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Curso Preparatório para a CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL CPA-10 2 Planejadora Financeira CFP ® pelo Instituto Brasileiro de Planejadores Financeiros – Planejar Certificação Especialista em Investimentos Anbima – CEA Autora dos livros: Finanças na prática: como planejar sua renda, cuidar de seu dinheiro e investir com inteligência; Mais que dinheiro: uma vida financeira saudável a partir das Escrituras; Moneybook, agenda de finanças pessoais; Finanças em família: como falar de dinheiro e enriquecer os seus filhos. Coautora dos livros: O código da inteligência financeira; Manual do crescimento; Crise para alguns, soluções para outros, Juntas Brilhamos Mais. Formada em Direito (UNIC), Pós-Graduação em Processo Civil (UNIC). MBA em Gestão Empresarial, Gestão em Marketing e Gestão Estratégica de Negócios (FGV). MBA Finanças, Investimentos e Banking, PUC-RS. Psicologia econômica e Arquitetura de Escolhas pela B3. Formação em Coaching Financeiro, Inteligência Financeira, Coaching com PNL, Planejamento Financeiro e Coaching Evolution, pelo Instituto de Coaching Financeiro. Master Coach pela International School of Coaching – Orlando, Florida, USA. Trainer em educação financeira, mercado financeiro, certificações profissionais Anbima CPA-10 e CPA-20, gestão comercial e vendas. Palestrante de educação financeira e motivação. eliane_metzner@financasnapratica.com www.financasnapratica.com www.linkedin.com/eliane-jaqueline-debesaitis-metzner www.facebook.com/FinancasNaPratica www.instagran.com/jaquemetzner Eliane Jaqueline Debesaitis Metzner, CFP® 3 Sumário 1. Sistema financeiro nacional e participantes do mercado (proporção: de 5 a 10%) ..............................................................................6 1.1 Funções Básicas ........................................................................................... 7 1.2 Estrutura ........................................................................................................ 7 1.2.1.1 Conselho Monetário Nacional – CMN............................7 1.2.1.2 Banco Central do Brasil – Bacen .................................... 7 1.2.1.3 Comissão de Valores Mobiliários – CVM .....................8 1.2.1.4 SUSEP .......................................................................................8 1.2.1.5 ANBIMA - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais ............................................ 9 1.2.1.5.1 O papel da ANBIMA e atividades desenvolvidas ........................................................................ 9 1.2.1.5.1.1 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de Certificação Continuada ......................................10 1.2.1.5.1.2 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos de Investimento ..................................11 1.2.2 Principais Intermediários Financeiros .......................................11 1.2.2.1 Bancos Múltiplos ..................................................................11 1.2.2.2 Bancos Comerciais ..............................................................11 1.2.2.3 Bancos de Investimento ...................................................11 1.2.3 Outros Intermediários ou Auxiliares Financeiros .................11 1.2.3.1 B3 S/A – Brasil, Bolsa e Balcão .......................................11 1.2.3.2 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários ........................................................................................ 12 1.2.3.3 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários ....................................................................................... 12 1.2.4 Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia (Clearing) 12 1.2.4.1 Sistema especial de liquidação e de custódia – Selic ..................................................................................................... 12 1.2.4.2 Câmara de liquidação, compensação e custódia da B3 S/A (Câmara BM&FBovespa) ............................................... 12 1.2.4.3 Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB ................ 13 2. Ética, Regulamentação e Análise do Perfil do Investidor (Proporção: de 15 a 20%) ..........................................................................14 2.1 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos de Investimento ............................................. 15 2.1.1. Definições ........................................................................................... 15 2.1.2. Objetivos ............................................................................................ 17 2.1.3. Princípios Gerais de Conduta .................................................... 18 2.1.4 Regras, Procedimentos e Controles ........................................ 18 2.1.4.1 Segurança e Sigilo das Informações ........................... 18 2.1.5 Publicidade ......................................................................................... 18 2.1.5.1 Material Publicitário ......................................................... 18 2.1.5.2 Material Técnico ................................................................. 18 2.1.5.3 Avisos Obrigatórios .......................................................... 18 2.1.6 Regras Gerais (Cap. IX) .................................................................. 19 4 2.1.6.1 Divulgação de informações por meios eletrônicos: Devem ser disponibilizados no site da Instituição ............. 19 2.1.6.2 Conheça seu cliente.......................................................... 19 2.1.6.3 Suitability ............................................................................. 19 2.1.7 Selo ANBIMA ......................................................................................20 2.1.8 Distribuição de Fundos de Investimento ................................20 2.2 Prevenção Contra a Lavagem de Dinheiro ...................................... 20 2.2.1 Legislação e regulamentação ................................................... 21 2.2.3 Modelo de abordagem baseada em risco ............................. 22 2.2.4 Ações preventivas: princípio do “conheça seu cliente” .. 24 2.3 Ética na Venda ............................................................................................ 31 2.4 Análise do Perfil do Investidor ............................................................. 31 3. Noções de Economia e Finanças (Proporção: de 5 a 10%) ........... 33 3.1 Conceitos Básicos de Economia ......................................................... 34 3.2 Conceitos Básicos de Finanças ......................................................... 36 3.2.1 Taxa de juros nominal e taxa de juros real ........................... 36 3.2.2 Taxa de juros equivalentes versus taxa de juros proporcional ............................................................................................... 37 3.2.3 Capitalização Simples versus Capitalização Composta ..37 3.2.4 Índice de referência (benchmark) aplicado a produtos de investimento ...............................................................................................37 3.2.5 Volatilidade .......................................................................................37 3.2.6 Prazo médio ponderado de uma carteira de títulos ......... 38 3.2.7 Marcação a Mercado como valor presente de um fluxo de pagamentos (apreçamento de ativos) ............................................. 38 3.2.8 Mercado Primário e Mercado Secundário ............................ 39 4. Princípios de Investimento (Proporção: de 10 a 20%) ................40 4.1 Principais Fatores de Análise de Investimentos ............................ 41 4.1.1 Rentabilidade .................................................................................... 41 4.1.2 Liquidez ...............................................................................................41 4.2 Principais Riscos do Investidor ...........................................................41 4.3 Fatores Determinantes para Adequação dos Produtos de Investimento as Necessidades dos Investidores ................................41 5. Fundos de Investimento ....................................................................... 45 5.1 Definições Legais ..................................................................................... 46 5.1.1 Fundos de Investimento (FI) e Fundos de Investimento em Cotas (FIC) ....................................................................................................47 5.1.2 Fundos Abertos e Fundos Fechados.........................................47 5.2 Dinâmica de Aplicação e Resgate ...................................................... 50 5.3 Diferenciais do Produto para o Investidor ...................................... 51 5.4 Política de Investimento .......................................................................52 5.4.4 Instrumentos de divulgação das políticas de investimento e rentabilidade .......................................................................................... 53 5.5 Carteira de Investimentos .................................................................... 53 5.6 Taxas de Administração e Outras ...................................................... 54 5.7 Classificação CVM .................................................................................... 54 5.8 Tributação ...................................................................................................56 5.9 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros ............................................ 58 2.2.5 Identificação e registros de operações ................................ 24 2.2.6 Responsabilidades administrativas e legais...................... 28 4.3.5 Finanças Pessoais.......................................................................... 422.2.2 Caracterização do crime de lavagem de dinheiro ............. 21 5 6. Instrumentos de Renda Variável e Renda Fixa (Proporção: de 15 a 25%) ..........................................................................60 6.1 Ações ..............................................................................................................61 6.2 Títulos de Crédito Imobiliário e do Agronegócio ...........................65 6.3 CDB – Certificado de Depósito Bancário ......................................... 66 6.4 Caderneta de Poupança ........................................................................ 66 6.5 Debêntures e Debêntures Incentivadas ...........................................67 6.6 Títulos Públicos ........................................................................................ 68 7. Previdência Complementar Aberta: PGBL e VGBL .........................70 7.1 Previdência Social x Previdência Privada: Avaliação da Necessidade do Cliente .......................................................................................................... 71 Simulado Capítulo 1 – Sistema Financeiro Nacional e Participantes do Mercado. ..................................................................................................76 Simulado Capítulo 2 – Ética, Regulamentação e Análise do Perfil do Investidor (Proporção: de 15 a 20%) ............................................... 81 Simulado Capítulo 3 – Noções de Economia e Finanças ..................86 Simulado Capítulo 4 – Princípios de Investimento .............................91 Simulado Capítulo 5 – Fundos de Investimento ..................................96 Simulado Capítulo 6 – Produtos de Investimento .............................102 Simulado Capítulo 7 – Previdência Privada .........................................107 Simulado Final ........................................................................................... 113 Gabarito simulado 1 ............................................................................124 Gabarito simulado 2 ...........................................................................124 Gabarito simulado 3 ...........................................................................124 Gabarito simulado 4 ...........................................................................124 Gabarito simulado 5 ...........................................................................125 Gabarito simulado 6 ...........................................................................125 Gabarito simulado 7 ............................................................................125 Gabarito simulado final CPA10 .........................................................126 Referências Bibliográficas ...............................................................126 Sistema financeiro nacional e participantes do mercado (proporção: de 5 a 10%)01. 7 1.1 Funções Básicas O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de Instituições que fazem a intermediação financeira, realizada através de captação de recursos de agentes superavitários (aplicadores) e o repasse para agentes deficitários (tomadores de crédito). Funções básicas do SFN: • Intermediação financeira, remunerando o capital do poupador e disponibilizando recursos ao tomador; • Redução do risco: o poupador avalia a segurança da instituição, e esta, através de seus mecanismos de análise de crédito, avalia e se responsabiliza pelo tomador; • Padronização dos critérios e regras para a captação e aplicação de recursos, como taxa de juros, prazos, condições. 1.2 Estrutura 1.2.1.1 Conselho Monetário Nacional – CMN Órgão máximo do SFN. Tem DNA: Delibera, Normatiza e Autoriza. É formado por três membros: Ministro da Fazenda, Ministro do Planejamento e o Presidente do Bacen. Principais Atribuições: • Regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras; • Estabelecer as medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios econômicos através de diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e creditícia; • Definir a meta de inflação no País e disciplinar todos os tipos de crédito; • Autorizar as emissões de Papel Moeda e títulos públicos; • Disciplinar todos os tipos de crédito. 1.2.1.2 Banco Central do Brasil – Bacen Principal órgão executor do Sistema Financeiro Nacional BACEN: Fiscaliza, Executa e Supervisiona. Principais atribuições: • Autoriza e fiscalizar o funcionamento das instituições financeiras; • Emite moeda (pela casa da moeda, autorizado pelo CMN) • Exerce o controle do crédito e capitais estrangeiros; • Controla o crédito e capitais estrangeiros executando a Política Monetária e Cambial; CMN é o chefe. Verbos: Regula, Estabelece, Define. 8 • Administra o Sistema de Pagamentos Brasileiro e o meio circulante; • Banco do Governo: administra as contas do Tesouro Nacional, mediante a colocação de títulos da dívida pública, e a dívida pública externa e interna. Compra e vende títulos públicos (responsável pela negociação); • Banco dos bancos: recebe os recolhimentos compulsórios dos bancos e fornece empréstimos de liquidez (Redesconto). Títulos Públicos Autoriza: CMN Emite: Tesouro Nacional Negocia: Bacen Custodia: Selic 1.2.1.3 Comissão de Valores Mobiliários – CVM Órgão voltado para o desenvolvimento do mercado de títulos e valores mobiliários. Assuntos relacionados à Bolsa, aos Fundos e a ações. Principais atribuições: • Promover medidas incentivadoras à formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; • Estimular o funcionamento das bolsas de valores e das instituições operadoras; • Proteger os interesses dos investidores de mercado; • Regular e fiscalizar qualquer tipo de Fundo de Investimento. 1.2.1.4 SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) é o órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda.O BACEN é órgão executor. O verbo autorizar nas atribuições do BACEN é utilizado como executor, após a análise das regras determinadas pelo CMN, autoriza a constituição ou liquida uma Instituição financeira. CVM: Bolsa FA: Bolsa, Fundos e Ações. O verbo regular, apesar de ser verbo de chefia, é utilizado na função de organizar, executar. 9 Atribuições da Susep: 1. Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP; 2. Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro; 3. Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados; 4. Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a eles vinculados, com vistas à maior eficiência do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema Nacional de Capitalização; 5. Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem; 6. Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado; 7. Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas; 8. Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados, e exercer as atividades que por este forem delegadas. 1.2.1.5 ANBIMA - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais Representa as Instituições Financeiras que atuam no mercado financeiro e de capitais. A adesão aos códigos é obrigatório para as Instituições filiadas. As demais entidades e Pessoas Físicas que não são associadas podem aderir aos códigos, como por exemplo um profissional que deseja fazer o teste de Certificação Profissional Anbima. Atribuições: Criou e supervisiona/conduz o cumprimento dos códigos de Regulação e Melhores Práticas das Instituições e dos Mercados. 1.2.1.5.1 O papel da ANBIMA e atividades desenvolvidas Representar: promover o diálogo, apresentar propostas, propor boas práticas de mercado; Autorregular: regras de atuação no mercado); Informar: (divulgar preços, índices, auxiliar o acompanhamento do mercado; Educar: programas de certificação, cursos para educação continuada, educação financeira). Anbima é associação, entidade de apoio à CVM. 10 o Vencimento das certificações; o Ter assinatura dos profissionais no código de ética e assegurar que o cumpram em sua totalidade; o Cuidar do aperfeiçoamento e atualização dos seus funcionários. Certificação Profissional e público-alvo: Papel da Anbima: R – A – I –E 1.2.1.5.1.1 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de Certificação Continuada seu principal objetivo é estabelecer princípios e regras para elevação e capacitação técnica dos profissionais das Instituições Participantes que desempenham as atividades elegíveis (que é a distribuição de produtos de investimento e de gestão de recursos de terceiros/Fundos de Investimento). As certificações exigidas para o desempenho das Atividades Elegíveis são obrigatórias para todos os profissionais que realizam a Distribuição de Produtos de Investimento e/ou a Gestão de Recursos de Terceiros, independentemente do cargo que ocupam na Instituição Participante (art.22). O código exige dois grandes grupos de obrigações: • Supervisão de seus profissionais. o Ter reputação ilibada o Cumprir suas obrigações • Estabelecer e implementar adequadamente os controles internos: o Identificar profissionais certificados, mantendo base de dados na Anbima atualizada; • Certificação Profissional Anbima série 10 - CPA 10: Destinado aos profissionais de instituições financeiras, com exceção dos profissionais que atendem o púbico que exige CPA 20. • Certificação Profissional Anbima série 20 - CPA 20: destinado a profissionais que atendem o varejo alta renda (não necessariamente investidores qualificados), private, corporate e investidores institucionais. • Certificação Especialista em Investimentos Anbima - CEA: Profissionais que assessoram os gerentes de contas de investidores pessoas físicas em investimentos, podendo indicar Produtos de Investimento. • Certificação ANBIMA de Fundamentos em Gestão – CFG: é uma certificação para a área de gestão de recursos de terceiros. É pré-requisito para a CGA e/ou a CGE A CFG não é obrigatória para nenhuma função e nem habilita o profissional a ser gestor. • Certificação de Gestores ANBIMA - CGA: obrigatória para Gestores de Recursos de Terceiros (fundos e carteiras administradas). • Certificação de Gestores ANBIMA para Fundos Estruturados – CGE: habilita profissionais para atuarem com gestão de recursos de terceiros em produtos estruturados. 11 1.2.1.5.1.2 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos de Investimento dispões sobre as regras de distribuição de produtos e orientação ao investidor. Mais detalhes serão vistos no Capítulo 2. 1.2.2 Principais Intermediários Financeiros 1.2.2.1 Bancos Múltiplos Realizam operações de crédito, captação e outros serviços, através das seguintes carteiras: • Comercial; • Investimentos; • Crédito Imobiliário; • Desenvolvimento (bancos públicos); • Arrendamento Mercantil (Leasing); Para que um banco seja considerado múltiplo, precisa ter no mínimo duas carteiras, sendo uma delas Comercial ou Investimento. 1.2.2.2 Bancos Comerciais Captam Depósito a Vista e Depósito a Prazo e realizam operações de crédito de Curto/Médio Prazo. 1.2.2.3 Bancos de Investimento Captam Depósito a Prazo, operações de crédito de Médio/ Longo Prazo e operações no mercado de capitais (por exemplo Ofertas públicas de ações ou debêntures). Não possuem conta corrente. 1.2.3 Outros Intermediários ou Auxiliares Financeiros 1.2.3.1 B3 S/A – Brasil, Bolsa e Balcão é uma empresa de infraestrutura para o mercado financeiro, criada em março de 2017, com serviços de negociação (bolsa de valores), pós-negociação (Câmara central depositária de ativos, compensação e liquidação e contraparte garantidora da realização das operações). BMF&Bovespa: É a única Bolsa de Valores do Brasil, com ampla oferta de produtos e serviços, tais como: Para negociar ações na Bolsa de valores, é necessário ter uma conta em uma Corretora ou Distribuidora de Títulos e Valores mobiliários. 12 negociação de Ações, Títulos de Renda Fixa, Câmbio Pronto e Contratos Derivativos referenciados em Ações, Ativos Financeiros, Índices, Taxas, Mercadorias, Moedas, entre outros; listagem de empresas e outros emissores de Valores Mobiliários, depositária de Ativos, empréstimo de Títulos e licença de softwares. As negociações são realizadas exclusivamente por meio eletrônico. 1.2.3.2 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários é uma pessoa jurídica que intermedia a compra e venda de títulos financeiros para seus clientes. Sua constituição depende de autorização do BACEN e o exercício de sua atividade depende de autorização do CVM. • Operam na Bolsa de Valores com compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários; • Administram e organizam fundos e clubes de investimento; • Intermediam operações de câmbio; • Promovem/participam lançamento público de ações. 1.2.3.3 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários As Distribuidoras não podiam operar diretamente em Bolsas de Valores, o que foi alterado pela Decisão Conjunta Bacen-CVM nº 17, de 02/03/2009. A partir de então, realiza praticamente as mesmas operações da corretora de títulos e valores mobiliários. 1.2.4 Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia (Clearing) Possuem a atribuição de garantir a liquidação financeira dos contratos, assim como de realizar a custódia de ativos, dando segurança ao investidor tanto no aspecto deguarda dos ativos, como na mitigação dos riscos de liquidação. Principal objetivo: Mitigar o risco de liquidez. 1.2.4.1 Sistema especial de liquidação e de custódia – Selic Custodia títulos públicos. (LFT; LTN; NTN-B, NTN-B Principal e NTN-F). 1.2.4.2 Câmara de liquidação, compensação e custódia da B3 S/A (Câmara BM&FBovespa) Câmara BM&Fbovespa: faz a custódia e liquida SELIC: Títulos Públicos LTN, LFT, NTN-B, NTN-F. Câmara BM&F Bovespa: Títulos Privados CDI CDB, LCI, LCA, CPR, Debêntures (Renda Fixa) e ações e derivativos (Renda Variável) 13 operações de renda fixa e variável realizadas na bolsa, atuando como contraparte central. Garantias e benefícios para o investidor: além de proporcionar um ambiente seguro e confiável de negociação, a BM&FBovespa atua como “contraparte”, ou seja, se uma das partes não honrar com os seus compromissos (entregar a ação ou depositar o valor correspondente), a operação é automaticamente realizada, transferindo a titularidade do ativo na conta de custódia se houve a venda, ou o valor da conta da corretora, se houve aquisição de ativos. 1.2.4.3 Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB É o conjunto de regras, sistemas e mecanismos utilizados para transferir recursos e liquidar operações financeiras entre empresas, órgãos governamentais e pessoas físicas. Traz segurança, agilidade e redução do risco sistêmico, desestimulando o uso de instrumentos sujeitos a compensação (cheques, DOC’s, cobrança Bancária). Executa transferências on-line: TED (Transferência Eletrônica Disponível) e transaciona valores através dos sistemas de cartões de débito e crédito. Valor mínimo de uma TED (transferência eletrônica): R$ 0,01 Valor máximo de um DOC (via compensação): R$ 4.999,99 SPB: terrível contra os riscos! Ética, Regulamentação e Análise do Perfil do Investidor (Proporção: de 15 a 20%)02. 15 A adesão aos códigos é automática e obrigatória para todas as instituições filiadas à ANBIMA, sendo que as demais Instituições podem aderir aos códigos. TODOS eles destacam: • Proteção ao investidor – equidade no atendimento deste público; • A transparência do processo de prestação de informações aos investidores; • A ética na condução dos negócios; • Aspectos relacionados à prevenção ao crime de lavagem de dinheiro; • O adequado monitoramento dos riscos a que estão sujeitas as atividades relacionadas à indústria de Fundos de Investimento. 2.1 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos de Investimento 2.1.1. Definições I. Aderente: instituições que aderem ao Código e se vinculam à Associação por meio contratual, ficando sujeitas às regras específicas deste documento; II. Agente Autônomo de Investimento ou AAI: pessoa natural ou jurídica registrada na Comissão de Valores Mobiliário, para realizar, sob a responsabilidade e como preposto da Instituição Participante, as atividades previstas no parágrafo 1º do artigo 24; III. ANBIMA ou Associação: Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais; IV. Associada ou Filiada: instituições que se associam à ANBIMA e passam a ter vínculo associativo, ficando sujeitas a todas as regras de autorregulação da Associação; V. Canais Digitais: canais digitais ou eletrônicos utilizados na Distribuição de Produtos de Investimento, que servem como instrumentos remotos sem contato presencial entre o investidor ou potencial investidor e a Instituição Participante; VI. Carta de Recomendação: documento expedido pela Supervisão de Mercados e aceito pela Instituição Participante que contém as medidas a serem adotadas a fim de sanar a(s) infração(ões) de pequeno potencial de dano e de fácil reparabilidade cometida(s) pelas Instituições Participantes, conforme previsto no Código dos Processos; VII. Código de Atividades Conveniadas: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para as Atividades Conveniadas, que dispõe sobre os convênios celebrados entre a ANBIMA e as instituições públicas; VIII. Código dos Processos: Código ANBIMA dos Processos de Regulação e Melhores Práticas que dispõe sobre a condução de processos sancionadores para apuração de descumprimento 16 às regras estabelecidas nos Códigos ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas; IX. Código: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos de Investimentos que dispõe sobre a atividade de Distribuição de Produtos de Investimento; X. Comissão de Acompanhamento: Organismo de Supervisão com competências definidas no artigo 61 deste Código; XI. Conglomerado ou Grupo Econômico: conjunto de entidades controladoras diretas ou indiretas, controladas, coligadas ou submetidas a controle comum; XII. Conheça seu Cliente: regras e procedimentos adotados pelas Instituições Participantes para conhecer seus investidores; XIII. Conselho de Distribuição: Organismo de Supervisão com competências definidas no artigo 68 deste Código; XIV. Criptografia: conjunto de técnicas para codificar a informação de modo que somente o emissor e o receptor consigam decifrá-la; XV. Distribuição de Produtos de Investimento: (i) oferta de Produtos de Investimento de forma individual ou coletiva, resultando ou não em aplicação de recursos, assim como a aceitação de pedido de aplicação por meio de agências bancárias, plataformas de atendimento, centrais de atendimento, Canais Digitais, ou qualquer outro canal estabelecido para este fim; e (ii) atividades acessórias prestadas aos investidores, tais como manutenção do portfólio de investimentos e fornecimento de informações periódicas acerca dos investimentos realizados; XVI. Estrategista de Investimentos: profissional responsável pela construção dos portfólios estratégicos e recomendações táticas dentro de cada perfil de investimento; XVII. Fundo de Investimento ou Fundo: comunhão de recursos, constituído sob a forma de condomínio, destinada à aplicação em ativos financeiros; XVIII. Fundo Exclusivo: Fundo destinado exclusivamente a um único investidor profissional, nos termos da Regulação em vigor; XIX. Fundo Reservado: Fundo destinado a um grupo determinado de investidores que tenham entre si vínculo familiar, societário ou que pertençam a um mesmo Conglomerado ou Grupo Econômico, ou que, por escrito, determinem essa condição; XX. Instituições Participantes: instituições Associadas à ANBIMA ou instituições Aderentes a este Código; XXI. Material Publicitário: material sobre Produtos de Investimento ou sobre a atividade de Distribuição de Produtos de Investimento divulgado pelas Instituições Participantes por qualquer meio de comunicação disponível, que seja destinado a 17 investidores ou potenciais investidores com o objetivo de estratégia comercial e mercadológica; XXII. Material Técnico: material sobre Produtos de Investimento divulgado pelas Instituições Participantes por qualquer meio de comunicação disponível, que seja destinado a investidores ou potenciais investidores com o objetivo de dar suporte técnico a uma decisão de investimento, devendo conter, no mínimo, as informações previstas no artigo 32 deste Código; XXIII. Organismos de Supervisão: em conjunto, Conselho de Distribuição, Comissão de Acompanhamento e Supervisão de Mercados; XXIV. Plano de Continuidade de Negócios: planos de contingência, continuidade de negócios e recuperação de desastres que assegurem a continuidade das atividades da Instituição Participante e a integridade das informações processadas em sistemas sob sua responsabilidade e interfaces com sistemas de terceiros; XXV. Produtos Automáticos: aqueles que possuem a funcionalidade de aplicação e resgate automático, conforme saldo disponível na conta corrente do investidor; XXVI. Produtos de Investimento: valores mobiliários e ativos financeiros definidos pela Comissão de Valores Mobiliários e/ou pelo Banco Central do Brasil; XXVII. Regulação: normas legais e infralegais que abrangem a Distribuição de Produtos de Investimento; XXVIII. Supervisão de Mercados: Organismo de Supervisãocom competências definidas no artigo 58 deste Código; XXIX. Termo de Compromisso: instrumento pelo qual a Instituição Participante compromete-se perante a ANBIMA a cessar e corrigir os atos que possam caracterizar indícios de irregularidades em face deste Código; e XXX. Veículo de Investimento: Fundos de Investimento e carteiras administradas constituídos localmente com o objetivo de investir recursos obtidos junto a um ou mais investidores. 2.1.2. Objetivos I. A manutenção de padrões éticos e práticas equitativas no mercado financeiro e de capitais; II. A concorrência leal; III. A padronização de seus procedimentos; IV. O estímulo ao adequado funcionamento da Distribuição de Produtos de Investimento; V. A transparência no relacionamento com os investidores, de acordo com o canal utiliza do e as características dos investimentos; e 18 VI. A qualificação das instituições e de seus profissionais envolvidos na Distribuição de Produtos de Investimento. 2.1.3. Princípios Gerais de Conduta As Instituições e seus profissionais devem cumprir todas as suas obrigações com ética e diligência, com idoneidade moral e profissional, mantendo a confiança e o bom funcionamento do sistema. Descumprimento: inexistência das regras e procedimentos ou a sua não implementação ou implementação inadequada. 2.1.4 Regras, Procedimentos e Controles Controles efetivos e consistentes, acessíveis a todos os seus profissionais, evitando conflitos de interesses, com vistas ao gerenciamento do risco. Deverá ter uma estrutura adequada ao porte de cada instituição, com qualificação técnica e experiência e autonomia e autoridade para questionar os riscos. Segregação de atividades para evitar conflitos de interesses, deve manter segregação de responsabilidades. 2.1.4.1 Segurança e Sigilo das Informações Controle de informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas, testes periódicos de segurança e treinamento para o tratamento de informações confidenciais. 2.1.5 Publicidade Materiais adequados, minimizando incompreensões e privilegiando informações necessárias para a tomada de decisão de investidores; 2.1.5.1 Material Publicitário Deve incluir, em destaque, link ou caminho direcionando os investidores ou potenciais investidores ao Material Técnico. 2.1.5.2 Material Técnico O material técnico do fundo deve possuir: I. Descrição do objetivo e/ou estratégia; II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos; III. Carência para resgate e prazo de operação; IV. Tributação aplicável; e V. Informações sobre os canais de atendimento. 2.1.5.3 Avisos Obrigatórios I. Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros; II. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos; III. O investimento em Fundo não é garantido pelo FGC; 19 IV. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos; V. “Leia o formulário de informações complementares, a lâmina de informações essenciais, se houver, e o regulamento antes de investir”. VI. Este formulário está em consonância com as disposições do Código ANBIMA de Administração de Recursos de Terceiros e com o regulamento, mas não o substitui. 2.1.6 Regras Gerais (Cap. IX) É proibido induzir os investidores a erro ao dar a entender que atuam como prestadores de serviço de consultoria independente de valores mobiliários de forma autônoma à atividade de Distribuição de Produtos de Investimento. 2.1.6.1 Divulgação de informações por meios eletrônicos: Devem ser disponibilizados no site da Instituição I. Descrição do objetivo e/ou estratégia de investimento; II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos; III. Carência para resgate e prazo de operação; IV. Nome do emissor, quando aplicável; V. Tributação aplicável; IV. Classificação do Produto de Investimento, nos termos estabelecidos pelo artigo 49 deste Código; V. Descrição resumida dos principais fatores de risco, incluindo, no mínimo, os riscos de liquidez, de mercado e de crédito, quando aplicável; e VI. Informações sobre os canais de atendimento. 2.1.6.2 Conheça seu cliente As IF devem conhecer seus investidores no início do relacionamento e durante o processo cadastral, identificando a necessidade de visitas pessoais em suas residências, seus locais de trabalho e em suas instalações comerciais. As Instituições Participantes devem manter as informações cadastrais atualizadas, de modo a permitir que haja identificação, a qualquer tempo, de cada um dos beneficiários finais, bem como do registro atualizado de todas as aplicações e resgates realizados em nome dos investidores, quando aplicável. 2.1.6.3 Suitability As Instituições Participantes não podem recomendar Produtos de Investimento, realizar operações ou prestar serviços sem que verifiquem sua adequação ao perfil do investidor. A IF deve obter: coleta de informações, classificação de perfil, classificação dos produtos de investimento, 20 procedimento operacional e comunicação com o investidor da adequação dos investimentos a seu perfil (suitability). 2.1.7 Selo ANBIMA O selo Anbima demonstra o compromisso das Instituições Participantes em atender às disposições deste Código. Não representa responsabilização pelas informações constantes dos documentos divulgados pelas Instituições Participantes, ainda que façam uso do selo ANBIMA, nem tampouco pela qualidade da prestação de suas atividades. 2.1.8 Distribuição de Fundos de Investimento As IF devem manter em seus sites as seguintes informações de fundos de investimento: I. Política de investimentos; II. Classificação de risco do Fundo; III. Condições de aplicação, amortização (se for o caso) e resgate (cotização); IV. Limites mínimos e máximos de investimento e valores mínimos para movimentação e permanência no Fundo; V. Taxa de administração, de performance e demais taxas; V. Rentabilidade, observado o disposto nas regras de Publicidade previstas nos anexos do Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros, quando aplicável; VI. Avisos obrigatórios, observado o disposto nas regras de Publicidade previstas nos anexos do Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros, quando aplicável; e VII. Referência ao local de acesso aos documentos do Fundo com explicitação do canal destinado ao atendimento a investidores. Para saber mais, leia o Código de Distribuição disponível no site da Anbima. Os códigos de autorregulação buscam transparência, ética e proteção ao investidor. 2.2 Prevenção Contra a Lavagem de Dinheiro Em 1988, a Organização das Nações Unidas aprovou a Convenção de Viena, onde os participantes se comprometeram a se esforçar para penalizar a conversão, transferência, ocultação ou encobrimento de bens provenientes de atividades ilícitas relacionadas a crimes, inicialmente tráfico de drogas, terrorismo e corrupção e depois ampliado para qualquer crime antecedente que levasse a uma vantagem financeira ilícita. 21 2.2.1 Legislação e regulamentação A Lavagem de dinheiro é regulamentada pela Lei 9.613, alterada pela lei 12. 683/12, conhecida por “Lei de Prevenção e ao combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (PLD/FT)”. A Lei nº 13.810/19 e sua regulamentação fortaleceram o sistema de combate à lavagem de dinheiro, estabelecendo sanções como a indisponibilidade de ativos de pessoas físicas e jurídicas. A Circular nº 3.978/2020 dispõe sobre a política, procedimentos e controles internos a serem adotados pelas instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil visando à prevenção da utilização do sistema financeiro para a prática dos crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores. Lavagem de dinheiro é o processo pelo qual o criminoso transforma recursos ganhos em atividades ilegais em ativos com uma origem aparentemente legal. O número das leis, decretos e circulares não costuma ser cobrado nas provas. 2.2.2. Caracterizaçãodo crime de lavagem de dinheiro É crime de lavagem de dinheiro “ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de qualquer infração penal”. O processo de lavagem de dinheiro tem, normalmente, três etapas: 1. Colocação: é a fase de ingresso do dinheiro no sistema econômico, onde o dinheiro passa pelo caixa ou balcão dos bancos. Também é considerado como colocação a compra de bens (compra em espécie de joias, obras de arte, carros, imóveis, etc.) ou instrumentos negociáveis (outras moedas), sem que haja o depósito anterior, pois é onde o recurso entra na economia. 2. Ocultação: Visa dificultar o rastreamento em caso de investigações, ou confundir o rastreamento por meio de transferências e/ou aplicações múltiplas. Pode ser utilizado empresas fictícias ou os famosos “laranjas”, pessoas que emprestam ou alugam seus nomes para as movimentações, para a colocação inicial ou mesmo nas transferências. 22 3. Integração: é a fase onde o dinheiro volta à economia, agora com origem aparentemente legítima. Penalidade para quem pratica o crime: reclusão de 3 a 10 anos, e multa. O crime é afiançável, ou seja, se houver prisão anterior ao julgamento, o juiz pode estabelecer fiança para que o acusado responda o processo em liberdade, desde que não haja risco de fuga e destruição de provas. A lei estabelece as situações em que os valores podem ser abatidos da multa da condenação ou se haverá perda dos valores pagos por fiança. “As mesmas penas são aplicáveis também aos agentes que possibilitaram a ocorrência da lavagem de dinheiro em todo o seu ciclo”. Por isso incorre na mesma pena quem: • Ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal, os converte em ativos lícitos, comercializa ou os guarda. • Utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal ou for sócio de empresa que o faz. A pena poderá ser reduzida de um a dois terços, ou ser aplicada pena administrativa se o autor, coautor ou participante colaborar espontaneamente com as autoridades (delação premiada). A pena poderá ser aumentada de um a dois terços se praticada de forma reiterada ou por organização criminosa. 2.2.3 Modelo de abordagem baseada em risco As instituições supervisionadas pelo Banco Central do Brasil devem implementar e manter política de prevenção de práticas de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo. 23 A política de prevenção de lavagem de dinheiro deve conter a definição de: a. Papéis e responsabilidades. b. Procedimentos de avaliação e análise prévia de novos produtos e serviços, e utilização de novas tecnologias. c. Avaliação interna de risco. d. Verificação do cumprimento da política, procedimentos e controles internos da mesma, assim como a identificação e a correção das deficiências verificadas. e. Promoção de cultura organizacional, contemplando funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados. f. Seleção e a contratação de funcionários e de prestadores de serviços terceirizados, tendo em vista o risco de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo. g. Capacitação dos funcionários sobre o assunto. Também deverá definir as diretrizes para implementação de procedimentos de: a) Coleta, verificação, validação e atualização de informações cadastrais de funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados; b) Registro de operações e de serviços financeiros; c) Monitoramento, seleção e análise de operações e situações suspeitas; e d) Comunicação de operações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). As instituições devem indicar formalmente ao Banco Central do Brasil um diretor responsável pela PLD/FT. Da avaliação interna de risco As instituições supervisionadas pelo BCB devem realizar avaliação interna com o objetivo de identificar e mensurar o risco de utilização de seus produtos e serviços na prática da lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo. A avaliação interna deve considerar, no mínimo, os perfis de risco: I. Dos clientes; II. Da instituição, incluindo o modelo de negócio e a área geográfica de atuação; III. Das operações, transações, produtos e serviços, abrangendo todos os canais de distribuição e a utilização de novas tecnologias; e IV. Das atividades exercidas pelos funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados. A avaliação interna de risco deve ser revisada a cada dois anos, bem como quando ocorrerem alterações significativas nos perfis de risco. 24 2.2.4. Ações preventivas: princípio do “conheça seu cliente” O princípio “conheça o seu cliente” determina que as Instituições Financeiras devem manter cadastros atualizados com o objetivo de verificar a procedência dos valores, assim como acompanhar as movimentações financeiras, proporcionando a possibilidade de identificação das suspeitas no crime de lavagem de dinheiro. Função do cadastro: auxiliar a identificação da origem e destinação dos recursos. Implicações de um cadastro desatualizado: a análise da capacidade financeira fica comprometida, pois não há dados suficientes para verificar as movimentações financeiras. Prazo para a guarda dos documentos: 05 anos da conclusão da transação ou do encerramento da conta. Pessoas Expostas Politicamente (PEPs) As Instituições devem manter registro de seus clientes que forem pessoas politicamente expostas. Consideram-se pessoas expostas politicamente os detentores de mandatos eletivos dos Poderes Executivo e Legislativo da União, Estados e Municípios, ministros, assessores, membros de tribunais, procuradores-gerais, presidentes e tesoureiros de partidos políticos, presidentes de entidades da administração pública indireta estadual e distrital e os presidentes de Tribunais de Justiça, Militares, de Contas ou equivalente de Estado e do Distrito Federal. 2.2.5. Identificação e registros de operações As instituições financeiras devem manter registros de todas as operações realizadas, produtos e serviços contratados, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, recebimentos e transferências de recursos. Estão sujeitas ao controle da lavagem de dinheiro: Pessoas Físicas e Jurídicas que exercem a gestão de recursos de terceiros, sendo entidades reguladas e supervisionadas pelo Sistema Financeiro Nacional e entidades não pertencentes ao SFN, mas que respondem ao COAF por movimentarem recursos de terceiros: 25 I. Entidades reguladas e supervisionadas pelo Sistema Financeiro Nacional: Os participantes do sistema financeiro nacional, supervisionados pelo Bacen (Bancos, Cooperativas de Crédito, financeiras, corretoras instituições de pagamentos, administradoras de consórcio, fintech, etc.), CVM (bolsas, corretoras, administradores de fundos, consultores e auditores de valores mobiliários, etc.) e demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros. Possuem a obrigação de registro e comunicação: 1. Registro: As Instituições devem manter registros de todas as operações realizadas, produtos e serviços contratados, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, recebimentos e transferências de recursos. Se o cliente for Pessoa Jurídica, a identificação deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários. As operações em espécie com valor superior a R$ 2.000,00 devem ser registradas internamente com dados do portador e destinatário (nome, CPF/CNPJ). As operações acima de R$ 50.000,00 em espécie devem conter, além do nome e CPF/CNPJ do portador dos recursos e destinatário, o tipo de operação, valor, data, canal e origem dos recursos. 2. Comunicação: As instituições deverão comunicar ao COAF: 1. As operações suspeitas de qualquer valor. São operações suspeitas: I. Aquelasincompatíveis com a renda, ocupação profissional e situação patrimonial. II. Operações com oscilações significativas em volume ou frequência. III. Operações sem fundamentação econômica. IV. Operações com indicio de burla a procedimentos padrões. As transferências internacionais deverão ser previamente comunicadas à instituição financeira, e se não tiver justificativa da origem dos fundos envolvidos ou se forem incompatíveis com o cadastro, deverão ser comunicados ao COAF. 26 Movimentações em espécie: saques, pagamentos, recebimentos e transferências de recursos, por meio de qualquer instrumento, contra pagamento em espécie, assim como também a solicitação de provisionamento de saques em espécie de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais). São chamadas de comunicações automáticas, pois não dependem de análise, devem ser comunicadas indistintamente. 2. Após receber as denúncias, o COAF faz averiguações preliminares, e proporá a instauração do processo administrativo sancionador ou determinará o seu arquivamento. As comunicações de boa-fé não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa. Veja a lista completa das pessoas físicas, jurídicas e entidades que estão sujeitas à lavagem de dinheiro, de acordo com a Lei 9.613: Art. 9º. Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não: I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; III - a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários. Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações: I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do mercado de balcão organizado; II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização; II. Entidades não pertencentes ao SFN, mas regulados pelo COAF: Também possuem a obrigatoriedade de manter registro das operações e comunicar ocorrências suspeitas: corretoras de imóveis, pessoas físicas e jurídicas que comercializam bens de alto valor, transporte altos valores, cartórios, representantes de atletas e artistas, feiras, ou seja, gestão ou intermediação de recursos de terceiros. 27 III - a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários. Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações: I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do mercado de balcão organizado; II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização; III - as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços; IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos; V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas de fomento comercial (factoring) e as Empresas Simples de Crédito (ESC); VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado; VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas, ainda que de forma eventual; VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros; IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo; X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis; XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antiguidades. XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie; XIII - as juntas comerciais e os registros públicos; 28 XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações: a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza; b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobiliários; d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas; e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas ou artísticas profissionais; XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares; XVI - as empresas de transporte e guarda de valores; XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou animal ou intermedeiem a sua comercialização; XVIII - as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País. 2.2.6 Responsabilidades administrativas e legais. O COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras é a UIF - Unidade de Inteligência financeira no Brasil. É a entidade responsável por receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas. Também aplica penas administrativas. Sua missão é “prevenir a utilização dos setores econômicos para a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, promovendo a cooperação e o intercâmbio de informações entre os Setores Público e Privado”. 29 Processo Administrativo Sancionador (PAS) O Processo Administrativo Sancionador (PAS) é o instrumento de supervisão do COAF instaurado com o fim de apurar responsabilidades e, se for o caso, aplicar penalidades por infrações administrativas, praticadas por pessoas físicas e jurídicas supervisionadas pelo Coaf. São asseguradas às partes o direito à ampla defesa e ao contraditório. O processo é julgado, na forma do Regimento Interno. Contra as decisões, pode ser apresentado recurso ao Coaf e endereçada ao presidente do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), órgão de segunda e última instância administrativa. As pessoas sujeitas ao controle da lavagem de dinheiro poderão receber as seguintes penalidades: I – Advertência; II - Multa não superior a: a) Ao dobro do valor da operação; b) Ao dobro do lucro que presumidamente acarretaria a operação; c) Ao valor de R$ 20 milhões; III- Inabilitação temporária até 10 anos; IV – Cassação da autorização de funcionamento. As autoridades policiais, Receita Federal e Ministério Público atuam conjuntamente ao COAF no combate ao crime e recuperação do patrimônio, e podem compartilhar dados sigilosos entre si. Terão acesso aos dados cadastrais do investigado, como qualificação pessoal, filiação e endereço, independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, Instituições Financeiras, provedores de internet e administradorasde cartão de crédito. Reclusão de 3 a 10 anos Multa Advertência Multa Inabilitação temporária Cassação da autorização de funcionamento Penalidades para quem pratica Penalidades para quem tem o dever de controlar 30 Indisponibilidade de bens, direitos e valores em decorrência de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) foi criado em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais. É ele que autoriza sanções econômicas, o envio de missões de paz e o uso da força quando necessário. No Brasil, a Lei nº 13.810/19 dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança da ONU, como a indisponibilidade de ativos de pessoas físicas, jurídicas e de entidades investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados. Eventuais tentativas de transferências de bens indisponíveis por suspeita de terrorismo deverão ser comunicadas ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, aos órgãos reguladores ou fiscalizadores e ao COAF. Listas restritivas Para facilitar a identificação de operações suspeitas, há listas restritivas, com a relação de pessoas e entidades que tiveram alguma ligação ou suspeita de atos terroristas. Visam proibir, restringir ou constranger transações financeiras, comerciais, de serviço ou de tecnologia envolvendo os setores ou pessoas das relações, podendo inclusive haver o congelamento de bens e ativos de um indivíduo ou entidade. Há diversas listas restritivas, nacionais e internacionais. As listas restritivas podem conter nomes de pessoas e entidades que supostamente tenham ligação com o terrorismo, setores, atividades e tipos de transação proibidos, e até listar países que se encontram sob sanções. Princípio do “conheça seu parceiro” Os setores obrigados à Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, instituições financeiras e atividades como seguradoras, transações de imóveis, bens de luxo, precisam certificar-se de que não apenas a atividade da instituição esteja correta, mas também a de seus clientes e parceiros. 31 2.3 Ética na Venda Um vendedor ou consultor ético tem foco no relacionamento com o cliente e não apenas no produto que vende. Seu foco é relacionamento de longo prazo, quer vender hoje e continuar vendendo ao longo do tempo. Isso só será possível se fortalecer a confiança que o cliente deposita nele, através de orientações éticas e comprometidas. Venda Casada: É proibido condicionar/obrigar a contratação de quaisquer operações à realização de outras operações, ou à aquisição de outros bens e serviços. Restrições do investidor: Todo profissional que vende produtos de investimento deve procurar seguir um Processo de Avaliação do cliente visando adequar melhor os objetivos e as necessidades dos clientes aos produtos: 1. Conhecimento do produto; 2. Tolerância a Risco; 3. Idade; 4. Horizonte de Tempo. 2.4 Análise do Perfil do Investidor A Instrução CVM 539 dispõe sobre o dever de verificação da adequação dos produtos, serviços e operações ao perfil do cliente, também constante no Código de distribuição de produtos de investimento. Esta prática é chamada de Suitability e é obrigatória às pessoas habilitadas a atuar como integrantes do sistema de distribuição e os consultores de valores mobiliários (Ex.: fundos, ações). A metodologia de captação de informações, Análise do Perfil de Investidor, deve considerar três itens: I. o produto, serviço ou operação é adequado aos objetivos de investimento do cliente; • o período em que o cliente deseja manter o investimento; • as preferências declaradas do cliente quanto à assunção de riscos; • as finalidades do investimento. II. a situação financeira do cliente é compatível com o produto, serviço ou operação; • o valor das receitas regulares declaradas pelo cliente; • o valor e os ativos que compõem o patrimônio do cliente; e O princípio “Conheça o seu Parceiro” é a obrigação de conhecer o parceiro comercial, inclusive correspondentes no país e no exterior, com o objetivo de prevenir a realização de negócios com contrapartes inidôneas ou suspeitas de envolvimento com atividades de lavagem de dinheiro ou financiamento do terrorismo, bem como de assegurar que eles possuam procedimentos adequados de PLD/FT, quando aplicáveis. 32 • a necessidade futura de recursos declarada pelo cliente. III. o cliente possui conhecimento necessário para compreender os riscos relacionados ao produto, serviço ou operação. • os tipos de produtos, serviços e operações com os quais o cliente tem familiaridade; • a natureza, o volume e a frequência das operações já realizadas pelo cliente no mercado de • valores mobiliários, bem como o período em que tais operações foram realizadas; e • a formação acadêmica e a experiência profissional do cliente. • (o item III não se aplica à pessoa jurídica) Perfis: d. Conservador: Não aceita assumir riscos no principal, prefere ganhar pouco mas sem oscilações significativas; e. Moderado: Aceita assumir médios riscos no curto prazo para ganhar um pouco mais; f. Arrojado ou agressivo: Disposto a correr grandes riscos para obter ganhos maiores. É vedado recomendar produtos ou serviços ao cliente quando: I. o perfil do cliente não seja adequado ao produto ou serviço; II. não sejam obtidas as informações que permitam a identificação do perfil do cliente; III. as informações relativas ao perfil do cliente não estejam atualizadas. E se o investidor se negar a responder ou não acatar a recomendação? • O consultor deverá alertar o investidor dos riscos e adequação ao perfil; • O investidor deve prestar declaração expressa de sua decisão. A API deve ser aplicada em intervalos não superiores a 24 meses, a todos os investidores. Não se aplica se: 1. Pessoa Jurídica do segmento middle e corporate; 2. União, Estados e Municípios quanto a seus recursos; 3. Distribuição de poupança, fundo simples e CDB de resgate automático. Os questionários devem ser guardados pelo prazo de 5 anos, por meio físico ou eletrônico. A não observância da aplicação do API constitui falta grave à Instituição Financeira. Noções de Economia e Finanças (Proporção: de 5 a 10%)03. 34 3.1 Conceitos Básicos de Economia Produto Interno Bruto (PIB): É o conjunto da produção final de bens e serviços realizada em território nacional, independente da nacionalidade dos agentes econômicos, num determinado período de tempo. O índice considera o valor dos bens e serviços adicionados, de modo a não calcular a mesma coisa duas vezes. Com isso, a matéria- prima usada na fabricação é descontada do valor final. Componentes do PIB (sob a óptica da despesa): C - consumo privado ou das famílias I - Investimentos privados das empresas. G - gastos públicos do governo. Depende da arrecadação fiscal. X - volume de exportações M - volume de importações A expressão X-M (exportações menos importações) pode ser substituída por NX: Inflação: É uma elevação do nível geral de preços. Os índices de inflação mostram o comportamento da variação dos preços dos bens e serviços. IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo: Cálculo: produtos e serviços consumidos pelas famílias com rendas de 1 a 40 salários mínimos, nas principais regiões metropolitanas do Brasil. Calculado e divulgado pelo IBGE; Utilizado como referência para meta da inflação, definida pelo CMN para o Copom (Comitê de política monetária) que tem a função de determinar a taxa básica de juros SELIC META. IGP-M : Índice Geral de preços – médio O IGP-M é a média ponderada de três índices: IPA(60%) + IPC (30%) + INCC(10%). É calculado e divuldago pela FGV, utilizando como base de cálculo o as variações medidas entre o dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência. IPCA: índice oficial da inflação no Brasil. Mede o CONSUMO de determinada faixa de renda nas principaiscidades do país. IGPM: média ponderada de três índices, onde o principal peso é ATACADO. Ptax: A Taxa de câmbio é a equivalência de uma moeda em relação a outra. A Taxa PTAX é a taxa média das taxas de câmbio em relação ao Real. Y= C + I + G + X – M (todos somam menos M) 35 Regimes cambiais: Arranjos sem moeda distinta: países abrem mão de sua própria moeda. Controlado ou fixo: o governo define a cotação da moeda, também chamado de âncora cambial. Ex.: China. Flutuante: o mercado livremente define a cotação das moedas, pela lei da oferta e demanda. Exemplo: Estados Unidos. Flutuante administrado (ou sujo): o mercado livremente define a cotação das moedas, pela lei da oferta e demanda. No entanto, em caso de desiquilíbrio, o governo intervém comprando ou vendendo a moeda para reestabelecer o equilíbrio entre elas. Ex. Brasil. Taxa cambial desvalorizada: bom para o exportador e ruim para o importador. Também dificulta o controle da inflação; Taxa cambial valorizada: ruim para o exportador e bom para o importador. Facilita o controle da inflação. Ex.: Ontem precisava-se de R$ 4,30 para se comprar 1 Dólar. Hoje precisa-se de R$ 4,20. O Real VALORIZOU-SE frente ao Dólar. É preciso menos Reais para se comprar 1 dólar. COPOM: O COPOM tem o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros básica da economia. Os objetivos do COPOM são: • Implementar diretrizes de política monetária, • Analisar o Relatório de Inflação, • Definir a meta da taxa SELIC e seu eventual viés (tendência). O COPOM analisa o IPCA para definir a SELIC Meta. A taxa básica de juros é uma forma do governo regular a liquidez do mercado. Com taxas altas, os consumidores compram menos, fazem menos empréstimos e os bancos restringem o crédito, reduzindo a inflação e impactando negativamente o crescimento do país. CMN: meta da inflação. COPOM: Meta da taxa de juros (Selic.Meta). Meta Selic: instrumento de controle da inflação. TAXA CAMBIAL DESVALORIZA VALORIZA Importador Ruim Bom Exportador Bom Ruim Controle Inflação Dificulta Facilita 36 Com taxas mais baixas, os consumidores aquecem a economia, com mais empréstimos e comprando mais, aumentando o crescimento do país e também a inflação. O grande desafio é crescer com a menor taxa de juros e inflação possível. Taxa SELIC – Meta – Divulgada pelo COPOM, é expressa na forma anual para 252 dias úteis e representa o nível de taxa de juros que o governo considera adequada para atingir a meta de inflação definida pelo CMN. Taxa SELIC – Over ou diária - É a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e registradas no sistema SELIC. Expressa na forma anual para 252 dias úteis, é a taxa efetivamente praticada no mercado, que irá remunerar os títulos indexados à taxa SELIC. Operações compromissadas – Dão origem à taxa SELIC Over: Banco A vende um título público hoje (D+0) com o compromisso de recomprá-lo amanhã (D+1). O comprador pode ser outro Banco ou o Banco Central. Registradas na SELIC. CDI Certificado de Depósito Interfinanceiro: São operações realizadas entre bancos com o objetivo de captar recursos, geralmente para suprir insuficiência de liquidez. TAXA DI - A taxa média do CDI, divulgada diariamente pela Bovespa Fix/LTN, tem como base as operações de Depósitos Interfinanceiros, pactuadas por um dia útil e registradas no sistema da Bovespa Fix/CETIP. Sua taxa é expressa ao ano, considerando 252 dias úteis. *Depósito Interfinanceiro: Operações realizadas entre Instituições Financeiras. Diariamente há bancos com excesso de recursos e outros com falta de recursos, que realizam operações entre si. TR – taxa referencial, calculada a partir da média das taxas praticadas nas LTN- Letras do tesouro nacional. Sobre esta taxa, a TBF, aplica-se um redutor, resultando a TR. 3.2 Conceitos Básicos de Finanças 3.2.1 Taxa de juros nominal e taxa de juros real Taxa de juros Nominal é a taxa visível aos participantes de uma transação. Taxa de juros Real é a taxa de juros nominal desconsiderando a inflação por um de seus índices (IPCA, IGP-M etc...). A TR é formada a partir da média das LTNs. 37 3.2.2 Taxa de juros equivalentes versus taxa de juros proporcional Equivalente: Utilizada em capitalização composta; CE Ex: 2% a.m é equivalente a 26,82% a.a. Proporcional: Basta multiplicar ou dividir a taxa entre períodos; Ex: 2% a.m é proporcional a 24% a.a. SP 3.2.3 Capitalização Simples versus Capitalização Composta Juros Simples incide sobre o capital inicial. Linear. J= VP x i x n (juros simples é igual a valor presente vezes taxa- linear, dividida por 100, vezes tempo) Juros compostos incide sobre capital inicial + juros de cada período. Exponencial. J= VP x (1+i)^n – 1 e VF= VP x (1+i)^n (a taxa sempre tem que estar dividida por 100) Juro simples é maior: quando a unidade de tempo requerida é menor que a unidade de tempo em que a taxa está expressa. Exemplo: taxa ao mês para dia. Juro composto é maior: quando a unidade de tempo requerida é maior que a unidade de tempo em que a taxa está expressa. Exemplo: taxa ao mês para ano. 3.2.4 Índice de referência (benchmark) aplicado a produtos de investimento Este termo é utilizado quando um índice de mercado conhecido é escolhido como objetivo ou parâmetro de avaliação da gestão dos fundos de investimento, permitindo a comparação entre os mesmos. Exemplo: Fundos de renda fixa: CDI, Selic, IGP-M. Fundos de renda variável: Ibovespa, IBR-X. 3.2.5 Volatilidade É uma medida de risco que indica a intensidade da oscilação de preços de um ativo ou carteira de ativos. Quanto mais volátil, maior o risco de um ativo ou carteira. A expectativa de rendimento será proporcionalmente maior. Observação: Você só aceita correr um risco maior (volatilidade) se tiver uma probabilidade de rendimento maior, que compense o risco incorrido. 38 3.2.6 Prazo médio ponderado de uma carteira de títulos É o prazo médio ponderado do valor presente dos títulos de uma carteira de renda fixa, descontados pela taxa de juros vigente, pelos seus respectivos prazos a decorrer até o vencimento. Porque é importante conhecer o prazo médio de uma carteira? • Ele determinará maior ou menor grau de exposição ao risco de mercado. • Uma carteira de títulos de taxa prefixada está exposta ao risco da elevação da taxa de juros. A carteira estará tanto mais exposta a esse risco quanto maior for o prazo médio de seus ativos. • As carteiras de prazo mais longo se caracterizam por apresentarem maiores oscilações de preço. Por serem mais arriscadas, no longo prazo tendem a apresentar maior rentabilidade. 3.2.7 Marcação a Mercado como valor presente de um fluxo de pagamentos (apreçamento de ativos) As Instituições Participantes devem utilizar a marcação a mercado (MaM) no registro dos ativos de todos os fundos de investimento que administrem. Este procedimento consiste em registrar todos os ativos, para efeito de valorização e cálculo de cotas dos fundos de investimento, pelos preços negociados no mercado. Marcação a Mercado é reconhecer o valor do ativo no momento presente, independentemente de seu valor de aquisição. O principal objetivo da MaM é evitar a transferência de riqueza entre os cotistas dos Fundos de Investimentos, além de dar maior transparência aos riscos embutidos nas posições. Exemplo: Joao tem um cheque pré-datado para 30 dias de R$ 1.000,00 e pede para seu amigo Pedro trocar para ele (empréstimo). Pedro cobra 3%, e lhe dá R$ 970,00. Mais tarde se arrepende, e resolve passar o cheque adiante. Encontra Maria, que cobra 5%, e paga R$ 950,00 para Pedro. Mais tarde Maria encontra Sebastião, que cobra 2%. Então Maria vende o cheque por R$ 980,00. Marcação a mercado: valor do título negociado no mercado, independente do preço de aquisição ou vencimento. 39 À medida que a taxa de juros sobe, o valor de mercado do títulocai, porque não haverá investidores dispostos a aceitar a remuneração original do título, se no mercado há títulos mais rentáveis. O raciocínio é o mesmo para quando a taxa de juros de mercado cair. O preço do título se elevará. Exemplo de marcação a mercado com título público: Um título Público Tesouro IPCA+ paga 6% ao ano mais o IPCA. São emitidos novos títulos a 8% + IPCA. Qual deles você compraria? Para que um Tesouro IPCA+ com o rendimento menor que o mercado atual se torne atrativo, terá que ser vendida com deságio. Por exemplo, se seu valor de face é R$ 1.000,00, terá que ser vendida por R$ 900,00, por exemplo, e os R$ 100,00 de deságio mais os 6% empatará com os 8% que o mercado está exigindo. Não se pode modificar o cupom original deste papel, então resta vendê-lo por um preço menor, que garanta ao seu novo titular a remuneração vigente de mercado. 3.2.8 Mercado Primário e Mercado Secundário Mercado primário: é quando o emissor do título coloca à venda os seus papéis, ou os recompra (aplicação e resgate). Exemplo: uma empresa emite uma debênture para captar recursos para um projeto de investimento. Sua função é captar recursos para o emissor. Mercado secundário: quando um investidor vende a outro investidor os papéis, não há entrada ou saída de caixa do emissor. Exemplo: Um título público possui vencimento em 2035 (mercado primário, resgate). O investidor que o detém poderá vendê-lo no mercado secundário para outro investidor, não haverá fluxo de caixa do emissor. Sua função é proporcionar liquidez ao mercado. Valor de face Juros Valor a mercado R$ 1.000,00 3% R$ 970,00 R$ 1.000,00 5% R$ 950,00 R$ 11.000,000 2% R$ 980,00 Princípios de Investimento (Proporção: de 10 a 20%)04. 41 4.1 Principais Fatores de Análise de Investimentos 4.1.1 Rentabilidade Absoluta: Rentabilidade medida em valores ou percentual. Relativa: Comparada a um benchmark de mercado. Bruta: não está descontado os impostos. Líquida: descontado os impostos (não é utilizado este termo habitualmente). 4.1.2 Liquidez Capacidade de transformar um investimento em dinheiro, a qualquer momento, por preço justo. A falta de liquidez faz com que seja difícil vender um ativo. 4.2 Principais Riscos do Investidor Risco de Crédito: O devedor pode não honrar seus compromissos (inadimplência); Risco de Mercado: Oscilações das taxas de juros ou preço de um ativo (Volatilidade); Risco de Liquidez: Dificuldade da conversão de investimento em moeda (negociação). Risco de mercado externo: O mercado externo interfere diretamente no comportamento dos ativos nacionais. Eventos como alteração na taxa de juros de outros países, taxa de câmbio, questões internacionais tributárias, regulatórias e legais, questões políticas internacionais podem acarretar em valorização ou desvalorização dos ativos nacionais. Relação entre risco X retorno X liquidez Quanto maior o risco, maior a probabilidade de retorno; Quanto menor a liquidez, maior a probabilidade de retorno; Quanto menor a liquidez, maior a probabilidade de risco de mercado. 4.3 Fatores Determinantes para Adequação dos Produtos de Investimento as Necessidades dos Investidores Objetivos de investidor: Um investimento é realizado com um objetivo de acumulação de capital, e cada objetivo traz uma necessidade e uma indicação de produtos. 42 Risco e retorno são proporcionais. Quanto maior a expectativa de rentabilidade, maior será o risco. O grande desafio do investidor é buscar investimentos de maior rentabilidade e menor riscos. Horizonte de tempo: O investidor, ao definir sua carteira de acordo com os seus objetivos, possui horizontes de tempo para cada um deles, ou seja, um prazo para a utilização do recurso. Exemplos: • Reservas para emergência precisam ter liquidez diária, ou horizonte de tempo curto, porque podem ser utilizados a qualquer momento. • Aposentadoria: o horizonte deve ser superior a 10 anos, para ter tempo de juntar o montante e buscar rentabilidade compatível aos objetivos. • Ações: horizonte de tempo superior a 2 anos, pois pode haver períodos de oscilações e é preciso ter tempo para escolher o melhor momento de aplicar ou resgatar. Risco em ações A diversificação é a estratégia de investir em ativos de mercados diferentes, para se proteger quanto a possíveis eventualidades em um segmento. Uma carteira eficientemente diversificada reduz o seu risco total. Risco sistemático: Fatores externos. Mudanças na economia nacional e internacional. Atinge o mercado em maior ou menor escala. Não diversificável. Risco não-sistemático/ específico: Fatores de um setor da economia ou específicos de uma empresa. Risco diversificável. 4.3.5 Finanças Pessoais O orçamento pessoal ou familiar são importantes ferramentas da gestão das finanças pessoais. Permite controlar melhor o dinheiro e planear o futuro com segurança e confiança. O primeiro passo é identificar todos os rendimentos e todas as despesas. Esta tarefa consiste em calcular quanto se ganha e quanto se gasta. Itens que devem ser previstos: • Receitas: qual a estimativa de recebimento anual e mês a mês, entradas periódicas e eventuais; Risco sistemático: não diversificável, não dá pra se proteger do sistema. Risco não sistemático ou específico: diversificável, os ovos em várias cestas. 43 • Despesas: Separar despesas de manutenção e consumo, assim como as despesas fixas e variáveis; • Investimentos: o orçamento familiar deve prever uma parcela para os investimentos, não inferior a 10%, para a formação de reservas para emergências, aposentadoria e projetos; • Dívidas: valor comprometido com parcelas de bens duráveis, como automóvel, imóveis e outros débitos. As dívidas não devem ultrapassar 30% da renda. Além do orçamento familiar, é importante fazer o acompanhamento das receitas e despesas mensais, ou seja, do fluxo de caixa, as reais entradas e saídas, para as devidas adequações e ajustes. Balanço Patrimonial Assim como as empresas fazem seu balanço, as pessoas físicas devem fazer seu levantamento patrimonial, anotando todos os seus bens e dívidas, onde a diferença será seu patrimônio líquido. Ativos: todos os bens, calculados pelo seu valor de mercado; Passivos: todas as dívidas, formais e informais; Patrimônio Líquido: diferença entre o ativo (bens) e o passivo (obrigações). Para fechar a contabilidade, igualar ativos e passivos, o PL é classificado como Passivo, de propriedade do dono. Cálculo do Índice de endividamento (ou Grau de de endividamento GE): O endividamento pode ser calculado de duas formas: a. Índice de endividamento mensal: 2. Some todas as suas dívidas (parcelas mensais); 3. Calcule o seu salário mensal líquido; 4. Divida o total das dívidas pelo salário. 5. Encontrou seu índice de endividamento mensal! b. Índice de endividamento patrimonial: é obtido através do cálculo das dívidas totais pelo total dos bens. 1. Some o total das dívidas; 2. Some o total dos bens; Patrimônio Líquido = Bens – dívidas Ou Ativos - Passivos O índice de endividamento mensal, para ser considerado administrável, não pode ser superior a 30% da renda líquida. 44 3. Divida o total das dívidas pelo total dos bens, encontrando o índice de endividamento patrimonial. Fluxo de caixa e situação financeira Nem sempre ocorre o recebimento das receitas geradas durante o mês. Pode haver parcelamento ou então inadimplência. Da mesma forma, as despesas realizadas em um mês podem ter vencimento em meses seguintes, através de prazo ou parcelamentos. Por estes motivos, é importante ficar atendo ao fluxo de caixa: entradas e saídas efetivamente realizadas no período. O descuido com o fluxo de caixa pode acarretar em problemas financeiros, com o não recebimento de receitas por trabalhos já realizados ou pelo acúmulo de despesas realizadas a prazo. Este é mais um motivo para que haja uma reserva, para eventuais desencaixes ou emergências. Se o índice de endividamento patrimonial (GE) for superior