ambas caminham juntas, sendo importante assim, que sejam criados no ambiente escolar, 
mecanismos para que afetividade e aprendizagem ocorram e se completem, no intuito de 
se obter um resultado prazeroso – que é a construção do conhecimento, tanto para o 
educando, quanto para o educador. 
É preciso que o educador crie vínculos com seus alunos para que possa criar 
situações de aprendizagem, pois “o objeto a ser conhecido deve contemplar os interesses 
 
 
 
 
 
 
40 
que caracterizam a fase de desenvolvimento mental em que se encontra a criança.” 
(BALESTRA, 2007: 36) e mais, o equilíbrio cognitivo necessita da afetividade (do 
interesse, da vontade, da motivação que deve ser despertada pelo professor) para que haja 
a construção de novas estruturas intelectuais. 
Em outras palavras, o professor tem que muitas vezes se despir de velhos 
paradigmas e métodos para que seja possível aproximar o aluno do objeto a ser conhecido, 
pois segundo Balestra (2007) tal objeto deve ser desafiador, tem que ser significante, 
provocar a ação do ser cognoscente. Ou seja, muitas vezes, para criar situações de 
aprendizagem além do aspecto afetivo é preciso mudar a metodologia, buscar outras 
fontes, mudar o tom de voz, já que o ser aprendente é como o vaso na mão do oleiro, deve 
ser moldado cuidadosamente, com carinho, para que suas estruturas no campo da 
construção do conhecimento não se quebrem, para que assim o aprendizado se dê como 
um ato motivador. 
Em suma, mais do que professores bem titulados e equipamentos modernos, as 
relações estabelecidas na escola necessitam de mais afetividade, pois: 
O grau de afetividade que envolve a relação do (a) professor (a) com os seus pares 
representa o fio condutor e o suporte para a aquisição do conhecimento pelo 
sujeito. 
O aluno, especialmente o da educação infantil, precisa sentir-se integralmente 
aceito para que alcance plenamente o desenvolvimento de seus aspectos cognitivo, afetivo 
e social. (BALESTRA, 2007:50) 
 
 
 
 
 
 
41 
 O PAPEL DA FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como é sabido a família é o alicerce que rege a vida de todo ser. É ela que 
primeiramente apresenta o mundo do conhecimento à criança, já que este não é adquirido 
somente noâmbito escolar. 
O primeiro conhecimento que qualquer indivíduo possui antes de ingressar na 
escola é o conhecimento prévio, ou conhecimento de mundo – como assim também é 
chamado, e este, ao contrário do ambiente escolar, não precisa de regras pré-
estabelecidas, ele ocorre naturalmente, através do contato social do indivíduo com a 
família e destes com o mundo que os cerca. 
É na família que a criança faz seus primeiros vínculos afetivos e é por meio dela 
que o individuo é apresentado ao mundo cultural. Ela é a grande responsável pela 
educação das crianças e também da sua aprendizagem e é por meio desta aprendizagem 
que o individuo começa a construir saberes. 
Porém, embora a família seja tão importante, parte fundamental na formação de 
um indivíduo, o que se vê hoje é que os pais se eximem de seu papel e principalmente, da 
vida escolar, do processo de construção do conhecimento de seus filhos, que começa em 
casa. 
A relação afetiva que uma criança tem em casa irá contribuir negativa ou 
positivamente no seu desempenho escolar. Os anseios e as expectativas que a família tem 
sobre a criança são muito relevantes tanto em sua formação acadêmica quanto pessoal, 
 
 
 
 
 
 
42 
pois a criança espera ser admirada, elogiada, motivada, amada, e quando isto não 
acontece, ela se sente desestimulada, não produz, não vê satisfação, prazer no ato da 
aprendizagem. 
Vale aqui acrescentar, que o acompanhamento da vida escolar do aluno pelos pais 
é muito importante. Segundo relata os estudos piagetianos, a afetividade é uma valiosa 
contribuição para a educação da criança na família e, especialmente na escola, no entanto, 
“o acompanhamento de seu desempenho escolar, ou seja, do processo cognitivo,é 
importante, mas o aspecto afetivo não pode ser negligenciado em nenhum momento do 
desenvolvimento infantil, principalmente na vida escolar.” (BALESTRA, 2001: 49). 
Todo e qualquer acontecimento dentro do âmbito familiar é refletido na escola, se 
os pais não vão bem e não apresentam um vínculo afetivo com seus filhos, no âmbito 
escolar, a criança tende a apresentar problemas de aprendizagem e sua vida acadêmica 
pode se tornar um fracasso. 
Desta forma cabe as famílias propiciar um ambiente saudável, que ofereça e 
estimule o desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança. O ambiente familiar é o local 
onde, de fato, a criança desenvolve suas capacidades emocionais e intelectuais. E os 
aspectos emocionais conforme Weiss (2008) estariam ligados ao desenvolvimento afetivo 
que tem extrema importância na construção do conhecimento e na expressão deste através 
da produção escolar. 
Ao contrário do ambiente escolar, onde o aprendizado se dá de maneira mais 
objetiva, no contexto familiar a aprendizagem ocorre, sem dúvidas, de forma bem mais 
subjetiva, livre, significativa e espontânea, daí a importância de que haja uma relação de 
diálogo e afetividade ente o ser aprendente e sua família. 
Em resumo, a afetividade familiar é muito importante, como é importante também 
que escola e família caminhem juntas numa constante interação, pois assim o aluno 
poderá ter um desenvolvimento cognitivo maior e um ajustamento cultural e emocional 
mais adequado. Família e escola devem ser parceiras e aliadas para que lado a lado 
possam encontrar meios para resolver problemas como as dificuldades de aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
43 
 
A afetividade mais do que mola propulsora do aprendizado é o fator primordial, 
que define, que delimita os campos que o aluno irá trilhar durante o processo de cognição. 
E sendo assim, família e professores devem cultivar este sentimento para que a 
aprendizagem não se torne um fracasso. 
Mais do que metodologias modernas de ensino, equipamentos sofisticados e uma 
boa titulação, o professor deve ter a consciência de que ele é o responsável pelo processo 
de aprendizagem dentro da instituição escolar, e como tal, a motivação, o interesse, o 
prazer em construir e desconstruir conhecimento é responsabilidade sua. É ele quem deve 
despertar no aluno o gosto pelo aprendizado, e mais do que isso, é ele quem deve pegar o 
aluno pela mão e acompanhá-lo durante suas primeiras passadas no mundo do 
conhecimento. 
Vale acrescentar porém, que para que o processo cognitivo se dê por completo no 
âmbito escolar, ou seja, para que a relação professor-aluno possa resultar em ponte para 
o conhecimento, as relações familiares do aluno também devem ser nutridas, já que a 
família é a instituição mais importante da vida de qualquer individuo. 
O professor, sem dúvidas, é muito importante no processo cognitivo, mas a família 
também, já que é no seio familiar que ocorrem as primeiras aprendizagens. Mais do que 
participar do processo de aprendizagem de seus filhos, os pais ou responsáveis pelo ser 
aprendente devem ter uma relação afetiva consistente com este, já que o processo de 
cognição envolve tanto aspectos sociais, orgânicos, pedagógicos, quanto emocionais e 
cognitivos. E isso significa que se o individuo não estiver bem em suas relações sociais, 
familiares, fora do contexto escolar; dentro da escola, seu aprendizado poderá estar 
comprometido. 
Então, família e escola devem caminhar juntas, criando oportunidades, nutrindo o 
prazer pelo aprendizado, despertando no ser aprendente quão prazeroso pode ser trilhar o 
mundo do conhecimento, quando se está disposto para isso. Mais do que parceiro, o 
 
 
 
 
 
 
44 
professor é a família do aluno dentro de sala de aula, é seu espelho, assim como os pais 
são os professores de seus filhos fora do ambiente escolar. 
Portanto, o ato cognitivo deve ser acompanhado afetivamente por todos aqueles 
que são parte deste processo e que podem contribuir para torná-lo mais prazeroso: pais e 
professores. 
DESENVOLVENDO O "ESPAÇO POTENCIAL" NAS DIFICULDADES DE 
APRENDIZAGEM 
Elizabeth Polity (adaptado) 
A este texto interessa observar o espaço que se cria nos encontros terapêuticos e 
que possibilitam o desenvolvimento das capacidades de aprendizagem, tanto do cliente 
como do terapeuta. 
Sobre o espaço potencial Winnicott afirma: "O brincar tem lugar no espaço 
potencial entre o bebê e a figura materna. Brincar desenvolve-se no espaço potencial de 
acordo com a oportunidade que o bebê tem de experenciar separação sem separação, e 
sua iniciação está associada com a experiência do bebê em desenvolver confiança na 
figura da mãe" (WINNICOTT,in ABRAM, p.226). 
Segundo o autor, quando o bebê pode "criar a figura da mãe", estabelece-se a 
experiência de ilusão. Desta experiência inicial de onipotência, surge o espaço potencial, 
que seria a "área de subjetividade" entre o bebê e a mãe, que emerge durante a fase de 
repúdio do objeto "não-eu". "A característica específica deste lugar em que se inscrevem 
o jogo e a experiência cultural é a seguinte: a existência deste lugar depende da 
experiência da vida e não das tendências herdadas" (WINNICOTT, 1967, p. 45). 
Não é um espaço transcendental nem instintivo a partir do qual compreendemos 
o mundo, mas um espaço co-construído juntamente com a nossa compreensão do mundo. 
Essa incorporação não é automática, mas gradual e deliberada, e provém de experiências 
vitais como a aprendizagem, como os exemplos e as relações intersubjetivas, que vão se 
configurando segundo a metodologia de um jogo. É a área importante da experiência 
"entre o indivíduo eo meio, esse espaço que no começo une e separa o filho e mãe, quando 
 
 
 
 
 
 
45 
o amor da mãe que se revela e se manifesta pela comunicação de um sentimento de 
segurança, outorga de fato à criança um sentimento de confiança no meio" (idem). 
Entendo ser importante perceber que é a figura mediadora (a mãe ou sua 
substituta), uma figura metapessoal, quem simboliza e introduz seu assentamento, não 
apenas biológico, mas humano no mundo. 
Pode-se pensar, então, em união e separação. Processos que serão a base para a

Outros materiais