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Comunicação e Produção de Sentidos - EAD

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Prévia do material em texto

COMUNICAÇÃO E
PRODUÇÃO DE SENTIDOS
PROF. DR. SAMILO TAKARA
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional: 
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Mariana Tait Romancini 
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão da Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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U N I D A D E
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1 - PRODUÇÃO DE SENTIDOS ................................................................................................................................... 5
2 - SIGNIFICAÇÃO E PERCEPÇÃO ............................................................................................................................ 5
3 - SIGNIFICAÇÃO E CULTURA ................................................................................................................................. 9
4 - SIGNIFICAÇÃO E LINGUAGEM .......................................................................................................................... 13
5 - SIGNIFICAÇÃO E ESPAÇOS SOCIAIS ................................................................................................................ 16
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 19
O QUE FAZ SENTIDO
PROF. DR. SAMILO TAKARA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
COMUNICAÇÃO E PRODUÇÃO DE SENTIDOS
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A Comunicação Social produz, em suas diferentes ênfases de produção cientí� ca, 
acadêmica, teórica e prática, perspectivas em disciplinas que compõem eixos gerais e especí� cos 
na formação de Jornalistas, Publicitários e Designers. Este material acompanha o acadêmico por 
uma das trilhas para a formação que se inicia nesse momento. Assim, o tema desta disciplina 
perpassa a construção das relações entre os sentidos (paladar, olfato, tato, audição e visão), as 
relações com os aspectos afetivos e emocionais que perpassam essas relações e a construção de 
arcabouços de signi� cados.
O signi� cado atribuído sobre os elementos que se conhece no mundo, acerca das relações 
com os outros e consigo são construídos pelas experiências e pelos modos como se acessa as 
informações, as qualidades e as características que estão presentes na interação entre o sujeito e 
o mundo. Assim, o processo é uma jornada para conhecer como essas relações são construídas e 
de que modos se estabelece uma conexão entre percepção e signi� cado.
O estudo da Comunicação e das produções de sentidos está próximo de um processo de 
interação entre as condições individuais, culturais, sociais, estéticas e midiáticas que interferem 
na produção de nossas signi� cações. Para entender essa relação, o material apresenta um trajeto 
para conhecer as construções dos sentidos. Assim, organiza-se quatro unidades de trabalho 
para esta disciplina: o que faz sentido (Unidade 1), o que se recebe (Unidade 2), as relações 
estabelecidas (Unidade 3) e outras formas de signi� car (Unidade 4).
Este percurso tem um interesse especí� co no desenvolvimento da formação dos estudantes 
que estão na jornada de formarem-se Jornalistas, Publicitários e Designers: desnaturalizar a 
construção da relação sensorial, afetiva e de signi� cado, por meio dos modos como a história, 
a sociedade e a comunicação permitem conhecer como os sentidos foram convencionados nas 
relações entre os grupos e as mídias.
Após esse processo de desnaturalização, o material apresenta como cada uma dessas 
construções pode ser pensada, analisada, aferida e sensibilizada para a produção de sentidos 
e signi� cados nos trabalhos em comunicação. Depois de chegarmos a esta etapa, o material 
encerra com apontamentos da contribuição dessas discussões na formação de comunicadores. 
Boa leitura! 
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ENSINO A DISTÂNCIA
1 - PRODUÇÃO DE SENTIDOS
A Comunicação Social é um campo de complexas relações e processos. Pensar os 
fenômenos que são observados neste campo é um modo de entender como os signi� cados são 
constituídos em interações individuais, sociais, culturais, políticas, econômicas, éticas e estéticas.
Assim, faz-se necessário abordar, primeiramente, o signi� cado da denominação desta 
disciplina: Comunicação e Produção de sentidos. Optar por esta nomenclatura oferece para 
o acadêmico em formação a ideia do que é proposto a conhecermos nos cursos de Jornalismo, 
Publicidade e Propaganda e Design. 
Primeiramente, outras disciplinas também vão atribuir sentidos ao conceito de 
Comunicação. Desse modo, é relevante que seja apresentada a noção que sustenta a noção de 
comunicar nesta disciplina. Entende-se, neste processo, que Comunicar é tornar comum. Para 
esta interpretação, concebe-se que este sentido de comum é uma forma de gerar sentidos que 
atravessam e constituem as relações com os fenômenos, os sujeitos, as práticas e os processos de 
produção.
Produção de sentidos seria, então, o modo como este conteúdo observa a comunicação. 
Para compreender o que signi� cam essas produções de sentidos no campo da Comunicação, 
retoma-se o que signi� cam estes termos. Produzir relaciona-se ao ato de constituir, por meio de 
processos, algo de ordem material ou imaterial que não é dado por pronto, comum ou natural. A 
produção necessita que se analise a construção de algo por meio de um processo.
No caso desta disciplina, o processo que analisamos é a produção de sentidos. Entendidos 
de modos diversos, entretanto, a disciplina se compromete com perspectivas para explicar o uso 
das sensações: visão, audição, olfato, tato e paladar para pensar a construção de signi� cados. 
Esta disciplina acompanha, em sentido histórico, cultural e social os modos como os grupos 
humanos, em relação aos fenômenos vivenciados, geraram sentidos acerca de si e do mundo.
Para contribuir com essa discussão apresentam-se conceitos, teorias e estudos que 
sugerem diferentes perspectivas para que o estudante possa conhecer um pouco do complexo 
campo da Comunicação interessado em desenvolver produções que perpassam a constituição de 
signi� cados por meio de lógicas de ordem cultural, social, política, econômica,ética e estética.
Com estes avisos feitos, vamos começar nossos estudos. O material vai indicar para esse 
processo elementos que envolvem a constituição dos signi� cados em ordens diferentes para 
que você possa aprender e apreender as relações estabelecidas entre o signi� cado e como são 
constituídos estes. Para auxiliar esse processo, apresenta-se então a relação entre signi� cado e 
percepção. 
2 - SIGNIFICAÇÃO E PERCEPÇÃO
Pensar em signi� cado é analisar as condições que temos para transmiti-los. O processo 
de comunicação baseia-se na possibilidade de alguém, intencionalmente ou não, enviar a outra 
pessoa, uma mensagem, por meio de um canal e, tal ação, pode ou não, gerar uma resposta. 
Parece simples, mas essa produção de sentidos que é enviada por meio de um canal (o ar, o texto, 
um aparelho de telefone, um televisor, ou mesmo, o aparelho celular e o computador) só pode ser 
percebida por meio dos sentidos.
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As palavras, os gestos, as cores, as formas, o modo como organizamos um sistema de 
elementos que geram signi� cados estão relacionados ao processo de percepção de sentidos. A 
percepção é uma relação que não passa diretamente pelo raciocínio lógico formal que é exigido 
nas esferas sociais, institucionais e nos espaços e momentos que se vive.
Entretanto, todos os signi� cados são lógicas constituídas por fatores que atravessam os 
indivíduos, suas experiências, as relações sociais, os espaços culturais e os momentos que foram 
vividos. Uma experiência é algo que nos permite entrar em contato com os sentidos.
No tópico sobre linguagem, é discutida profundamente a lógica estabelecida entre os 
elementos e suas proposições de signi� cação. Mas, em um primeiro momento, precisamos avaliar 
a percepção como primeiro ponto, ou talvez, como ponto menos racionalizado da comunicação.
É necessário discutir sobre a lógica estabelecida pela racionalidade para que seja possível 
avaliar o que escapa ao pensamento e compreende aos campos que não podem ser facilmente 
explicados. A percepção faz parte desses campos porque o corpo não é apenas efeito de uma 
ordem de pensamento e de lógicas explicadas acerca dos eventos, das sensações e das práticas. 
Diferente disso, o corpo escapa a uma lógica explicativa simples, mas participa de uma condição 
de signi� cação complexa.
As respostas que o corpo dá em nossas experiências podem ou não signi� carem questões 
de ordem externa ou interna. A percepção não é algo lógico, mas que participa de formas como 
o corpo vivenciou determinadas possibilidades. Pode-se sentir a sensação de frio, mas não 
necessariamente isso precisa estar relacionado a temperatura do espaço em que estamos. 
Podemos sentir que a distância percorrida é curta ou longa, mas não é uma característica 
que está ligada diretamente à distância física mensurada. Um exemplo dessas condições é o quanto 
tempo se passa esperando quem se gosta ou para ser atendido em um consultório odontológico.
Não é objetivo e racional todo e qualquer evento que se presencia. Partilha-se de diferentes 
questões que são de ordem objetiva, mas que não possuem um signi� cado pronto e absoluto. A 
maneira como algo nos envolve física, afetiva, emocional, cultural e intelectualmente participa de 
diferentes ordens. Pensar a produção de sentidos é vislumbrar como os sentidos são constituídos 
e, de certo modo, como utilizar essas potencialidades para produzir comunicação.
Assim, a percepção também é um processo que localiza o corpo nas experiências que 
participa. Iniciar desta perspectiva é também realizar um esforço para compreender que o 
signi� cado nunca é garantido de forma geral e pronta. Sem regras prontas ou receitas que geram 
uma resposta correta ao estímulo provocado, o corpo é uma estrutura biológica, mas participa de 
um processo cultural de signi� cação dos fenômenos em que é envolvido.
Figura 1 - Os cinco sentidos. Fonte: Espacio Kinder (2015).
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Desse modo, é interessante analisar como o corpo torna-se uma condição para o processo 
de signi� cação e produção de sentidos. Diretamente ligado aos elementos de ordem orgânica 
e cultural, é necessário ter atenção para como as estratégias escolhidas ao comunicar ressoem, 
convoquem e seduzam, por meio dos sentidos, os corpos daqueles com quem nos comunicamos.
Ciro Marcondes Filho ao discutir sobre a comunicação e as condições necessárias para 
isso, apresenta que existe uma di� culdade em constituir uma comunicação porque sente-se 
que há di� culdade em transmitir um sentido porque existem eventos, processos e percepções 
que parecem impossíveis de se compartilhar. “As pessoas continuam a achar que suas maneiras 
de ver o mundo, seus sentimentos, suas angústias, suas alegrias são fatos internos, íntimos, 
incomunicáveis” (MARCONDES FILHO, 2007, p. 7, grifo do autor).
Elaborar as percepções, conseguir encontrar modos de traduzir para o dizível ou para 
aquilo que é possível expressar é uma tarefa difícil e que exige de quem se encontra na comunicação, 
trabalho árduo e contínuo em busca de gerar expressões possíveis e compreensíveis. Por vezes, 
pode-se até saber o que se sente, mas a possibilidade de transformar essa sensação em palavras, 
ou algo passível de signi� cação, é uma atividade diferente.
Comunicar passa, então, por um processo de gerar sentidos acerca das relações 
estabelecidas entre o que percebe e, assim, conseguir estratégias para exprimir o que se sente. 
Diante do exposto, analisa-se as condições possíveis para estabelecer uma lógica entre o complexo 
campo da percepção e seus usos para a transmissão de sentidos.
Um aviso para este processo é que existem elementos da percepção que não são 
passíveis de serem organizadas como uma comunicação. O perceber do corpo escapa às lógicas 
comunicacionais. Desse modo, o nosso objetivo é compreender que o corpo, a experiência e a 
signi� cação são de condições diferentes e não são facilmente articulados.
Ao mesmo tempo, outras vertentes do pensamento da Comunicação � zeram proposições 
a partir da lógica de organização do sistema de signi� cações e passaram a constituir, por meio 
das experiências que são passíveis de compreensão, o estabelecimento de um acervo de códigos e 
sistemas de signi� cação. A produção de sentidos perpassa o uso desses códigos, a sua possibilidade 
de criar, estabelecer e modi� car as práticas comunicacionais.
A construção de um código perpassa a produção e disseminação de elementos que se 
inscrevem na ordem dos sentidos, desse modo, é um processo complexo de instaurações, disputas, 
lógicas de organização que estão presentes na prática cotidiana. Avaliar as condições de troca de 
mensagens é um modo de perceber como uma comunicação é gerada. Entretanto, para chegar 
ao código, entender sua produtividade e as condições de efeitos e sentidos de uma comunicação, 
existem outras preocupações.
“Antes do pensamento, há os sentidos” (LE BRETON, 2016, p. 11). Avisados pelo 
antropólogo, precisamos entender que existem condições para que os códigos sejam utilizados. 
A primeira delas é a condição de corpo como processo de codi� cação. Santaella (2012) traça um 
caminho entre as contribuições da fenomenologia, da ecologia e da semiótica para o entendimento 
das condições da percepção como prática de con� guração dos sentidos.
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Desse modo, a aquisição dos códigos – ou de um grupo de signifi cações – ocorre 
na relação entre o corpo (sujeito ou indivíduo) e as experiências sensoriais e afeti-
vas constituídas nestas relações. Le Breton (2016) explica a existência de 12 tipos 
de branco para os inuit. Este povo esquimó que vive em regiões de neve (Alasca, 
Canadá e Groenlândia) depende dessa confi guração de 12 coloraçõesdiferentes 
para o branco porque a vida em lugares como os que eles habitam só é possível a 
partir dessa percepção.
Assim, 
[...] o corpo é o � ltro pelo qual o homem se apropria de substância do mundo e a 
faz sua por intermédio dos sistemas simbólicos que partilha com os membros de 
sua comunidade (LE BRETON, 1990, 2004). O corpo é a condição humana do 
mundo, este lugar onde o � uxo incessante das coisas se detém em signi� cações 
precisas ou em ambiências, metamorfoseia-se em imagens, em sons, em odores, 
em texturas, em cores, em paisagem etc. (LE BRETON, 2016, p. 13).
A percepção destas diferenciações para os que não vivem do mesmo modo que os inuit 
talvez sejam de difícil compreensão. Utilizamos outras imagens, sons, odores, texturas e cores 
para compreender nossas paisagens. Entretanto, faixas de pedestres, semáforos, placas, o som 
de aviso da ambulância e dos carros o� ciais também perpassam as constituições de perigos e 
possibilidades de vida entre as condições daqueles que vivem os espaços urbanos.
Desse modo, comunicar tem relação com a constituição de valores e de sentidos que 
atravessam os corpos por meio da percepção. Ao estar atento ao redor, o humano tem condições 
de perceber padrões, estéticas e lógicas que ordenam suas relações com os outros, com o ambiente 
e consigo. Entretanto, nem tudo é codi� cado da mesma forma. As palavras, os gestos, as cores, as 
formas, os cheiros, os gostos, os toques e as texturas são polissêmicos. 
Atentos a estas características, os estudantes de comunicação precisam desenvolver 
uma curiosidade estética pelo mundo. “A experiência faz-se visível na vontade do homem de 
singularizar-se, em suas escolhas e no seu potencial de transformação e passagem” (SODRÉ, 
2006, p. 123). Avisados pelo pensador, os estudantes podem iniciar a trajetória pela Comunicação 
entendendo que a sensibilidade é uma habilidade de suas formações e pro� ssões. Jornalistas, 
Publicitários e Designers precisam atentar-se a como os signi� cados e os sentidos estão 
distribuídos no cotidiano das pessoas.
As escolhas de estratégias para uma comunicação dependem de uma sensibilidade, de 
uma apreensão do mundo e das medidas dos detalhes. A escolha de um código, de uma palavra 
ou de uma ideia não é aleatória. Desenvolver uma proposta de comunicação inicia um processo 
de troca, de atribuição de valor e de geração de sentidos para aqueles que entram no processo de 
signi� cação.
Para entender estas condições, faz-se necessário entender que a percepção capta elementos 
do mundo (objetos/pessoas/paisagens) e atribui a elas um valor que está disperso nas condições 
do grupo, do espaço e do tempo que vivem estes comunicadores. Ou seja, a produção de uma 
comunicação faz uso de sinais que podem ou não estar disponíveis na realidade cotidiana das 
pessoas, mas carregam valores e expressam sentidos.
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Figura 2 – Signo, signi� cante e signi� cado. Fonte: o autor.
 Desse modo, ao pensarmos em uma palavra, por exemplo, ela carrega consigo algo que 
a signi� ca e, também, uma estrutura que a faz ser código passível de uso. No exemplo acima, 
pode-se pensar nas cores: a cor laranja é a mistura entre vermelho e amarelo. Logo, um signo é 
a composição entre signi� cante e signi� cado. Este processo faz parte do que foi desenvolvido na 
lógica que estabeleceu uma ordem estrutural para a linguagem e seguia os preceitos desenvolv-
idos por Ferdinand de Saussure. Entretanto, parte-se deste exemplo e estrutura para debruçar-
mos sobre a complexidade da produção de sentidos. No próximo tópico discorremos sobre 
como estes sentidos foram � xados aos signos e, de que modo, usamos estas práticas de signi� -
cação.
3 - SIGNIFICAÇÃO E CULTURA
Para entender em que condições são produzidos os signi� cados utilizados na comunicação, 
é relevante entender o que signi� ca cultura neste contexto. Esta é uma noção complexa, ampla, 
múltipla e plural, entretanto, a título de iniciar esta discussão, entende-se cultura neste texto 
como o grupo de sentidos, relações, processos e práticas que foram estabelecidos por um grupo 
em determinados tempo e espaço. Ou, como explica David Le Breton (2016, p. 17):
Uma cultura determina um campo de possibilidades do visível e do invisível, 
do tátil e do intocável, do olfativo e do inodoro, do sabor e da sensaboria, do 
límpido e do nebuloso etc. Ela desenha um universo sensorial particular, os 
mundos sensíveis não se recortando mais porque são igualmente mundos de 
signi� cações e valores.
Assim, percebe-se que a cultura é uma condição de compreensão do mundo. Os 
signi� cados que são passíveis de compreensões advêm das possibilidades de inscrição dos 
corpos, por meio das percepções, no estrato cultural em que se vive. Desse modo, o processo de 
apreensão dos signi� cados e a construção de produção de sentidos perpassam o processo cultural 
em que o sujeito está inscrito. Diante dessas exposições, faz-se necessário pensar que o papel do 
comunicador se amplia.
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Para ser capaz de produzir sentidos, o comunicador precisa atentar-se para os detalhes, 
as signi� cações, os sentidos em si mesmos. Ser um explorador das culturas dos grupos com os 
quais intenta dialogar. Desse modo, partir da percepção, como explicada no tópico anterior, é 
uma forma de abrir-se para uma prática de sensibilidade. Afeto a esta condição, o comunicador 
inicia uma busca pelos registros culturais que perpassam a história humana.
Nunca vivemos, rigorosamente, nus e nunca verdadeiramente vestidos, nunca 
velados e nunca desvelados, exatamente como o mundo. A lei sempre se apresenta 
ao mesmo tempo que um véu ornamental. Exatamente como acontece com os 
fenômenos. Véus sobre véus, ou mudas sobre mudas, variedades impressionadas 
(SERRES, 2001, p. 33).
A descrição do � lósofo é uma forma de explicar como os fenômenos (da capacidade da 
percepção até o entendimento dos sentidos) são passíveis de uma leitura enviesada pela lógica 
cultural. Os signos – e os sentidos que estes carregam – foram colonizados em um processo 
histórico de signi� cação e de instauração de sentidos. As noções e os valores que estabelecemos 
sobre as coisas do mundo são perpassadas pelos lugares que ocupamos no mundo.
Não existe uma percepção absoluta que se transforma em uma possibilidade de 
signifi cação do tudo. Cientes desses processos de edição da signifi cação, a co-
municação precisa ser o campo em que se busca referências – o arsenal, o arca-
bouço, o inventário – para que seja possível comunicar. Assim, ao tratar-se de ele-
mentos de signifi cação, o primeiro processo é investigar que sentidos são usados 
nos espaços culturais que pertencem os sujeitos que recebem a mensagem do 
comunicador. Como podemos discutir com base na imagem abaixo: 
Figura 3 – Percepções. Fonte: Laborana (2017).
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Ao entender que “[...] o mundo e o homem se entrelaçam graças a um sistema de sinais 
que regula a comunicação”, aquele que empreende um estudo sobre a produção de sentidos, 
precisa captar, antes neste processo, como os sentidos estão colocados nas relações que foram 
estabelecidas entre os objetos, as cenas, as paisagens, os outros e o eu, para, então, produzir os 
sentidos com foco no que se busca dizer (LE BRETON, 2016, p. 38).
 A história, a arte e a sociologia auxiliam neste processo. As notícias, as reportagens, as 
escolhas grá� cas, estéticas e as percepções visuais, bem como as imagens fotográ� cas e � lmes são 
condições que estabelecem referências a outras formas de signi� cação que � cam encrustadas nas 
práticas da cultura humana.
A comunicação exige, neste processo, uma prática, um interesse ou uma vontade de 
curiosidade. Conhecer diferentes culturas,propostas de expressão e fazer investidas sobre 
diferentes elementos da signi� cação auxiliam a produção de sentidos. Para o comunicador, as 
culturas tornam-se as medidas de mundo, os moldes para pensar suas referências.
Buscar textos e mitos, ter referências imagéticas, ler romances, ouvir música, assistir a 
diferentes � lmes e séries para o comunicador também é trabalho. Por mais que participem de 
um cenário lúdico ou um momento de descanso para aqueles que não participam do mundo da 
comunicação, para aqueles que se aventuram no estudo da comunicação, é necessária a prática 
de atualização dos seus referenciais, das tintas, das cores, das formas, dos cheiros, dos gostos, dos 
movimentos e das estéticas que podem ser elaboradas em práticas de signi� cação.
Ter a percepção como base, nesse processo, é reconhecer a limitação do primeiro encontro 
com uma peça da cultura. Um cesto guarda histórias de um povo, uma estátua também conta para 
aqueles que a admiram, os entraves e as questões políticas e míticas de uma cultura. A textura de 
um alimento ensina sobre como se criou e formula-se a noção de alimentação.
Ao entender que a percepção é complexa, o corpo participa da proposta de pensar a 
comunicação e a produção de sentidos. Não há como não perceber que existem relações que só 
são compreensíveis em relação ao que se percebe do que foi � xado ou constituído nas relações 
culturais. “Não são seus olhos que enxergam, nem seus ouvidos que escutam, nem suas mãos que 
tocam; ele [o corpo] está todo inteiro em sua presença do mundo, e os sentidos se misturam a 
todo instante ao seu sentimento de existir” (LE BRETON, 2016, p. 59).
Desse modo, a comunicação precisa, antes de efetivar-se, de exploração. A capacidade 
do comunicar ser uma geração de sentidos entre dois ou mais sujeitos, é possível, apenas, se as 
condições para a apreensão e a produção de mensagens for efetivamente uma possibilidade entre 
aquele que produz e aquele que recebe o produto. Entretanto, mesmo este movimento parecendo 
simples e fácil, não é possível pensar a comunicação só como dizer e ouvir, ou escrever e ler, ou 
mostrar e ver.
Comunicação é antes um processo, um acontecimento, um encontro feliz, um 
momento mágico entre duas intencionalidades, que se produz no “atrito dos 
corpos” (se tomarmos palavras, músicas, ideias também como corpos); ela vem 
da criação de um ambiente comum em que os dois lados participam e extraem 
de sua participação algo novo, inesperado, que não estava em nenhum deles, e 
que altera o estatuto anterior de ambos, apesar de as diferenças individuais se 
manterem. Ela não funde duas pessoas numa só, pois é impossível que o outro me 
veja a partir do meu interior, mas é o fato de ambos participarem de um mesmo 
e único mundo no qual entram e que neles também entra (MARCONDES 
FILHO, 2007, p. 15, grifos do autor).
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Por mais que exista um desejo de comunicar, existem di� culdades neste processo. Ter 
esta a� rmação em um texto que explana as condições de produção de sentido é uma forma de 
indicar como o processo é complexo. Se retomarmos a base de um pensamento funcionalista 
da Comunicação, tal como explica a organização do sistema de Harold Lasswell que, em 1944, 
desenvolveu uma proposta conhecida e admitida no campo de estudos, como uma forma de 
pensar a estratégia comunicacional, signi� car parece simples.
Entretanto, outros caminhos também precisam estar visíveis para quem se dispõe a pensar 
a comunicação. Um exemplo dessa discussão é a problemática elencada por Ciro Marcondes 
Filho (2007) que discute como a comunicação possui limitações e, também, a leitura feita por 
Muniz Sodré (2006) acerca da prática da comunicação a partir das estratégias sensíveis. “O afeto 
supõe uma imagem ou uma ideia, mas a ela não se reduz, por ser puramente transitivo e não 
representativo” (SODRÉ, 2006, p. 28).
A comunicação, como processo de produção de sentidos, é uma forma de tentar inscrever-
se no mundo e nas relações com os outros. Entretanto, sempre parcial e falha, a comunicação – 
bem como a experiência humana – é passível de investigação por ser um campo aberto para o 
entendimento de como foram construídos os sentidos, as práticas e as relações humanas, bem 
como as interações entre a humanidade e o ambiente.
A cultura gera possibilidades de entender as inscrições que foram possíveis nas relações 
que o humano gerou com e no mundo. Desse modo, a produção de sentidos perpassa um 
processo de apreensão dos sentidos que foram estabelecidos, das possibilidades, dos limites e das 
estratégias de comunicação. 
A comunicação é um processo que precisa estar inscrito na cultura e nas relações que 
estabelecemos. Comunicar é, nos limites e nas potencialidades da prática de produção de sentidos, 
gerar efeitos acerca do mundo e inscrever, nas relações dos sujeitos comunicantes os sentidos e as 
práticas culturais envolvidas no processo de gerar e transmitir signi� cados.
Figura 4 - Signi� cado social das cores. Fonte: Signi� cados (2017).
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A estas inscrições que foram marcadas pela história e que registram os modos como 
os humanos estruturam suas práticas de signi� cação, dá-se o nome de linguagem. No próximo 
tópico, o texto debruça-se acerca dessas inscrições e dos usos das linguagens para a produção de 
sentidos. O processo de comunicação, desse modo, passa também, pelo domínio técnico, teórico 
e prático das linguagens como uma estratégia de signi� cação que se apresenta como uma forma 
de organização dos signi� cados.
4 - SIGNIFICAÇÃO E LINGUAGEM
O termo linguagem refere-se a um grupo de signos que foram entendidos, como códigos 
como pertencentes a uma estrutura signi� cativa em comum. Ao entender o grupo de signos como 
linguagem, se encontram estruturas que se organizam para a compreensão dos signos em relação 
aos sistemas que pertencem. Assim, a compreensão de um grupo de signos convencionados como 
linguagem deriva de uma estrutura lógica que desenvolve uma linha comum entre os signos 
pertencentes a essas representações.
Com base nessas estruturas que desenvolvem linhas comuns entre os signi� cados, as 
linguagens são estruturas que foram estabelecidas por convenções sociais e são utilizadas para 
expressar mensagens. A complexidade dessas estruturas também está ligada a condição de 
expressão dos signos que compõem essas linguagens. 
Para ajudar a compreender a relação sensível entre 
Cultura e Linguagem, assista ao fi lme: 
“O fabuloso destino de Amélie Poulain”.
A fala, o texto que está neste material e o uso de palavras confi guram-se como 
linguagens verbais. Além dessas, existem linguagens que foram estruturadas e 
são compatíveis com o desenvolvimento midiático e tecnológico: linguagem foto-
gráfi ca, linguagem cinematográfi ca e outros sistemas de códigos que perpassam 
essas e, podem ser utilizadas em diferentes transmissões: gestos, formas, cores, 
traços e outras imagens em geral.
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É imprescindível que percebamos que existe uma relação entre linguagens e o primado da 
visão e da audição nas sociedades contemporâneas. A lógica que a comunicação contemporânea 
apresenta é envolvida em imagens e sons. Essa percepção, que faz parte dos temas discutidos no 
primeiro tópico do texto, ajuda a pensarmos como a linguagem é dependente de características 
audiovisuais.
Assim, a de� nição de linguagem parte das relações que estabelecemos pelos sentidos de 
visão e audição. Outros sentidos como olfato, paladar e tato são, por vezes, tratados por secundários, 
ou mesmo, por desimportantes. A noção de linguagem, desse modo, precisa ser usada com o 
cuidado de entender que existe mais códigos possíveis além dos que foram estruturadospelas 
linguagens verbais e não verbais. Além de imagens, formas, cores, gestos e palavras, ainda temos 
outros sentidos para produzir signi� cados na comunicação no âmbito social.
Assim, “[...] o mundo e o homem se entrelaçam graças a um sistema de sinais que 
regula a comunicação” (LE BRETON, 2016, p. 38). Esses sistemas organizados por uma prática 
social são estruturas na ordem da linguagem. Pensar lógica social é entender como os sentidos 
produzem signi� cações. “O mundo da informação toma o lugar do mundo observado; as 
coisas conhecidas porque vistas dão lugar aos códigos permutados” (SERRES, 2001, p. 45). As 
práticas comunicacionais são estratégias que dependem das linguagens, das estruturas que foram 
convencionadas culturalmente e que produzem efeitos de sentido para que a mensagem seja 
efetiva e afete aquele a quem a comunicação se dirige.
Entretanto, uma linguagem, como sistema produzido nas relações culturais e por meio 
das percepções que foram convencionadas nos grupos que se estabeleceram como comunidades 
e sociedades dependeram de uma estrutura que foi se organizando historicamente. Assim, 
linguagem é um efeito temporal e espacial dos grupos que se conformaram entre as leituras 
perceptivas e culturais que foram possíveis no desenvolvimento dos grupos.
Desse modo, as percepções geram efeitos. Essas sensações que são produzidas pelo 
fenômeno perceptivo tornam-se culturalmente comuns temporal e espacialmente. A linguagem 
foi estabelecendo, então, uma estrutura como lógica de sentidos que foram condensando em 
organizações que ligaram os signi� cantes – registros visuais e auditivos – em sentidos que foram 
se � xando como uma lógica comum. Assim, nesses movimentos de � xação foram estruturando 
os sistemas que geram linguagens.
Complexa relação entre signi� cado – aquilo que percebemos e internalizamos das 
práticas comunicacionais – e signi� cante – os registros audiovisuais que foram combinados como 
arcabouço comum de grupos, comunidades e sociedades gera uma busca por compreender como 
a percepção, a cultura e a linguagem geram efeitos de sentido.
Essa foi a preocupação do intelectual Charles Sanders Peirce. No início do século 
XX, Peirce organizou um campo teórico que se denomina a ciência geral dos sig-
nos. Deu-se o nome de Semiótica. Esta ciência debruça-se sobre o sistema das 
linguagens e suas interferências nas construções dos códigos. Peirce desenvol-
veu, basicamente uma tríade de relações para explicar a lógica comunicacional da 
linguagem por meio de três conceitos fundantes: representâmen, objeto e inter-
pretante (SANTAELLA, 2012). 
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Figura 5 - Primeira Tricotomia. Fonte: o autor
A estrutura da signi� cação que produz a linguagem, em Peirce, passa por esses três 
conceitos. É necessário compreender que o autor gerou uma forma de interpretação da linguagem 
para explicitar como os signi� cados que são percebidos pelo sujeito, perpassam as relações entre 
os códigos que foram convencionados e geram uma oportunidade de entendimento acerca do 
mundo, do outro e de si.
Assim, a descrição dos três conceitos é explicitada para facilitar o entendimento das 
análises possíveis por meio da Semiótica. O entendimento de representâmen é aquilo que ocupa 
o lugar de um objeto que está disponível na percepção e gera, por meio do interpretante, uma 
signi� cação. O signi� cado é um produto da tríade peirceana. Compreender essa estrutura auxilia 
o comunicador a pensar acerca da lógica de como transmitir uma mensagem por meio da 
linguagem (SANTAELLA, 2012).
A estrutura gerada por Peirce nos ofereceu três tricotomias para o entendimento dessas 
proposições. Para cada vértice do triângulo, o autor pensou em como esses conceitos são possíveis 
em relação aos que foram estabelecidos pela tríade proposta. Assim, na lógica do representâmen 
é trabalhada a primeiridade, a secundidade e a terceiridade. No segundo esquema que explica 
a relação do objeto são discutidas as explicações de ícone, índice e símbolo. E, em relação ao 
interpretante, a disposição dos conceitos refere-se a rema, dissigno e argumento (SANTAELLA, 
2012).
A apresentação desses conceitos oferece condições para a análise de como elementos 
de� nidos por meio da lógica da cultura, ou seja, o representâmen é composto por elementos que 
foram con� gurados, de� nidos e estruturados na ordem da linguagem e oferecem condições de 
referências aos objetos do mundo. Assim, o interpretante percebe o mundo em relação ao que 
foi signi� cado por meio das relações entre percepção e cultura (SANTAELLA, 2012).
Desse modo, na linha do representâmen, as apresentações de sentidos são feitas por 
primeiridade, secundidade e terceiridade. É compreendida a primeiridade como a característica 
do signo que remete a si mesmo. Assim, palavras, sons, gestos, imagens, formas e cores que 
remetem ao signi� cado do representâmen gera a condição de primeiridade (SANTAELLA, 2012).
Um exemplo de representâmen a relação das percepções com a mensagem recebida. Assim, 
a palavra é um elemento da primeiridade. Ao ouvir ou ler a palavra, os sentidos estabelecidos por 
ela geram para aquele que recebe esse elemento gera uma percepção interna de comunicação. 
Esse signi� cado produzido na relação entre sentido e signi� cado atribuído internamente damos 
o nome de primeiridade.
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 Essa primeira relação faz referência a algo concreto ou abstrato. Esse algo do mundo é 
denominado na teoria peirceana de objeto. Este objeto gera referências a ícone, índice e símbolo. 
Seria a condição do primeiro conceito aquilo que representa uma gama de objetos do mundo. O 
ícone é usado para representar algo que faz referência a um geral. Um exemplo é o uso corrente 
da palavra ícone como o que representa uma ideia. Ao tratar uma pessoa ou objeto por ícone a 
referência que se faz é que este representa um grupo de signi� cados acerca do que foi comunicado.
Em consequência, existe o conceito de índice que é a referência ao objeto – parcial 
ou o registro dele – no mundo. São exemplos de índices eventos e efeitos que indicam uma 
materialidade. A fumaça, o chão molhado e o mormaço do calor indicam, respectivamente, fogo, 
chuva e calor. Esses índices podem gerar efeitos em relação a experiências perceptivas que, na 
relação do humano com o mundo geraram sentidos que foram convencionados socialmente.
A relação do objeto em referência ao interpretante gera o símbolo. Essa terceiridade da 
segunda tricotomia refere-se a elementos que foram codi� cados na cultura e que apresentam 
um valor histórico, social e cultural que perpassam a condição da vida em sociedade. Elementos 
culturais como a cruz, a espada, o cálice são elementos simbólicos que foram convencionados 
culturalmente e geraram um valor cultural que perpassa diferentes grupos.
No sistema de tricotomias percebe-se que os valores das linguagens são constituídos 
nas interações sociais e nas práticas culturais. A linguagem, então, passa a ser um sistema de 
convenção de valores que perpassam ordens pessoal, social, cultural, histórica e desenvolvem 
formas de percepção, sentidos e signi� cados. Produzir sentidos, no âmbito da comunicação, é 
uma tarefa que exige a compreensão dos sentidos que passíveis de serem atribuídos em uma 
lógica social.
5 - SIGNIFICAÇÃO E ESPAÇOS SOCIAIS
Entender as condições sociais que produzem os sentidos que são utilizados na 
comunicação é uma condição na formação de comunicadores. Produzir é um processo que 
depende de conteúdos, estratégias, técnicas e habilidades que não são apreendidas e utilizadas 
de forma aleatória na prática comunicacional contemporânea. O ato de comunicar precisa ser 
pensado e estruturado em ordens e sentidos diferentes. Desse modo, existem condições para 
pensar o que é discutido por Serres (2001, p. 189)e sua fatal a� rmação: “[a] língua matou os 
sentidos”.
A lógica de sentidos culturais e a formação das linguagens como estruturas fundantes 
das lógicas comunicacionais geraram um tipo de signi� cação que empobrece a relação direta 
entre o humano e os sentidos. Com a produção de linguagens, um grupo de experiências 
passou a ser dominado pelos elementos que envolvem a signi� cação. A busca por signi� cado 
tem tornado difícil o trabalho do comunicador em apreender sentidos, perceber suas relações 
com as estruturas simbólicas e, efetivamente, planejar uma comunicação que tenha por foco a 
experiência do receptor.
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Figura 6 - Placas de trânsito. Fonte: Icetran (2017).
Assim, o processo de apreensão dos sentidos depende também de uma lógica que é 
espacial e que envolve as condições sociais em que se encontram aquele que produz e aquele que 
recebe a comunicação. É necessário, nesse processo, retomar a percepção, a cultura e a linguagem 
para o entendimento das condições sociais e dos lugares que ocupam emissor e receptor dos 
sentidos.
Para que a expressão de uma mensagem tenha o efeito esperado, é necessário compreender 
como uma mensagem chega e interage com aquele que a recebe. Desse modo, questões referentes 
a localização social do indivíduo perpassam a dinâmica simbólica, as estratégias comunicacionais 
e a produção de sentidos.
O contato com diferentes culturas, a recepção de estímulos ambientais, sociais e culturais 
diferentes geram nas pessoas diferentes apreciações estéticas. A constituição de uma lógica de 
signi� cação para o desenvolvimento de produção de sentidos precisa alinhar os comunicadores 
em diferentes experiências, reavivar a relação com os sentidos – a percepção do mundo –, bem 
como gerar diferentes experiências que são da ordem da cultura e da sociedade.
Entretanto, esses pontos são complexos porque o acesso a diferentes interpretações advém 
das condições para tal experiência. A noção de casa como lar pode gerar diferentes experiências 
e produzir efeitos diferentes em receptores diferentes. Existem pessoas que entendem a ideia de 
família como algo agradável, protetivo e cuidador. Outras, entretanto, por suas experiências e 
signi� cações sociais e culturais podem ver família como algo distante, difícil e complexo.
Esse é o ponto central do estudo das signi� cações para a produção de sentidos. Se o 
comunicador � ca apenas próximo daquilo que, como sujeito, desenvolveu em seu entorno e 
aprendeu na lógica social dos grupos e das culturas que participou, corre o risco de ser limitado 
pelos elementos de signi� cação que fazem parte de uma ordem restrita aos grupos que pertenceu.
Além desses pontos, é necessária atenção do comunicador para a vida em sociedade que 
tem e suas relações estabelecidas. A linguagem, por ser um sistema de convenções de signos que 
estabelecem a relação entre objeto e sentido, também apresenta falhas e limites. O estereótipo e 
o preconceito são elementos que derivam desse limite da linguagem na prática de signi� cação.
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Para produzir sentido é necessário compreender que o signifi cado não é natural. A 
noção de linguagem como uma estrutura produzida histórica, social e culturalmen-
te oferece condições para que o comunicador trabalhe o processo de produção e 
disseminação de sentidos e signifi cados embasado pela análise dos sentidos que 
foram instituídos em grupos e que perpassam uma lógica social diferente. 
Entender a comunicação como processo auxilia o trabalho de produzir sentidos. Desse 
modo, o uso da Semiótica como método colabora para o entendimento do caráter produtivo do 
signo, bem como as relações entre percepção, cultura, linguagem e localização para a escolha e 
o uso de estratégias comunicacionais. Sem o entendimento de que esse processo se dá em uma 
lógica constitutiva, perde-se o foco na prática comunicacional e, busca-se, por meio de ideias 
estereotipadas e sentidos preconceituosos, fazer da linguagem algo pronto, dado e estabelecido.
Comunicar é conseguir estabelecer relações entre sentidos, signi� cados e sujeitos. Não é 
um trabalho distante ou mesmo pronto. Como processo a comunicação se estabelece de diferentes 
formas. É necessário que o comunicador perceba o espaço, entenda as relações que são geradas 
e que ganham movimento nas ordens da cultura para, então, conseguir estabelecer um plano de 
atuação com o que se comunica.
Nessas estratégias, as linguagens podem e devem ser utilizadas para causar efeitos e gerar 
sentidos para os receptores. Entretanto, essas não são as únicas relações possíveis. O comunicador 
precisa atentar-se para aquilo que não se estruturou como linguagem e que, ainda assim, participa 
do processo comunicacional.
No intuito de revisitar o que foi trabalhado nessa unidade, entende-se que a linguagem é 
uma estrutura comunicacional que depende dos espaços sociais em que se inscreve, das práticas 
culturais e dos sentidos estabelecidos. Para além disto, a comunicação também se faz na cultura. 
Desse modo, formas, cores, gestos, cheiros, gostos e texturas que não foram organizadas e 
sistematizadas como linguagens também participam do processo comunicacional. 
Outro ponto relevante é que esses elementos precisam ser percebidos. Abrir-se a percepção 
auxilia o comunicador a entender que efeitos visão, audição, tato, olfato e paladar geram em 
suas experimentações do mundo. Assim, existe uma parte do processo da comunicação que é 
estruturada em linguagem e que pode ser dominada como arcabouço para produzir sentidos e 
experiências comunicacionais. 
Entretanto, uma enormidade de efeitos e sentidos não estão necessariamente sistematizados 
em linguagens e podem ser utilizados para gerar efeitos, produzir sentidos e considerar formas 
de comunicação. Desse modo, é necessário não � car apenas no que foi de� nido e estruturado na 
linguagem e não se acomodar com o local social em que se encontra. 
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O comunicador precisa sair seu local social fi xo e resolvido e iniciar uma jornada 
pelos sentidos e suas possibilidades de comunicar. Assim, mergulhar na cultura e 
na sensibilização dos sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Essas estra-
tégias auxiliam a pensar estratégias e gerar sentidos para aqueles que estão no 
papel de receptores do processo comunicacional.
Para ajudar a compreender a dinâmica entre signifi cação e constituição de sen-
tidos, é interessante ler o conto “Uma história de borboletas” do romancista Caio 
Fernando de Abreu.
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dadas às características que apresentamos neste primeiro módulo, o processo inicia-
se apresentando as estruturas que auxiliam na organização da comunicação. Entretanto, nas 
próximas páginas deste material as discussões perpassam outras contribuições para este processo 
de avaliar as relações entre percepção, cultura, linguagem e localização.
O comunicador, inscrito na lógica social que participa, nos códigos culturais inventariados 
e organizados por linguagens, mas também em suas experiências perceptivas, tem condições de 
produzir outros sentidos acerca da comunicação contemporânea.
Assim, a comunicação também perpassa um campo de estudos que avalia, analisa e 
discute o papel do comunicador no entendimento do processo de recepção das mensagens que 
são con� guradas e ofertadas por meio de uma produção de sentidos. Desse modo, no próximo 
tópico são apresentados os conceitos de comunicação como um campo teórico, a discussão da 
prática de expressão, as estratégias e as técnicas possíveis nessas condições e a relação entre 
Experiência, Sentido e signi� cação.
Esse processo inicia no material que está disposto para o estudante de Comunicação, mas 
continuatambém nas questões que acompanham este material. Ressalta-se que estas questões 
podem auxiliar no processo de entendimento acerca dos elementos que perpassam a percepção, 
a cultura, a linguagem e a localização social de emissores e receptores.
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 21
1 - ELEMENTOS TEÓRICOS DA COMUNICAÇÃO .................................................................................................. 22
2 - COMUNICAÇÃO COMO EXPRESSÃO ............................................................................................................... 26
3 - ESTRATÉGIAS EM COMUNICAÇÃO E SENTIDO .............................................................................................. 28
4 - EXPERIÊNCIA, SENTIDO E SIGNIFICAÇÃO ..................................................................................................... 33
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 36
O QUE SE RECEBE
PROF. DR. SAMILO TAKARA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
COMUNICAÇÃO E PRODUÇÃO DE SENTIDOS
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INTRODUÇÃO
Esta unidade dedica-se a analisar os elementos teóricos e as práticas comunicacionais que 
advém da ideia de recepção. Para explicar essas condições de apresentação e discussão, aproxima-
se dos estudos de Sodré (2006), para discutir a relação com o contato como comunicação. 
Codi� car e decodi� car não é comunicar. Complexo, múltiplo e rico, o processo comunicacional 
é “uma con� guração perceptiva e afetiva que recobre uma nova forma de conhecimento, em 
que as capacidades de codi� car e decodi� car predominam sobre os puros e simples conteúdos” 
(SODRÉ, 2006, p. 20).
O autor retoma a contribuição de Paulo Freire e, avisando que o pedagogo não era um 
analista de mídia, mas que compreendia a dimensão da comunicação em seus processos na 
produção do saber. Assim, “contato” e “afeto” são categorias importantes para o pedagogo, bem 
como são utilizadas por Sodré (2006, p. 20-21) para explicitar o campo da comunicação.
A comunicação é um campo de estudos que está inserido em diferentes epistemologias (as 
teorias acerca da construção do conhecimento) e necessita de diferentes métodos e teorias para 
constituir-se como campo e produzir saberes. No curso da disciplina de Teoria da Comunicação, 
o acadêmico tem informações especí� cas sobre esta discussão.
Neste estudo para compreender a Comunicação e as produções de sentidos, debruça-
se acerca de elementos que são imprescindíveis para o entendimento do sentido por meio de 
esquemas que levam em conta as vertentes teóricas da comunicação. Desse modo, ao acompanhar 
o modelo desenvolvido por Harold Lasswell acerca do processo comunicacional, encontram-se 
polos na comunicação e o processo acontece entre esses pontos: emissor e receptor.
Figura 1 - Processo de comunicação. Fonte: Know (2017).
Assim, os estudos das produções de sentido perpassam o que ocorre entre aquele que 
emite e aquele que recebe a mensagem por meio de um código que é selecionado com base em 
um canal. Ao analisar as condições de produção de sentidos, esta disciplina foca em entender o 
funcionamento do grupo de signos que utilizamos e como eles são disseminados por aquele que 
emite e como são entendidos por quem recebe.
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1 - ELEMENTOS TEÓRICOS DA COMUNICAÇÃO
No primeiro módulo desta disciplina, são apresentadas as condições de entendimento 
de como a comunicação depende do grupo de signos e elementos que se compreendem como 
comunicacionais. A busca por entender os sentidos e os signi� cados perpassa a lógica que avalia 
a percepção – como campo experimental dos sujeitos; a cultura – como contexto e processo de 
desenvolvimento dos signos; a linguagem como sistema convencionado de elementos simbólicos 
e que geram processos de signi� cação e; por � m, as localizações sociais que interferem nos 
processos comunicacionais.
Desse modo, como elementos que estruturam o processo da comunicação, as disciplinas 
de base – que são estas que o acadêmico cursa no primeiro ano –para o entendimento da 
comunicação como um processo social, cultural, político e estético, nesta disciplina, está voltado 
para o efetivo funcionamento de um código.
Este é um dos desa� os para o entendimento teórico da comunicação. O código que está 
central neste estudo é um dos elementos do processo comunicacional. Modelos comunicacionais 
como o de Gerbner (1956) leva em consideração diferentes elementos. O uso deste modelo auxilia 
ao entendimento de como a disciplina estrutura sua disposição de explicações.
Para entender o modelo, utiliza-se a seguinte explicação: ocorre um acontecimento e, 
mediante a esta ocorrência, pode haver ou não uma disponibilidade, ou seja, aqueles que estão 
no local ou que encaram este acontecimento podem ou não compreendê-lo ou senti-lo de algum 
modo. Após esta disposição, o sujeito é impactado por uma percepção/seleção. As condições 
de um acontecimento podem gerar elementos que são percebidos e selecionados por aquele que 
participa desta experiência (SOUSA, 2006).
Dada esta relação, o agente 1, aquele que decide, de algum modo comunicar o evento que 
percebeu por meio de sua disponibilidade e organizou aquilo que compreendeu por meio de sua 
percepção, escolhe (ou é escolhido) pelas condições dos meios (controle/acesso/disponibilidade). 
Assim, o sujeito que tende ou pretende comunicar passa por um processo de organização, de 
disposição da mídia e de condições para passar sua percepção e sua seleção do acontecimento 
ocorrido (SOUSA, 2006).
A mensagem (forma-sinal, conteúdo) é o cerne da produção de sentidos. Ou seja, ao 
ser tomado pela percepção e poder gerar uma seleção que é transmitida por meio de uma mídia 
ocorre também na escolha das formas-sinais para emitir um conteúdo a outra pessoa envolvida 
neste processo comunicacional. Entretanto, existe para aquele que recebe a comunicação uma 
demanda que é a percepção e a seleção dele. O agente 2, aquele que recebe a comunicação, 
é então aquele que por meio de sua disponibilidade, sua seleção e sua percepção entende o 
acontecimento que foi mediado por um agente 1 (SOUSA, 2006).
Este complexo processo, no caso da produção de sentidos, é interessado no processo 
que perpassa a relação que o comunicador tem ao pensar a mensagem. Desse modo, pensar as 
formas, os sinais e os conteúdos da comunicação, o emissor precisa avaliar que o acontecimento 
do qual ele percebeu e selecionou não é um dado pronto e natural, bem como, aquele que recebe 
a comunicação feita, também tem uma disponibilidade e uma seleção que operam no processo 
de recepção da mensagem.
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Figura 2 - Manipulação da informação. Fonte: Gray Falcon (2013).
Desse modo, existe o que afeta. A emoção é “um fenômeno afetivo que, não sendo 
tendência para um objetivo, nem uma ação de dentro para fora (a sensação, vale lembrar é de fora 
para dentro) de� ne-se por um estado de choque ou de perturbação na consciência” (SODRÉ, 
2006, p. 29, grifo do autor). Assim, a disponibilidade é uma questão afetiva.
Assim, vale a referência ao � lósofo Georges Didi-Huberman (2016, p. 26) acerca de sua 
discussão � losó� ca sobre a emoção. Para o pensador, a noção de emoção está alinhavada a noção 
de movimento, ou seja, “[...] uma ação: algo como um gesto ao mesmo tempo exterior e interior, 
pois, quando a emoção nos atravessa, nossa alma se move, treme, se agita, e o nosso corpo faz 
uma série de coisas que nemsequer imaginamos”.
Pensar a produção de sentidos é também saber que a posição de controle e domínio não 
perfaz as condições de uma comunicação. É, precisamente, impossível dominar a comunicação. 
Ao contrário, se a emoção é algo que perpassa o sujeito, existe algo de indominável no processo 
comunicacional. Mas, se não é dominável, como é possível pensar em uma lógica de produção de 
sentidos? Esta questão auxilia a re� exão acerca da comunicação como campo e estudo. 
Ao estar diante de um acontecimento, o sujeito que comunica, entra no proces-
so de emissão porque foi afetado por algo. Essa afetação gera um movimento, 
um e-movere. Movido por uma emoção, o emissor escolhe (ou é escolhido) para 
enviar uma mensagem. As escolhas e os modos como aquele que emite a men-
sagem defi ne precisam estar afi nadas ao entendimento do receptor para que ele 
também tenha disponibilidade e condições para receber a informação.
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Entende-se que comunicar é um processo que exige daquele que se posiciona no campo 
como um pro� ssional, uma atitude de re� exão e de problematização do trabalho da comunicação. 
Assim, a emoção nos move. E o que fazer com ela? Pensar esta condição, os efeitos da prática 
comunicacional na expressão das emoções e na provocação delas é uma das possibilidades de 
pensar as estratégias comunicacionais que, como ensina Sodré (2006) são estratégias sensíveis.
Esse talvez seja o ponto central. A comunicação não é um processo pronto, � nalizado, 
natural, dado, simples e comum. Pelo contrário, complexa, múltipla e insubmissa a comunicação 
precisa ser problematizada por meio de estratégias que auxiliem aquele que foi afetado por um 
acontecimento a expressar o que se sente ao ser movido pela emoção.
Comunicar não é um gesto acético. Como é um processo dependente da estrutura 
afetiva, cognitiva e perceptiva humanas, precisa estar alinhado e expressar os signi� cados dessas 
condições. Assim, produzir sentidos é uma forma de acompanhar o processo, entender os 
signi� cados e pensar as possibilidades e potencialidades da comunicação.
Assim, entender o processo de signi� cação é uma forma de compreender, como salienta 
Sodré (2006, p. 61) que os códigos compreendem “próteses linguísticas e subjetivas que aderem 
ao homem, levando o comum a se organizar como máquina biopolítica. Toda produção é, em 
última análise, comunicação”. Desse modo, o comunicar está impregnado de condições de 
produção de sentidos que atravessam os corpos e as vidas das pessoas.
Entender o código como “próteses linguísticas”, tal como apontado por Sodré (2006, 
p. 61), auxilia na compreensão de que as práticas de signi� cação não estão prontas e dadas. 
Esse processo de signi� car participa de uma lógica de produção que inicia no processo entre o 
acontecimento, a disponibilidade e a seleção feita por aquele que percebeu um evento, para então, 
munido de suas percepções, dos sentidos que compreende, assim, gerar uma mensagem.
Ter este aviso auxilia o comunicador a entender que do modo como a comunicação 
está inscrita nos aparatos técnicos e no sistema mercadológico, a re� exão acerca das práticas 
comunicacionais é relevante para que a mensagem seja problematizada em relação ao evento que 
é comunicado.
Ciente desse processo, é necessário avaliar o papel do sistema midiático em relação a 
produção de sentidos. Separar o evento – sismo – do efeito comunicacional que é passível de 
tornar-se mensagem – sismógrafo – analisar as condições de produção da mídia é relevante para 
pensar a produção de sentidos e os efeitos deste na prática comunicacional contemporânea.
Assim, o comunicador não deve pressupor que o entendimento do que está na elaboração 
da mensagem é algo tácito. O complexo do processo da comunicação está no ato de produzir a 
mensagem – escolher os códigos e pensar nos efeitos da comunicação –, levando em conta os 
elementos descritos na primeira unidade deste material: percepção, cultura, linguagem e espaço 
social.
Desse modo, é imprescindível a atenção do comunicador para o mundo, os even-
tos, os sentidos e signifi cados que estão alojados nas diferentes práticas comu-
nicacionais contemporâneas. Sodré (2006, p. 79) explica que com “[...] a mídia, 
sismógrafo e sismo são a mesma coisa”. Ou seja, o que é emitido no sistema 
industrial de comunicação gera um valor acerca do próprio evento.
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O processo de seleção dos códigos passa também pelo que é emocional. Assim, as emoções 
transformam as maneiras como as informações tocam os sujeitos que recebem as mensagens. 
Didi-Huberman (2016) trata desse processo ao registrar que “[...] a emoção não pode ser de� nida 
como um estado de pura e simples passividade”. Pelo contrário, o engajamento de uma pessoa na 
prática de comunicação transforma o mundo daquele que participa do processo.
Esse engajamento é o que faz da comunicação uma oportunidade de interação dos sujeitos 
com os modos de pensar a sociedade e de dar sentido às experiências vividas de forma individual, 
entre pessoas, em comunidades e na sociedade. A comunicação é imprescindível neste processo 
porque sugere a possibilidade de interação, de troca e de engajamento em diferentes ordens 
sociais, culturais e políticas.
Desse modo, comunicar é escolher estratégias para expressão de formas de pensar e de 
sentir as coisas que aparecem na vida em sociedade e nas relações com os acontecimentos que 
participamos. Este processo é fundamental para a formação do comunicador.
Sem compreender o espaço de expressão que perpassa e produz a comunicação como 
uma estratégia de interação entre pessoas, o comunicador pode fazer parte de um sistema de 
informações dispersas que são emitidas sem um foco ou uma direção ou mesmo apenas participar 
do falatório social que ocorre nas condições contemporâneas de comunicação.
Desse modo, perde-se o efeito de engajamento e a possibilidade de transformação e 
mantém-se a ideia apenas de uma comunicação fática. Essa expressão signi� ca que o comunicar 
� ca apenas no sentido de veri� car a disponibilidade de um canal de comunicação. Em diálogos 
como o que acontece entre pessoas que se conhecem e se cruzam nas ruas e as perguntas que 
se reduzem ao “como vai?” e as respostas que se reduzem ao “tudo bem” são exemplos de uma 
comunicação fática.
Não há trocas e nem engajamento nesses diálogos rasos. Apenas a veri� cação se o canal 
entre emissor e receptor continua disponível e em funcionamento. Esse esvaziamento não permite 
proximidade, emoção e efetiva troca de sentidos e de experiências.
Pensar a comunicação como expressão é entender a demanda por engajamento e 
envolvimento entre os sujeitos que participam do processo comunicacional. Entender essa 
necessidade auxilia o estudante de comunicação a preocupar-se com a produção de sentidos 
como uma demanda teórica e prática importante e que corrobora para um trabalho efetivo em 
selecionar, desenvolver e propiciar uma comunicação que enfoca na troca e na expressão entre os 
sujeitos que participam do processo de comunicar.
Desse modo, entender a ideia de expressão auxilia neste processo de buscar pela interação 
entre os sujeitos que participam da comunicação. Para além do emitir e receber sinais que 
participam de um código e que estão estruturados entre linguagens e sinais, o comunicador 
precisa atentar-se para gerar sentidos e produzir uma relação na prática comunicacional. Este é o 
foco do próximo tópico do material.
Indicação de vídeo: Manipulação usando o photoshop:
https://www.youtube.com/watch?v=crFUVVbgRtA
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2 - COMUNICAÇÃO COMO EXPRESSÃO
 
Expressar é de algum modo, oferecer a si e aos outros informações, sentidos, percepções e 
emoções que forampassíveis de, por meio de uma seleção e organização, serem expressas em um 
processo comunicacional. Desse modo, ao expressar, ao fazer de uma sensação, um afeto, uma 
emoção, uma informação algo que é passível de uma re� exão e um modo de conscientizar-se é 
uma expressão.
Entretanto, por vezes, existe um uso comunicacional que intenta tratar a expressão por 
algo fácil e de simples transmissão, mas as pessoas “mal conseguem transmitir ao outro qualquer 
coisa, mal conseguem entender ou sentir junto com esse outro as coisas que ela ou ele sentem” 
(MARCONDES FILHO, 2007, p. 8). Nem sempre a ideia de que existe algo para ser expresso, 
torna essa ação uma atividade fácil ou mesmo natural e tranquila.
Essa di� culdade perpassa, em certos momentos, a dubiedade das emoções que, por 
vezes, são mais ou menos complexas de tornarem-se passíveis de serem expressas. “Cabe 
a nós, se quisermos re� etir, a tarefa de encontrar sinais da inquietação no coração de nossas 
alegrias presentes, bem como possibilidade de alegria no coração de nossas dores atuais” (DIDI-
HUBERMAN, 2016, p. 45).
A comunicação, nesta perspectiva depende de movimento. O ato de comunicar é 
perpassado pela emoção, pelos afetos e pelos sentidos, bem como pretende provocar naqueles 
a quem a mensagem é dirigida. Comunicação não é apenas emitir ou simplesmente receber. É o 
processo de gerar e manifestar expressões acerca de algo, de alguém ou de si mesmo.
Comunicação é antes um processo, um acontecimento, um encontro feliz, um 
momento mágico entre duas intencionalidades, que se produz no “atrito dos 
corpos” (se tomarmos palavras, músicas, ideias também como corpos); ela vem 
da criação de um ambiente comum em que os dois lados participam e extraem 
de sua participação algo novo, inesperado, que não estava em nenhum deles, e 
que altera o estatuto anterior de ambos, apesar de as diferenças individuais se 
manterem. Ela não funde duas pessoas numa só, pois é impossível que o outro me 
veja a partir do meu interior, mas é o fato de ambos participarem de um mesmo 
e único mundo no qual entram e que neles também entra (MARCONDES 
FILHO, 2007, p. 15).
 
Neste complexo processo, expressar-se não é dizer o que se pensa ou o que se quer. Não é 
simplesmente soltar palavras, gestos, frases ou códigos estabelecidos entre dois ou mais sujeitos, 
mas envolver-se na produção do sentido. Partilhar de um processo comunicacional é perceber-se 
parte desse mundo apresentado por Marcondes Filho (2007). Assim, participar e estar com esse 
mundo dentro de si.
O ato comunicacional é desse modo, não apenas a formulação ou o uso de códi-
gos, mas a interação que estes possibilitam entre dois ou mais sujeitos. O ato de 
produzir sons, ou formas, ou imagens, ou outros elementos que codifi cam uma 
mensagem e que passam por um canal para um receptor não é comunicação. 
Comunicar tem a ver com expressar-se, ou seja, se colocar em movimento com 
aquilo que se envia. Comunicar-se é produzir sentido e gerar signifi cados no outro.
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Desse modo, expressar-se é uma atividade que demanda atenção, predisposição e 
experiência. Ao pensar sobre a estratégia utilizada para expressar-se, o comunicador tem que 
debruçar-se a uma estratégia que é exigida pelo processo de expressão. Marcondes Filho (2007) 
discute que não é apenas a transmissão – intencional ou não de sinais – que garante que uma 
prática é comunicacional.
Assim, o autor abre uma discussão sobre a demanda da comunicação não ser apenas 
emissão e recepção de sinais ou mesmo um instrumento, mas “uma relação entre mim e o outro 
ou os demais”. Nesse sentido, para o autor o processo de comunicação não é reduzido a linguagem, 
a estrutura ou ao código, mas “ultrapassa e é mais e� ciente que esse formato, realizando-se no 
silêncio, no contato dos corpos, nos olhares, nos ambientes (MARCONDES FILHO, 2007, p. 16).
A expressão é o que permite com que se compreenda o processo relacional da comunicação. 
Ao invés de uma interpretação de comunicar como algo pronto, que se desenvolve apenas no 
cumprimento de determinadas demandas, o processo faz da comunicação um campo aberto, 
plural, múltiplo, sem receituários prontos. 
Existem modelos, estratégias e práticas de comunicação que são encadeadas com 
práticas previamente estabelecidas. Em áreas práticas e técnicas do campo, por vezes, são usados 
os chamados manuais como formas de explicar uma maneira de planejar, produzir e executar 
estratégias denominadas de comunicacionais. Entretanto, ao entender que comunicar não é um 
instrumento ou mesmo a emissão e recepção de sinais, a proposta da produção de sentidos é 
passar a comunicação por um processo experimental.
A comunicação ser compreendida como uma experiência que pode ser desenvolvida 
por meio de processos que desestruturam uma lógica instrumental das práticas de expressão. 
Além do campo comunicacional, a arte é outra forma de expressar-se que pode ou não estar 
ligada a ideia de comunicação. Entretanto, ter a visão da arte como expressão e constituição 
de experiências, faz-se relevante para o entendimento da sensibilidade que é necessária para 
experimentar o processo de exprimir.
Feitas essas considerações, a expressão não precisa ser entendida com uma � nalidade 
central. Expressar-se, no sentido possível em comunicação, é, por meio das estruturas, das 
estratégias e das experimentações possíveis, gerar uma forma de relação entre pessoas.
Então o necessário para pensar a comunicação como uma experiência que pode passível de 
expressão está sob o viés do que gera sentidos e signi� cados nas trocas possíveis. O comunicador 
precisa dessa sensibilidade de perceber as relações, as potencialidades das trocas e as formas 
de expressão como um campo aberto a transformação daqueles que se envolvem no processo 
comunicacional.
O homem é um ser, mas o ser é muito mais que um homem, ser é tudo o 
que existe. E a primeira questão de fundo que se colocou nessa época foi se 
o ser é estável ou mutante, ou, mais exatamente, se as transformações do ser 
são eventuais e passageiras, permanecendo nele sempre algo de contínuo e de 
eterno, ou se, ao contrário, nada existe senão a eterna mudança (MARCONDES 
FILHO, 2007, p. 18).
Ao registrar a impermanência, o autor oferece condições do entendimento sobre o 
processo comunicacional. Mesmo que um produto seja passível de durabilidade histórica – e 
temos objetos e peças que datam de diferentes momentos da organização dos humanos como 
grupos comunitários e sociais – o processo é o que signi� ca a prática de comunicar. Os produtos 
da comunicação massiva, ou mesmo diários e cartas pessoais são rastros do processo.
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Entender esse movimento de composição das peças comunicacionais e das práticas de 
signi� cação é um modo de entender que produzir sentidos não é uma característica � nal, mas um 
procedimento alterável, móvel e que transforma os sujeitos e objetos envolvidos neste processo. 
Essa compreensão auxilia o estudante de comunicação a entender a relação direta que o código – 
ou seja, o sistema convencionado de signos que foram marcados e de� nidos por um grupo, uma 
comunidade ou uma sociedade – tem características passíveis de alterações pelos eventos aos 
quais são submetidos.
Assim, a prática pictográ� ca, a constituição da escrita, o uso da pintura, o advento 
da prensa de tipos móveis, a difusão de imagens técnicas operadas pela câmera fotográ� ca e 
� lmadora, as dinâmicas das ondas sonoras transmitidas pelos rádios, a relação audiovisual 
produzida pela televisão e o uso de aparelhos como o computador, o tablete e o celular smartphone 
são interferência diretas no processo comunicacional.
Os suportes são mediadores das relações. Ter essa percepção auxilia no entendimento 
de como o processo comunicacional é marcadopela intervenção humana e provoca diferentes 
sentidos, movimentos e possibilidades no decorrer do tempo histórico que constituímos como 
grupamentos humanos. Nessa dinâmica, a comunicação não tem condição de ser um sistema 
pronto, rígido, � nal e acabado, mas apenas processo, experiência e experimentação.
Bordenave (1997) a� rma que cada sociedade tem a comunicação que merece. Entendendo 
a relação entre sociedade e comunicação, pode-se também compreender os limites que cada 
sociedade desenvolveu para sustentar o processo de constituição de diferentes expressões que 
foram possíveis nos tempos em que os grupos se constituem.
As mídias, suas histórias, seus usos, suas possibilidades éticas e estéticas estão vinculadas 
diretamente a essas condições dos grupos, das pessoas e de seus usos. Comunicar como produzir 
sentidos é uma forma de gerar estratégias que são passíveis de revisão, de alteração, de mudança 
e de transformação, bem como fazem a manutenção de sistemas de signi� cados e ordens sociais. 
Assim como os meios se desenvolvem pela técnica cientí� ca para satisfazer as demandas 
comunicacionais, os grupos, as pessoas, o indivíduo é constituído nas relações que estabelece com 
a tecnologia e suas possibilidades. Desse modo, no próximo tópico apresentam-se as possíveis 
estratégias de comunicação e suas relações com os sentidos e as práticas de produção.
Compreender a historicidade, a localização social, a cultura, a linguagem e a sociedade 
em que estão inscritas as práticas comunicacionais auxiliam os estudantes de comunicação a 
compreenderem as dinâmicas dessas práticas processuais.
3 - ESTRATÉGIAS EM COMUNICAÇÃO E SENTIDO
Como avisado nos tópicos anteriores, a Comunicação que se entende por necessária nesta 
discussão é uma noção complexa e que se apresenta como um campo plural, múltiplo e cheio de 
perspectivas e possibilidades. Entender esta riqueza do campo é um modo de problematizar como 
a produção de sentidos gera efeitos acerca da prática pro� ssional nos campos da Comunicação 
como o Jornalismo, a Publicidade e Propaganda e o Design.
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Desse modo, pensar sobre os processos comunicacionais também é discutir as 
possibilidades em cada um dos campos e entre eles. Outro ponto favorável a prá-
tica comunicacional é a difi culdade em manter as divisões do campo como eixos 
rígidos. Jornalistas trabalham em redações, publicitários em agências e designers 
também entre essas possibilidades, podem estar em outros campos. Mas, tam-
bém, existem jornalistas em agências, publicitários em redações e designers em 
todos os campos de produção midiática.
Assim, existem especi� cidades técnicas, teóricas e práticas para cada uma das áreas de 
atuação do comunicador, mas suas variações são noções especí� cas que oferecem ao campo 
social diferentes perspectivas, vertentes e práticas. Comunicar é uma prática que exige re� exão, 
problematização e uma atuação consciente dos efeitos sociais, culturais, políticos e econômicos 
que os empreendimentos geram.
Por mais que existam formas de produzir e receber mensagens e conteúdos. A comunicação 
é uma prática que depende diretamente da re� exão e da análise crítica e complexa dos contextos 
de produção das mensagens. Assim, uma comunicação é um gesto complexo que interfere e é 
produzido entre múltiplas relações.
Esses complexos processos exigem estratégias dos comunicadores para que a mensagem 
seja então passível de ser transmitida para outro ou uma audiência com a necessária atenção as 
demandas do grupo, as necessidades e as di� culdades do processo de produzir sentidos para 
aqueles que recebem a comunicação.
Desse modo, esse tópico do material debruça-se a pensar os processos de comunicação 
como estratégias para gerar signi� cados. Com base nas informações que foram apresentadas 
no material, perpassa-se os conteúdos da percepção, da cultura, da linguagem – assim como da 
semiótica – e do local social para estruturar formas de apreensão das estratégias de comunicação 
contemporâneas.
A produção de sentidos perpassa essas leituras que dependem de condições para que 
o comunicador escolha, com atenção e cautela, as estratégias possíveis para que a mensagem 
seja dispersada. Desse modo, ao traçar a leitura de uma comunicação como estratégia, faz-se 
necessário o entendimento de como pensar as ações de comunicação.
Estratégia é uma palavra recorrente de vocabulários de disputas, jogos e guerras, mas 
também é uma palavra utilizada em campos da comunicação como a Empresarial, as Assessorias 
de Comunicação e Imprensa, bem como o Planejamento e as ações de Propaganda e Marketing. 
Além desses sentidos explícitos das áreas da comunicação, estratégia signi� ca uma forma de 
apreensão da realidade social que se vive, as demandas encontradas e as possibilidades de atuação 
do comunicador.
Não se entende aqui estratégia apenas como um grupo de ações a serem feitas 
com um único objetivo. Para além desse primeiro sentido, estratégia é uma ação 
que depende da percepção, das demandas, dos limites e das potencialidades em 
produzir mensagens com uma efi ciência e atenção. A produção de sentidos tem 
uma necessidade estratégia porque leva em conta a necessidade de transmitir 
algo para alguém de forma compreensível, clara e que gere o efeito esperado.
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Não é simples ou fácil produzir estratégias. Elas demandam tempo. Comunicar é uma 
ação que depende de uma interação social. Entretanto, gerar interação não é uma tarefa fácil. 
O comunicador precisa a� nar sua percepção, desenvolver uma análise crítica e complexa que 
perceba os sentidos atribuídos em diferentes signos, os usos e as possibilidades da interação que 
pretende engajar.
Assim, ações estratégicas para comunicar iniciam do processo de apropriação dos códigos, 
interação com diversas culturas e práticas culturais, abertura a diferentes práticas de interpretação 
e curiosidade. A comunicação depende da curiosidade e do interesse do pro� ssional da área para 
que consiga provocar os impactos desejados.
Desse modo, o sistema de linguagem nos auxilia a problematizar os usos e as estratégias 
que são possíveis nos códigos que foram organizados mediante aos elementos culturais, sociais 
e políticos. Essa consciência oferece ao comunicador uma interpretação desse processo para, 
então, buscar os aspectos sensíveis e emocionais que a linguagem pode despertar.
O processo comunicacional coloca em movimentos estados, percepções e sensações que 
se vinculam a aspectos sensíveis. Não apenas a questões estéticas que estão alinhadas a uma 
proposta agradável – exigência da comunicação contemporânea e do apelo publicitário – a 
comunicação também movimenta sentidos, impressões e expressões d que geram outras formas 
de contato com o mundo, com o outro e consigo.
Comunicar está vinculado, de certo modo, aos interesses possíveis e as condições daqueles 
que se cruzam neste processo. A experiência que é possível no processo de comunicação não é 
simples, ou mesmo, totalmente racional e cognitiva. Em outras instâncias, o ato comunicativo 
desperta interações e relações em diferentes condições e possibilidades.
Desse modo, comunicar exige dos pro� ssionais da área o desenvolvimento de estratégias 
cientes do inventário de signos de um grupo, das relações produzidas entre diferentes percepções e 
das práticas sociais que estabelecem signi� cados nas formulações sociais, culturais e na interação 
com aqueles que se pretende comunicar.
Assim, faz-se necessário compreender a comunicação como uma prática, um processo, 
um exercício e uma re� exão. Essas inscrições não registram produtos prontos, mas processos em 
desenvolvimento. Debruçar-se sobre os processos e suas interações auxiliam o comunicador e os 
estudantes da área a aprofundar seus estudos em um processo aberto

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