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Julia Ulrick - 2025.1 Clínica Médica 2 OBESIDADE ➢ Doença endócrina metabólica caracterizada pelo excesso de gordura no corpo. É a principal doença crônica não transmissível atualmente. É uma doença multifatorial, que não tem causa única, o obeso é um portador de uma doença endócrino-metabólica, crônica, heterogênea e multifatorial, caracterizada pelo excesso de gordura no corpo. Sendo atualmente a principal doença crônica não transmissível no mundo – importante para a epidemiologia do surgimento de várias doenças. ➢ O diagnóstico da obesidade é feito através do índice de massa corporal (IMC). O IMC é o critério mais utilizado para classificação do grau de obesidade: ➢ O IMC não avalia a composição corporal, avalia apenas o peso como um todo. Métodos de avaliação da composição corporal: bioimpedância elétrica, pregas cutâneas, US, TC ou RNM. ➢ É uma doença muito incidente nos dias atuais, sendo que a hipertensão arterial e o diabetes são doenças diretamente relacionadas à obesidade. O IMC é importante por definir o risco do paciente de desenvolver outras doenças associadas à obesidade. ➢ Obesidade andróide (corpo em formato de maçã - gordura abdominal) X obesidade ginóide (corpo em formato de pera - gordura gluteofemoral): Em um paciente com obesidade abdominal, eu tenho uma concentração maior de adipócitos intra abdominais. Isso é importante pois esses adipócitos têm uma atividade lipolítica maior, produzindo maior quantidade de ácidos graxos livres, que são pró-inflamatórios. Relacionada a um maior risco cardiovascular, doenças graves e maior mortalidade independente da gordura corporal total. ➢ Circunferência abdominal: deve ser medida em todos os pacientes, homens devem ter uma circunferência abdominal menor que 90 e as mulheres menor que 80 cm. Isso é importante pois o valor de circunferência abdominal reflete o conteúdo de gordura visceral e é um indicador de risco clínico. Não costuma se utilizar a cicatriz umbilical, pois muita das vezes, os pacientes já passaram por procedimentos cirúrgicos – abdominoplastia ou outros processos que modificam o ponto da cicatriz umbilical. Utiliza-se o ponto médio entre a crista ilíaca superior e a última costela. - Deve ser feita todas as vezes que o paciente for ao consultório, fazendo parte do exame físico – peso, altura e circunferência abdominal. Porque é necessário acompanhar a redução da circunferencial abdominal no paciente que faz tratamento para obesidade. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA 1) Genes: pai ou mãe obeso tem 50% de chance; ambos os pais: 80% 2) Balanço Energético: Aumento da ingestão calórica e/ou diminuição do dispêndio energético. O termo “ambiente obesogênico” é extremamente importante e refere-se a um indivíduo com uma carga genética importante para desenvolver obesidade inserido em um ambiente que favorece que esse gene se desperte, seja ativado, porque eu tenho tudo para comer mais e pior e tudo para diminuir o meu gasto energético. 3) Síndromes genéticas específicas: ● Mutação no gene da Leptina ou mutação no receptor da Leptina; ● Doenças genéticas: Síndrome de Prader-Willi e Síndrome de Bardet-Biedl ● Mutação no receptor da leptina: obesidade que eu não tenho como tratar. É um caso bastante grave, sem muita solução. ● Mutação no gene da Leptina: o problema é na produção da leptina e aí nós podemos ofertar a leptina a esses pacientes. ● 4) Causas secundárias: Sd. de Cushing, hipotireoidismo, disfunção hipotalâmica, medicamentos. ➢ Fisiopatologia: A ingestão energética tem que ser igual ao gasto energético. Todas as vezes que eu tenho um excesso energético, ele vai se depositar sobre a forma de gordura. O núcleo arqueado é o mais importante. A maioria dos hormônios produzidos a nível de TGI e tecido adiposo vão atuar no controle da minha fome e saciedade. ● Tecido adiposo: estoque energético, isolante térmico, função endócrina, leptina. O que se espera de composição corporal é que as mulheres tenham de 20-25%. Enquanto, nos homens, essa concentração deve ser um pouco menor, entre 15 a 20%. ● Leptina: hormônio protéico produzido pelo adipócito. Ela funciona informando ao SNC qual é o meu estoque energético, visto que a sua síntese é proporcional à quantidade de gordura. Aumenta no estado alimentado ( pós-prandial ), diminui no estado de jejum. ● Grelina: antagonista da leptina. Estimula os neurônios NPY e inibe os POMC. Uma das situações que ajudam no emagrecimento nos pacientes que passam por cirurgia bariátrica é a retirada de parte do estômago, que é o principal local de produção da grelina. Aumenta no estado de jejum, diminui no estado alimentado. É um antagonista funcional da leptina. ● Colecistocinina: ação anorexígena. Inibe o esvaziamento gástrico, estimula a contração da vesícula biliar e a secreção enzimática do pâncreas ● Peptídeo YY: saciedade pós prandial -> anorexígena. A presença do alimento estimula a sua liberação – saciedade pós-prandial Toda a regulação da fome e da saciedade vem de uma intensa contribuição dos hormônios do TGI e tecido adiposo com o SNC – eixo cérebro intestinal. A disbiose é quando eu tenho desequilíbrio na flora intestinal. A disbiose está sendo relacionada a diversas patologias, não só obesidade.Quando eu tenho alterações desse microbioma, eu tenho um aumento das bactérias gram-negativas com produção do LPS, que é um componente da parede celular. Ou seja, o desequilíbrio gera uma prevalência maior das bactérias gram-negativas. >> Por isso que a gente diz que o obeso é um doente inflamado crônico. ➢ Consequências da obesidade: resistência à insulina e DM2, distúrbios da reprodução, colelitiase, apneia do sono, doença articular degenerativa, gota, acantose nigricans, doença hepatobiliar, doença cardiovascular, infecções, estase venosa. Não esquecer da íntima associação entre obesidade e câncer. Há uma íntima associação em uma dieta rica em carne vermelha e baixo teor de fibras. A associação da obesidade e síndrome metabólica é muito importante, já que a obesidade está relacionada a outras doenças que não são visualizadas de forma clara. ➢ ➢ A etiologia da Síndrome Metabólica começa na resistência insulínica e aí eu tenho um aumento da lipólise, da produção de ácidos graxos. É um ciclo vicioso, baseado inicialmente no surgimento da resistência à insulina. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Critérios Diagnósticos: Utiliza-se o Programa Nacional de Educação em Colesterol e Tratamento de Adultos Painel III (NCEP –APTIII); Federação Internacional de Diabetes (IDF) ● Triglicerídeos: maior que 150 ou já está em tratamento; ● Colesterol HDL: menor que 40 para homens ou menor que 50 para mulheres; ● PA: maior ou igual a 130/85 ou já está em tratamento; ● Glicemia de jejum: maior que 100 ou diabetes; ● Circunferência abdominal: maior que 88 para M e 102 para H. Se eu tenho mais que 3 critérios, eu tenho uma síndrome metabólica. TRATAMENTO ➢ Tratamento não farmacológico: Perda de peso É necessária mudança no estilo de vida, a dieta deve ser individualizada. Quanto menos processado for o alimento, mais natural, melhor vai ser a sua alimentação. De preferência, comer 3 frutas diferentes por dia. Além disso, é preciso reduzir açúcar, gordura saturada e sal. A base da pirâmide alimentar é beber água, além da prática de atividade física. ➢ Tratamento Medicamentoso: sibutramina, orlistat, agonista do GLP 1 1. Mesmo sem ter feito o não medicamentoso, pode fazer o medicamentoso nos pacientes com IMC igual ou maior a 30; 2. Em casos de associações a comorbidades importantes; 3. Falha no tratamento não medicamentoso. - Orlistate: Medicamento bastante seguro, não tem ação sistêmica, não tem ação a nível de SNC, não causa dependência e reduz em cerca de 30% a absorção de gorduras ingeridas. Urgência fecal. - Sibutramina: A sibutramina não deve ser utilizada em pacientes com doença cardiovascular grave, como Insuficiência Cardíaca, Hipertensão Arterial de difícil controle, arritmia cardíaca. É um medicamento que altera os níveis pressóricos e também a frequência cardíaca. - Análogodo GLP 1: Inicialmente, era destinada ao tratamento de diabéticos que fossem obesos. Lembrar que o GLP1 é uma incretina intestinal que estimula a produção de insulina, diminui a produção do glucagon. Dosar amilase e lipase antes devido a risco de pancreatite. ➢ Tratamento cirúrgico: CLINÍCA No paciente com sobrepeso ou obeso, a adiposidade central pode estar relacionada ao levar à – HAS, trombose, DM, dislipidemia, aterosclerose e consequentemente, um processo inflamatório crônico A obesidade e a síndrome metabólica estão relacionadas com alto nível de marcadores/fatores inflamatórios, incluindo interleucinas, TNF-alfa, proteína C reativa, defeitos na fibrinólise e estresse oxidativo aumentado Com relação às manifestações clínicas na SM é importante relatar que o paciente NÃO TEM SINTOMAS ESPECÍFICOS – é muito importante ficar atento ao exame físico do doente, porque ele não sente nada específico; → O diagnostico depende do exame físico, laboratorial e da percepção do médico; → Existem alguns sinais importantes como HAS e aumento da circunferência abdominal.
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