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1 2 SUMÁRIO 1 TERAPIA NUTRICIONAL ........................................................................... 5 1.1 Terapia Nutricional Enteral (TNE) ........................................................ 7 1.2 Terapia Nutricional Enteral Domiciliar (TNED) ................................... 10 1.3 Terapia Nutricional Parenteral (TNP) ................................................. 11 1.4 O alimento como fator social .............................................................. 13 2 O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA TERAPIA NUTRICIONAL .......................................................................................... 13 2.1 Competências do Nutricionista Clínico: .............................................. 15 2.2 Competências do Nutricionista na sala de preparo da nutrição enteral ............................................................................................................16 3 ATRIBUIÇÕES GERAIS DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE TERAPIA NUTRICIONAL .......................................................................................................... 17 4 BENEFÍCIOS DO PROCESSO DE QUALIDADE NA TERAPIA NUTRICIONAL .......................................................................................................... 18 5 TERAPIA NUTRICIONAL DO PACIENTE CRÍTICO ................................ 20 5.1 Recomendações nutricionais ............................................................. 21 5.2 Recomendações de energia e macronutrientes ................................. 21 6 TERAPIA NUTRICIONAL NA ATENÇÃO ESPECIALIZADA HOSPITALAR ...................................................................................................................22 7 OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL NOS PACIENTES OBESOS EXTREMOS HOSPITALIZADOS COM ENFERMIDADE AGUDA ............................ 25 8 BELEZA, CORPO E ESTÉTICA ............................................................... 26 9 ALIMENTAÇÃO E ESTÉTICA .................................................................. 30 9.1 A beleza está no prato........................................................................ 30 10 ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL .................................................. 31 10.1 Disfunções estéticas tratadas com associação à dieta ................... 34 3 11 ALIMENTAÇÃO E ESTÉTICA: QUAL A RELAÇÃO ENTRE ELAS? ..... 38 12 ALIMENTOS FUNCIONAIS E A ESTÉTICA .......................................... 41 12.1 Alimentos e os cabelos ................................................................... 42 12.2 Alimentos e a pele ........................................................................... 43 12.3 Alimentos e as unhas ...................................................................... 44 12.4 Alimentos e a celulite ...................................................................... 45 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 47 14 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ....................................................... 50 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 TERAPIA NUTRICIONAL Fonte: famesp.com.br A Terapia Nutricional é definida como o conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente e dividide-se em dois tipos: Terapia Nutricional Enteral (TNE), que é o conjunto de procedimentos terapêuticos para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio de nutrição enteral (NE) e a Terapia Nutricional Parenteral (TNP), que é o conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio de nutrição parenteral (NP). Estas duas terapias são regulamentadas, respectivamente, pela Resolução RCD nº 63/2000 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pela Portaria SVS/MS nº 272/1998 do Ministério da Saúde, que fixam os requisitos mínimos, estabelecem as boas práticas e definem a obrigatoriedade de uma Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN). O trabalho conjunto destes especialistas com formações distintas permite integrar, harmonizar e complementar os conhecimentos e habilidades dos integrantes da equipe para cumprir o objetivo proposto, que é o de identificar, intervir e acompanhar o tratamento dos distúrbios nutricionais. O uso dessas terapias implica necessariamente na seleção, preparo e administração de fórmulas enterais e parenterais em um ambiente especialmente desenvolvido para esse objetivo. Também pressupõe a disponibilidade de profissionais da saúde adequadamente treinados e qualificados para prescrever e 6 participar de um trabalho multidisciplinar. A prática dessas terapias é considerada em programa de saúde que exigem sua implementação em unidades hospitalares, despesas envolvidas em controle de qualidade e possíveis complicações tais como aquelas relacionadas à contaminação de fórmulas enterais e parenterais. A terapia nutricional tem como principais objetivos prevenir e tratar a desnutrição, preparar o paciente para o procedimento cirúrgico e clínico, melhorar a resposta imunológica e cicatricial, modular a resposta orgânica ao tratamento clínico e cirúrgico, prevenir e tratar as complicações infecciosas e não infecciosas decorrentes do tratamento e da doença, melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzir o tempo de internação hospitalar, reduzir a mortalidade e, consequentemente, reduzir custos hospitalares (WAITZBERG et al., 2006, apud BRASIL, 2016 p. 16). Os passos para Terapia Nutricional são: Triagem nutricional: a triagem nutricional tem o objetivo de reconhecer uma condição outrora não detectada, o risco nutricional, para que sejam instituídas medidas de intervenção nutricional mais precocemente. Após a triagem, o paciente em risco nutricional deve ser encaminhado para a avaliação do estado nutricional e planejamento e início da TN, caso seja necessária. A inserção de um método de triagem nutricional para identificação de risco nutricional tem sido recomendada, nacional e internacionalmente, por organizações de especialistas, com o objetivo de avaliar efeitos físicos e fisiológicos adversos de pacientes com doenças crônicodegenerativas e/ou lesões agudas. Qualquer membro da equipe multidisciplinar de TN ou profissional da saúde, previamente treinado, está apto a realizar a triagem nutricional. Avaliação nutricional dos pacientes em risco nutricional ou desnutridos: conhecer o estado nutricional do indivíduo torna-se importante em virtude das evidências de que a desnutrição está associada ao maior risco de infecção, em especial a infecção hospitalar, complicações metabólicas, internações prolongadas, aumento da morbimortalidade e do custo hospitalar. A ausência do diagnóstico nutricionalimplica uma terapia nutricional inadequada, que resulta em sérias complicações logo nos primeiros dias da internação, podendo culminar com o óbito do indivíduo. Entre os métodos disponíveis para a avaliação e o diagnóstico nutricional, a Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) tem sido considerada um método de avaliação com boa 7 reprodutibilidade e capacidade de prever complicações relacionadas à desnutrição, além de ser um método simples, de baixo custo e não-invasivo. Cálculo das necessidades nutricionais: o aporte energético e de nutrientes deve ser individualizado e baseado na avaliação atual e passada, na composição corporal e funcional e na condição clínica do paciente. Indicação da Terapia Nutricional a ser instituída: a indicação e escolha do tipo de suporte nutricional sempre devem ser precedidas de uma avaliação nutricional completa, a fim de detectar risco nutricional ou desnutrição, bem como pela definição das necessidades nutricionais. Monitoramento/acompanhamento nutricional: as informações de todos os profissionais membros da equipe multiprofissional de terapia nutricional (EMTN) são fundamentais para a adequada monitorização e acompanhamento nutricional dos indivíduos hospitalizados enfermos. Por exemplo: paciente idoso com disfagia pode progredir para melhora da disfagia e aumento de ingestão via oral e/ou estado nutricional. Assim, o acompanhamento deve ser feito pela equipe, de forma que a comunicação esteja sempre presente. Aplicação dos indicadores de qualidade na Terapia Nutricional: o primeiro passo fundamental dentro da TN é a identificação dos indivíduos em risco nutricional. O objetivo deste indicador é conhecer a frequência da realização de triagem nutricional a partir do primeiro dia de hospitalização, até 48h. A meta é atingir, no mínimo, 80% em seu resultado. Esse valor pode ser atingido progressivamente, de acordo com o histórico do estabelecimento hospitalar de saúde. 2.1 Terapia Nutricional Enteral (TNE) A Terapia de Nutrição Enteral (TNE) abrange o suporte nutricional para pacientes incapazes de consumir nutrientes suficientemente por via oral. A via enteral é a primeira opção terapêutica na intervenção nutricional, preservando a estrutura fisiológica do trato gastrintestinal (TGI), pode modificar a resposta de estresse e melhorar a evolução clínica final do paciente. A TNE objetiva manter ou recuperar o estado nutricional do paciente e quando empregada em pacientes graves, visa fornecer substratos para atender a demanda de nutrientes. As dietas enterais 8 artesanais constituíram um marco na nutrição enteral, surgindo várias tentativas de definir fórmulas que pudessem ser empregadas com segurança na prática clínica. O custo quase sempre elevado das dietas industrializadas e o reduzido orçamento dos hospitais, exige dos nutricionistas a opção pela dieta artesanal, num exercício da técnica dietética. Há necessidade, na maioria das vezes, de requerimentos maiores de alguns oligoelementos em razão das variações em seus níveis em resposta ao trauma, às infecções e possivelmente a uma série de outras circunstâncias clínicas. O valor nutricional de uma alimentação enteral é essencial para a terapia de um paciente. Os níveis de macro e micronutrientes e a densidade calórica, devem ser estabelecidos sob medida para atender às necessidades de cada indivíduo. O suporte nutricional iniciado precocemente pode auxiliar na redução da frequência e severidade das manifestações clínicas da doença, prevenindo a desnutrição e melhorando a qualidade de vida dos pacientes imunodeprimidos, que geralmente apresentam alterações celulares que impedem o fornecimento e a assimilação adequada de nutrientes, resultando em perda de peso e deterioração do estado nutricional. Com a evolução da doença o paciente passa a apresentar infecções oportunistas e manifestações decorrentes do hipermetabolismo da desnutrição proteico-calórica, com perdas acentuadas do peso corporal e da massa muscular. As indicações gerais da Terapia Nutricional Enteral (TNE) são: Pacientes com hiporexia ou anorexia, incluindo gestantes, que se recusam a alimentar-se pela boca; Pacientes em risco de desnutrição e desnutridos, incluindo gestantes, com ingestão oral inferior a dois terços (70%) das necessidades nutricionais diárias durante os 5 dias que antecederam a indicação, sem expectativa de melhoria da ingestão; Pacientes clínicos e cirúrgicos com: neoplasias orofaríngeas, gastrointestinais, pulmonares, esofágicas, cerebrais; inflamação; trauma; cirurgias gastrointestinais; pancreatite; doenças inflamatórias intestinais; síndrome do intestino curto; Pacientes não cirúrgicos com anorexia grave, faringite, esofagite, caquexia cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); 9 Paciente eutrófico com ingestão abaixo de 50% de suas necessidades e perda de peso >2% em uma semana; Disfagia grave secundária a processos neurológicos e megaesôfago; Pacientes com nível de consciência rebaixado; Pacientes submetidos à cirurgia maxilo-facial (lesão de face e mandíbula); Ressecção do intestino delgado; Fístulas êntero-cutâneas de baixo débito; Fístula traqueoesofágica; Queimaduras >30% e de terceiro grau; Depressão grave, anorexia nervosa; Doenças desmielinizantes; Trauma muscular extenso; Má-absorção, alergia alimentar múltipla; Politraumatismo; Insuficiência hepática e grave disfunção renal; Doença inflamatória intestinal; Pancreatite aguda grave com motilidade gastrointestinal preservada; Pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que não estiverem atingindo, no mínimo, dois terços das necessidades nutricionais com alimentação oral em 3 dias de internação. Contraindicações: Obstrução intestinal; Íleo paralítico; Vômitos intratáveis; Necessidade de agentes inotrópicos positivos em doses altas; Isquemia intestinal; Peritonite difusa; Diarreia intratável. 10 Fonte: bvsms.saude.gov.br 2.2 Terapia Nutricional Enteral Domiciliar (TNED) A Terapia Nutricional Enteral Domiciliar (TNED) nada mais é do que o cuidado em relação a nutrição do indivíduo no seu domicílio. É indicada em situações como: disfagia grave, coma ou estado de confusão (por trauma, acidente vascular cerebral, Alzheimer, outros), anorexia persistente (por doenças infecciosas graves, neoplasias, depressão, outras), náuseas ou vômitos, broncoaspiração (devido à distúrbios da deglutição), má absorção ou disfunção do trato gastrointestinal, aumento da demanda nutricional (queimaduras, fibrose cística, outros), entre outras situações, desde que sigam os critérios já citados. Além disso, é fundamental avaliar a aceitação do paciente e sua família e as condições do domicílio em relação a higiene, armazenamento adequado da dieta, entre outros. Nesse sentido, ela deve ser contraindicada em situações de recusa do paciente ou quando os riscos superam os benefícios como na doença terminal, síndrome do intestino curto, obstruções intestinais, sangramento gastrointestinal, isquemia gastrointestinal, íleo paralítico intestinal, inflamação do trato gastrointestinal, fistulas intestinais, vômitos ou diarreias intratáveis, entre outros. A escolha da intervenção mais adequada irá requerer conhecimento técnico, seguimento frequente do paciente, julgamento clínico e reavaliações frequentes das metas de terapia nutricional com adaptações e modificações apropriadas se necessário. Vale destacar que a família tem papel chave no cuidado de pacientes em uso de TNED. Os familiares que convivem diariamente e de maneira integral com o http://bvsms.saude.gov.br/ 11 paciente, ou o cuidador responsável, quando bem treinados e preparados para a tarefa irão se sentir mais competentes e parte do processo do cuidado.Para tanto, as orientações devem ser fornecidas inicialmente, quando cabível, pela instituição/hospital, de maneira clara e assertiva, de acordo com o entendimento do familiar. Estas orientações devem ser reiteradas pela equipe de saúde, que devem orientar e prestar apoio não somente para orientação do preparo da dieta, mas também para possíveis intercorrências. Dessa forma, os familiares/cuidadores são imprescindíveis na rotina de cuidados de pacientes em uso de TNED. 2.3 Terapia Nutricional Parenteral (TNP) A nutrição parenteral (NP) é a infusão intravenosa de nutrientes diretamente na circulação sistêmica, ultrapassando o trato gastrointestinal (TGI). É recomendada quando há uma alteração parcial ou total do trato gastrointestinal, sendo indicada também em outros casos como o pré-operatório ou subnutrição, além disso, pode ser utilizada como complemento quando a dieta enteral ou oral não alcançarem as necessidades nutricionais do paciente. Há duas legislações que regem a prática de nutrição parenteral no Brasil, Resolução RDC nº 45, de 12 de março de 2003 que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização das Soluções Parenterais (SP) em Serviços de Saúde e a Portaria MS/SNVS nº272, de 8 de abril de 1998 que fixa os requisitos mínimos exigidos para a Terapia de Nutrição Parenteral. As indicações gerais da Terapia Nutricional Parenteral (TNP) são: Trato gastrointestinal não funcionante ou contraindicado ou tentativa de acesso enteral fracassada; Condições que impeçam o uso do trato gastrointestinal por mais que 7-10 dias em adultos, 5-7 dias em pacientes pediátricos e 1-2 dias em neonatos; Quando o aporte enteral é insuficiente a associação com TNP é recomendada após cinco dias de TNE sem sucesso; Fístula gastrointestinal; Pancreatite aguda; Síndrome do Intestino Curto (SIC); 12 Colite ulcerativa complicada ou em período perioperatório; Desnutrição com mais de 10% a 15% de perda de peso; Necessidades nutricionais maiores que a capacidade de oferta por via oral/enteral; Hemorragia gastrointestinal persistente; Abdome agudo/Íleo paralítico prolongado; Trauma abdominal requerendo repetidos procedimentos cirúrgicos. Contraindicações: A nutrição parenteral não deve ser utilizada em nenhumas dessas situações: Quando o risco de NP é julgado excessivo para o potencial benefício; Pacientes hemodinamicamente instáveis; Fase aguda (fase de refluxo) durante as primeiras horas após o trauma, cirurgia ou o aparecimento de uma infecção grave; Insuficiência cardíaca crônica com retenção hídrica (exceto em pacientes com evidente má absorção e a nutrição enteral mostrou-se inefetiva); Insuficiência renal crônica sem tratamento dialítico (exceto em pacientes com perda calórico-proteica severa ou com severas alterações gastrointestinais). Fonte: bvsms.saude.gov.br http://bvsms.saude.gov.br/ 13 2.4 O alimento como fator social O indivíduo é um ser social e a alimentação faz parte deste ato. O consumo alimentar não é apenas para suprir as necessidades fisiológicas, o prazer de comer faz parte do interagir, sendo um instrumento de comunicação, que envolve fatores socioculturais e psicológicos. Quando um indivíduo fica incapacitado de se alimentar como costumava ser, ocorrem mudanças na sua rotina e até mesmo na sua interação social. Por exemplo, um paciente com sonda pode sentir-se desconfortável em participar de eventos como aniversários, formaturas, data festiva, entre outros, pois não poderá comer, ou se sentirá mal por estar com a sonda, etc. Tais sentimentos como frustração, tristeza, sentir-se sem autonomia podem se tornar fatores de estresse e um fator negativo na adesão da terapia nutricional, bem como na evolução do seu quadro. A terapia nutricional domiciliar proporciona uma qualidade de vida melhor ao paciente, pois defendem o tratamento humanizado, no conforto do seu lar e com seus familiares, podendo sentir-se mais à vontade ou encorajado a enfrentar as mudanças de estilo de vida causadas pela sua patologia e/ou tratamento. Fazer com que o indivíduo participe do seu processo saúde-doença é um direito de cidadania. 3 O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA TERAPIA NUTRICIONAL Fonte: secad.com.br 14 O nutricionista é um profissional com fundamentação técnica no campo da nutrição, capaz de traduzir a ciência da nutrição para linguagem de fácil acesso ao público, orientando a respeito do comportamento alimentar dos indivíduos. Está preparado para atuar em todos os níveis do sistema de saúde, estabelecendo políticas de alimentação e nutrição, priorizando sempre o aspecto social. Nesse sentido, é importante mencionar que a atuação multidisciplinar da área da saúde possibilita um atendimento de grande abrangência a todos os indivíduos, principalmente no que tange a atuação em terapia nutricional. As competências de cada profissional da EMTN foram regulamentadas, e descritas na Portaria 272 (1998) do MS e na RDC 63 (2000) da ANVISA, sendo importante para a EMTN ter um coordenador técnico-administrativo e um coordenador clínico, ambos os membros integrantes da equipe e escolhidos pelos seus componentes. Os coordenadores exercem um papel importante no sucesso da EMTN, relacionado aos cuidados do paciente e administração da equipe. É recomendável que os membros da EMTN possuam título de especialista em área relacionada com a TN. As funções de cada membro, bem como suas atribuições, estão relacionadas com a especificidade e o papel de cada um dos membros da equipe, devendo ser definido claramente e sistematizado, para maior eficiência nas atuações. Segundo a Lei Federal 823423, de 17 de setembro de 1991, que regulamenta a profissão de nutricionista: “são atividades privativas do nutricionista a assistência dietoterápica hospitalar, ambulatorial e em nível de consultórios de nutrição e dietética, prescrevendo, planejando, analisando, supervisionando e avaliando dieta para enfermos”. A Portaria nº 272 (1998), que aprova o Regulamento Técnico para fixar os requisitos mínimos exigidos para a prática de Terapia de Nutrição Parenteral, atribui ao nutricionista: Avaliar os indicadores nutricionais subjetivos e objetivos, com base em protocolo preestabelecido, de forma a identificar o risco ou a deficiência nutricional e a evolução de cada paciente, até a alta nutricional estabelecida pela EMTN; Avaliar qualitativa e quantitativamente as necessidades de nutrientes baseadas na avaliação do estado nutricional do paciente; 15 Acompanhar a evolução nutricional dos pacientes em TN, independente da via de administração; Garantir o registro, claro e preciso, de informações relacionadas à evolução nutricional do paciente; Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a atualização de seus colaboradores. Quanto ao Regulamento Técnico para fixar os requisitos mínimos exigidos para a Terapia de Nutrição Enteral, a Resolução RDC nº 63 (2000), que revoga a Portaria nº 337 (1999), apresenta que cabe ao nutricionista realizar todas as operações inerentes à prescrição dietética, composição e preparação da Nutrição Enteral (NE), atendendo às recomendações das Boas Práticas de Preparação de Nutrição Enteral (BPPNE). 3.1 Competências do Nutricionista Clínico: Realizar a avaliação do estado nutricional do paciente, utilizando indicadores nutricionais subjetivos e objetivos, com base em protocolo pré- estabelecido, de forma a identificar o risco ou a deficiência nutricional; Elaborar a prescrição dietética com base nas diretrizes estabelecidas na prescrição médica; Formular a NE estabelecendo a sua composição qualitativa e quantitativa, seu fracionamento segundo horários e formas de apresentação; Acompanhar a evoluçãonutricional do paciente em TNE, independente da via de administração, até alta nutricional estabelecida pela EMTN; Adequar a prescrição dietética, em consenso com o médico, com base na evolução nutricional e tolerância digestiva apresentadas pelo paciente; Garantir o registro claro e preciso de todas as informações relacionadas à evolução nutricional do paciente; Orientar o paciente, a família ou o responsável legal, quanto à preparação e à utilização da NE prescrita para o período após a alta hospitalar. 16 3.2 Competências do Nutricionista na sala de preparo da nutrição enteral Utilizar técnicas pré-estabelecidas de preparação da NE que assegurem a manutenção das características organolépticas e a garantia microbiológica e bromatológica dentro de padrões recomendados na BPPNE; Selecionar, adquirir, armazenar e distribuir, criteriosamente, os insumos necessários ao preparo da NE, bem como a NE industrializada. O nutricionista é o responsável pelo estabelecimento de critérios e pela supervisão do processo de aquisição, preparação da NE, deve possuir conhecimento científico e experiência prática na atividade. A quantidade adquirida dos materiais deve levar em consideração o consumo médio, o prazo de validade dos mesmos e a capacidade da área de estocagem nas condições exigidas. Todos os materiais devem ser armazenados sob condições apropriadas, de modo a preservar a identidade e a integridade dos mesmos, e de forma ordenada, para que possa ser feita a separação dos lotes e a rotação do estoque, obedecendo à regra: primeiro que entra, primeiro que sai. O Controle de Qualidade deve avaliar todos os aspectos relativos aos insumos, materiais de embalagem, NE, procedimentos de limpeza, higiene e sanitização, conservação e transporte da NE, de modo a garantir a qualidade do produto a ser administrado. Toda NE preparada deve apresentar rótulo com as seguintes informações: nome do paciente, nº do leito, registro hospitalar, composição qualitativa e quantitativa de todos os componentes, volume total, velocidade de administração, via de acesso, data e hora da manipulação, prazo de validade, número sequencial de controle e condições de temperatura para conservação, nome e número no Conselho Profissional do respectivo responsável técnico pelo processo. Cabe também ao profissional nutricionista participar de estudos para o desenvolvimento de novas formulações de NE, promover e registrar as atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a atualização de seus colaboradores, bem como de todos os profissionais envolvidos na preparação da NE 17 4 ATRIBUIÇÕES GERAIS DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE TERAPIA NUTRICIONAL NA TERAPIA NUTRICIONAL Aos profissionais, de acordo com a disponibilidade, o treinamento e a avaliação da EMTN, sugere-se ao: Médico: A indicação e a prescrição médica da Terapia Nutricional Enteral e Parenteral (TNEP); Nutricionista: A avaliação do estado nutricional dos pacientes, das necessidades nutricionais, tanto para a nutrição enteral (NE) quanto para a nutrição parenteral (NP) e pela prescrição dietética da Terapia Nutricional Enteral (TNE); Enfermeiro: A prescrição, a administração e a atenção dos cuidados de enfermagem na TNE e administração da NP, observadas as recomendações das boas práticas da nutrição enteral e parenteral; Farmacêutico: A competência em adquirir, armazenar e distribuir, criteriosamente, a NE industrializada, quando estas atribuições, por razões técnicas e ou operacionais, não forem da responsabilidade do nutricionista, bem como participar do sistema de garantia da qualidade. Orientar a administração de medicamentos por cateter de nutrição enteral aos indivíduos sob TNE. Recomenda-se, ainda, ao farmacêutico, a competência para realizar todas as operações inerentes à compra, ao desenvolvimento, à preparação (avaliação farmacêutica, manipulação, controle de qualidade, conservação e transporte) da NP, atendendo às recomendações das Boas Práticas de Preparo da Nutrição Parenteral (BPPNP), conforme Portaria nº 272/MS/SNVS, de 8 de abril de 1998. 18 5 BENEFÍCIOS DO PROCESSO DE QUALIDADE NA TERAPIA NUTRICIONAL Fonte: institutomedicodracerrolaza.com O processo de Qualidade na Terapia Nutricional é de extrema importância para a recuperação de pacientes nos ambientes hospitalares, especialmente na UTI. Por isso, é necessário conhecer esse recurso e saber aplicá-lo de forma a garantir os benefícios da alimentação de acordo com a intercorrência de cada paciente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a qualidade é definida como um conjunto de atributos que inclui um nível de excelência profissional, o uso eficiente de recursos, um mínimo de risco ao usuário e também um alto grau de satisfação por parte dos clientes, considerando-se essencialmente os valores sociais existentes. E de acordo com a SBNPE (Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral) todos os pacientes em Terapia Nutricional (TN) devem ser monitorados de maneira rotineira e essa avaliação deve garantir ao paciente o acesso ao melhor que a terapia pode lhe oferecer, tendo como resultado a recuperação clínica a custos baixos. Estabelecer procedimentos de terapia nutricional que possam conferir benefícios e agregar valores aos clientes atendidos é o objetivo principal da terapia nutricional. Como consequência, temos a materialização desses benefícios em melhorias do estado nutricional do paciente, sendo ele critico ou não. Alguns dos principais objetivos/resultados desse trabalho são: Estancar as perdas de massa muscular e adiposa; https://www.iespe.com.br/blog/nutricao-hospitalar-na-uti/ 19 Recuperar o estado de hidratação do paciente e buscar manter o equilíbrio hidroeletrolítico; Melhorar as taxas de glicemia; Melhorar as taxas de proteínas séricas; Evitar ou diminuir edemas; Fechar ou evitar feridas e facilitar a cicatrização; Atuar na recuperação das hemácias e eritrócitos; Manter ações nutricionais para controle das taxas de creatinina; Manter ações nutricionais para controle das taxas lipídicas como colesterol e triglicerídeos; Ganho de peso contínuo; Manter hábitos intestinais e evitar intercorrências como vômito ou diarreia; Gerar maior resistência às infecções; Atuar nas deficiências nutricionais especificas e prover todos os nutrientes, calorias, proteínas, lipídios, carboidratos, vitaminas, minerais, fibras, considerando a condição clínica e o grau de severidade da patologia do paciente; Recuperar o estado nutricional ou corrigir distorções nutricionais; Evitar eventos adversos provenientes da própria terapia nutricional ou da manipulação para as infusões das dietas. São vários os objetivos a serem alcançados e muitos têm seu ponto crítico de sucesso. Por isso, é impossível alcançar essas metas sem ter um processo de qualidade. O assunto ocupa um alto nível de interesse e todas as instituições de saúde praticam algum tipo de processo de qualidade. No entanto, esse procedimento deve ser contínuo e ascendente. E quando se fala de paciente critico, as práticas de terapia nutricional têm que estar alicerçadas em critérios e requisitos de qualidade. 20 6 TERAPIA NUTRICIONAL DO PACIENTE CRÍTICO Fonte: iespe.com.br Um paciente é considerado crítico/grave quando se encontra em risco iminente de perder a vida ou função de órgão/sistema do corpo, bem como aquele em frágil condição clínica decorrente de trauma ou outras condições relacionadas a processos que requeiram cuidado imediato clínico, cirúrgico, gineco-obstétrico ou em saúde mental. O paciente crítico internado numa UTI está numa situação de estresse na qual suas necessidades básicas são afetadas, uma delas, a nutricional. Isso ocorre porque, como parte da resposta metabólicaao trauma/sepse/doença aguda, o gasto energético basal aumenta, levando a um intenso catabolismo, ou seja, há grande perda calórica. Dessa forma, ele tem necessidades nutricionais complexas e precisa de Terapia Nutricional intensiva. Vários estudos são realizados todos os anos a respeito de nutrição em pacientes críticos. Um deles, associou o baixo nível da área de massa muscular avaliado por tomografia computadorizada a mortalidade em pacientes críticos que estão em ventilação mecânica. No caso de pacientes acima de 80 anos, um estudo holandês divulgado na 39ª edição do Congresso Europeu de Nutrição Clínica (ESPEN), em 2017, associou a porcentagem de massa muscular com complicações e morte hospitalar. No grupo com baixa massa muscular, 45% tiveram complicações e 23% faleceram no hospital, contra 15% e 4%, respectivamente, no grupo com massa muscular normal. 21 A maioria das evidências científicas aponta que o estado nutricional interfere diretamente na evolução clínica, com diminuição da morbidade, diminuição da resposta catabólica, incremento do sistema imune, manutenção da integridade funcional do trato gastrointestinal, além de contribuir para um menor tempo de internação em unidade fechada com consequente redução no custo do tratamento. 6.1 Recomendações nutricionais Após feitas diversas avaliações, considerando vários aspectos do paciente, inicia-se a Terapia Nutricional nos pacientes críticos. Neste contexto, são consultados os guidelines, revisões clínicas práticas publicadas por sociedades de nutrição para o manejo nutricional do paciente, como a Sociedade Americana de Nutrição Enteral e Parenteral (ASPEN), Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabólica (ESPEN) e as Diretrizes Brasileiras em terapia Nutricional (DITEN). Nelas, existem as recomendações de energia e macronutrientes, como proteínas, carboidratos e lipídios, para diversos tipos de pacientes, incluindo os críticos e graves. Segundo a DITEN, existem fortes evidências de que a desnutrição é causa e efeito de doenças graves, e não uma consequência, como se costumava acreditar há poucos anos. Subestimá-la traria, portanto, sérios problemas ao paciente. Além disso, diz o Projeto, a Terapia Nutricional (TN) deve ser instituída nas primeiras 24-48 horas, especialmente em pacientes com diagnóstico de desnutrição e/ou catabolismo intenso decorrente do quadro patológico. A entidade também afirma que os benefícios do suporte nutricional enteral têm sido observados em pacientes que recebem pelo menos 50% a 65% das necessidades calóricas estimadas durante a primeira semana de internação. 6.2 Recomendações de energia e macronutrientes A mais recente diretriz, organizada pela Society of Critical Care Medicine (SCCM) e Sociedade Americana de Nutrição Enteral Parenteral (ASPEN), em 2016, recomenda que, para a estimativa das necessidades energéticas de pacientes graves, seja usada a fórmula de bolso com base na proporção de 25 -30 kcal/kg/dia (quando o uso de calorimetria indireta estiver indisponível). Além disso, as entidades alertam 22 para a importância de reavaliações regulares conforme as alterações do quadro clínico. Já a DITEN, recomenda a oferta de 20 a 25 kcal/kg/dia a pacientes graves, respeitando a tolerância do paciente. Tratando-se da distribuição dos macronutrientes, o destaque é do aporte proteico, o qual deve corresponder a valores entre 1,2 – 2,0 g/kg/dia considerando o peso atual e o grau de estresse do organismo, sendo que as proporções de carboidratos e lipídeos devem seguir as tradicionais recomendações do público geral. De acordo com a SCCM e a ASPEN, é importante ressaltar que na terapia nutricional do paciente crítico deve ser priorizado o aporte proteico frente ao aporte energético por conta de sua atuação na redução da mortalidade. Para a DITEN, é importante observar se há necessidade da adequação da oferta energética ao se decidir a oferta proteica, pois caso o suprimento energético esteja abaixo das necessidades, a proteína será utilizada como principal fonte energética. 7 TERAPIA NUTRICIONAL NA ATENÇÃO ESPECIALIZADA HOSPITALAR Fonte: ebserh.gov.br Na Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), na primeira diretriz da Organização da Atenção Nutricional, a atenção nutricional é definida como cuidados relativos à alimentação e nutrição voltados à promoção e proteção da saúde, à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento de agravos, devendo estar associados às demais ações de atenção à saúde do SUS para indivíduos, famílias e comunidades, 23 contribuindo para a conformação de uma rede integrada, resolutiva e humanizada de cuidados. O Ministério da Saúde, em 2009, publicou a Portaria nº 120/SAS/MS, de 14 de abril, que conceituou a Assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional (papéis e qualidades técnicas necessárias), estabelecendo critérios e rotinas para habilitar serviços no atendimento para a assistência nutricional; subsidiando tecnicamente o controle e a implantação de serviços hospitalares; estabelecendo uma nova conformação para a Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Materiais Especiais do SUS e instituindo a necessidade de Protocolos de Triagem e Avaliação Nutricional e Protocolos de Indicação e Acompanhamento Nutricional. A terapia nutricional tem como principais objetivos prevenir e tratar a desnutrição, preparar o paciente para o procedimento cirúrgico e clínico, melhorar a resposta imunológica e cicatricial, modular a resposta orgânica ao tratamento clínico e cirúrgico, prevenir e tratar as complicações infecciosas e não infecciosas decorrentes do tratamento e da doença, melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzir o tempo de internação hospitalar, reduzir a mortalidade e, consequentemente, reduzir custos hospitalares. Estudos realizados apontam que parte dos indivíduos não se alimenta corretamente no período de internação hospitalar, levando à desnutrição, ao aumento das complicações e, consequentemente, ao aumento dos custos de internação para o SUS. No Brasil, a desnutrição representa o fator de risco de morte mais importante em adultos entre 60 e 74 anos vivendo na comunidade, e essa associação se mostrou ainda mais forte em indivíduos acima de 75 anos de idade. Outro dado importante é que muitos pacientes já chegam às unidades de internação apresentando desnutrição, aproximadamente 50% dos pacientes admitidos, podendo chegar a 80% em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, pâncreas e do trato gastrointestinal. Na Europa, a desnutrição relacionada à doença é altamente prevalente, havendo 20 milhões de pacientes desnutridos, o que custa para os governos europeus 120 bilhões de euros por ano. Estudos europeus mais específicos sobre idosos vivendo na comunidade mostraram que a prevalência de desnutrição associada à doença varia de 19% na Rússia até 84% na Irlanda. 24 De acordo com estudo multicêntrico realizado com base nos dados da pesquisa coordenada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), denominada Saúde, bem-estar e envelhecimento (Sabe), em que foram avaliados idosos residentes no domicílio na cidade de São Paulo, a prevalência de desnutrição foi de 2,2% (n=15.600) e o risco de desnutrição foi de 23,1% (n=161.511), ou seja, ¼ (25,3%) da população apresentava algum déficit do ponto de vista nutricional. O mesmo estudo também verificou que a probabilidade de o idoso apresentar desnutrição aumenta de forma significativa com a idade, confirmando que a idade é fator de risco para desnutrição. A desnutrição pode afetar adversamente a evolução clínica de pacientes hospitalizados, aumentando a incidência de infecções, doenças associadas e complicações pós-operatórias, prolongando o tempo de permanência e os custos hospitalares. A identificação da desnutrição constitui importante objetivo de atenção ao tratamentoglobal do paciente internado. Um diagnóstico adequado é essencial para que a terapia nutricional individualizada seja iniciada o mais brevemente possível. Estudo multicêntrico, transversal, foi realizado em hospitais em diferentes regiões geográficas do Brasil (2009 a 2011). Conforme a Avaliação Global Subjetiva (AGS), a prevalência de úlcera por pressão (UP) foi de 16,9%, sendo que 52,4% dos pacientes avaliados estavam desnutridos. De acordo com esse estudo, a desnutrição é um dos fatores de risco mais importantes, associados com o desenvolvimento e a gravidade de UP em hospitais. O estudo revela, ainda, que os pacientes que estão desnutridos são mais propensos a desenvolver UP. Critérios para detectar o risco nutricional na admissão e durante a permanência no hospital são necessários e devem ser implementados nos procedimentos de rotina hospitalar, uma vez que a depleção nutricional pode ocorrer durante a internação. Por meio do estudo Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (Ibranutri), foi possível detectar a progressão da desnutrição durante a internação hospitalar. De acordo com esse estudo, a desnutrição chegou a atingir 61% dos pacientes quando se prolongou por mais de 15 dias, sendo que na admissão acometia 31,8% destes indivíduos. A desnutrição em indivíduos internados é resultado de uma série de fatores, podendo estar associada à doença e/ou ao tratamento. O consumo alimentar 25 inadequado é uma das principais causas e está relacionado com várias situações clínicas que podem causar perda de apetite ou dificultar a ingestão de alimentos, além de procedimentos de investigação e tratamento que demandam a necessidade de jejum e/ou alterações na composição da dieta. Detecção e intervenção inadequadas também podem resultar no agravamento do estado nutricional durante a internação. 8 OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL NOS PACIENTES OBESOS EXTREMOS HOSPITALIZADOS COM ENFERMIDADE AGUDA Fonte: publicacoes.cardiol.br Os efeitos adversos da obesidade sobre todo o organismo estão bem estabelecidos e, portanto, o objetivo e as estratégias de terapia nutricional visam à redução dos efeitos da hiperalimentação e das complicações relacionadas; para tanto, a nutrição hipocalórica tem sido instituída para pacientes obesos. Em pacientes obesos hospitalizados com enfermidade aguda, o regime de terapia nutricional hipocalórica pode promover o equilíbrio nitrogenado e diminuir o balanço negativo, sem causar perda de peso. Comparando-se a eficácia clínica da nutrição enteral normocalórica e hipocalórica, foi revelado que pacientes obesos que receberam nutrição hipocalórica tiveram menor permanência em unidade de terapia intensiva, diminuição na terapia antibiótica e tendência a redução do tempo de ventilação mecânica. Porém, não houve diferença significativa no balanço nitrogenado e nos níveis de pré-albumina sérica. 26 Pacientes obesos hospitalizados devem ser monitorados em relação às morbidades relacionadas à obesidade. Esses cuidados devem ser rigorosos, pois as complicações da hiperalimentação, particularmente a hiperglicemia, podem comprometer o prognóstico do doente. Portanto, a terapia nutricional no obeso gravemente enfermo é hipocalórica e hiperproteica, enteral ou parenteral. Promover a moderada perda de peso corporal, de 5% a 10%, representa queda significante de 30% do tecido adiposo visceral e significante decréscimo dos fatores de risco do paciente obeso. A diminuição da pressão arterial e dos lipídios séricos, a melhora da sensibilidade à insulina, a normalização da glicemia e da insulinemia, a diminuição da suscetibilidade à trombose venosa, assim como redução dos marcadores inflamatórios e de doenças cardiovasculares, são alcançados com a perda de peso. Os objetivos da terapia nutricional nos pacientes obesos extremos hospitalizados são: Diminuir as complicações relacionadas à hiperalimentação; Reduzir as comorbidades; Diminuir o catabolismo proteico; Restaurar as funções orgânicas e metabólicas; Aumentar a expectativa e a qualidade de vida. 9 BELEZA, CORPO E ESTÉTICA Fonte: lemozellicorporativo.com.br 27 A imagem corporal é a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio. A indústria cultural, pelos meios de comunicação, encarrega-se de criar desejos e reforçar a imagem padronizando corpos. O hábito de fazer dietas e de consumir produtos dietéticos são uma das preocupações mais marcantes do público feminino, embora demonstrem uma preocupação excessiva com a quantidade de gordura no corpo, es mulheres evitam comidas que “engordam” e expressam o desejo de serem cada vez mais magras. A importância dada à imagem, aparência, corpo, beleza e estética é notória nos dias atuais, onde o culto ao corpo e ao belo é predominante. A sociedade contemporânea assiste deslumbrada à passagem dos corpos perfeitos, que invadem progressivamente todos os espaços da vida moderna. Nos dias de hoje, existe um crescimento na busca pela beleza e padrões estéticos impostos pela sociedade, sendo considerado belo um corpo magro, independente das condições de saúde das pessoas (WITT e SCHNEIDER, 2011, apud DUARTE et al 2018, p. 02). Vivemos em um mundo em que os meios de comunicação veiculam ou produzem notícias, representações e expectativas nos indivíduos com propagandas, informações e noticiários. Sendo a televisão o veículo de comunicação mais utilizado para o entretenimento e para a educação, representa a maior fonte de informação sobre o mundo, sendo capaz de transmitir aos mais diversos lugares e culturas dados sobre como as pessoas se comportam, o que vestem, o que pensam, o que comem e o padrão de beleza. Os meios de comunicação padronizam corpos, sendo que aqueles que se veem fora de medidas sentem-se cobrados e insatisfeitos. O reforço dado pela mídia em mostrar corpos atraentes, faz com que uma parte de nossa sociedade se lance na busca de uma aparência física idealizada. Durante muito tempo, temas como beleza, corpo e estética foram considerados menores no campo das ciências sociais brasileiras. Apesar de alguns autores terem tratado destes temas, já no início do século XX, estes demoraram a surgir em nosso país. No entanto, no final do século XX e início do século XXI, parece ter ocorrido uma verdadeira explosão de trabalhos científicos, em diferentes áreas de conhecimento, que trazem como objetivo central discutir a singularidade do corpo, da construção da beleza e estética na nossa cultura. 28 Pode-se afirmar que o final do século XX e o início do século XXI serão lembrados como o momento em que o culto ao corpo se tornou uma verdadeira obsessão. E a associação corpo e prestígio se tornou um elemento fundamental da nossa cultura brasileira. A busca por um modelo ideal de beleza, nunca foi tão estimulado e valorizado. Ao longo dos séculos, os padrões de beleza mudaram. Nos anos 80, ocorreu um crescimento considerável do mercado relacionado à manutenção do corpo. Nas últimas décadas, além de ter se estabelecido um fascínio pela imagem, que é medida pelo culto ao corpo, passa a ter um espaço privilegiado na publicidade O aumento da exigência por um padrão de beleza esguio pode ocasionar no indivíduo uma relação entre seu estado nutricional, com uma visão não condizente, e a auto percepção da sua imagem corporal, com algum sentimento de insatisfação. A idealização da magreza pode influenciar o comportamento das pessoas a fazerem dietas que prometem rápida perda de peso e sem sofrimento. A mídia veicula um modelo de beleza, que é possível apenas para uma parcela da população mundial, já que para conseguir estes padrões envolve custos para diferentes classes sócias e culturais. Além disso, as propagandas existentes, principalmente nas revistas, de uma forma indireta, afirmam que a aparência física é responsávelpela felicidade e sucesso, formando uma ilusão de bem-estar que para ser conquistado, será necessário que a pessoa se enquadre no padrão de beleza estabelecida. A cultura ocidental enfatiza mais a boa forma e a imagem corporal, o que facilita a identificação de incômodos com pequenos excessos de peso. Nossos padrões culturais fazem com que até indivíduos com o peso dentro dos parâmetros da normalidade, possam sentir-se com seu peso acima do desejado. A expectativa de corpo das pessoas em relação a esses padrões de beleza é o que provavelmente interliga uma variedade de fenômenos cada vez mais comuns, como a maior incidência de anorexia e bulimia nervosa. Saikali et al, descreve anorexia bulimia como um transtorno caracterizado por um padrão de comportamento alimentar gravemente perturbado, com um controle patológico do peso e por distúrbios da percepção do formato corporal. Para Goldenberg, estes distúrbios deixaram a condição de patologia para a categoria de estilo de vida. Diante desta preocupação com o corpo, a imagem corporal 29 se torna um tema de interesse da nossa sociedade, sendo tão preponderante que leva as pessoas a se preocuparem excessivamente com ela. Desse ponto de vista, a noção de estética nos assola, já que, sobretudo na sociedade atual, ela é determinada por padrões culturais que variará de acordo com cada concepção de mundo, fazendo com que haja um corpo típico para cada sociedade. É esse corpo que pode variar de acordo com o contexto histórico e cultural, é o corpo que entra e sai da moda O estilo de vida contemporâneo evidencia uma necessidade crescente dos indivíduos procurarem formas de se manterem nos padrões estéticos exigidos pela cultura em que, no que se refere ao corpo, prevalecem processos simbólicos funcionais a um mercado controlado por setores hegemônicos que ditem a maneira de ser aceito. Dentre os fenômenos da procura pela beleza, o crescimento da cirurgia plástica estética merece destaque pelo impacto que as alterações corporais, propostas pela medicina da beleza, causam em relação à imagem corporal. Segundo a sociedade brasileira de cirurgia plástica, o brasileiro, especialmente a mulher, se tornou logo após o norte-americano, o povo que mais faz plástica no mundo. A lipoaspiração é a cirurgia mais realizada, seguida da operação das mamas, abdômen, pálpebras e nariz. Dados recentes demonstram que a mulher brasileira é campeã na busca de um corpo perfeito. Diversos estudos atuais estão evidenciando proporções elevadas de comportamentos alimentares considerados anormais e de insatisfação com a imagem corporal em ambos os sexos, em diferentes faixas etárias e classes sociais o que faz aumentar significativamente a procura por profissionais que possam auxiliar na busca por um corpo ideal. São profissionais da área da saúde, como: médicos, cirurgiões plásticos, psicólogos, personal training e nutricionistas. 30 10 ALIMENTAÇÃO E ESTÉTICA Fonte: nutricaoestetica.com.br Alcançar a longevidade com vitalidade, boa forma física e mental, pele jovem, cabelos sedosos, menos celulite e flacidez são os desejos de todas as mulheres e que hoje não são impossíveis nem ao menos difíceis de serem realizados. A solução pode ser simples e está no seu prato. O segredo está na forma que você se alimenta, através de dietas personalizadas, planejadas e incorporadas ao seu dia-a-dia. Maus hábitos alimentares com deficiências nutricionais e excessos de alimentos ricos em gorduras saturadas, carboidratos simples e sódio sobrecarregam os nossos órgãos, prejudicam os tecidos e danificam as células. Todos estes estragos podem resultar em olheiras, celulite, acne, queda de cabelos, unhas frágeis e com manchas, gorduras localizadas, além de uma aceleração no processo de envelhecimento e outras queixas comuns das mulheres com a estética. Não existem alimentos milagrosos, porém alguns, são fontes de nutrientes específicos e podem trazer, de fato, importantes benefícios para a estética e boa forma. 10.1 A beleza está no prato De forma geral, as proteínas, vitaminas e minerais têm como função a construção e manutenção de tecidos, órgãos e estruturas do corpo. Desta forma, são fundamentais na composição de uma alimentação saudável. Já os carboidratos e as 31 gorduras são responsáveis pelo fornecimento de energia. Porém, o que merece cuidado é o tipo de carboidrato a ser consumido, sendo preferido o carboidrato de baixo e moderado índice glicêmico e a gordura “boa” (mono e poliinsaturada). O consumo de carboidratos simples, refinados de alto índice glicêmico e de gorduras saturadas e trans são uma das maiores causas do envelhecimento precoce que acabam por provocarem a oxidação das células através do aumento na produção dos chamados radicais livres que ocasionam a intoxicação no organismo. Além disso, quando os açúcares juntam-se com uma proteína, ocorre um processo chamado de glicação ou caramelização celular, o que prejudica a formação de colágeno (proteína que causa firmeza do tecido muscular), provocando a flacidez da pele. 11 ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL Fonte: sbcbm.org.br A procura por aconselhamento nutricional tem aumentado muito nos últimos anos, já que é comprovado que uma boa alimentação pode evitar uma série de doenças, além de trazer inúmeros benefícios a nossa saúde, e uma melhor qualidade de vida. A educação nutricional pode promover o desenvolvimento da capacidade de compreender práticas e comportamentos, os conhecimentos ou as aptidões resultantes desse processo contribuem para a integração do indivíduo com o meio social. 32 O nutricionista deve estar preparado para captar o estado emocional do cliente (ansiedade, nervosismo e insatisfação) declarado verbalmente ou por meio de gestos, postura, movimento do corpo, expressões faciais, qualidade da voz e o silêncio. O profissional deve, antes de tudo, saber ouvir e saber aceitar, criando um ambiente favorável para a construção de estratégias que favoreçam o desenvolvimento de ações pelo cliente. Considera-se que a ajuda para resolver problemas alimentares insere-se numa busca de âmbito maior por qualidade de vida. Esta ocorre em determinado momento crítico, no qual surge um problema, que, por sua vez, também é fruto de uma história de vida. A educação ou aconselhamento nutricional é o processo pelo qual os clientes são efetivamente auxiliados a selecionar e a implementar comportamentos desejáveis de nutrição e estilo de vida. Então, o resultado desse processo não é somente a melhora do conhecimento sobre nutrição, mas uma mudança de comportamento. A qual deve ser específica às necessidades e à situação de cada indivíduo. O conselheiro nutricional é apenas um facilitador das mudanças de comportamento. Ele dá apoio emocional, auxilia na identificação de problemas nutricionais e estilo de vida, sugere comportamentos a serem modificados e facilita a compreensão e o controle do cliente. Conceitua-se o aconselhamento dietético como uma abordagem de educação nutricional, efetuada por meio de diálogo entre o cliente e o nutricionista. É importante considerar que o processo de aconselhamento não busca impor ao cliente respostas prontas para o problema, mas sim estabelecer uma relação de ajuda entre o aconselhador e o cliente, efetivada por meio das etapas do aconselhamento. As necessidades psicológicas exercem mais influência nos hábitos alimentares do que a lógica. Fornecer informações, prover materiais educativos, criar estatísticas e pesquisas científicas não necessariamente conduzem a uma mudança de comportamento. O principal é aprender a entender o cliente e seus problemas ou insatisfações, a ponto de conhecer os obstáculos que ele enfrenta quando tenta alcançar seus objetivos O método mais utilizado por psicólogos é a terapia cognitiva comportamental (TCC), uma intervençãosemiestruturada, objetiva e orientada para metas, que aborda fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos de 33 imagem. A TCC ocupa-se da identificação e correção das condições que favorecem o desenvolvimento e a manutenção das alterações cognitivas e comportamentais que caracterizam os casos clínicos. Consequentemente, a modificação de padrões distorcidos de raciocínio e a reestruturação de crenças supervalorizadas, associadas ao peso e à imagem corporal são focos primários do tratamento, sendo utilizadas várias técnicas cognitivas com essa finalidade. Nos últimos anos os casos mais comuns para a abordagem da TCC foram: os transtornos alimentares e a distorção de imagem. Além das técnicas cognitivas, a TCC também emprega as técnicas comportamentais para ajudar na modificação dos hábitos alimentares. Diferentes estudos vêm mostrando a eficácia de se associar orientação nutricional e atividade física à TCC. A terapia cognitiva pode ser aplicada em pacientes de diversas idades e de diferentes níveis educacionais, econômicos ou culturais, podendo ser realizada individualmente ou em grupos. Os programas de TCC resultam em melhoras significativas. As quais também são observadas na autoestima, na solução das dificuldades interpessoais, no humor e na qualidade de vida, além de um aumento do sentimento subjetivo de bem-estar. Entretanto, nem todos os pacientes apresentam boa resposta à TCC. O avanço na compreensão da natureza humana, além do conhecimento da ciência da nutrição, tem elevado o nível da prática da educação. A experiência tem nos mostrado que entregar listas de alimentos e dietas calculadas em detalhes não necessariamente garante uma adesão ou motivam os clientes a mudarem seus comportamentos. Não é tão simples assim, pois as pessoas estão ligadas a seus hábitos. A natureza humana, o querer do indivíduo e a saúde mental podem ter um papel significativo no processo de mudança. O cliente tem o direito e a responsabilidade de fazer as escolhas sobre seus cuidados com a saúde. O papel do educador é facilitar esse processo, sempre com o objetivo de promover a melhor qualidade de vida. Além disso, faz-se importante que os profissionais envolvidos, principalmente os das áreas de saúde e educação, atentem cada vez mais para a importância de incentivar as pessoas a conhecerem melhor a si mesmo e ao seu corpo e a refletirem 34 sobre os padrões corporais em voga e a compreenderem essa relação com a sua saúde e qualidade de vida. 11.1 Disfunções estéticas tratadas com associação à dieta A nutrição associada a estética é relacionada a beleza e bem estar. Como todos sabem, as pessoas espelham o que ingerem. Por isso, para se ter uma aparência saudável e harmoniosa é fundamental uma alimentação equilibrada. Uma alimentação saudável e equilibrada fornece todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do corpo. A saúde do organismo se reflete na pele, nos cabelos e nas unhas. Muitos são os problemas estéticos que incomodam mulheres e homens, dentre os quais a acne, a flacidez, a obesidade, a celulite, a gordura localizada e o envelhecimento cutâneo. Pacientes que apresentam disfunções estéticas relacionadas a processos inflamatórios frequentemente estão com os níveis de antioxidantes diminuídos, seja por deficiência na dieta ou por aumento na produção de radicais livres pelo organismo. Os antioxidantes interferem beneficamente com as disfunções relacionadas ao estresse oxidativo. Portanto é indispensável uma dieta com níveis adequados de alimentos que possuem estas substâncias. A seguir serão descritas algumas das principais disfunções estéticas tratadas com associação à dieta: Obesidade: a obesidade é classificada como uma doença inflamatória. Este processo promove a inflamação por adiposidade e a inflamação induz o aumento da síntese de radicais livres, espécies reativas de oxigênio e produtos finais da glicação avançada, subsequentemente promove o estresse oxidativo que pode provocar desde envelhecimento celular precoce até o desenvolvimento de câncer de mama. 35 Fonte: sbcbm.org.br Gordura visceral: diversos estudos revelam a estreita relação da adiposidade abdominal com a tolerância a glicose, hiperinsulinemia, hipertrigliceridemia e hipertensão arterial. A resistência insulínica encontra-se como elo central entre a obesidade de distribuição central, intolerância a glicose, hipertensão arterial, dislipidemia, distúrbios da coagulação, hiperuricemina e microalbuminúria, integrantes da síndrome metabólica. Fonte: metropoles.com Envelhecimento cutâneo: é um processo eminente que ocorre nas células, pois o DNA tem uma capacidade limitada de replicação devido à diminuição dos telômeros. Outro fator indutor do envelhecimento é o aumento da produção 36 de radicais livres, espécies fundamentais em diversos processos fisiopatológicos e bioquímicos, que com o passar do tempo, pode aumentar com estilo de vida, hábitos alimentares, tabagismo, hipertensão arterial, sedentarismo, fatores hormonais, estresses, radiações solares, entre outros. Fonte: institutofisiomar.com.br Acne: é uma desordem da pele que afeta 80% dos jovens entre 12 e 18 anos. É caracterizada por hiperqueratinização folicular e obstrução dos folículos pilosos, estimulação andrógena de produção de sebo, colonização dos folículos por Propionibacterium acne e inflamação. Muitas pesquisas apontam para a associação da acne com dieta, principalmente na mediação da inflamação, do estresse oxidativo e estimulação androgênica no processo da acne. Fonte: jornaldebrasilia.com.br 37 Celulite: assim como a acne, também ocorre no interior da pele, e provoca uma inflação no local devido a alteração circulação sanguínea e linfática com consequente mudança na estrutura do tecido adiposo (tecido formado pelas células que armazenam a gordura), surgindo então o famoso aspecto de “casca de laranja”. Além de problemas circulatórios, podem ser considerados fatores de risco para o surgimento da celulite, o sedentarismo, alterações hormonais, cigarro, álcool, estresse, alimentação inadequada e a genética. Fonte: studioelaser.com.br Flacidez: é decorrente de atrofia de tecido, ficando com aspecto frouxo, afetando individualmente pele ou músculos. Pode ser consequência do envelhecimento, onde há perda gradativa de massa muscular esquelética, substituída por tecido adiposo (gordura), dentre outras alterações. O sedentarismo é apontado como o maior vilão no surgimento da flacidez, assim como o emagrecimento muito rápido demais, pois os músculos podem ser utilizados como fonte de energia, na ausência de carboidratos e gorduras. É considerado sobrepeso o excesso de peso corporal, diferentemente da obesidade que é tida como o excesso de gordura no organismo. Associado ao elevado consumo alimentar e baixa quantidade de exercícios. 38 Fonte: portalveneza.com.br 12 ALIMENTAÇÃO E ESTÉTICA: QUAL A RELAÇÃO ENTRE ELAS? Fonte: Pixabay Atualmente, com a população tendo mais acesso as informações, é comum a associação da estética com a saúde. A beleza implica na autoestima, que por sua vez está relacionada com a saúde influenciando a mesma e sendo influenciada por ela. O papel da alimentação é primordial nas questões descritivas acima. Fazer dieta, ao contrário do que muitos pensam, não significa fazer regime. Quando a preocupação com a estética começou a se difundir era comum a ideia da restrição alimentar. Acreditava-se que o ganho de peso vinha principalmente do consumo calórico, e então se reduzia a quantidade alimentar ingerida. O resultado 39 muitas vezes desanimador acabava levando às pessoas ao abandono da proposta com consequente retorno ao peso anterior. O termo DIETA refere-se auma alimentação equilibrada, composta de todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento orgânico e de acordo com as características individuais. Como o excesso alimentar acaba sendo convertidos em gordura de reserva, muitos acreditam que comer menos leva à redução de peso ou gordura corporal. No entanto sabe-se que a ingestão nutricional inadequada contribui para o retardo no metabolismo. Na falta de nutrientes, dificilmente o corpo consegue entrar em reação química para metabolizar o tecido adiposo e a opção é obter energia rapidamente para manter as funções vitais. O resultado é uma grande degradação muscular e maior tendência ao acúmulo de gordura, uma vez que a mesma é reserva corporal. A boa alimentação deve considerar hábitos, idade, história atual e progressa, fatores hereditários, prática ou não de atividades físicas e uma série de outras questões. O ideal é ter bom-senso, não há necessidade de grandes restrições para ter uma boa saúde e beleza. Alguns alimentos devem ser evitados e deixados para ocasiões especiais, e outros devem ser valorizados devido ao grande beneficio que trazem ao organismo Quando falamos em alimentação associada à estética é quase que instantâneo pensarmos na perda de peso. Mas, os poderes nutricionais vão muito além disso. A ingestão de alimentos com componentes anti-inflamatórios, por exemplo, podem beneficiar nosso corpo de uma forma geral. Não pode-se deixar de citar que quando fala-se em tratamento estético, deve-se partir do princípio de uma alimentação anti- inflamatória, uma vez que a alimentação habitual (carnes gordas, leite integral, alimentos refinados, doces, bebidas alcoólicas, embutidos e enlatados), são pró- inflamatórios, ou seja, favorecem o aparecimento da inflamação. Diversos estudos já mostraram e comprovaram que maus hábitos alimentares, com deficiências nutricionais e excesso de gordura saturada, carboidratos simples e sódio, podem causar diversas alterações estéticas. A nutrição estética é um novo campo no cenário da saúde, voltado para a implementação de um cuidado nutricional que, além dos requisitos fundamentais da dietética e da dietoterapia aplicados à prevenção ou ao 40 tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, atenda também à “necessidades estéticas” dos pacientes (SCHNEIDER, 2009 apud KLEIN, 2012 p. 09). Abaixo são descritos alguns alimentos que devem ser evitados e outros que precisam ser priorizados quando o assunto é o cuidado com o corpo e a estética: Alimentos que devem ser evitados: Leite integral, manteiga, margarina; Pães brancos, biscoitos doces; Queijos amarelos e embutidos; Açúcar refinado; Arroz branco, massas em excesso; Caldos industrializados, temperos prontos, enlatados; Frituras, maionese, creme de leite; Café, mate e chá preto em excesso; Refrigerantes e água com gás; Molhos industrializados. Alimentos que devem ser priorizados: Pães e cereais integrais; Queijo branco, leite desnatado, iogurtes sem gordura; Verduras, legumes, frutas e sucos naturais; Aveia, gérmen de trigo, semente de linhaça, levedo de cerveja, gergelim; Azeite extravirgem; Carnes magras; Soja; Castanha do Brasil e de caju; Chá verde, água de coco. 41 13 ALIMENTOS FUNCIONAIS E A ESTÉTICA Fonte: einstein.br Alimento funcional é definido pela RDC 18/99, como sendo aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutritivas básicas, quando consumido como parte da dieta usual, produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica. Um alimento pode ser considerado funcional se for demonstrado de maneira satisfatória que pode agir de forma “benéfica” em uma ou mais funções do corpo, além de se adequar à nutrição e, de certo modo, melhorar a saúde e o bem estar ou reduzir o risco de doenças. Naturalmente, todos os alimentos são funcionais, uma vez que nos proporcionam sabor, aroma e valor nutritivo. Entretanto, nas últimas décadas, o termo funcional está sendo aplicado a alimentos com uma característica diferente, a de proporcionar um benefício fisiológico adicional, além das qualidades nutricionais básicas encontradas. Tais alimentos também são vistos como promotores de saúde e podem estar associados à redução do risco de certas doenças. Segundo a ANVISA, alimentos funcionais são aqueles alimentos que contêm compostos bioativos e substâncias fitoquímicas ou nutrientes que forneçam benefício à saúde, seja como prevenção ou tratamento de doenças. Assim, são considerados promotores de saúde e podem estar associados com a diminuição dos riscos de algumas doenças crônicas. 42 Alcançar a longevidade com vitalidade, boa forma física e mental, pele jovem, cabelos sedosos, menos celulite e flacidez; são os desejos de muitos e que hoje não são impossíveis nem ao menos difíceis de serem realizados. A solução é simples e está no seu prato. O segredo está na forma que você se alimenta, através de dietas personalizadas, planejadas e incorporadas ao seu dia-a-dia. A hidratação é essencial para garantir os cuidados estéticos. Beber pelo menos 2 litros de água por dia auxilia na eliminação de toxinas e desintoxicação do organismo. 13.1 Alimentos e os cabelos Todos sabemos que existe uma correlação direta entre o que se come e a saúde. Os alimentos são a fonte de energia e a matéria prima para manter em atividade nosso organismo e produzir os hormônios, as enzimas e as proteínas necessárias ao nosso desenvolvimento. Os cabelos compõem-se 90% da proteína queratina que contém, na sua estrutura, 18 aminoácidos, 8% de água, lipídeos, pentoses, glicogênio e ácido glutâmico, e 2% dos minerais de ferro, cobre, zinco, alumínio e cobalto. O ressecamento é o primeiro sinal de que os cabelos estão desnutridos, sendo que a perda da umidade dos fios provoca uma diminuição da coesão entre as células, facilitando com que eles se quebrem. Qualquer fator do organismo que reduza a síntese de proteínas repercutirá sobre o crescimento dos cabelos. Regimes radicais ou estados de desnutrição com falta de proteínas, vitaminas ou óleos essenciais aumentam o número de folículos em fase de repouso, determinando o afinamento, a perda do brilho e a interrupção do crescimento dos fios. A seguir, são descritos alguns alimentos que podem contribuir com a saúde capilar: Aveia: é um alimento fonte de silício que ajuda a deixar os cabelos fortes e estimula o crescimento, pois eles estão relacionados com a formação da queratina, a proteína que estrutura o cabelo. Óleo de linhaça: é responsável por melhorar a aparência do cabelo, dando mais brilho. Possui ácidos graxos essenciais que atuam na organização da queratinização do couro cabeludo. 43 Nozes, castanhas e amêndoas: são oleaginosas fonte de zinco que agem estimulando o crescimento do cabelo e ajudando a reduzir a oleosidade, uma vez que o zinco está ligado à síntese de proteínas, principal componente dos fios. Frutos do mar: são ricos em magnésio e iodo nutrientes essenciais na formação de proteínas como a queratina que constroi os fios, atuando na renovação celular. Feijões, leite, quinoa, carnes e ovos: são alimentos ricos em aminoácidos que são os principais componentes dos cabelos, responsáveis por estimular o crescimento e fortalecimento dos fios. Carne vermelha: é rica em ferro heme que, quando em falta, ocasiona queda de cabelos. Frutas secas e sementes de girassol: são ricas em potássio, importante para a hidratação dos cabelos, já que controla o equilíbrio da água na haste capilar. 13.2 Alimentos e a pele Grandes mudanças pelo fotoenvelhecimento ocorrem na derme como uma acentuada diminuição do colágeno, glicosaminoglicanos e proteoglicanos, além disso é observado uma certa degeneração das fibraselásticas (elastose), resultando em uma superfície cutânea áspera e com rugas finas e grossas. Alguns alimentos devem fazer parte da rotina alimentar para ter o resultado desejado sobre a pele. A mesma é o maior órgão do nosso corpo e para uma pele saudável é preciso se preocupar em comer e hidratar-se bem. O processo sempre começa de dentro para fora, por isso, é necessário ver com cuidado o cardápio. Abaixo são listados alguns itens fundamentais que são encontrados na alimentação e que beneficiam a pele: O licopeno é um antioxidante essencial para a pele. Ele não só retarda o envelhecimento, como ameniza seus sinais, já que o antioxidante age nas células, melhorando o aspecto cutâneo. Prova disso é que a indústria farmacêutica de cosméticos que já viu e já aprovou vários cosméticos ou nutricosméticos que possuem em sua composição o licopeno. Pode ser 44 encontrado no tomate ou no próprio suco de tomate, na goiaba, melancia, etc. Há também a versão em cápsulas, em farmácias e casas de produtos naturais. O ômega 3 tem ação anti-inflamatória e é ótimo para acne e dermatites. Age como um lubrificante natural, atuando na hidratação da pele. As principais fontes são os peixes e linhaça. Para combater os efeitos da poluição, estresse, tabagismo, o selênio, encontrado na castanha do Pará, na truta e no camarão, é um mineral que age como um escudo contra manchas e flacidez. As frutas cítricas também não podem faltar no cardápio, pois nelas encontramos a vitamina C (presente na laranja, acerola, caju, abacaxi) que é uma poderosa arma no combate aos radicais livres e tem papel fundamental no crescimento e reparação da pele e na formação de colágeno para manter o tônus e firmeza. O zinco exerce proteção contra a acne e tem função antioxidante. Pode ser encontrado em carnes, ostras, quinoa, amaranto e amêndoas. O betacaroteno, por exemplo, encontrado nos vegetais e frutas amarelos e alaranjados, se destaca quando o assunto é beleza da pele. Ele colabora com a produção de melanina (substância associada à coloração e bronzeamento da pele) e, sua grande virtude, é a capacidade de combater os efeitos nocivos dos radicais livres (moléculas que se formam diariamente em nosso corpo e que em excesso prejudicam a saúde). 13.3 Alimentos e as unhas Quando há carência de nutrientes as unhas podem ficar quebradiças, com elevações e manchas brancas (coiloníquia). Para prevenir o problema deve-se incluir na alimentação diária: Zinco: presente na quinoa, amaranto, carnes, leite e seus derivados. Proteínas de alto valor biológico: encontram-se nos ovos, frango, peixes, carnes, leite e seus derivados. Complexo B: as principais fontes são os cereais integrais como o gérmen de trigo, quinoa, amaranto, arroz integral. 45 Vitamina C (ácido ascórbico): está presente na laranja, goiaba, limão, mexerica, abacaxi, etc. O zinco, o complexo B e a vitamina C são essenciais na produção de queratina, que é uma proteína fibrosa constituinte da unha. O aparecimento de listras nas unhas pode simbolizar uma ingestão insuficiente de vitaminas do complexo B. Se suas unhas estão secas e quebradiças é sinal de falta de cálcio e ferro. Unhas com manchas brancas é sinal de carência de zinco ou selênio. 13.4 Alimentos e a celulite A celulite também é conhecida como adiposidade edematosa, lipodistrofia ginoide e dermatopaniculose deformante. Embora não exista morbidade ou mortalidade associada à celulite, ou seja, não se trata de doença, permanece como preocupação estética frequentemente importante para um grande número de mulheres. A celulite é muito mais prevalente nas mulheres e tende a ocorrer nas áreas em que a gordura está sob a influência do estrógeno, como quadris, coxas e nádegas. Sabendo que a celulite é uma inflamação do tecido adiposo cutâneo o tratamento deve se iniciar com a retirada de alimentos ricos em substâncias pró- inflamatórias, junto com a introdução de uma alimentação balanceada rica em nutrientes antioxidantes e anti-inflamatória, aliados a atividade física regular. Alguns alimentos ajudam, são eles: Peixes de água fria (salmão, atum, sardinha) e linhaça: é um tipo de ácido graxo (gordura) poli-insaturada, com poder anti-inflamatório. Abacate: é rico em glutationa e ômega 9, dois anti-inflamatórios. O ômega 9 também auxilia no controle do hormônio cortisol evitando o acúmulo de gordura no organismo. Maçã: é rica em pectina, um carboidrato que ajuda a regular a absorção de gorduras e de glicose no organismo. Liberando menos insulina, diminui-se as inflamações. Soja: possui isoflavona, que ajuda a regular os níveis de estrogênio no organismo da mulher. Esse hormônio, quando em excesso, faz aparecer mais celulite. 46 Chás: chá de cavalinha e de centelha asiática são diuréticos que ajudam o organismo a eliminar toxinas e, por isso, resultam em menos inflamações como a celulite. 47 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADRIANA, D.; BARLETA, Valéria Calmeto Noronha. Alimento funcional: uma nova abordagem terapêutica das dislipidemias como prevenção da doença aterosclerótica. Cadernos unifoa, v. 2, n. 3, p. 100-120, 2017. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Aprova o regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos. Resolução n. 18, de 3 de dezembro de 1999. ASPEN. Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral. Livro de Nutrição Enteral. Silver Spring: ASPEN, 2010. 370 p. BARBOSA, L. B.; FORTES, Renata Costa; TOSCANO, B. A. 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