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1 Giovanna Faria NEFRO/URO Hiperplasia Prostática Benigna DEFINIÇÃO • Proliferação das células epiteliais, musculares lisas e do estroma da próstata. • Gera tecido nodular adenomatoso ANATOMIA • A próstata é uma glândula de consistência fibroelástica, situada abaixo da bexiga com peso de 20 a 30g. • Dividida em 4 regiões: o Zona de transição: periuretral, onde começa a HPB. o Zona central: onde os ductos ejaculatórios atravessam o Zona periférica: onde começa adenocarcinoma prostático o Estroma fibromuscular anterior • Função: produção de secreções que fazem parte do ejaculado, como nutrientes para os espermatozoides, além de proteases responsáveis pela liquefação do líquido seminal. ETIO/EPIDEMIOLOGIA: • É uma das doenças mais frequentes no homem, sendo considerada por muitos pesquisadores uma condição natural e inevitável do envelhecimento masculino. • A prevalência aumenta com a idade → há presença da HPB em 8% dos homens entre 31-40 anos, até 50% entre 51-60 anos e em mais de 80% na nona década de vida. • Só 20% dos homens com 60 anos e 43% na faixa dos 80 apresentam próstata aumentada ao toque retal. • A doença tem morbidade moderada e mortalidade rara (0,5 a 1.5/100.000). Quando algum óbito ocorre, geralmente, ele está associado ao quadro de sepse secundário à infecção do trato urinário, que é uma das complicações da HPB. Fatores de risco: • Idade avançada: tempo de exposição a testosterona; maior sensibilidade a testosterona (maior receptores de tt na próstata) • Presença da testosterona: a testosterona entra na célula e é transformada em DHT (di- hidrotestosterona), pela enzina 5-alfa-redutase. O DHT nas células epiteliais prostáticas se liga aos receptores e faz com que genes específicos sejam estimulados e expressados através da produção de proteínas, favorecendo o aumento glandular. O DHT atua no estroma da glândula, o qual começa a produzir fatores de crescimento, o que favorece o aumento glandular. • História familiar de doença precoce: maior predisposição • Obesidade e síndrome metabólica: relacionado a hiperatividade autonômica, um componente da SM, com aumento do tônus simpático e desregulação do parassimpático, inflamação crônica sistêmica e o estresse oxidativo. Fatores protetores: • Cirrose hepática e ingestão moderada de álcool: pacientes com níveis mais baixos de testosterona e DHT. • Atividade Física GT1 2 Giovanna Faria NEFRO/URO FISIOPATOLOGIA ➔ A testosterona penetra na célula epitelial da próstata e pela ação da enzima 5-alfa-redutase é transformada em diidrotestosterona (DHT). ➔ Com o envelhecimento, há diminuição da testosterona, provocando um aumento relativo de estrogênio circulante, o que faz com que haja maior expressão de receptores androgênicos → as células ficam mais sensíveis e com isso, a ligação de DHT a esses receptores promove: o Alteração no equilíbrio entre a proliferação e apoptose celular (aumenta a proliferação celular prostática e diminui a apoptose). o Estimula a secreção de fatores de crescimento pelo estroma prostático que, através do mecanismo parácrino, modulam a proliferação das células glandulares. ➔ Nódulos: o Nódulos formados por estroma: são os periuretrais, compostos de estroma, colágeno, proliferação de miofibroblastos e pequenas quantidades de pequenas glândulas. É mais comum em homens jovens, com próstatas não volumosas e mais fibrosas ao toque. o Nódulos formados por tecido glandular: área adjacente ao esfíncter pré-prostático ou zona de transição → caracterizado por grande proliferação glandular e pouco estroma, é mais comum em indivíduos mais idosos, com próstatas de grande volume com consistência elástica e macia. Obstrução uretral: • Mecânico: Crescimento da zona de transição (nódulos adenomatosos), comprimindo a uretra e consequentemente obstruindo a passagem da urina. • Funcional/dinâmico: Contração das fibras musculares do estroma prostático. Obstruindo a uretra Para manter a homeostasia se tem como resposta a: Resposta vesical: • Hipertrofia do musculo detrusor para compensar a obstrução ao fluxo urinário • O que com o tempo reduz a complacência e capacidade de armazenamento da bexiga, levando os sintomas irritativos. QUADRO CLÍNICO ➔ Sintomas obstrutivos/esvaziamento: hesitação, jato fraco ou afilado, intermitência (jato interrompido), gotejamento terminal, esvaziamento incompleto. o Relacionados a obstrução e incapacidade de eliminar urina. ➔ Sintomas irritativos: urgência, frequência aumentada, noctúria, incontinência de urgência/ por transbordamento. o Problemas no armazenamento, resposta da bexiga a obstrução e pelo estímulo dos receptores alfa adrenérgicos, localizados: uretra, colo da bexiga. ** O volume prostático não necessariamente está relacionado com a quantidade de obstrução da uretra, em razão de se ter obstrução mecânica ou dinâmica. ** Sintomas irritativos aparecem com a progressão da doença, ao tomar conduta cirurgia se resolve os obstrutivos, os sintomas irritativos podem desaparecer ou não. • Complicações: retenção urinária aguda; ITU (estase urinária/ colonização); litíase vesical; falência do detrusor; IRA ou IRC; hematúria. AVALIAÇÃO CLINICA • Anamnese: focar em queixas de jato urinário fraco, esforço, polaciúria... pesquisar uso de medicamentos (anticolinérgicos e alfa agonistas podem desencadear STUI por diminuição da contração do detrusor e aumento da resistência uretral, respectivamente). 3 Giovanna Faria NEFRO/URO • Escore Internacional de Sintomas Prostáticos (I-PSS): aplicado mundialmente, ajuda a classificar a intensidade dos sintomas. As perguntas são as que geralmente fazemos na anamnese (sobre frequência, noctúria, incômodo ao paciente etc.). É útil para classificar a gravidade dos sintomas em um escore, isso pode ser útil para guiar o tratamento. → 0-7: leve → 8-19: moderado → 20-35: grave DIAGNÓSTICO • Baseado no quadro clínico • Toque retal: aumento simetricamente, consistência fibroelástica, sulco intralobular preservado, nódulos endurecidos (indicar biopsia), tônus do esfíncter anal (quando alterado pode indicar comprometimento neuronal). • Exame físico: Palpação da bexiga • Exames complementares: o EAS: afastar infecção do trato urinário, avaliar hematúria (fazer exame de imagem quando presente). o Função renal: Ureia e creatinina → afastar nefropatia obstrutiva, avaliar qual o grau de comprometimento dessa HPB nos rins. o Ultrassonografia pélvica/transabdominal: utilizada como ferramenta diagnóstica em casos de dúvida (ex: paciente sintomático, toque retal normal e PSA aumentado) para avaliar a anatomia do trato urinário superior (espessura da parede vesical, volume da próstata, resíduo urinário pós-miccional). Avaliar complicações clínicas pela HPB. o PSA: antígeno prostático específico→ sintetizado no epitélio prostático, excretado no fluido seminal e sua função principal: liquefação do fluido seminal, por isso sua concentração no plasma é normalmente pequena. Não se altera muito na HPB, caso esteja muito alterado alerta para neoplasia.. ▪ Acima de 60 anos: VR ~ <4,0 ng/mL 4 Giovanna Faria NEFRO/URO ▪ Acima de 1,6: maior risco de HPB ▪ Valores que se elevam anualmente acima de 25%: investigar neoplasia. o Tomografia de abdome e pelve: caso US não esclarecer, sinais de complicação. Não obrigatório, apenas diante de dúvidas: o Cistoscopia: endoscopia da bexiga, em caso de hematúria para investigar outros diagnósticos, como na bexiga por exemplo. TRATAMENTO ➔ Assintomáticos, sintomas leves e sem complicações: • Observar e acompanhar anualmente ➔ Sintomatologia moderada: • Terapia farmacológica ➔ Sintomatologia grave: • Terapia medicamentosa incialmente: avaliar se o paciente vai responder • Caso não responda, tem indicação cirúrgica. Indicações absolutasde cirurgia: ➢ Retenção urinaria aguda (refratário ao tratamento com sonda de foley). ➢ ITU de repetição: pelo risco de bacteremia transitória e possível sepse. ➢ Hematúria macroscópica persistente. ➢ Litíase vesical ➢ Insuficiência renal. ➢ Divertículos vesicais (indicam doença mais avançada). DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS • Prostatite, bexiga hiperativa, estenose de uretra TERAPIA FARMACOLÓGICA • Bloqueador alfa-1-a adrenérgico: tansolusina 0,4 – 0,8 mg 1x/dia o Relaxa músculo liso. EC: hipotensão postural, tontura, fraqueza, cefaleia, rinite (vasodi vasos região). CI: IR pós renal e/ou resíduo vesical elevado; hipotensão postural; hipersensibilidade • Inibidores da 5-alfa-redutase: Finasterida (5mg/dia); Dutasterida (0,5 mg/dia) o Reduz volume glandular, pelo bloqueio da enzima e redução da conversão. o Vai interferir no PSA, deixando-o mais baixo (se deve superestimar para avaliar possível neoplasia) • Terapia combinada: tansulosina + finasterida/dutasterida o Em caso de sintomas obstrutivos importantes e próstatas de grande voluma >40gr. • Antimuscarínicos: reduz contratilidade do detrusor, porém não deve ser usado em caso de resíduo miccional > 200ml, por alto risco de estase urinária e complicações. TRATAMENTO CIRURGICA • Ressecção transuretral (RTU) • Prostatectomia Subtotal o Cálculos ou divertículos o Próstata muito volumosas >80gr. 5 Giovanna Faria NEFRO/URO Câncer de Próstata EPIDEMIOLOGIA • Câncer mais comum entre os homens. • 2ª causa com maior mortalidade oncológica no sexo masculino • Câncer de evolução lenta • ¾ dos casos ocorrem em indivíduos acima dos 65 anos. Fatores de risco: idade, história familiar (>60 anos), raça negra, dieta com consumo de gorduras e carne vermelha. ETIOLOGIA: • Neoplasia maligna: adenocarcinoma 95% das vezes • Multifocal: se desenvolve em diferentes áreas da próstata, com graus histológico diferentes. FISIOPATOLOGIA: • Se dá na zona periférica da próstata, o que favorece o exame do toque. • Sintomas mais tardios por não comprimir diretamente a uretra. RASTREAMENTO: Pacientes assintomáticos: deve ser individualizado, os pacientes devem ser avaliados em relação a sua expectativa de vida, seu estado de saúde e às características do tumor antes que se proponha qualquer tratamento. • Como? o PSA ▪ Quanto maior o seu valor, maior o risco de Câncer de Próstata e de doença mais agressiva. Entretanto, valores baixos de PSA não excluem a possibilidade do CaP. ▪ O PSA total não é um exame específico do câncer (PSA pode estar elevado em HPB e em quadros inflamatórios também), então deve-se utilizar meios para aumentar sua especificidade ➔ PSA Livre: diminui na CaP, pois vai estar mais ligado a proteínas plasmáticas, diminuindo sua relação sobre o PSA total. ➔ PSA Livre/ PSA Total: <0,20: maior chance de CaP. Quanto menor a relação PSAlivre/PSAtotal maior a chance de câncer. Obs: Se o PSA total for maior que 10, não se deve levar em consideração o valor da relação PSAlivre/PSAtotal. o Toque retal: Um toque retal alterado, com nódulos endurecidos é sugestivo de câncer e indica biópsia. Outras possíveis alterações do toque: consistência endurecida, perda dos limites laterais, apagamento do sulco, assimetria de lobos e perda da motilidade da próstata. • Quando: o Idade entre 45 e 75 anos o Histórico familiar e raça negra: 40 anos QUADRO CLINICO: ➔ Assintomáticos: PSA>4; toque retal com nódulo palpável 6 Giovanna Faria NEFRO/URO ➔ Sintomáticos: hematúria (quadros mais avançados), disfunção erétil, dor pélvica, perineal ou óssea. DIAGNOSTICO: • Biopsia guiada: coleta de amostras da periferia da próstata por USG transretal. o Grau histológico: escala de Gleason. Se observa estrutura histologia da prosta e com base na escala se faz a soma: nota maior região da próstata + nota demais regiões = gleason. ➔ A identificação da ausência de camada de células basais é um dos achados mais importantes e fundamentais para o diagnóstico. Gleason 6 – 10: Mais provável de neoplasia maligna. ESTADIAMENTO: • Baixo risco: PSA + TR • Risco intermediário/alto: Cintilografia óssea (pesquisa lesão a distância) + RNM ou TC (observar invasão local). ➔ Estratificação de risco: Racional terapêutico: 2 critérios: • Risco: Parâmetro Baixo Intermediário Alto PSA <10 10-20 >20 Gleason 6 7 8-10 Estadiamento T1 até T2a T2b T2c Baixo Intermediário/alto Vigilância ativa Prostatectomia radical OU • Tratamento local • Prostatectomia radical • Radioterapia Radioterapia Caso não tiver metástase a distância. 7 Giovanna Faria NEFRO/URO • Basear conduta em: COMPLICAÇÕES: • Doença localizada: disfunção erétil; incontinência urinaria; estenose de uretra; hematúria; retite/ cistite actínicas; recidiva Localizado Metastático Tratamento local • Prostatectomia radical • Radioterapia • Hormonioterapia • Tratamento sistêmico (orquiectomia)
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