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Plano de Ação Pericial 1. Onde aconteceu? (Apontar características epidemiológicas e geográficas que possam ser relevantes à perícia). A ocorrência aconteceu no Bairro Buritis, região oeste de Belo Horizonte, Minas Gerais. Não houveram nenhuma característica epidemiológica e geográfica que possam ser relevantes ao caso desenvolvido. Isso se deve que após uma vasta pesquisa na literatura, foram identificados apenas casos de ingestão intencional, por meio de suícidio ou então acidental, por crianças, uma vez que, a Etilenoglicol, possui aroma e sabor adocicados. Já a contaminação por DEG, apresentaram tendência de ocorrência em massa devido ao uso na falsificação, adulteração ou contaminação ambiental de glicerol ou propilenoglicol de grau farmacêutico e alimentício. Não foram encontrados outros casos de contaminação por DEG ou MEG no Brasil. 2. Quem foi acometido? No total 29 pessoas foram intoxicadas e dessas 10 morreram. 3. Qual a população acometida? (Apontar características biológicas que possam ser relevantes à perícia) Não existem características biológicas que selecionam a população atingida. A população acometida foram aqueles que consumiram a cerveja Belorizontina, dos lotes 1348 e 1197, comercializadas na rede de supermercados "Super Nosso" da região oeste de Belo Horizonte da fabricante Backer (Cervejaria Três Lobos), sendo este o único alimento/bebida que todas as vítimas teriam consumido. 4. Quais os sinais/sintomas/impactos biológicos? Qual a via de contato? (Comentar as alterações com base nos aspectos fisiológicos). A via de contato das substâncias foi através do consumo de DEG e MEG em cervejas contaminadas. Fase 1: Caracterizada por sintomas gastrointestinais de início precoce como náusea, vômito, dor abdominal e ocasionalmente diarreia, mas pode ocorrer após 48 horas se houver ingestão de Dietilenoglicol concomitantemente com etanol. Pode ocorrer alteração do nível de consciência, confusão mental, sonolência, eventual depressão respiratória, coma e hipotensão. Acidose metabólica com ânion gap elevado já pode estar presente nessa fase. Fase 2: (1 a 3 dias pós ingestão) A ingestão de grande quantidade de Dietilenoglicol pode intensificar os sintomas gastrointestinais, piorar a acidose metabólica e progredir a doença para a fase 2 que é caracterizada pela piora da acidose metabólica, distúrbios hidroeoletrolíticos (principalmente hipercalemia e hiponatremia), aumento da creatinina, oligúria ou mesmo anúria. Pode ocorrer hepatotoxicidade e o paciente evoluir com hipertensão, taquicardia, arritmias e pancreatite. Fase 3 (5 a 10 dias pós ingestão) A fase mais tardia que pode variar de 5 a 10 dias podendo se arrastar por semanas é caracterizada por alterações neurológicas. A apresentação clínica é variável podendo ocorrer paralisia facial, neurite óptica, paralisia do nervo facial ou bulbar e coma. Além desses, fraqueza bilateral em membros superiores, inferiores ou ambos, fraqueza da musculatura respiratória podendo levar à depressão ou parada respiratória. 5. Como descobrir a causa do ocorrido? (Montar as hipóteses) Linha do Tempo - Nos dias 03/01/2020 e 04/01/2020, quatro pessoas foram internadas com suspeitas de intoxicação, até o momento eram considerados casos isolados. A prefeitura de Belo Horizonte foi acionada e abriu inquérito para apurar. É feita a coleta de materiais biológicos dos pacientes internados. A vigilância sanitária também recolhe alimentos para análises. (https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/01/05/secretaria-municipal-de-sa ude-abre-inquerito-para-apurar-casos-suspeitos-de-intoxicacao-em-belo-horizonte.g html) - O caso veio à tona no dia 06/01/2020 após circularem informações nas redes sociais de que pessoas de uma mesma família estavam hospitalizadas, em estado grave, com sintomas de uma doença ainda desconhecida. - Dia 08/01/2020 um grupo do Ministério da Saúde foi enviado para BH para investigar a causa da síndrome que já foi identificada em outros 8 pacientes. (Totalizando 12, onde 1 já havia ido a óbito) (https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/01/09/policia-abre-inquerito-para- investigar-morte-por-doenca-desconhecida-em-minas-gerais.ghtml) - Todos os casos apareceram em pessoas que moram ou estiveram em um mesmo bairro, o Buritis, que fica na Região Oeste de Belo Horizonte. - Com objetivo de minimizar os possíveis danos aos consumidores, a fiscalização do Mapa realizou diligência no Centro de Distribuição da rede Supernosso, localizado em Contagem/MG, na data de 09/01/2020, onde foram apreendidos todos os lotes da cerveja pilsen, marca Belorizontina, que estavam em estoque. Foram colhidas amostras para realização de análises fiscais destes lotes. O Centro de Distribuição foi intimado a recolher todos os lotes de todas as lojas da rede. - Dia 09/01/2020 - Confirmação da Morte da Primeira Vítima onde foi repassada a informação de que o laboratório de toxicologia da Polícia Civil havia encontrado a substância dietilenoglicol em amostras de cerveja da marca Belorizontina, coletada na casa desta vítima. https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/01/05/secretaria-municipal-de-saude-abre-inquerito-para-apurar-casos-suspeitos-de-intoxicacao-em-belo-horizonte.ghtml https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/01/05/secretaria-municipal-de-saude-abre-inquerito-para-apurar-casos-suspeitos-de-intoxicacao-em-belo-horizonte.ghtml https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2020/01/05/secretaria-municipal-de-saude-abre-inquerito-para-apurar-casos-suspeitos-de-intoxicacao-em-belo-horizonte.ghtml - Dia 10/01/2020 - o estabelecimento foi fechado cautelarmente, tendo em vista o risco iminente à saúde pública. Todos os produtos já envasados em estoque foram apreendidos, com a colheita de respectivas amostras fiscais. Hipóteses da Contaminação da Cerveja - Contaminação Dolosa, ou seja, saberiam os técnicos, os donos, sobre um possível vazamento do líquido tóxico, e assumiram o risco de continuar com a produção mesmo podendo impactar diretamente na vida de seus consumidores. - Erro Fabril, ou seja, o uso incorreto da substância para resfriar a produção; - Sabotagem, segundo, donos da cervejaria três lobos eles haviam sofrido sabotagem nos barris de monoetilenoglicol por ele adquiridos junto ao seu fornecedor 6. Quais as técnicas utilizadas? (Apresentar a escolha com base no princípio das técnicas). Para identificação das substâncias na cerveja: - A técnica da Cromatografia a gás acoplada a Espectrometria de massas - A cromatografia é uma poderosa técnica de separação, amplamente empregada para a análise qualitativa e quantitativa de misturas complexas. Na cromatografia gasosa, a separação é baseada no ponto de ebulição dos analitos, que como pré-requisito para esta técnica, precisam ser voláteis e termicamente estáveis. Após a separação, as moléculas são direcionadas para fonte de íons por impacto de elétrons, onde um filamento produz uma descarga eletrônica capaz ionizá-las. (https://cia.furg.br/pt/cromatografia-gasosa-gc-ms-msA) espectrometria de massas acoplada (MS/MS) é uma técnica analítica poderosa, usada para identificar compostos desconhecidos, quantificar compostos conhecidos e auxiliar na elucidação estrutural de moléculas. (https://www.ufrgs.br/uniprote-ms/Content/02PrincipiosDeAnalise/espectometria.html Análise da água usada na produção da cerveja: - Análise físico-química analisando temperatura, pH, cloro livre, substâncias oxidáveis. 7. Como a substância age? (Discorrer sobre os aspectos farmacológicos). Metabolizado pelo fígado, pela enzima álcool desidrogenase, forma ácidos no organismo provocam lesões nos rins e no sistema nervoso. O Dietilenoglicol possui ação neurotóxica e nefrotóxica sendo a via inalatória de baixa toxicidade e a absorção por via dérmica ocorre apenas em exposição prolongada em pacientes com solução de continuidade na pele. Portanto a via oral e parenteral constituem os principais mecanismos de intoxicação grave. O pico plasmático ocorre entre 25a 120 minutos após a exposição, mas os sintomas da intoxicação podem demorar a aparecer em casos de ingestão concomitante com etanol. A dose fatal em adultos é aproximadamente 1 ml/Kg de Dietilenoglicol puro. https://cia.furg.br/pt/cromatografia-gasosa-gc-ms-msA https://www.ufrgs.br/uniprote-ms/Content/02PrincipiosDeAnalise/espectometria.html 8. Há alguma forma de neutralização/eliminação da substância? - Quando a intoxicação pela substância é identificada nas primeiras 24 horas, é possível utilizar um antídoto denominado fomepizol. Entretanto, esse tipo de substância só é encontrado nos Estados Unidos e sua importação é complicada, o que dificulta seu uso em emergências. - O Etanol é o antídoto disponível no país para tratamento da intoxicação por Dietilenoglicol. Preferencialmente deverá ser administrado por via intravenosa. Se a apresentação para uso por via intravenosa não estiver disponível poderá ser administrado por via oral ou sonda nasogástrica. (O etanol tem uma afinidade muito maior pela desidrogenase do álcool do que o etileno glicol ou o metanol, portanto, inibe competitivamente o metabolismo.) - Intoxicação potencialmente grave deve ser tratada com hemodiálise que é efetiva em remover Dietilenoglicol e seus metabólitos, diminuindo a duração da intoxicação além de corrigir as alterações metabólicas. A hemodiálise deve ser continuada até a acidose metabólica, o ânion gap e gap osmolar se normalizarem e os sinais sistêmicos de toxicidade desaparecerem. 9. Como evitar que esse caso se repita? Proibir o uso de DEG e MEG como substância para resfriamento na indústria de alimentos e de bebidas, assim como na indústria farmacêutica. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência - Técnica que separa analiticamente, normalmente separa o composto de interesse numa fase aquosa e disponibilizará para que o aparelho possa identificar e quantificar para que se possa fazer diversos tipos de análise. - O equipamento tem bomba de água e 2 bombas de solventes, dentro um looping de injeção que tem um micro seringa de 20 ul da qual injetamos a solução e proporcionamos para que ela vá em direção a coluna, dentro do forno. Em seguida, disponibiliza a amostra para dentro da coluna. Onde a amostra dissolvida no solvente entra em contato com a coluna, que e é responsável por separar o analito/composto da solução, onde fica retido em microporos/polímeros que são impregnados na superfície interna da coluna, em função da interação do analito com o polímero da coluna, esse analito vai permanecer determinado tempo empregado na coluna, onde o solvente normalmente preenchido e específico para cada análise, passa intermitentemente na coluna, com determinado tempo arrasta o analito que fica preso na coluna, após o arraste é levado ao detector onde ele identifica e quantifica o composto de interesse. Mediante a interação do analito com o composto da coluna, o analito vai ser mais rápido ou devagar, tempo de detecção. Quanto maior a interação do composto com a coluna, maior o tempo de retenção do composto, mais tardiamente ele vai sair da coluna. - Quanto maior a intensidade do pico maior a interação, através dessa propriedade é possível identificar os compósitos de uma solução. - Utilizar padrões de referência, com curvas de calibração. Cromatografia Gasosa acoplada a espectrometria gasosa Essa técnica vai servir para separar uma mistura, de acordo com as condições de temperatura e de coluna do equipamento, que após separadas elas vão se fragmentar e serem identificadas no espectrômetro de massas. Vamos ter um sistema de gás pela qual o gás vai fluir para dentro de equipamento através de um sistema de tubulações, através deste arraste de gás essa amostra vai ser separada. A amostra vai ser colocada em um frasco, ele deve ser bem solubilizado na forma de uma solução líquida ou então injetada com a seringa. A amostra vai ser automaticamente injetada no equipamento através do sistema que é chamado de injetor, que apresenta uma aagulha em seu interior que vai sugar a amostra e vai injetar no interior do equipamento, após injetada, onde dentro há um forno e uma coluna capilar, onde a temperatura sera controlada pelo operador de acordo com amostra. Assim ele pode usar uma temperatura mais alta ou mais baixa dependendo do tipo de amostra que ele quer separar. - se a amostra tem compostos quimicamente semelhantes, a temperatura será menor. se diferença maior poderá ser usada uma temperatura maior. Logo após injetar a amostra vai para a coluna capilar, sob alta temperatura. Ali também vai estar fluindo o gás de arraste que vai depender de acordo com cada equipamento, neste caso utiliza gás hélio. Ele flui juntamente com amostra vaporizada no interior do equipamento, então essa amostra, vai a correr na coluna, onde haverá uma separação os componentes da amostra, pelo tamanho da massa e como também pelo ponto de ebulição, após separadas, cada substância vai migrar para o interior do espectrômetro de massa. Esse equipamento funciona com um feixe de elétrons que atinge a amostra e assim ela ser fragmentada em vários tipos de fragmentos químicos. Cada tipo de substância tem um fragmentação particular, ela vai se fragmentar sempre da mesma forma, isso vai permitir que possamos identificar qual o tipo de substância presente de acordo com seu padrão de fragmentação. Podemos salientar que vamos identificar, comparando o tipo de fragmentação que vamos obter com o padrão de fragmentações que o aparelho possui. Após a análise cromatográfica, vamos ter o cromatograma eixo x: tempo em minutos que leva para amostra passar pela coluna, após ser injetada - tempo de retenção eixo y: quantidade de amostra. Cada substância gera um pico - fragmentação específica íon molecular de massa carga/ pico base massa carga comparar com a biblioteca
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