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ANA CLARA BARROS

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2
FACULDADE CATHEDRAL DE BOA VISTA
CURSO DE DIREITO
ANA CLARA NUNES LEÃO BARROS
LEI DE DROGAS E SEUS EFEITOS SOCIO-JURÍDICOS. UMA ANÁLISE DA PUNIBILIDADE.
BOA VISTA-RR
2022
ANA CLARA NUNES LEÃO BARROS
LEI DE DROGAS E SEUS EFEITOS SOCIO-JURÍDICOS. UMA ANÁLISE DA PUNIBILIDADE.
Monografia apresentada a faculdade cathedral de Boa Vista, coo requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em direito. 
Orientador: André Luiz
BOA VISTA-RR
202
ANA CLARA NUNES LEÃO BARROS
LEI DE DROGAS E SEUS EFEITOS SOCIO-JURÍDICOS. UMA ANÁLISE DA PUNIBILIDADE.
Monografia apresentada a faculdade cathedral de Boa Vista, coo requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em direito. 
Orientador: André Luiz
APROVADO EM ___________de ___________ de 202______. 
COMISSÃO EXAMINADORA:
_________________________________________________________________
BOA VISTA-RR
2022
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, é por ele e com ele que estou aqui pra sentir toda essa gratidão no meu coração. Agradeço a minha família, que acompanhou de perto todo o drama que foi esse período da minha vida, e por estarem ao meu lado nesse momento tão importante. Sem eles nada disso faria sentido. E a mim mesma, que tive que ser forte quando tive medo, que me desafiei ao fazer essa escolha de me graduar, e consegui até aqui vencer todas esses ciclos que a vida me trouxe. Grata por cada momento, cada lágrima, cada erro e também acertos. Eles me trouxeram até aqui.
DEDICATÓRIA
Dedico a todas as pessoas da minha vida. Que me lembram todos os dias o quanto a vida é linda e o quanto tenho sorte de ter ao meu lado pessoas que me amam. A minha mãe, que me apoiou em cada posicionamento meu. Ao meu pai, que foi minha âncora, me trouxe pra realidade da vida quando pensei em desistir. A minha irmã, que inconscientemente me ajudou a trilhar esse caminho, e sempre se preocupou para que eu alcançasse a chegada. E em especial a minha tia, Dona Fátima, que me olha lá do céu, ela que sempre viu a luz que há em mim, e jamais duvidou do meu sucesso. E a todos que participaram dessa caminhada mesmo que indiretamente. Dedico essa vitória não só para mim, mas a todos vocês.
“Assim como as estações, a vida tem ciclos. Os melhores dias são como memórias antigas de um verão regado de risadas, de aventuras e de calor. Mas depois do verão vem o outono. As folhas caem, as circunstâncias mudam. E o inverno é tão traiçoeiro que é quase impossível notar quando de fato começa e quando termina. Os dias são escuros, mais curtos. Parecem saber que se fossem longos derrubariam até os mais valentes entre nós. As estações nos dão a oportunidade de redescobrirmos o significado do que é paciência. Nos levam à reflexão, à esperança de uma nova primavera. No outono, no inverno, esperamos a primavera chegar. E assim como as estações, a vida.”
Tiago Arrais
RESUMO 
O presente trabalho será uma pesquisa descritiva, explicativa e bibliográfica, fazendo um breve estudo nos aspectos do tema escolhido. O estudo será embasado em dados secundários, que já foram objetos de estudo, por doutrinadores, leis, livros e sites jurídicos, onde será abordado referências fundamentadas. A nova lei introduzida em 2006 se mostrou suficiente para a política criminal no combate às drogas no Brasil? Após sua introdução, o sistema punitivo em, confronto a entorpecentes tem se mostrado eficiente no enfrentamento dessa problemática colossal de consumo de drogas ilícitas? Diante da problemática atual, do avanço exagerado do consumo e tráfico de drogas, mesmo com a presença de uma rígida política de combate, abordaremos no decorrer no presente trabalho, Uma análise acerca do tratamento jurídico contemporâneo atribuído ao tráfico de drogas nacional, bem como o seu crescimento e também a atual legislação Brasileira verificando, sua eficácia no combate ao problema das drogas no Brasil.
Palavras Chaves: Leis; Drogas; Brasil. 
ABSTRACT
The present work will be a descriptive, explanatory and bibliographical research, making a brief study in the aspects of the chosen theme. The study will be based on secondary data, which have already been objects of study, by scholars, laws, books and legal websites, where reasoned references will be addressed. Did the new law introduced in 2006 prove to be sufficient for criminal policy in the fight against drugs in Brazil? After its introduction, has the punitive system in confrontation with narcotics shown to be efficient in facing this colossal problem of illicit drug consumption? Faced with the current problem, the exaggerated advance of drug consumption and trafficking, even with the presence of a rigid combat policy, we will address in the course of this work, An analysis of the contemporary legal treatment attributed to national drug trafficking, as well as the its growth and also the current Brazilian legislation verifying its effectiveness in the fight against the drug problem in Brazil.
Keywords: Laws; drugs; Brazil.
SUMARIO
1. INTRODUÇÃO 	10
2. DA HISTÓRIA NO COMBATE ÀS DROGAS E SUA A ADOÇÃO NA POLÍTICA NO BRASIL	27
3. IMPLEMENTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE NOVAS POLÍTICAS ÀS DROGAS.	39
4. LEI DAS DROGAS	39
5. CONCLUSÃO	46
REFERÊNCIAS	49
1.INTRODUÇÃO 
Trata de um instrumento de planejamento e parte integrante e obrigatória do processo de investigação do tema a ser tratado no Trabalho de Conclusão do Curso de Direito, e versará a respeito do tema Crime de Drogas e a sua eficiência punitiva em seus aspectos na sociedade brasileira na época atual. 
No que diz respeito ao Crime de Drogas, o presente tema analisará sua inserção na sociedade, e como esta respondeu ao longo dos anos com a posição proibicionista e repressiva da lei 11.343 de 23 de agosto de 2006,. A nova lei introduzida em 2006 se mostrou suficiente para a política criminal no combate às drogas no Brasil? Após sua introdução, o sistema punitivo em, confronto a entorpecentes tem se mostrado eficiente no enfrentamento dessa problemática colossal de consumo de drogas ilícitas? 
Diante da problemática atual, do avanço exagerado do consumo e tráfico de drogas, mesmo com a presença de uma rígida política de combate, abordaremos no decorrer no presente trabalho, Uma análise acerca do tratamento jurídico contemporâneo atribuído ao tráfico de drogas nacional, bem como o seu crescimento e também a atual legislação Brasileira verificando, sua eficácia no combate ao problema das drogas no Brasil.
Este trabalho tem como principal objetivo discorrer se a lei 11.463/2006 que está em vigor no Brasil é eficaz. Bem como, no que diz respeito, se as políticas de controle e combate ao tráfico ilícito de drogas no atual cenário brasileiro realmente tem sido atingida.
Apontar de forma clara porque o sistema atual nacional não tem sido eficaz no controle de combate ao consumo de drogas. Além disso, identificar os possíveis pontos a serem melhorados na política antidrogas na sociedade brasileira e mostrar porque o tratamento punitivo deve ser aperfeiçoado em alguns aspectos.
Diante do cenário atual, observa-se que não obteve avanços na política criminal de drogas no país. Pois o que vemos é que a criminalidade do tráfico e o consumo de drogas tem se mostrado bastante presentes na realidade. O número de usuários tem crescido assustadoramente, revelando por si a falta de efetividade da lei e das políticas públicas de combate ao uso e ao tráfico. Debater sobre essa realidade é importante para enxergarmos esse reflexo na sociedade que tem causado danos principalmente aos jovens, o que pede uma maior atenção nas próprias políticas, haja vista que através delas que podem-se melhorar gradualmente os exorbitantes números e assim, refletirmos sobre nosso próprio sistema, se ele tem concluído com sua finalidade. Assim observaremos, será que que as políticas públicas estão atingindo seu propósito eficientemente?
Quando adentramos no temadrogas, historicamente presentes na sociedade há centenas de milhares de anos, é comum gerar certa polêmica, e até mesmo preconceitos. 
Isso ocorre naturalmente como um reflexo de como as drogas são repreendidas drasticamente. Esse comportamento se deve pela política estruturada de ódio às drogas, e devido à ausência de informações pela maioria da população. De acordo com Giddens e Sutton, isso é uma reação da sociedade acentuada a um grupo ou comportamento advindo de um mal-estar geral, tanto moral como social 
Quem é alvo de julgamento na sociedade são os usuários e traficantes que são considerados uma grande ameaça aos valores sociais, a imagem negativa associada a eles é resultado da visibilidade midiática que usa a figura do traficante como criminoso. Esse problema de natureza econômica com possíveis traços de violência é a realidade dos vendedores de drogas que estão dentro da criminalidade de rua. Isso é o que representa as estáticas, que com a participação da mídia criam um amedrontamento à população mais vulnerável da sociedade. 
Com a ignorância da maioria da sociedade, e com o alto crescimento da violência, são analisadas formas de diminuir ou até mesmo extinguir esse desenfreado problema que vem sendo as drogas. Eis que a legislação, poder responsável para sanar esse defeito, se torna cada vez mais dura.
Desde o momento que o mundo começou a observar as drogas como inimigas mortais da humanidade surgiram diversas políticas repressivo-punitivas em várias jurisdições, e não foi diferente no Brasil. A partir do ano de 1920 é implantado o decreto nº 4.294, materializando assim a proibição total de substâncias consideradas pelo o Estado uma grande ameaça à população. E no decorrer dos anos, a inflexibilidade da legislação fica cada vez maior. 
Nesse sentido, quem mais sofre com isso é a sociedade, que tem lidado com o comércio ilegal, com o aumento da violência e criminalidade no país. É nítido que a cada dia os números de dependentes das drogas só crescem com o passar do tempo.
Com o significativo crescimento de presos no Brasil pelo crime do artigo 33 da Lei 11.343/06, mais conhecido como crime de drogas é praticamente impossível ignorar a discussão da política criminal de drogas na perspectiva de outras esferas como discursos morais, sanitários, de segurança entre outros.
Não obstante, é de fato um problema por si só, e o sistema de encarceramento poderia ser visto como algo que fosse viável se realmente estivesse gerando efeitos positivos na “guerra as drogas’. 
2. DA HISTÓRIA NO COMBATE ÀS DROGAS E SUA A ADOÇÃO NA POLÍTICA NO BRASIL
Desde os primórdios, os seres humanos fizeram o uso de substâncias com o intuito de alcançar diferentes estados de consciência. Seja com finalidades religiosas, medicinais, recreativas e por diversos outros intuitos. Acontece que nos tempos contemporâneos, acompanhando o embalo do capitalismo, as drogas, com o grande número de uso na população, com decorrer do tempo acabaram virando mercadorias, se relacionando com leis da oferta e da procura. 
Com isso, para se obter uma forma de controle social, as drogas passaram a ser proibidas e recusadas moralmente falando. Após o período moderno a busca por substâncias que alterassem os estados de consciência, aumentou significativamente. Diversos profissionais médicos e psiquiátricos se colocaram em linha de frente em seus discursos, pois abordavam o uso partindo do argumento que a droga era utilizada como tratamento terapêutico. 
No Brasil, veio de Portugal o primeiro dispositivo voltado ao controle das drogas, que com as Ordenações Filipinas, de 1603, abordava que o porte, uso e comércio de algumas substâncias tóxicas como: ópio, rosalgar, solimão e escamonéa estavam totalmente desautorizadas. Segundo o dispositivo a haviam cumprimento de penas como: banimento do país para a África além de confiscos dos bens. Com isso, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, de 1830, decretou a proibição do chamado pito-de-pango, mais conhecido como maconha, segundo demonstra uma pesquisa feita por Nilo Batista.
 Acontece que depois do Código Penal Republicano (1890) foi publicado o primeiro decreto penal brasileiro criminal, que em seu artigo 159 fixou sobre a repressão a algumas substâncias consideradas maléficas e tóxicas ao bem estar do cidadão, onde inicialmente não havia nenhum dispositivo que as regulamentassem. 
Com a coibição das substâncias, a finalidade era alcançar um grande movimento de repúdio, na pretensão de se obter uma solução para as pessoas pararem de fazer o uso desregrado das drogas, no objetivo de impedir possíveis riscos e danos que os ilícitos poderiam trazer à tona.
No cenário internacional, em 1839, o primeiro obstáculo posto contra as drogas estava ligado ao ópio, que era bastante comercializado na Índia e na China. É então que é conduzida a Conferência Internacional do Ópio, que ocorreu em Haia, no ano de 1912. Ocorreu que foi adotada pelo Brasil também, e ganhou força com a publicação do Decreto nº. 2.861 de 1914, onde logo após veio o Decreto 11.481 no ano de 1915, abordava a respeito da criminalização do uso ou venda do ópio, cocaína e a morfina. Diante desse cenário, aos poucos foi se formando uma nova medida sanitária, que perdurou por volta de quase meio século.
O artigo 159 do Código Penal de 1890 deixou de fazer efeito com a publicação do Decreto 4.294 de 1921. Esse decreto apresentou especificamente o conceito do que era entorpecente, como uma substância que independente da sua quantidade ingerida era considerada venenosa caso ingerida. O termo passou a não existir mais na legislação em 2006. Após esse dispositivo, foi expedido o Decreto nº 14.969 de 1921, onde explanava a fundação de clínicas para os dependentes das drogas. Logo após diversos decretos o caminho foi sendo conduzido até o artigo 281 do Código Penal de 1940. 
Com o controle dos entorpecentes ganhando destaque internacionalmente, aspecto marcante da política sanitarista, que foi modificada de forma geral, a legislação no Brasil funciona como um meio de regulamentar o uso e comércio pela população brasileira. Era necessário um receituário médico autorizado pelo órgão sanitário para ser possível sua venda e uso. 
Assim, foi criada uma nova política sanitária no que tange o controle das drogas. Eram facilmente encontradas em farmácias, e poderiam ser receitadas e compradas pela população. O modelo sanitário de controle foi adepto a ideia higienista, e tinha como forma de controle o mecanismo nas barreiras alfandegárias. 
Quem fazia o uso de drogas eram diagnosticados como uma doença psicológica compulsória. Os usuários, dependentes não passavam a ser criminalizados. Porém, tinha que passar por um tratamento longo e rigoroso, onde tinha que ser feita sua internação obrigatória, sob o controle da Autoridade Policial e do Ministério Público, em casos mais graves, onde era feito um laudo constatando o diagnóstico do paciente. 
Possuía caráter sumário ou facultativo tendo intervenção da família e apreensão dos bens da pessoa. O modelo de tratamento médico com o uso de fármacos passou a representar a medida imposta legal com origem científica, mas sustentada nos ideais moralistas.
No Código Penal de 1940, o governo brasileiro optou por não criminalizar o uso de drogas. A partir de 1946, dentro do contexto histórico da redemocratização no Brasil, surge a ideologia moral, que aos poucos foi adentrando no quesito da droga, durando até o ano de 1964. 
Não obstante, a divisão acontece no ano do famoso golpe militar, o que no caso não foi mera coincidência. Foi nesse regime que determinou todo o percurso da política criminal no Brasil. 
Diante de todo esse cenário, a partir da década de 60, aconteciam diversas manifestações políticas, e movimentos da contracultura. Mais um marco histórico onde drogas psicodélicas, como a maconha e LSD eram associados a um idealismo puramente libertário. A partir disso, começa o drama mundial da guerra fria, ainda no clima pós guerra mundial, agravando mais ainda a militarizaçãodas relações internacionais. Para o Estado militar a droga era a arma da guerra fria, e vista como um grande plano comunista para destruir todo o ocidente, como também os princípios morais dos cristãos. 
Como consequência, o investimento nessa nova política bélica de guerra às drogas foi grande, e alegavam que o Brasil deveria seguir a mesma linha de pensamento dos Estados Unidos. 
Assim, davam origem a Doutrina de Segurança Nacional, onde decretou seus principais inimigos: os comunistas e agora os traficantes de drogas.
Com o desenvolvimento e fixação total da idéia repressiva, em 1968, foram acrescentados outros artigos para criminalizar mais ainda. 
Logo em seguida, é sancionada a Lei 5.726 de 1971, que prevê o combate ao tráfico, de início considerado como um mal que deve ser preocupação de todos, além do dever de todos de denunciar aqueles que eram envolvidos com o tráfico.
Com sua efetivação, passou a ser a Lei 7.170 de 1983, mais conhecida como Lei de Segurança Nacional e trouxe grande repressão. Com as novas leis, os traficantes eram considerados um grande inimigo interno.
A temática das drogas então passou a ser tratada como problema de saúde e, enquanto tal, as chamadas “epidemias” começaram a aparecer. A sociedade européia dos séculos XVI e XVII não aplaudia nem mesmo o uso do açúcar, do álcool, do chocolate e do tabaco. Posteriormente, no século XIX, devido à popularização do ópio e da morfina nos Estados Unidos, que serviam tanto como medicamento quanto para recreação, migrantes chineses passaram a sofrer repressão, pois eram conhecidos como “consumidores inveterados” dessas substâncias. Enquanto isso, substâncias como éter, cocaína e morfina eram consumidas deliberadamente por brasileiros intelectuais e elitizados, sendo que a maconha era o “ópio do pobre”, embora o porte e a venda de drogas sejam criminalizados no Brasil desde 1921 (ZALUAR et al. 1999, p. 130-131). 
O chamado “problema público” do tóxico iniciou-se nos Estados Unidos com a “epidemia da heroína” em 1950 (ZALUAR et al. 1999, p. 130-131). 
Os movimentos contraculturais foram responsáveis pela expansão do consumo de determinadas drogas, uma vez que estas, assim como determinados ramos musicais, bem como a expansão da consciência foram transformados em estilos de vida. No Brasil, a maconha ou “ópio do pobre”, como era conhecida, tornou-se hábito entre jovens da classe média ainda durante a década de 1970. Nem mesmo a repressão autoritária da época impediu tal disseminação e uma década mais tarde a cocaína passou a ser utilizada (ZALUAR et al, 1999, p. 131).
Assim, a fim de controlar drogas e seus consumidores, a medicina científica moderna e o Estado atrelaram-se como instâncias máximas de repressão criando o chamado “modelo proibicionista de drogas” (NERY FILHO, 2012). 
Para Salo de Carvalho, a origem histórica da legislação proibicionista é inexistente, uma vez que o processo que criminaliza determinadas substâncias é “moralizador e normalizador”. Entretanto, é possível captar elementos punitivos em certos momentos da história que foram decisivos para a construção da legislação proibitiva (CARVALHO, 2010, p. 10).
Segundo informações do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime - UNODC, o controle internacional sobre narcóticos e substâncias psicotrópicas remonta ao início do século XX e, como já mencionado, a preocupação inicial era com a disseminação e o alto índice de consumo do ópio, bem como, com as consequências para a saúde do usuário. Foi neste momento histórico que muitos países reuniram-se pela primeira vez para discutir o problema das drogas na Comissão do Ópio de Xangai, em 1909 (UNODC, 2012).
Em 1880 a prata, que era moeda de troca, estava escassa e os ingleses passaram a usar o ópio como pagamento na comercialização de produtos. Geralmente comprado na Índia e revendido aos chineses, o ópio chegou a representar um sexto dos recursos externos dos ingleses. Ocorre que, através desse comércio iniciou-se uma epidemia e as consequências indesejadas à saúde das pessoas passaram a ficar evidentes: em 1906, aproximadamente um quarto da população chinesa masculina adulta era dependente do ópio, resultando na maior epidemia, criada pelo excesso de consumo de drogas, já enfrentada por um país registrada na história. A partir da Comissão de Xangai, passou-se a dar mais importância ao uso de determinadas substâncias psicoativas e a restrição sobre elas passou a ser maior (UNODC, 2012). 
Historicamente os Estados Unidos da América demonstrou e por vezes exaltou seu patriotismo e puritanismo, traduzidos, não raramente na xenofobia e repúdio às minorias. Neste contexto, o aumento da produção do ópio e seu uso associado às minorias incentivaram os Estados Unidos da América a liderar a campanha pela supressão gradual do comércio internacional dessa substância, a qual desencadeou a realização de uma série de eventos internacionais envolvendo outros países para o debate em torno da questão – os Encontros de Xangai, em 1906 e 1911, e as Conferências em Haia, em 1912 e 1914 (ALVES, 2012).
 O discurso proibicionista norte-americano conquistava hegemonia à medida que Convenções internacionais eram firmadas para a repressão do comércio e o consumo de drogas – ópio, morfina, cocaína e toda substância que pudesse levar ao uso abusivo (ALVES, 2012). Em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) consolidou políticas públicas sobre drogas com orientação proibicionista, representando um importante marco histórico para a consolidação da política proibicionista em torno da questão das drogas (ALVES, 2012).
 Um ano depois fora criada pela ONU a Comissão de Narcóticos (CDN). Esta por sua vez tinha a função de formular políticas visando o fortalecimento do sistema proibicionista internacional de drogas. Tal comissão organizou três Convenções Internacionais (Nova Iorque, 1961; Viena, 1971; Viena, 1988) – conhecidas como as Convenções-Irmãs da ONU – objetivando construir um programa-modelo a ser seguido pelos estados-membros no que tange à questão das drogas (ALVES, 2012).
A primeira delas, Convenção Única sobre Estupefacientes2 , aprovada em Nova Iorque em 1961, instituía um amplo sistema internacional de controle das drogas, estabelecia prazos para que o ópio fosse eliminado (15 anos), bem como a cocaína e a cannabis3 (25 anos), mas isso não aconteceu. Tinha por objetivo combater o tráfico e abuso de tais drogas por meio de ações internacionais coordenadas, ou seja, exigia que os países signatários incorporassem em suas legislações internas as medidas nela previstas (BOITEUX et al, 2012). 
O motivo para esse amplo controle, segundo o preâmbulo da própria convenção, era “a preocupação com a saúde física e mental das pessoas”. No entanto, o único meio empregado era, exclusivamente, a absoluta tentativa de proibir a oferta e a procura do ópio, coca e cannabis e a resposta a quem violasse tais determinações era a repressão penal (BOITEUX et al, 2012).
 Em 26 de março de 1972, em Genebra, firmou-se protocolo que modifica e aperfeiçoa a Convenção Única sobre Entorpecentes, de 1961. Este protocolo altera a composição e as funções do Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes, amplia as informações que devem ser fornecidas para o controle da produção de entorpecentes naturais e sintéticos e salienta a necessidade de tratamento que deve ser fornecida ao toxicômano (NEVES, 2012). Destaca-se que mais de dez anos depois de instituírem a Convenção Única sobre Entorpecentes, considerado um rígido sistema antidrogas, é que se registrou a necessidade de tratamento para os “drogados” (BOITEUX et al, 2012).
Em 1988 foi aprovada a terceira Convenção denominada Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas. Tal convenção complementou as Convenções de 1961 e 1972 e preocupava-se mais com relação ao tráfico de drogas, assim, criou medidas a fim de combater o tráfico, a lavagem de dinheiro e fortaleceu o controle de percussores químicos, acrescentando o éter etílico e a acetona no rol das substâncias controladas.Essa convenção também posicionava-se sobre a cooperação internacional para a extradição de traficantes de drogas, seu transporte e procedimentos de transferência (NEVES, 2012). 
Foi nesta Convenção que vários termos bélicos apareceram, tais como: “guerra às drogas”, “combate” aos traficantes, repressão e “eliminação" nas leis penais. Passou-se a associar o tráfico ilícito de drogas às “organizações criminosas”. Alguns consideravam, inclusive, que o tráfico “minava as economias lícitas e ameaçava a segurança e soberania dos Estados, bem como invadia, contaminava e corrompia as estruturas da Administração Pública”, entre outros termos (BOITEUX et al, 2012).
 Como já mencionado a Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Psicotrópicos de 1988 exigia que os países signatários fizessem o que fosse necessário para combater o tráfico, assim recomendava que em suas leis internas tipificassem como crime: a produção, a venda, o transporte e a distribuição das substâncias incluídas no rol das Convenções de 1961 e 1971 (BOITEUX et al, 2012).
A Convenção de 1988 estabeleceu muitas mudanças, tais como: previsão legal da proibição e apreensão de equipamentos e materiais utilizáveis na produção de estupefacientes e substâncias psicotrópicas, criminalização da incitação pública do uso de drogas, punição para os participantes do crime de tráfico, associação, tentativa, cumplicidade e assistência para a prática de tal delito (BOITEUX et al, 2012). 
Vale ressaltar que foi nessa Convenção que o usuário de drogas foi citado pela primeira vez e que a posse, a compra ou o cultivo para uso pessoal de drogas foi considerado também como tráfico. Apesar de reservar aos países signatários a decisão de criminalizar ou não a posse de determinadas substâncias, bem como recomendar que fossem aplicadas sanções proporcionais à gravidade do delito, a maioria dos países optou, no início, por criminalizar e as sanções, as quais nunca foram tão proporcionais assim (BOITEUX et al, 2012). A
 questão dos usuários é bastante complexa, ainda mais quando estudada sob o enfoque dos princípios de direitos humanos. Nesse sentido, observa-se que a própria imagem construída pela mídia quanto à figura do consumidor de drogas já é estigmatizador a e preconceituosa. A prisão ou qualquer outra retaliação aos usuários é ineficaz e alcança o único fim de estigmatizar e aumentar o preconceito que eles já sofrem por serem usuários ou dependentes. Nas palavras de Nilo Batista, “o sistema penal é absolutamente incapaz de qualquer intervenção positiva sobre o viciado” (BATISTA, 1990, p. 66).
Pensando assim, muitos países já adotaram práticas consideradas mais liberais com relação à posse e ao uso de determinadas substâncias, priorizando políticas como a de redução de danos , por exemplo. No entanto, devido à complexidade que permeia o assunto, tais práticas ainda são acanhadas e caminham a passos lentos (BOITEUX et al, 2012). Sobre o sistema de repressão às drogas pode-se dizer que muitos órgãos foram criados no mundo todo a fim de controlar a “evolução mundial do fenômeno do abuso e tráfico de drogas” (BOITEUX et al, 2012).
Para Nilo Batista (1990, p. 59), o Brasil acatou o discurso “histérico e cego” dos Estados Unidos que se colocou como país-vítima, pois sempre importou a droga e acabava por pressionar os chamados países agressores da America Latina, pois estes exportavam a droga ou facilitavam o tráfico. Assim, os Estados Unidos construíram a política repressiva às drogas e os demais países receberam-na. No entanto, o mesmo autor observa, com muita propriedade, que os problemas enfrentados pelos Estados Unidos com relação às drogas não são os mesmos problemas que os países latino-americanos enfrentam, muitas vezes é o oposto.
Nenhuma providência tomada até então foi considerada suficiente e, na visão dos analistas e pela leitura das estatísticas oficiais, o consumo de drogas só fazia aumentar, motivo pelo qual o Congresso Nacional brasileiro editou a Lei nº. 5.726, de 29 de outubro de 1971, intitulada popularmente como “Lei Antitóxicos”. Tal lei criou um sistema processual próprio, de rito sumário, modificando assim o artigo 281, do Código Penal de 1940 e este serviria apenas como subsídio a esta lei (CARVALHO apud BRITO, 2012). 
A Lei nº. 5.726 foi criada com o objetivo de diminuir o consumo e o tráfico de drogas, a partir da previsão de medidas preventivas e repressivas e como solução para este problema impunha a internação dos dependentes de drogas. Ocorre que a quantidade de “viciados” era bastante alta e o estado não contava com a infraestrutura necessária, nem hospitais que suportassem tal quantidade de dependentes (CARVALHO apud BRITO, 2012).
 A Lei nº. 6.368, de 21 de outubro de 1976, resultou de muitas alterações legislativas, foi estabelecida no governo militar do presidente Ernesto Geisel e as políticas de enfrentamento à questão das drogas na vigência desta lei são baseadas, principalmente, na redução da oferta de tais substâncias. No período em que esta lei ficou em vigência as ações governamentais tinham um enfoque repressivo e tentavam controlar o tráfico e o uso de drogas através da redução da oferta das substâncias. Assim, eram enviados à prisão tanto usuários, quanto traficantes (GARCIA et al, 2012).
A ideologia, durante a vigência da Lei nº. 6.368/76, era a de diferenciação moralizadora, onde usuários eram tratados como doentes e os traficantes como delinquentes. Entretanto, foi nesse período que se agregou à figura do traficante o papel de inimigo interno do Estado, impondo às agências punitivas o dever de exterminá-lo (CARVALHO, 2010. p. 21). 
Muitas estratégias foram adotadas, diversos decretos foram editados, criaram-se variados sistemas, conselhos, comissões e afins com o objetivo de prevenir, fiscalizar e reprimir tanto usuários quanto traficantes. Percebe-se que todas as estratégias promovidas pelo governo brasileiro tiveram a finalidade de demonstrar à comunidade internacional que o combate às drogas era prioridade do governo. Entende-se ainda, que todas as políticas e legislações atinentes à questão das drogas tiveram viés repressivo (GARCIA et al, 2012).
Como já mencionado, as mais variadas estratégias foram criadas pelo governo brasileiro, instituídas por diversos documentos, no entanto, a política anti-drogas no Brasil sempre concentrou-se na repressão e mais que isso, na punição de viciados e pequenos traficantes. Com isso, tanto o uso como o comércio ilegal de drogas alastrou-se geometricamente e “além de não ter sido contido ou eliminado o uso e a venda de drogas, se nota que os problemas sociais decorrentes da manutenção do mercado ilícito de drogas são ainda mais graves do que alhures” (BOITEUX et al, 2012).
Existem dois eixos principais que norteiam a questão do comércio das drogas ilícitas no Brasil: a oferta e a procura. O consumo está centralizado no usuário e em suas diferentes espécies e a oferta está centrada no tráfico ilícito de determinadas substâncias psicoativas, bem como em todas as ações necessárias para a sua realização (ZALUAR et al. 1999, p. 151).
No Brasil, o tráfico de drogas funciona de forma peculiar, haja vista que o país não é um grande produtor de drogas, mas é usado como rota de passagem da cocaína produzida nos países vizinhos: Peru, Bolívia e Colômbia, com destino a América do Norte e Europa, os maiores consumidores (BOITEUX et al, 2012).
 As últimas pesquisas demonstram o aumento significativo do consumo de drogas no Brasil, principalmente de maconha e cocaína. Apesar do consumo interno do país ser muito inferior ao dos maiores consumidores mundiais, o mercado da droga está plenamente operante, a distribuição do produto nos grandes centros tornou-se o negócio mais rentável e “é a atividade que absorve grande parte dos excluídos do sistema econômico, ou seja, de trabalhadores informais à margem da atividade lícita” (BOITEUX et al, 2012).
O artigo de autoria de Michel Misse (1997), intitulado “As Ligações Perigosas: Mercado Informal Ilegal, Narcotráfico e Violênciano Rio”, apresenta fatores relevantes quanto à organização do mercado informal ilegal do narcotráfico no Rio de Janeiro, mas que, como examinar-se-á no decorrer deste trabalho, é semelhante em todo o país e também no exterior. 
Sobre a organização do comércio ilegal de drogas, Michel Misse afirma que no Rio de Janeiro começou com o “Comando Vermelho”, passou por várias etapas, mas mantém uma estrutura local parecida. Tal estrutura se mantém mesmo quando uma rede maior, que comanda várias áreas, é modificada. Assim, “não há mais uma rede geral, como parece ter havido no início dos anos 80, nem jamais houve uma única liderança reconhecida em todas as áreas e por todos os donos” (MISSE, 2012).
No ano de 1971 com a Lei 5.726, foi especificado a diferença do usuário e do traficante, que teria 6 anos de pena privativa de liberdade e tipificou a questão da quadrilha com duas pessoas. Diante disso, a política criminal bélica foi ganhando gradativamente sua total efetivação.
E em 1976, a lei 6.368 trouxe muito mais tipificações no tráfico de drogas. Diferenciou as figuras penais do traficante e do usuário, e definiu a duração das penas.
Já em 1988, a Constituição definiu que o tráfico de drogas era considerado um crime sem perdão, para sua punibilidade ser extinta, dessa forma, passou a ser considerado inafiançável. Logo em seguida passou a ser depois que surgiu a lei de crimes hediondos em 1990 foi totalmente vedado a liberdade provisória além dos indultos. 
Já na década de 90 o governo brasileiro criou, o PANAD (Programa de Ação Nacional AntiDrogas) e a SENAD (Secretaria Nacional Anti-Drogas).
Com toda essa “evolução” no caminho de repressão e guerra às drogas, acontece no ano de 1994, uma Comissão de Fiscalização das Nações Unidas que vieram ao Brasil posteriormente no ano seguinte, onde revelou falhas quanto à impunidade e à repressão. Diante das críticas no intuito de melhorar em conformidade com as exigências da ONU, o Brasil ultrapassa novos paradigmas em relação a sua política de drogas, o da militarização. 
Com guerra declarada às drogas, o traficante passa a ser o inimigo mortal da nova legislação, que quer a todo custo o destruir.
Com isso, começaram a ocorrer diversas operações policiais nos principais pontos de concentração do tráfico, os morros e comunidades. Queriam a todo custo eliminar o tráfico nas favelas da cidade, prendendo o máximo número possível de armas e criminosos. Acontece que todos esses feitos causaram violações aos direitos humanos, impactando na vida de diversos moradores, que acabavam presos aleatoriamente, tendo diversos mandados de busca e apreensão sem fundamentos, saque amentos e diversas mortes, causadas pela troca de tiro com policiais, atingindo principalmente, moradores inocentes, policiais e traficantes. Um verdadeiro derramamento de sangue.
Um reflexo triste que essa política traz é que os traficantes não fazem parte na categoria dos direitos dos cidadãos, porque os traficantes são uma parcela que “não faz parte”, pois são mais do que inimigos para o Estado e a sociedade, são a figura do mal, considerados inferiores aos humanos em geral, são tidos como o câncer da sociedade. A
Atualmente, atua a nova Lei 11.343 de 2006, ou Lei de Drogas, foi criado logo em seguida o SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas). Aderindo dois modelos de governo. Primeiramente adotou a prevenção do uso de drogas e ressocialização de dependentes, e impetrou a repressão ao tráfico de drogas. 
Após a Convenção de Viena em 1971, foi levantado o argumento do uso religioso da droga. A lei resgata: a autonomia da vontade e a liberdade, previstas como direitos fundamentais. O que traz um grande avanço. Porém, essas especificações são para aos usuários, ou seja, somente eles têm direito ainda a uma posição favorável de cidadania. Logo para os que produzem e vendem a droga, a lei alega que deve imperar o modelo repressivo.
A política criminal adota um tratamento diferente para o usuário. Decreta que o usuário deve passar por um tratamento de reinserção social, além de ter que passar por uma terapia especifica para melhorar seu estado de saúde. É revogada pena privativa de liberdade para os usuários. Porém, existe a prestação de serviços à comunidade, que incluem pequenas punições além de medida socioeducativas.
Com a recente legislação é possível notar traços, ainda, bem radicais. Observando de perto a guerra às drogas, podemos notar à demonização do traficante, além busca pela extinção das drogas. Como analisamos esta nova lei acaba fazendo com que o sistema punitivo, se sobrecarregue, conseqüentemente refletindo no sistema penitenciário brasileiro que lota a cada dia. 
Posto isso, com as diversas problemáticas que as drogas carregam observamos que é importante a existência da Lei 11.343 de 2006, que defende um melhor conhecimento sobre as drogas, o que pede uma análise bastante crítica a cerca do tema.
A punibilidade surge a partir da prática de um crime por um agente, momento este em que nasce, para o Estado, a possibilidade de punir o responsável.
Por sua vez, a extinção da punibilidade é a perda da pretensão punitiva do Estado, de modo que não há mais a possibilidade de impor uma pena ou sanção ao réu.
A legislação impõe uma série de hipóteses que, quando comprovadas, impedem o Estado de prosseguir com o processo criminal.
O Código Penal é a legislação responsável por contemplar as principais causas de extinção da punibilidade. Elas estão previstas, em sua maioria, em seu art. 107, mas também são encontradas na parte especial do Código, em parágrafos de crimes específicos.
Um exemplo é a causa de extinção de punibilidade para o crime de peculato culposo, caso o agente repare o dano antes da sentença (art. 312, §3º, CP).
Além disso, vale destacar que o rol do CP é exemplificativo, uma vez que existem leis esparsas que preveem e regulam crimes não previstos nele, e que podem conter suas próprias causas de extinção da punibilidade. 
É o caso, por exemplo, da extinção da punibilidade nos crimes tributários previstos na Lei nº 8.137/90, quando o pagamento do tributo for efetuado antes do recebimento da denúncia (art. 34 da Lei 9.249/95).
Como já visto, cabe ao Estado, por meio do Poder Judiciário, punir aqueles que violem alguma norma penal. Entretanto, esse direito não é perpétuo, uma vez que sofre limitações pela legislação.
Dessa forma, nota-se que a extinção da punibilidade é uma das formas de limitar esse direito de punir do Estado, criando hipóteses nas quais não poderá mais responsabilizar um agente pelo fato criminoso cometido.
Para que ocorra a extinção da punibilidade de um acusado, deve-se, primeiro, averiguar qual das causas está presente no caso concreto.
Por exemplo, se houve o falecimento do réu, para que seja decretada a extinção de sua punibilidade deve ser apresentada a certidão de óbito do mesmo. Na sequência, a ação penal deverá ir para análise do juiz, que poderá decretar a extinção.
Desta forma, nas demais hipóteses, deve-se verificar se estão cumpridos os requisitos autorizativos da medida em cada caso. 
Para anistia, graça ou indulto, deve haver uma lei federal ou um decreto que autorize, para depois passar pela análise do juiz.
No caso do abolitio criminis, deve existir uma lei que deixa de considerar crime uma determinada conduta.´ç
Para decretar a extinção da punibilidade em razão de prescrição ou decadência, deve haver o transcurso de um prazo legal que impede a conduta do Estado ou da vítima. Já na perempção, deve ser verificada a inércia do ofendido.
No caso de renúncia, perdão, retratação do acusado e perdão judicial, tais situações também devem ser verificadas nos autos, com o cumprimento dos requisitos específicos de cada uma delas, para depois passar pelo crivo judicial e ter a extinção da punibilidade decretada.
Como já dito anteriormente, existem outras causas extintivas, previstas por todo o Código Penal e em leis esparsas; portanto, elas podem funcionar de forma diversa, precisando do cumprimento de outros requisitos para alcançar a finalidadealmejada.
O que acontece na realidade é uma situação bem mais pessimista do que se pode imaginar, a política antidrogas.
O proibicionismo possui como base duas linhas de pensamento, o moral-religioso que a abstinência é o melhor caminho em relação às drogas e temos também o pensamento sanitarista que defende uma sociedade livre de drogas. Essa política de controle penal que tem esses pensamentos como fundamento, certamente será a causa de efeitos destrutivos.
Diante dos fatos iniciais, podemos ver a falha no objetivo destinado à lei de drogas, sendo preciso bolar novas estratégias para contornar tais realidades vivenciadas e entender o porquê dessa política fica cada vez mais rígida. 
No que concerne a uma consequência da política antidrogas, que são os grandes números prisões é possível ver que a falta de compreensão nos meios usados para diferenciar os usuários com os traficantes na condenação tem que ser considerada relevante. A atual legislação possui superficiais métodos na interpretação feita pelo juiz, onde são analisados preceitos, como por exemplo, a quantidade da substância confiscada, a finalidade apresentada, onde e como eram as condições em que se foram encontradas, além de outros meios.
O presente trabalho será uma pesquisa descritiva, explicativa e bibliográfica, fazendo um breve estudo nos aspectos do tema escolhido. O estudo será embasado em dados secundários, que já foram objetos de estudo, por doutrinadores, leis, livros e sites jurídicos, onde será abordado referências fundamentadas.
A pesquisa científica está presente em todo campo da ciência, no campo da educação encontramos várias publicadas ou em andamento. Ela é um processo de investigação para solucionar, responder ou aprofundar sobre uma indagação no estudo de um fenômeno. Bastos e Keller (1995, p. 53) definem: “A pesquisa científica é uma investigação metódica acerca de um determinado assunto com o objetivo de esclarecer aspectos em estudo”. 
Para Gil (2002, p. 17) “A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não pode ser adequadamente relacionada ao problema”. A pesquisa científica apresenta várias modalidades, sendo uma delas a pesquisa bibliográfica que será abordada no presente artigo, expondo todas as etapas que devem ser seguidas na sua realização. Esse tipo de pesquisa é concebida por diversos autores, dentre eles Marconi e Lakatos (2003) e Gil (2002).
 A pesquisa bibliográfica está inserida principalmente no meio acadêmico e tem a finalidade de aprimoramento e atualização do conhecimento, através de uma investigação científica de obras já publicadas.
Para Andrade (2010, p. 25):
A pesquisa bibliográfica é habilidade fundamental nos cursos de graduação, uma vez que constitui o primeiro passo para todas as atividades acadêmicas. Uma pesquisa de laboratório ou de campo implica, necessariamente, a pesquisa bibliográfica preliminar. Seminários, painéis, debates, resumos críticos, monográficas não dispensam a pesquisa bibliográfica. Ela é obrigatória nas pesquisas exploratórias, na delimitação do tema de um trabalho ou pesquisa, no desenvolvimento do assunto, nas citações, na apresentação das conclusões. Portanto, se é verdade que nem todos os alunos realizarão pesquisas de laboratório ou de campo, não é menos verdadeiro que todos, sem exceção, para elaborar os diversos trabalhos solicitados, deverão empreender pesquisas bibliográficas (ANDRADE, 2010, p. 25).
Segundo Macedo (1994, p. 13), a pesquisa bibliográfica: “Trata-se do primeiro passo em qualquer tipo de pesquisa científica, com o fim de revisar a literatura existente e não redundar o tema de estudo ou experimentação”. Desta forma para Lakatos e Marconi (2003, p. 183): “[...] a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”.
A pesquisa bibliográfica, segundo Boccato (2006),
...] busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação (BOCCATO, 2006, p. 266).
3. IMPLEMENTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE NOVAS POLÍTICAS ÀS DROGAS.
Descrever política pública, também, como campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, estimular ação governamental, dar empuxo a políticas públicas e concomitantemente analisar essa ação e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações. A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real (SOUZA, 2003).
Bergeron (2012) coloca que a classificação de uma substância como “droga” ou “entorpecente” depende muito de convenções sociais, culturais e históricas arbitrarias.
No Brasil, os problemas associados ao uso de álcool e outras drogas só começam a ser abordados pelo Estado no início do século XX. Contudo, essa abordagem, originada na década de 1920, é desenvolvida predominantemente no campo da justiça e da segurança pública, e considera o uso de drogas como um ato criminoso e moralmente incorreto (Mota e Ronzani, 2013).
Essa postura, considerada proibicionista, foi embasada em um posicionamento político de “guerra às drogas”, cujo objetivo era a promoção da abstinência de drogas ilícitas e a sua consequente expurgação da sociedade (Mota e Ronzani, 2013). Embasados nessa concepção e abordagem ao problema, as leis e os decretos criados ao longo do século XX no Brasil destinaram-se, principalmente, a controlar o consumo de drogas ilícitas através da proibição, criminalização do uso e do comércio (Alves, 2009; Machado e Miranda, 2007).
Cabe ressaltar que essa postura proibicionista do governo brasileiro foi, ao longo do século XX, influenciada e reforçada por deliberações e acordos realizados em convenções/conferências internacionais, em especial as da Organização das Nações Unidas (ONU). Estas reafirmaram, como resposta para o problema, a adoção de medidas de repressão à oferta e ao consumo de drogas (Alves, 2009; Garcia, Leal e Abreu, 2008; Machado e Miranda, 2007).
A partir da década de 70, a legislação brasileira sobre o tema também passa a ser influenciada pelo saber médico, mais especificamente pela psiquiatria (Machado e Miranda, 2007).
Com isso, a partir das décadas de 70 e 80, diversos dispositivos são criados no Brasil para prestar assistência aos usuários de drogas, como, por exemplo, os hospitais psiquiátricos. Esses dispositivos se inserem em um cenário assistencial esvaziado e de difícil acesso, constituindo-se naquele período como o único recurso terapêutico disponível para uma grande parcela de usuários de drogas (Alves, 2009; Vaissman, Ramôa e Serra, 2008). As penas, que anteriormente determinavam a exclusão dos usuários do convívio social e sua inserção em prisões a partir da década de 1970, passam a considerar os hospitais psiquiátricos como locus prioritário para o “tratamento” e a recuperação, com enfoque na “salvação” e na punição desses usuários (Machado e Miranda, 2007). Assim, como elucida Alves (2009, p.35), “o que prevalecia não era o direito à saúde, com a garantia de tratamento ao uso de drogas, mas sim a reabilitação criminal do usuário”.
Tal cenário propicia o surgimento e a expansão de diversas instituições de natureza não governamental, como as comunidades terapêuticas, e a tentativa de resposta ao problema pela sociedade civilorganizada, como os grupos de ajuda mútua (Alves, 2009; Wandekoken e Siqueira, 2011).
Contudo, desde a década de 80, a partir da Reforma Psiquiátrica e da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), a concepção dos problemas associados ao uso de drogas no discurso político mostra-se mais ampliada, passando a ser encarada também como uma questão de saúde pública (Garcia, Leal e Abreu, 2008; Machado e Miranda, 2007; Wandekoken e Siqueira, 2011). Nesse período, surgem os centros de tratamento, pesquisa e prevenção na área, vinculados às universidades públicas, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) (Machado e Miranda, 2007).
Assim, estratégias de redução de danos ganham força política, ao proporcionar uma nova visibilidade à atenção ao usuário de álcool e outras drogas no setor público de saúde, enfocando as consequências ou efeitos do uso das drogas de maneira realista (Mota e Ronzani, 2013). Além disso, o surgimento do Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN) e suas ações nos anos 80 e 90, para além da repressão ao uso e tráfico de drogas, contribuem para o fortalecimento das práticas de atenção e para a constituição de uma malha de serviços para os usuários de drogas, mesmo que inicial (Alves, 2009; Machado e Miranda, 2007). Essas mudanças ocorrem num cenário de avanços e retrocessos em relação à atenção aos usuários de drogas, ganhando força e espaço tanto na legislação quanto nas políticas (Alves, 2009).
Somente nos finais dos anos 1990 e início dos anos 2000 é que as discussões sobre a Política de Drogas no Brasil ganham certa visibilidade e passam a ser reconhecidas no âmbito das políticas de saúde e de drogas (BRITES, 2015). 
A partir do ano de 1988, o Brasil dá início à construção de uma política nacional específica sobre o tema da redução da demanda e da oferta de drogas. Foi depois da realização da XX Assembleia Geral Especial das Nações Unidas, na qual foram discutidos os princípios diretivos para a redução da demanda de drogas aderidos pelo Brasil, que as primeiras medidas foram tomadas. O então Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN) foi transformado no Conselho Nacional Antidrogas (CONAD) e foi criada a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), diretamente vinculada à então Casa Militar da Presidência da República. A SENAD foi criada pela Medida Provisória n°. 1.669 e pelo Decreto n°. 2.632, de 19 de junho de 1998 (BRASIL, 2013).
Neste sentido, para Iamamato (2014), a política social no Brasil tem sido submetida aos ditames da política econômica, sendo redimensionada ante as tendências de privatização, de cortes nos gastos públicos para programas sociais, com focalização no atendimento à pobreza e descentralizados na sua aplicação. Os impactos da redução dos gastos sociais e a consequente deterioração dos serviços sociais públicos têm dependido das relações entre o Estado e a sociedade, das desigualdades e das políticas sociais anteriormente existentes ao programa de contrarreforma do Estado.
Brites (2015) vem nos dizendo sobre a existência de um consenso forjado sobre o fato de algumas substâncias psicoativas serem mais perigosas do que outras, independentemente dos indivíduos sociais e das condições de uso, com alardes realizados pela mídia nacional sobre as chamadas “cracolândias” e mesmo sobre a propalada “epidemia do crack”. Não pretendemos de forma alguma minimizar os danos sociais e à saúde que estão associados ao uso prejudicial de drogas, nem mesmo ignorar a agressividade da compulsão e da necessidade relacionada ao uso de crack, mas faz-se necessário problematizar mais essas questões, sem o reducionismo tão adequado a alguns setores da sociedade.
A Política Nacional sobre Drogas foi instituída em 23 de maio de 2005, representando uma mudança significativa de perspectiva ao substituir a Política Nacional “Antidrogas” criada em 2002. A política “Antidrogas” instaurou um modelo belicista, em que as drogas eram “retratadas como ameaças à humanidade e à vida em sociedade, buscando incessantemente atingir o ideal de construção de uma sociedade livre do uso drogas ilícitas e indevido de drogas lícitas” (SANTOS; OLIVEIRA, 2013, p. 85). Além disso, de acordo com Rodrigues (2006), a política reforçou a percepção social de que a culpa dos efeitos colaterais da “guerra às drogas”, como as mortes, a criminalidade e a violência, eram do usuário de drogas, eximindo o sistema. Neste sentido, o usuário de drogas se torna uma ameaça à sociedade, instituindo a represália ao mesmo, por meio do direito penal e do medo. Essa percepção preconceituosa em relação às drogas e aos usuários foi corroborada pelo governo, através de campanhas televisivas, e a dependência química, perante ao senso comum, passa a ser “relacionada à marginalização, frequentemente ao crime, de forma que muitos usuários de drogas acabam excluídos de todo o sistema de serviços que a administração pública propicia” (SILVEIRA, 2008, p. 9).
A PNAD orienta-se pelo princípio da responsabilidade compartilhada, adotando como estratégia a cooperação mútua e a articulação de esforços entre governo, iniciativa privada, terceiro setor e cidadãos, com o intuito de disseminar a importância da intersetorialidade e descentralização das ações sobre drogas no país (BRASIL, 2011). 
Dentre os principais aspectos da PNAD, podem ser elencados: o direito de toda pessoa receber tratamento para drogadição; a priorização da prevenção do uso indevido de drogas, por ser a intervenção mais eficaz de menor custo para sociedade; o reconhecimento das diferenças entre a pessoa em uso indevido, o dependente e o traficante de drogas, tratando-os de forma diferenciada e sem discriminação; o reconhecimento da estratégia de redução de danos, amparada pelo artigo 196 da Constituição Federal, como medida de intervenção preventiva, assistencial, de promoção da saúde e dos direitos humanos. (BRASIL, 2011).
Cada usuário do Caps Ad deve ter um plano terapêutico individual, isto é, um conjunto de atendimentos que “respeite a sua particularidade, que personalize o atendimento de cada pessoa na unidade e fora dela e proponha atividades durante a permanência diária no serviço, segundo suas necessidades” (BRASIL, 2004, p. 16). Neste sentido, o Caps Ad oferece “atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico e orientações psicossociais), atendimento em grupo, oficinas terapêuticas, visitas domiciliares e condições para repouso e desintoxicação ambulatorial” (SÓCRATES, 2016, p. 62).
Dentro desta perspectiva de saúde pública, o planejamento de programas de tratamento, recuperação e reinserção passam a contemplar uma grande parcela da população, de forma que a abstinência não seja a única meta viável e possível aos usuários (BRASIL, 2003).
De acordo com a política do Ministério da Saúde para usuários/dependentes de álcool e outras drogas (BRASIL, 2003), para que sejam implementadas e executadas ações referentes à políticas públicas sobre drogas, é necessária a construção e “fortalecimento de uma rede de assistência na atenção comunitárias associada à rede de serviços de saúde e sociais que tenha ênfase na reabilitação e reinserção social dos seus usuários” (BRASIL, 2003, p. 6). Os dispositivos que integram essa rede devem agir de forma deliberada e eficaz, conforme os conceitos de território e rede, além disso, devem ampliar a lógica de redução de danos e atender às necessidades da comunidade que estão inseridos (BRASIL, 2003).
Assim, no século XXI, as políticas sobre drogas, na perspectiva da saúde pública, rompem com a lógica proibicionista, ao serem reestruturadas pelas práticas de redução de danos, superando as estratégias antidrogas e moralistas presentes nas ações desenvolvidas no país na área de álcool e outras drogas (SANTOS; OLIVEIRA, 2013).
Deste modo, a estratégia de tratamento é baseada na tolerância, na construção de vínculos, no reconhecimento das diversidades, livre de julgamento moral e de imposições autoritárias (HAIKE,2008; SILVEIRA, 2008).
Continuando com os aspectos referentes ao tratamento, o Caps Ad é orientado pela lógica de Redução de Danos, pois os pacientes que adentram a esse equipamento permanecem em convívio social, expostos às drogas e aos fatores de sua compulsão. A RD compreende que existem dependentes que não querem ou não conseguem interromper o uso de drogas, mesmo que, em alguns casos, o ideal seja a abstinência. Mediante a esse contexto, a imposição imediata de abstinência não é fator de obrigatoriedade para que esses pacientes acessem os serviços ofertados, pois reconhece que abstinência total nesse ambiente seria dificilmente alcançável (ARAUJO; MOREIRA, 2008).
A introdução no Brasil de uma política de prevenção ao uso de drogas, de assistência e de reinserção social do usuário, uma das alterações trazidas pela Lei nº 11.343/06, gerou a discussão doutrinária e jurisprudencial acerca da descriminalização da posse de drogas para consumo pessoal, prevista no art. 28 da referida lei. (SILVA, 2009, p. 01) 
Segundo Luiz Flávio Gomes (2006, p. 01), “descriminalizar significa retirar de algumas condutas o caráter de criminosas. O fato descrito na lei penal deixa de ser crime”.
(a) a que retira o caráter criminoso do fato, mas não retira do âmbito do Direito Penal (essa é a descriminalização puramente formal); (b) a que elimina o caráter criminoso no fato e o proscreve do Direito Penal, transferindo-o para outros ramos do Direito (essa é a descriminalização penal, que transforma um crime em infração administrativa) e (c) a que afasta o caráter criminoso do fato e o legaliza totalmente (nisso consiste a chamada descriminalização substancial ou total). (GOMES, 2006, p. 01)
O debate acerca da posse de drogas no plano jurídico divide-se entre a descriminalização substancial ou total, a descriminalização formal e a despenalização, esta última entendida como a suavização da resposta penal, evitando-se ou mitigando-se o uso da pena de prisão, mas mantendo-se intacto o caráter ilícito do fato. (GOMES, 2006, p. 02)
A primeira concepção pressupõe a descriminalização substancial da conduta de posse de drogas para consumo pessoal, ou seja, abolitio criminis, que importa em legalização da conduta. (SILVA, 2009, p. 04)
Na legalização, o fato é descriminalizado substancialmente e deixa de ser ilícito, isto é, passa a não admitir qualquer tipo de sanção. Sai do direito sancionatório. A venda de bebidas alcoólicas para adultos, por exemplo, hoje, está legalizada e, por isso, não gera nenhum tipo de sanção, civil, administrativa ou penal. (GOMES, 2006, p. 02) 
Segundo Rogério Greco (2008, p. 111), o fenômeno jurídico conhecido por abolitio criminis ocorre quando o legislador resolve não mais incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que previa, pois passou a entender que o Direito Penal não se faz necessário à proteção de determinado bem individual ou coletivo.
Diante do exposto histórico, as drogas se tornam merecedoras de intervenções públicas quando os aspectos referentes ao tráfico, como mortes e violência e o uso abusivo de substâncias lícitas/ilícitas resultam em efeitos colaterais que atingem negativamente a sociedade, tornando-se um problema social. “Quando algo — um conjunto de ações ou as consequências destas — revelam-se um problema social, comumente esse problema torna-se objeto de políticas cujas ações tendem a inibir, diminuir os fatores ditos causais” (NASCIMENTO, 2006, p. 185). “É por meio de políticas públicas que o Estado adquire legitimidade para agir sobre um grupo de indivíduos ou sobre um dado segmento da sociedade, na tentativa de implementar suas ações” (NASCIMENTO, 2006, p. 187).
A Lei Antidrogas, também conhecida como a Lei de Drogas, foi criada com o intuito de prevenir o uso indevido de drogas; tratar da atenção e da reinserção social de usuários e dependentes; além de estabelecer normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas.
É importante salientar que esta nova lei relacionada às drogas, diferentemente da anterior, não trata apenas do caráter punitivo para aqueles que cometem o tráfico ilícito de entorpecentes, mas também traz o viés de saúde pública, dispondo sobre a reinserção social aos dependentes químicos, fornecendo uma atenção especial para os cuidados em relação os usuários de drogas.
De acordo com a própria Lei 11.343/06, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.
Perceba que serão caracterizadas como drogas apenas aquelas dispostas ou lei ou na lista criada pelo Poder Executivo da União. Esta lista atualmente é de responsabilidade da ANVISA.
Além disso, elas são proibidas em todo o território nacional, não sendo também permitidos o seu plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas.
Porém, são permitidas as disposições acima quando forem autorizadas por lei; quando as plantas com propriedades psicotrópicas forem utilizadas em rituais religiosos; ou para fins medicinais ou específicos.
A Lei Antidrogas institui o chamado SISNAD, o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, sendo ele o conjunto ordenado de princípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, programas, ações e projetos sobre drogas.
O SISNAD possui a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; além da repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas, atuando de maneira articulada com o Sistema Único de Saúde (SUS), e com o Sistema Único de Assistência Social (SUAS). 
Os seus principais objetivos são contribuir para a inclusão social do cidadão; promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país; promover a integração entre as políticas de drogas; bem como assegurar as condições para a coordenação, a integração e a articulação das finalidades do SISNAD.
Além das finalidades e objetivos dispostos acima, o SISNAD possui alguns importantes princípios, como:
· o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
· o respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes;
· a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro;
· a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da participação social nas atividades do SISNAD;
· a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido de drogas;
· a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do SISNAD; entre outros.
A prevenção ao uso indevido de drogas é um dos principais pilares da Lei Antidrogas, uma vez que, caso o uso indevido de entorpecentes fosse devidamente prevenido, não seria necessário as outras atividades, como a de ressocialização do dependente, além da possibilidade de haver a queda automática do tráfico ilícito, já que não haveria consumidores.
De acordo com a própria lei, são atividades de prevenção do uso indevido de drogas aquelas direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção.
Essas atividades de prevenção devem observar diversos princípios e diretrizes, como:
· o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence;
· o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas;
· a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
·o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem alcançados;
· o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, levando em consideração as suas necessidades específicas;
· o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida.
O seu intuito é intensificar ações de difusão de informações sobre os problemas decorrentes do uso de drogas; promover eventos para o debate público sobre as políticas sobre drogas; mobilizar a comunidade para a participação nas ações de prevenção e enfrentamento às drogas; entre outros objetivos.
A lei diferencia as atividades de atenção e reinserção social:
· Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas.
· Constituem atividades de reinserção social do usuário e do dependente de drogas aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais.
As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares também devem observar alguns princípios e diretrizes, como:
· respeito ao usuário e ao dependente de drogas, independentemente de quaisquer condições;
· a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção social do usuário, considerando as suas peculiaridades socioculturais;
· definição de projeto terapêutico individualizado, orientado para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos sociais e à saúde;
· estímulo à capacitação técnica e profissional;
· efetivação de políticas de reinserção social voltadas à educação continuada e ao trabalho;         
· orientação adequada ao usuário ou dependente de drogas quanto às consequências lesivas do uso de drogas, ainda que ocasionalmente. 
Em sintese, a lei 11.343 de 2006 trouxe vários aspectos positivos, foi quando criou o SISNAD (Sistema Nacional de Politica Públicas sobre Drogas), que aplicou sanções mais severas para o tráfico de drogas. No entanto, passou a ser punido com a pena mínima de cinco anos e máxima de 15 anos de reclusão, no entanto deixando claro que o próprio SISNAD, foi um mecanismo de eficácia para o referido combate.
 O SISNAD, foi criado há 08 anos, e em seus principios está a preocupação com os direitos fundamentais da pessoa humana, bem como sua efetividade no combate ao tráfico de drogas objetivando apresentar propósitos e instrumentos para este combate. O tráfico de drogas começa desde a sua fabricação, e de forma ilegal vai se alastrando como um comércio em alta ascensão. 
A sociedade fica reprimida, insegura, o que exige um planejamento mais adequado de quem elabora as leis, no sentido de direcionar o foco, investindo melhor, planeando mais, e combatendo mais, para dominar o tráfico no país.
É importante salientar que a lei 11.3434 de 2006, desde a sua promulgação veio sendo instaurada como uma forma mecanismo de combate ao tráfico de drogas, com isso, criou o SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas), que favoreceu muito impondo sanções mais severas para o tráfico de drogas e para a associação “despenalizou”, sendo o seu uso, ainda sendo considerado crime, porém já com não punido com a prisão (artigo 28 da lei de drogas). 
Desde então o tráfico passou a ter pena mínima de cinco anos e máxima de quinze anos de reclusão Contudo de acordo como art. 33, da lei nº 11.343 de 23 de Agosto de 2006 podemos observar o crime e as suas penas:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
 III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
 IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274) Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. 
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)
4. LEI DAS DROGAS 
Certas alterações às leis aqui mencionadas tornaram-se necessárias para que fosse feito o ajuste às novas realidades do período. De acordo com Greco Filho; Rassi, “criou-se, então a Lei n. 5.726/71, que dispôs sobre medidas preventivas e repressivas ao tráfico e uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica” (GRECO FILHO; RASSI, 2007, p. 3).
Apesar de todo esforço empregado na criação de leis inibidoras do consumo e tráfico de drogas, percebe-se que a luta se torna mais ferrenha a cada dia, pois, ao mesmo tempo em que se criam mais leis no combate às drogas, mais formas de violá-las são criadas. Após a criação da Lei n. 5.726/71, percebeu-se que necessitava-se de uma mudança. Dessa forma, a Lei acima citada foi substituída pela Lei n. 6.368/76, de 21 de outubro de 1976, que tratava da expulsão de estrangeiro que praticasse o tráfico de entorpecentes.
Ainda de acordo com Greco Filho; Rassi (2006, p. 3), foi criada a Lei n. 10.409/2002, que “pretendeu, enquanto projeto, substituir a Lei nº 6.368/76 integralmente, mas dada a péssima qualidade no aspecto da definição do crime, o Poder Executivo teve que vetar todo o CapítuloIII  “dos crimes e das penas”.
Greco Filho; Rassi (2006) passam, então, a mostrar que, em 2006, criou-se a Lei 11.343/2006, que revogara a anterior,  com o intuito de melhorar a sua eficácia e aplicabilidade no que tange ao tráfico ilícito de entorpecentes no tocante ao tratamento penal relativo aos usuários e dependentes de droga, com punições mais severas aos demais tipos penais.
Souza (2007, p.10)
Destaque-se que a Lei n. 11.343/06 substituiu a expressão "prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica" da ementa e do art. 1º da Lei n. 6.368/76, pela expressão "repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes”.
Apresentando a visão legal sobre o assunto, Greco Filho e Rassi (2006, p. 10) apresentam as denominações legais. Utilizando-se da Lei 10.409/2002, em seu artigo 1º, parágrafo único, afirmam:
“Após ser repetida a ementa da lei, o artigo  1º dispõe  em seu parágrafo único que para seus fins, entenda-se inclusive os criminais, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos  capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. O conceito legal está de acordo com aquele apresentado pela doutrina. A qualificação jurídica de droga, segundo a doutrina, é toda substância natural ou sintética, suscetível de criar: a) um efeito sobre o sistema nervoso central; b) uma dependência psíquica ou física; c) um dano á saúde pública e social”.
No dia 23 de agosto de 2006, foi instituída a Lei nº 11.343, que foi chamada de “Nova Lei de Drogas”, e passou a vigorar em 8 de outubro de 2006. Conforme declaram Bacila; Rangel (2007, p. 1):
“Nova Lei de Drogas – Título 1, Disposições Preliminares. Art. 1º. Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, e atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependências, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.”
Com essa pequena introdução, apresentam-se os tópicos que serão discutidos nesta Nova Lei, destacando-se os tipos penais, ou mesmo a criação do Sistema Nacional de Políticas Públicas. A lei buscou retirar do usuário ou dependente de drogas a estigmatização. Ensinam Bacila; Rangel (2007, p. 2) que:
“A Lei aumentou as penas para os crimes equiparados ao tráfico, mas diminuiu as conseqüências penais para os usuários de drogas, mas que nada disso pretende solucionar a violência em torno das drogas.”
Declara a Lei em seu artigo 2º:
“Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso  estritamente ritualístico-religioso.
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas” (BACILA; RANGEL, 2007, p. 2).
Destacando a questão da proibição e regra, Amaury Silva ensina “que, no que diz respeito à definição de drogas acima oferecida, preceitua-se sua proibição como regra em todo o território nacional, e tal impedimento alcança não apenas a droga em si como produto final, mas, também, a matéria-prima utilizada em todas as fases da fabricação do produto final, devendo ser consideradas as fases desde o nascimento da planta, passando por todas as etapas até a fase de exploração.
Destaca ainda Silva (2008, p. 54) que, concernente às ressalvas à Lei.
“Constituem as exceções que exorbitam à diretriz da proibição. Devem ser entendidas como situações numerus clausus (número restrito), sendo inviável a ampliação das hipóteses por força da interpretação, pois se trata de expressa restrição”.
A Lei das Drogas (ou Lei de Tóxicos), oficialmente lei 11.343/2006, por exemplo, institui o sistema de políticas públicas sobre drogas no Brasil, o SISNAD. Promulgada em 23 de agosto de 2006, a lei prescreve “medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.”
Essa lei surgiu em um momento em que houve a necessidade de regularizar as condutas relativas às drogas, tendo em vista o aumento considerável do percentual de usuários, bem como de práticas ofensivas relacionadas às substâncias – tanto no sentido de promover o seu uso, quanto no de lucrar com o seu tráfico.
Já em fevereiro de 2019, uma comissão de juristas presidida por ministros do Superior Tribunal de Justiça apresentou um anteprojeto de lei para modificar a legislação sobre drogas, visando apresentar critérios objetivos para a definição de tráfico e uso pessoal, bem como criar tipos penais distintos para as principais formas de comércio de drogas ilícitas.
No entanto, existem muitas críticas em relação à Legislação sobre Drogas no Brasil. A lei antitóxicos trouxe vários questionamentos em relação ao seu conteúdo e finalidade. Dentre as diversas condutas tipificadas pela Lei n. 11.343, o art. 28 trouxe a tipificação da posse da droga para consumo pessoal, criando uma larga discussão acerca da sua natureza jurídica, ensejando a formação de diversas teorias a fim de solucionar tal embate.
O que há de real é o prejuízo à saúde, um enorme conflito social e uma competição clandestina e insana pelo seu domínio de mercado que tem sido responsável pelo maior índice de homicídios dolosos. Mas culpar a ingestão da droga por todos os males é retirar indevidamente a responsabilidade individual (o traficante que mata, muitas vezes, não é dependente da droga) e desviar o foco do mal do estigma.
É importante também admitir que hoje no Brasil, o fato de uma droga ser ilegal não impede seu consumo. Isso resulta em um exponente aumento da violência, dos gastos públicos, da superlotação dos presídios, entre tantos outros fatores. Não obstante exista repercussão de seus efeitos na segurança pública, o consumo de drogas ilícitas é, sobretudo uma questão de saúde pública, e deve ser encarado como tal, com políticas que visem a prevenção e conscientização sobre os danos, dando conhecimento ao usuário sobre os riscos que corre, assim como é feito em relação ao consumo de álcool e tabaco.
Vale ressaltar que a Lei aumentou penas para os crimes equiparados ao tráfico, mas diminuiu as consequências penais para os usuários. Nada disso, por si só, tem o condão de solucionar a violência em torno das drogas.
Dessa forma, o 26 de junho vai muito além de uma data, mas é de suma importância para que hajam mais debates, discussões e soluções para tentar sanar um problema tão grave no país e no mundo.
A referida Lei 11.343/06 trouxe em seu art. 28, grande discussão acerca das condutas nele tipificadas. É que o art. 28 figura no capítulo que trata dos crimes relacionados unicamente às condutas do título “Das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas”, e o capítulo refere-se aos crimes e às penas às quais está sujeito o infrator. Contudo, não há, no artigo em questão, propriamente, a previsão de pena privativa de liberdade e nem mesmo pecuniária. Porém, há menção à prestação de serviços à comunidade, que, por si, é sanção do tipo pena a teor dos arts. 43 e 44, do Código Penal. Dessa

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