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OAB Damasio Dir. Internacional


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OAB Damásio de Jesus
Disciplina de Direito Internacional
Prof. Darlan Barroso 
Conceito:
O que é direito internacional? Precisa-se dividir em ramos:
Direito internacional privado: diante de um elemento de conexão internacional, qual lei se aplica? P.ex. casal de brasileiro vão para França e desejam se casar, qual lei irá se aplicar? O elemento de conexão internacional é o casamento - situação envolvendo o particular - Regula, solucionam os conflitos de lei no espaço, relações privadas - o que regula na verdade, é o direito interno, que irá se aplicar ao caso concreto. No caso do Brasil, é a LINDB
No caso do contrato: aplica-se a lei do local da assinatura; Para o casamento, em regra, aplica a lei do local; se casar na embaixada, Consulado brasileiro aplicará a lei brasileira.
Direito internacional público: regula as relações entre os sujeitos do DIP. Quem são os sujeitos do DIP? 
Quando o Brasil se relaciona com a França é DIP
Direito comunitário: alguns doutrinários colocam junto com direito internacional público.
Trata das questões relativas de integração regional, também denominados de blocos regionais (MERCOSUL)
O direito comunitário é um ramo híbrido, porque tem tanto direito internacional privado quanto público. 
Direito Internacional Público
Fundamento
Tem 2 teorias de fundamentação
1ª) teoria subjetivista: o DIP se funda na vontade dos sujeitos, também denominada de voluntarista 
2ª) teoria objetivista: o DIP existe com base em critérios objetivos, vigorando o Princípio da “Pacta sunt servanda”
O que significa no DIP a norma de “ius cogens” normas imperativas que independem de vontade, devendo ser observada para todos os países.
Sujeitos
Quais são os sujeitos do DIP?
Estados
ONU - é uma organização internacional
Indivíduo
Beligerantes
Insurgentes
O que é Estado? Estado é PJ de direito interno e de Direito Internacional Público.
Estado tem que ter: 
POVO: é diferente de população, nação, cidadania 
- Povo é o conjunto de nacionais (nato, naturalizado). População é o conjunto de habitantes estáveis de um território. Nação é o conjunto de pessoas com vínculo cultural. Cidadania para o direito constitucional é aquele que tem título eleitor e pode exercer direitos políticos. Já cidadania para o DIP é mais amplo, que é a aptidão para o exercício de direitos e obrigações perante o Estado.
Cuidado: pode existir cidadania sem ser nacional, caso dos Portugueses (quase nacionalidade, cidadania sem nacionalidade)
Território (espaço físico): é toda porção geográfica em que o Estado exerce sua soberania.
Além do mapa (limites de fronteira, que é conceito político), é território o mar território (12 milhas marítimas), navios e aeronaves militares onde quer que se encontrem, espaço aéreo (contorno inexato). 
Embaixada e Consulado não são território e sim área de imunidade
Governo soberano: governo é poder de auto administração e soberania que todos os Estados são iguais
E, mais 2 requisitos trazidos pela doutrina moderna: 
 FINALIDADE: bem comum
 RECONHECIMENTO: é a admissão da dependência - pode ser tácito ou expressamente
O Vaticano é o que? Cuidado, para não confundir Santa Fé, que é o local onde está instalado a sede, Santa fé é uma organização religiosa. O Vaticano foi criado pelo Tratado de Latrão, uma cidade Estado.
Vaticano é Estado observador da ONU (não vota); tem embaixada (Nuncil apostólico); governo, território, POVO É O PAPA - O VATICANO NÃO SE ENVOLVE EM QUESTÕES PARTICULARES, SENDO DE RESPONSABILIDADE DE ROMA.
 
Organizações Internacionais
 Intergovernamentais/interestatal - Orgs.: formada por Estados, por meio de um tratado internacional, p.ex. ONU, UNESCO, OIT, OMC
Organizações: 
Não governamentais: formadas por particulares, por meio de contrato/estatuto, p.ex. Médicos sem fronteira, Cruz vermelha Internacional, GP, Anistia, Comitê olímpico internacional, FIFA
Qual das organizações são sujeitos de DIP? SOMENTE AS ORGANIZAÇÕES INTERGOVERNAMENTAIS SÃO REGULADAS PELO DIP
As organizações não governamentais são reguladas pelo Direito Internacional privado, e pela lei do local de sua constituição.
Indivíduo do Direito internacional Público: 
Comunidade internacional se ocupa (da proteção aos direitos humanos) - Art. 44 do Pacto São José da Costa Rica
Se cometer genocídio será julgado no TPI - crimes discriminatórios
Beligerantes e Insurgentes: grupos revoltosos que se opõe ao Poder Estatal.
Os beligerantes são revolta armada. Já os insurgentes são revoltas civis
Tribunais Internacionais
	Direito Interno
	Direito Internacional Público
	Tem Legislativo
Executivo
Judiciário
Regida por uma Constituição
	Não tem Poder Legislativo (no direito comunitário tem)
Não tem direito Executivo (Presidente do Mundo)
TEM JUDICIÁRIO INTERNACIONAL - TRIBUNAL
Não tem uma Constituição do mundo (cuidado constituição é carta que organiza o Estado, Convenção não organiza Estado)
O que é tribunal internacional? São órgãos de jurisdição transnacional, acima dos Estados. São meios de solução pacifico dos conflitos. (Judiciário, Arbitragem; mediação; bons ofícios;)
(Corte Internacional de Justiça - é órgão da ONU: julga conflitos entre Estados OU consultas formuladas por Estados ou Organizações (também pode ser chamada de TIJ)
(Tribunal Penal Internacional: julga crimes de repercussão internacional - também pode ser denominada por CPI
Cuidado: O tribunal de Haia está se referindo a Corte Internacional de Justiça e também ao TPI.
( Tribunal Internacional do direito do mar: julga conflitos da Convenção de Montego Bay (convenção trata dos direitos do mar)
( OMC: julga conflitos relativos ao comércio internacional
(Tribunais Internacionais de Direitos Humanos (TIDH): cada sistema de direito humano tem seu tribunal
Tribunal Penal Internacional
Fica em Haia (Holanda) 
Foi criada em 1998 por um tratado Internacional chamado de Estatuto de Roma, entrando em vigor 1º/07/2002 (porque tinha que ter 60 ratificações)
Tribunal de Noremberg - criado após a IIGM
Porque criou o TPI se tinham outros? Para não ter tribunais de exceções, ser permanente, autônomo, uniforme.
Competência do TPI: competência material, como regra julga crimes de repercussão internacional (interessa a toda a sociedade internacional)
Que crimes são estes? São: genocídio; crime contra a humanidade; crime de guerra; crime de agressão
Terrorismo não é de competência do TPI, somente se gerar agressão contra humanidade.
Aula dia 16/01/12
Cont. 
Tribunal Penal Internacional foi criado pelo chamado Estatuto de Roma, fica em Haia (na Holanda, países baixos).
Se a prova trouxer “o tribunal de Haia”, pensar qual deles? Porque tem 2: Corte internacional de Justiça e o TPI.
O TPI foi criado em 1948, lembrando que este não foi o primeiro, tivemos o tribunal do Noremberg, julgava os crimes da II GM (tribunal de exceção), tribunal da Iugoslávia.
O TPI é um tribunal permanente, autônomo, universal (não é de exceção, esse não é imparcial).
Competência material: julga crimes de repercussão internacional, ou seja, crimes que interessa a comunidade internacional, porque não diz respeito a um só país. Tais crimes são:
Genocídio - atingir um grupo de pessoas (p.ex. matar um monte de cearense; é o caso do Sadan Hussein; 
contra humanidade - é mais amplo, p.ex. fazer um apartaíde, não quer atingir um grupo; 
guerra - cuidado:
O que é direito à guerra? É a legitimação do ataque, p.ex. pode atacar que você é legítimo, (a OTAN foi na ONU pedir autorização para atacar a Líbia) 
O que é direito DE guerra? 
Em tempo de guerra existe alguns limites, p.ex. não pode atacar a pessoa que se rendeu, tratar bem o prisioneiro de guerra. Comete crime de guerra a violação das regras da Convenção de Genebra sobre direito humanitário.
Agressão - é a violência injustificada de um Estado para outro - p.ex. os Argentinos estão quietos e nós brasileirosvamos à fronteira e começamos a atacar para ver se estão espertos!
 Cuidado: crime de terrorismo não é julgado no TPI.
Por que o Sadan Hussein não foi julgado no TPI? (só não cometeu agressão porque ainda não está em vigorando), porque foi criado em tribunal de exceção para julgar somente o Sadan Hussein.
Competência “ratione temporis”: significa dizer que o TPI só tem competência para os crimes praticados após a entrada em vigor do Estatuto de Roma, que foi em 01/07/2002.
Os crimes ocorridos antes de 01/07/02 estão fora da competência TPI, por isso que o Sadan Hussein não foi julgado pelo TPI, porque começou praticar desde 1986 (conforme registros).
Competência territorial: qual o local do crime? Pode julgar crime de qualquer lugar do mundo? A regra é que só pode julgar crimes ocorridos em territórios de ESTADO MEMBRO DO TPI.
p.ex. a Líbia, Sudão não são membros do TPI. 
Excepcionalmente, se o crime ocorreu em qualquer lugar SE HOUVER REQUERIMENTO DA ONU, foi o que aconteceu com Kadaf (Líbia), a ONU pediu a investigação porque estavam cometendo genocídio.
O TPI julga país ou pessoa? JULGA A PESSOA FÍSICA QUE COMETEU O CRIME, CRIME É PRATICADO POR PESSOA E NÃO POR PAÍS.
De quem é a preferência para julgar, do TPI ou do país? Foi o que ocorreu no México, que mataram vários estrangeiros (60 estrangeiros mortos - típico genocídio) - 2 COMPETÊNCIAS DIFERENTES.
Tem-se a competência originária (preferência para julgar) x competência suplementar.
Originariamente compete ao Estado local do crime para julgar, no exemplo, o crime ocorreu no México, tendo preferência (neste caso, quem está julgando é o próprio México, na qual já foi aberto o processo).
No caso do Sudão, que matou 300 pessoas, e o Presidente foi reeleito. Aqui o TPI irá julgar, sob a competência suplementar - quando o Estado se omite ou deixa de exercer sua competência originária.
Não pode haver dois julgamentos: ninguém pode ser condenados 2 vezes pelo mesmo crime.
Os princípios do TPI são os mesmos do processo penal (não há crime sem lei anterior que o defina).
Penas do TPI:
Quais são as penas do TPI? Tem-se 3 tipos de penas:
Pena de prisão: prisão por tempo determinado de até 30 anos.
Pena de prisão PERPÉTUA*: exceção, pode ter prisão perpétua dependendo da gravidade do crime (matou vários judeus).
(Ficará preso em Haia
Pena de perda de bens: bens que foram objetos do crime ou produto do crime.
No TPI não tem pena de morte, cruel, banimento.
Por banimento compreende tirar a nacionalidade da pessoa, e expulsar do grupo social. É uma pena primitiva, dos nômades.
O Brasil ratificou o Estatuto de Roma, e inserimos o § 4º do art. 5º da CF/88 (EC 45/04).
O Brasil se submete ao TPI.
Estatuto de Roma não admite:
Imunidades/ irrelevante a qualidade oficial
Prescrição (são imprescritíveis)
Reservas (p.ex. o Brasil poderia ser pedido reserva da prisão perpétua, aqui não pode, tem que aceitar todas as condições)
Diferença entre entrega e extradição:
Colombiano Abadias foi extraditado do Brasil para os EUA - ocorre de um Estado para outro Estado.
A Entrega ocorre de um Estado para o TPI. O TPI pediu para o Brasil ENTREGAR o presidente do Sudão caso ele venha ao Brasil.
Pode extraditar brasileiro (ser julgado e apenado por outro país)? NÃO EXTRADITA NACIONAL.
Como regra, não cabe extradição contra nacional, SALVO O NATURALIZADO, em 2 situações:
Se o crime for ANTERIOR A NATURALIZAÇÃO
Se estiver envolvimento em tráfico de entorpecentes
Cuidado: crime comum tem que ter sido ocorrido antes, e se tráfico de entorpecentes INDEPENDE DO MOMENTO.
A ENTREGA ADMITE AOS NACIONAIS!
Tratados Internacionais
Direitos dos tratados:
Evolução histórica
Os direitos dos tratados sempre foi um costume, não tinha regra. O primeiro tratado encontrado foi o Tratado de Ramiche (acordo de paz - entre os Faraós).
Em 1969, por meio da Convenção de Viena sob direito dos tratados. Ela regulou os tratados entre os Estados. Em 1969 já tínhamos a ONU (1965), esquecendo da ONU, das organizações.
Em 1986 2ª Convenção de Viena sobre os tratados incluindo as organizações Intergovernamentais (não é ONG, porque estas não fazem tratados)
Conceito de tratado:
O que é tratado? 
Nos termos do art. 2º da Convenção de Viena de 1969, tratado é acordo (fundado no fenômeno convencional, consentimento mútuo, vontade + capacidade+objeto lícito); É escrito, ou seja, é solene; Celebrado entre os sujeitos do DIP (Estado com outro Estado, Estado com uma Organização); Regido pelo Direito Internacional Público (conteúdo do tratado, não pode escrever sobre direito interno); previsto em único ou múltiplos instrumentos (pode ser em vários documentos) p.ex. O MERCOSUL foi criado pelo Tratado de Assunção, em único documento, atualmente tem vários documentos (devido aos protocolos); Denominação (os tratados são apelidados com o nome onde foram assinados, mas pode chamar de tratado, carta, pacto, protocolo, estatuto, declaração, convenção).
A regra é que não tem nome.
Exceto: Concordata: no campo internacional é um tratado nominado, que é celebrado entre um Estado com o Vaticano, na qual tenha a concessão de privilégio para cidadão católico OU para vaticano. 
p.ex. em Portugal os bispos, padre não pagam alguns impostos. 
Como se faz um tratado?
Qual o iter de formação dos tratados? Quer dizer quais são as fases, etapas.
A 1ª e 3ª fase são fases INTERNCIONAIS
2ª e 4º fases internas
Negociação significa toda discussão que antecede a adoção do texto. (cláusulas, termos).
- Quem assina o tratado? A convenção de Viena diz que o tratado pode ser assinado pelo CHEFE DE ESTADO OU DE GOVERNO (indiferente ser Imperador, Rei, Presidente) OU Ministro das Relações Exteriores;
- Também o chefe da Missão Diplomática, embaixador
 - E a pessoa com poderes - Pessoa que recebeu delegação, carta de plenos poderes.
Firmar, concluir, celebrar ainda estão na 1ª fase do tratado
A assinatura é ato PRECÁRIO E PROVISÓRIO, ou seja, o país ainda não está obrigado a cumprir, mera expectativa. 
Art. 49 da CF/88 - quem REFERENDA O TRATADO É O CONGRESSO NACIONAL (diz que sim ou não, nas duas Casas).
Se o congresso nacional dizer sim, o Presidente volta na comunidade internacional e RATIFICA (ou seja, é a confirmação da assinatura). 
O Estado estará OBRIGADO A CUMPRIR O TRATADO A PARTIR DA RATIFICAÇÃO, cuidado para não confundir com assinatura (que não gera obrigação). Efeito “ex nunc”, não retroage.
Observa que quem Ratifica tratado somente Chefe do Estado.
A ratificação é ato DISCRICIONÁRIO, ou seja, o Presidente faz verificando conveniência e oportunidade.
O presidente promulga por meio de um decreto e publica no diário da União, passando o período da “vacatio legis”.
No Brasil o tratado entra em vigor após a publicação, passada a “vacatio legis”
E, internacionalmente, em regra, após a RATIFICAÇÃO.
1ª negociação + assinatura
2ª Referendo congressual
3ª RATIFICAÇÃO
4ª Promulgação + Publicação