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Centro Universitário Leonardo Da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social EDINARIA CRISTINA PIRES PACHECO (SES0844/5) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: (A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS – SCFV) ITAPIPOCA - CE 2022 EDINARIA CRISTINA PIRES PACHECO A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS - SCFV Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Nome do Tutor – Orientador: Sara Alves Félix. CRESS 6180 ITAPIPOCA - CE 2022 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS – SCFV POR EDINARIA CRISTINA PIRES PACHECO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à nota “______” (_____________________________), pela banca examinadora formada por: ___________________________________________ Presidente: Prof. Sara Alves Félix– Orientadora Local Centro Universitário Leonardo Da Vinci ____________________________________________ Membro: Heloisa Pinto Braga Teixeira - Supervisora de Campo ____________________________________________ Membro: Maria Silvenilda Magalhães - Profissional da área ITAPIPOCA - CE 2022 AGRADECIMENTOS Nenhum obstáculo é grande demais quando confiamos em Deus e quando acreditamos em nós mesmos, pois, somos o resultado do que acreditamos. Por isso, gostaria de agradecer, inicialmente, a Deus, por ter me dado amor, força, calma e persistência nessa longa caminhada. Gostaria de agradecer de maneira especial aos meus pais, Rita Edmeia Teixeira Pires Pacheco e Edésio Pacheco de Sousa, pelo apoio transmitido em mais uma etapa da minha formação acadêmica, ambos se doaram por inteiros e muitas das vezes renunciaram aos seus sonhos, para que eu conseguisse realizar os meus. Sem o apoio de vocês, eu não teria conseguido. Vocês são o meu porto seguro, obrigada pela torcida, por acreditar em mim, pelo apoio incondicional e por todo o amor e carinho recebido. Ao meu filho, João Miguel Pacheco de Sousa que é a razão da minha vida! “A persistência é o caminho do êxito”. Charles Chaplin RESUMO A atuação do assistente social no âmbito da Proteção Social Básica não se apresenta como uma temática inédita, mas é sempre importante trazer pesquisas sobre a atuação desse profissional visando contribuir para o desenvolvimento da área. A presente monografia tem por objetivo conhecer as contribuições do profissional de assistência social no âmbito do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). O SCFV objetiva prevenir situações de risco social e fortalecer vínculos familiares e comunitários, e possui na sua composição o assistente social como técnico de referência. O assistente social enfrenta desafios, tais como: a efetivação da intersetorialidade, contradições entre demandas institucionais e demandas profissionais, reconhecimento das demandas que emergem nos territórios e a precarização do seu trabalho. Como metodologia será desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, de base qualitativa, e classificada quanto aos objetivos como exploratória e descritiva, onde será realizado um estudo sobre o tema em questão e uma entrevista semiestruturadas com dois sssistente sociais que atuam na Proteção Básica dentro dos serviços de convivência. A partir das análises conclui-se que ocorreram avanços no aprimoramento da política de assistência social, com a criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e os documentos que a normatizam (PNAS, NOB’s e Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais), a iniciativa neoliberal por meio das reformas do mundo do trabalho se colocam como impasse para efetivação do SUAS. PALAVRAS-CHAVES: Assistente Social. CRAS. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. ABSTRACT The role of the social worker within the scope of Basic Social Protection is not presented as an unprecedented theme, but it is always important to bring research on the role of this professional in order to contribute to the development of the area. This monograph aims to know the contributions of the social assistance professional within the scope of the Service for Coexistence and Strengthening of Links (SCFV). The SCFV aims to prevent situations of social risk and strengthen family and community ties, and has in its composition the social worker as a reference technician. The social worker faces challenges, such as: the effectiveness of intersectoriality, contradictions between institutional demands and professional demands, recognition of the demands that emerge in the territories and the precariousness of their work. As a methodology, it will be developed through bibliographic research, with a qualitative basis, and classified as to the objectives as exploratory and descriptive, where a study will be carried out on the subject in question and a semi-structured interview with two Social Workers who work in Basic Protection exclusively within the coexistence services. Based on the analysis, it is concluded that there have been advances in improving the social assistance policy, with the creation of the Single Social Assistance System (SUAS) and the documents that regulate it (PNAS, NOB's and National Typification of Social Assistance Services), the initiative neoliberal reforms through the reforms of the world of work stand as an impasse for the realization of the SUAS. KEYWORDS: Social Worker. CRAS. Coexistence and Bond Strengthening Service. LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Organização dos serviços previstos na Tipificação Nacional..............18 LISTA DE SIGLAS CRAS Centro de Referência em Assistência Social FNAS Fundo Nacional de Assistência Social LOAS Lei Orgânica de Assistência Social NOB Norma Operacional Básica NOB/RH Norma Operacional Básica de Recursos Humanos NOB/SUAS Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social ONG Organização não governamental SCFV Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SUAS Sistema Único de Assistência Social SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................09 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA.................................................................................11 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL .. 12 3.1MARCOS NORMATIVOS ATÉ A CONSTRUÇÃO DO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTODE VÍNCULOS (SCFV) ....................................................................................................................................13 3.2 TIPIFICAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS...............18 3.3 FUNDAMENTOS DO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS.................................................................................................................22 3.4 QUESTÃO SOCIAL E O SERVIÇO SOCIAL.......................................................26 4. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................28 4.1 RELEVÂNCIA TEÓRICA......................................................................................294.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO...........................................................29 5. OBJETIVOS DA PESQUISA.................................................................................31 5.1. OBJETIVO GERAL..............................................................................................31 5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................................31 6 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................32 6.1 QUANTO A NATUREZA, ABORDAGEM E OBJETIVO.......................................32 6.2 PARTICIPANTES.................................................................................................33 6.3 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS.....................................................33 6.4 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS..................................................33 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA................................................................34 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS.........................................................................34 7.2 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................................34 7.3 RESULTADOS.....................................................................................................35 7.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................................................38 8 CONCLUSÃO.........................................................................................................40 REFERÊNCIAS.........................................................................................................42 APÊNDICE................................................................................................................45 9 1 INTRODUÇÃO O trabalho do assistente social sempre foi uma das dimensões discutidas pela profissão, tendo em mente a Política Nacional de Assistência Social na qual permite a sua inserção nos vários espaços ocupacionais, destacando-se os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). A atuação do assistente social no âmbito da Proteção Social Básica não se apresenta como uma temática inédita, mas é sempre importante trazer pesquisas sobre a atuação desse profissional visando contribuir para o desenvolvimento da área. A sociedade é marcada pela diversidade, no qual em seu interior existem diversos sujeitos que trazem consigo diversas problemáticas sociais. O CRAS é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias. Este trabalho analisa a prática profissional do Serviço Social dentro da Proteção Social Básica, especialmente no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos como estratégia para o Serviço Social no enfrentamento de suas demandas profissionais. Assim, surgiu o interesse para pesquisar esse tema, como uma necessidade de ampliar os conhecimentos envolvendo a atuação deste profissional no campo da Proteção Básica. Através da aproximação com a realidade no CRAS - Maranhão pode-se ter mais claro o que ocorre no cotidiano fazendo assim uma reflexão sobre a prática profissional, realizando desse modo um olhar crítico sobre a realidade profissional vivida pelos assistentes sociais inseridos nesse contexto. Tal escolha ocorreu diante do estágio no referido CRAS, nos meses de março a julho de 2022, onde foi possível observar a atuação do assistente social no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV. Com o objetivo geral de conhecer as contribuições do profissional de assistência social no âmbito do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Para tanto, temos os seguintes objetivos específicos: Conhecer a relação que pode ser estabelecida entre o trabalho de assistência social e os usuários do Serviço 10 de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV); Apresentar o campo de atuação do assistente social mediante as problemáticas sociais comuns aos serviços oferecidos pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) por meio do SCFV; Destacar a importância do assistente social no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para a redução das vulnerabilidades sociais. Em relação a metodologia, é uma pesquisa de cunho qualitativo, uma compreensão mais aprofundada do objeto estudado, compreendendo a subjetividade dos sujeitos, o que não se quantifica, mas nos leva ao entendimento do todo através da apreensão das particularidades. Desse modo, são utilizados dois importantes instrumentais de pesquisa para essa análise qualitativa. Primeiramente o levantamento bibliográfico, com a consulta a obras de autores que se destacam na tratativa da temática e logo depois a aplicação de um entrevista na pesquisa de campo com os sujeitos de pesquisa. Com base no exposto a fundamentação teórica está dividida três capítulos. No primeiro, apresentação dos aparatos legais que marcaram a história da assistência social desde seu reconhecimento como direito. O segundo sobre a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais e o terceiro trata sobre fundamentos do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos este tópico apresentará as principais características da organização do SCFV, bem como os eixos norteadores e as concepções que fundamentam a convivência e o fortalecimento de vínculos, sobre as quais estão baseados o planejamento e execução deste serviço. Deste modo considera-se de extrema relevância compreender como o Serviço Social atua junto ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, na compreensão advinda deste estudo poderá subsidiar o aprimoramento do processo de trabalho ora desenvolvido, considerando o contexto das contribuições já empregadas na realidade em questão. 11 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA O tema escolhido para a realização dessa monografia é a respeito do trabalho do assistente social no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Dessa forma, a pauta de discussões a respeito dessa temática estará voltada para destacar a importância e o papel do profissional de Serviço Social nesse serviço tão importante para a população que necessita de assistência para lidar com os problemas e vulnerabilidades, pois essa é uma responsabilidade do poder público e dos profissionais da Proteção Básica da Assistência Social. Os assistentes sociais podem atuar em diversas áreas, em diversos programas diferentes, mas o fato é que esses profissionais que muitas vezes são vistos com um viés até preconceituoso, porém, o trabalho que desempenham na sociedade é de fundamental importância para a superação de diversas mazelas e problemáticas comuns principalmente onde existe desigualdade social. Ser agente de transformação social é muito importante para o profissional e principalmente para as pessoas que necessitam dos serviços oferecidos pelo SCFV. De acordo com BRASIL (2016, p. 24) “é importante considerar que, à medida que os profissionais que atuam no serviço conhecem e fortalecem vínculos com os usuários, adquirem maiores condições de propor atividades das quais os usuários participem efetivamente”. A presença dos assistentes sociais no CRAS, enquanto profissionais que buscam efetivar a garantia de direitos aos usuários, apresenta-se como elemento de fundamental importância, pensando no acesso destes usuários à politica de Assistência Social. Entende-se a partir disso que atividades mais significativas são necessárias porque nesses serviços é muito comum que as pessoas simplesmente abdiquem desse direito, deixam de lado a oportunidadede participar, de se desenvolver, e até mesmo de contribuir. 12 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL A sociedade brasileira como um todo é marcada por grandes desigualdades sociais, que podem trazer consigo diversas dificuldades, vulnerabilidades, problemáticas sociais que influenciam diretamente nas vivencias dos indivíduos, sendo então os serviços de Proteção Social Básica de Assistência Social um espaço bastante democrático, que garante o acesso a vários direitos básicos para o cidadão. Diante desses aspectos apresentados, temos então a seguinte problemática: Qual é a contribuição do assistente social no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)? Essa problemática tem uma relação direta com a questão social, pois conforme apresentamos, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos cada vez mais se apresenta como um espaço necessário para promover a transformação social, no qual o profissional de assistência social é fundamental para intervir nas questões de vulnerabilidade que surgem ou se detectam no meio social. Assim, vai atuar trabalhando diretamente com grupos divididos por faixa etária, buscando promover atividades que se relacionam diretamente com o ciclo de vida dos usuários do serviço. Diante disso, quanto mais formado e capacitado, maiores serão a possibilidades de o profissional de assistência social realizar um trabalho ainda mais significativo e transformador. Os Serviços Socioassistenciais foram normatizados pela Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais do Sistema Único de Assistência Social (2009), aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social pela resolução n. 109/2009, e consiste em um documento que estabelece as nomenclaturas de forma padronizada e regulamenta os serviços prestados pela Assistência Social para reorganizar as condições de atendimento à demanda (BRASIL, 2009) Com base na Tipificação, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos que pode ser ofertado no CRAS, assim como em Centros de Convivência ou entidades privadas sem fins lucrativos que estejam referenciadas ao mesmo consiste na tentativa de prevenir a violação dos direitos humanos com base na convivência e no fortalecimento de vínculos. 13 Esse apontamento com base na Tipificação mostra que esse trabalho do assistente social no SCFV é fundamental para as populações ou pessoas que vivem de alguma forma a margem da sociedade, pois através das atividades realizadas dentro dos grupos é possível promover a transformação social, é possível trazer novas perspectivas de vida para essas pessoas que tanto necessitam do auxílio e do apoio dessas políticas de assistência social. 3.1 MARCOS NORMATIVOS ATÉ A CONSTRUÇÃO DO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTODE VÍNCULOS (SCFV) A Assistência Social foi estabelecida através dos artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988 e compõe o tripé da Seguridade Social no qual é formado pela a saúde, previdência e assistência social. Caracterizada como direito social por meio da LOAS nº 8.742, promulgada em 1993, alguns dos seus atributos são o perfil de política não contributiva, direito do cidadão e de responsabilidade do Estado a provisão dos mínimos sociais. A Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS - define como objetivos a proteção a grupos prioritários, como: família, mães, infância, adolescência, idosos, desempregados e deficientes, instituindo o benefício mensal a idosos e deficientes, promovendo-os e integrando-os ao mercado de trabalho. Esta é executada em conjunto com as políticas setoriais como estratégia de enfrentamento da pobreza (BRASIL, 2011). A LOAS passou por alterações em 2011, através da Lei 12.435, o que inclui mudanças nas formas de execução da política de assistência social. Entre elas estão a proteção social, a garantia de vida e a prevenção de riscos como objetivos aos grupos específicos como crianças, adolescentes, idosos e famílias em geral, além de incluir a vigilância socioassistencial e a defesa dos direitos para acesso às provisões socioassistenciais. A proteção social é dividida em básica e especial, sendo definidas como: I - Proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de 14 potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; II - Proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos (BRASIL, 1993, p. 9). O SUAS é composto pelas três esferas de governo (federal, estadual e municipal) e busca fortalecer a gestão compartilhada e o co-financiamento da política, articulando, de forma integrada, os serviços, programas e projetos. Cabe a União financiar, monitorar e fiscalizar a execução de programas, projetos e serviços nos Estados, Municípios e Distrito Federal, porém, tal ação é realizada com algumas condições, sendo uma delas a avaliação dos índices de qualidade dos serviços prestados como critério para o repasse de verbas e restrições tal como a proibição do uso da verba para pagamento de funcionários ou gratificações (BRASIL, 2011). Dentre as múltiplas competências do Estado, este deve ser responsabilizado pelo pagamento dos benefícios eventuais, conforme proposto pelo Conselho Estadual de Assistência Social, assim como suprir financeiramente o aperfeiçoamento da gestão, programas, projetos e serviços em território regional; oferecer assistência aos municípios em situações de emergência e realizar avaliação e monitoramento da política de assistência social Os recursos financeiros para execução e manutenção da política serão financiados pelo Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) onde será de responsabilidade das três esferas de governo executar de forma descentralizada e participativa. Mas, para que os Estados, Municípios e o Distrito Federal recebam esta verba é necessário que tenham e estejam em execução com o Conselho de Assistência Social, o Fundo de Assistência Social e o Plano de Assistência Social. Os serviços assistenciais são realizados com base nos princípios e diretrizes desta lei, objetivando atender as necessidades básicas. Seus programas devem atender, também, as crianças, os adolescentes e os idosos. No que diz respeito às unidades de atendimento e assessoramento de assistência social, além de atribuir o caráter de “sem fins lucrativos” (BRASIL, 2011, p. 2) a lei descreve as características de cada uma delas sendo as unidades de atendimento, as executoras de serviços voltados as famílias e indivíduos em situação de risco social e vulnerabilidade; as de assessoramento, unidades que 15 executam programas e projetos voltados para os movimentos sociais, organização de usuários e capacitação de lideranças; e as unidades de defesa e garantia de direitos são executoras de programas e projetos que se voltam a defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, a promover cidadania e a enfrentar desigualdades sociais. Uma das maiores mudanças foi a forma de execução da política, antes realizadas através de organizações e entidades de assistência social de forma descentralizada e participativa, agora sendo organizados por um sistema denominado Sistema Único de Assistência Social (SUAS).Também houve alterações no Benefício de Prestação Continuada em que a idade dos idosos se reduziu para 75 (sessenta e cinco) anos, caracterizou-se a configuração de família, a não acumulação do benefício por mais de um membro da famíliae prazo de 2 (dois) anos para uma nova avaliação da necessidade do BPC (BRASIL, 2011). Os seguintes programas assistenciais foram incluídos na LOAS: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos (PAEFI), Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Os princípios e diretrizes citados na LOAS, juntamente com as propostas dos Conselhos de Assistência Social foram usados como base para a formulação da PNAS. Um dos objetivos da política se encontra na formulação de diretrizes voltadas diretamente para que a assistência social seja efetivada, de maneira que a política não venha se perder na lógica do “favor” e seja tratada como direito (YAZBEK, 2008). A PNAS preconiza que a gestão seja democrática e descentralizada (com atuação da União, Estados, municípios e Distrito Federal), sem desprezar o fato de que as realidades dos Estados e municípios são diferentes, sendo necessário considerar suas singularidades. Também considera a participação popular e participação do gestor municipal como importantes atores na execução das políticas e ressalta a importância da avaliação e monitoramento, e do uso das tecnologias para auxiliar a evolução ou execução do SUAS (PNAS, 2004). Esta proteção tem a função de garantir a segurança de sobrevivência; segurança da acolhida e da vivência familiar. A segurança de sobrevivência, diz respeito a oferta de um valor monetário que visa a garantia da sobrevivência, ressaltando que não é uma compensação do salário-mínimo; a segurança da 16 acolhida, que fornece as necessidades humanas básicas, como, alimentação, moradia e vestuário, trabalhando esse indivíduo para que ele tenha autonomia suficiente para suprir suas necessidades. E por fim, a segurança da vivência familiar, na qual repudia situações de isolamento ou rompimento de relações, pois considera as relações humanas como primordiais para o desenvolvimento do indivíduo. Estas seguranças possuem ações norteadas por princípios que consideram que todos os cidadãos devem ter acesso aos direitos sociais, sendo respeitada no uso do seu direito a convivência familiar e comunitária, com ofertas de serviços de qualidade, sem nenhum tipo de atitude vexatória; onde todos sejam tratados da mesma forma, sem qualquer tipo de discriminação e que os serviços sejam oferecidos de forma igualitária as populações urbanas e rurais; por fim que os programas, serviços, projetos e benefícios sejam amplamente divulgados, assim como suas formas de acesso. Além dos princípios a política também é direcionada por quatro diretrizes: Descentralização político-administrativa, onde há uma divisão nas ações e responsabilidades da gestão entre os entes governamentais; Participação da população através dos conselhos na formulação, fiscalização e execução das políticas; Estado como principal responsável pela a oferta e execução da política, mesmo que havendo ações da iniciativa privada; E família como principal alvo da política de assistência social (BRASIL, 2011). Em conjunto aos princípios e diretrizes estão os objetivos da política, que são oferecer programas, projetos e serviços da proteção social básica e especial para famílias, indivíduos e quem dela necessitar; bem como auxiliar para que os usuários. Os usuários alvos dessa política são cidadãos e grupos em vulnerabilidade e riscos, são estes, famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de riscos; pessoas com deficiência; em situação de pobreza; não possuem acesso a políticas públicas; usuários de substâncias psicoativas; vítimas de violência (sejam físicas, psicológicas, verbais ou sexuais), excluídas ou relações precárias no mercado de trabalho (YAZBEK, 2008). Como estratégia para atender as necessidades desses usuários a LOAS instituiu a Proteção Social, que na intenção de ser de aprimorada vem sendo trabalhada também na PNAS, na qual especifica as suas formas de organização. A 17 mesma é dividida em dois níveis: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. A Proteção Social Básica possui um caráter preventivo. Seu objetivo principal é prevenir as situações de vulnerabilidades e risco social, desenvolvendo potencialidades e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários através de programas, projetos e serviços da assistência social (BRASIL,2011). Esta política pública explicita as diretrizes que vão efetivar a assistência social como direito de cidadania e responsabilidade de Estado, possuindo um modelo de gestão compartilhada, tendo suas atribuições e competências realizadas nas três esferas do governo. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras) (MDS, 2005, p. 27). A Política de Assistência Social, como política de Estado, constitui-se como estratégia fundamental no combate à pobreza, à discriminação, às vulnerabilidades e à subalternidade econômica, cultural e política em que vive grande parte da população brasileira ampliando historicamente seu campo de intervenção (YAZBEK, 2008). Há de se considerar que a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e a Norma Operacional Básica (NOB), aprovados pelo CNAS por meio da Resolução n o 130, de 15 de julho de 2005, são importantes marcos para a consolidação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e expressam grandes mudanças no que diz respeito à Assistência Social, sendo, além disso, responsáveis pelos direitos até hoje garantidos (BRASIL, 2014). 3.2 TIPIFICAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS Aprovada com base na resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009, a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais foi a consolidação da padronização dos serviços e equipamentos oferecidos pelo SUAS, na qual organiza a oferta e execução dos serviços socioassistenciais. 18 O documento especifica as principais características desses serviços, constando o nome, descrição, usuários, objetivos, provisões, aquisições dos usuários, formas de acesso, período de funcionamento do equipamento que presta o serviço, abrangência, articulação em rede, impacto social esperado e regulamentações. Os serviços socioassistenciais são distribuídos em dois níveis da proteção social: a básica e a especial de média e de alta complexidade, conforme o quadro 1. Quadro 1 – Organização dos serviços previstos na Tipificação Nacional. Proteção Social Básica Proteção Social Especial PAIF; SCFV; Serviço de Proteção Básica no Domicílio para pessoas com deficiência e idosos. Média Complexidade Alta Complexidade PAEFI; Serviço de Abordagem Social; Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e PSC; Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos (as) e suas Famílias; Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua. Serviço Especializado em Abordagem Social; Serviço de Acolhimento em Republica Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências. Fonte: Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais - 2014. A tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais de 2014, inclui o SCFV como um serviço socioassistencial. De acordo com o foco deste trabalho daremos ênfase ao SCFV, pois, traz em sua estrutura uma característica singular que é o atendimento as necessidades imateriais dos usuários. O SCFV constitui-se como diferencial na proteçãosocial básica, sobretudo como campo de atuação profissional (BRASIL, 2014). 19 É realizado de acordo com a faixa etária que varia de 0 (zero) – 60 (sessenta) anos ou mais. Com divisão dos grupos de 0 (zero) – 6 (seis) anos; 6 (seis) – 15 (quinze) anos; 15 (quinze) – 17 (dezessete) anos; 18 (dezoito) – 29 (vinte e nove) anos; 30 (trinta) – 59 (cinquenta e nove) anos e 60 (sessenta) anos em diante. Pode ser executado nos CRAS e Centros de convivência (BRASIL, 2005). O SCFV que atua de forma complementar ao PAIF está entre os objetivos a prevenção de situações de risco social, intenciona promover a socialização, fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, estimula a reconstrução de história de vidas, oportuniza acessos a benefícios, serviços setoriais e socioassistenciais, possibilita uma ampla troca de culturas, acesso a arte, esporte e lazer. É articulado com outros serviços da proteção social básica; assim da proteção social especial, serviços de públicos de saúde, esporte, cultura, lazer, educação e meio ambiente; conselhos de políticas públicas; conselho tutelar; instituições de ensino e pesquisa; e Programas e projetos de desenvolvimento de talentos e capacidades (BRASIL, 2014). A Resolução de Nº 17, de 20 de Junho de 2011 define a composição da equipe de referência do SCFV. Ela é composta por um técnico de referência, sendo um obrigatório um profissional de nível superior, podendo ser psicólogo ou assistente social. Outras profissões também podem compor a equipe. A Resolução de Nº 9, de 15 de Abril de 2014, reconhece o orientador social, profissional de nível médio como integrante da equipe de referência do SCFV. Acolhida; orientação e encaminhamentos; grupos de convívio e fortalecimento de vínculos; informação, comunicação e defesa de direitos; fortalecimento da função protetiva da família; mobilização e fortalecimento de redes sociais de apoio; informação; banco de dados de usuários e organizações; elaboração de relatórios e/ou prontuários; desenvolvimento do convívio familiar e comunitário; mobilização para a cidadania (MDS, 2014, p. 12). A versão de 2014 da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, inclui a questão da integração no mercado de trabalho; habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência, além de sua integração na comunidade; e as faixas etárias de 18 (dezoito) a 59 (cinquenta e nove) anos. A Tipificação apresenta a organização dos serviços socioassistenciais em toda a sua abrangência, situando todas as características e orientações para sua 20 organização e execução. Como este trabalho está centralizado no SCFV, é relevante, que se compreendam os fundamentos que balizam este serviço. Os serviços da Proteção Social Básica visam potencializar a família como unidade de referência, fortalecer seus vínculos internos e externos por meio de serviços que têm por objetivo a convivência, a socialização, o incentivo à participação e o acolhimento de famílias cujos vínculos familiares e comunitários encontram-se fragilizados e não foram rompidos (BRASIL, 2005). Segundo a PNAS (BRASIL, 2004), os serviços devem ser executados nos municípios de forma direta pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), podendo serem também executados de forma indireta nas entidades de assistência social de abrangência do território dos CRAS. Para complementar o trabalho social com famílias realizado pelo Serviço de Proteção e Atenção Integral à Família (PAIF), tem-se na Proteção Social Básica o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), objeto de estudo neste TCC, que com articulação com o PAIF, objetiva o atendimento das famílias usuárias desses serviços, garantindo a matricialidade sociofamiliar da política de assistência social, com vistas a prevenir a ocorrência de situações de risco social e fortalecer os vínculos familiares e comunitários (BRASIL, 2009). Com base na Tipificação, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – que pode ser ofertado no CRAS, assim como em Centros de Convivência ou entidades não governamentais que estejam referenciadas ao mesmo – consiste na tentativa de prevenir a violação dos direitos humanos com base na convivência e no fortalecimento de vínculos. Os Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos são realizados em grupos organizados em faixas etárias de forma contínua, preventiva e complementar ao trabalho realizado no CRAS com as famílias. Nesses grupos se estimula a troca de vivências individuais e coletivas, a autonomia e o desenvolvimento de potencialidades, o sentimento de pertencimento, a socialização e, consequentemente, a formação de vínculos. As informações sobre os direitos dos usuários são trabalhadas para que esses possam enfrentar a vulnerabilidade social (MDS, 2009). O SCFV promove o acesso aos benefícios e aos outros serviços socioassistenciais, de modo que a rede protetiva seja fortalecida. Não obstante, o acesso aos serviços setoriais – tais como à educação, à saúde e à cultura – 21 contribui para que os usuários possam acessar de fato os direitos que possuem. Assim, objetiva-se que o público alvo do SCFV passe a se reconhecer enquanto capaz de realizar escolhas de ordem pessoal e política. Para tanto, a formação de um espaço de relações protegidas é essencial para que os indivíduos pensem e projetem suas aspirações. Portanto, a convivência possui um caráter político, por possibilitar que os mais diversos usuários se relacionem e experimentem uma situação de igualdade e passem a compreender o próximo, assim como às instituições em que são atendidos. Segundo o MDS (2014, p. 36) “As relações entre pessoas que se aproximam por contingências da vida e que estabelecem afinidades eletivas, interesses comuns e um cotidiano partilhados são capazes de constituir proteção”. No SCFV os indivíduos compartilham de necessidade e anseios, as quais podem ser problematizadas, fazendo com que os sujeitos percebam que o problema enfrentado não é individual, mas coletivo. A oferta de um serviço da proteção social básica voltado para o fortalecimento de vínculos consiste em um desafio de suma importância, pois contribui para afirmar que o tratamento às vulnerabilidades no campo das relações sociais é uma responsabilidade pública. A Assistência Social como uma política pública que visa ao combate das desigualdades sociais possui papel central na passagem da perspectiva individual para a coletiva. Dessa forma, o fortalecimento de vínculos é resultado do trabalho social voltado às vulnerabilidades sociais das relações sociais. A convivência em si não significa o desenvolvimento de potencialidades e proteção. É importante se atentar ao fato de que ao conviver, os humanos realizam trocas de vivências e de saberes, portanto, se afetam negativa ou positivamente. Dessa forma, podem-se estimular as mudanças e a valorização, ou mesmo, gerar relações baseadas na subordinação e na desumanização (MDS, 2014). Portanto, é necessário que o SCFV promova encontros nos quais haja a troca de saberes construtivos, que promovam a cidadania, o respeito, a desconstrução de preconceitos, e a mobilização para o enfrentamento das condições de existência vivenciadas pelo público. A realização de encontros, que haja informações sobre os direitos e que fomentem o grupo a refletir e a problematizar a realidade social, provoca a criticidade dos indivíduos e forma 22 cidadãos questionadores e interventores das relações sociais aparentemente cristalizadas. Fomentar a participação dos usuários nas atividades desenvolvidas pelo SCFV imprime uma dimensão educativa e de pertencimento. Os usuários passam a se reconhecer como integrantes da instituição que oferta o serviço e como possuidores de poder decisório. Participar é uma relação mútua que envolve criticar e ser criticado, vere ser visto. Assim, estimular a participação contribui para promover a inserção desse público em espaços de tomada de decisão. 3.3 FUNDAMENTOS DO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS Este tópico apresenta as principais características da organização do SCFV, bem como, os eixos norteadores e as concepções que fundamentam a convivência e o fortalecimento de vínculos, sobre as quais estão baseados o planejamento e execução deste serviço. Conforme descrito pela Tipificação, o SCFV integra a proteção social básica, atuando em complemento ao PAIF “possui caráter preventivo e proativo” (MDS, 2014, p. 9), onde busca promover a expansão da capacidade e potencial humano, defender e afirmar os seus direitos, de forma que este obtenha alternativas de enfrentamento das vulnerabilidades sociais. Como objetivos gerais visa complementar o trabalho social com as famílias, de forma que promova à prevenção da institucionalização e segregação dos seus usuários a promoção e acesso aos benefícios socioassistenciais e setoriais; possibilitar o acesso às informações sobre direitos e cidadania; oportunizar atividades inter-racionais, de forma que haja troca de experiência e vivências; e favorecer o acesso a manifestações artísticas, culturais, esportivas e de lazer. Para atingir esses objetivos são realizadas oficinas com atividades de esporte, lazer, arte e cultura, levando em consideração as especificidades de cada faixa etária. Tais atividades são planejadas em conjunto com os usuários e fundamentas nos três eixos que norteiam o serviço, sendo estes a convivência social, participação e direito de ser (MDS, 2017). O principal alvo do atendimento se destina aos usuários que se encontram em situação prioritária, aqueles que de vivenciam situações de vulnerabilidades 23 (materiais/relacionais) e situações de risco social. As oficinas são ofertadas pela equipe de referência que é composta por orientador social e técnico de referência. O orientador social, deve ser responsável por ações ligadas ao desenvolvimento das atividades nas oficinas junto aos usuários; e o técnico de referência, além de desempenhar as atividades já descritas no trabalho social essencial (MDS, 2017). É dentro dessa lógica que está inserido o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, e os objetivos desse serviço estão no espaço privilegiado da família, onde se busca diminuir os riscos a que os indivíduos isoladamente e sem os vínculos fortalecidos estão sujeitos. A segurança do ambiente familiar e comunitário fortalecido é importante para que o grupo possa nutrir o sentimento de pertencimento. Nas atribuições do técnico de referência se destaca o preenchimento do Sistema de Informações do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SISC), que funciona como uma base de dados ligada ao CadÚnico, que tem por finalidade acompanhar e monitorar a execução do serviço. Na qual possui informações pessoais e endereços dos usuários, assim como informações que possibilitam a identificação do grau de vulnerabilidades .Todos os usuários do SCFV devem estar registrados no SISC, esse registro é feito através do cadastro com o número de identificação social (NIS), é de suma importância o cadastramento, pois, o número de usuários cadastrados influencia diretamente no financiamento do SCFV, sendo o valor de repasse realizado com base no número de usuários cadastrados (MDS, 2017). O Financiamento tem origem do Piso Básico Variável, de acordo com os recursos da Fundo Nacional de Assistência Social - FNAS, que é resultado da união de dos recursos destinados ao adolescente (SCFV para 15 -17 anos), ao SCFV para crianças e idosos e do serviço socioeducativo do PETI. A proteção social pode ser usada como resposta às vulnerabilidades (MDS, 2012), e ligada tanto ao atendimento das necessidades objetivas quanto subjetivas. As objetivas estão ligadas às necessidades materiais e as subjetivas às dimensões afetivas, devido situações de violência, discriminação, desvalorização que acontecem no ambiente familiar, comunitário e social (MDS, 2017). A troca de saberes fortalece os vínculos, conforme que este se envolve obtém conhecimento e capacidade de conhecer os seus direitos, lutar por ele, além de 24 possibilitar uma relação horizontal entre usuários e profissionais, a participação pode ser estratégia para o fortalecimento. Portanto, o ser humano não vive isolado, se relacionar com o outro é uma questão de sobrevivência, princípio para a socialização, e é na troca de saberes, culturas e experiências que o indivíduo molda a sua personalidade. Esse aspecto é positivo no sentido que se abre um leque de oportunidades de aprendizado, com vista ao crescimento pessoal individual e do coletivo. Lidar com concepções diferentes pode ser positivo à medida que promove mudanças, aumenta a autoestima, mas também pode ser negativo se produzir desqualificação, sentimento de inferioridade e fragilidade dos vínculos (MDS, 2017). A realização de um trabalho social voltado para as vulnerabilidades relacionais propicia o fortalecimento de vínculos, este deve ser um propósito e com base nessa concepção o MDS mostra caminhos para a materialização desses objetivos. Entre esses caminhos estão às relações de parentescos, que possuem a capacidade de proteção, ainda que em alguns casos essa realidade seja diferente; relações de amizades são sempre positivas e reduzem os riscos; relações orgânicas que através de tarefas em comum criam laços capazes de gerar proteção; de cidadania, pois exercer os seus direitos desperta o sentimento de pertencimento e promove o exercício do diálogo para a conquista de um objetivo em comum; relações com profissionais da Política de Assistência Social, que buscam pautar sua atuação na ausência de qualquer tipo de julgamento moral em relação aos usuários. O MDS (2017) se propõe a trazer contribuições sobre a concepção de convivência e fortalecimento de vínculos, destacando ambos são interligados, de maneira que a convivência vem a ser a metodologia usada para fortalecer os vínculos e juntos possibilitam a prevenção de riscos e vulnerabilidades. O caminho utilizado para iniciar essa problematização foi a retomada a tradição histórica do trabalho social realizado com as famílias, onde a assistência social atuava com ações de cunho disciplinador de comportamentos, com destaque que, a PNAS ao organizar as ações de proteção social, vem a ser de grande contribuição para alteração desse quadro, através do uso de ações de preventivas de situações de desproteção. Desproteção que são vivenciadas por usuários que passam por situações de vulnerabilidades, que vão além da dimensão material. 25 A convivência pode ser usada como metodologia, que apresenta estratégias, cuja finalidade é fortalecer vínculos dos usuários, nas relações junto aos amigos, família, organizações, territórios e profissionais da política de assistência social (XAVIER et al., 2007). Conforme a resolução CNAS no 17/11 a equipe do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, deve ser composta por um técnico de referência ou orientadores sociais do CRAS, com formação em nível superior em Serviço Social ou Psicologia. Em uma grande maioria, um assistente social graduado é quem coordena as equipes do SCFV. Os assistentes sociais são profissionais de nível superior que integra a equipe do CRAS para ser referência aos grupos do SCFV. Além do acompanhamento e da execução do serviço, especialmente por meio de participação sistemática nas atividades de planejamento e assessoria ao orientador social, cabe a estes profissionais assegurar, na prestação do SCFV, aplicação do princípio da matricialidade sociofamiliar que orienta as ações de Proteção Social Básica da Assistência Social. Outro aspecto importante, é o profissional saber se aproximare se adequar as condições que se apresentam no município, visto que a forma de abordagem metodológica no trabalho social com famílias é de grande complexidade, possibilitando assim que, em cada localidade, diferentes subsídios sejam adotados pelos profissionais para dar sustentação e coerência ao trabalho desenvolvido, sempre seguindo uma linha geral que deve estar em consonância com a Política Nacional de Assistência Social (XAVIER et al., 2007). O SCFV funciona articulado ao PAIF, o qual possui caráter continuado, e abrange projetos e serviços que buscam o desenvolvimento da autonomia familiar para o fortalecimento de vínculos e a da função protetiva. Esse serviço contribui para o acesso aos direitos e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida dos usuários (GONDIM, 2013). As famílias atendidas em um serviço também podem ser atendidas no outro, partindo do princípio das SUAS denominado Matricialidade Sociofamiliar, na qual a família é o centro da proteção social. A importância da família é destacada também na Constituição e na LOAS, assim como no Estatuto da Criança e do Adolescente e no do Idoso. A família, portanto, é a unidade de intervenção da política em questão (XAVIER et al., 2007). 26 Dessa forma, é importante que o trabalho realizado com os usuários insira seus familiares e compreenda que ambos trazem consigo um acúmulo na vivência. Não obstante, os componentes da família devem ser concebidos como sujeitos de direitos e de escolhas de forma ativa, capaz de tomarem as próprias decisões. De acordo com Xavier et al. (2007), a família provê os cuidados aos seus membros e media suas relações com a sociedade, para tanto, também necessita ser cuidada. As mudanças ocorridas na sociedade contemporânea interferem diretamente nas famílias, as quais materializam esses impactos por meio da pobreza e da exclusão social, por exemplo. 3.4 QUESTÃO SOCIAL E O SERVIÇO SOCIAL O Serviço Social é considerado como uma profissão histórica, que no começo era vinculada a Igreja católica, tendo uma visão de caridade, assim com muitas lutas e conquistas, aprimorando suas práticas profissionais. Nesse contexto é importante afirmar que o Serviço Social é uma profissão regulamentada pela Lei n° 8662/93, de 07 de junho de 1993, com alterações determinantes pelas resoluções CFESS n° 290/94 e n° 293/94, e balizada pelo Código de Ética, aprovado através da resolução CFESS n° 273/93, de 13 de março de 1993. Pautado no código de ética profissional e da Lei 8.662/93 que regulamenta a profissão, é marcado pelas profundas mudanças no modo de produzir, distribuir e acumular riquezas, onde segundo avalia Mota (2010, p.22), “mais do que nunca, o contraste entre o crescimento vertiginoso das riquezas e a persistência ou ampliação do pauperismo é assustador”. Assim, o profissional de Serviço Social em Instituições de Acolhimento a Idosos tem como prerrogativa se posicionar contra o abandono, desigualdade e vulnerabilidade social, onde os idosos têm seus direitos violados, seja por ação ou omissão do Estado, familiares ou comunidade, cabendo o profissional fazer a intervenção necessária para assim garantir o bem-estar do idoso institucionalizado. A questão social diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção, contraposto á apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho-, das condições necessárias á sua 27 realização, assim como de seus frutos. É indissociável da emergência do “trabalhador livre”, que depende da venda de sua força de trabalho como meio de satisfação de suas necessidades vitais (IAMAMOTO, 2001, p. 17). A atuação do profissional de Serviço social é de extrema importância no enfrentamento das expressões da questão social, podendo desvelar a realidade concreta diante das complexidades existentes. Assim, construindo estratégias que envolvem as particularidades do usuário que estão em situação de vulnerabilidade ou exclusão social. Dessa forma as atribuições do assistente social no âmbito profissional são de coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas e projetos na área de Serviço Social, com prestação e elaboração de pareceres, parcerias e contatos institucionais dentre outros. Ressalta-se, então, a importância do incremento de atividades para que a pessoa possa envelhecer em boas condições e permanecer ativa, conseguindo manter as relações com as pessoas. O trabalho do assistente social pode produzir resultados concretos nas condições materiais, sociais e culturais da vida de seus usuários, em seu acesso e usufruto de políticas sociais, programas, serviços, recursos e bens, em seus comportamentos, valores, seu modo de viver e de pensar, suas formas de luta e organização, suas práticas de resistência (YASBEK, 2002). Também são atribuição do profissional garantir o direito ao acesso as políticas públicas dos idosos institucionalizados, levando em consideração a articulação com outros profissionais e com a instituição. Assim, com as inúmeras conquistas que a profissão alcançou durante sua trajetória profissional, a luta continua constante em vários setores, principalmente em relação ao papel e atribuições do assistente social no âmbito profissional. 28 4 JUSTIFICATIVA A realização de uma pesquisa deve trazer a partir de seus resultados, contribuições práticas e teóricas para a área que está sendo realizada. Quanto maiores forem essas contribuições, tanto para os profissionais quanto para a comunidade em geral, maior será a relevância daquilo que foi proposto, por isso é importante pensar nas contribuições e justificativa do trabalho. Partindo para a justificativa dessa pesquisa, podemos destacar que esse trabalho traz algumas contribuições, tendo em vista que é importante ampliar os conhecimentos sobre a questão da atuação do assistente social no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Assim entende-se que o assistente social pode contribuir significativamente para o desenvolvimento social dos usuários do SCFV, portanto, é fundamental que isso seja cada vez mais trabalhado do ponto de vista teórico e prático. O assistente social em suas atribuições pode atuar em diversas área e setores na sociedade, em diversas instituições diferentes, sendo então o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) um desses campos importantes de atuação. A partir desses aspectos, surgiu o interesse para pesquisar esse tema, como uma necessidade de ampliar os conhecimentos envolvendo a atuação no referido serviço. O CRAS é uma instituição social muito importante para todos, tendo em vista que é a partir dos serviços que são oferecidos por essas unidades que muitos ganham acesso a direitos básicos e com isso podem exercer a sua plena cidadania. Levando em consideração que o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) são direcionados aos usuários do CRAS, é importante conhecer principalmente o papel do assistente social dentro desse sistema para orientar as familias sobres seus direitos. Mediante esses aspectos, como a vulnerabilidade social de determinados indivíduos de diferentes faixas etárias, torna-se fundamental conhecer mais da atuação do assistente social no campo em questão. Assim, essa pesquisa irá contribuir para o maior reconhecimento da área, irá trazer contribuições teóricas importantes para que possamos conhecer a importância de sua atuação no SCFV. 29 4.1 RELEVÂNCIA TEÓRICA A experiência do estágio é essencial para a formação integral do aluno, considerando que cada vez mais são requisitados profissionais com habilidades e bem preparados. Ao chegar à universidade o aluno sedepara com o conhecimento teórico, porém muitas vezes, é difícil relacionar teoria e prática se o estudante não vivenciar momentos reais em que será preciso analisar o cotidiano (MAFUANI, 2011). O Estágio Supervisionado é uma experiência em que o aluno mostra sua criatividade, independência e caráter. Essa etapa lhe proporciona uma oportunidade para perceber se a sua escolha profissional corresponde com sua aptidão técnica. Esta atividade é oferecida nos cursos de licenciatura a partir da segunda metade dos mesmos, quando o graduando já se encontra inserido nas discussões acadêmicas para a formação docente e ela é apenas temporária. O estágio supervisionado vai muito além de um simples cumprimento de exigências acadêmicas. Ele é uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Além de ser um importante instrumento de integração entre universidade, escola e comunidade (FILHO, 2010). O Estágio Supervisionado é muito importante para a aquisição da prática profissional, pois durante esse período o aluno pode colocar em prática todo o conhecimento teórico que adquiriu durante a graduação. Além disso, o estudante aprende a resolver problemas e passa a entender a grande importância que tem o educador na formação pessoal e profissional de seus alunos. 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO O Centro de Referência de Assistência Social - CRAS é uma unidade de proteção social básica do SUAS, que tem por objetivo prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos direitos de cidadania. Esta unidade pública do SUAS é referência para o desenvolvimento de todos os serviços socioassistenciais de proteção básica do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, no seu território de abrangência. Estes serviços, de caráter 30 preventivo, protetivo e proativo, podem ser ofertados diretamente no CRAS, desde que disponha de espaço físico e equipe compatível. Quando desenvolvidos no território do CRAS, por outra unidade pública ou entidade de assistência social privada sem fins lucrativos, devem ser obrigatoriamente a ele referenciados. O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) é o principal serviço ofertado, pois garante o direito à convivência familiar e assegura a matricialidade sociofamiliar no atendimento socioassistencial. Além do PAIF, o CRAS também possui outros serviços exemplos os Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e o Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. Por meio do CRAS a população tem acesso aos seguintes benefícios: Benefício de Prestação Continuada (BPC);Benefícios Eventuais;Benefícios de Transferência de Renda Assim, o papel do CRAS – Maranhão que fica localizado na Rua Antônio Mentros, Nº 2030, no bairro Cruzeiro, próximo a Assembleia de Deus Montese na cidade de Itapipoca – CE é a oferta de serviços, visando garantir as condições fundamentais para que as famílias e os indivíduos desenvolvam a capacidade de superar sua situação de vulnerabilidade social potencializando a família como referência, fortalecendo seus vínculos. https://www.gesuas.com.br/blog/trabalho-social-com-familias-no-paif/ https://www.gesuas.com.br/blog/beneficio-de-prestacao-continuada/ 31 5 OBJETIVOS DA PESQUISA Os objetivos da pesquisa são uma das questões mais importantes de um trabalho cientifico, tendo em vista que são eles quem direciona o autor a respeito do que pretende realizar, o que se busca, onde pretende chegar com a temática de pesquisa que está sendo proposta. Diante desses aspectos, a seguir apresentaremos os objetivos geral e específicos de pesquisa. 5.1 OBJETIVO GERAL Conhecer as contribuições do assistente social no âmbito do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Conhecer a relação que pode ser estabelecida entre o trabalho de assistência social e os usuários do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV); Apresentar a atuação do assistente social frente as problemáticas sociais nos serviços SCFV, serviços ofertados pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS); Destacar a importância do assistente social no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para a redução das vulnerabilidades sociais. 32 6 METODOLOGIA DE PESQUISA A metodologia de um trabalho científico é muito importante para estabelecer o caminho e os mecanismos utilizados para responder a problemática de pesquisa e alcançar os objetivos que foram propostos para o trabalho. Desse modo, entende-se que a metodologia apresenta todo o processo utilizado pelo autor para chegar aos resultados do trabalho, o que reforça a credibilidade e aceitação das informações e dos próprios resultados apresentados ao longo do trabalho A seguir será mostrado como foi realizado a metodologia deste trabalho sobre o tema em foco. 6.1 QUANTO A NATUREZA, ABORDAGEM E OBJETIVO Como ponto de partida metodológico desse trabalho, partimos do levantamento bibliográfico para oferecer o suporte teórico necessário para a realização da pesquisa. Assim, será realizada a consulta bibliográfica a autores que tratam da temática, que podem contribuir positivamente com informações importantes para o desenvolvimento do trabalho. Quanto a natureza e abordagem o trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, de base qualitativa, e classificada quanto aos objetivos como exploratória e descritiva, onde foi realizado um estudo sobre a atuação do assistente social no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos - SCFV. De acordo com Silva e Menezes (2005, p. 20), a pesquisa qualitativa “considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”. Conforme mencionado a pesquisa qualitativa tem a sua relevância reconhecida no que diz respeito ao estudo das relações sociais, levando-se em conta principalmente a pluralização da vida em sociedade que tem como consequência as mudanças sociais aceleradas. Quanto aos objetivos, a pesquisa classifica-se como exploratória e descritiva. Exploratória pois, segundo Severino (2007, p. 123) “busca apenas levantar informações sobre determinado objeto, delimitando assim um campo de trabalho, 33 mapeando as condições de manifestação desse objeto”. E descritiva, por utilizar técnicas de coleta de dados e preocupar-se em analisá-los e interpretá-los. 6.2 PARTICIPANTES Os participantes foram dois assistentes sociais que trabalham no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Maranhão, atuando no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), buscando assim dados relevantes para a realização das discussões ao longo da pesquisa. 6.3 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS Os instrumentos foram a busca de publicações indexadas na base de dados e recursos informacionais tais como: Google Acadêmico, SciELO, e documentos fornecidos pela instituição em parceria com a supervisora de campo. Utilizou-se também como instrumento a observação e uma entrevista estruturada foi composta de 06 questões, onde dois assistentes sociais froam entrevistados, no mês de maio no período da manhã. 6.4 PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTOS DE COLETA DE DADOS É importante destacar que foi realizada uma pesquisa campo, que tem como principal instrumental de pesquisa a entrevista com 06 perguntas, que foi direcionado para dois assistentes sociais que trabalham no Centro de Referência da Assistência Social(CRAS) atuando especificamente no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), buscando assim dados relevantes para a realização das discussões ao longo da pesquisa. A partir da aplicação da entrevista que foi realizada no dia 19 de maio do ano corrente, os dados colhidos foram analisados a partir de uma perspectiva qualitativa, ou seja, discutindo esses dados, fazendo uma análise a partir da perspectiva prática apresentada pelos sujeitos de pesquisa, levando em consideração também os autores teóricos que contribuem para a compreensão do tema. Com tudo isso se espera alcançar os objetivos propostos e resolver a problemática da pesquisa. 34 7 ANÁLISE DOS DADOS O presente capitulo permitirá conhecer os lócus da pesquisa, estrutura, resposta das entrevistas potencialidades e vulnerabilidades, bem como, apresentará também o que foi apreendido com a pesquisa. 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS Aprender é uma atividade dinâmica e como tal exige movimento, demanda não fique parado, mas que se envolva, interaja e movimente pelos temas a serem aprendidos. “A verdade não está parada, esperando ser encontrada; toda verdade é verdade andando, e nos cabe tão somente andar com ela. ” (BERNARDO, 2000, p. 41). A apresentação do discurso também observou dados referentes aos fatores externos de influência que se estabelecem durante a entrevista. A opção por discutir os possíveis fatores que podem influenciar, ou melhor, interferir a conduta profissional durante a entrevista do assistente social, partiu da leitura de autores que, ao discutirem o instrumento entrevista, enfocaram preocupações com o ambiente de sua realização. 7.2 ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados objetiva na compreensão do que foi coletado, podendo confirmar ou não as conjecturas iniciais da pesquisa, bem como pode ainda ampliar a compreensão do que se pretende analisar para além do que se pode verificar nas aparências do fenômeno. A análise e sistematização dos dados coletados mediante a realização das entrevistas semiestruturadas são etapas intimamente relacionadas. Em seguida foram realizadas as entrevistas semiestruturadas com os sujeitos envolvidos, seguida da análise dos dados em consonância com os teóricos escolhidos. As entrevistas captaram o sentido, a interpretação que os sujeitos dão as suas práticas. A análise parte, também, do relato de duas assistentes sociais cuja prática profissional é composta por experiências nos CRAS. Com vistas a manter o sigilo 35 profissional das entrevistadas, foram chamadas de assistente social 1 e assistente social 2. Embora o objetivo deste item não seja o de analisar a política de assistência social, mas sim de traçar análises críticas acerca da prática profissional nos grupos de convivência desenvolvido nos CRAS, especificamente no uso do instrumento entrevista pelos assistentes sociais, é necessário destacar que para que esses profissionais, minimamente, atinjam os objetivos inerentes à política, além da capacidade técnica, que a seguir discutiremos com referência à tríade das dimensões do fazer profissional, também se faz indispensável reconhecer, mesmo que de forma sucinta, as particularidades dessa política. 7.3 RESULTADOS No total foram realizadas as entrevistas com dois assistentes sociais que se dispuseram a participar da pesquisa. Inicialmente foram apresentados os objetivos da pesquisa e solicitado dos mesmos que, espontaneamente, participassem da pesquisa como entrevistados. Antes da realização da entrevista foi entregue aos participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido explicando quais os direitos dos mesmos e onde suas entrevistas seriam colocadas. Seguindo o roteiro de entrevista, as entrevistas foram gravadas no gravador digital, e posteriormente transcritas e analisadas “(...) gravação permite contar com todo material fornecido pelo informante, o que não ocorre seguindo outro meio” (TRIVIÑOS, 2006, p.148). No que diz respeito ao tempo de graduação os assistentes sociais possuem mais de um ano e meio de atuação na área e no máximo dois anos de formados. Mesmo com pouco tempo de atuação Iamamoto (2009), chama atenção para o fato dos assistentes sociais serem, capazes de decifrar uma dada realidade, e a partir dessa realidade construir sua proposta de trabalho de forma criativa, preservando e efetivando direitos, a partir das demandas que surgem no cotidiano. Quanto à instituição de formação os dois formados em uma instituição particular. Acerca da importância do Social nos serviços executados no CRAS a maioria considera este importante, pois organiza os trabalhos e orienta sobre os direitos sociais. No depoimento a seguir é apresentada a opinião de uma das entrevistadas 36 sobre a importância do assistente social na execução dos serviços ofertados no CRAS: “Orienta, também é um mediador. Busca ajuda por meio das políticas públicas. O cuidado, o diálogo, acolhida. Ser um profissional do Serviço Social é muito importante, pois buscamos melhorias, pois somos mediador, pacificador, nos casos de violação dos direitos do cidadão nas questões políticas, desigualdades e justiça social”. (Assistente Social 1). De acordo com seu cotidiano de trabalho quais são as principais demandas colocadas pela instituição para os assistentes sociais no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)? “Fazer com que aconteça, mesmo com falta de recursos muitas vezes”. (Assistente Social 1). “Concordo as vezes precisamos arcar com um todo por falta de lanches, facilitadores entre mais, até os mesmos facilitadores estão divididos em outros CRAS do município, acho que mais ruim é a falta recursos tanto humano como material” (Assistente Social 2). A dinâmica do trabalho dentro da instituição faz a diferença no decorrer de cada estratégia analisada eticamente para solucionar os problemas apresentados. Porém permite que abstração do trabalho em equipe trouxesse resultados positivos, que o caráter social entre trabalho realizados com responsabilidades por parte deste profissional respeitando as particularidades de cada um. Como é organizado o trabalho do assistente social no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)? “Os técnicos ficam divididos com os grupos por faixa etária, e trabalham junto com os facilitadores e orientadores juntos produzem como serão trabalhados no decorrer das atividades ofertadas”. (Assistente Social 1). “Apenas acrescentar que mesmo com os grupos divididos o trabalho é equipe, quando um preciso todos estão juntos para planejar e fazer acontecer”. (Assistente Social 2). Tendo como importância geral o CRAS, equipamento considerado a “porta de entrada” desse novo modelo de assistência social, a cerca das reflexões e questionamentos do atendimento disponibilizado às famílias beneficiárias. Onde há importância de uma visão holística sobre a visibilidade e à subjetividade das famílias atendidas, a fim de que elas próprias avaliem os atendimentos que recebiam. Sabemos que cada instituição segue uma ordem de rotina, na qual serve para poder organizar o serviço que a instituição fornece para a população, sabendo disso foi 37 lançado a seguinte pergunta: Quais ações você realiza no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)? “Atividades com os grupos de criança e adolescentes, brincadeiras”... (Assistente Social 1). “Interação e convivência com grupo dos idosos, palestra, passeios, dinâmicas etc.”. (Assistente Social 2). De acordo com IAMAMOTO (2016), o Serviço Social é representado pela a formulação, e planejamento para a execução de políticas publicas voltada a questão social e técnica do trabalho como: ação sócioeducativo na prestação de serviço social voltado aos direitos violados do cidadão. A lei n. 8.662 de 07 de junho 1993, que regulamenta a profissão,referente aos artigos 4º e 5º sobre as competências e atribuições, privativas a assistência social. Quais os instrumentos e técnicas de trabalho utilizado por você para a realização no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos (SCFV)? “Planejamento, cronograma, relatórios, realização das atividades em grupo”. (Assistente Social 1). “Trabalhamos com cronograma para efetivação das atividades com os grupos”. (Assistente Social 2). As assistentes sociais utilizam diversos instrumentos e técnicas de trabalho que os ajudam a conduzir seu atendimento e realizar o acompanhamento das famílias e usuários. O prontuario da familia por exemplo, são importantes para o registro de informações colhidas durante o atendimento, a visita domiciliar possibilita a assistente social estar mais próxima ao usuário, entendendo melhor sua real situação e sua realidade fora do espaço da instituição. Quais os principais limites impostos ao seu exercício profissional no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos (SCFV)? “Falta de recursos, o que mais dificulta” (Assistente Social 1). “Falta de mais espaço, facilitadores, recurso humanos etc., trabalhamos apenas com eu temos, muitas vezes arcando de nossos bolsos”. Segundo as assistentes sociais, as mesmas apontam dificuldades diante os insumos disponíveis para trabalharem de maneira coerente e com qualidade na instituição que enfrentam cada dia com os usuários que o procuram para resolver seus problemas de forma rápida e dando a garantia da organização de segmentos ao serviço. 38 Diante dos limites impostos quais as possibilidades que você encontra para realizar no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos (SCFV). Trabalho em grupo, assim se torna mais fácil o trabalho, mesmo diante das dificuldades por falta de recursos (Assistente Social 1). O trabalho em equipe! E as parcerias de outros setores (Assistente Social 2). Diante de todas as ponderações até aqui apresentadas, para concluir, fazem- se referência à Lewgoy e Silveira (2007), especificamente em relação ao potencial da entrevista no âmbito da prática na assistência social, por considerarmos que os CRAS, por serem porta de entrada da demanda da assistência social, têm objetivos para os quais intervir exige muito mais que o conhecimento da PNAS ou de um Projeto Profissional, mas, principalmente, exige que a articulação entre as três dimensões básicas do exercício profissional se realize afastando dicotomias entre a teoria e a prática e reconhecendo o campo de possibilidades que os instrumentos interventivos para uma atuação consciente diante das situações de vulnerabilidade dos usuários. 7.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Como podemos perceber através das repostas, nem sempre as condições de trabalho do assistente social nos CRAS se dão em conformidade com as leis que regem a atividades desses profissionais. O assistente social é um profissional cuja atribuição tem cunho interventivo, graças à formação multidisciplinar das ciências humanas e sociais que possibilitam análise e intervenção de situações adversas, como em situações que reflitam realidade social presentes em determinados contextos e ambientes sócias. Iamamoto (2008 p.199) diz que para “compreender a metodologia do Serviço Social não se deve percebê-la separada da sociedade, pois ela diz respeito ao modo de ler, interpretar e se relacionar com a realidade social”. Isso mostra a importância e atenção que o Serviço Social deve à formação profissional para atuar nas instituições procurando não só entender a realidade na qual o indivíduo está inserido, mas está presente para conhecer as necessidades e o contexto social e dinâmica das instituições vinculadas a sociedade civil, política, as articulações e as 39 relações das distintas camadas da sociedade, a fim de defender áreas da assistência, pesquisa e educação com a finalidade de apresentar propostas concretas aos usuários. Percebe-se que o assistente social precisa, também, de um embasamento teórico metodológico, cuja direção aponte para o compromisso da transformação atual na ordem societária, para lutar por direitos e qualidade nos serviços prestados a comunidade. É perceptível ao adentrar a instituição, que os funcionários são extremamente conectados com os usuários, onde consequentemente há uma eficácia no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que é o foco da instituição, sendo esse serviço desenvolvido conforme parâmetros metodológicos conforme orientação técnica. Verifica-se com a entrevista a existência de um déficit orçamentário e a dificuldade que os profissionais encontram para atender toda a demanda existente, visto que o governo libera verba para mínimos sociais, que se aplica em pagamento de funcionários e manutenção do espaço. 40 8 CONCLUSÃO Com base nas reflexões realizadas nessa monografia, mesmo diante dos desafios enfrentados no cotidiano do assistente social, na luta para a efetivação da Política de Assistência Social como política pública, estes profissionais são chamados tempo todo para pensar estratégias que venham somar ao seu trabalho. Os documentos normativos da Política de Assistência Social criados ao longo dos anos, como proposta de aprimoramento da política foram de suma importância para o avanço da política, mas suas propostas precisam ser materializadas de forma integral. As expressões da questão social gerada em decorrência do capitalismo são alvos da atuação profissional, estas são apresentadas pelos os usuários e instituições como forma de demandas que necessitam de intervenção por parte dos profissionais. Estas podem ser aparentes ou implícitas dentro das necessidades apresentadas pelos usuários ou instituições, a intervenção profissional deve atender aos interesses institucionais e ao compromisso profissional. O que gera um desafio para a prática profissional, como pensar ações e estratégias que venham de encontro a ambas requisições. Pois, o assistente social está inserido na divisão social do trabalho, a qual vende sua força de trabalho para sua sobrevivência e também assume o compromisso com o Projeto Ético Político, em defesa das lutas da classe trabalhadora, sendo as suas ações norteadas pela a Lei de Regulamentação da profissão e o Código de Ética do Assistente Social. Para a execução da sua prática, são necessárias estratégias que venham somar aos enfrentamentos dos desafios no espaço ocupacional decorrente da ofensiva neoliberal, a defesa da singularidade do serviço social, a prestação de um serviço de qualidade aos usuários e a formação de uma nova ordem societária. Os serviços socioassistenciais do SUAS são espaços privilegiados para esses objetivos, especificamente Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que traz no seu núcleo a prevenção das situações de vulnerabilidades e risco social, rompimento dos vínculos familiares e comunitários. Ao pensar estratégias para o desenvolvimento das ações, se mostra como grande aliada em razão das suas características. 41 As estruturas do SCFV foram analisadas com base nos documentos normativos do MDS, para compreensão da sua forma de organização e situar esse campo de atuação profissional. Entende-se com o presente trabalho que o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos é de suma importância para o desenvolvimento da sociedade, pois o objetivo é prevenir, trabalhar para que a violação de direitos não aconteça e para que os vínculos familiares sejam fortalecidos, em todas as faixas etárias, desde crianças a idosos. Dessa forma, o alcance dos objetivos propostos pela Tipificação fica comprometidos, refletindo em um Serviço fragmentado, com práticas que por vezes podem reproduzir o assistencialismo e preconceitos, com a falta de estrutura
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