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RELATÓRIO EXTRAÇÃO DO DNA ANIMAL E VEGETAL

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1. Introdução 
Todas as espécies têm em sua composição o DNA, desde bactérias, fungos, protozoários, 
plantas e animais, como a nossa espécie; o homem. Há uma associação entre as proteínas e as 
moléculas de DNA, juntas elas formam os cromossomos, caracterizados como longas estruturas 
celulares compostas pelas regiões do DNA, que por sua vez é responsável pela síntese de moléculas 
de RNA e das proteínas, denominados genes. E são exatamente os genes que fornecem e regulam 
as características hereditárias dos indivíduos, através da interação dos produtos dos genes com o 
ambiente, a morfologia e fisiologia (Alberts et al. 2010). 
É imprescindível a importância da extração do DNA para análise e estudos, os trabalhos que 
envolvem esses métodos estão cada vez mais presentes nos laboratórios brasileiros, desde 
processos de extrações simples (como um teste do pezinho) aos mais complexos (elucidação de 
crimes) ou mesmo servem de base para a descoberta de novos organismos, doenças e suas 
respectivas formas de tratamento, enfim, são importantes pesquisas que levantam informações 
genéticas presentes em um organismo, contendo sua organização, estruturas, funções, tal como, sua 
evolução e hereditariedade. Tornando-os eficazes para o avanço tecnológico e científico em diversas 
áreas de estudo. 
O processo de extração inicia com o rompimento das células, ou lise celular, através da ação 
de detergentes como, por exemplo, SDS (dodecil sulfato de sódio), sarcosil, Triton X-100 e Tween-20, 
que rompem as membranas plasmáticas. Após o rompimento, as proteínas são desnaturadas, pela 
utilização de solventes orgânicos, impedindo adicionalmente a degradação do DNA por enzimas 
celulares. Posteriormente, ocorre a separação dos ácidos nucléicos dos demais constituintes 
celulares, por meio de processos físicos como filtração e centrifugação e, então, o DNA pode ser 
solução pela aglomeração das moléculas. O DNA é lavado, geralmente com álcool etílico 70%, 
centrifugado, para eliminação detanol, e colocado novamente em solução para ser utilizado em 
análises posteriores (Watson et al., 2009). 
Temos como exemplo de uma técnica envolvendo esse estudo; a PCR que é considerada 
uma técnica sensível e específica e tornou possível a análise e detecção do DNA de quaisquer 
organismos, mesmo a partir de pequenas quantidades (Sambrook e Russel, 2001; Griffiths, Lewontin 
e Wessler, 2009). Por permitir a obtenção de grandes quantidades de cópias do DNA de genes de 
interesse, a PCR se tornou uma técnica de grande importância em diferentes áreas. Por exemplo, a 
PCR permite o diagnóstico de doenças genéticas, o diagnóstico rápido de patógenos de difícil cultivo, 
como a bactéria Mycobacterium tuberculosis, ou mesmo o acompanhamento da carga viral em 
pacientes com o vírus da imunodeficiência (HIV) e da hepatite do tipo C (HCV) (Valones et al. 2009). 
O referente relatório tem por objetivo demonstrar os métodos feitos na extração das células 
do DNA de parte do fígado bovino (animal) e das células do DNA de uma banana (vegetal), as células 
foram lisadas com técnicas, métodos e materiais simples, no entanto, eficazes, resultando na coleta 
de parte do seu conteúdo celular utilizados aqui para estudos e observações. 
2. Metodologia 
-Materiais: 
 Fígado bovino; 
 1 Banana; 
 Placa de Petri; 
 Faca; 
 3 Copos, sendo dois descartáveis e um de vidro transparente; 
 50 mL de Água; 
 1 Sacola Plástica; 
 1 colher de sal de cozinha; 
 1/2 xícara de suco de abacaxi (amaciante de carne); 
 1 colher de detergente de cozinha; 
 2 Tubos de ensaio de vidro; 
 Palitos de churrasco para misturar a solução; 
 Algodão; 
 Peneira; 
 Álcool gelado (preferencialmente 96°). 
-Procedimento 01(Fígado): 
1º Inicialmente corta-se 3cm3 do fígado bovino, o coloca sobre uma placa de Petri para amassá-lo 
com uma faca por cerca de cinco minutos até que o mesmo torne-se uma pasta. 
2° Utiliza-se um copo limpo descartável para adicionar 50 mL de água e uma colher de sopa de sal de 
cozinha, mais ½ xícara de suco de abacaxi (utilizado como amaciante da carne). 
3º Adiciona-se 1 colher de sopa de detergente de cozinha( o mesmo utilizado para lavar louças), 
mexendo-o vagarosamente para evitar o acúmulo de bolhas. Acrescenta-se a pasta macerada 
(carne) dentro da solução que foi preparada, fazendo com que a mesma fique totalmente submersa. 
4° Deixá-la reagir por 10 minutos, misturando a solução formada a cada 2 minutos; 
5° Despeja-se a solução numa peneira forrada com uma fina camada de algodão, recolhendo-se 
cerca de dois dedos desse material filtrado num tubo de ensaio. 
6º Adiciona-se ao tubo de ensaio o álcool, tendo por medida 2 vezes mais de álcool para 1 da solução 
filtrada. Atentar-se para o correto despejo do álcool, utilizando-se as paredes do tubo delicadamente, 
para que não haja a mistura dos mesmos. 
7º Por fim, aguardar de 3 à 5 minutos para a precipitação do DNA. 
 
-Procedimento 02(Banana): 
1º Retira-se a casca da banana e a introduza no saco plástico para que a mesma seja amassada com 
o uso do punho. Até obter-se uma pasta homogênia. 
2º Utiliza-se um copo limpo descartável para adicionar 50 mL de água, uma colher de sopa de sal, e 1 
colher de sopa de detergente( o mesmo utilizado para lavar louças), mexer vagarosamente para 
evitar o acúmulo de bolhas. 
3º Põe-se a pasta macerada dentro da solução que foi preparada, fazendo com que a mesma fique 
totalmente submersa. 
4° Deixá-la reagir por 10 minutos, misturando a solução formada a cada 2 minutos; 
5° Despejar a solução numa peneira forrada com uma fina camada de algodão, recolhendo-se cerca 
de dois dedos desse material filtrado num tubo de ensaio. 
6º Acrescenta-se ao tubo de ensaio; álcool, tendo por medida 2 vezes mais de álcool para 1 da 
solução filtrada. Atentar-se para o correto despejo do álcool, utilizando-se as paredes do tubo 
delicadamente, para que não haja a mistura dos mesmos. 
7º Por fim, aguardar de 3 à 5 minutos para a precipitação do DNA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Resultados e Discussões 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 01- Materiais biológicos utilizados, banana e o pedaço do fígado bovino sobre a placa de 
Petri. 
Figuras 02 e 03 - Materiais biológicos; fígado e banana após processo de maceração. 
Figura 04 - Materiais utilizados no processo da solução e filtração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 06 Soluções preparadas; Lado 
esquerdo: solução contendo água, sal e 
detergente. 
Lado direito: Solução contendo suco de 
abacaxi, sal, água e detergente 
Figuras 07 e 08 Soluções preparadas com a adição do material biológico, utiliza-se o 
palito de churrasco para misturar a solução com o material biológico (animal e vegetal). 
Lado esquerdo com o fígado bovino e lado direito com a banana. 
Figura 05 Adição do detergente 
de cozinha ao preparo da solução. 
Fundamental na redução da tensão 
superficial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figuras 09 e 10 Preparação e processo para filtração da solução. Na imagem 10 (à 
direita) mostra-se o processo de filtração da solução de lise da banana. 
Figuras 11 e 12 Solução após a filtração sendo repassadas ao tubo de ensaio. Figura 
11(Solução contendo o fígado). Figura 12 à direita (Solução contendo a banana). 
 
Figura 13 Solução com a adição do 
álcool, demonstrando a precipitação do 
DNA da banana. 
Figura 14 Solução com a adição do 
álcool, demonstrando a precipitação 
do DNA do fígado bovino. 
No decorrer do relatório observa-se o constante acréscimo de reagentes nas formulações, 
qual seria o papel de cada um, que resultado pode-se obter ao acrescentá-los? 
O cloreto de sódio permitiu neutralizar o DNA, para que não houvesse repulsão entre as suas 
moléculas, uma vez que estas possuem na parte externa da hélice o grupo fosfato dos nucleotídeos 
que lhes confere uma cargaelétrica negativa. O sal proporciona ao DNA um ambiente favorável. 
O detergente de louça foi adicionado para reduzir a tensão superficial, levando à dispersão dos 
fosfolípidos que constituem a membrana celular e a membrana nuclear, que delimita o núcleo, no 
interior do qual se encontra o DNA, assim as membranas sofrem rupturas e todo conteúdo celular fica 
disperso na solução. 
E o álcool gelado torna possível a visualização das moléculas, que se agrupam formando um monte 
de filamentos muito finos. Isso ocorre devido ao fato de a proteína ser insolúvel em álcool, ou seja, 
ela não se dissolve no álcool. O DNA é menos denso que a água e a mistura aquosa dos restos 
celulares. Ou seja, o álcool diminui a solubilidade do DNA, condensa, faz com que o DNA se precipite 
no meio da solução. 
Por que a escolha do suco de abacaxi na solução de lise do fígado bovino? 
O segredo está numa enzima que ele contém; a bromelina, especializada em quebrar outras 
moléculas. Ela age sobre o colágeno e a miosina (proteínas que formam as fibras da carne, partindo 
as em pedaços menores). Essa fragmentação torna o bife muito mais macio e fácil de ser mastigado. 
É como se o suco do abacaxi fizesse uma parte do trabalho que normalmente é realizado no 
estômago. 
No começo da preparação a carne e a banana passaram por um processo de maceração, por 
que foi necessário que ambas passassem por esse processo? 
Quanto mais à carne e a banana forem maceradas maior seriam suas superfícies de contato com a 
solução de lise e melhor a ação da solução sobre as células. Isto permitirá a liberação de uma maior 
quantidade de moléculas de DNA e, portanto, um bom rendimento. 
Por que foi necessário filtrar as soluções para que as mesmas fossem repassadas aos tubos 
de ensaio? 
Para tornar a solução mais limpa, eliminando da mesma restos de materiais celulares que possam 
impedir a visualização do DNA no final do procedimento. 
Como já citado, foi-se utilizado o suco do abacaxi na solução de lise do fígado bovino, por que 
na solução da lise da banana o mesmo não pôde ser utilizado? 
Porque ao contrário da carne, a banana possui proteínas que se quebram com mais facilidade, além 
de conter-las em menor quantidade. 
Para a extração do DNA foram utilizados métodos comuns (caseiros), com o uso de 
ingredientes que não custam tanto e são facilmente encontrados em comércios e nas cozinhas 
de casa, diante disso poderíamos afirmar que esses métodos são tão eficazes quanto às 
técnicas que envolvem um custo maior para a preparação? 
Sim, o uso de métodos caseiros como a maceração a punho do vegetal e do pedaço de carne são 
técnicas que estimulam a quebra das paredes celulares para então liberar o conteúdo celular, e 
também a filtração que desempenhou um papel importante de separação das paredes celulares e das 
membranas citoplasmáticas do que sobrou do conteúdo celular. Bem como, a adição de materiais 
simples encontrados em casa, como o detergente para lavar louças,o álcool foram de grande valia 
para que o processo final fosse obtido com êxito, à extração de DNA da célula do fígado e da célula 
da banana. 
O processo foi rápido, simples, o custo total dos ingredientes não ultrapassou uma grande quantia, e 
obteve-se um resultado espetacular rico em informações, como mostram as figuras supracitadas 
neste relatório. 
 
4. Conclusão 
 
Pôde-se observar ao longo da aula prática o quanto foi simples realizar a primeira etapa de 
extração do DNA utilizando atividades comuns do dia a dia, o resultado final foi uma maior 
compreensão das etapas básicas: A divisão dos fenômenos físicos e químicos da membrana para a 
liberação dos componentes genéticos, a duplicação dos elementos básicos: DNA e proteínas e a 
disjunção do DNA e das demais partes celulares que o compõem. 
Foi fundamental a utilização dos reagentes: detergente, sal, água, álcool, e o suco de 
abacaxi, cada um teve participação aditiva nas soluções de lise como já supracitado, bem como, as 
práticas utilizadas como a maceração e a filtração. O resultado foram soluções compostas por 
reagentes misturados com pequenas partes de materiais biológicos (banana e fígado bovino) 
filtradas. Ao adicionar o álcool frio (levando em consideração sua baixa temperatura), possibilitou a 
precipitação do DNA que perdeu sua solubilidade, resumindo o álcool é mais denso que o DNA, já o 
sal posto no início da preparação se fez indispensável nessa parte, projetando um ambiente salino 
favorável ao DNA, enfim, obtivermos um resultado esperado, o que se pôde ver a olho nú foi uma fina 
camada de aglomeração de DNA (assemelham-se a fios de algodão) se separando do restante do 
material genético. 
 
 
 
 
5. Referências 
ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER P. Biologia Molecular 
da Célula, 5ª edição, Porto Alegre: Artmed, 2010. 
BIOLOGANDO COM A BIOQUÍMICA. Extração de DNA da Banana. Montes Claros, BR. Disponível 
em:<http://biologandocomabioquimicaunimontes.blogspot.com/2013/06/relatorio-aula-pratica-
extracao-de-dna.html>. Acesso em: 25 nov. 2018. 
COSTA, C.; MONTEIRO, A.; SABINO, J. Extração e Isolamento do DNA. Porto, PT. Disponível em: 
<http://www.aeplegua.pt/comunidade-educativa/pessoal-docente/departamentos/departamento-de-
ciencias-experimentais/ciencia-mais/extracao-e-isolamento-de-dna/extracao-de-dna-
poster/at_download/file>. Acesso em: 25 nov. 2018. 
HEPP, D.; NONOHAY, J. A Importância das Técnicas e Análises de DNA. Rio Grande do Sul, BR. 
Disponível em: <https://periodicos.ifrs.edu.br/index.php/ScientiaTec/article/download/1592/1351>. 
Acesso em: 25 nov. 2018. 
NUNES, T. Extraindo DNA do morango. São Paulo, BR. Disponível em: < 
https://pontobiologia.com.br/extraindo-dna-do-morango/>. Acesso em: 25 nov. 2018. 
SAMBROOK, J. RUSSEL, D.W. Molecular Cloning A Laboratory Manual 3rd ed. Cold Spring 
Harbor, Cold Spring Harbor, Cold Spring Harbor Laboratory Press. 2001. 
SUPER INTERESANTE. Por que o suco do abacaxi ajuda a amaciar a carne? São Paulo, BR. 
Disponível em: <https://super.abril.com.br/ciencia/abacaxi-faz-coxao-duro-virar-file-mignon/>. Acesso 
em: 25 nov. 2018. 
VALONES, M. A. A.; GUIMARÃES, R. L; BRANDÃO, L. A. C.; SOUZA, P. R. E.; CARVALHO, A. A. 
T.; CROVELA, S. Principles and applications of polymerase chain reaction in medical 
diagnostic fields: a review. Braz J Microbiol. 40 (1): 1 11. 2009. 
WATSON, J.D.; MYERS, R.M.; CAUDY, A.A.; WITKOWSKI, J.A. DNA Recombinante Genes e 
Genomas, 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

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