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Livro - Políticas Educacionais (1)

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1 
 
Disciplina: Políticas educacionais 
Autor: M.e Marcus Quintanilha da Silva 
Revisão de Conteúdos: D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd 
Designer Instrucional: Vianeis Rodrigues Pereira 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de 
suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria 
de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá 
acarretar em cobrança de direitos autorais. 
 
2 
 
Marcus Quintanilha da Silva 
 
 
 
 
 
Políticas educacionais 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
3 
 
Editora São Braz 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r Jefferson 
Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de 
Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de 
Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd 
 
Parecerista Técnico 
Leandra Felicia Martins / Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd 
 
Designer Instrucional 
Vianeis Rodrigues Pereira 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
SILVA, Marcus Quintanilha da. 
Políticas Educacionais / Marcus Quintanilha da Silva. – Curitiba: Editora 
São Braz, 2019. 
129 p. 
ISBN: 978-85-5475-447-1 
1. Estado moderno. 2. Política. 3. PNE. 
Material didático da disciplina de Políticas Educacionais – Faculdade São 
Braz (FSB), 2019. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
4 
 
 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio 
Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria 
nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-
Graduação e Extensão Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, 
plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes 
sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre 
professores e estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ...................................................................................................... 
 
 08 
Aula 1 - O Estado Moderno: surgimento, consolidação e algumas 
concepções................................................................................................. 
 
09 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 
 
09 
 1.1 Do surgimento às características do Estado Moderno e suas 
concepções................................................................................................. 
 
09 
 1.2 Algumas concepções de Estado............................................... 
 
16 
Conclusão da aula 1.................................................................................... 
 
21 
Aula 2 - Política, poder e democracia......................................................... 
 
21 
Apresentação da aula 2.............................................................................. 
 
21 
 2.1 Política e poder - uma relação indissociável............................. 
 
22 
 2.1.1 Democracia............................................................................ 
 
25 
 2.1.2 Possibilidades de discussão democrática na gestão dos 
sistemas de ensino e das escolas............................................................... 
 
27 
 2.3 Rotatividade no quadro de dirigentes da Escola........................ 
 
31 
 2.3.1 Constituição Federal de 1988 e a Democracia...................... 
 
32 
Conclusão da aula 2.................................................................................... 
 
33 
Aula 3 - A organização do Estado brasileiro e sua relação com a 
estrutura da educação brasileira ................................................................ 34 
Apresentação da aula 3.............................................................................. 
 
34 
 3.1 Organização do Estado brasileiro.............................................. 36 
 3.1.1 Estrutura da educação no Brasil e as responsabilidades 
educacionais dos entes federados.............................................................. 
 
38 
 3.1.2 Síntese da estrutura educacional do Brasil............................. 
 
39 
 3.2 Responsabilidades educacionais dos entes federativos............ 
 
40 
Conclusão da aula 3.................................................................................... 
 
46 
Aula 4 - Conceitos de regime de colaboração, municipalização, 
descentralização e desconcentração.......................................................... 
 
47 
 
6 
 
Apresentação da aula 4.............................................................................. 
 
47 
 4.1 Regime de colaboração entre os entes federados.................... 
 
48 
 4.1.1 Constituição, LDB e o regime de colaboração........................ 
 
48 
 4.1.2 Regime de colaboração no financiamento da educação........ 
 
51 
 4.1.3 Municipalização, descentralização e desconcentração.......... 
 
52 
 4.1.4 Municipalização....................................................................... 
 
53 
 4.5 Descentralização e desconcentração........................................ 
 
57 
Conclusão da aula 4.................................................................................... 
 
59 
Aula 5 - O Plano Nacional de Educação: metas para a educação 
brasileira...................................................................................................... 60 
Apresentação da aula 5.............................................................................. 
 
60 
 5.1 Plano Nacional de Educação: aspectos gerais.......................... 
 
61 
 5.1.1 Metas do Plano Nacional de Educação.................................. 
 
66 
 5.1.2 Educação básica no PNE........................................................ 
 
66 
 5.1.3 Educação Superior no PNE.................................................... 
 
69 
 5.1.4 Demais tópicos do PNE.......................................................... 
 
70 
Conclusão da aula 5.................................................................................... 
 
73 
Aula 6 - Financiamento da educação, divisão de responsabilidade e 
fundos públicos........................................................................................... 
 
73 
Apresentação da aula 6.............................................................................. 
 
73 
 6.1 Constituição Federal e LDB – financiamento como premissa 
para a qualidade da educação....................................................................75 
 6.1.1 Financiamento e educação de qualidade na LDB................... 
 
77 
 6.1.2 Breve histórico do financiamento da educação no Brasil e a 
política de fundos........................................................................................ 
 
78 
 6.1.3 Manutenção e desenvolvimento do ensino............................. 
 
84 
 Conclusão da aula 6.................................................................................. 
 
85 
Aula 7 – Reformas educacionais no Brasil.................................................. 
 
86 
 
 
7 
 
Apresentação da aula 7.............................................................................. 
 
86 
 7.1 Reformas educacionais – histórico da política educacional até 
1988............................................................................................................ 
 
86 
 7.1.2 Reformas educacionais dos anos 1990.................................. 
 
93 
Conclusão da aula 7.................................................................................... 
 
98 
Aula 8 - Qualidade da educação e atuais políticas educacionais para a 
Educação Básica e Superior....................................................................... 
 
99 
Apresentação da aula 8.............................................................................. 
 
99 
 8.1 O que é qualidade?.................................................................... 
 
100 
 8.1.1 Preceitos legais da educação de qualidade............................ 
 
100 
 8.1.2 Qualidade em educação – linhas gerais................................. 
 
105 
 8.1.3 Dimensões históricas da qualidade em educação.................. 
 
105 
 8.1.4 Breve histórico do surgimento das avaliações em larga 
escala.......................................................................................................... 
 
107 
 8.1.5 Avaliações em larga escala no Brasil...................................... 
 
107 
 8.1.6 Indicadores da educação brasileira......................................... 
 
110 
 8.1.7 Surgimento da prova Brasil e do índice de desenvolvimento 
da Educação Básica.................................................................................... 
 
110 
 8.1.8 Formulação do Ideb e crítica da literatura acadêmica…......... 
 
112 
 8.2 Outros indicadores..................................................................... 
 
114 
 8.2.1 Alguns resultados do Ideb....................................................... 
 
115 
 8.2.2 Outras políticas educacionais na atualidade........................... 
 
116 
Conclusão da aula 8.................................................................................... 
 
120 
Índice Remissível........................................................................................ 
 
121 
Referências................................................................................................. 
 
125 
 
 
 
 
 
8 
 
Prefácio 
Olá, estudante, seja muito bem-vindo! É um grande prazer ter você 
em uma caminhada em busca do conhecimento. A disposição em ser, em 
um futuro próximo, um educador ou educadora exige bastante dedicação e 
muita responsabilidade. Afinal de contas, qual é o papel do professor? E o 
do pedagogo? 
Claro que o papel social da escola teve um crescente aumento nas 
últimas décadas, fruto de vários sujeitos de direito que, anteriormente, não 
tinham pessoas com acesso à educação em suas famílias, 
consequentemente, não criaram uma cultura escolar que, aliada a uma série 
de outros fatores intraescolares e extraescolares, culminaram na instituição 
de ensino, principalmente pública, cujas atribuições vão além de ensinar. 
Nesse sentido, o novo profissional de educação precisa estar ciente 
de que, apesar das outras funções delegadas ao atual sistema de ensino, 
permanece a nossa principal função: que o aluno aprenda. Eis, então, a 
nossa grande responsabilidade: ensinar. 
Então, em que uma disciplina de Políticas Educacionais pode nos 
ajudar? No contexto da era dos direitos, estes são comumente regulados por 
legislações e regulamentados por uma série de outros documentos 
normativos. Soma-se a isso a análise da ação do Estado para garantir o 
direito à educação da nossa atividade profissional. 
Portanto, estudar Políticas Educacionais significa, acima de tudo, 
avaliar como o Estado age (ou não) perante a demanda educacional, que, 
como se sabe, vai além de apenas ofertar a vaga. 
Mais do que isso, o acesso sem permanência e condições de 
qualidade é um direito dado pela metade. Convido você a conhecer a Política 
Educacional e, apesar das dificuldades que advirão, ter resiliência e foco 
para, juntos, fazermos esta caminhada, na certeza do sucesso e do 
aprendizado. 
Bons estudos! 
 
 
9 
 
 Aula 1 – O Estado Moderno: surgimento, consolidação e algumas 
concepções 
Apresentação da aula 1 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo (a) à primeira aula da disciplina de 
Políticas Educacionais. Nela, veremos o histórico do surgimento do Estado 
Moderno e as concepções que orientam os governantes na administração 
dele. 
O Brasil é, segundo a Constituição Federal de 1988 (CF/88), um 
Estado Democrático de Direito. Em outras palavras, de acordo com a referida 
Carta Magna, todo poder emana do povo, por intermédio da eleição de seus 
representantes. 
Para o entendimento do Estado Moderno, faz-se necessário fazer um 
breve histórico de como ele se constituiu e conhecer as concepções que 
orientam os governantes na sua administração. Também vamos estudar as 
características do atual modelo de Estado da grande maioria dos países, que 
têm aspectos em comum. 
 
1.1 Do surgimento às características do Estado Moderno e suas 
concepções 
 
Em políticas educacionais, todo e qualquer assunto terá o Estado 
como seu terreno de atuação. É ele que incentiva as políticas públicas e a 
sua complexidade dá-nos um importante campo de análise. 
Max Weber vai aliar o capitalismo ao surgimento e fortalecimento do 
Estado Moderno. Para o autor, um não surgiria, tampouco sobreviveria, sem 
o outro, pois o capitalismo que conhecemos atualmente deriva de uma 
racionalidade técnica, organização burocrática e contábil que só o Estado 
poderia regular. 
 
 
10 
 
Vocabulário 
Racionalidade técnica: está relacionada às relações de poder, interesses 
e hábitos específicos e baseia-se no treinamento das habilidades. 
 
Não existe uma data precisa sobre a consolidação do Estado, mas é 
certo que, olhando para a cronologia, podemos observar alguns momentos 
em que essa instituição foi se construindo. Primeiramente, a unificação de 
principados, ocorrida ainda na Idade Média, reduz uma série de povoados 
governados autoritariamente por um príncipe, em um Estado com um 
território, mas em constante disputa com outros Estados pela anexação de 
outras terras. 
Posteriormente, esse Estado absolutista, em que era central a figura 
do governante, e somente os nobres eram considerados cidadãos, começa 
a ser pressionado pela nova classe social, a burguesia, formada de 
pequenos comerciantes e camponeses que passam a ter maiores condições 
financeiras e, nesse sentido, a se diferenciar economicamente de boa parte 
da população. 
Essa nova classe passa a entender que, pela sua condição 
econômica, teria os mesmos direitos que a nobreza. 
 Aliado ao descaso das cortes dos príncipes, que gastavam muito 
dinheiro do Estado na manutenção de sua luxúria, esse conflito é 
simbolizado pela Revolução Francesa de 1789, que culmina na decapitação 
de seu monarca absolutista e inspira os princípios da liberdade, igualdade 
e fraternidade. 
 
Vocabulário 
Luxúria: atração pelos prazeres carnais;comportamento desmedido em 
relação aos prazeres sexuais; lascívia. 
Monarquia absolutista: forma de governo monárquico ou monarquia, na 
qual o monarca ou rei exerce o poder absoluto, isto é, independente e 
superior ao poder de outros órgãos do Estado. 
 
11 
 
 
É nesse percurso, que não é necessariamente linear, que o Estado 
se solidifica e, com as revoluções marxistas do século XIX, a necessidade 
de que o Estado intervisse em políticas sociais, entre elas a educação, 
culminam, em particular no século XX, em algumas concepções de Estado, 
aliadas diretamente ao modelo político-partidário, à medida que este se 
funda, em particular no caso brasileiro. 
Gianfranco Poggi faz uma discussão interessante em sua obra A 
Evolução do Estado Moderno. Em primeiro lugar, porque não trata a 
“evolução” de forma cronológica e linear. Em segundo lugar, ao relacionar 
política de Estado externa e interna, confrontando pontos de vista diferentes 
(Schmidt e Easton), cria um ponto de vista próprio. 
Sobre o ponto de vista externo, para Poggi (1981, p. 97), “todo e 
qualquer Estado existe, em primeiro lugar, na presença de outros Estados 
como ele e em competição com ele”. 
Essa ideia leva a dois conceitos: o de preservação de integridade e 
autonomia, por meio da segurança externa, interna e competição nas 
diversas áreas internas (social, econômica, educacional, bélica, entre 
outras). 
Essa competição era constante, em particular, na anexação de 
territórios, o que influenciou diretamente a necessidade de armamento e 
força militar para a manutenção da sua soberania. 
Sobre o ponto de vista interno, Poggi (1981) se baseia em Easton ao 
projetar a concepção do processo político de alocação de objetos valiosos 
limitados como caracterização de Estado. 
Consideram-se três modos básicos de estruturação desse processo: 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
O de costume, em 
que existe uma 
compreensão 
universal de 
prioridades. 
O de troca, em 
que se trocam 
objetos valiosos. 
O de ordem, em 
que a alocação é 
um movimento 
com expressiva 
ordem de alguém. 
 
12 
 
Assim, a política “trata da alocação e manipulação de um recurso”, 
resumida em prioridades. Mas, o que é esse Estado? Pierre Bourdieu tem 
como um dos pilares na sua teoria a ideia de campo. De fato, o Estado 
necessita de um povo vivendo em sociedade, a qual, segundo Bourdieu 
(2008), tem a característica de um espaço social, uma estrutura de 
diferenças. 
Essas estruturas têm um princípio de distribuição das formas de 
poder, e somente com esse entendimento se consegue entrar na ideia de 
espaço social como campo. 
Segundo Bourdieu (2001), os campos não são estruturas fixas, são 
produtos históricos resultantes do modo como foram constituídos. Bourdieu 
descreve o espaço social global como campo, 
 
Ao mesmo tempo como um campo de forças, cuja necessidade se 
impõe aos agentes que nele se encontram envolvidos, e como um 
campo de lutas, no interior do qual aos agentes se enfrentam, com 
meios e fins diferenciados, conforme sua posição na estrutura do 
campo de forças, contribuindo assim para conservação ou 
transformação da sua estrutura (2008, p. 50). 
 
O Estado também é um espaço social, logo, um campo. Ainda que 
Nicos Poulantzas não se refira a campo com a mesma definição científica de 
Bourdieu, esse autor relaciona o Estado com o conjunto do campo de lutas 
(POULANTZAS, 1985, p. 55), condensação, lugar de encontro de forças, 
onde se gera política, o que nos leva a uma ideia de tensão, um espaço de 
disputa. 
 Poulantzas (1985) relaciona o Estado a uma “ossatura material 
própria que não pode de maneira alguma ser reduzida à simples dominação 
política”. 
Esse autor retrata bem esse tensionamento no interior do Estado, ao 
relatar que: 
 
É preciso abandonar definitivamente uma visão de Estado como 
um dispositivo unitário de alto a baixo, fundamentado numa 
repartição hierárquica homogênea dos centros de poder, em 
escala uniforme [...] A homogeneidade e a uniformidade do 
exercício do poder estariam garantidos pela regulamentação 
jurídica interna ao Estado [...]. Essa imagem é inteiramente falsa: 
o que não quer dizer, certamente, que o Estado atual não possua 
 
13 
 
uma trama hierárquica e burocrática. (POULANTZAS, 1985, p. 
153-154). 
 
Ainda que Poulantzas não reduza a existência de Estado a um corpo 
burocrático, ele não descarta que o tenha. Poggi (1981) trata o assunto, 
ainda que de forma mais simples, falando do Estado como um corpo que 
“está internamente estruturado com uma organização formal e complexa”, 
cuja complexidade não está só nas relações sociais, mas também nas 
práticas burocráticas do aparelho estatal. 
Vocabulário 
Aparelho estatal: conjunto dos órgãos que representam o poder de um 
Estado. 
 
Max Weber (1994) descreve algumas características de um quadro 
administrativo burocrático, como pessoas livres e dedicadas ao ofício, 
nomeadas, com competências funcionais fixas, qualificadas 
profissionalmente, remuneradas em dinheiro, com perspectiva de carreira e 
submissão a um sistema rigoroso de disciplina e controle do serviço. 
É claro que, quando Weber fala em burocracia, ele se refere a um tipo 
ideal, de ordem impessoal, que seria o pilar da forma mais racional de 
dominação com níveis de rendimento e desempenho superiores, em 
decorrência da “precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiabilidade” 
(WEBER, 1994, p. 145). 
Ferraz (2011) destaca o papel do Estado Moderno como um “locus 
privilegiado de poder e uma função gerencial, reguladora ou política de 
fixação dos parâmetros de igualdade, assim como das ações para melhor 
promovê-la”. 
Ainda que Weber (1994) tenha colocado o Estado como possuidor do 
monopólio da violência legítima e formado por um corpo de servidores 
especializados (burocratas), o Estado Moderno evolui a ponto de que essas 
características, fundantes como poder social, não sejam únicas como 
 
14 
 
espaço de disputa. Poggi (1981) relaciona cinco características gerais do 
processo político dentro do Estado: 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
Em resumo: 
 
 A civilidade representa o controle do aparelho opressor e, 
consequentemente, a paz no Estado; 
 A pluralidade de focos remete para a alocação de valores; 
 As metas irrestritas conduzem aos alvos a ser legitimamente 
revisados pelo aparelho estatal; 
 A controvérsia é em relação ao confronto de interesses e às 
prioridades pela pluralidade de focos; 
 A centralidade das instituições representativas refere-se ao 
parlamento e à vida de negociações, enfatizando que o Estado 
só faz o que a lei permite. 
 
Essas características revelam a pluralidade do Estado, como 
prioridades, metas, o direito positivado e o conflito de ideias, ou em uma 
arena pública de debate institucionalizada e regulamentada, ou não. 
É nessa arena de disputa que a educação está inserida. Ainda que no 
caso brasileiro o direito à educação tenha sofrido um processo de evolução 
não linear e a conquista de sua declaração seja resultado de muita luta, de 
fato, hoje, a educação está na agenda de discussão, quando se discute os 
rumos da prioridade governamental. 
Além disso, a observação e a análise jurídica nos permitem sintetizar, 
conforme o Quadro 1.1, as características básicas do Estado Moderno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pluralidade 
de focos 
M etas 
irrestritas 
Controvérsia 
Centralidadedas instituições 
 
 
Civilidade 
 
15 
 
Quadro 1.1 – Características do Estado Moderno 
Função Objetivo 
Território 
Delimitação dos limites territoriais e, consequen-
temente, da autonomia do Estado nesses territórios. 
Monopólio da 
violência legítima 
e controle do 
aparelho opressor 
Um corpo especializado de forças auxiliares e 
militares, com objetivo de proteger a soberania do 
Estado, externamente, e o cumprimento das leis e 
da ordem pública, internamente. 
Aparato legal e 
jurídico 
Poder apartidário responsável pela interpretação 
das leis. 
 Pluralidade de 
focos e metas 
irrestritas 
Pela complexidade do Estado, várias são suas 
prioridades, que perpassam desde a regulação da 
economia, às políticas sociais e ao atendimento da 
demanda social nas diversas esferas. 
 Espaço de disputa 
e controvérsia 
A disputa pelo fundo público, pelas prioridades, 
pelo Poder e a divergência de ideias sobre as 
prioridades do Estado estão sempre na agenda de 
discussão. 
Regulação É o Estado que elabora e sanciona as leis, que 
devem ser cumpridas. 
 
Corpo burocrático 
especializado 
O funcionamento do Estado necessita de um corpo 
burocrático que, por meio de sua especialização, 
administre as finanças e gerencie todas as 
atividades. 
 
Diversidade e 
diferenciação 
Um Estado Moderno é marcado pelas diferenças, 
que demandam ações diferentes. Além disso, no 
caso brasileiro, a desigualdade demanda ações que 
visam diminuir esse abismo, exigindo políticas 
públicas. 
Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
Não é uma definição que se esgota por aqui, pois, devido à 
complexidade do Estado, é difícil defini-lo apenas em um quadro. 
Todavia, as funções listadas indicam como é complexa a referida instituição. 
A seção seguinte visa discutir as concepções que possam delimitar a 
administração e o gerenciamento do Estado Moderno. 
 
16 
 
1.2 Algumas concepções de Estado 
 
Conforme foi dito anteriormente, o surgimento e a consolidação do 
Estado Moderno trouxeram consigo algumas concepções de como a 
instituição lida com a administração e as prioridades do Estado. 
 
A Teoria Geral do Estado costuma atribuir três tipos de 
concepções: organicista, contratualista e formalista. 
 
 
Concepção organicista 
Coloca o Estado como superior e anterior ao 
indivíduo e funciona como um corpo, com 
órgãos que não podem ser separados entre si, 
com origem grega (Platão e Aristóteles). 
 
 
Concepção contratualista 
Alega que o Estado é obra humana, ou seja, suas 
características foram concebidas pelos 
indivíduos, é a concepção própria dos estóicos, 
filósofos que se utilizavam da lógica. 
 
 
Concepção formalista 
Difere das duas anteriores concepções, pois 
entende que o Estado não passa de um 
ordenamento jurídico centralizado, e a 
ordenação coercitiva é baseada no direito. 
 Fonte: elaborado pelo autor (2017), adaptado pelo DI (2019). 
 
As duas primeiras concepções, apesar de conceituadas 
filosoficamente de forma diferente, reconhecem que o Estado tem soberania, 
povo e território, ou seja, há um aspecto sociológico reconhecido em ambas 
as concepções. 
No Estado moderno, existe uma série de correntes teóricas. No 
entanto, aqui, abordaremos as duas correntes mais contemporâneas: o 
Estado de Bem-Estar Social e o Neoliberalismo. 
Observamos que o aumento da complexidade do Estado sempre foi 
uma caraterística marcante (POGGI, 1981). Como exemplo dessa 
abordagem, há a corrente teórica de Estado, dominante até o final da década 
de 1970, denominada de Welfare State, ou Estado de Bem-Estar Social ou, 
em algumas nomenclaturas, de social-democrata. 
 
17 
 
Essa corrente teórica do Estado de Bem-Estar Social consistia em dar 
uma resposta à demanda por políticas voltadas para o fornecimento de 
serviços sociais (ARRETCHE, 1995). 
No entanto, tanto a corrente social-democrata quanto a neoliberal são 
baseadas em políticas que surgem aos poucos como resultado da 
necessidade de sobrevivência dos pobres, que são intensificadas desde o 
final do século XIX até sua grande abrangência, após 1960, em boa parte 
dos países. 
Na concepção social-democrata defendida pelos social-reformistas e 
trabalhistas, o Estado não deveria ser destruído, como pregavam os 
anarquistas, por exemplo, e sim deveria haver uma reorientação com vistas 
à implementação de políticas públicas que visassem ao bem comum, 
combatendo a desigualdade social e a pobreza. 
Isso seria o que, atualmente, conhecemos como programas sociais, 
voltados à urbanização, educação, saúde, habitação, alimentação, 
buscando, a longo prazo, a redução da miséria. 
Essa concepção começou a ser questionada em meio à crise do 
petróleo de 1979. 
A Teoria Geral do Estado costuma atribuir três tipos de 
concepções: organicista, contratualista e formalista. 
 
A expansão dos gastos na 
área social. 
 
 
O possível déficit 
dos Estados. 
 A forma de 
organização e de 
financiamento dos 
programas sociais. 
 Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
Em decorrência disso, a crise financeira, que não poderia suportar o 
financiamento dos programas sociais, a burocratização e a centralização 
excessiva, levou à perda de eficácia social e ao aumento dos conflitos 
sociopolíticos por causa da baixa capacidade de resistência da opinião 
pública. (DRAIBE; HENRIQUE, 1988). 
Nisso, surge o neoliberalismo com maior ênfase, e Ball (2014), com 
uma visão mais contemporânea, se fundamenta em autores que discutem o 
 
18 
 
neoliberalismo, no sentido de se pensar a respeito das novas redes políticas, 
do imaginário neoliberal e das suas implicações na educação. 
Na definição proposta por aquele autor, com base em outros 
pesquisadores, o neoliberalismo é definido como: 
 
Nem como doutrina econômica nem como um conjunto definido 
de projetos políticos. Pelo contrário, eu trato o neoliberalismo 
como um conjunto complexo, muitas vezes incoerente, instável e 
até mesmo contraditório de práticas que são organizadas em 
torno de certa imaginação do “mercado” como base para a 
“universalização das relações sociais baseadas no mercado, com 
a correspondente penetração em quase todos os aspectos de 
nossas vidas, do discurso e/ou das práticas de mercantilização, 
de acumulação de capital e de geração de lucros”. (WOOD apud 
BALL, 2014, p. 25). 
 
 
Ball (2014, p. 25) descreve que tal visão “reconhece tanto as relações 
materiais quanto as sociais envolvidas que são, ao mesmo tempo, o foco 
neomarxista sobre a economização da vida social e a criação de novas 
oportunidades de lucro”. 
Moraes (2002) refere que, em determinado momento, a burocracia 
como um empecilho à agilidade e eficiência, o desprezo pelos resultados, a 
morosidade, a busca por mais poder, o isolamento perante a cobrança por 
eficiência, entre outras, acabou por se transformar em características 
atribuídas ao serviço público. 
Em paralelo, a desqualificação do Estado, em relação ao seu controle 
fiscal e à oferta de serviços, ganhou popularidade. 
 Concomitantemente, a descentralização de operações do Estado 
ganhou importância, o que não impediu de ele manter o poder normativo, a 
formulação de regras paramétricas de políticas públicas, a distribuição de 
recursos e as políticas de avaliação de desempenho. 
 
Vocabulário 
Paramétrico: tudo aquilo que contém um ou mais parâmetros a serem 
seguidos. 
 
19 
 
Na prática, a ideia dos neoconservadores era desqualificar os 
serviços puramente estatais e fundamentar o conceito do serviço privado 
como prática mais eficiente e de maior qualidade. 
Assim, para a teoria neoliberal, não era o capitalismo que estava em 
crise, e sim o Estado. Para as autoras Peroni, Oliveira e Fernandes (2009), 
a estratégia, portanto, era reformar o Estado e diminuir o tamanho de sua 
atuação para superara crise. 
Para os neoliberais, ao mercado coube a função de superar as falhas 
do Estado, baseadas nos gastos excessivos com políticas sociais e a 
regulamentação da economia, que restringiu a livre iniciativa. 
Assim, nos anos de 1980, o tatcherismo e o regganismo, referências 
a Margaret Thatcher e Ronald Reggan, respectivamente como Primeira-
Ministra da Inglaterra e Presidente dos Estados Unidos da América na 
década de 1980 por dois mandatos, consolidaram as políticas neoliberais, 
com a intenção de reduzir o papel do Estado por meio da criação de quase 
mercados nos serviços públicos (entre eles a educação). 
A mudança de postura política do Estado passa a propor o que se 
chama de Estado Mínimo, ou seja, a prestação de serviços mínimos à 
população, reduzindo o investimento em políticas sociais, com incentivo 
evidenciado à iniciativa privada. (BARROSO, 2005). As duas potências 
mundiais, EUA e Inglaterra, influenciaram uma série de outros países em 
sua nova política econômica. 
Nesse processo de expansão das ideias neoliberais, em 1986, 
aconteceu o encontro denominado “Consenso de Washington” (BARROSO, 
2005), onde as ideias propostas pelos países participantes foram adotadas 
como modelos, por organizações internacionais importantes, como o Fundo 
Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (BM) e a Organização para 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 
Assim, surgiram propostas de financiamento por parte desses 
órgãos, mediante o cumprimento de metas por eles propostos. Segundo 
Moraes (2002), esse neoliberalismo, que tem como princípio inicial a ação 
na economia, acaba por aumentar o domínio do mercado, sendo o condutor 
 
20 
 
da realocação de recursos, distribuição de serviços, bens, rendas, além de 
financiador de engenhos, da ciência e entre outros. 
Portanto, resume-se essa discussão em duas vertentes: uma histórica 
e outra conceitual. Sobre a histórica, pudemos perceber, ainda que de forma 
pouco aprofundada, que o neoliberalismo teve influência nas políticas sociais 
e, consequentemente, educacionais. Sobre a conceitual, trabalhamos em 
duas frentes de conceito: Estado de Bem-Estar Social e Estado Neoliberal. 
O primeiro tem por objetivo atribuir ao Estado o papel de provedor das 
políticas sociais, entre elas a educação e, nesse sentido, o Estado age com 
maior influência. 
Além disso, como interventor, atua na regulação da economia com 
maior ênfase que a segunda concepção estatal. O segundo atribui à 
instituição o conceito de Estado Mínimo, com menor influência nos serviços 
públicos, mais privatizador e que deixa o aspecto econômico ser regulado 
pelo mercado. 
Ressalta-se que existem outras correntes teóricas de Estado, mas 
que, atualmente, poucos países adotam esse modelo, como o Totalitarismo, 
conduzido por um líder máximo, na perspectiva do Estado Total, ou seja, em 
que um líder é o centro e toda a massa se submete a ele, assim como todo 
o aparato da sociedade, que está sob seu comando. Como exemplo, temos 
o fascismo, o nazismo e o Stalinismo, que, apesar de ideologias diferentes, 
foram exemplos desse modelo estatal. 
Absolutismo é uma perspectiva na qual havia a necessidade de um 
Príncipe, um monarca, que seria o centro das leis e de toda a sociedade. Há 
autores, como Thomas Hobbes, que escreveram que a sociedade era regida 
por contrato, onde se comprometia a ser submissa ao soberano. Nicolau 
Maquiavel, no século XVI, defendia um Estado forte, amoral, e como um 
Príncipe absolutista no comando. 
Já Anarquismo defende a ausência do Estado. Para os anarquistas, 
o Estado não passa de uma fonte de opressão, seja ela comandada pela 
elite ou pelo proletariado. 
Por fim, o liberalismo via o Estado como um mal necessário e que 
deveria ficar longe dos negócios e dos mercados, defendendo a separação 
 
21 
 
dos três poderes autônomos (Executivo, Legislativo e Judiciário). O 
liberalismo democrático, em que, basicamente, fundamenta a democracia, e 
o marxismo, doutrina trabalhada por Karl Marx, que entendia que esse 
modelo de Estado só atendia à classe dominante, devendo ser substituído 
por uma Ditadura do Proletariado e, posteriormente, à medida que o 
comunismo fosse instaurado e as classes abolidas, o Estado também seria 
extinto. 
 
Conclusão da aula 1 
 
Percebe-se que a densidade dos Estados Modernos é caracterizada 
pela complexidade das funções que foram adquiridas historicamente. Além 
disso, as concepções e teorias do Estado são importantes, pois é a partir 
delas que um determinado grupo de governantes orientará suas ações. 
 
 Atividade de aprendizagem 
 
Nesta aula, estudamos duas concepções de Estado complexas: o 
Estado de Bem-Estar Social e o Neoliberal. Nesse sentido, como você 
avalia a questão de a educação pública ser ofertada com mais 
qualidade? Escreva sobre isso. 
 
 
 
 
Aula 2 – Política, poder e democracia 
 
Apresentação da aula 2 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo (a) à segunda aula da disciplina de 
Políticas Educacionais. Nela, veremos os três conceitos da política 
educacional. 
 
22 
 
São três os conceitos fundamentais para o entendimento da política 
educacional: Política, Poder e Democracia. Apesar de haver uma série de 
definições, faz-se necessário que a nossa disciplina adote algumas delas, 
de modo a nos permitir conhecer um pouco sobre as ações do Estado na 
execução das políticas públicas. 
Quem faz política tem por objetivo o Poder e, neste sentido, se faz 
necessária a compreensão de como se dá essa relação. 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
2.1 Política e poder - uma relação indissociável 
 
A política está diretamente relacionada às relações de disputa de 
poder, conceito que, para Weber (2002, p. 97), se define como “a 
oportunidade existente dentro de uma relação social que permite a alguém 
impor a sua própria vontade mesmo contra a resistência e 
independentemente da base na qual esta oportunidade se fundamenta”, ou 
seja, exercer o poder significa impor sua vontade a outrem, 
independentemente da vontade do outro. 
Nem sempre o poder é exercido com legitimidade, e as ações políticas 
são definições mais abrangentes, pautadas nas negociações 
governamentais, sejam em reivindicações individuais, sejam coletivas 
 
23 
 
(associações, sindicatos, e entre outros), ou na manutenção da ordem e 
estabilidade estatal. 
Weber (2011, p. 67) define política como “o conjunto de esforços feitos 
com vistas a participar do poder ou influenciar a divisão do poder, seja entre 
Estados, seja no interior de um único Estado”. Em suma, segundo o autor, 
“todo homem que se entrega à política aspira ao poder”, em outras palavras, 
fazer política é “sentar-se à mesa”, coloquialmente falando. 
Nesse sentido, o poder, definido por Weber, pode ser melhor 
explicitado, tendo em vista que, até para o próprio autor, fazer o que as 
pessoas querem que você faça, independentemente da vontade delas, não 
é a única forma de exercer o poder. 
Em Weber (2002, p. 97), entende-se o conceito de dominação como 
um tipo particular de poder, como “a oportunidade de ter um comando de um 
dado conteúdo específico, obedecido por um dado grupo de pessoas”. 
Weber (1994) descreve dominação como a probabilidade de 
conseguir obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de 
determinado grupo de pessoas. A relação de dominação se faz na crença da 
legitimidade, e a natureza desta define o tipo de obediência e o quadro 
administrativo que a vai manter. 
Ainda segundo Weber (1994, 2008), existe uma dominação do Estado 
em relação aos seus habitantes. Para ele, o Estado só pode existir sob a 
condição de que “os homens dominados se submetam à autoridade 
continuamente reivindicada pelos dominadores”. (WEBER, 2011, p. 67-68).Apesar de se limitar a três tipos puros de dominação, racional-legal, 
carismática ou tradicional, o autor declara que as dominações raramente se 
encontram em tipos puros. 
Uma vez que a natureza da legitimidade define o tipo de dominação, 
Weber (1994, p. 141) apresenta três fundamentos de legitimidade, 
considerando que os tipos puros legitimam a dominação e a obediência: 
 
De caráter racional: baseada na crença da legitimidade das 
ordens estatuídas e do direito de mando daqueles que, em virtude 
dessas ordens, estão nomeados para exercer a dominação 
(dominação legal). De caráter tradicional: Baseada na crença 
cotidiana da santidade das tradições vigentes desde sempre e na 
 
24 
 
legitimidade daqueles que, em virtude dessas tradições, 
representam a autoridade (dominação tradicional). De caráter 
carismático: baseada na veneração extracotidiana da santidade, 
do poder heroico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das 
ordens por ela reveladas ou criadas (dominação carismática), 
(WEBER, 1994, p. 141). 
 
Portanto, esse tipo “especial” de poder é interessante para se pensar 
no Estado Moderno, já que a sociedade, de modo geral, vive sob regras 
estabelecidas por ele e, consequentemente, costuma segui-las. 
Quando isso não acontece, a dominação deixa de ser o poder 
exercido, o instrumento legal, jurídico do monopólio da violência que age de 
forma a obrigar o sujeito a seguir as normativas do Estado, culminando no 
tipo de poder de mando. 
Ainda que a dominação não seja um tipo de poder coercitivo, e sim 
legitimado, não é a única forma de poder. Como bem define Souza (2007, p. 
137), há uma “face obscura, sempre presente, e legítima, mas de percepção 
menos evidente”, que Pierre Bourdieu define como Poder Simbólico. 
Para o sociólogo francês Bourdieu (2004, p. 7-8), o referido termo se 
define como “esse poder invisível, que só é exercido com a cumplicidade 
daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o 
exercem”. 
Souza (2007) comenta esse tipo de poder, particularizando questões 
como o coletivo de professores e suas ideias para os pais/responsáveis das 
crianças, e a imposição de ideias de uma diretora que, eventualmente, não 
é contestada pelo Poder Simbólico, indo até questões de gênero, como a 
frequente masculinização das posições de chefia, como resultado do papel 
construído pela sociedade em relação à posição do homem e da mulher. 
No conceito de Bourdieu, o Poder Simbólico é pouco aplicável à 
disputa política no interior do Estado, pois tais disputas visam a um lugar de 
destaque no poder de mando e, eventualmente, de dominação legítima. 
Ainda assim, esse poder se manifesta em algumas relações entre 
técnicos de secretarias de educação e professores, uma vez que não há um 
poder de mando específico, mas invisível, que alguns docentes não fazem 
questão de saber quem o exerce. 
 
25 
 
Ademais, compreendendo essa relação entre política e poder, 
passaremos a ver o que é democracia e como ela se dá no Estado Moderno. 
 
2.1.1 Democracia 
 
Inicialmente, a democracia formal envolve o pressuposto do respeito 
à maioria. Todavia, a assunção de determinado sujeito, por meio da 
democracia ou não, envolve política e busca o poder, o que não é tão simples 
assim. 
O princípio democrático é o diálogo, a alteridade, pensar e refletir 
sobre a opinião dos outros, buscar argumentos para defender a sua, ou seja, 
em um contexto onde as pessoas são pouco politizadas, eventualmente, 
elas se reúnem em defesa de uma ideia e, por meio da força da maioria, 
conseguem seus objetivos, que é o poder. 
A democracia pode se tornar mais “violenta” que um poder ditatorial, 
por exemplo. 
 
Vocabulário 
 Alteridade: circunstância, condição ou característica que se desenvolve 
por relações de diferença, de contraste. 
 
Pensar democraticamente é, inicialmente, entender que o diálogo, o 
debate, é condição para que esta se efetive. Souza (2007) utiliza a 
expressão “mais ou menos democrático”, no sentido de que, no caso de sua 
discussão, a gestão de uma escola, por exemplo, pode ter um maior ou 
menor nível de democracia. 
Norberto Bobbio, citado por Souza (2007, p. 147), define a 
democracia como algo instrumental: 
 
Um conjunto de regras e procedimentos para a formação de 
decisões coletivas, em que está prevista e facilitada mais ampla 
possível dos interessados”, ou ainda “a democracia é 
caracterizada por um conjunto de regras (primárias ou 
fundamentais) que estabelecem quem está autorizado a tomar 
decisões coletivas e com quais procedimentos. 
 
26 
 
 
Nesse sentido, não existe democracia sem regras e procedimentos, 
sem um corpo especializado de funcionários que possam definir e controlar 
os respectivos procedimentos. 
Considera-se, então, que a burocracia em Weber (1994), tida como o 
tipo mais efetivo de dominação, tem como base um corpo técnico 
especializado que domina e segue à risca um conjunto de regras, sem 
envolvimento político, e uma estrutura fundamental para efetivar a 
democracia, pelo menos em termos de organização. 
Voltando-se para a obra de Bobbio (2000), ele entende a democracia 
como um tipo de relação social que se construiu no interior do Estado 
Democrático de Direito, no entanto, apesar de seu caráter de representação, 
apresenta uma série de problemas, como, por exemplo, a sua efetivação em 
termos de rotatividade de dirigentes ou de grupos políticos. 
Ao se observar os grupos políticos que comandam a administração 
pública e o legislativo em nosso país, nota-se que eles se mantêm e se 
repetem no poder e, dificilmente, são renovados, o que caracteriza uma 
espécie de poder simbólico, uma vez que, mesmo em um quadro político 
que dificilmente se transforma, os cidadãos votam nos mesmos que há anos 
estão no poder. 
Souza (2007) dialoga com Bobbio e comenta sobre o tema, dizendo 
que, em uma democracia real, ela deveria ter como ponto de chegada a 
diminuição e, eventualmente, a superação das desigualdades sociais. 
Afinal, segundo aquele autor, são essas desigualdades que fazem 
com que a democracia seja menos efetivada, uma vez que, apesar do voto 
universal, o menor capital cultural e a reduzida educação política acabam 
por diminuir a vontade política do sujeito. 
O histórico da democracia no Brasil deve ser levado em consideração. 
 
 
 
 
 
27 
 
 Importante 
Ferraz (2011, p.15) considera que nem com muita boa vontade os períodos 
Imperial e colonial podem ser chamados de democráticos. 
 
Posteriormente a isso, na fase da Primeira República, não houve a 
conclusão dos mandatos de praticamente nenhum presidente, pois, mesmo 
sendo eleitos, seus votos eram obtidos à base da força, o que a história 
chamou de “voto de cabresto”. E essa cultura brasileira, de pouca intimidade 
com a democracia, estendeu-se durante boa parte do século XX. 
Ferraz (2011) dialoga em seu texto com Francisco de Oliveira e 
percebe que, entre golpes e ações antidemocráticas de assunção do poder, 
o Brasil se caracteriza em seu percurso histórico como um país 
desacostumado à democracia. 
De fato, se pensarmos desde 1937 até 2000, o nosso país tem 
apenas 27 anos de democracia na eleição do Presidente da República, por 
exemplo, visto que, nesse período, tivemos duas ditaduras militares, 
somando 29 anos; um mandato de 5 anos por eleição indireta; e um 
mandato de 2 anos, com o impeachment do ex-presidente Fernando Collor 
de Mello. 
Com isso, resta-nos entender como é que a democracia pode ser um 
fator agregado à discussão das políticas educacionais, seja no interior da 
instituição de ensino, seja fora dela. 
 
2.1.2 Possibilidades de discussão democrática na gestão dos 
sistemas de ensino e das escolas 
A gestão democrática do ensino é regulada pelo artigo 14 da LDB, 
que estabelece a necessidade da participação dos profissionais do 
magistério na construção da proposta pedagógicae da comunidade escolar, 
em conselhos escolares ou equivalentes. 
 Uma vez que a gestão democrática do ensino é um princípio da 
educação no país, prevista no art. 206 da Constituição Federal de 1988 e no 
 
28 
 
art. 3º da LDB, entende-se a democracia como possibilidade de diminuir as 
desigualdades sociais e aumentar o diálogo acerca dos problemas e 
possibilidades de solução, em um sistema de ensino ou em uma escola, seja 
do ponto de vista da qualidade da educação, seja da sensação de 
pertencimento do cidadão à escola e ao município/estado. 
Nesse sentido, nesta aula, discutimos possibilidades de explorar 
instrumentos de gestão democrática no ambiente educacional. Souza et al. 
(2005) propõem cinco instrumentos que, para os autores, são considerados 
fundamentais para a democratização dos sistemas. São eles: 
 
 Conferência da Educação; 
 Conselho Municipal de Educação; 
 Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundef 
(atualmente, Fundeb); 
 Orçamento Participativo (na educação); 
 Eleições de dirigentes escolares. 
 
A Conferência de Educação, por meio da organização de um grupo 
ou de um gestor, reúne-se em encontros anuais ou bienais com toda 
população, para debater questões importantes, voltadas para os temas que 
envolvem a política educacional. 
Ainda que os autores tenham trabalhado com a perspectiva 
municipal, atualmente a grande conferência de educação no país é a 
Conferência Nacional da Educação – CONAE–, que reúne não somente a 
comunidade acadêmica, mas vários fóruns e setores da sociedade civil, para 
discutir a efetividade do Plano Nacional de Educação e traçar prioridades da 
política educacional para o futuro. 
Já o Conselho Municipal de Educação, formado por um grupo 
fechado, cujos componentes, eleitos ou indicados, representam diversos 
segmentos sociais, reúne-se mais frequentemente e, dependendo das 
atribuições propostas por legislação complementar, podem deliberar, 
orientar e fiscalizar os sistemas de ensino. 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conselho Nacional de Educação 
Fonte:https://lh3.googleusercontent.com/eayr2m-
aXFQkjtnvNjj_ty2zRLi5PhfDNOGs9 7t8tATqxVeNkoOhjNi1lesf-fnNUFQp=s128 
 
O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb 
busca a fiscalização dos gastos do respectivo fundo, o que ainda é um 
problema, uma vez que esse conselho deveria ser composto por 
conselheiros com um conhecimento técnico em financiamento da educação, 
o que acontece pouco. 
O orçamento participativo visa reunir a população para debater 
sobre os gastos, em particular educacionais, que excedem o mínimo que a 
lei estabelece para gastos em manutenção e desenvolvimento do ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sessão do orçamento participativo 
Fonte:https://lh3.googleusercontent.com/b96MTZPK1S6tur1RV_lDL02f1Nexgn02nQ94Iw
kvqrkM2KnVX6X2PwKGhIw8SvlykwM5hpM=s127 
 
Por fim, a eleição direta para a escolha dos dirigentes é importante 
em termos de democracia participativa nas escolas. 
Souza et al. (2005), a respeito da democracia nas escolas, listam 
outros cinco instrumentos, a saber: 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conferência 
local da 
Comunidade 
Conselho 
de Escola 
 
Rotatividade no 
Quadro de 
dirigentes da 
Escola. 
 
 
 
 
Associação de 
Pais 
Grêmio 
Estudantil 
 
31 
 
2.3 Rotatividade no quadro de dirigentes da Escola 
 
A Conferência Local da Comunidades Escolar equivale à Conferência 
de Educação, pelo seu intuito de reunir toda a comunidade escolar em busca 
de uma discussão coletiva acerca dos problemas da escola e do seu entorno. 
Já o Conselho de Escola tem por objetivo coordenar a gestão escolar, 
por meio do estudo, planejamento, debate, deliberação e acompanhamento 
do dia a dia da instituição de ensino, seja na parte pedagógica e 
administrativa, seja na financeira. 
Esse conselho é uma representatividade que, teoricamente, deveria 
ser eleita, mas, normalmente, é uma indicação da direção. A efetividade do 
conselho, assim como a das suas discussões, precisa de pesquisas 
aprofundadas e de um maior entendimento da comunidade escolar a 
respeito dos processos decisórios coletivos. 
A rotatividade do dirigente é descrita, pelos referidos autores, como 
favorável ao ambiente escolar. A cadeira do diretor escolar como um trono 
eterno não é interessante, pois, além de distorcer o caráter democrático, 
também não renova as ideias acerca da gestão da instituição. 
Por fim, a associação de pais e o grêmio estudantil são consideradas 
relevantes para o processo de gestão democrática. 
Para que os instrumentos de gestão dos sistemas tenham maior 
efetividade, o que significa haver mais diálogo acerca dos problemas e das 
soluções em matéria educacional, é necessário que haja a vontade política 
dos governantes e o amplo debate com a comunidade, buscando maior 
politização da população e, consequentemente, uma ampliação qualitativa 
da democracia. 
Não menos importante na gestão em escolas, é importante o diálogo 
e aproximar a comunidade do local de ensino, possibilitando a formação 
política da população local e a consciência de pertencimento à escola. 
Com isso, é possível ampliar a democracia nos processos decisórios 
e nas discussões acerca dos problemas locais em termos educacionais. 
 
32 
 
O tópico que se segue resume, de forma sintética, o contexto 
democrático da nossa Constituição Federal de 1988, no sentido de 
entendermos o Estado Democrático de Direito e como ele se efetiva. 
 
2.3.1 Constituição Federal de 1988 e a democracia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Constituição federal 
Fonte:https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSd5H8oVidX8-v-
NBn1RVIjBSvJ7zjkzHGuaGtnAc3ZaZLiaMne4aSF 
 
A intencionalidade da CF/88 se inicia logo no preâmbulo, quando 
define que: 
 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia 
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, 
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e 
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos 
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada 
na harmonia social e comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
(BRASIL, p.10,1988). 
 
A Constituição Federal do Brasil tem uma série de contradições, 
como, por exemplo, ao citar no preâmbulo a proteção de Deus, mas 
estabelece a laicidade do Estado no art. 19. 
Todavia, pensando no tema de que estamos tratando nesta aula, no 
conteúdo de tal citação, percebem-se traços democráticos e de liberdade, 
além da intenção de instituir um Estado Democrático. 
 
33 
 
Posteriormente, o artigo 1º indica que a República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em um Estado Democrático de Direito, o que define, 
de forma direta, o modelo de Estado brasileiro. 
 Além disso, ainda nesse artigo, o parágrafo único descreve que: 
 
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, 
o que caracteriza a democracia representativa. 
 
A ameaça contra o Estado Democrático de Direito também constitui 
crime inafiançável, conforme prescreve o art. 5º, no seu inciso XLIV. 
Com respeito à criação de partidos políticos, faz-se uma ressalva para 
que tal criação não seja contra o regime democrático estabelecido pela 
Constituição. 
A autonomia dos estados e municípios é resguardada na Constituição 
Federal, entretanto, o artigo 34 discorre que“A União não intervirá nos 
Estados nem no Distrito Federal, exceto para casos como a garantia de 
princípios constitucionais, como a forma republicana, o sistema 
representativo e o regime democrático”. 
O Conselho de Defesa Nacional, normatizado na CF/88, tem como 
uma de suas premissas a defesa do Estado Democrático de Direito, assim 
como o Ministério Público. 
Além disso, ainda na forma da lei, os princípios de gestão 
democrática, no que se refere à matéria educacional, assim como à cultura, 
compõem outras questões na nossa Constituição, que se caracteriza em 
matéria de democracia como uma Carta Magna que normatiza um Estado 
Democrático de Direito. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nesta aula, vimos que política, poder e democracia são questões que 
se intercomunicam. Não há como se chegar ao poder sem fazer política, pois 
fazer política é aspirar ao poder. 
 
34 
 
Em uma democracia, é necessária uma organização formal, 
burocrática, que possibilite a sua construção. 
Nesse sentido, vimos que os processos de decisão coletiva criam um 
ambiente mais democrático do que simplesmente a eleição de um líder 
político por parte da maioria. 
 
Atividade de aprendizagem 
 
Se a democracia exige, para seu êxito, que os cidadãos tenham 
formação política e consciência democrática, certamente há uma falta 
delas em nosso país, por algumas razões já trabalhadas nesta 
disciplina. Assim sendo: 
1. Qual a percepção que você, como cidadão, tem a esse respeito? 
2. Como o sistema educacional poderia contribuir para que, 
gradualmente, a sociedade fosse mais politizada e, consequentemente, 
tivéssemos a democracia mais consolidada? 
 
 
 
 
Aula 3 – A organização do Estado brasileiro e sua relação com a 
estrutura da educação brasileira 
 
Apresentação da aula 3 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo (a) à terceira aula desta disciplina. 
A organização do estado brasileiro, como República Federativa, tem 
relação direta com a estrutura da educação brasileira. Tal relação é 
importante, na medida em que é por meio dela que se caracteriza a 
pluralidade de sistemas/redes de ensino e consequentemente formas de 
administração, gestão da educação. 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mapa do brasil com estados e capitais 
Fonte: http://www.baixarmapas.com.br/mapa-do-brasil-estados-e-capitais/ 
 
Além disso, as condições financeiras, permeadas pelo financiamento 
da educação, se diferenciam, já que cada ente federativo tem um potencial 
de investimento no que se refere à educação e nas demais políticas sociais. 
 
Vocabulário 
Entes federativos: são formados pela União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios. 
 
O Brasil tem um histórico legal de avanços e retrocessos, em 
particular, quando se analisa o direito à educação estabelecido na lei. 
Todavia, alguns estados e municípios, em decorrência da evolução 
econômica desigual, acabaram adquirindo maior potencial de investimento 
em educação que outros. 
http://www.baixarmapas.com.br/mapa-do-brasil-estados-e-capitais/
 
36 
 
Nesse sentido, é importante entender a organização do Estado 
brasileiro e sua relação com a estrutura educacional, buscando entender 
essa desigualdade. 
 
3.1 Organização do Estado brasileiro 
 
A esse respeito, Tavares e Zander (2011, s/p.) abordam que a: 
“Constituição dos Estados nacionais incluiu, como tarefa do Estado, a 
organização de sistemas públicos de ensino”. 
Quando se olha a evolução do direito à educação no Brasil, é possível 
concluir que tal responsabilidade sofreu avanços e retrocessos ao longo do 
seu percurso histórico. 
Ao analisar a história da educação na constituição, podemos observar 
que a caminhada do Brasil, como país periférico, não foi linear e tampouco 
igual em todos os seus territórios. Esta desigualdade territorial marca o 
desenvolvimento da educação no nosso país. Vejamos, então, como ele se 
organiza. 
A Constituição Federal estabelece, em seu art. 1º, que somos uma 
República Federativa que, “formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito”. 
O Brasil é formado por 26 estados, um Distrito Federal e 5571 
municípios distribuídos por esses estados. No decorrer dos 17 artigos 
posteriores, o documento constitucional detalha essa ideia, e nos artigos 18 
ao 22 estabelece as competências dos entes. 
Assim, a União detém determinados poderes e mantém a autonomia 
de estados e municípios sobre outras competências, principalmente 
administrativas. Isso, teoricamente, ajuda no controle estatal da 
complexidade do Estado moderno e nos diversos serviços por ele prestados 
à população, entre eles a educação. 
Os estados e os municípios possuem três poderes: Executivo, 
Legislativo e Judiciário, com exceção dos entes federativos municipais que, 
por não terem esse último poder, por vezes, são questionados pela literatura 
 
37 
 
acadêmica, em particular pelo Direito Constitucional, pela sua posição como 
entes federados. 
O Poder Executivo tem por objetivo a administração/gestão dos 
recursos e das instituições públicas do ente federativo municipal, estadual 
ou União, sendo os seus respectivos chefes o Prefeito, o Governador e o 
Presidente da República, funções que são normatizadas pela Constituição 
Federal. Eles são responsáveis por proteger as leis, mas suas funções são 
limitadas e moderadas pelos demais Poderes. 
O Poder Legislativo, presente nas três dependências administrativas: 
federal, estadual e municipal, que são responsáveis pela elaboração e 
discussão das leis, sendo que sua constituição varia de acordo com o 
tamanho da população do ente federativo. 
 O objetivo básico desse Poder é elaborar as leis que regulam o Estado, 
as organizações privadas/públicas e a conduta dos cidadãos, no caso de leis 
estaduais e municipais, para os estados e municípios. 
O Poder Judiciário tem por função básica a interpretação da lei. É ele 
que, por intermédio dos seus juízes, tem o poder-dever de estabelecer, 
mediante normativas legais, os direitos aos cidadãos brasileiros, mediando 
possíveis conflitos. Ele não deve se envolver em qualquer filiação político-
partidária, o que, teoricamente, o torna um poder apartidário, sem 
envolvimento político. 
Há, entretanto, uma tendência centralizadora no Brasil, considerando 
que a União controla a distribuição de recursos e normatiza algumas formas 
de investimento, por exemplo. 
Nessa organização, com entes federativos autônomos para legislar e 
administrar seus recursos, não se pode perder de vista as normativas 
constitucionais e, no caso dos municípios, as leis estaduais. 
 A CF/88 é a Carta Magna que rege todas as demais normativas legais 
do país, pois ela serve como um modelo de Estado Democrático de Direito 
e, baseado em sua intencionalidade, as demais normativas, sejam elas 
federais, estaduais ou municipais, não podem entrar em conflito com a 
referida Constituição, sendo o mesmo válido em relação à educação. 
 
 
38 
 
3.1.1 Estrutura da educação no Brasil e as responsabilidades 
educacionais dos entes federados 
 
Dois assuntos precisam ser explorados nesta aula: a composição da 
estrutura educacional brasileira e a quem compete a responsabilidade pela 
oferta da educação. 
Como já vimos anteriormente, o artigo 6º da CF/88 estabelece que a 
educação é um direito social. Além disso, ela é de Direito Público 
Subjetivo, conceito definido no artigo 208 da CF/88 e no art. 5º da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). 
 
Vocabulário 
Direito Público Subjetivo: significa poder; é o conjunto de faculdades que 
as pessoas têm, conferido pela regra de direito. É prerrogativa de que uma 
pessoa é titular. É a faculdade reconhecida à pessoa pela lei e que lhe 
permite realizar determinados atos. É a faculdade do ser humano deinvocar 
a lei na defesa de seus interesses. 
Fonte:<https://www.arquer.com.br/educacaoe-cultura/qual-a-diferenca-
entre-direi to-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/ >. 
 
Tal conceito é importante, na medida em que estabelece que a não 
oferta da escolarização obrigatória, pelo ente federativo responsável, obriga 
a autoridade competente a responder criminalmente. 
Além disso, a compulsoriedade da educação, que consiste em uma 
responsabilidade de mão dupla que obriga o Poder Público a ofertá-la e os 
pais ou responsáveis das crianças e adolescentes a matricular e a zelar pela 
frequência deles à escola, auxilia a entender a importância que o tema 
educacional adquiriu a partir de 1988. 
 
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
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https://www.arquer.com.br/educacao-e-cultura/qual-a-diferenca-entre-direito-publico-subjetivo-e-objetivo-e-na-educacao/
 
39 
 
3.1.2 Síntese da estrutura educacional do Brasil 
A Constituição Federal, no seu texto, não estabelece as etapas da 
educação básica e superior, ainda que o art. 208 estabeleça os deveres do 
Estado relativamente à oferta educacional. 
As definições sobre as etapas de ensino estão delineadas no Capítulo 
I da LDB, em particular no Título V, no que se refere aos níveis e 
modalidades da educação e ensino, estabelecendo diretamente a 
composição dos níveis escolares. 
O art. 21 menciona que a educação escolar no Brasil é composta pela 
educação básica, que compreende a educação infantil, o ensino 
fundamental e o ensino médio, e a educação superior. 
Tais níveis são tratados de forma distinta na LDB. Na educação 
básica, há uma série de artigos que tratam dessa matéria, de forma a 
estabelecer o perfil da organização da educação pública no Brasil, em um 
modelo que oferece autonomia aos sistemas/redes de ensino no país, e 
deixar em aberto as diversas formas de organização de calendários, 
avaliações, progressões, entre outros. 
Em relação à Educação Superior, composta pela graduação e a pós-
graduação (Lato Sensu e Stricto Sensu), as normativas são no sentido de 
orientar a abertura e o credenciamento de universidades, assim como a 
estrutura do nível de ensino de forma ampla. 
Para cada etapa da Educação Básica, algumas normativas são 
reguladas, como carga horária mínima, formas de classificação e 
progressão, organização por classes, turmas, séries, ciclos, avaliação 
educacional, obrigatoriedade de recuperação paralela, controle de 
frequência pela instituição de ensino e a emissão de documentos oficiais 
escolares. 
Outras questões também são tratadas, como a especificidade da 
Educação Especial, algumas características como o ensino da história afro-
brasileira e indígena, valores incutidos nos currículos escolares, o trabalho 
transversal com Direitos Humanos, tendo como documento norteador o 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), assim como definições para a 
 
40 
 
modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Técnica 
Profissional, entre outras. 
Ressalta-se, ainda, a obrigatoriedade da escolarização básica na 
faixa etária dos 4 aos 17 anos, o que compreende, em progressão regular 
de ensino, a Educação Infantil (Pré-escola, Ensino Fundamental e Ensino 
Médio). 
Outras questões são reguladas durante os 92 artigos da referida 
normativa, como a discussão acerca da necessidade de insumos mínimos 
para a garantida de um padrão de qualidade, a regulação sobre os 
profissionais da educação, assim como sobre gastos em manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
No que se refere à educação superior, a referida lei aborda as 
responsabilidades da União e, eventualmente, dos estados, na 
regulamentação das instituições de ensino e cursos, assim como outras 
características que são inerentes à graduação e pós-graduação. 
Em relação à estrutura da educação no Brasil, há que se considerar 
que é necessário o entendimento de quem são as responsabilidades 
educacionais. Ao compreender essa questão, também é possível 
caracterizar o envolvimento dos entes federativos na oferta da educação, 
assunto que veremos a seguir. 
 
3.2 Responsabilidades educacionais dos entes federativos 
 
Após a Promulgação da Constituição Cidadã de 1988, a educação 
passou a ser um direito social (art. 6º), e o status de entes federados dos 
municípios contribuiu para o aumento das responsabilidades deles, inclusive 
em matéria educacional. 
 
 
 
 
 
 
41 
 
A Constituição, modificada pela Emenda Constitucional n. 14/96, em 
seu art. 211, define as ofertas prioritárias dos entes da seguinte 
maneira: 
§ 1º 
 
A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, 
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em 
matéria educacional, função redistributiva esupletiva, de forma a 
garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão 
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e 
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; 
§ 2º 
 Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na 
Educação Infantil; 
§ 3º 
 Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente nos 
ensinos Fundamental e Médio. 
 Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 
 
Nesse sentido, a União entra como um caráter complementar e, 
eventualmente, suplementar. 
Esse papel é regulado em uma série de legislações brasileiras, como 
na própria LDB, no Plano Nacional de Educação, na lei n. 11. 494/07, que 
regula a redistribuição de recursos via Fundo Nacional de Desenvolvimento 
da Educação Básica e Valorização dos Profissionais do Magistério (Fundeb), 
entre outros. 
Existe um conflito de prioridades nos parágrafos 2º e 3º, que prevê 
que a oferta do ensino fundamental seja, prioritariamente, da competência 
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. 
Na prática, a Educação Infantil é de responsabilidade dos municípios 
e o Ensino Fundamental é compartilhado com os estados, em que a 
estratégia para a oferta e o atendimento da demanda educacional de forma 
integral é o regime de colaboração, o qual veremos posteriormente. 
 Alguns municípios optam por priorizar os anos iniciais da educação 
básica, enquanto os anos finais ficam a cargo dos estados. Em vários 
municípios, onde a municipalização (conceito que também será abordado 
nesta disciplina) é mais forte, a oferta do Ensino Fundamental, em todas as 
suas etapas, é de responsabilidade municipal. 
 
42 
 
Há municípios onde a arrecadação e as condições financeiras ainda 
não estão preparadas para iniciar a administração de um sistema de ensino, 
neste caso, caberá aos estados assumirem a responsabilidade pela oferta 
educacional, com exceção da Educação Infantil. 
Como vimos, a Constituição Federal reforça o caráter complementar 
da assistência técnica e financeira da União aos estados, municípios e 
Distrito Federal. No entanto, existe uma série de obrigações legais do ente 
maior (União) para com a educação. 
Segundo o art. 8º da LDB, cabe à União a “coordenação da política 
nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e 
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais 
instâncias educacionais”. Assim, o art. 9º descreve as obrigações da União 
da seguinte forma: 
 
 I - Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração 
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
 II - Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições 
oficiais do sistema federal de ensino e o dos Territórios; 
 III - Prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de 
seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à 
escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva 
e supletiva; 
 IV - Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a 
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, 
que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de 
modo a assegurar formação básica comum; 
 V - Coletar, analisar e disseminar informações sobre a 
educação; 
 VI - Assegurar o processo nacional de avaliação do 
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, 
 
43 
 
em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a 
definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; 
 VII - Baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-
graduação; 
 VIII - Assegurar processo nacional de avaliação das 
instituições de educação superior, com a cooperação dos 
sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de 
ensino; 
 IX - Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, 
respectivamente, os cursos das instituições de educação 
superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. 
 
É interessante referir que aspectos relacionados ao financiamento da 
educação são fundamentais para o entendimento do potencial financeiro de 
investimento em educação no Brasil. Por ora, apenas importa enfatizar o 
papel complementar que a União tem nesse processo. 
Apesar de não estar definido com exatidão, o conceito de regime de 
colaboração é importante, pois é por meio dele que os entes federativos com 
menor capacidade de investimento têm regulamentado a possibilidade de 
serem auxiliados pelos estados e pela União, em relação à assistência 
técnica, financeira e supletiva. 
Como responsabilidade principal, cabe a esses entes federados 
assegurar a oferta de ensino fundamental e atender a demanda de ensino 
médio. A universalização do Ensino Fundamental, antigo 1º grau, é política 
pública desde a lei n. 5.692/71. 
No entanto, após 1988, tal etapa de ensino é descrita como obrigatória 
no texto constitucional, sendo substituída pelo texto da Emenda 
Constitucional n. 59/09, que estende a obrigatoriedade de ensino dos 4 aos 
17 anos. 
Isso implica mais responsabilidade para os estados, pois, estudantes 
que antes não tinham obrigação de frequentarem a escola, agora devem ser 
atendidos prioritariamente, em particular os do Ensino Médio. 
 
44 
 
A universalização do Ensino Médio é um grande desafio. Os dados de 
2013, por exemplo, indicam que apenas 53% dos jovens de 15 a 17 anos 
frequentam a referida etapa. 
Segundo o Plano Nacional de Educação, lei n°. 13.005/14, a 
universalização do atendimento educacional a essa faixa etária teria o ano 
de 2016, como prazo. Os dados educacionais, combinados com o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que o cumprimento 
dessa meta está longe de acontecer na prática. 
O art. 10 da LDB sintetiza as responsabilidades dos estados e Distrito 
Federal com respeito à educação da seguinte forma: 
I 
Organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos 
seus sistemas de ensino; 
II 
Definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do 
Ensino Fundamental, as quais devem assegurar a distribuição 
proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a 
ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma 
dessas esferas do Poder Público; 
III 
Elaborar e executar políticas e planos educacionais, em 
consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, 
integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; 
IV 
Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, 
respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e 
os estabelecimentos do seu sistema de ensino; 
V 
Baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; 
VI 
Assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o 
Ensino Médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no 
art. 38 desta Lei. 
VII 
 Assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. 
Parágrafo 
único 
 Ao Distrito Federal, aplicar-se-ão as competências referentes aos 
Estados e aos Municípios. 
O artigo 10 da LDB 
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
 
45 
 
Chamo a atenção do estudante para o inciso VI, que referencia o art. 
38. Ele trata da Educação de Jovens e Adultos, uma oferta que ainda 
mantém um status marginal no país e tão importante para boa parte da 
população que não teve oportunidade de se escolarizar na idade certa. 
Além disso, o art. 69 da referida lei estabelece o investimento mínimo 
de vinte e cinco por cento da receita de impostos e transferências 
constitucionais, em particular do Fundeb, para manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
Os municípios, reconhecidos como entes federados na CF/88, 
tiveram um aumento em suas responsabilidades

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