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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS AMÉRICAS FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA Beatriz Campos Cirello 00341220 Bianca Rodrigues Matos 00344115 Carlos Roberto Venturini dos Santos 00340227 Gabrielyn Vitoria Araújo 00340227 Isabela Dário de Oliveira 00341590 Michelli Brosco Formenton 00342463 Orientadora: Cristina de Fátima Lúcio Tema: Conscientização da intoxicação de cães e gatos por alimentos humanos. São Paulo 2024 Resumo A cada vez mais os donos estão demonstrando uma proximidade aos seus animais, e por este motivo, acabam compartilhando de forma errônea a mesma alimentação. Várias substâncias de alimento humano são capazes de causar intoxicação, dentre elas, o chocolate, café e chá, xilitol, nozes-de-macadâmia, alho, cebola, uvas, abacate, bebidas alcoólicas, leite e sal. A intoxicação alimentar em cães e gatos é um problema crescente nas clínicas veterinárias, porque na maioria das vezes as pessoas desconhecem as complicações graves. É importante que os tutores conheçam e fiquem cientes de quais alimentos fazem mal para os seus animais a fim de diminuir as ocorrências e promover o bem-estar e qualidade de vida para eles. Palavras-chave: alimentos, tóxico, humano, animais. Introdução Observa-se o quanto os animais conquistaram um espaço na sociedade, hoje em dia, são considerados membros da família, onde possuem uma rotina, hábitos e vínculos com seus tutores. Decorrente desta aproximação, é notado quadros de intoxicação alimentar. Chocolate, café e chá O chocolate é um dos mais conhecidos vilões na toxicologia veterinária, apresentando em sua composição do a metilxantina, um grupo químico que está presente na manteiga de cacau também, a teobromina, que possui um caráter mais adverso nos sinais clínicos da intoxicação do que a cafeína.em si. Este grupo possui característica diurética, estimulante cardíaca promovendo o aumento do trabalho muscular cardíaco, ocasionando arritmias, vasoconstritora, promove o aumento de cálcio intracelular (inibindo a fixação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático dos músculos estriados), aumento dos níveis de AMP, liberação da epinefrina pela estipulação da zona medular das glândulas adrenais, resultando em morte. Sendo de substância lipossolúvel, em cadelas prenhes pode interferir na passagem da barreira placentária aos filhotes e a nível do sistema nervoso central, inibir a adenosina e causar excitação (BEASLEY, 1999; KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009). Os efeitos dependem do peso do cão, dosagem e do tipo de chocolate. As doses letais mínimas capazes de matar 50% dos cães (DL50). Os sinais clínicos ocorrem dentro de 6 a 12 horas, sendo eles náusea, êmese, excitação, poliúria, polidipsia, diarreia, dispneia e polaquiúria, além de outras alterações mais avançadas, como desidratação, arritmias, taquipneia, hipertensão arterial sistêmica, cianose, hipotermia, fraqueza, tremores, ataxia, convulsões, coma e morte. Sobre o café e chá, além da pequena quantidade presente de teobromina comparado ao chocolate, além da cafeína que interfere no coração, pulmão, rim e SNC, como hiperatividade, êmese, dor abdominal, fraqueza, ataxia, aumento da frequência cardíaca, tremores, convulsões, coma e morte, os efeitos em dosagem estão 140-150 mg/kg e para teobromina 250-500 mg/kg, e para gatos, é descrito de 80-150 mg/kg para cafeína e 200 mg/kg para teobromina. Xilitol O xilitol é conhecido como adoçante. Usado na fabricação de pães, mas também encontrado em vegetais e frutas, como ameixas, morangos e framboesas (KITCHENS, 2005). Seu mecanismo de ação ocorre a partir da dose mínima tóxica de 3g/kg, no qual estimula as células B da ilhota pancreática a produção de insulina, a insulina estimula a enzima ATPase, que transfere íons de potássio intracelular, que induz a hipocalemia. Além disso, causa hipoglicemia (BEASLEY, 1999; KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009). O xilitol por ser metabolizado no fígado, que irá induzir a necrose dos hepatócitos, devido a hipoglicemia, que irá romper a membrana dos eritrócitos, promover a liberação de hemoglobina, podendo ser um entrado na urinálise hemoglobinúria, logo, ALT e AST aumentadas. Sinais clínicos são vistos através da icterícia, apatia, vômito, diarreia, hiperbilirrubinemia e hipofosfatemia Nozes-de-macadâmia Sua intoxicação ocorre pela semente que, quando ingerida, estimula alteração sistêmica na quantidade tóxica de 2,4 a 64,2g/kg (equivalente a 5 a 40 sementes), porém seu mecanismo é desconhecido. Os sinais clínicos são fraqueza, depressão, hipertermia, ataxia, paresia, dor, edema dos membros pélvicos, tremores, dor abdominal, claudicação, rigidez das articulações e cianose (HANSEN et al., 2000). Em exames, há aumento sérico da lipase ativa e triglicerídeos. Alho e cebola O alho (Allium spp) se apresenta menos nocivo que a cebola (A. sativum e suas subclasses), nele os agentes farmacológicos são a alicina e o ajoene, potentes relaxantes do músculo cardíaco, do músculo liso, agentes vasodilatadores e hipotensores (COPE, 2005). Pode-se notar anemia hemolítica, presença de corpúsculos de Heinz nos eritrócitos, trombocitopenia, neutrofilia, linfopenia e metahemoglobinemia. Já na toxina sulfureto de n-propil da cebola, trabalha reduzindo a atividade da glucose-6-fosfato desidrogenase em células do sangue, que interfere na regeneração da glutationa que evita a desnaturação oxidativa da hemoglobina, provocando a hemólise. (THRALL, 2003) . Os sinais clínicos são vômito, fraqueza, taquipneia, apatia, vômito, diarreia, dor abdominal, perda de apetite, desidratação, mucosas hipocoradas, icterícias, letargia, fraqueza.(THRALL, 2003). No caso das uva e passas há diversas hipóteses para o desenvolvimento do quadro, dentre algumas delas, a presença de metais pesados, sobrecarga de açúcar ou excesso de vitamina D (CAMPBELL, 2007). Os sinais clínicos iniciam dentro de 6 horas, acompanhando êmese, diarreia, anorexia, dor abdominal, fraqueza, desidratação, tremores e letargia. Após 72 horas, pode-se notar polidipsia associada a oligúria, evoluindo para anúria. Na urinálise há presença de proteinúria, glicosúria e hematúria. Em exames de sangue e bioquímico, é notada elevação de glicose, cálcio, fósforo, e enzimas do fígado e pâncreas. (CAMPBELL, 2007). Abacate Acredita-se que a toxina fungicida Persin presente no abacate, quando ingerida em grandes quantidades, possui correlação com as casuísticas de intoxicação (BUORO et al.,1994; KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009). Os sinais clínicos manifestam-se a partir de necrose do epitélio da glândula mamária e de miocárdio, vômito, diarreia, edema pulmonar, efusão pleural, dispneia, efusão pericárdica e pancreatite (BUORO et al.,1994). Álcool O álcool pode causar depressão do SNC (com o aumento dos canais GABA e o fluxo intravascular de íons de cloreto) do sistema respiratório e cardíaco, aumento da síntese e liberação de noradrenalina, no sistema opioide diminuindo a ligação das encefalinas, enquanto aumenta os níveis de beta-endorfinas (RICHARDSON, 2006). Os sinais clínicos são depressão, letargia, fraqueza, andar cambaleante e hipotermia. Em altas doses, promove ataxia, redução dos reflexos, acidose metabólica, alterações comportamentais, excitação ou depressão, diminuição da frequência respiratória e parada cardíaca. Sal A intoxicação por sal é pouco conhecida e descrita na rotina, seu mecanismo de ação é através do aumento da pressão osmótica, promovendo a hipervolemia e edema, as mucosas intestinais são irritadas na presença de cloreto de sódio, ocasionando úlceras e sangramentos. Na corrente sanguínea, a concentração superior de 155 mEq/L, (considera-se 2mg/kg a dose tóxica mínima e 4mg/kg a dose letal.) difunde-se passivamente para o líquido cefalorraquidiano, provocando inibição da glicólise anaeróbica, assim como a produção de energia para os neurônios, posterior ao edema cerebral. (RAMOS, Maria Estrela de Oliveira, 2019). Os sinais clínicos são edema, desidratação, poliúria, polidipsia, letargia, vômito, diarreia, aumento da pressão arterial, taquicardia, taquipneia, dispneia, hipertermia, mioclonia,ataxia, tremores, convulsões e até morte entre 24 a 48 horas. Objetivo O objetivo desta pesquisa, associado aos resultados de um questionário realizado via Forms para o público, procuramos obter dados do conhecimento dos tutores frente aos alimentos humanos que podem ter interferência na saúde de seu animal. Tanto o projeto quanto o material educativo elaborado, possui o propósito de orientar e informar o público a respeito dos alimentos que não se deve fornecer, pelo efeito deletério à saúde do animal, e como isto implica na qualidade de vida do paciente. Materiais e Métodos Para a revisão de literatura, foi pesquisado artigos sobre o tema no Google Acadêmico. Foi elaborado um questionário com seis perguntas de fácil compreensão para pesquisa de opinião, transmitido via Forms e publicado nas redes sociais, com o intuito de avaliar o nível de conhecimento dos entrevistados acerca da alimentação humano-animal. Este ficou disponível do dia 13 de Março de 2024 a 22 de Março de 2024 e foi alcançado por 135 pessoas, sendo tutores e não tutores. Resultados e Discussão Como resultado, obtivemos que 81% dos entrevistados possuíam animais domésticos, dentre as respostas deste público foi relatado 5 casos de exposição de sinais clínicos associados, 19 não responderam com clareza, e 5 foram casos esporádicos que ocorreram. De forma geral, todos os entrevistados tinham a compreensão de quais alimentos humanos são considerados tóxicos aos animais, entre eles chocolate (61,5%), cebola (18,5%), alho (7,7%) e uva (12,3%) (Figura 1). Posto isto, foi possível observar que mesmo pessoas que não possuem animais em casa possuem um conhecimento a respeito. Nos casos em que houve a confirmação de exposição foram relatados alimentos como alho (0,1%), cebola (0,1%), abacate (0,1%) e chocolate (0,2%). Figura 1. Gráfico da pesquisa realizada com tutores e não tutores sobre o conhecimento dos alimentos tóxicos aos pets e quais alimentos são mais conhecidos - Arquivo pessoal do grupo. Ao final, foi realizado um jogo interativo pela plataforma Kahoot, como método de conscientizar de forma didática e fácil, para que se conheça quais alimentos humanos são tóxicos aos cães e gatos (Figura 2). Figura 2. Qr code do jogo desenvolvido pelo grupo. Desta maneira, as matérias que tivemos este semestre, com destaque à patologia clínica, clínica médica, toxicologia e clínica contribuíram para o planejamento, entendimento e desenvolvimento deste Projeto Interdisciplinar. Conclusão Conclui-se que o conhecimento dos alimentos humanos ofertados a cães e gatos são de grande valia para garantir a saúde e bem estar deles. Visto que, ao contrário disto, ocorreram muitos animais com intoxicação. Portanto, a disseminação do conhecimento ao público se manifesta com relevância para diminuir a incidência de casos. Referências Bibliográficas 1. ALIMENTOS TÓXICOS PARA CÃES E GATOS. Colloquium Agrariae. ISSN: 1809-8215, [S. l.], v. 10, n. 1, p. 69–86, 2014. Disponível em: ALIMENTOS TÓXICOS PARA CÃES E GATOS | Colloquium Agrariae. ISSN: 1809-8215. Acesso em: 18 abr. 2024. 2. BEASLEY, V. Toxicants associated with stimulation or seizures. In:____. Veterinary toxicology. International Veterinary information service, 1999. 3. BUORO, I. B.; NYAMWANGE, S. B.; CHAI, D.; MUNYUA, S. M. Putative avocado toxicity in two dogs. Onderstepoort. Onderstepoort Journal of Veterinary Research, v. 61, n. 1, p. 107-109, 1994. 4. CAMPBELL, A. Grapes, raisins and sultanas, and other foods toxic to dogs. UK Vet, v. 12, n. 1, p. 1-3, 2007. 5. CONCEIÇÃO, Johon Lennon Dos Santos; ORTIZ, Mariana Aparecida Lopes. 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