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Exposição aos HPAs e risco de câncer

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A absorção dos HPAs e seus derivados, por meio da pele, da respiração e da ingestão, está associada a diversos tipos de câncer em humanos e em animais, incluindo tumores de pele, mama, bexiga, fígado e próstata.
Fontes de HPAs (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos)
São diversas as fontes de exposição aos HPAs. Dentre as principais estão a combustão de diesel e gasolina, queima de carvão, fotocopiadoras, exaustão oriunda de incineração de rejeitos, fumaça do cigarro, além de vários processos industriais como a produção de alumínio e a gaseificação do coque.
Óleo de soja e de milho
Em indivíduos não fumantes, a dieta representa parte significativa da exposição aos HPAs. Os alimentos ricos em gordura são potenciais fontes de contaminação por HPAs, e, além disso, aumentam a absorção intestinal destes agente.
Óleos de soja e milho podem apresentar elevado teor de HPAs, que se originam por diversos fatores, como o crescimento de culturas em solo contaminado (por fumaça de tratores ou proximidade a estradas), a deposição de HPA durante o período de crescimento das culturas e a ineficiência dos processos de refino.
O processo de secagem dos grãos de milho é a principal explicação para esses altos níveis de contaminação por HPAs, pois é empregada a secagem por meio de ar quente obtido a partir da queima de lenha.
Os grãos de soja apresentam problema semelhante ao do milho e, como consequência, o óleo feito a partir da soja também se contamina com HPAs.
Não há legislação no Brasil sobre os níveis de HPAs nos óleos comestíveis. Há apenas um nível máximo estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para benzo(a) pireno (um tipo de HPA) em óleo do bagaço de azeitona (2,0 µg/kg) e aromatizantes para defumação artificial (0,03 µg/kg).
Laticínios
Como o leite é um produto secretado pela mama, ele pode exibir níveis significativos de vários xenobióticos, como os HPAs, que foram ingeridos pela vaca leiteira. Dessa forma, o leite pode ser visto como um indicador indireto para poluição ambiental de pastagens por HPAs.
Quando aquecido, os níveis de HPAs presentes no leite se elevam mais ainda. Análises mostraram que o leite integral submetido ao tratamento UHT é mais contaminado por HPAs do que os pasteurizadas e in natura, sugerindo que o processamento e o tratamento térmico favorecem a formação de novos compostos de HPAs.
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O churrasco piora a absorção de HPAs
Uma pesquisa publicada na revista Environmental Science & Technology concluiu que os HPAs também se formam por meio de uma reação química quando a fumaça do carvão ou da lenha entra em contato com a carne. Dessa forma, além da ingestão de HPAs pelo consumo da carne do churrasco - que é a maior em relação às outras formas possíveis de absorção de HPAs em um churrasco -, há absorção pelas vias respiratórias e pela pele.
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De acordo com Adelaide Cassia Nardocci, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, as concentrações de HPAs liberadas pelo churrasco são pequenas, mas não podem ser ignoradas, pois elas se somam à constante exposição aos HPAs gerada pela poluição urbana.
Quem está exposto aos HPAs
Por estarem presentes em muitos lugares, os HPAs são uma ameaça potencial para a saúde. No entanto, as pessoas que moram ou trabalham em ambientes com maiores emissões de HPAs estão mais vulneráveis aos efeitos da exposição.
Um grupo de pesquisadores da Peking University, na China, vem ampliando os conhecimentos sobre os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e obtendo resultados expressivos. Por causa da população e da estrutura energética e industrializada da China, a emissão de HPAs, que são poluentes orgânicos persistentes (POPs) altamente tóxicos, é ainda mais intensa.
Shu Tao, professor e diretor da Faculdade de Ciências Ambientais da Peking University, junto com sua equipe, desenvolveu um modelo computacional capaz de calcular a emissão dos principais tipos de HPAs na China e no mundo. O modelo utiliza dados de diversas fontes – incluindo informações meteorológicas, de saúde pública e de satélites – e é uma combinação de modelos menores que avaliam, por exemplo, o transporte de componentes pela atmosfera, a exposição da população pelo mundo e o risco de adquirir câncer.
Segundo Tao, 1,6% dos casos de câncer de pulmão na China deveram-se à exposição a HPAs. Parece um número pequeno, mas levando em conta a grande população chinesa, o total é expressivo.
Também foi analisada a emissão global de 16 tipos de HPAs emitidos por 69 tipos de fontes diferentes e, de acordo com o artigo publicado pelo Environmental Science & Technology, a pesquisa apontou que, do total das emissões de HPAs em todo o mundo (adotando o período de estimativa de 1960 a 2030), 6,19% podem ser classificadas como compostos carcinogênicos, sendo que o valor se mostrou maior nos países "em desenvolvimento" (6,22%) do que nos "desenvolvidos" (5,73%).
Verificou-se que as regiões com maior emissão de HPAs por fontes antropogênicas têm maior potencial de causar danos à saúde. A boa notícia é que as emissões desses compostos pela ação humana deverão cair. Simulações até o ano 2030 apontam queda nas emissões desses poluentes, tanto nos países "desenvolvidos" (de 46% a 71%), como nos "em desenvolvimento" (de 48% a 64% a menos).
Os HPAs foram listados em 2001, na Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, como cancerígenos, pois estão associados ao aumento da incidência de diversos tipos de câncer, o que evidencia a profunda necessidade de transformação da sociedade.

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