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internacional 1° bimestre

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1. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
1.1. Definição e denominação 
Elencamos aqui diversos conceitos que se completam:
Conceito: “O direito internacional é o conjunto de regras e de instituições jurídicas que regem a sociedade internacional e que visam a estabelecer a paz, a justiça e, a preservar o desenvolvimento”.
“O direito internacional público (DIP) é o conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, das demais pessoas internacionais, como determinadas organizações intergovernamentais e dos indivíduos”.
“O Direito Internacional Público é o ramo jurídico que disciplina as relações entre os Estados soberanos e os organismos análogos. As suas principais fontes formais são os tratados e os costumes internacionais”.
Para Jorge Americano: “o objeto do direito internacional é o estabelecimento de segurança entre as Nações, sobre princípios de justiça para que dentro delas cada homem possa ter paz, trabalho, liberdade de pensamento e de crença”.
 “O Direito Internacional, que é também Direito Positivo, apresenta várias semelhanças com o Direito interno, conforme discriminação feita pelo internacionalista Celso D. de Albuquerque Mello: ‘(a) é uma ordem normativa; b) é dotado de sanção; c) tem idêntica noção de ato ilícito, isto é, que ele consiste na violação de uma norma’”. 
A teorização do Direito Internacional teve seu início pela Escola Espanhola do Direito das Gentes, constituída, entre outros nomes, por Francisco Vitória, Soto, Molina, Francisco Suarez, que defenderam, nos séculos XVI e XVII, a existência de uma comunidade internacional, fundada na independência e igualdade de direitos entre os Estados. Foi importante também a contribuição de Hugo Grócio, considerado por muitos o “pai do Direito Internacional”. Foi esse que formulou a divisão do objeto do direito Internacional em guerra e paz, em sua obra intitulada De Jure ac Pacis. 
1.2. Desenvolvimento histórico
Tribos e clãs agrupamentos politicamente organizados
 	
Regras jurídicas reger as relações mútuas
Primeiras manifestações rudimentares do direito das gentes 
Sem caráter de universalidade = distância entre as tribos, maior complexidade e diferente grau de civilização 
Era antiga – civilização grega (século XX a. C. a século IV a.C.)
* Primeiras instituições do direito das gentes (arbitragem, direito de asilo, troca de prisioneiros de guerra)
Império Romano (séc. VIII a.C. a séc. V da era cristã) universalidade do império impossibilitava a existência de um direito internacional.
 Cristianismo estabeleceu ordem e civilização entre os povos 
 Paz 
 
 Igualdade e fraternidade
Instituições jurídicas derivadas do Cristianismo (paz de Deus e Trégua de Deus)	
Idade Média feudalismo: organização social, política 
(séc. V ao séc. XV) e econômica, baseado na posse da terra
 mercantilismo: conjunto de idéias e práticas 
 econômicas – fortalecimento do Estado (lei de Rhodes séc. VII e Consolato Del Mare mais ou menos em 1300 séc. XIV)
Idade Moderna descobrimento da América 
(séc. XV ao séc.XVIII)
 Países independentes necessidade de regulamentar as mútuas relações – conciliar os interesses.
Nessa ocasião, já havia na Europa diversos Estados independentes e isso impunha a necessidade de regulamentar as suas mútuas relações e conciliar os seus interesses divergentes. Foi então que começou a surgir propriamente o direito internacional público como ciência. Marco inicial do DIP como ciência (séc. XVII – 1648).
 Fundadores: teólogos e canonistas – Francisco de Vitória (séc. XV e XVI), Francisco Soares (1648-1617), Hugo Grócio (séc. XVI e XVII) – 1648 - (Embaixador do reino da Suécia) – formulou o DIP como um conjunto completo – 
Foi só, entretanto, no começo do século XVII que o direito internacional público apareceu, na verdade, como ciência autônoma, sistematizada. 
Originalmente o Direito Internacional Público recebeu a denominação de Direito das Gentes, adotada pelo espanhol Francisco Suárez (1548-1617) e pelo holandês Hugo Grócio (1583-1645 - diplomata), inspirada segundo se diz, pela Guerra dos Trinta Anos. 
Tratado de Westfália (1648) – pôs fim à guerra dos Trinta Anos entre entre soberanos católicos e protestantes. Então definiu-se que na região dele, a religião dele; isto é, cada território de príncipe reger-se- ía por uma ordem jurídica - hoje significa a territorialidade d direito.
 Estabeleceu princípio da igualdade jurídica dos Estados 
Com a paz de Westfália, que pôs termo à Guerra dos Trinta Anos, triunfava o princípio da igualdade jurídica dos Estados, estabelecia-se em bases sólidas o princípio do equilíbrio europeu, surgiam os primeiros ensaios de uma regulamentação internacional positiva – que consagrou a regra na região dele, a religião dele – cada território de principie – rege-se por uma ordem pública – consagração do princípio da territorialidade das leis.
 Capitalismo (séc. XVIII) – Revolução Industrial 
 Revolução Francesa – 1789 – Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
Princípios universais de liberdade e igualdade
Congresso de Viena (1814-1815) Queda de Napoleão.
 Nova ordem de coisas políticas 
 Princípio da proibição do tráfico de negros 
 Liberdade de navegação em certos rios.
 Estabeleceu	classificação para os agentes diplomáticos.
H) Idade Contemporânea – Estado de Direito, regido por uma Constituição (fins do séc. XVIII) até hoje luta pelos direitos fundamentais naturais inatos do individuo (inalienáveis): direito fundamentais do indivíduo – concebidos pelo Criador – igualdade e liberdade, proteção à vida e à saúde, direito sobre frutos intelectuais, proteção e igualdade no trabalho.
DIP no século XX
Após a 1ª guerra – DIP – surge como corpo de regras para aperfeiçoamento desejável das relações entre os Estados pela via da cooperação - ideal proclamado por Immanuel Kant.
.
O DIP, após a 2ª Guerra Mundial, diante da ameaça de uma guerra nuclear passou a se ocupar com uma 4ª dimensão espaço ultraterrestre (lua, subsolo marinho), que originou a elaboração dos – tratados específicos. Houve a necessidade de criar um sistema normativo que institui dever jurídico de cooperação entre entidades autônomas.
Características desse sistema normativo: reconhecimento de corpo de normas centrado no dever de cooperação. A invasividade dos campos normativos, chamados de globalização vertical (extensão do campo de incidência) (instrução das normas em matérias reservadas às autoridades domesticas) e horizontal. Globalização horizontal – além do direito internacional clássico – Direito do Trabalho Internacional – Direito Internacional do meio ambiente – Direito Internacional Penal
Principais manifestações:
Conferência Internacional Americana
Conferência Internacional da Cruz Vermelha
Conferência da Paz de Haia
Conferência Internacional da Paz de Paris
Liga das Nações e da Corte Permanente da Justiça Internacional
OTAN trabalho de cooperação militar
Carta das Nações Unidas
Comissão do Direito Internacional das Nações Unidas – 1947
 
Com isso após a 2ª Guerra Mundial, segundo Gonçalves Pereira e Quadros,� teria se generalizado a idéia de uma “ordem pública internacional” que teve entre seus grandes propagadores Hermann Mosler.
Com a criação da Comissão do Direito Internacional das Nações Unidas (CDI) em 1947 o desenvolvimento do DIP entra numa nova e importante fase. Como resultado dos trabalhos do CDI, foram assinadas em 1958 em Genebra quatro importantesConvenções sobre o direito do mar; posteriormente foram assinadas em Viena as seguintes Convenções sobre: Relações Diplomáticas (1961), Relações Consulares (1963), Direito dos Tratados (1969), o direito dos tratados entre estados e organizações internacionais ou entre organizações internacionais (denominada Viena II) Representação de Estados em suas Relações com Organizações Internacionais de Caráter Universal (1975), Sucessão de Estados em Matéria de Tratados (1978), Sucessões de Estados em matéria de Bens, Arquivos e Dívidas Estatais (1983) e sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais (1985). A esta relação é necessário ainda acrescentar a Convenção sobre o Direito do Mar, assinada em Montego Bay em 1982, e uma série de convenções firmadas sob a égide das organizações intergovernamentais. 
Outra área que passou a exigir do DIP especial atenção foi a da proteção do meio ambiente. Em 1972, realizou-se em Estocolmo a Conferencias das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que teve importantíssimo impacto e foi seguida por uma série de tratados setorizados e pela criação de organizações especializadas encarregadas de sua proteção. 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e desenvolvimento (1992) – Agenda 21
Programa de proteção e preservação do clima e da biodiversidade, para o século XXI, hoje já está em vigor o tratado de Kyoto.
 Fenômeno integracionista: Organizações Internacionais Regionais (Europa): Comunidade Econômica Européia (Mercado Comum Europeu) União Européia (EURO)
Corte Internacional de Justiça (Haia) 
ALCA – Aliança Livre Comércio da América Brasil – 2005?
Mercosul
Teorias sobre o confronto entre o Direito Interno do Direito Internacional Público: relações do DIP com o Direito Interno
 Monista: o direito é um só, quer se apresente nas relações de um Estado, quer nas relações internacionais; em caso de dúvida o Direito Internacional prevalece sobre as normas nacionais e estas devem se ajustar ao direito internacional. Não parte da vontade do Estado (voluntarista), mas sim de uma norma superior (Jusnaturalista).
Para o monismo, uma vez firmado, o tratado internacional ingressa de imediato na ordem jurídica interna do Estado contratante. Mas o monismo subdivide-se em dois: o que afirma a supremacia do tratado internacional, em face do direito interno, e o que afirma valer o direito interno em caso de conflito.
 Dualista: para esta teoria o Direito Interno e o Direito Internacional são sistemas rigorosamente independentes e distintos, de tal sorte que a validade jurídica de uma norma interna não se condiciona à conformidade da ordem internacional. São 2 sistemas separados que não se confundem. 
“Para o dualismo, por sua vez, a ordem internacional têm coexistência independente, não podendo, em princípio, falar-se em conflito entre eles. Diz o dualismo que para que as normas internacionais possam valer na esfera interna é necessário que sofram um processo de recepção para transformar-se em normas jurídicas do Estado. Se houver conflito, portanto, ele se evitará a partir da internacionalização entre as normas jurídicas do sistema, e esse conflito tem de ser resolvido pelos métodos de interpretação e revogação adotados no Estado”. No Brasil as duas teorias foram aplicadas, mas não na sua forma pura.
“No Brasil segue-se às regras da teoria dualista, de modo que, para ter vigência no território brasileiro, o tratado ou a convenção depende de recepção pelo ordenamento jurídico, que, como se verá na seqüência, tem tratamento pela tradição e por normas da Carta Magna”.
“Ao se estabelecer à necessidade imperiosa de incorporação, da posição que assumirá posteriormente a norma evidentemente adota o direito brasileiro uma forma de dualismo, mesmo que na modalidade moderada. Somente depois de incorporadas ao ordenamento jurídico interno podem as normas de origem internacional criar direitos e deveres para os particulares, ainda que antes disso tenha o Estado relevado seus co-contratantes assumido suas obrigações naquele plano, através da ratificação e depósito do instrumento próprio”.
“Para o STF, após sua incorporação, os tratados encontram-se no plano das leis ordinárias, em posição inferior a Constituição (monismo moderado). O mecanismo de recepção, segundo a lei brasileira, não permite a recepção direta, tratando-se de dualismo moderado”.
“A incorporação dos tratados ao sistema interno brasileiro, equiparando-os à lei interna, transforma-os em uma lei nacional e, por conseguinte, extingue o conflito próprio da teoria monista, pois a regra vigente de revogação da lei anterior pela lei posterior é princípio assente no nosso sistema jurídico e aplicável ao ordenamento como um todo. Com isso também fica claro que os dois sistemas – o interno e o internacional – são separados, pois ocorre, muitas vezes, de o Brasil continuar obrigado internacionalmente por dispositivo de tratado (uma vez que seu “parceiro” não foi comunicado da modificação), enquanto a legislação interna já o modificou. Se interpretado um caso pelo prisma do monismo moderado depois da incorporação, têm-se o mesmo resultado. É verdade que desse sistema decorre insegurança no plano internacional e mesmo descumprimento de obrigações assumidas, pois a maneira correra de deixar de aplicar o tratado seria através de sua denúncia, no plano internacional, seguido do competente decreto, para ciência dos interessados no plano interno. Todavia a posição do STF está consolidada”.
1.3. Paralelo entre Direito Internacional Público e Direito Interno
�
 
Direito Internacional Público
(DIP)
1. Descentralizada
 
2. Organização horizontal
3. Insubordinação (não intervenção) Rege-se pela coordenação e cooperação (princípio que preside a convivência organizada de diversas soberanias – emana do consentimento/ reconhecimento)
4. Jurisdição do foro depende da aquiescência do Estado 
5. Sistema de sanção imprópria 
Direito Interno
 Centralizada 
 (vigência, conformidade)
 
 Organização vertical – hierarquia (norma fundamental) 
 Subordinação (relação entre o Estado e os indivíduos)
Jurisdicionável 
 
 Sanção própria�
Relações do DIP com outros ramos do Direito: o reflexo do direito internacional no direito de interno; surge quando as fontes são internacionais e se incorporam ao direito interno – Ex: Direito Penal Internacional – crimes tipificados em tratados internacionais e que são punidos por qualquer poder judiciário de um dos Estados signatários dos tratados (genocídio, seqüestro de pessoas/aeronaves, tortura). Hoje temos o Brasil como participante do Tribunal Penal Internacional.
DIREITO TRIBUTÁRIO INTERNACIONAL: tratados realizados para evitar bi--tributação nos atos jurídicos conectados com ordenamentos de diferentes países.
DIREITO DO TRABALHO E SEGURO SOCIAL: fixa padrões mínimos de higiene do trabalho, seguridade social, sanidade, etc.Ex. OIT (Organização Internacional do Trabalho).
DIREITO ADMINISTRATIVO: contratos de concessões de serviçospúblicos internacionais.
DIREITO CONSTITUCIONAL- Ex: tratados internacionais de proteção aos direito humanos.
DIREITO CIVIL – Ex: adoção internacional
1.4. Fundamento do DIP
O fundamento do Direito Internacional Público como sistema jurídico autônomo que disciplina e ordena as relações entre os sujeitos do DIP é explicar sua obrigatoriedade isto é, as razões jurídicas que explicam sua aceitação. Para explicar o fundamento, destacam-se duas doutrinas:
 Doutrina voluntarista positivista – a obrigatoriedade decorre da vontade dos próprios Estados, vontade coletiva, consentimento mútuo destes em aceitar o DIP.
Doutrina jusnaturalista – a obrigatoriedade decorre da razão objetiva, que se encontra acima da vontade dos Estados – razões extraídas do Direito Natural; a ação deve ser / estar conforme uma natureza razoável ou sociável. A conduta dos Estados no exercício de seu poder deve ser regida pela boa-fé (consentimento perceptivo) ex: proibição de guerra de conquista, não intervenção na soberania, respeito à autodeterminação dos povos, dever de reparação, etc.
 A ordem internacional para essa corrente decorre da razão. O exemplo maior dessa corrente é a norma chamada “jus cogens”. O respeito a uma norma imperativa, cogente, porém não positivada, que está acima da vontade dos estados; são normas que exprimem ou concretizam valores de ordem pública da sociedade internacional. 
 O jus cogens não limita a soberania, ele protege valores fundamentais da sociedade internacional, são normas imperativas, cogentes, assemelhadas as normas de ordem pública do direito interno (indisponíveis, inderrogáveis, pela vontade das partes).
 Ex. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 consagrou o princípio em seu artigo 26, nos seguintes termos: “Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé”. Isto é o “jus cogens” (concepção jusnaturalista).
A Convenção sobre o Direito dos Tratados de Viena (1969), ao aceitar a noção do jus cogens em seus artigos 26, 53 e 64, deu outra demonstração de aceitação dos preceitos derivados do direito natural.
 Com efeito, o artigo 53 declara nulo “o tratado que no momento de sua conclusão conflite com uma norma imperativa de Direito internacional geral”. O artigo 53 ainda dá a seguinte definição de jus cogens: “é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados no seu conjunto, como uma norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por uma norma de Direito Internacional geral da mesma natureza”. 
1.5. Fontes do DIP
Por fontes do DIP entendemos os documentos ou pronunciamentos dos quais emanam os direitos e os deveres das pessoas internacionais, ou melhor, dos sujeitos do DIP. 
O DIP consagra como fontes: os tratados, os costumes, os princípios gerais do direito, a jurisprudência, a doutrina, a e em certos casos a equidade; também as resoluções das organizações internacionais, as conferências internacionais e, ainda, os atos unilaterais dos Estados. 
Importância das fontes: “possibilidade de encontrar regras capazes de permitir uma solução para todos os casos que forem submetidos aos tribunais internacionais, isto é, evitar o non liquet”. (evitar o não julgamento, todas as questões submetidas a orgão judiciários devem ter julgamento). As fontes são também das utilizadas na Aplicação e interpretação dos tratados internacionais
O Estatuto da CIJ (Corte Internacional de Justiça) contém em seu artigo 38 uma relação das fontes ou mais precisamente, as fontes que são aplicadas em suas decisões, (hoje esta relação figura incompleta), ou seja:
a) as convenções internacionais, que gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo de direito;
c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; isto é, aqueles reconhecidos pelos Estados no seu ordenamento interno.
d) e, excepcionalmente, as decisões judiciárias (Sentenças da Corte Internacional de Justiça e de outros Tribunais Internacionais) e a doutrina, como sendo a opinião dos publicistas mais qualificados das diferentes nações; têm como função à aplicação, esclarecimento ou interpretação da norma jurídica internacional – consiste num estudo cientifico e sistemático do DIP.
 Doutrina coletiva: (resolução de caráter científico [ONGs]) – realizações de estudos específicos encomendados pela CDI (ONU) – Academia de Direito Internacional de Haia.
e) a equidade: (meio supletivo que visa preencher lacunas do direito positivo) , no § 2º deste artigo – diz que em caso de inocorrência da norma expressa, isto é, a adaptação ao direito existente (infra legem), na hipótese de a lei não ser suficientemente clara (praeter legem), ou de afastar o direito positivo a critério do Juiz. Este recurso deve ser aceito pelas partes. Tem sido cada vez mais aceito, baseado na Justiça e na ética.
 São consideradas como fontes do DIP também: o jus cogens (normas imperativas), a soft law-normas brandas (que veremos a seguir) e ainda, os atos unilaterais dos Estados, as resoluções das organizações internacionais etc. e, a doutrina coletiva – Vejamos:
Resoluções da Assembléia Geral das Nações Unidas (AGNU), cuja importância no desenvolvimento do DIP não pode ser ignorada. As resoluções não figuram expressamente na enumeração do artigo 38 do Estatuto da Corte, mas como eventual manifestação do costume podem ser invocadas. 
Cabe destacar que as normas internacionais estão sujeitas ao princípio da não-retroatividade, que foi caracterizada em decisões dos tribunais como um princípio geral de direito, visando com isto dar uma “segurança das relações jurídicas”, entre as nações.
Classificação das fontes:
a) FONTES FORMAIS: modo de revelação, maneira de expressão de um valor jurídico (positivado) que passa a criar direitos e deveres para seus destinatários. São os modos formais de constatação do direito internacional, ou seja, como surgem e como se consolidam os princípios e normas de DIP, isto é, “dão forma ao direito objetivo, preexistente e o apresentam sob o aspecto de regras aceitas e sancionadas pelo poder público”.
Ex. Tratados e costumes
b) Fontes materiais
Fontes Materiais (ou racionais): são razões que determinam a produção das normas jurídicas; são motivos ou causa eficiente da existência da norma jurídica. Informa que determinado comportamento passará a ser jurídico, exigível de um sujeito do DIP, que representa valores profundos das relações internacionais. A exemplo dos princípios gerais de direito, que são normas de justiça objetiva, de onde o Direito retira seus fundamentos.
c) Fontes Acessórias: doutrina, jurisprudência, atos unilaterais dos Estados, laudos arbitrais, decisões das Organizações Internacionais legislação interna dos Estados.
2. OS TRATADOS: FORMAS CONVENCIONAIS DE EXPRESSÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
2.1. Os tratados
2.1.1. Conceito e terminologia
“Tratado entende-se o ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas internacionais”.
Ou,“Tratado é todo acordo formal concluído entre sujeitos de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos”.
Formal: porque exprime determinado momento histórico, requer celebração convencional.
Concluído: coisa efetivamente acabada. 
Sujeitos: pessoas jurídicas de Direito Internacional Público (Estados Soberanos e organizações).
Efeito jurídico: ato jurídico que produz a norma gera direitos e deveres que caracterizam direito internacional. 
Regência no D.I. – compromisso celebrado por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional Público.
As Convenções de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 (que entrou em vigor em 1980) e a de 1986 tiveram o grande mérito de se constituírem como a maiorfonte dos tratados de Direito Internacional. A de 1986 determinou que os tratados podem ser firmados também pelas organizações intergovernamentais, além dos Estados. É considerada a Constituição em matéria de Tratados. 
Exemplo de denominações mais comuns conferidas aos tratados, segundo sua origem (instituição):
Carta – ONU 
Estatuto – CIJ 
Convenção – Tratados multilaterais
2.1.2. Classificação dos tratados 
Quanto ao número de partes contratantes:
a.1. Bilaterais duas partes
a.2. Multilaterais acima de duas partes
Exemplo: Organizações internacionais – pessoas jurídicas de direito internacional, habilitadas a pactuar no exterior.
Quanto à natureza jurídica do ato: 
Tratados–contratos: as partes realizam uma operação jurídica, são normas gerais que criam direitos e deveres a seus destinatários; neste ato as partes envolvidas traçam normas particulares que buscam regular interesses recíprocos dos Estados; são geralmente de natureza bilateral exigindo sempre uma contraprestação. Nada impede que um tratado reúna as duas qualidades (bilateral e multilateral), como pode suceder nos tratados de paz ou de fronteiras, de extradição.
 Tratados-leis: editam uma regra de direito objetivamente válida; são geralmente celebrados entre muitos Estados (multilaterais) com o objetivo de fixar as normas gerais do DIP; Ex: as convenções multilaterais, como as Convenções de Viena, são exemplos perfeitos deste tipo de tratado. 
Tratados-normativos: são aqueles que traçam regras de constituição ou disciplina de determinadas entidades. Dentre os tratados-normativos citam-se os de criação de uniões internacionais administrativas, que exercem importante papel na vida internacional contemporânea, como é o caso da União Postal Internacional.
Atualmente, diante da globalização e dos avanços tecnológicos a doutrina cita as seguintes espécies de tratados:
Umbrella treaty – tratado guarda-chuva –tratado que traça grandes linhas normativas e sob sua sombra, se encontram outros tratados que foram elaborados em complementação ao principal com objetivos especiais por ele permitidos. Ex. OMC – Alca, Mercosul, etc.
Tratado quadro – consiste em uma engenharia normativa segundo a qual os Estados partes traçam grandes molduras normativas de direitos e deveres entre eles (pedem regulamentação e prestação); são de natureza vaga e que por ser assim requerem regulamentação através de normas de especificação - o produto desse conjunto forma um sistema harmônico. Principalmente surgem diante dos avanços tecnológicos e da necessidade de proteção ao meio-ambiente
c) Quanto à forma – o tratado é um acordo formal: estabelece-se por escritura (forma escrita) em determinado momento histórico e tem conteúdo e objeto definidos; materializa-se em um instrumento que cria vínculo convencional, obrigacional.
d) Quanto à execução no tempo
Quanto à execução no tempo, importa distinguir se o tratado que cria uma situação jurídica estática, objetiva e definitiva. O exemplo clássico desta espécie é o tratado de fronteiras – ou, mais exatamente, o tratado de limites –, pelo qual dois Estados acertam a linha divisória entre seus territórios. Aí se enquadram, por igual, os tratados pertinentes à cessão territorial – como, de resto, todos os tratados que formalizam transferência definitiva de bens de qualquer espécie e tratados que traçam direitos fundamentais do ser humano. 
Por outro lado existe aquele tratado que estabelece uma relação jurídica obrigacional dinâmica (acordos comerciais, aliança, cooperação científica, etc.) que vincula as partes por prazo certo ou definido. Exemplo de tratado dinâmico: de aliança, de comércio, de cooperação científica etc.
Quanto à execução no espaço:
 A menos que uma intenção diferente resulte do tratado, ou seja de outro modo estabelecida, um tratado obriga cada uma das partes em relação a todo o seu território.
Por outro lado, a limitação do alcance territorial de um tratado pode, entretanto, dever-se a razões somente técnicas, sendo restrito a área determinada. Exemplo: Tratado de Cooperação Amazônica, estabelecido entre Bolívia, Brasil, Colômbia vincula o território limítrofe (parte do território brasileiro), ou Tratado de Assunção que criou o Mercosul que vincula todo o território brasileiro.
Quanto a matéria regulada: pode variar ao infinito.
Estrutura do tratado – O tratado se apresenta na seguinte forma estrutural: preâmbulo – partes envolvidas (sujeito do DIP) e exposição de motivos (– circunstâncias, pressupostos, objetivos do tratado) e parte dispositiva – linguagem jurídica, (artigos ou cláusulas) - e ainda, por ventura pode vir acompanhado de anexos.
Fases de Elaboração: a)negociação b)assinatura c)ratificação d)promulgação e)publicação
2.1.3. Condições de validade dos tratados
Habilitação dos agentes signatários;
Consentimento mútuo: nos Tratados multilateriais requer 2/3 da manifestação dos participantes presentes e votantes. 
Objeto lícito e possível;
2.1.3.1. Capacidade das partes contratantes 
Refere-se à capacidade do agente representante do Estado para assinar, adotar e expressar o consentimento dos Estados soberanos e das organizações internacionais em celebrar tratados.
 - Competência negocial – capacidade das partes contratantes quem possui habilitação para agir em nome das personalidades jurídicas – representatividade exterior (chefe de estado e de governo) do Estado
2.1.3.2. Habilitação dos agentes signatários
Os Estados soberanos e as organizações internacionais são representados pelo Chefe de Estado, chefe de Governo e Ministro das Relações Exteriores. No Brasil, têm competência para firmar tratados o chefe do Executivo e o Ministro das Relações Exteriores (plenipotenciários) sendo dispensada para estes a apresentação da carta de plenos-poderes; há ainda demais pessoas autorizadas a representar o Estado só que mediante a carta de plenos poderes firmada pelo Chefe de Estado ou pelo Ministro das Relações Exteriores.
 - Plenipotenciários dos Estados- Ministro do Estado das Relações Exteriores em qualquer sistema de governo, desde que investido para tal e chefes das missões diplomáticas (apenas para negociações de tratados)- Chefes de Estado e Chefes de Governo
Plenipotenciários das Organizações internacionais – secretário geral.
 Produção do Texto Convencional
2.1.3.3. Consentimento mútuo
Acordo de vontades – essencial o consentimento dos participantes.
Acordos multilaterais – requer consentimento de no mínimo de dois terços dos Estados presentes
 Vícios de consentimento – (erro, dolo, coação, simulação, etc.) são motivos de nulidade dos tratados (art. 51 da Convenção De Viena sobre o direito dos Tratados)
Assinatura: manifestação do consentimento na conclusão do tratado – desta a princípio não decorre obrigações, implica na imutabilidade do texto convencional . A confirmação da assinatura pode se dar por troca de instrumentos, ratificação, aceitação, adesão o por quaisquer outros meios, se forem previamente acordados.
O artigo 34 da Convenção de Viena consigna esta regra ao estipular que “Um tratado não cria nem obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem seu consentimento”. A antiga CPIJ consagrou esta regra em 1926 ao declarar que “um tratado só faz lei entre os Estados que nele são partes”.
2.1.3.4. Objeto lícito e possível 
O acordo de vontades deve ter objeto materialmente possível e, ainda, permitido pelo direito e pela moral. (lícito)
2.1.3.5. Efeitos jurídicos 
O tratado é um acordo de vontades e, como tal, a adoção de seu texto efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que participam na sua elaboração. 
O acordo formal entre Estados é o ato jurídico que produz a norma e que pactuam direitos e obrigações; ou seja, justamente por produzi-la, desencadeia efeitos jurídicos, gera obrigações e prerrogativas, caracterizaenfim, o tratado internacional. 
2.1.4. Ratificação, adesão e aceitação de tratado internacional.
O artigo 11 da Convenção sobre o Direito dos Tratados determina que “o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca dos instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim for acordado”. A Convenção inovou neste particular, pois, além de admitir a assinatura como meio de um Estado se obrigar por um tratado menciona algumas outras modalidades, levando em consideração certas peculiaridades do ordenamento jurídico interno de determinados países. 
A ratificação é o ato administrativo mediante o qual o chefe de Estado confirma um tratado firmado em seu nome ou em nome do Estado, declarando aceito o que foi convencionado pelo agente signatário. Geralmente, só ocorre a ratificação depois que o tratado foi devidamente aprovado pelo Parlamento, a exemplo do que ocorre no Brasil, onde esta faculdade é do Congresso Nacional. 
Ratificação: o ato administrativo mediante o qual o chefe de Estado confirma um tratado firmado em seu nome ou em nome do Estado; é ato unilateral com que o sujeito de direito internacional, signatário de um tratado, exprime definitivamente no plano internacional sua vontade de obrigar-se.
 Partilha do poder decisório quanto à ratificação dos tratados entre os Poderes Executivos e Legislativos: o Treaty-Making Power. 
- Sistema brasileiro – a ordem jurídica interna de cada Estado é que determina a competência de seus órgãos para a assunção de compromissos internacionais pelo Estado; vide determinação dos arts. 49, I e 84, VIII da CF.
- Pressupostos constitucionais do consentimento no regime brasileiro na celebração de tratados internacionais:
 Temos a matéria disciplinada nos artigos: Art. 49, I e art. 59, VI da CF – Poder Legislativo - compete à este poder a aprovação ou não de um tratado.
Art. 84, VIII da CF – compete ao executivo ratificar.
Art.102, inc III – Controle de Constitucionalidade dos tratados - STF.
A Constituição de 1988 diz ser da competência exclusiva do Congresso Nacional “resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional” (arts. 49, I)
Presidente: compete-lhe “celebrar tratados, convenções e atos internacionais sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. (art. 84, VIII).
	- Art. 21, I da CF – União – manter relações internacionais – procedimento parlamentar (em razão da matéria) – Câmara + Senado = Congresso – comissões
especializadas – estudos e pareceres – relações exteriores, Constituição e Justiça – quorum maioria absoluta do total – maioria em favor dos presentes. 
Formalização da ratificação – Duas fases: mediante decreto legislativo – proferido pelo presidente do Congresso e, ainda por decreto executivo que promulga o tratado, que após faz publicar no Diário Oficial da União. A ratificação compete ao Presidente da República, é ato do Chefe Executivo após referendo (aprovação do Congresso Nacional).
Retratabilidade: o Poder Legislativo só pode retratar-se antes da ratificação – se houver ratificação não pode haver mais a retratação.
Razões para ratificação:
Pronunciamento pessoal do chefe de Estado sobre interesses nacionais de monta
Prevenir controvérsias sobre eventual abuso de poder dos plenipotenciários;
Redução da argüição de dolo, corrupção ou coação; quanto ao ato do chefe do Estado.
Participação do Poder Legislativo na formação da vontade do Estado sobre o comprometimento exterior
Características da Ratificação
Competência - Ratificação – ato do Poder Executivo – chefe do Estado.
Discricionariedade: é ato discricionário – de acordo com a conveniência do Estado. No sistema brasileiro, mesmo tendo o Congresso aprovado o Tratado Internacional, o Presidente da República não está obrigado a ratificá-lo.
Prazo: não há norma expressa – o próprio tratado pode determinar prazo para que sobrevenham as ratificações.
Irretratabilidade: ato unilateral e discricionário, porém a ratificação é irretratável garantia de cumprimento ao fiel compromisso após a confirmação do pacto (é regra costumeira) – princípio da boa-fé, do pacta sunt servanda (o que foi acordado deve ser cumprido) e da segurança das relações internacionais. Exceções: período em que se aguarda a ratificação das outras partes. Enquanto não se alcança o quorum mínimo previsto no tratado para que ela possa funcionar como tal.
Forma: expressa, é manifestação formal, definitiva à outra parte ou ao depositário do ânimo definitivo de ingresso no domínio jurídico do tratado do qual participou na elaboração.
f) A ratificação é diferente da adesão. A adesão é forma de manifestação definitiva do consentimento do Estado, isto é, vontade de ingressar no domínio jurídico de um tratado internacional já concluído por outros Estados. A adesão é realizada por aquele Estado que não foi parte na consecução do tratado, portanto, diferente da ratificação.
2.2. Acordos executivos propriamente ditos: acordos que dispensam o processo de ratificação
Podemos chamar aqueles acordos que dispensam aprovação individualizada do Congresso Nacional:
Acordos que realizam a interpretação de um tratado já vigente
Que funcionam como complemento de algum tratado
Que estabelecem bases para negociações futuras.
Acordo executivo como expressão da diplomacia: é de competência privativa do Chefe do Executivo, manter relações com os Estados estrangeiros: estabelecer ou romper relações diplomáticas, realizar intercâmbio consular, atuar diante das organizações internacionais.
Desde que o acordo avençado não venha a se incorporar ao direito interno como lei, a competência é quase absoluta para celebrar esse tipo de acordo.
2.2.1. Reservas: qualificativo do consentimento: implica em excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições contidas nos tratados com relação a determinado Estado pactuante. Opera-se geralmente em tratados multilaterais e desde que a matéria, natureza ou conteúdo do tratado permitam sua efetivação.
2.3. Entrada em vigor: a vigência do tratado significa o momento em que o tratado passa a atuar como norma jurídica (ato jurídico convencional).
Vigência 
Vigência contemporânea ao consentimento 
- o Tratado funciona como norma jurídica no momento em que se perfaz o consentimento, ex: assinatura ou ratificação quanto dependente desta.
Vigência diferida – concluído e acabado o tratado, estabelece-se certo prazo para vigência (vacatio) – isto é, há data pré-fixada para sua vigência internacional. Com isso a vacatio permite que o tratado seja conhecido internamente pelos Estados antes de entrar em vigor em nível internacional (prazo variável)
2.3.1. Registro e publicidade dos tratados
Registro – no âmbito da ONU o tratado para ter caráter de publicidade perante a ONU deve ser publicado depois de sua entrada em vigor. Registro: (art. 102 da Carta das Nações Unidas).
No âmbito nos Estados internacionais quando celebram tratados entre si, em geral o próprio tratado estabelece o local em que se dará o registro e o depósito. 
No Brasil, após a incorporação é imprescindível a publicidade no D.O.U. como garantia de cumprimento pelos governantes, particulares e poder judiciário – só assim integra o acervo normativo nacional.
2.3.2.1.Registros regionais e especializados – permite-se o registro nessas organizações de compromissos que envolvam seus membros e em razão da matéria, conforme a especialidade da organização. Ex: OEA – Regional; OIT – matéria especial.
2.3.2. Incorporação ao direito interno 
O tratado, como norma jurídica internacional que foi ratificado passa a compor a ordem jurídica vigente de cada Estado - parte, cuja vigência deve ser garantida pelo judiciário.
Atenção: No direito pátrio, as normas provenientesde tratados internacionais têm hierarquia de lei ordinária, de norma infra-constitucional e não de regra constitucional; isto é, as normas provenientes de tratados ingressam em nosso ordenamento como norma infraconstitucional. Vide RESP 80.004 - STF:
 “A Constituição qualifica-se como o estatuto fundamental da República. Nessa condição, todas as leis e tratados celebrados pelo Brasil estão subordinados à autoridade normativa desse instrumento básico. Nenhum valor jurídico terá o tratado internacional que, incorporado ao sistema de direito positivo interno, transgredir, formal ou materialmente, o texto da Carta da República”. 
Há divergências de posições no tocante aos tratados internacionais de proteção dos direito humanos que segundo alguns autores importantes ingressam no ordenamento jurídico brasileiro no mesmo grau hierárquico de norma constitucional. Veremos isso em detalhes quando tratarmos de Proteção Internacional dos Direitos Humanos, pois a posição é controvertida e analisaremos futuramente o teor do Emenda nº 45 de dezembro de 2004 sobre o tema de Tratado de Direitos Humanos.
Promulgação
“Promulgação é um ato jurídico, de natureza interna, pelo qual o governo de um Estado afirma ou atesta a existência de um tratado por ele celebrado e o preenchimento das formalidades exigidas para sua conclusão, e, além disso, ordena sua execução dentro dos limites aos quais se estende a competência estatal”. 
Publicação
“A publicação é condição essencial para o tratado ser aplicado no âmbito interno. No Brasil publica-se, entre nós, atualmente, o decreto legislativo, em que o Congresso aprova o tratado, e o decreto do Poder Executivo, em que ele é promulgado. O texto do tratado acompanha o decreto de promulgação. A publicação é feita no Diário Oficial e incluída na Coleção de Leis do Brasil”.
2.4. O tratado em vigor
Efeitos sobre as partes e terceiros Estados
Os tratados após sua entrada em vigor no âmbito internacional e, após o mesmo fenômeno na ordem jurídica interna, passam a integrar a ordem jurídica nacional, embora produzido em foro internacional, tem posição hierárquica de lei nacional em nível infra-constitucional, segundo entendimento do STJ.
Os tratados produzem efeitos sobre os indivíduos e sobre pessoas jurídicas de direito privado.
Ex. Convenção de Genebra sobre Cheques e Títulos de Crédito é tratado internacional a ser seguido no dia a dia pelas pessoas em geral.
- Efeito sobre terceiro Estado – podem ocorrer tratados que criam direito ou obrigações para terceiro Estado, como exemplo:
a) Efeito difuso – situação jurídica difusa – Ex.: permuta territorial entre A e B; altera as divisas que muda a cartografia da região. Ou, Estados condôminos de águas fluviais que resolvem abri-las para navegações de diversas bandeiras – alteração no fluxo comercial.
b) Efeito aparente – cláusula de nação mais favorecida. Ex: tratados de comércio – alíquota menor.
c) Previsão que convenciona direitos para terceiros – reclama consentimento o que suportava os efeitos (art. 36) mas o silêncio presume concordância. Ex: direito de adesão nos tratados por outros Estados.
d) Previsão que convenciona obrigações para terceiros – art. 35 da Convenção de Viena – há necessidade de concordância expressa dos Estados obrigados. Ex: aceitar ser depositário de um tratado no qual não figurou como parte.
2.4.1. Duração 
Prazo indeterminado - (denúncia das partes ou ab-rogação de todas as partes para extinção)
Prazo determinado – implica que o vencimento é a termo (prazo pré-fixado).
2.4.2. Ingresso por adesão 
Adesão significa ingressar no domínio jurídico do Tratado, tornar-se parte por adesão, desde que isso o Tratado permita.
2.4.3. Interpretação 
Determinar o exato sentido da norma jurídica, expressa em texto obscuro, impreciso, contraditório, incompleto ou ambíguo.
Sistemas – no âmbito internacional 
 – no âmbito nacionais governos e jurisdições
autêntica – pelas próprias partes pactuantes
 b.jurisdicional – quando promovida por organismo internacional investido do poder de jurisdição (ad hoc – arbitragem) para o exame do litígio entre sujeitos de Direito Internacional – judiciária – CIJ.
Além dos métodos hermenêuticos (analogia, costumes, princípios gerais do direito e da equidade), deve-se recorrer à boa-fé, à expressão da vontade das partes, ao procedimento adotado pelas partes e ainda ao efeito útil como a razão que justificou o dispositivo convencionado pelas partes. 
2.4.4. Conflitos entre tratados: há o conflito quando tratados distintos dão origem à superposição normativa.
Podem ocorrer conflitos quando houver :
- identidade das fontes produtoras – identidade das partes não há conflito; isto é,quando um mesmo tema é objeto de tratamentos distintos e inconciliáveis não há conflito: Resolve-se: o tratado posterior derroga o anterior porque não há hierarquia entre os tratados - presume-se que as partes em comum resolveram revogar ou modificar o pacto anterior.(critério cronológico).Cabe aqui também a regra: lei especial derroga lei geral.(critério da especialidade)
- e também quando houver diversidade das fontes produtoras: A Carta das Nações Unidas ocupa posição de prioridade nos moldes da superioridade das normas constitucionais no Direito Interno. Assim: “A Carta das Nações Unidas é clara (art. 103): ‘No caso de conflito entre as obrigações dos membros das Nações Unidas em virtude da presente Carta e as obrigações resultantes de qualquer outro acordo internacional, prevalecerão às obrigações assumidas em virtude da presente Carta’. (art. 103)”.(Accioly, 32)
“A Convenção de 1969 ao reconhecer no artigo 53 a existência em DIP de jus cogens, estabelece ser nulo o tratado que conflite com uma norma imperativa de DI geral. O jus cogens e a Carta das Nações Unidas são hierarquicamente superiores aos demais tratados, mas por motivos diferentes. É errado considerar todos os artigos da Carta como sendo de jus cogens, visto que alguns podem se modificados pela vontade das partes”. 
A Convenção de Viena em ser art. 1=27 reza: uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado.
 
2.4.5. Conflito entre tratados e normas de Direito Interno
a) Norma internacional x norma constitucional:
No sistema brasileiro, se houver confronto entre uma norma internacional (pacta sunt servanda) com uma norma constitucional deve-se preservar a autoridade da lei fundamental do Estado (Constituição) – controle de constitucionalidade – mesmo que signifique a prática de um ilícito que deva por ele o Estado responder. O Estado não pode adotar uma norma derivada de Tratado internacional que conflite com a Constituição, no sistema brasileiro. 
b) Conflitos entre tratado e leis internas de estatura infraconstitucional (paridade entre o tratado): no Brasil havendo concorrência entre tratados e leis internas, ambos com estatura infraconstitucional dá-se um tratamento paritário, tendo como paradigma as leis nacionais e os diplomas legais equivalentes. Adotam-se os critérios de solução dos conflitos de leis no tempo- VIDE LICC (Lei de Introdução ao Código Civil). A CF deixa claro que os tratados estão sujeitos ao controle de constitucionalidade. O tratado deve estar em conformidade com a lei fundamental, como as demais normas infraconstitucionais do ordenamento jurídico.
“De setembro de 1975 a junho de 1977 entendeu-se, no plenário do Supremo Tribunal Federal, o julgamento do Recurso Extraordinário 80.0054, em que assentada por maioria a tese de que, ante a realidade do conflito entre tratado e lei posterior, esta porque expressão última da vontade de legislador republicano deve ter sua prevalência garantida pela justiça – sem embargo das conseqüências do descumprimento do tratado, no plano internacional”. (critério cronológico)
c) Prevalência dos tratados sobre direito interno infraconstitucional: prevalecemos tratados sobre as leis internas anteriores à sua promulgação (lei posterior derroga a anterior) – não é o caso do Brasil e sim da França e na Grécia. O tratado tem valor hierárquico superior, garantindo-se à ele plena vigência sem considerar leis posteriores que o contradigam, (atenção, isso não se aplica no Brasil).
2.5. Nulidade, violação, extinção e suspensão de aplicação de tratados (arts. 42 a 72 da Convenção de Viena)
2.5.1. Nulidade: as causas de nulidade do tratado internacional estão relacionadas aos vícios de consentimento ou quando conflitarem com o jus cogens.
Nulidade: Erro, dolo, coação ou corrupção do Representante do Estado, por emprego de força ou mesmo a adoção de tratado com desconhecimento ou desrespeito ao jus cogens, todas essas circunstâncias acarretam a nulidade dos tratados.
Considera-se coação sobre o Estado (o art. 52 da Convenção de Viena), a ameaça ou emprego da força como violação dos princípios de Direito Internacional descritos na Carta das Nações Unidas, portanto os tratados assim concluídos são crivados por nulidade absoluta.
Considera-se irregularidade do consentimento: quando o executivo expressa um consentimento a que não se encontra constitucionalmente habilitado – violação da determinação do seu direito interno quanto à competência de concluir tratados – o tratado não é convalidado - ratificado, pois, afronta à ordem constitucional. 
Conseqüências da nulidade: (art. 69) os dispositivos nulos de um tratado não têm força jurídica a outra parte pode exigir que se restabeleça as coisas no “status quo” e os atos praticados de boa-fé antes da declaração de nulidade não serão afetados pela nulidade – dessas situações não podem se aproveitar as partes às quais se imputam o dolo, a coação, a corrupção.
Nulidade por conflito com jus cogens (art. 53)
2.5.2. Violação (art. 60)
A violação substancial de um tratado ou de apenas um dispositivo essencial para a consecução do objeto do tratado ou sua formalidade, acarreta direito à outra parte de rescindi-lo ou de considera-lo extinto.
Violação –inexecução de seus objeto e finalidade.
2.5.2. Extinção dos tratados: ocorre seu desaparecimento como fonte formal das obrigações entre todas as partes envolvidas. Em geral os tratados se extinguem por:
Vontade comum – ab-rogação
Pré-determinação – preceito ou cláusula ab-rogatória
Vontade unilateral – denúncia é ato unilateral – retirada – por escrito ( o tratado se extingue para o Estado que a apresentou). A denúncia só é admitida conforme a natureza do tratado: se estático e de valor moral e social não se admite denúncia.
Mudanças circunstanciais nas condições que ensejaram a elaboração dos tratados: A aplicação do princípio rebus sic stantibus como causa de extinção do tratado (princípio contratual pelo qual o contrato só se cumpre se as coisas permanecerem nas mesmas condições da época em que foi firmado): para se alegar este princípio como causa de extinção do tratado tem-se que a mudança deve ser fundamental e imprevisível (art. 62) e, a condição essencial à realização do tratado.
Segundo Hildebrando Accioly: “As causas de extinção previstas pela Convenção correspondem de um modo geral aos modos de extinção contratual enumerados pela doutrina, ou seja: a) a execução integral do tratado; b) a expiração do prazo convencionado; c) a verificação de uma condição resolutória, prevista expressamente; d) acordo mútuo entre as partes; e) a renúncia ou vontade unilateral, por parte do estado ao qual o tratado beneficia de modo exclusivo; f) a impossibilidade de execução; g) a denúncia, admitida expressa ou tacitamente pelo próprio tratado; h) a inexecução do tratado, por uma das partes contratantes; i) a guerra sobrevinda entre as partes contratantes; e 10) a prescrição liberatória”.
Causas de extinção dos tratados previstas na Convenção de Viena
São, portanto, causas que determinam o desaparecimento do tratado como fonte de obrigações para as partes contratantes, ainda nos termos da Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados, segundo Guido Fernando Silva Soares: 
Sua extinção total;
Sua extinção pela redução do número de partes;
Pela denúncia ou retirada
Sua revogação expressa ou tácita por um tratado posterior, sobre o mesmo assunto e entre todas as partes contratantes, ou sua incompatibilidade com dispositivos de outro tratado posterior (art. 59). 
Pela violação substancial de um tratado;
Pela impossibilidade superveniente de cumprimento d tratado, resultante da destruição ou desaparecimento definitivo de um objeto indispensável à execução do tratado;
Pela mudança fundamental de circunstâncias, ocorrida em relação às existentes no momento da conclusão do tratado e não prevista pelas partes;
Pela ruptura de relações diplomáticas ou consulares entre as partes, devendo-se esclarecer que, no termos do art. 74 daquela Convenção de Viena: “a ruptura de relações diplomáticas ou consulares e a ausência dessas relações entre dois ou mais Estados, não obstam a conclusão de tratados entre os referidos Estados”;
 Superveniência de uma nova imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens);
A extinção, portanto, é um ato formal, com efeitos ex nunc uma vez que seus efeitos operam a partir de sua declaração, respeitados os efeitos já constituídos até aquele momento.
- Conseqüência Jurídica da Extinção (art. 70)
Libera as partes de continuar a cumprir o tratado; implica na inexecução dos direitos e deveres previstos nos tratados; inexecução dos direitos e deveres previstos. 
Não prejudica qualquer direito criado pela execução do tratado antes de sua extinção – efeito ex nunc a partir de sua declaração.
 • Suspensão dos tratados: Cessação temporária dos efeitos normativos do tratado para todos os Estados-partes ou para alguns deles. Porem, como fonte da norma continua a existir no mundo jurídico.
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA SUSPENSÃO: Libera as partes da obrigação de cumprir os tratados nas suas relações mutuas durante o período de suspensão e devem as partes deixar de praticar atos tendentes a impedir o reinicio da execução do tratado.
2.5.3. O Jus cogens
Direito imperativo (imposição de comportamento) proteção de valores que provocam a força geradora do direito , normas que se impõe objetivamente aos Estados, a exemplo das normas de ordem pública no Direito Interno, que vem expressas na Carta das Nações Unidas (Highler law). Há divergências quanto à natureza e conteúdo do jus cogens; só se admite sua modificação por outra norma internacional de mesma natureza. O jus cogens trata-se de norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional. Não decorre da vontade, mas se sobrepõe à vontade dos Estados. Normas que concretizam valores fundamentais da ordem jurídica internacional. Com elas os Estados não auferem vantagens próprias nem desvantagens. 
A norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional equivale às normas de ordem pública (normas que regulamentam e protegem os direitos básicos do cidadão e do Estado, inderrogáveis pela vontade das partes), sua determinação depende de valores transcendentais que ela acolhe. Hoje exemplo: a tutela da água o combate ao terrorismo. Quanto ao seu conteúdo podemos referir aqueles de proteção de interesses fundamentais da comunidade internacional como o meio ambiente e a devida responsabilização por danos causados a eles.
A Convenção de Viena o traz o reconhecimento do jus cogens em seus artigos:
“Art. 53: Tratado em conflito com uma norma imperativa de direito internacional geral (“jus cogens”). É nulo o tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de direito internacional geral. para os fins de presente Convenção, uma norma imperativa de direito internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados no seu conjunto, como uma norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por uma normade direito internacional geral da mesma natureza”. 
“Art. 64. Superveniência de uma norma imperativa de direito internacional geral (jus cogens). Se sobreviver uma nova norma imperativa de direito internacional geral, qualquer tratado existente em conflito com essa norma torna-se nulo e extingue-se”. 
O jus cogens tem caráter universal e se aplica indistintamente a todos os integrantes da sociedade internacional. Constitui base de ordem pública internacional, na qual a defesa de interesse geral pode se sobrepor a interesse específico de determinado Estado. Não decorre da vontade dos Estados, mas, se sobrepõe à sua vontade. São normas que albergam valores fundamentais da ordem pública internacional.
O que significa o jus cogens? É uma das questões mais abrangentes e polemicas do Direito Interno. São normas apontadas como imperativas. São geralmente normas de direito consuetudinário que não podem ser afastadas por tratados, mas somente pela conformação de nova regra costumeira subseqüente e com efeito contrário. São princípios fundamentais e seu descumprimento configura crime (ilícito) internacional e gera responsabilidade do Estado que as violou.
Ex.: Outras normas são apontadas como de jus cogens: o princípio da autodeterminação dos povos, a igualdade jurídica dos Estados, o princípio da não-intervenção, os princípios que regulam a liberdade dos mares e os direitos fundamentais do homem. 
2.5.4. Direito flexível
Normas jurídicas com grau de normatividade menor que as tradicionais, mas também significativas.
Ato de vontade dos Estados que aspira a tornar-se uma norma – seu cumprimento não é exigível e sim recomendado aos Estados que podem não cumpri-las, sem que haja sanções aplicáveis aos inadimplentes.
Decorre da diplomacia multilateral objetivando a cooperação – decorre das negociações – ex: gerenciamento de crises – domínio da política internacional. Ex; realização de estudos de impacto no meio ambiente.
2.6. Formas extraconvencionais de expressão do DIP
2.6.1. O costume internacional
O costume sendo norma jurídica costumeira resulta de uma prática geral aceita como sendo de “direito”. (opinio júris) - pratica conseqüente e generalizada.
A importância do costume fonte - tem papel especifico e constitui fonte necessária ao DIP;
2.6.1.1. Elementos do Costume
Costume – tem se mostrado um critério insatisfatório para atender as necessidades do DIP, mas por outro lado é importante fonte do DIP. 
a) Sujeitos: – pessoas jurídicas de direito internacional público: os Estados Soberanos e as Organizações Internacionais.
b) Elemento material – fazer repetitivo (ação) ou – não fazer (omissão); procedimento com repetição regular (hábito, praxe).
c) O tempo – não há necessidade de transcurso de tempo longo para formação de uma nova norma de direito internacional consuetudinário.
d) Elemento subjetivo – é necessário que a prática seja determinada pela opinio juris; isto é o Estado, assim procede por ser correto, justo e de bom direito; o Estado cumpre o que supõe ser uma obrigação jurídica, convencido de sua justiça e necessidade, a convicção que tal prática se tornou obrigatória pela existência de uma regra de direito por representarem valores essenciais e exigíveis de todos os agentes da comunidade dos Estados.
2.6.1.2. Características da norma costumeira
Início – impossibilidade de determinar-se o exato instante histórico de seu surgimento. Ex: direito de asilo, surgiu na Grécia (Era Antiga).
Generalidades – pluralidade de vontades, multilateralidade de consentimentos - podem ser universais ou regionais.
2.6.1.3. Prova do costume no plano internacional
O costume pode encontrar-se sedimentado:
- na jurisprudência internacional (decisões dos tribunais internacionais)
- no teor dos tratados que ainda não entraram em vigor nos compromissos com temas como objeto: extradição e traçado de limites fluviais, na tipificação de crimes internacionais, etc. na proteção de direitos humanos fundamentais.
- na própria Convenção de Viena que retratou normas costumeiras já existentes, transfigurando-as em direito escrito.
- Direitos e Deveres Econômicos dos Estados (Resolução Geral da ONU de 12/12/74) regras que vieram declarar o direito costumeiro já existente, isto é, como as que garantem a todo Estado a livre escolha de seu sistema político e social, a soberania sobre seus recursos naturais e a prerrogativa de regulamentar os investimentos estrangeiros em sua economia. 
- Normas costumeiras emergentes exemplo: recursos dos fundos marinhos destinados à proteção ambiental. 
2.6.1.4. Costume e tratado: questão hierárquica 
a) A questão hierárquica – não há desnível hierárquico entre normas costumeiras e normas convencionais já dispostas em tratados.
Assim, uma regra costumeira pode derrogar uma norma expressa em um tratado (desuso) ou vice e versa, o tratado pode vir a derrogar certa norma costumeira.
Cabe destacar que os tratados têm maior operacionalidade, isto é, os tratados conferem maior segurança de existência de suas regras, devidamente expressas em linguagem jurídica; estabelece o marco inicial de vigência e, elenca as partes obrigadas e determinadas.
b) A evolução histórica – há cerca de 150 anos atrás o DIP foi essencialmente costumeiro, manifestando-se na doutrina e nos laudos do juízo arbitral.
Represetavam regras obrigatórias – com isso os Estados praticavam determinados pela opinio juris. (obrigação jurídica)
2.6.2. Fontes materiais ou racionais: princípios gerais do direito (fonte material, racional)
“Os princípios gerais de direito, entendemos, não são preceitos de ordem ética, política, sociológica ou técnica, mas elementos componentes do direito. São normas de valor genérico que orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, estejam ou não positivadas. Não se confundem os princípios gerais do direito, ainda, com os brocardos ou máximas, embora sejam, em parte, integrados por estas”. 
Os PGD para se refletirem nos direitos e deveres internacionais devem manifestar um valor jurídico a ser preservado nas relações internacionais. Ex: Na Seara Internacional, boa-fé, abuso de direito, responsabilidade (qualquer violação de um compromisso acarreta um dever) – reconhecimento da força maior.
Os princípios gerais do direito são considerados como a fonte mais vaga ou de mais difícil caracterização, tanto que alguns autores não reconhecem seu valor. Accioly por sua vez entende ser os “P.G.D.” fonte real, fundamental pois pode fornecer elementos para a interpretação dos tratados, pois estabelecem princípios de justiça e equidade.
Os P.G.D. vêm destacados no art. 38 com a expressão ` princípios gerais, reconhecidos pelas nações civilizadas”. Todavia, quando aceitos como obrigação jurídica assumem características de costume. Por isso são fontes transitórias e recessivas do Direito Internacional, a sua repetida aplicação transforma-os em normas consuetudinárias. Os princípios não desaparecem, são mascarados por normas costumeiras tendo o mesmo conteúdo.
No âmbito do direito internacional podemos elencar como princípios gerais de direito: o da não-agressão, da solução pacífica dos litígios entre os Estados, o da autodeterminação dos povos, o da coexistência pacífica nas nações, o do desarmamento, o da proibição da propaganda de guerra etc, boa-fé, qualquer violação a compromisso acarreta o dever de reparação.
Na esteira do que diz o art. 4º da Lei de Introdução do Código Civil temos que: os princípios gerais do direito devem ser utilizados como regra na integração das lacunas do direito.
Então podemos citar aproveitar por analogia, alguns princípios citados em nossa Lei Civil, que são considerados princípios gerais do direito, utilizados como regras de interpretação.
“Estão contidos no sistema jurídico civil, p. ex., os princípios: a) da moralidade; b) da igualdade de direitos e deveres diante do ordenamento jurídico; c) da proibiçãode locupletamento ilícito; d) da função social da propriedade; e) de que ninguém pode transferir ou transmitir mais direitos do que tem; f) de que a boa-fé se presume e a má-fé deve ser reprovada; g) da preservação da autonomia da instituição familiar; h) de que ninguém pode invocar a própria malícia; i) da exigência da justa causa nos negócios jurídicos; j) de que o dano causado por dolo ou culpa deve ser reparado; l) de que as obrigações contraídas devem ser cumpridas; m) dos pressupostos da responsabilidade civil; n) de que quem exercita o próprio direito não prejudica ninguém; o) do equilíbrio dos contratos; p) da autonomia da vontade e da liberdade de contratar; q) da intangibilidade dos valores da pessoa humana ou do devido respeito à personalidade humana; r) de que a interpretação a ser seguida é aquela que se revelar menos onerosa para o devedor; s) de que quando for duvidosa a cláusula do contrato deve-se conduzir a interpretação visando àquele que se obriga; t) de que se responde pelos próprios atos e não pelos atos dos outros; u) de que se deve favorecer mais àquele que procura evitar um dano do que àquele que busca a realizar um ganho; v) de que não se pode responsabilizar alguém mais de uma vez pelo mesmo fato; x) de que nas relações sociais se tutela a boa-fé e se reprime a má-fé etc.” (Maria Helena Diniz, p. 125-126) 
2.6.3. Decisões das organizações intergovernamentais: deliberações, resoluções, recomendações, declarações, diretrizes 
Resolução da AGO da ONU, CSO – ONU – Resolução; OMCE – Comunidade européia – Mercosul – normas de caráter regional aplicável aos Estados -parte. Muitas dessas normas obrigam a totalidade dos membros quando se tratarem de decisões procedimentais. Quanto às decisões procedimentais. Quanto às decisões importantes, estas só obrigam quando decididas em unanimidade e se majoritárias, obrigam apenas os da corrente vitoriosa. Alguns autores não os reconhecem como fontes por faltar-lhes a qualidade a abstração e a generalidade. É óbvio, entretanto, que esses atos produzem conseqüências jurídicas criando, eventualmente, obrigações-,tanto quanto as produzem a ratificação de um tratado, a adesão ou a denúncia.
2.6.4. Atos unilaterais
Atos unilaterais são manifestações de vontade de um único sujeito de DIP que produz efeitos jurídicos erga omnes na comunidade dos Estados – que obrigam o Estado perante a comunidade internacional. Podem ser: tácitos (o silêncio – que após notificação representa aceitação) ou expresso: notificação, protesto, renúncia, promessa. São atos que criam modificam, extinguem direitos e deveres internacionais, oponíveis ao próprio Estado ou em relação ao conjunto de Estados.
Os atos unilaterais autonormativos, pelos quais “os Estados podem impor a si próprios obrigações ou exercer unilateralmente direitos nos limites admitidos pelo Direito Internacional Geral”.
Os atos unilaterais podem ser constituir em: notificação, promessa, protesto, reconhecimento, renúncia, denúncia. 
CONCEITOS:
Notificação: é o ato jurídico unilateral, praticado por um Estado, que leva ao conhecimento de outro, um fato jurídico que pode ameaçar ou violar interesse do Estado notificado. Ex: denúncia.
Promessa: é o ato jurídico unilateral praticado por um Estado, que se compromete a praticar determinado ato no futuro. Ex: promessa de abstenção, reciprocidade. 
Protesto: Protesto é o ato jurídico unilateral, praticado por Estado que tem interesse ameaçado ou violado por outro Estado, ou por mais de um, que pretendem criar um estado de fato ou estabelecer uma regra costumeira prejudicial ao primeiro. Ex: protestos da Espanha contra a ocupação do Estreito de Gibraltar. É um ato sempre formal, público e, com efeito, erga omnes, pelo qual um Estado declara sua intenção expressa de não reconhecer uma situação ou direito, ou de demonstrar seu descontentamento com um fato atribuível a outro Estado. Trata-se de um ato, que visa produzir os efeitos contrários ao de um reconhecimento, impedindo que o silêncio produza seus efeitos, em especial, de configurar um consentimento tácito
 
Reconhecimento é o ato unilateral de natureza declaratória, praticado por um sujeito de DIP, mediante o qual legitima uma situação de fato ou de direito, com relação à qual tenha interesse jurídico, praticada por outro sujeito de DIP. Ex: reconhecimento de um Estado ou de governo, oriundo de um movimento revolucionário.
Renúncia é o abandono voluntário de um direito, inequivocamente manifestado por um sujeito de DIP.
Denúncia de tratados bilaterais ou multilaterais.
Notas diplomáticas.
2.6.5 Fontes acessórias jurisprudência, doutrina, analogia, equidade: tais fontes não são autônomas, como os tratados e os costumes e os princípios gerais de direito. Somente podem produzir a norma ou esclarecê-la se conjugada a outras três fontes já citadas. (tratados, costumes e os princípios gerais do direito)
2.6.5.1. A jurisprudência internacional
Jurisprudência – conjunto de decisões judiciárias, ou arbitrais (art. 58, “d”) na solução de controvérsias entre os Estados; trata-se das decisões da Corte Internacional de Justiça, dos Tribunais Internacionais, bem como das decisões dos tribunais de determinadas organizações internacionais, ou de tribunais de arbitragem As sentenças do CIJ têm prevalência hierárquica. Ex: Tribunais de arbitragem (sentenças arbitrais entre Estados); Tribunal Internacional do Direito do Mar (1982); Tribunal Penal Internacional (1999) – em matéria econômica (Luxemburgo), proteção de direito humanos – Estrasburgo e San Jose da Costa Rica. Há que se considerar também as decisões das cortes ou Tribunais Regionais e com finalidade específica (Tribunal Penal Internacional). 
2.6.5.2. A doutrina
A interpretação doutrinária consiste no papel do autor em interpretar a norma costumeira ou derivada de tratado que carecem de clareza. Consiste na opinião dos expoentes juristas internacional sobre o teor das fontes.
2.6.5.3. Métodos de raciocínio jurídico como fontes acessórias, complementares do DIP
a. analogia: aplicação a uma situação de fato de norma jurídica aplicada a situação semelhante- método de compensação integrativo.
b. equidade: faculdade concedida aos que aplicam a norma jurídica (juízes e árbitros) que devem resolver uma controvérsia. Meio supletivo de solução (solução de pacificação entre os litigantes) de controvérsias em DIP, cujo objetivo é o de suprir lacunas do direito positivo, por insuficiência da norma aplicável, ou por trazer uma solução injusta; sempre tendo em vista sua finalidade da realização do valor justo.
Há necessidade de concordância das partes isto é, a equidade só pode ser utilizada se houver permissão expressa dos Estados-partes num litígio perante aquele tribunal judiciário internacional, ou tribunal arbitral. Ex: Direito ambiental – equidade, intergerações – normas de autocontenção não sustentáveis de uma política de desenvolvimento.
Doutrinas dos autores: na época da formação do DIP eram importantes pois, os pareceres de seus fundadores influenciavam as decisões dos tribunais internacionais; hoje pouca apreciação tem sido dada à doutrina.
� André Gonçalves e Fausto Quadros – Manual de Direito Internacional Público, 3ª ed., 1993, pgs. 278-279, Livraria Almedina, Coimbra.
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