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Intoxicação Exógena Apresentação As intoxicações exógenas são processos patológicos ao organismo causados por substâncias que, quando ingeridas, inaladas, ou em contato com a pele ou com os olhos, causam reações nocivas. As intoxicações podem apresentar diversos sintomas, desde locais até sistêmicos, inclusive colocando a vida do intoxicado em risco. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender a identificar os agentes causadores das intoxicações endógenas e as medidas de prevenção necessárias para evitar intoxicações, além de conhecer os primeiros socorros que devem ser dispensados às vítimas de intoxicação exógena. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o agente causador das intoxicações exógenas.• Aplicar medidas de prevenção de intoxicações.• Descrever o atendimento a pacientes com intoxicações exógenas.• Infográfico A intoxicação exógena pode ser definida como a consequência clínica ou bioquímica da exposição a substâncias químicas encontradas no ambiente ou isoladas. Confira a seguir alguns exemplos de intoxicações exógenas. Conteúdo do livro As intoxicações exógenas configuram um importante problema de saúde pública, que afeta principalmente as crianças menores de cinco anos. De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, os agentes que mais causam intoxicação com registro são os medicamentos, seguidos dos domissanitários, das drogas de abuso, dos produtos químicos industriais e agrotóxicos de uso agrícola. Na obra Primeiros socorros, leia o capítulo Intoxicação exógena, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Nele, você verá quais são os agentes que podem causar esse tipo de intoxicação, além de medidas de prevenção e primeiros socorros às vítimas. PRIMEIROS SOCORROS Márcio Haubert Intoxicação exógena Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o agente causador das intoxicações exógenas. � Aplicar medidas de prevenção de intoxicações. � Descrever o atendimento a pacientes com intoxicações exógenas. Introdução A intoxicação exógena (IE) é um processo patológico provocado por substâncias que causam desequilíbrio na homeostase do organismo, mediadas por reações bioquímicas. Esse processo tóxico se manifesta por meio de sinais e sintomas no indivíduo intoxicado. Os efeitos da substância tóxica no organismo podem surgir de imediato ou no decorrer do tempo. As IE configuram um importante problema de saúde pública que afeta principalmente as crianças menores de cinco anos. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, os agentes que mais causam intoxicação com registro são os medicamentos, seguidos dos domissanitários, as drogas de abuso, os produtos químicos industriais e os agrotóxicos de uso agrícola. Neste capítulo, você aprenderá a identificar os agentes causadores de IE e as medidas de prevenção necessárias para evitar intoxicações, além de conhecer os primeiros socorros que devem ser dispensados às vítimas de IE. Agentes causadores Diversas substâncias químicas e partículas sólidas originadas nas atividades comercial, agrícola, industrial e laboratorial possuem potencial tóxico para o ser humano. Intoxicações ou envenenamentos podem ocorrer por negligência ou ignorância no manuseio de substâncias tóxicas em diversos ambientes, como trabalho, escolas, parques e lares. A presença de substâncias tóxicas estranhas ao organismo pode levar a graves alterações de um ou mais sistemas fisiológicos. A IE é considerada um problema de saúde pública de importância global, já que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2012 foi estimado que 193.460 pessoas no mundo morreram em decorrência de intoxicações não intencionais. Quando se trata de suicídio, em torno de 1 milhão de pessoas morrem por ano mundialmente (SÃO PAULO, 2017). No Brasil, os dados referentes às intoxicações ainda não são conhecidos em sua totalidade, em razão da subnotificação dos casos. Mesmo assim, foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre 2010 e 2014, 376.506 casos suspeitos de intoxicação (SÃO PAULO, 2017). A notificação das IE é obrigatória desde a publicação da Portaria GM/ MS nº. 104, de 25 de janeiro de 2011, que incluiu a IE na lista de agravos de notificação compulsória. Posteriormente, a Portaria GM/MS nº 1271, de 6 de junho de 2014, manteve a IE na lista de doenças e agravos de notificação compulsória e definiu sua periodicidade de notificação como semanal. Mais recentemente, a Portaria GM/MS nº 204, de 17 de fevereiro de 2016 (anexo I) substituiu a última, sem modificações em relação às IE (SÃO PAULO, 2017). As IE causam alterações funcionais ou anatômicas, mais ou menos graves, causadas pela introdução de qualquer substância, em dose suficiente, no or- ganismo ou nele formada, por suas propriedades químicas. Essas alterações dependem da natureza da substância, da sua concentração e, principalmente, da sensibilidade do próprio indivíduo ou de seus órgãos. Com base nisso, as substâncias nocivas podem ser chamadas de veneno ou tóxico. É preciso que você saiba a diferenciação entre intoxicação, anafilaxia e alergia. Na intoxicação, as alterações resultam da ação direta do tóxico ou veneno sobre o organismo ou um de seus órgãos, o que pode se verificar em uma única dose. Já na anafilaxia e na alergia, as alterações resultam do choque antígeno versus anticorpo, necessitando, invariavelmente, de uma primeira dose, chamada de sensibilizante, e uma segunda dose, chamada desencadeante, ocorrendo sempre em um órgão específico para cada espécie animal, denominado órgão de choque. Intoxicação exógena2 Sinais e sintomas nas intoxicações exógenas Antes de tomar qualquer decisão, a primeira medida a ser adotada é verificar se realmente houve uma intoxicação. O fato de uma pessoa ter deglutido alguma substância não configura, necessariamente, uma intoxicação, pois algumas substâncias são inócuas e não requerem tratamento, ao passo que outras necessitam apenas da ingestão de um pouco de água ou leite para minimizar as possibilidades de uma irritação gástrica. Entretanto, você deve suspeitar de envenenamento ou intoxicação em qualquer pessoa que manifeste os sinais e sintomas descritos a seguir: � sinais evidentes na boca ou na pele de que a vítima tenha mastigado, engolido, aspirado ou estado em contato com substâncias tóxicas, ela- boradas pelo ser humano ou provindas de animais; � hálito com odor estranho (cheiro do agente causal no hálito); � modificação na coloração dos lábios e interior da boca, dependendo do agente causal; � dor, sensação de queimação na boca, garganta ou estomago; � salivação, náuseas e vômitos; � diarreia; � convulsões; � sonolência, confusão mental, torpor ou outras alterações de consciência; � estado de coma alternado com períodos de alucinações e delírio; � midríase ou miose; � sudorese; � distúrbios hemorrágicos manifestados por hematêmese, melena ou hematúria; � lesões cutâneas, queimaduras intensas com limites bem definidos ou bolhas; � depressão da função respiratória; � inconsciência; � evidências de estado de choque eminente; � oligúria ou anúria (diminuição ou ausência de volume urinário). Além desses sinais e sintomas, você deve atentar para sinais específicos, conforme o sistema corpóreo ou órgão intoxicado, descritos no Quadro 1. 3Intoxicações exógenas Alterações apresentadas Substâncias tóxicas Sistema nervoso Distúrbios mentais, agitação psicomotora, delírio e alucinações Anfetamina, atropina, anti-histamínicos, cocaína, maconha, rauwolfia, quinacrina, ergotamina, LSD-25, salicilatos, IMAO, imipramina, fenilbutazona, piramido, digital e efedrina, derivados de beladona, cocaína, álcool, maconha, chumbo, arsênico, ergot, anfetaminas, anti-histamínicos, cânfora, benzeno, barbitúricos einseticidas organoclorados. Sonolência, torpor e coma Barbitúricos, ganglioplégicos, anti-histamínicos, opiáceos, paraldeídos, salicilatos, fenotiazínicos, diazepínicos, anticonvulsivantes, cloroquina, glutetimida, lítio, nafazolina e antidepressivos tricíclicos. Coma Derivados da morfina e análogos, hipnóticos, sedativos, anestésicos gerais, barbitúricos, álcool, chumbo, monóxido de carbono, fenóis, dióxido de carbono, nicotina, benzina, atropina, escopolamina, inseticidas organofosforados e organoclorados, insulina e salicilatos. Ataxia Piperazina e reserpina. Convulsões Estricnina, isoniazida, aminofilina, imipramina, anfetamina, cocaína, metrazol, antidepressivos tricíclicos, anti-histamínicos e ergotamina. Cânfora, cocaína, beladona e derivados, inseticidas organoclorados e organofosforados, anfetamina e derivados do ergot, nicotina, chumbo, bário, cafeína, monóxido de carbono, cianetos, salicilatos, picada de aranha viúva-negra, picada de escorpião e isoniazida. Espasmos musculares Atropina, cádmio, estricnina, picada de escorpião e picada de aranha viúva-negra. Paralisias gerais ou parciais Monóxido de carbono, dióxido de carbono, botulismo, álcool, curare e derivados, inseticidas organoclorados, nicotina, bário, mercúrio, arsênio e chumbo. Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas (Continua) Intoxicação exógena4 Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas Alterações apresentadas Substâncias tóxicas Cefaleia Nitritos e hidralazina, monóxido de carbono, fenol, benzeno, nitratos, nitritos, hidrazina, trinitrotolueno, indometacina, anilina e chumbo. Manifestações extrapiramidais Butirofenoma, metaqualona e fenotiazínicos. Distúrbios do equilíbrio Estreptomicina, diidroestreptomicina, quinina e álcool. Globo ocular Ambliopia Atropina, fisostigmina, cocaína e quinino. Discromatopsia Santonina, digital, quinacrina, maconha, diuréticos e LSD-25. Miose Opiáceos, fisostigmina, fenotiazínicos, ergotamina, ópio, morfina e derivados, barbitúricos, inseticidas organofosforados, nicotina e cafeína. Midríase Atropina, cocaína, nicotina, epinefrina, efedrina, anfetamina, barbitúricos, maconha, beladona e derivados, meperidina, álcool, papaverina, éter, clorofórmio, simpaticomiméticos, parassimpaticomiméticos, anti-histamínicos, cocaína, cânfora, benzeno, bário, tálio, botulismo, monóxido de carbono, dióxido de carbono, anfetaminas e alucinógenos. Visão púrpuro-amarelada Maconha, digitálicos e monóxido de carbono. Visão turva Beladona e derivados, álcool metílico, álcool etílico, ergot, tetracloreto de carbono, inseticidas organofosforados e cânfora. Cegueira parcial ou total Álcool etílico e tálio. Aparelho respiratório Dispneia Salicilatos, estricnina, fisostignina, epinefrina e anfetamina. Cianetos, monóxido de carbono, benzeno e outros solventes orgânicos voláteis, veneno de cobra e dióxido de carbono. (Continua) (Continuação) 5Intoxicações exógenas Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas Alterações apresentadas Substâncias tóxicas Apneia Derivados da morfina e análogos, anestésicos gerais, hipnóticos e sedativos, álcool, veneno de cobra e monóxido de carbono. Depressão respiratória Barbitúricos, opiáceos, magnésio, anestésicos, bário e cloroquina. Respiração lenta Ópio, derivados da morfina e análogos, álcool e, picrotoxina. Respiração rápida e/ ou profunda Beladona e derivados, cocaína, anfetaminas e derivados, estricnina, dióxido de carbono, lobelina, salicilatos e cânfora. Cianose Acetanilida, fenacetina, nitritos, nitratos, subnitratos, sulfonas, cloratos, opiáceos e barbitúricos. Edema pulmonar Vapores de metais, antidepressivos tríclicos, barbitúricos, clordiazepóxido, heroína e inseticidas organofosforados. Sistema gastrointestinal Vômitos e/ou diarreias Quinidina, digital, salicilatos, ferro, bromatos, fenoftaleína, antibióticos, anticonvulsivantes, bário e catárticos. Náusea, vômito, diarreia, dor abdominal e desidratação Sais de metais pesados, ácidos e álcalis corrosivos, catárticos, digitálicos, morfina e análogos, inseticidas organoclorados e organofosforados, ergot, nicotina, álcool metílico, fenóis, pilocarpina, ácido bórico, cocaína, procaína, anestésicos locais, salicilato, fósforo, botulismo, cogumelos venenosos e picada de escorpião. Sialorreia Bismuto, mercúrio, prata, ouro, amônia, inseticidas organofosforados, salicilatos, pilocarpina, fisostigmina, nicotina, chumbo, botulismo e bários. Icterícia Inseticidas organoclorados, fenotiazina, clorpromazina, arsênico e outros metais pesados, sulfas, trinitrotolueno e anilina. (Continua) (Continuação) Intoxicação exógena6 Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas Alterações apresentadas Substâncias tóxicas Aparelho cardiovascular Hipotensão arterial Hipotensão arterial nitritos, nitratos, nitroglicerina, acônito, ferro, quinino, quenopódio, fenotiazínicos, barbitúricos, acetanilida, bário, digitálicos, procaína, clortiazida, reserpina, adrenalina, veratrum, ergot, nicotina, cortisona, anfetamina e chumbo. Hipertensão arterial Epinefrina, anfetamina, corticoides, ergotamina, bário, clortiazida e ácido etacrínico. Distúrbios do ritmo cardíaco Bário, digital, fisostigmina, pilocarpina, quinino, quinidina, anfetamina, atropina, nafazolina, cocaína, efedrina, imipramina, fenilefrina, ácido etacrínico, lítio, IMAO e potássio. Bradicardia Digitálicos, pilocarpina, quinina, quinidina, fenilefrina, fisostigmina e bário. Taquicardia Anfetaminas e derivados, adrenalina, atropina, simpaticomiméticos, cocaína, cafeína e álcalis. Palpitações Nitritos, nitratos, nitroglicerina e simpaticomiméticos. Dor anginosa Nicotina Pele e mucosas Hipertermia Atropina, cocaína, aspirina, ácido bórico, antiadrenergicos e procaína. Hipotermia Acônito, anestésicos, fenotiazínicos, irazolona, opiáceos, barbitúricos, nitritos e reserpina. Sudorese Analgésicos, eméticos, opiáceos, pilocarpina, tiroxina, antiadrenergicos e iodetos. Mucosas secas Atropina, escopolamina e efedrina. Sistema geniturinário Anúria Mercúrio, bismuto, fósforo, sulfonamidas, inseticidas organoclorados, tetracloreto de carbono, ácido oxálico e trinitrotolueno. Poliúria Chumbo. (Continua) (Continuação) 7Intoxicações exógenas Fonte: Adaptado de Brasil (2003, documento on-line). Quadro 1. Sintomas das intoxicações exógenas Alterações apresentadas Substâncias tóxicas Porfiria Barbitúricos, difenilidantoína, hexacloro- benzeno, meprobamato e griseofulvina. Urina escura Fenol, naftaleno, quinino, resorcina e timol. Urina alaranjada Santonina. Urina esverdeada Antraquinona, azul de metileno, ácido fênico, resorcinol e timol. Urina vermelha Antraquinona, fenoftaleína, pirazolona, santonina, dorbane, fenidione e mefenezina. Cólica uterina, metrorragia e aborto Fósforo, chumbo, pilocarpina, fisostigmina, nicotina, quinina, ergot e catárticos. (Continuação) Confira no Quadro 2 os antídotos de algumas substâncias intoxicantes. Agente Intoxicante Antídoto Paracetamol Acetilcisteína Inseticidas organofosforados e carbamatos, como o chumbinho Atropina Substâncias chamadas metemoglobinizantes, que impedem a oxigenação do sangue, como nitratos, gases de escapamentos, naftaleno e alguns medicamentos, como clorquina e lidocaína Azul de metileno Alguns metais pesados, como arsênico e ouro BAL ou dimercaprol Alguns metais pesados, como o chumbo EDTA-cálcico Remédios benzodiazepínicos, como diazepam ou clonazepam Flumazenil Quadro 2. Antídotos para agentes intoxicantes (Continua) Intoxicação exógena8 Medidas de prevenção Os produtos químicos são indispensáveis para o desenvolvimento das ativi- dades da humanidade, tanto para a prevenção e cura das doenças como para o aumento da produtividade agrícola. Entretanto, o uso inadequado e abusivo tem causado efeitos adversos à saúde humana e à integridade do meio ambiente, ocasionando acidentes individuais, coletivos e de grandes proporções. As maiores ocorrênciasde IE ocorrem com crianças em ambientes domici- liares, isso ocorre devido ao número crescente de novos produtos introduzidos no mercado, sempre com embalagens atrativas e que fazem o consumidor perder a referência da substância tóxica. Outra importante causa aponta para a indústria farmacêutica, que procura cada vez mais melhorar o aspecto e o sabor dos remédios para facilitar a adesão ao tratamento, mas que também acaba propiciando o maior número de intoxicações acidentais na infância. As intoxicações em crianças menores de um ano ocorrem por descuido dos pais ou responsáveis na administração de medicamentos, pois, nessa idade, a criança não tem desenvoltura para andar, pegar o vidro de remédio, abrir a tampa e tomar o medicamento. Já as intoxicações em crianças maiores de um ano ocorrem por meio de produtos domiciliares, pois elas estão se locomovendo pela casa e abrindo armários. Produtos como álcool, querosene, detergentes e desinfetantes são guardados, quase sempre, de maneira incorreta, como em recipientes mal fechados ou em embalagens indevidas (garrafas de refrigerante, por exemplo). Medidas preventivas devem sempre existir a fim de evitar os acidentes, pois a prevenção é sempre o melhor tratamento contra qualquer acidente. Veja as principais medidas preventivas a serem seguidas: Fonte: Aires (c2018, documento on-line). Quadro 2. Antídotos para agentes intoxicantes Agente Intoxicante Antídoto Analgésicos opiáceos, como morfina ou codeína Naloxona Pesticidas ou medicamentos anticoagulantes, como a varfarina Vitamina K (Continuação) 9Intoxicações exógenas � guarde todas as drogas tóxicas e substâncias químicas fora do alcance das crianças; � guarde todas as substâncias em seus recipientes originais; � não ofereça medicamentos de sabor agradável como se fossem guloseimas; � atente e observe bem o remédio e seu rótulo antes de usá-lo; � elimine medicamentos fora de uso; � leia as instruções de qualquer produto químico antes de usar; � guarde inseticidas em armários com chaves; � não acondicione soluções de limpeza em lugares baixos; � elimine plantas tóxicas dos jardins ou vasos; � use equipamentos de proteção ao manipular substâncias tóxicas; � não consuma alimentos com prazo de validade vencido ou embalagens em mau estado de conservação; � leia atentamente as instruções antes da utilizar de qualquer produto químico; � nunca tome ou dê a alguém um medicamento sem antes procurar a orientação do médico; � jamais use um medicamento apenas pelas informações contidas na bula, ou aceite substituições sem a prévia autorização do seu médico; � procure verificar as condições do medicamento, principalmente data de validade e condições de embalagem; � use exatamente a medida prescrita e no horário indicado; � guarde todo medicamento trancado a chave em gaveta, armário, ou lugares fora do alcance das crianças; � não armazene inseticidas próximo aos alimentos; � não reaproveite vasilhames, como garrafas de cerveja e refrigerantes para colocar material químico de limpeza ou inseticidas; � procure conhecer as plantas que tem em casa e nunca as deixe em local de fácil acesso a crianças e animais; � não aplique raticida ou outros pesticidas em locais acessíveis às crianças; � não conserve na residência plantas tóxicas; � lave bem as mãos sempre que manipular algum produto químico; � realize pinturas e artesanatos em locais ventilados; � não misture produtos químicos ou de limpeza; a mistura pode ser ainda mais tóxica do que o produto original. Intoxicação exógena10 Dicas de prevenção � Prevenção é o melhor socorro em casos de intoxicações. � Conheça os tipos de substâncias tóxicas maquiladas no seu ambiente de trabalho, bem como seus antídotos. � Evite deixar medicamentos, material de limpeza, produtos de higiene e cosméticos perto do alcance de crianças. � Use apenas medicamentos indicados por um médico e confirme a prescrição. � Para qualquer dúvida procure o Centro de Informação Toxicológica (CIT) do seu estado. Primeiros socorros Em suspeita de envenenamentos e intoxicações, é importante investigar a área onde o acidentado foi encontrado, na tentativa de identificar, com a maior precisão possível, o agente causador do envenenamento, ou encontrar pistas que ajudem nessa identificação. Muitos indícios são úteis nessa dedução, como frascos de remédios, produtos químicos, materiais de limpeza, bebidas, seringas de injeção, latas de alimentos, caixas e outros recipientes. Muitas pessoas supõem que exista um antídoto para a maioria ou a totalidade dos agentes tóxicos, mas, infelizmente, isso não é verdade. Existem apenas alguns produtos específicos para certos casos e que necessitam de orientação médica para serem usados. Portanto, o bom atendimento de primeiros socorros deve ser feito pelo uso, aplicação e práticas dos cuidados gerais. Os primeiros socorros destinados às vítimas devem considerar qual o tipo substância tóxica e, principalmente, qual órgão está afetando. Os procedimentos gerais são: � isolar a área; � identificar o tipo de agente que está presente no local onde foi encon- trado o acidentado; � utilizar equipamentos de proteção próprios para cada situação, a fim de proteger a si mesmo; � remover o acidentado o mais rapidamente possível para um local bem ventilado; � solicitar atendimento especializado; 11Intoxicações exógenas � verificar os sinais vitais com agilidade; � aplicar técnicas de ressuscitação cardiorrespiratória, se necessário; � fazer respiração boca-a-boca somente utilizando máscara adequada; � manter o acidentado imóvel, aquecido e sob observação. Estes procedimentos só devem ser aplicados se houver absoluta certeza de que a área e o acidentado, estejam inteiramente seguros. É importante deixar esclarecido o fato de que a presença de fumaça, gases ou vapores, ainda que pouco tóxicos, em ambientes fechados, podem ter consequências fatais, porque esses agentes se expandem muito rápido e tomam o espaço do oxigênio presente, provocando asfixia. Contato com a pele Em casos de substância em contato direto com a pele, lave o local com água corrente, pura e abundantemente. A lavagem da pele e mucosa afetada com água corrente, tem demonstrado ser a mais valiosa prevenção contra lesões. Outras medidas são: � retirar roupas e calçados do acidentado caso estiverem contaminados; � dar atenção redobrada ao caso, se o contato de substâncias químicas for com os olhos, pois os agentes, além de serem absorvidos rapidamente pela mucosa, podem produzir irritação intensa e causar a perda da visão; � lavar os olhos abundantemente com água corrente, durante pelo menos 15 minutos. Ingestão de substâncias Muitas intoxicações ocorrem pela ingestão de agentes tóxicos, líquidos ou sólidos. O grau de intoxicação varia com a toxicidade da substância e com a dose ingerida. Os cuidados prestados a vítimas de ingestão de substâncias devem incluir: � identifique o agente para informar ao médico ou procurar ver nos rótulos ou bulas se existe alguma indicação de antídotos; � observe atentamente o acidentado, pois os efeitos podem não ser imediatos; Intoxicação exógena12 � procure transportar o acidentado imediatamente a um pronto-socorro, para diminuir a possibilidade de absorção do veneno pelo organismo, mantendo-o aquecido; � provoque o vômito em casos de intoxicações por alimentos, medicamen- tos, álcool, inseticida, xampu, naftalina, mercúrio, plantas venenosas (exceto diefembácias — comigo-ninguém-pode) e outras substâncias que não sejam corrosivas nem derivados de petróleo; � não provoque vômito em vítimas inconscientes e nem de intoxicação pelos seguintes agentes: substância corrosiva forte, veneno que provoque queimadura dos lábios, boca e faringe, soda cáustica, alvejantes, tira- -ferrugem, água com cal, amônia, desodorante, derivados de petróleo como querosene, gasolina, fluido de isqueiro, benzina e lustra-móveis. Confira no linka seguir um artigo sobre intoxicação acidental na população infanto- -juvenil em ambiente domiciliar e o perfil dos atendimentos de emergência. https://goo.gl/A4hoxD AIRES, E. Conheça os tipos de intoxicação e como identificar. c2018. Disponível em: <https://www.tuasaude.com/sintomas-de-intoxicacao/>. Acesso em: 01 jul. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/ manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal da Saúde. Coordenadoria de Vigilância em Saúde. Divisão de Vigilância Epidemiológica. Núcleo de Prevenção e Controle das Intoxicações. Manual de toxicologia clínica: orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas. São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde, 2017. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/MANUAL%20DE%20TOXICOLOGIA%20 CL%C3%8DNICA%20-%20COVISA%202017.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2018. 13Intoxicações exógenas Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 104, de 25 de janeiro de 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html>. Acesso em: 01 jul. 2018.. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 204, de 17 de fevereiro de 2016. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0204_17_02_2016.html>. Acesso em: 01 jul. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 1.271, de 6 de junho de 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt1271_06_06_2014.html>. Acesso em: 01 jul. 2018. WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Programme on Chemical Safety. Poisoning prevention and management. c2018. Disponível em: <http://www.who.int/ ipcs/poisons/en/>. Acesso em: 01 jul. 2018. Intoxicação exógena14 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: Dica do professor Os medicamentos são os principais agentes tóxicos que causam intoxicação em seres humanos no Brasil, ocupando o primeiro lugar nas estatísticas desde 1994. Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre as intoxicações medicamentosas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/60ab1cde7659eda4601cbbfea5a421f3 Exercícios 1) A intoxicação exógena pode ser provocada por ingestão ou inalação de substâncias prejudiciais ao organismo, administração excessiva de medicamentos ou drogas ou, ainda, absorção de substâncias pelo tecido epitelial. Um paciente com intoxicação exógena pode apresentar diversos sinais e sintomas, entre eles a diminuição do diâmetro pupilar, que chamamos de ___________________, o aumento do diâmetro pupilar, que chamamos de ____________________, a diminuição da frequência cardíaca, chamada de ____________________, ou o aumento da frequência respiratória, chamada de _____________________. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do texto acima. A) anisocoria - miose - bradiarritmia - dispneia. B) midríase - anisocoria - taquicardia - bradipneia. C) miose - midríase - bradicardia - taquipneia. D) midríase - miose - bradipnéia - taquicardia. E) midríase - miose - taquicardia - dispneia. 2) Intoxicações exógenas são um grave problema de saúde pública em todos os países do mundo e sua incidência vem aumentando, pois se tem mais quantidades e variedades de produtos químicos lançados no mercado. Sobre os primeiros socorros com pessoas vítimas de intoxicações exógenas, marque a afirmativa correta: A) Lave os olhos abundantemente com água corrente, durante pelo menos cinco minutos. B) Retirar roupas e calçados do acidentado caso esses estejam contaminados. C) É importante deixar esclarecido o fato de que a presença de fumaça, gases ou vapores, ainda que pouco tóxicos, em ambientes fechados, não proporcionam consequências fatais. D) Se houver parada cardiorrespiratória, inicie imediatamante o socorro com respiração boca a boca. E) Identificar o tipo de agente que está presente no local onde foi encontrado o acidentado é um atendimento secundário, sem importância imediata. 3) Se uma pessoa se intoxicar com derivados da morfina e análogos, hipnóticos, sedativos, anestésicos gerais, barbitúricos, álcool, chumbo, monóxido de carbono, fenóis, dióxido de carbono, qual alteração clínica poderá apresentar? A) Coma. B) Espasmos musculares. C) Cegueira parcial ou total. D) Cianose. E) Dor anginosa. 4) Muitas intoxicações ocorrem pela ingestão de agentes tóxicos, líquidos ou sólidos. O grau de intoxicação varia conforme a toxicidade da substância e a dose ingerida. Sobre provocar o vômito como cuidado ao intoxicado, marque a alternativa correta: A) O vômito deve ser sempre provocado a fim de expulsar o intoxicante do organismo. B) Somente se pode provocar o vômito em casos de intoxicações por alimentos. C) Em nenhum momento e em nenhum caso é correto provocar vômitos. D) É seguro provocar vômito em vítimas inconscientes. E) Pode-se provocar o vômito em casos de intoxicações por alimentos, medicamentos, álcool, inseticida, xampu, naftalina, mercúrio e algumas plantas venenosas. 5) As maiores ocorrências de intoxicações exógenas ocorrem em crianças em ambientes domiciliares. Isso se dá devido ao número crescente de novos produtos introduzidos no mercado, sempre com embalagens atrativas, fazendo com que o consumidor perca a referência da substância tóxica. Medidas preventivas devem sempre existir a fim de evitar acidentes, pois a prevenção é sempre o melhor tratamento contra qualquer acidente. Marque a alternativa que apresenta medidas preventivas corretas: A) Guarde todas as substâncias em recipientes reutilzados. B) Ofereça medicamentos de sabor agradável para crianças como se fossem guloseimas. C) Armazene medicamentos fora de uso, para possível uso futuro. D) Guarde todas as drogas tóxicas e substâncias químicas fora do alcance das crianças. E) Acondicione soluções de limpeza em lugares baixos. Na prática Diversas substâncias podem causar intoxicação. As intoxicações podem ser acidentais ou autoprovocadas, como tentativa de suicídio. Veja a seguir um caso clínico que elucida uma intoxicação por carbamatos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/a10bdb79-21a5-460f-8f6c-2a41ef67719c/b881bd5c-f3e6-46b7-a4b9-1b13c9dd92d7.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Manual de toxicologia clínica Veja neste manual as orientações para assistência e vigilância das intoxicações agudas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Intoxicações exógenas Confira no link a seguir um vídeo sobre intoxicações exógenas e veja o que fazer em diferentes situações envolvendo esse tipo de intoxicação. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/MANUAL%20DE%20TOXICOLOGIA%20CL%C3%8DNICA%20-%20COVISA%202017.pdf https://www.youtube.com/embed/wIUh2Z--sVM