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MEDICINA – FITS | 2º período 2021.1 | @study.sarahs Síndrome metabólica Síndrome metabólica Objetivos: 1. Compreender a síndrome metabólica e associá-la à obesidade. 2. Entender a fisiopatologia da obesidade (tipos, diagnóstico, tratamento). 3. Entender o Programa de Prevenção e Controle da Obesidade. 4. Entender o mecanismo da fome e da saciedade. 5. Relacionar a obesidade com outras comorbidades. 1. Compreender a síndrome metabólica e associá-la à obesidade. Definição: Síndrome metabólica ou síndrome da resistência insulínica ou síndrome X É uma disfunção metabólica associada à obesidade visceral e resistência insulínica. Três ou mais critérios para diagnostico da síndrome: 1. NCEP-ATP III – Circunferência abdominal ♂ ≥ 102cm ♀ ≥ 88 cm (obrigatório) Glicose de jejum ≥ 100 (*110) mg/dL ou tratamento (TTO) PA ≥ 130/85 mmHg ou TTO Colesteróis: TRIG > 150 mg/dL ou TTO HDL ♂ <40 mg/dL HDL ♀ <50 mg/dL 2. IDF- De acordo com o sexo e etnia (obrigatório) ♂ > 102cm (USA) > 94cm (Europeus) > 90cm (Sul- americanos e asiáticos) ♀ > 88 cm (USA) >80cm (resto do mundo) Glicose em jejum (GJ) ≥ 100mg/dL ou TTO PA ≥ 130/85mmHg ou TTO Colesteróis: TRIG > 150 mg/dL ou TTO HDL ♂ <40 mg/dL HDL ♀ <50 mg/dL 3. OMS – Relaciona medida da cintura com a medida do quadril; ♂ c/q ≥ 0,9cm ♀ c/q ≥ 0,85cm ou IMC > 30kg/m² HbA1c ≥ 5,7% Teste Oral Tolerância a Glicose ≥ 140mg/dL GJ ≥ 100mg/dL ou TTO (obrigatório) PA ≥ 140/90mmHg ou TTO Colesteróis: TRIG > 150 mg/dL ou TTO HDL ♂ <35 mg/dL HDL ♀ <50 mg/dL Microalbuminúria ≥ 30 mg/g Cr Dentro dos critérios não inclui: • LDL • Ácido úrico • Esteatose hepática • Peso (indiretamente a OMC inclui o cálculo do IMC) Medida da circunferência abdominal na linha média horizontal entre a crista ilíaca e último rebordo costal, em pé, final da expiração profunda, medir sempre em um ponto físico, não usar fita elástica, não promover pressão excessiva ou deixar a fita frouxa, realizar três medidas e calcular a média. Epidemiologia: Porcentagem da população que tem critérios para síndrome metabólica • Mundo 20-25% • USA 39% • BRA 30% Mortalidade geral 1,5x Mortalidade cardiovascular 2,5x Fisiopatologia: Acúmulo de tecido adiposo visceral, cria-se uma resistência insulínica que gera problemas como por exemplo dislipidemia, hipertensão. Resistência insulínica – diminuição da captação hepática e muscular o que leva ao aumento da glicose circulante. O que pode levar diabetes, hipertensão por exemplo. A insulina circulante vai lá no receptor da insulina e informa para célula que tem glicose, induzindo os captadores de glicose, o GLUT-4, por meio da sinalização da tirosina, que envia a mensagem para o GLUT-4 que tira a glicose do meio extra para o meio intra. Diversos fatores da síndrome metabólica fazem com que dificulte a insulina chegue a célula, a tirosina. O que estimula outro aminoácido, serina, que dificulta a entrada da glicose para o meio intra o que leva a hiperglicemia. Fatores extrínsecos/estilo de vida: 1. Diminuição da atividade física 2. Aumento da ingesta calórica MEDICINA – FITS | 2º período 2021.1 | @study.sarahs Intrínsecos 1. Genética Obesidade na família. Histórico familiar de SM aumenta o risco, em até 50% Interação de fatores, como por exemplo ter a predisposição, mas ter uma boa alimentação, pratica exercícios o que daí a genética em si não comandara sozinha 2. Alteração da microbiota intestinal Disbiose: > 10 trilhões de bactérias, relação de simbiose muito grande com o organismo, realizam diversos papeis importantes, como: Produção de vitamina K e complexo B Estímulo ao desenvolvimento das defesas imunológicas Proteção dos intestinos – infecção por salmonella e clostridium difficile (colite pseudomembranosa) em caso de infeção se as bactérias estiverem equilibradas não permitem a entrada do clostridium. Desequilíbrio aumenta risco de pegar infecções. Microbiota do magro vs obeso: Magro: maior diversidade de bactérias, firmicute > bacteroidetes Obeso: menor diversidade de bactérias Disbiose como causa ou consequência da SM? Fatores associados como alimentação, uso de antibióticos, fumo, álcool, infecções bacterianas, idade. Hiperpermeabilidade intestinal: Quando a proteção realizada pela mucosa não está sendo efetiva alterando os mecanismos de transporte, destruí a mucosa intestinal, gerando translocação de bactérias o que como resposta pode ser uma resposta inflamatória sistêmica. (leve, mas continua, o que aumenta a resistência insulínica.) Hipotálamo inflamado, tem alterações que tem diminuição da saciedade. Tratamento para a Disbiose: ainda incerto, o que se tem é que não adianta apenas comer pró-prébióticos, comer fibras, alimentação balanceada, transplante fecal (para tratar a colite pseudomembranosa) Classificação da obesidade: 1. Monogênica (um gene só determina a obesidade, muito mais raro): sindrômica (associada à alguma síndrome de má formação, síndrome de “Auston”) e não sindrômica (obeso sem outra síndrome associada) 2. Poligênica: não é uma mutação em si, são polimorfismos, variantes que tem mais de 1% da população que aumentam o risco, 1 polimorfismo aumenta um quilo, outro um quilo também e daí gera o aumento de peso. Quanto maios polimorfismos maior o IMC do paciente. Complicações (por áreas associadas a SM): Metabólicas: principalmente a diabetes mellitus Cardiovascular: dislipidemia (HAS) podendo combinar com DAOP, IAM, AVC que são as principais causas de morte dos pacientes com síndromes metabólicas Reumatológicas: gota (hiperuricemia associada à gota, são níveis elevados de ácido úrico no sangue), cálculos renais, osteoartrite (excesso de peso pode sobrecarregar as articulações, além disso a gordura é um tecido inflamatório, quando inflama aumenta ainda mais a inflamação crônica piorando a osteoartrite). Pulmonares: asma, a gordura faz interleucinas 6, adipocinas que estimulam a inflamação tipo 2 que quem já tem uma tendencia a asma, pode levar a crises. + gordura, + crises de asma Apneia do sono, dificulta a entrada de ar, diminui a saturação principalmente no sono, que relaxa a musculatura e pode acabar colabando na região cervical (principalmente se o paciente tiver uma região com mais tecido adiposo) Oncológica: aumento da insulina, que pode aumentar a proliferação de células, aumenta estrógeno e canceres estrógenos dependentes. Câncer relacionados a SM: ONDE PASSA A COMIDA, TODO TRATO GASTROINTESTINAL (Esôfago, estomago, fígado, vesícula, pâncreas, colón e reto) Aumento das lipocinas inflamatórias: canceres de tireoide, mieloma múltiplo. Aumento de estrógeno: câncer de mama, ovários e endométrio. Rins, bexiga. SM REDUZ TESTOSTERONA (reduz a frequencia de câncer de próstata MAS aumenta o risco) Gastrointestinais: esteatose hepática, pode gerar complicações graves ao paciente como canceres. DRGE Dermatológicas: acantose nigricans, ganho de peso comprometimento no funcionamento do fígado. Acrocórdons, marcador de pólipos no intestino, maior risco de câncer no intestino Reprodutivas: SOP (resistência à insulina), Infertilidade e hipogonadismo Renais: nefropatia da obesidade. Obesidade + diabetes, aumenta muito o risco de nefropatia diabética com maior risco. MEDICINA – FITS | 2º período 2021.1 | @study.sarahs Abordagem terapêutica: Vários pontos para diminuir o risco metabólico GLOBAL. 1. Dislipidemia não relacionada a SM 2. Tabagismo 3. Idade/sexo masculino 4. História familiar de doenças cardiovasculares 5. Resistência insulínica - Diabetes 6. Hipertensão arterial sistêmica 7. Colesteróis Observar: 1. Alimentação (comer mais fibras, por exemplo) 2. PA: reduzir a pressão pelo menos <140/90 (<130/80 se diabético + FR cardiovascular) 3. Exercícios 4. Hábitos de vida como fumo, álcool 5. Controleda Glicemia (redução de peso e exercício / metformina) 6. Melhora dos Colesteróis 7. Estado pro-trombótico (baixa dose de aspirina para pacientes de alto risco) 8. Estado pró-inflamatório (mudança de estilo de vida) Objetivos do tratamento: Dislipidemia: HDL – questão genética, não se espera grandes alterações por meios extrínsecos Estatinas para controle da LDL Obesidade: Obesidade abdominal: Ano 1: reduza o peso corporal em 7% a 10%; Continue depois a perda de peso com objetivo final de IMC <25 kg/m². Dieta anti aterogênica: Ingestão reduzida de gorduras saturadas, zerar a ingesta de gorduras trans e redução de colesterol. Alimentação balanceada: 15% proteínas, 25% gorduras e 60% de carboidratos; Trocar açúcar por adoçante e evitar bebidas adoçadas; experimento: QUALQUER TIPO DE AÇÚCAR É PIOR DO QUE USO DE ADOÇANTES; Limitar ingestão de álcool, no máximo uma dose por dia em mulheres, duas doses por dia em homens; Aumentar a ingestão de fibras; Substituição de grãos refinados por grãos integrais. Dietas: 1. Dieta do mediterrâneo (redução de riscos cardiovasculares): Rica em frutas, vegetais, nozes, grãos integrais e azeite. Possibilita perda de peso, menor pressão arterial, melhor perfil lipídico, melhor resistência à insulina e níveis de marcadores de inflamação e disfunção endotelial. 2. DASH: Ingestão diária de sódio LIMITADA a 2400 mg e aumento de ingestão de laticínios Melhorias nos triglicerídeos, pressão arterial diastólica e glicemia em jejum. 3. Atividade física: Pelo menos 30 minutos por dia, intensidade moderada, contínuos ou intermitentes, 5 vezes por semana, mas de preferência diariamente. Exames complementares (pacientes com riscos cardiovasculares, diabetes, tabagismo) solicita-se teste ergométrico em diabéticos antes do início da atividade física. 2. Entender a fisiopatologia da obesidade (tipos, diagnóstico, tratamento). Doença mais prevalente do mundo! Epidemiologia: • USA: 35% de sua população obesa • BRA: 20% (2008 – 11%) • Metade dos países do mundo tem >20% de obesos • USA: custos de 2,1 bilhões de dólares anualmente MEDICINA – FITS | 2º período 2021.1 | @study.sarahs Peso: deve-se relacionar com altura e idade. Adulto: Idoso: Sobrepeso x Obesidade Obesidade maior de gordura/peso corporal, associado a riscos de saúde. Não leva em conta massa muscular, nem distribuição de tecido adiposo. Medidas: Cintura, correlaciona com a gordura visceral. Alta correlação com risco cardiovascular. Definições: 1. NCEP-ATP III – Circunferência abdominal ♂ ≥ 102cm ♀ ≥ 88 cm (obrigatório) 2. OMS Circunferência abdominal ♂ > 94cm (USA, Europeus) > 90cm (Sul- americanos e asiáticos) >85cm em Japoneses ♀ > 88 cm (USA) > 80cm (resto do mundo, exceto japonesas) > 90cm em japonesas Relação entre gordura visceral e subcutânea Relação Cintura/Quadril Bom marcador de distribuição de gordura corporal. Possibilita estimar tanto a gordura visceral (cintura) como a periférica/subcutânea (quadril). ♂ c/q ≥ 0,9cm ♀ c/q ≥ 0,85cm Relação cintura/altura Prediz mais adequadamente o risco de DCV que o IMC Alterada uma relação cintura-altura ≥ 0,55 Repete-se: Medida da circunferência abdominal na linha média horizontal entre a crista ilíaca e último rebordo costal, em pé, final da expiração profunda, medir sempre em um ponto físico, não usar fita elástica, não promover pressão excessiva ou deixar a fita frouxa, realizar três medidas e calcular a média. Composição corporal: É o fracionamento da massa corporal, o que determina as quantidades (em valores absolutos ou relativos) dos componentes corporais. Serve: para identificar se o paciente tem níveis altos ou baixos excessivamente de gordura corporal total; avaliar acúmulo excessivo de gordura intra-abdominal; estimar o peso corporal ideal de atletas e não-atletas, avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos na alteração da composição corporal, monitorizar mudanças na composição corporal associadas ao crescimento, desenvolvimento e idade. Como fazer: métodos 1. Direto: pesagem hidrostática de Aristóteles (se a água desloca mais, mais gordura.) 2. Indireto: densitometria do corpo inteiro, mesma máquina que se avalia a densidade óssea. Depende da intensidade dos feixes nas gorduras 3. Duplamente indiretos: prega cutânea precisa de habilidade para medição em localizações corretas, se o paciente estiver muito hidratado ou pouco pode alterar o resultado; e bioimpedância onde o paciente vai subir em um aparelho que vai emitir feixes elétricos entre um ponto e outro do paciente, com base na velocidade da corrente é estimado a quantidade de gordura. Quanto mais gordura, mais lento, gordura não possui água. Não exige habilidade. Caríssimo Etiologia: Exógenas, excesso de calorias, corticoides e antipsicóticos, fatores psicossociais. Endógenos, endocrinopatias como síndrome de Curshing, causas genéticas. IMC = peso /altura² MEDICINA – FITS | 2º período 2021.1 | @study.sarahs Fisiopatologia: Aumento de hormônios orexígenos e queda de hormônios anorexígenos (reduz quantidade ou sua ação [resistência]) Vias anorexigênica: Após a alimentação o intestino começa a produzir hormônios informar o corpo que tem comida e pode diminuir o hormônio da fome, colescistoquinina, amilina, GLP-1, PYY, GIP, insulina, leptina. Juntos todos esses hormônio dão a mensagem de saciedade ao hipotálamo. Hipotálamo para informar saciedade ele lança duas vias POMC se liga ao Mc4R levando à saciedade e CART (transcritos relacionados à anfetamina e cocaína) ativa a termogênese e leva a saciedade. Via orexigênica: Quando paramos de comer o fundo gástrico começa a produzir a grelina, que informa ao hipotálamo que precisa de alimento, o hipotálamo ativa o neuropeptídeo Y (NPY) e o peptídeo relacionado a proteína Agouti (AgRP) que aumento o apetite e reduz a termogênese e aumentando a hiperfagia. MCH, orexina e hipocretina = FOME Bariátrica, tira o fungo gástrico, reduz a produção da grelina. Mutações quer podem levar a obesidade: Deficiência da leptina: não informa a POMC, CART obesidade grave e baixa temperatura corporal (não estimula a termogênese) Doenças genéticos na obesidade: Prader-Willi doença monogênica mais comum • Falha em ganhar peso no primeiro ano de vida • Seguido por ganho de peso excessivo • Deficiência GH/Hipogonadismo hipogonadotrófico • Deficiência intelectual/problemas de comportamento Alstrom e Bardet Biedl: problemas visuais e obesidade Tratamento farmacológico: Estabelecer, inicialmente, o grau de obesidade. Indicações do tratamento medicamentoso: • IMC > ou = a 30kg/m2 • IMC > ou = a 25kg/m2 na presença de comorbidades • •Falha em perder peso com o tratamento não farmacológico. A história prévia de falência da tentativa com dieta com restrição calórica é suficiente. Indivíduos com IMC normal e aumento da circunferência abdominal (CA) são considerados obesos viscerais e devem ser tratados na presença de comorbidades (associadas à obesidade e síndrome metabólica). Populações asiáticas apresentam obesidade e, portanto devem ser tratadas farmacologicamente com IMC maior ou igual a 27,5 kg/m2 ou com IMC maior ou igual a 23- 27,5 kg/m2 na presença de comorbidades. Duração do tratamento Quando considerar que há sucesso no tratamento? Quando consegue-se atingir e manter perda de peso clinicamente útil (mínimo de 5%), que resulte em efeitos benéficos sobre doenças associadas, como DM2, HAS e dislipidemia (DLP). Uma meta inicial de perda de 5% a 10% do peso inicial em 6 meses é factível. Medicamentos disponíveis no Brasil SIBUTRAMINA Ação: Bloqueia a recaptação de noradrenalina (NE) e de serotonina (SE) e leva a redução da ingestão alimentar. Dose aprovadapela ANVISA: 1 cápsula de 10 ou de 15 mg pela manhã. Populações especiais: A sibutramina pode levar a uma pequena elevação média de 3-5 mmHg na pressão arterial diastólica e de 2 a 4 bpm na frequência cardíaca, efeitos que devem ser cuidadosamente monitorados. Pacientes diabéticos tipo 2 em uso de metformina e sibutramina 15mg tiveram pequenas reduções da glicose, hemoglobina glicada e triglicerídeos e pequenos aumentos do colesterol HDL em relação aos participantes que receberam placebo, e nenhum efeito sobre o colesterol total e o colesterol LDL. O uso de sibutramina em homens obesos com apneia do sono demonstrou que a perda de peso resultante de sua utilização se acompanhou de melhora na severidade da apneia. ORLISTATE Ação: é um análogo da lipstatina inibidor de lipases gastrintestinais (GI) que se liga no sítio ativo da enzima através de ligação covalente, fazendo com que cerca de um terço dos triglicérides ingeridos MEDICINA – FITS | 2º período 2021.1 | @study.sarahs permanecem não digeridos e não sejam absorvidos pelo intestino, sendo eliminados nas fezes. Não possui atividade sistêmica, tendo absorção desprezível. Dose: 1 cápsula de 120 mg, administrada três vezes por dia junto das principais refeições (dose total diária de 360 mg). Populações especiais: Seu uso está associado a reduções significativas da pressão arterial que são ainda maiores em hipertensos, além de reduções da insulinemia e da glicemia. Em diabéticos, vários estudos mostraram benefícios com perda de peso, reduções de glicemia de jejum, pós-prandial, insulinemia, hemoglobina glicada, além de benefícios no perfil lipídico e redução da circunferência abdominal. Eficácia: Pacientes com obesidade, com ou sem fatores de risco definidos (DM, HAS ou DLP), apresentaram perda de peso, manutenção da perda de peso e mudanças favoráveis nos fatores de risco cardiovascular ligados à obesidade com o uso de orlistate em relação ao placebo. Efeitos adversos: esteatorreia, flatus com descarga de gordura e urgência fecal. Pelo seu efeito de causar disabsorção de gorduras, deve-se ficar atento à possibilidade de deficiência de vitaminas lipossoluveis (A, D, E K), principalmente nas indivíduos em anticoagulação com marevan, nas quais a redução da vitamina K pode causar grande alargamento do INR. LIRAGLUTIDA Ação: é um agonista do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1, tem uma ação hipotalâmica em neurônios envolvidos no balanço energético, em centros ligados a prazer e recompensa e uma ação menor na velocidade de esvaziamento gástrico. Estimula diretamente os neurônios que sintetizam pró- opiomelanocortina e transcrito regulado por cocaína e anfetamina e indiretamente inibe a neurotransmissão de vias de sinalização GABAérgicas. Dose: 3,0 mg, injetável. Efeitos adversos: náuseas e vômitos (transitórios e raramente levaram à interrupção do tratamento), alterações gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia), com duração transitória, de intensidade leve a moderada. Há suspeita de possível aumento de risco de pancreatite e neoplasia de pâncreas. 3. Entender o Programa de Prevenção e Controle da Obesidade. A Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade norteia as ações do governo brasileiro e tem por objetivo promover a reflexão e fomentar a implementação da Estratégia pelos diversos setores que compõe a Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar (CAISAN), tanto em nível federal quanto estadual, ratificando a necessidade de elaboração de diretrizes para o enfrentamento deste cenário epidemiológico, configurado como um problema social com dimensões morais e repercussões na saúde e na qualidade de vida do indivíduo. A Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade: recomendações para estados e municípios tem por objetivo orientar estados e municípios na articulação de ações intersetoriais locais com o intuito de prevenir e controlar a obesidade na população, sendo pautada em seis grandes eixos de ação: • Disponibilidade e acesso a alimentos adequados e saudáveis; • Ações de educação, comunicação e informação; • Promoção de modos de vida saudáveis em ambientes específicos; • Vigilância Alimentar e Nutricional; • Atenção integral à saúde do indivíduo com sobrepeso/obesidade na rede de saúde; e • Regulação e controle da qualidade e inocuidade de alimentos. Durante os últimos anos, observou-se grande avanço na discussão do enfrentamento e prevenção da obesidade no país, efetivando uma Estratégia que organizasse e estruturasse as diversas ações – muitas em vigor há bastante tempo – de diversos setores da sociedade. A elaboração da Estratégia busca articular ações que atuam sobre as causas sociais, ambientais, econômicas e políticas da obesidade/sobrepeso, contribuindo para a superação da perspectiva fragmentada e setorial do enfrentamento dessa situação. No que concerne ao setor saúde, diversas ações são preconizadas no contexto da Estratégia, que contribuem para a redução e manejo da obesidade, tais como: • Programa Saúde na Escola (PSE); • Programa Academia da Saúde; • Discussão da regulação da publicidade, práticas de marketing e comercialização de alimentos, especialmente voltado para o público infantil; • Renovação de acordo com Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação – ABIA para redução e eliminação de gordura trans; • Discussão sobre a redução de açúcar em alimentos processados, prevendo pactuação das primeiras metas em 2015; • Ações de promoção da alimentação adequada e saudável para crianças, por meio da MEDICINA – FITS | 2º período 2021.1 | @study.sarahs divulgação e utilização do Guia Alimentar para População Brasileira, do Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 anos e dos Alimentos Regionais Brasileiros; • Discussão junto ao Ministério do Trabalho para atualização das Portarias que regulamentam o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT); • Renovação de Acordo de Cooperação entre o Ministério da Saúde e a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) para promoção da alimentação saudável nas escolas, com enfoque nas cantinas; • Ações de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) para monitoramento de práticas alimentares e estado nutricional da população. Vale destacar que a elaboração de uma Estratégia, que agrega os diversos setores governamentais, bem como representantes da sociedade civil, reafirma a importância da participação social na formulação de políticas e iniciativas no qual o Estado assume o compromisso com a universalidade, integralidade e equidade no acesso à alimentação adequada e saudável, preservação da autonomia e respeito à dignidade das pessoas, transparência no uso de recursos públicos, compromisso social, sustentabilidade e ética na relação entre público e privado. No âmbito do setor saúde, cabe ao SUS realizar a vigilância alimentar e nutricional, realizar ações de promoção da saúde, como promoção da alimentação adequada e saudável e atividade física, garantir atenção integral à saúde dos indivíduos com sobrepeso e obesidade e atuar no controle e regulação da qualidade dos alimentos. 4. Entender o mecanismo da fome e da saciedade. Sistema neuro-humoral: Através da produção de moléculas como a leptina e a adiponectina (produzidas pelos adipócitos), a insulina (pâncreas), a grelina (estômago) e o peptídeo YY (íleo e cólon). Essas moléculas por meio de mecanismos diferentes controlam a ingesta alimentar. Por exemplo, a leptina reduz a ingesta de alimentos, já a grelina estimula o apetite, enquanto o peptídeo YY, é um sinal de saciedade. O núcleo arqueado no hipotálamo processa esses sinais periféricos e gera novos sinais que são transmitidos pelos neurônios conhecidos como POMC (pró-opiomelanocortina), CART (transcritos regulados pela cocaína e anfetamina), NPY (neu- ropeptídeo Y) e AgRP (peptídeo relacionado com agouti). Enquanto isso,o sistema eferente, recebe os sinais neuronais vindos do núcleo arqueado e inicia o processo de ingesta de alimentos ou perda energética. Os neurônios POMC e CART levam ao aumento do gasto energético e da perda de peso, enquanto os neurônios NPY/AgRP promovem a ingestão de alimentos e ganho de peso. 5. Relacionar a obesidade com outras comorbidades. O sobrepeso e a obesidade são conhecidos fatores de risco para inúmeras condições, incluindo diabetes tipo 2, doença cardiovascular e câncer. Diversos estudos indicam que o diabetes mellitus e a hipertensão ocorrem 2,9 vezes mais em indivíduos obesos do que naqueles com peso adequado. Além disso, alguns autores consideram que um indivíduo obeso tem 1,5 vezes mais risco de apresentar níveis sanguíneos elevados de triglicerídeos e colesterol. A obesidade central também está envolvida em um grupo de alterações conhecidas como síndrome metabólica. Os mecanismos subjacentes a essas associações são complexos. Lembrando que quanto maior o grau de obesidade, mais graves e numerosas serão as patologias relacionadas. COMORBIDADES RELACIONADOS COM A OBESIDADE Cardiovasculares • Hipertensão arterial • Doença da artéria coronária (DAC) • Fibrilação atrial • Insuficiência cardíaca • Respiratórios • Dispneia • Apneia do sono obstrutiva • Asma Psicológicos • Depressão/autoestima baixa • Transtorno da imagem corporal • Estigmatização social Endócrinos • Síndrome metabólica • Diabetes mellitus do tipo 2 • Dislipidemia • Síndrome do ovário policístico/androgenicidade Musculoesqueléticos • Hiperuricemia e gota • Imobilidade • Osteoartrite (joelhos, quadris) • Lombalgia Gastrintestinais • Doença por refluxo gastresofágico (DRGE) • Esteatose hepática não alcoólica (EHNA) • Colelitíase • Hérnias MEDICINA – FITS | 2º período 2021.1 | @study.sarahs Câncer • Pâncreas, esôfago, fígado • Mama, colo do útero, ovário e útero Tegumentares • Estrias • Acantose nigricante/acrocórdons (pólipos fibroepiteliais ou fibromas moles) Resistência à insulina, hiperinsulinemia e diabetes: Uma das principais complicações relacionadas a obesidade é o desenvolvimento de resistência à insulina e hiperinsulinemia, que são características importantes do diabetes tipo 2. O hiperinsulinismo leva a um achado dermatológico típico da resistência insulínica que é a acantose nigricans. Isso ocorre porque o excesso de insulina estimula a proliferação de melanócitos, principalmente em áreas de dobras, levando ao espessamento da pele e ao surgimento de pequenos nódulos. Diante de um indivíduo com um estado de resistência insulínica ou diabetes tipo 2, um passo importante é a redução de peso que melhora a tolerância à glicose e reduz a necessidade de drogas hipoglicemiantes. Canceres: Diversos tipos de canceres apresentam um aumento em sua incidência diante de um excesso de peso. Dentre eles, podemos citar o câncer de esôfago, tireoide, cólon e rins, nos homens, e câncer de esôfago, endométrio, vesícula biliar e rins, em mulheres. A explicação fisiopatológica para isso ainda é desconhecida. No entanto, acredita-se que a hiperinsulinemia aumente os níveis do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), o que pode estimular o crescimento e a sobrevivência de muitos tipos de células malignas, através da ativação do seu receptor cognato, o IGF1R. Referências: SanarFlix – Aula de endocrinologia – Síndrome metabólica SanarFlix – Aula de endocrinologia – Obesidade https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude /prevencaocontrole#:~:text=A%20Estrat%C3 %A9gia%20Intersetorial%20de%20Preven% C3%A7%C3%A3o,em%20n%C3%ADvel%20 federal%20quanto%20estadual%2C https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude/prevencaocontrole#:~:text=A%20Estrat%C3%A9gia%20Intersetorial%20de%20Preven%C3%A7%C3%A3o,em%20n%C3%ADvel%20federal%20quanto%20estadual%2C https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude/prevencaocontrole#:~:text=A%20Estrat%C3%A9gia%20Intersetorial%20de%20Preven%C3%A7%C3%A3o,em%20n%C3%ADvel%20federal%20quanto%20estadual%2C https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude/prevencaocontrole#:~:text=A%20Estrat%C3%A9gia%20Intersetorial%20de%20Preven%C3%A7%C3%A3o,em%20n%C3%ADvel%20federal%20quanto%20estadual%2C https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude/prevencaocontrole#:~:text=A%20Estrat%C3%A9gia%20Intersetorial%20de%20Preven%C3%A7%C3%A3o,em%20n%C3%ADvel%20federal%20quanto%20estadual%2C https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude/prevencaocontrole#:~:text=A%20Estrat%C3%A9gia%20Intersetorial%20de%20Preven%C3%A7%C3%A3o,em%20n%C3%ADvel%20federal%20quanto%20estadual%2C
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