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teoria do crime 1 teoria do crime conceito de crime toda ação ou omissão consciente e voluntária que estando previamente definida em lei, cria um risco judicialmente proibido e relevante conceito material concepção da sociedade sobre o que pode e deve ser proibido conceito formal crime é a conduta proibida em lei devidamente formalizada conceito analítico tem como objetivo a identificação dos requisitos ou elementos que constituem o crime as teorias mais investigadas no brasil são a: a) teoria bipartida: sustenta ser o crime fato típico e antijurídico (ilícito) b) teoria tripartida: sustenta ser o crime fato típico, antijurídico (ilícito) e culpável todo crime em primeiro lugar é um fato típico (previsto em algum tipo penal) CF, art. 5°, XXXIX — não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal sistema finalista Hans Welzel 1930 comportamento humano, consciente e voluntário, movido a uma finalidade marco inicial: publicação do livro: Causalidade e omissão todo comportamento humano é movido por uma finalidade conduta e finalidade são inseparáveis estrutura do crime teoria do crime 2 fato típico, antijurídico e culpável (teoria tripartida) o fato típico é integrado de: a) conduta (dolosa ou culposa) b) tipicidade c) resultado naturalístico e nexo de causalidade (nos crimes materiais e de resultado) tipicidade adequação do fato ao tipo fato real perfeitamente adequado ao tipo excludentes de tipicidade 1. legais: expressamente previstas em lei, ou seja, a lei menciona exemplos: retratação do crime de falso testemunho art. 342, §2°, CP — fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade 2. supralegais: implicitamente previstas em lei, afastam a tipicidade mas não está expressa na lei ocorre nos casos de adequação social (considera penalmente irrelevante uma conduta aceita e aprovada socialmente. exemplo: colocar brinco, é aceito mas poderia ser considerado lesão a integridade física) e insignificância (lesões irrelevantes ao bem jurídico tutelado. exemplo: crime de bagatela) fato típico é a conduta ligada ao resultado pelo nexo causal, amoldando-se ao modelo legal incriminador, ou seja, é quando o fato da vida real adequa-se ao que está descrito na lei conduta+nexo causal+resultado= ao que está descrito na lei tipo teoria do crime 3 modelo legal de conduta (o que ta descrito na lei) pode ser: incriminador: prevê conduta proibida permissivo: prevê conduta autorizada devido: prevê conduta obrigatória estrutura 1. núcleo: verbo 2. referências a certas qualidades exemplo: funcionário público, mãe… 3. referências ao sujeito passivo exemplo: recém nascido, alguém… 4. objeto material exemplo: coisa alheia móvel, documento 5. referências ao lugar, tempo, ocasião, modo de execução, meios empregados e as vezes, o fim esperado pelo agente 6. preceito primário: descrição da conduta proibida exemplo: matar alguém 7. preceito secundário: parte sancionadora exemplo: reclusão, de 6 a 20 anos espécies do tipo 1. permissivos ou justificadores: não descrevem fatos criminosos Art. 23, CP — Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. teoria do crime 4 Art. 25, CP — Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 2. incriminadores: descrevem condutas proibidas tipicidade é o instrumento de adequação, enquanto o fato típico é a conclusão desse processo. conduta na visão finalista: conduta é a ação ou omissão, voluntária e consciente, dolosa ou culposa, voltado a uma finalidade apenas humanos podem realizar conduta elementos necessários 1. vontade 2. finalidade 3. exteriorização (se ficar na mente, inexiste) 4. consciência formas de conduta 1. ação: comportamento positivo — de fazer 2. omissão: comportamento negativo — não fazer omissão teorias: 1. teoria normativa: a omissão é um nada e do nada, nada surge como a omissão é um nada – não causa coisa alguma, quem se omite – nada causa – o omitente não deve responder pelo resultado, porque não o causou; PORÉM, existem hipóteses nas quais ele seria penalmente responsabilizado ele será penalmente criminalizado quando existir o ‘’dever jurídico de agir’’ teoria do crime 5 omissão penalmente relevante: só é relevante se o agente tinha o dever de agir exemplo: se qualquer um de nós presenciar uma briga, não somos obrigados a impedi-la, mesmo se pudermos, pois não temos o dever jurídico. PORÉM, se alguém que está acompanhando essa agressão, agindo de propósito, era o guarda- costas da vítima contratado para protege-la, ele responderia como partícipe da lesão. o artigo 13 estabelece o que é o dever de agir Art. 13, CP — O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. o código penal prevê 3 hipóteses do dever de agir a. quando houver dever legal: explicado antes b. quando o omitente assumiu a obrigação de agir assume promessa exemplo: fulano levou alguém pra nadar e disse que caso ele se afogasse, ajudaria teoria do crime 6 c. quando o omitente com seu comportamento anterior criou o risco: alguém joga o outro na piscina e a vítima não sabia nadar, esse fica obrigado a impedir o resultado 2. teoria naturalística: omissão é um fenômeno causal (como uma verdadeira ação), ou seja, quem omite, faz alguma coisa aquele que se omite também dá causa ao resultado e por isso também deve responder por ele crimes omissivos próprios a conduta envolve um não fazer típico que pode ou não dar causa a um resultado naturalístico está previsto em tipos penais específicos (arts. 135, 244, 269 e etc.) exemplo: deixar de dar assistência, sem risco pessoal, a criança abandonada ou extraviada, ou seja, omissão de socorro, o não fazer está previsto no tipo penal. art. 135, CP — deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. art. 244, CP — deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo art. 269, CP — deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: teoria do crime 7 crimes omissivos impróprios envolve um não fazer que implica na falta do dever legal de agir, contribuindo para causar o resultado Art. 13, CP — O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado;os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. excludentes de conduta 1. caso fortuito: imprevisível exemplo: incêndio provocado pelo cigarro derrubado do cinzeiro por um golpe de ar inesperado 2. força maior: evento externo ao agente exemplo: coação física ambos excluem dolo e culpa, logo, a conduta, logo, não há crime, não há fato típico dolo teoria do crime 8 art. 18, I do CP — diz-se o crime doloso quando o sujeito quer ou assume o risco de produzir o resultado culpa art. 18, II do CP — quando o sujeito dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia conduta penalmente irrelevante falta de consciência resultado modificação no mundo exterior que é provocado pela conduta lesão ao bem ou interesse protegido pela norma 💡 evento: é qualquer acontecimento 💡 resultado: consequência da conduta teorias 1. naturalístico: o evento está situado no mundo físico e existe alguma modificação no mundo natural exemplo: a morte de alguém, perda patrimonial no furto, conjunção carnal no estupro, a ofensa à integridade nas lesões corporais, etc. nem todo crime possui resultado naturalístico, pois há infrações penais que não produzem qualquer alteração no mundo natural classificação das infrações penais: a. crime material: a consumação somente acontece com a produção de um resultado naturalístico exemplo: homicidio teoria do crime 9 b. crime formal ou de consumação antecipada: o resultado naturalístico é até possível, mas é irrelevante, o crime se consuma com a ação do agente c. crime de mera conduta: é aquele que não precisa e não possui o resultado naturalístico no tipo penal, o crime se consuma apenas com o trazer consigo pelo agente exemplo: porte ilegal de arma 2. jurídico ou normativo: modificação gerado do mundo jurídico, seja por dano efetivo ou dano potencial resultado é toda lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente relevante. todo o crime tem resultado jurídico porque agride um bem penalmente protegido nexo causal teoria da equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non): causa é toda ação ou omissão anterior, que de alguma forma ainda que minimamente, contribui para o resultado vínculo estabelecido entre a conduta do agente e o resultado por ele gerado, com relevância suficiente para formar o fato típico é a causa do acontecimento e se abstrair-se essa causa do fato real e ainda assim o resultado se produzisse, essa não seria a causa dele. só existe se existir resultado naturalístico exemplo: o fornecimento do revólver utilizado pelo agente para desfechar os tiros que levaram a morte da vítima é a causa do crime, se a arma não tivesse sido fornecida, a arma do crime desapareceria e consequentemente os tiros. - obviamente não existirá punição ao vendedor, uma vez que para ele falta o elemento dolo. 1. crime omissivos próprios: não há, não existe resultado naturalístico 2. crimes de mera conduta: não há, não existe resultado naturalístico 3. crimes formais: o nexo causal não importa, o resultado naturalístico é irrelevante para a consumação do crime 4. crimes materiais: existe, pois tem resultado naturalístico teoria do crime 10 5. crimes omissivos impróprios: não há nexo causal pq a omissão é um nada e uma nada, nada causa causa causa dependente há uma relação de interdependência entre os fenômenos, de modo que sem o anterior não haveria o posterior, e assim por diante. exemplo: X atira em direção à vítima Y, são desdobramentos normais de causa e efeito: a perfuração em órgão vital produzido pelo impacto do projétil contra o corpo humano; a lesão cavitária (em órgão vital); hemorragia interna ajuda traumática; a parada cardiorrespiratória; a morte. causas independentes: surgem e por si só são aptas a produzir resultado exemplo: um raio atinge a vítima e a mata pouco antes de ela ser alvejada de tiros pelo agente, isso foi suficiente para cortar o nexo causal (chamada de causalidade antecipadora) a) causas relativamente independentes: surgem de alguma forma ligadas às causas do agente exemplo: a vítima foi ao hospital por causa de um tiro, enquanto está internada, acaba morrendo por causa de um incêncio no hospital, o fogo foi a causa relativamente independente pq se ela não tivesse levado um tiro, não estaria no hospital, logo, não morreria no incêndio 1. preexistente: atuam atos da conduta exemplo: X desfere tiro em Y, Y é hemofílico, ao sofrer a lesão padece de sangramento incontrolável 2. concomitante: causa que por si só produziu o resultado, mas se originou na conduta e atua ao mesmo tempo. mantem o nexo causal, o agente responde pelo resultado exemplo: X desfere tiro em Y, Y sofre o impacto da bala, perde o equilíbrio e cai num penhasco sofrendo outras várias lesões 3. superveniente: ocorre após a conduta teoria do crime 11 exemplo: X desfere tiro em Y, em cirurgia no hospital, Y não resiste aos efeitos da anestesia e morre de choque anafilático b) causa absolutamente independente: causas concomitantes que se unem para gerar o resultado rompem totalmente o nexo causal 1. preexistentes: existe antes da conduta ser realizada, com ou sem a ação o resultado acontecerá (ex. morte) exemplo: genro atira na sogra que antes tinha tomado veneno, iria morrer de qualquer jeito 2. concomitante: não tem relação com a conduta, produz resultado independente, ou seja, por coincidência exemplo: dou um tiro na vítima no exato momento que está sofrendo um ataque cardíaco; morre devido ao ataque cardíaco 3. superveniente: atua após a conduta, é um fato posterior que não tem nada a ver com o anterior exemplo: dou o veneno, antes dele produzir efeitos é assassinado quando chega em casa; teoria teoria da equivalência das condições: adotada pelo CP qualquer das condições condições que comppõem a totalidade dos antecedentes é a causa do resultado, pois sua inocorrência impediria a produção do evento ‘’causa da causa também é causa do que foi causado’’ teoria bipartida crime = fato jurídico + antijurídico ————— culpabilidade (não integra o crime; é apenas pressuposto de aplicação de pena) fato típico ação ou omissão humana (dolo ou culpa): conduta teoria do crime 12 resultado nexo causal = tipicidade antijurídico (ilícito) legitima defesa estado de necessidade estrito cumprimento de dever legal exercício regular do direito consentimento do dever legal culpabilidade imputabilidade potencial consciência da ilicitude exigibilidade de conduta adversa sujeito do crime sujeito ativo quem pratica a conduta descrita pelo tipo penal (quem comete o crime) animais e coisas não podem ser considerados sujeitos ativos de crimes, nem autores de ações, pois não possuem o elemento vontade indiciado: inquérito policial denunciado réu/acusado → processo condenado/apenado → após sentença condenatória transitada em julgado sujeito passivo titular do bem jurídico tutelado que foi violado (’’vítima’’) a) sujeito passivo formal (ou constante): titular do interesse de punir e é sempre o Estado teoria do crime 13 b) sujeito passivo material (ou eventual): titular do bem jurídico diretamente lesado pela conduta do agende a mesma pessoa pode ser o sujeito passivo formal e material pessoa morta: não é titular de direitos, portanto, não é sujeito passivo → seus familiares podem pessoa jurídica como sujeito ativo do crime a CF, em seus artigos 225, §3º e 173,§5º previu a responsabilização da pessoa jurídica em todas as esferas do direito por atos cometidos contra a ordem econômica efinanceira e contra o meio ambiente. há crimes que só podem ser cometidos por pessoas físicas: latrocínio, homicídio, estupro, etc. existem outros crimes que são cometidos quase sempre por meio de um ente coletivo, o qual deste modo, acaba atuando como um escudo protetor da impunidade. são as fraudes e agressões cometidas contra o sistema financeiro e o meio ambiente. art. 225, §3°, CF — as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. art. 173, § 5º, CF — a lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. objeto do delito bem jurídico que sofre as consequências da conduta criminosa a) objeto material: é o bem, de natureza corpórea ou incorpórea sobre o qual recai a conduta criminosa teoria do crime 14 exemplo: carro b) objeto jurídico: é o interesse protegido pela norma penal exemplo: patrimônio, vida, integridade física, honra todo crime possui objeto jurídico, mas nem todo crime possui objeto material exemplo: crime contra a honra (imaterial) quando há objeto material, exige-se exame de corpo de delito portanto, em um caso de furto de veículo o sujeito ativo é: a pessoa que subtraiu o carro o sujeito passivo é: o proprietário do automóvel o sujeito passivo formal é: o Estado o objeto material é: o veículo o objeto jurídico é: o patrimônio classificação dos crimes é o nome dado ao fato delituoso pela doutrina e pela lei, em respeito aos vários delitos existentes, pela multiplicidade de elementos essenciais, da estrutura e de seu conteúdo. quanto a qualidade do sujeito 1. crime comum (crime geral): pode ser cometido por qualquer pessoa. a lei não exige requisito especial. exemplo: homicídio, furto, etc. 2. crime próprio (crime especial): só pode ser cometido por determinada pessoa ou categoria de pessoas. admite a autoria mediata, a participação e a coautoria. exemplo: crimes contra a administração pública, a mulher no autoaborto, mãe no infanticídio 3. crime bipróprio: a lei exige qualidade especial para o sujeito ativo e para o passivo teoria do crime 15 exemplo: crime de infanticídio, o sujeito ativo é a parturiente o passivo, o neonato 4. crime de mão própria (crime de atuação pessoal ou conduta infungível): só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa (pessoalmente) somente admite o concurso de agentes na modalidade de participação, uma vez q não é possível delegas a outrem a execução do crime exemplo: falso testemunho 5. crimes próprios: são em contraposição ao de mão própria e esses exigem qualidade especial do sujeito ativo, contudo, admitem autoria quanto a relação entre a conduta e o resultado naturalísto 1. crime material: a consumação somente acontece com a produção de um resultado naturalístico exemplo: homicidio 2. crime formal: o resultado naturalístico é até possível, mas é irrelevante, o crime se consuma com a ação do agente. o tipo não exige a produção do resultado, mas é possível exemplo: ameaça 3. crime de mera conduta (crime simples atividade): é aquele que não precisa e não possui o resultado naturalístico no tipo penal, o resultado é irrelevante e impossível exemplo: desobediência, violação de domicílio quanto ao grau de intensidade 1. crime de dano (crime de lesão): exige uma efetiva lesão ao bem jurídico para sua consumação exemplos: homicídio, furto, dano, etc) 2. crimes de perigo: para a consumação basta a possibilidade do dano, ou seja, a exposição do bem ao perigo de dano exemplos: art. 130, CP — Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que teoria do crime 16 sabe ou deve saber que está contaminado art. 132 do CP — Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente art. 131 do CP — Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio os crimes de perigo se subdividem em a. crimes de perigo concreto ou real: quando a realização exige a existência de uma situação efetiva de perigo exemplos: arts. 130, 131, 132 do CP (acima) b. crimes de perigo abstrato ou presumido: a situação é presumida no caso de associação criminosa, o agente não precisa chegar a cometer o crime para ser punido c. crime de perigo individual: atinge um pessoa ou um número determinado de pessoas d. crime de perigo comum ou coletivo: só se consuma se o perigo atingir um número indeterminado de pessoas exemplo: incêndio, explosão e. crime de perigo atual: é o que está acontecendo f. crime de perigo futuro ou mediato: é que pode advir da conduta exemplo: porte de arma de fogo, associação criminosa quanto ao modo de execução 1. crime de forma livre (crime de ação): praticado por qualquer meio de execução pode ser cometido por qualquer comportamento a lei não prevê um modo específico exemplo: homicídio teoria do crime 17 2. crime de forma vinculada: o tipo penal descreve a maneira pela qual o crime é cometido crime que só pode ser realizado de uma das maneiras previstas no tipo penal exemplo: curanderismo crime de forma vinculada se subdivide em a. forma vinculado acumulativa: o tipo penal exige que o agente pratique, necessariamente, mais de um verbo para fins de consumação do delito exemplo: crime de apropriação de coisa achada- art. 169, parágrafo único, II do Código Penal, no qual o sujeito apropria-se de coisa achada – primeira conduta “apropriar-se” – e depois se omite ao deixar de restituir o bem ao dono, ao legítimo possuidor ou à autoridade – segunda conduta “deixar de restituir”. b. forma vinculada alternativa: o tipo penal prevê vários verbos núcleos do tipo, ações e omissões, sendo que a consumação se dá com a prática de qualquer uma delas, como no art. 149 do Código Penal reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto com relação a forma como o crime é praticado 1. crime comissivo: praticado mediante ação exemplo: homicídio, furto, roubo… 2. crime omissivo: omissão a. omissivo próprio b. omissivo impróprio 3. crime de conduta mista: é aquele cujo tipo penal é composto de duas fases distintas: uma inicial positiva e outra final omissiva. exemplo: apropriação de coisa achada e omissão em devolvê-la teoria do crime 18 quanto ao número de atos executórios que integram a conduta 1. crime unissubsistente: é o que se perfaz com um único ato exemplo: injúria verbal 2. plurisssubsistente: é aquele que exige mais de um ato para a sua realização somente os crimes plurissubsistentes admitem a forma tentada exemplo: homicídio pq pode cindir sua conduta em momentos distintos, por exemplo: sacar uma arma, efetuar um disparo, aproximar- se ainda mais uma vítima, efetuar outro disparo, etc.; até consumar o seu intento letal). quanto ao momento em que se consuma o crime 1. instantâneo: um dado instante, sem continuidade no tempo exemplos: homicídio, furto, roubo 2. permanente: se prolonga no tempo e o bem jurídico é continuamente agredido se entrar em vigor uma lei mais grave durante o sequestro, por exemplo, ela se aplicará ao fato exemplos: sequestro, cárcere privado se subdivide em: a. necessariamente permanente: exigindo para a sua consumação a manutenção da ação contrária a lei por tempo relevante, por exemplo, no sequestro b. eventualmente permanentes:os crimes são instantâneos, mas a ofensa ao bem jurídico tutelado se prolonga no tempo, como o furto de energia elétrica ou usurpação de função pública 3. crime instantâneo de efeitos permanentes: consuma-se em um dado instante, mas seus efeitos se perpetuam no tempo (homicídio). 4. crime a prazo: a consumação depende de um determinado lapso de tempo (ex. mais de 30 dias) teoria do crime 19 quanto ao número de bens jurídicos atingidos 1. crime mono-ofensivo: atinge apenas um bem jurídico, como o homicídio, tutela-se apenas a vida 2. pluriofensivo: atinge mais de um bem, exemplo: latrocínio, lesa a vida e o patrimônio quanto ao número de agentes envolvidos 1. concurso necessário: pluralidade de sujeitos ativos, exemplo: associação criminosa subdivide-se em: a. crimes de condutas convergentes: o tipo penal exige 2 agentes com condutas que tendem a se encontrar após o início da execução já q partem de pontos opostos, exemplo: bigamia b. crimes de condutas contrapostas: o tipo exige a existência de 3 ou mais agentes e as condutas desenvolvem-se umas contra as outras, exemplo: crime de rixa c. crime de condutas paralelas: há colaboração na ação dos sujeitos, exemplo: crime de quadrilha ou bando d. crime de concurso eventual: cometido por 1 ou mais agentes e. crime eventualmente coletivo: tem caráter unilateral e a diversidade de agentes é um causa de majoração da pena, exemplo: furto qualificado quanto ao iter criminis é o caminho do crime, isto é, todas as etapas da infração penal, desde o momento em que ela é uma ideia na mente do agente até a sua consumação. é tipo um itinerário 1. crime consumado (crime perfeito): quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal a. cogitação: impunível pois está só na mente b. preparação c. execução: bem jurídico começa a ser atacado, agente inicia a realização do núcleo do tipo, crime já se torna possível, prática do primeiro ato d. consumação: todos os elementos foram realizados teoria do crime 20 2. crime tentado (crime imperfeito): quando iniciada a execução, não se consuma por situações alheias a vontade do agente a tentativa deve ser punida de forma mais branda que o crime consumado, porque objetivamente produziu um mal menor. a. branca: homicida efetua os disparos e não atinge a vítima b. cruenta: quando o objeto material é atingido c. crime imperfeito: há interrupção no processo de execução, o agente não pratica todos os atos de execução. exemplo: escuta barulho e sai correndo; desisto do que não terminei. d. perfeita ou acabada (crime falho): o agente pratica todos os atos de execução do crime, mas não o consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. e. desistência voluntária e arrependimento eficaz (tentativa abandonada): o autor não responda pela tentativa, mas pelos atos até então praticados I)início da execução; II) não consumação; III) interferência da própria vontade do agente na desistência voluntária, o agente interrompe a execução; no arrependimento eficaz, ela é realizada inteiramente, e, após, o resultado é impedido. 3. crime impossível: quase crime, tentativa inadequada ou inidônea. ‘’não se pune a tentativa, quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime” 4. crime exaurido: depois da consumação, o bem jurídico sofre novo ataque ou ultimam-se as suas consequências. Exemplo: no falso testemunho a consumação ocorre quando a testemunha mente ou oculta a verdade sobre fato juridicamente relevante. Se o depoimento falso for utilizado como elemento de prova na sentença, embasando uma injustiça, diz-se que o crime se exauriu, pois produziu suas últimas consequências quanto a pluralidade de verbos nucleares 1. ação simples: quando possuem apenas um verbo nuclear. Ex: furto, verbo “subtrair” (art. 155 do CP); extorsão mediante sequestro (art. 159) verbo “sequestrar”. teoria do crime 21 2. ação múltipla: também chamados de crimes de conteúdo variado – possui dois ou mais verbos consumação o agente realiza todos os elementos do tipo inter criminis 1. cogitação: impunível pois está só na mente 2. preparação 3. execução: bem jurídico começa a ser atacado, agente inicia a realização do núcleo do tipo, crime já se torna possível, prática do primeiro ato 4. consumação: todos os elementos foram realizados crime impossível 1. ineficácia absoluta do meio: o meio ou o instrumento utilizado para a execução jamais levarão o crime à consumação, exemplo: atirar palitos de dente em adulto 2. impropriedade absoluta do objeto material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo, exemplo: matar um cadáver; ingerir substâncias abortivas sem estar grávida; arrependimento posterior art. 16 do CP — nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços). requisitos: 1. delito praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa: alcança os delitos patrimoniais e não patrimoniais, dolosos ou culposos 2. reparação do dano ou restituição da coisa: exige-se a reparação do dano sofrido pela vítima ou a restituição do objeto material (alternativamente) 3. limite temporal (elemento cronológico): até o despacho judicial de recebimento da denúncia… teoria do crime 22 4. ato voluntário do agente (requisito subjetivo): o arrependimento deve advir de conduta voluntária do agente erro falta de consciência sobre as reais circunstancias que envolvem o ato não se confunde com o desconhecimento ou com a dúvida. em erro, o agente pensa que existe, enxerga em sua cabeça uma realidade, ou entende a caracterização de uma norma que, em verdade, inexiste ou existe de forma diversa o erro pode eximir completamente o sujeito de responsabilidade pelo crime, mas para que isso ocorra, é imprescindível que este seja inevitável, ou seja, além das capacidades da pessoa em evitar o resultado se o erro cometido é evitável, o agente ainda responde por seus atos de maneira culposa e de acordo com o dano produzido. erro do tipo refere-se ao erro que recai sobre os elementos constitutivos do tipo normativo. Os elementos constitutivos são aqueles sem os quais o crime deixa de existir. exemplo: o crime de Furto, o elemento fático essencial é a "coisa alheia móvel". Se B pega o celular de C acreditando que o pertence, incorre em erro, porque não entendeu estar executando o tipo pena 1. essencial: exemplo: um aluno leva para casa um exemplar de um livro que acredita ser seu mas que, em verdade, era da escola ou de outro colega, verificamos que o agente tinha a falsa noção de que o objeto lhe pertencia e, portanto, não tinha conhecimento de que se tratava de coisa alheia, aspecto fundamental para a configuração do delito furto a. previsível ou evitável: não se verifica o dolo para a conduta criminosa, mas é possível a responsabilização pela modalidade culposa do crime b. inevitável: não for possível ao agente perceber seu erro ou evitar o cometimento do ilícito mesmo tomando as precauções necessárias não há responsabilização por dolo nem responsabilização por culpa teoria do crime 23 erro de proibição neste caso, o agente tem consciência de que realiza fato tido como crime, mas acredita que incide sobre este situação que lhe retira a ilicitude. Neste caso, o agente sabe o que faz mas, por desconhecer a norma penal ou interpretá-la mal, acredita que, em seu contexto, é permitido fazê-lo. erro de tipo acidental o agente tem conhecimento pleno de que a conduta é típica e criminosa, mas se confunde quanto a um dado secundário do delito 1. erro sobre a pessoa: o agente pretende matar seus pais durante a noite para conseguir sua herança e dispara contra as vítimas dormindo em seu quarto, descobrindo apenas posteriormente que seus pais haviam cedido o quartopara seus hóspedes, verifica-se o erro sobre a pessoa 2. erro sobre o objeto: agente quer furtar feijão e furta arroz (responde por furto, da mesma forma, pois seu erro não impediu a prática de crime contra o patrimônio 3. erro na execução: agente não se confunde quanto à pessoa, mas realiza o crime de forma “desastrada”, erra o alvo e atinge vítima diversa a. unidade simples: em vez de atingir a vítima pretendida, atinge outro. responde como se tivesse atingido a vítima pretendida b. resultado duplo: atinge a vítima pretendida e outra que não queria. responde por concurso formal (art. 70) pena do mais grave, aumentada de 1/8 até a metade (quanto mais vítimas, maior a pena; concurso de pessoas colaboração voluntária e consciente de duas ou mais pessoas para a realização de um crime 1. crimes monossubjetivos: em regra, são praticados por uma só pessoa. mas eles podem ser praticados por duas ou mais pessoas, por isso também podem ser chamados de crimes de concurso eventual. exemplos: crime de homicídio; crime de furto 2. crimes plurissubjetivos: crimes de concurso necessário, ou seja, só se consumam se existirem, no mínimo, duas pessoas, ou mais, a depender do tipo penal, praticando-os. exemplos: crime de associação criminosa teoria do crime 24 teorias 1. teoria pluralista: quando há pluralidade de agentes, há pluralidade de crimes – adotada pelo CP nos crimes de aborto e crimes contra a administração pública 2. teoria monista/unitária: todos os que contribuíram para a integração do crime – cometerem todos o mesmo crime; aplicação do art. 29 – “na medida de sua culpabilidade” 3. teoria restritiva/acessoriedade: há distinção entre autor e partícipe = autor é quem realiza a conduta nuclear do tipo incriminador. CP adotou autor: é quem pratica o verbo do tipo partícipe: é quem assessora, mas não pratica o verbo diretamente. coautoria: todos os agentes, em colaboração recíproca, realizam a conduta principal (2 agentes realizam o verbo do tipo a. crime culposo: pode haver coautoria, mas não participação – ambos realizam a conduta típica – concretizam o tipo pela inobservância de dever de cuidado b. omissivo próprio: pode haver participação – não coautoria, ambos respondem – cada uma- por omissão de socorro c. omissivo impróprio: pode haver participação - desde que o partícipe tenha também o dever jurídico de agir – em vez de agir – adere ao dolo do agente e igualmente se omite d. conivência: quem não tem o dever jurídico de agir é conivente, apenas, não há relevância jurídica requisitos 1. pluralidade de condutas 2. nexo de causalidade 3. liame subjetivo entre eles 4. identidade de infrações
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