Prévia do material em texto
CASA LAR PARA IDOSOS: NEUROARQUITETURA APLICADA A PROJETOS PLANEJADOS Autor: Vanusa Deolindo da Silva Orientador: Thais Mourad Curso: Arquitetura e Urbanismo RESUMO Uma das intenções da produção arquitetônica é produzir espaços em função do ser humano que habita o local. Ao abordar projetos voltados para a concepção da proposta nos faz refletir sobre a necessidade de buscar a ocupação de espaços com características funcionais ao mesmo tempo que o ambiente influencie na saúde física e mental do idoso avaliando de que maneira certos fatores arquitetônicos podem melhorar a qualidade de vida do mesmo. O estudo através da Neuroarquitetura nos leva a planejar espaços eficientes gerando conforto, bem-estar, alinhados as necessidades do usuário e consequentemente trazendo melhor qualidade de vida. Ao alinharmos os princípios do planejamento do espaço à Neuroarquitetura, adotamos conceitos que podem ser alcançados, manipulados e usados, independentemente do tamanho do corpo do indivíduo, sua postura ou sua mobilidade. Desta forma o trabalho visa identificar e tratar o espaço para melhor formatação arquitetônica de uma casa para idosos, partindo do princípio que um ambiente bem planejado gera mais qualidade de vida para quem habita o mesmo. Palavras-chave: acessibilidade, arquitetura para idosos, comprometimento funcional, psicologia ambiental. 1. INTRODUÇÃO O número de idosos no Brasil cresce ano após ano, nesse contexto nota-se uma demanda maior pelas Instituições denominadas “Instituição de Longa permanência para Idosos” - ILPI, desafios de grande relevância para a saúde pública, conforme o art. 3.º do Estatuto do Idoso. Art. 3.º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Em consequência, ao analisar o serviço oferecido podemos notar, no entanto, que a maioria das Instituições existentes não se encontram em condições adequadas, seja por sua estrutura física inadequada, espaços insuficientes, mal dimensionados e por representar “um lugar de exclusão social”, onde existe uma grande resistência e até um certo preconceito em relação a essas Instituições. Gleice Elali em seu artigo sobre “Relações entre comportamento humano e ambiência: uma reflexão com base na psicologia ambiental”, citou, (Thiabaud, 2004): Cada local possui uma ambiência própria que o caracteriza e cuja construção é cotidiana. A base dessa ambiência é a articulação entre muitos fatores visíveis e invisíveis que impregnam aquele lugar e definem sua identidade, influenciando o comportamento das pessoas que vivem no local ou o percorrem. Ela é composta por aspectos físicos, culturais, sociais, de uso e de temporalidade, entre outros, muitos dos quais operam de modo inconsciente (Thibaud, 2004). Nesse contexto, podemos perceber que grande parte da população idosa tem vida independente e autônoma, porém tem aqueles que por ocorrência adversa precisam de cuidados diferenciados necessitando de ajuda para realizar atividades diárias. Segundo o IBGE, havia cerca de 10 milhões de idosos em 1990. Em 2000, este número foi de 15 milhões de idosos, em 2025 espera-se que alcance a 34 milhões, dados esses que apontam para necessidade de adaptações a esse novo padrão populacional. Em consequência ao aumento na expectativa de vida podemos refletir de que maneira a produção arquitetônica pode agregar qualidade aos anos adicionais de vida nas ILPI, “Instituição de Longa permanência para Idosos”. Tendo em vista as informações acima, a problemática deste artigo se dá através do questionamento seguinte: Quais demandas um espaço de lar para idosos deve atender? Com base nos aspectos acima citados, podemos perceber que a concepção de espaços inclusivos voltados ao planejamento, funcionalidade, convívio social, incentivo a prática de atividades físicas, intelectual e ocupacional, são fatores que podem interferir para que o idoso tenha melhor qualidade de vida nas ILPIs. Dessa maneira, a neuroarquitetura tem como finalidade desenvolver projetos capazes de impactar o estado físico e emocional das pessoas contribuindo para construção de ambientes humanizados. Conhecida como utilização e estudo estratégico do impacto do ambiente na forma comportamental dos indivíduos a neuroarquitetura estuda através da análise da influência do ambiente na saúde mental dos pacientes. Essa ciência trata que o espaço físico possui influência direta no comportamento dos indivíduos presentes no espaço, em relação ao bem-estar dos mesmos. A pesquisa é conhecida também como psicologia ambiental, onde o homem não possui ação apenas como usuário passivo do ambiente, mas também como alguém que possui ação no ambiente de forma cíclica, assim sendo, o homem muda o meio, essa mudança modifica o homem e o homem volta a mudar o meio (MILANEZE, 2013, p.59). A pesquisa elaborada tem por objetivo contribuir na concepção de espaços planejados eficientes, alinhados às necessidades do idoso trazendo qualidade de vida através da aplicação dos estudos da neuroarquitetura. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 ENVELHECIMENTO E SUA RELAÇÃO COM O ESPAÇO Com o passar dos anos vamos envelhecendo e o corpo vai adquirindo alterações morfológicas, bioquímicas, fisiológicas e psicológicas que vão resultando em redução da capacidade de adaptação ao ambiente ao seu redor e que pode resultar em complicações sérias e até levar a morte (MORIGUTI e FERRIOLLI, 1998). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), “considera-se pessoas idosas, pessoas com a idade cronológica de 60 anos ou acima disso”. Com o avanço da ciência e da tecnologia a população de idosos no mundo vem crescendo e por isso a busca por um processo de envelhecimento saudável vem sendo possibilitada. Assim, as atividades recreativas e os exercícios físicos vem sendo gradativamente inclusos, no cotidiano dos idosos. Estas atividades são importantes e necessárias no decorrer da vida para pessoas que buscam longevidade de forma saudável e melhor expectativa de vida. Pessoas que não praticam atividades físicas estão mais propensas a acidentes e riscos durante qualquer atividade diária mesmo que simples, à falta de equilíbrio, de força e resistência são fatores essências para a decorrência de acidentes e essas inaptidões levam a um aumento do risco de acidentes durante a caminhada em piso irregular ou no simples ato de tomar banho. O sedentarismo se agrava ao passar dos anos e a situação tende a ficar cada vez pior, os idosos perdem a disposição para praticar atividades físicas e de se movimentar. Essa indisposição resulta em um agravante de doenças degenerativas e crônicas amplificando casos de pessoas impossibilitadas de realizarem a prática de atividades diariamente. Com o crescente envelhecimento populacional mundial, temos um aumento da prevalência de doenças físicas, mentais e sociais, com intenso comprometimento na qualidade de vida desses indivíduos. Quando se pensa em saúde, em gerontologia é importante destacarmos as questões ambientais por sua reflexibilidade na saúde física e mental assim como o entendimento dessas relações em face desse fenômeno (CASSOL, 2012). Sobre o meio ambiente, Reigota (2009) o define como um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação com os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformações da natureza e da sociedade. Com encontros de espaços que vinculem afetivamente as pessoas e valorizem suas trajetórias de vida e seus saberes, busca-se inserir o idoso na discussão e debate sobre temas que articulemmeio ambiente e cidadania, garantindo seu direito à informação e possibilitando a condição de ser sujeito político na luta pela dignidade do envelhecer. Segundo Neri (2006), com os avanços científicos e biotecnológicos, a expec- tativa de vida aumentou, porém um novo desafio surgiu, que é o de acrescentar qualidade de vida a esses anos, e para que isso ocorra, uma das possibilidades é a inserção do cidadão idoso nas questões ambientais, para atuar como educador e/ou educando, e contribuir para o almejado desenvolvimento sustentável. Perda de força muscular, redução hormonal, aumento de pressão, diminuição do débito cardíaco, sobrepeso corporal, redução da capacidade funcional dos pulmões, são problemas visíveis na vida de um idoso, entre outros. Essas alterações resultam em falta de equilíbrio orgânico e comprometem cada vez mais um estilo de vida saudável dos idosos. As doenças mais comuns que podem ser relacionadas ao processo de envelhecimento de acordo com Leitão (2006, p. 194) são: Artrose: Doença nas articulações caracterizada pela perda da cartilagem e reparação óssea. Dentre as alterações patológicas reumáticas a artrose é constituída por causar de forma isolada o comprometimento da capacidade locomotora. Osteoporose: Doença osteometabólica que se localiza ou generaliza de acordo com a queda contínua da densidade e da massa óssea e das modificações da estrutura do tecido ósseo trabecular, que resulta em ossos mais frágeis e aumenta os riscos de fraturas. Artrite: Doença caracterizada por estar mais entre as mulheres com causa desconhecida, a atrite é progressiva e atinge de forma severa o corpo, causando morbidade, incapacidade e mortalidade, seu tempo de redução nos homens é de 4 enquanto as mulheres podem chegar a terem 10 anos de suas vidas reduzidas. Atinge principalmente as articulações, causando deformidades e atingindo órgãos como, pulmão, nervos, pele, coração, olhos e tecidos subcutâneos. Doenças Cardíacas: As doenças mais comuns nos idosos são: doenças nas válvulas do coração, doenças arteriais coronarianas, insuficiência cardíaca arritmias supraventriculares e ventriculares, além de miocardiopatia hipertrófica. Diabetes: O diabetes é uma doença relacionada à falta da produção de insulina ou ação da insulina no corpo, que resulta em complicações crônicas e sintomas agudos. Esse distúrbio envolve o metabolismo proteico, gorduroso e da glicose pode trazer graves consequências tão rápidas quanto o próprio surgimento da doença. Atualmente o diabetes é reconhecido como um problema de saúde pública pelo crescente número de pessoas que são diagnosticadas com a doença. Hipertensão Arterial: A hipertensão arterial é a doença crônica mais frequente e comum no mundo todo. Quando o assunto são os idosos a frequência aumenta de forma significativa, o que faz necessária grande demanda de assistência médica, por suas complicações particulares a acidentes vasculares cerebrais. Entre os processos de doenças quando relacionadas aos idosos as quedas passam a ser um dos fatores mais comuns que pode ser visto como um fator único de várias causas, as desordens ao caminhar e a falta de equilíbrio fazem com que as quedas passem a ser mais frequentes e podem resultar em traumatismos ou lesões mais graves, como lesões físicas e perdas funcionais por longos períodos sem mobilidade que tornam os idosos dependentes e incapacitados. Uma casa segura consiste em uma residência planejada com a finalidade de minimizar ao máximo o risco de acidentes, implantando um novo conceito que visa oferecer segurança, conforto, independência e qualidade de vida aos idosos. Fazendo-se uma análise minuciosa de cada ambiente, podem-se diagnosticar as dificuldades existentes no desempenho das tarefas realizadas em cada espaço específico. As atividades que se realizam nos dormitórios, em geral, são: dormir, descansar, ver televisão, ler, escrever, escolher a vestimenta. Portanto, os quartos de dormir devem ser amplos, arejados, bem-iluminados, confortáveis e dispor de janelas que se voltem a vistas interessantes como forma de estímulos positivos, pois o contato com o exterior pode influenciar de forma positiva no estado emocional do indivíduo. Devem ser alegres, arrumados e sempre limpos, de forma a evitar o acúmulo de poeiras. Quevedo (2002) lembra que se deve também considerar a facilidade de manejo e operacionalidade das janelas. O mobiliário deve apreciar o uso para pessoas em cadeira de rodas, pois é muito comum a necessidade deste equipamento na idade avançada. Com relação aos guarda-roupas, deve-se considerar uma altura de no máximo 1.40m (QUEVEDO, 2002), com iluminação interna para facilitar a visualização. A cama deve ter uma altura adequada ao seu usuário, de modo que o indivíduo possa apoiar os pés no chão quando sentado e evitar a hipotensão postural (tontura), além de possuir cabeceira, permitindo que a pessoa possa recostar-se. Deve-se evitar o uso de cortinas muito longas devido ao risco que estas apresentam de tombos, tropeços, bem como colchas que sobram panos no piso, pelo mesmo motivo. De acordo com (QUEVEDO, 2 002), o banheiro é um dos locais onde se registram os mais altos índices de acidentes, principalmente por tratar-se de áreas molhadas. Para o planejamento adequado desses ambientes, deve-se levar em conta o uso de cadeiras de rodas, planejando-se espaço suficiente para manobras e considerando ser esse equipamento muito utilizado pelos idosos. O banheiro deve ser equipado com barras de apoio e tapetes com ventosas, de modo a evitar escorregões. As bacias devem ficar a uma altura de 48 cm do piso, de modo a facilitar seu uso (QUEVEDO, 2002), bem como os deslocamentos de cadeiras de rodas para as bacias sanitárias. O piso deve ser antiderrapante e a altura do divibox não deve ser maior que 1,5 cm a fim de evitar tombo e tropeços. Assim como os banheiros, as cozinhas são locais bastante perigosos para os idosos, pois, além de também serem áreas molhadas, apresentam vários riscos de acidentes, incluindo quedas e queimaduras. A pesquisa aborda os idosos ativos que moram nas suas residências e muitas vezes preparam suas refeições. Os perigos se apresentam a partir do momento que se entra na cozinha. É comum o uso de tapetes espalhados neste espaço. Outro problema bastante comum é o hábito de subir em bancos para alcançar utensílios localizados em armários altos. Outra tarefa que demanda bastante atenção é a cocção. Queimaduras são bastante frequentes nos idosos devido à falta de firmeza nas mãos e à falta de atenção. Na análise ergonômica feita por Guimarães et al. (2000), Diagnose Ergonômica em Cozinha Para Idosos, as autoras colocam que os principais problemas de uma cozinha, são: a falta de uma ventilação apropriada, equipamentos de difícil manuseio e falta de apoio adequado. As características físicas são definidas como todas as qualidades físicas que possam ser desenvolvidas através de treinamento. No âmbito das valências físicas podemos classificar resistência, agilidade, força, equilíbrio e coordenação motora. Para idosos equilíbrio e força são capacidades de maior importância já que as mesmas interferem diretamente na realização de movimentos do dia a dia e na locomoção. Equilíbrio: É a capacidade de manter a posição do corpo sobre determinada base de sustentação, sendo essa subdividida em estática que é quando uma pessoa se encontra imóvel e controlando a oscilação da postura ou dinâmica quando ocorrem mudanças corporais e ajude de manutenção do centro de gravidade. Força: A força nos músculos é definida como o ato de ser forte, que se define na capacidade do músculo de produzir resistência a um esforço máximo ou tensão ativa, sendo uma característica humana com o qual se move uma massa. Este conceito de força é bem amplo e abrangente, é definido pela incapacidade, desvantagem, deficiência, assim como fatores com autonomia e independência,trabalhando mais na falta de capacidade funcional. Pode ser definida também como dificuldade ao desempenhar certas atividades do cotidiano ou pela impossibilidade de desempenhá-las. A capacidade funcional é influenciada por fatores demográficos socioeconômicos, psicossociais e culturais. Mudanças no estilo de vida, como a prática de exercícios físicos e alimentação regulada, e a falta de vícios são essenciais para controle e apoio da capacidade funcional (ROSA et. al., 2003). Para Borges, Lazaroni e Silva (2012), o treinamento funcional busca melhorar a capacidade funcional, através de exercícios que proporcionam melhorias no controle corporal, do equilíbrio e contribuem no desenvolvimento da consciência, reduzindo a incidência de lesões e efetivando os movimentos. As alterações físicas durante o envelhecimento são visíveis e os resultados do processo de envelhecimento é a redução das capacidades físicas do indivíduo, como agilidade, força muscular, coordenação, flexibilidade, equilíbrio entre outras. Alterações da anatomia fisiológica como concentração do tecido adiposo, redução da elasticidade muscular e vascular, hipotrofia muscular e cerebral, o corpo tende a diminuir o cálcio nos ossos, densidade óssea, desvios de coluna, volume respiratório, altura, consumo máximo de oxigênio, frequência cardíaca máxima, debito cardíaco. Entre as alterações psicossociais estão a ocorrência a baixa autoestima, depressão e isolamento social (MAZINI FILHO et. al., 2009). Segundo Matsudo (2006) a diminuição da força e da massa musculoesquelética são os fatores principais pela redução da funcionalidade do indivíduo e da sua mobilidade. De acordo com a ACSM – AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (2003) a Figura 01, explica de forma simplificada os efeitos ocorridos durante o processo de envelhecimento. Figura 1: Efeitos durante o envelhecimento. Fonte: Adaptado de ACMS, 2003. Durante o processo de envelhecimento podem ser observados diversos declínios nos componentes da capacidade funcional do indivíduo, em especial está a diminuição da força muscular, que resulta a perda da autonomia do idoso para a realização de tarefas comuns no dia a dia. Segundo Matsudo (2004) as atividades diárias são as principais determinantes da capacidade do idoso de viver de forma independente. São classificadas como atividades da vida diária sentar-se, tomar banho, se vestir, levantar, assim sendo, todas aquelas atividades necessárias para os cuidados pessoais básicos para o dia a dia, existem também as atividades instrumentais da vida diária que são atividades de maior complexidade que completam o quadro de independência do idoso entre estas estão, fazer compras e limpar a casa (MATSUDO, 2004). A partir desta observação é possível perceber se o idoso pode ou não viver de forma independente de outra pessoa. De acordo com Matsudo (2001) a capacidade funcional pode ser definida no potencial em que os idosos apresentam para atuar e tomar decisões em suas vidas sem o auxílio de outra pessoa. As informações produzidas pelo processo de avaliação são o que define se a capacidade funcional do idoso está de acordo com as suas necessidades. De acordo com Guimarães et al. (2004) o idoso que busca preservar e fazer a manutenção das suas capacidades podem desenvolver sozinhos as atividades do seu cotidiano e com isso prolongar a sua independência. Santarém et al., (2007) descreve as capacidades físicas como equilíbrio, flexibilidade, força, coordenação e agilidade como capacidades que tendem a sofrer redução na sua capacidade máxima durante o período de envelhecimento e é comum em pessoas idosas. 2.2 IDOSOS NO BRASIL E SEUS PRIMEIROS ESPAÇOS Como ocorreu em vários países, as primeiras instituições ou lares para atender aos idosos no Brasil também eram para a moradia e acolhimento de grupos sociais marginalizados. Nesses grupos apenas os idosos que não possuíam abrigo eram incluídos, assim, apenas essa parcela da população idosa possuía atendimento dessas instituições, ainda que estes não possuíam seus atendimentos exclusivos. Santos (2007) apud Araújo et al., (2010) descrevem a Casa dos Inválidos, no ano de 1790 no Estado do Rio de Janeiro, como a primeira instituição para os idosos criada no Brasil. Essa iniciativa ocorreu por parte do Conde de Resende, entre vice- rei, com intuito de acolhimento dos soldados idosos. Essa casa realizou seu atendimento até o ano de 1808, quando esse lar foi alterado para casa particular do médico de D. João, em razão da vinda da família real ao Brasil. Dessa forma, os residentes foram deslocados para a Santa Casa de Misericórdia. Mesmo que o conceito não fosse no modelo assistencial para a velhice como um todo, de modo geral, mais sim para atender militares na terceira idade como categoria à parte, essa instituição pode ser definida como um marco na medida em que foi o primeiro instituto de responsabilidade estatal sobre a velhice. Alguns anos depois no ano de 1868, foi criado o Asilo dos Inválidos da Pátria, no Rio de Janeiro, na Ilha de Bom Jesus, também para militares com algum tipo de invalidez. Como descreve Santos (2007, p.12), nesse período a invalidez principalmente no aspecto do trabalho era associada de forma frequente à velhice até meados do século XIX em que os idosos sem amparo da sociedade entram na categoria dos indigentes, junto com os outros indivíduos compreendidos como incapazes para o trabalho. Em uma sociedade orientada por valores evangélicos e cristãos, esse grupo era objetivo de tolerância e piedade social, atendidos por instituições de caridade como a Santa Casa da Misericórdia. Os conceitos de higiene difundidos após a segunda metade do século XIX tiveram como resultados intervenções sanitárias nas cidades, em instituições que acolhiam indigentes e em um início de sua divisão e classificação dentro destes ambientes. No ano de 1890 o Visconde Luiz Augusto Ferreira D’Almeida criou o Asilo São Luiz para a Velhice Desemparada, no Estado do Rio de Janeiro, se tornando o primeiro asilo desenvolvido com intuito de atender os indivíduos idosos. O intuito era reunir alguns dos funcionários idosos da fábrica de tecidos “São Lázaro”, porém ao passar dos anos esse local foi ganhando notoriedade e apoio das irmãs religiosas do Sagrado Coração de Jesus e de empresários, passando assim a acolher idosos de toda sociedade. No ano de 1909, foi desenvolvido um pavilhão para atender todos os idosos que tivessem interesse de viver lá mediante pagamento mensal. O asilo ainda existe, está localizado em uma chácara no estado do Rio de Janeiro e o modelo arquitetônico aderido é o pavilhonar, com intuito de se ofertar espaços verdes e livres entre uma edificação e outra. Conforme pode ser observado nas Figuras 2 e 3. Na Figura 4 é possível analisar o Lar Harmonia que também é um lar para idosos no Brasil atuante desde 1994 e constituída legalmente em 23 de janeiro de 1995. Sua escritura de Constituição de Fundação e transcrição de seu Estatuto Social estão registrados no Cartório do 1º. Ofício de Registro Civil de Pessoas Jurídicas de Salvador, sob o nº. 4867, Livro A-5, e aprovada pelo Ministério Público do Estado da Bahia. Na figura 5 é possível observar o lar de idosos em Perafita está localizado na Vila Perafita da cidade de Matosinhos, Portugal, e foi projetado pelo Grupo Iperforma. O lar de idosos em Perafita está inserido no Centro Social e Paroquial Padre Ângelo Ferreira Pinto junto à igreja local e conta com uma área de implantação com 840 m² e área de construção de 3.515 m² (VILELA, 2016). Figura 2 - Implantação do Asilo São Luiz, Rio de Janeiro. Fonte: BIANCHI, 2013. Figura 3 - Asilo São Luiz Fonte: site da Casa São Luiz. A Fundação Lar Harmonia foi criada em 1994 e constituída legalmente em 23 de janeiro de 1995. Sua escritura de Constituição de Fundaçãoe transcrição de seu Estatuto Social estão registrados no Cartório do 1º. Ofício de Registro Civil de Pessoas Jurídicas de Salvador, sob o nº. 4867, Livro A-5, e aprovada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (LAR HARMONIA). Figura 4 – LAR HARMONIA Fonte: http://www.larharmonia.org.br/a-fundacao/ Figura 5 – LAR DE IDOSOS EM PERAFITA Fonte: VILELA, 2016 De acordo com Araújo et al., (2010, p.253), até que mais asilos nestas características fossem criados, os idosos sem amparo continuavam a ser atendidos por instituições genéricas para indivíduos indigentes. Foi com as alterações demográficas que a velhice, a proteção de seus direitos e sua inclusão social passaram a ganhar maior destaque. A partir da década de 1970 ações em prol dos idosos, além das instituições de asilo, começaram a ser aplicadas no Brasil em escala nacional. No ano de 1974 foi fundado o amparo previdenciário para os indivíduos com idade superior a 70 anos por lei nº 6.179 no dia 11 de dezembro no ano de 1974 e desde este momento outros direitos dos idosos começaram a ser defendidos através de legislação pela Constituição de 1988, considerando assim uma Política Nacional do Idoso, compreendido no Estatuto do Idoso que contém também outras leis. http://www.larharmonia.org.br/a-fundacao/ Dessa forma o tema “velhice” começou a ganhar cada vez mais evidência na sociedade de modo geral, através da promoção de eventos e seminários, de projetos de integração social, de campanhas educacionais do governo, da criação de conselhos estaduais do idoso, de programas de preparação para a aposentadoria entre outros. Em razão disso, outros meios de apoio ao idoso foram tomando forma com seus respectivos espaços como: universidades de ensino para idosos, centros e grupos de convivência, centros-dia e clubes. 2.3 SIMETRIA, FRACTAIS E PROPORÇÃO ÁUREA NA NEUROARQUITETURA Desenvolvido por Benoít Mandelbrot no ano de 1975, o termo fracta consiste em resultados de formas repetidas em tamanhos variados, se associando à proporção Áurea, onde a derivada de uma constante real algébrica com valor de 1,618 se encontra e está presente em várias formas da natureza, na música, obras de arte e na arquitetura (LA FUENTE, 2013). A proporção áurea é um retângulo que se separa em outros retângulos internos formando assim um modelo de fractal e também desenho especial. A Neuroarquitetura afirma, em linha com a Gestalt, que nossos sentidos percebem de forma não cognitiva essa harmonia arquitetônica derivada do uso da simetria, da proporção áurea e do fractal. Essa atração que temos pelos fractais e pela proporção áurea não é um resultado consciente. É como se fossemos programados para responder positivamente a tais características, algo mais ligado aos sistemas límbico e reptiliano do que ao córtex, a parte cognitiva e racional do cérebro. Está proporção áurea se faz presente em obras como o Phartenon na Gécia, no famoso quadro da Monalisa de Leonardo da Vinci, entre outros. Dessa forma a proporção Áurea se faz presente em diversas obras, os fractais também, é possível citar outras obras famosas como a Ópera House de Sydney na Australia, onde o conjunto de arcos da cobertura cria a composição e também o Disney Concert Hall, na cidade de Las Vegas nos Estados Unidos. De acordo com Gonçalves e De Paiva (2017), as composições fractais afetam a capacidade do homem de recriar mentalmente o que é tipicamente límbico e afetivo, neste processo que ocorre inconscientemente o homem recria figuras e encaixa peças sem organização obedecendo a um padrão desenvolvido pelo próprio cérebro de forma instintiva. Mesmo que não se tenha razão ou lógica nas peças sobrepostas, o córtex inicia uma busca imparável para encontrar um motivo, enquanto este processo ocorre, o sistema límbico apenas se emociona em procura de memórias já vistas ou vividas, e simultaneamente o sistema reptiliano pode produzir sensações como questionamentos e arrepios em relação à segurança do local. Segundo GONÇALVES; DE PAIVA (2017). Em conjunto a isso existe o Primingi que atua de modo parecido conforme Gonçalves e De Paiva descrevem: Priming é o processo inconsciente de detectar objetos ou identificar palavras que conhecemos. O conceito de priming, já usado no marketing, é simples: certas “pistas” apresentadas a um indivíduo podem afetar seu comportamento sem que ele tenha nenhuma consciência nem da “pista” apresentada nem da alteração do seu comportamento. GONÇALVES; DE PAIVA (2017). No ambiente da arquitetura uma das possibilidades de se aplicar o Priming se apresenta em elevadores onde muitos deles possuem espelhos e isso possui uma explicação. Os espelhos permitem uma sensação de maior espaço, fazendo com que o ambiente espelhado passe a percepção de ser maior em dimensão, diminuindo assim a sensação claustrofóbica e o vandalismo. Ao analisar o seu reflexo é possível que a mente desenvolva a sensação de não se estar só, uma vez que isso ocorre existe a sensação de segurança no espaço habitado. As características arquitetônicas influenciam diretamente o comportamento humano e por essa razão é válido que o priming seja explorado dentro destes espaços, possibilitando assim a priorização das técnicas sempre em função do bem-estar dos usuários. O arquiteto tem como objetivo solucionar problemas através de intervenções no ambiente físico que possuam agir de maneira sutil no inconsciente dos indivíduos, através de soluções invisíveis e visíveis. Para isso, é de suma importância que se conheça as necessidades dos usuários que irão aproveitar o espaço, bem como o seu comportamento. Assim sendo, quais os valores serão priorizados no conceito de um lar para idosos. A iluminação dos locais, seja fornecida pela luz artificial ou natural, possui papel fundamental na qualidade dos espaços em função do bem-estar do morador, sendo a análise da iluminação devendo ser realizada de forma individual para cada usuário. A luz possui influência direta no ciclo psicológico e fisiológico dos indivíduos. De acordo com Vasconcelos (2004), o idoso necessita de pelo menos três vezes mais luminosidade do que um indivíduo jovem para que suas atividades sejam realizadas, em razão da diminuição da capacidade visual negativa ou positivamente. Quando de forma negativa, os sons podem resultar em alterações de humor, estresse, irritabilidade e desconforto, quando de forma positiva pode auxiliar em outros sentidos, mudanças positivas emocionais e de humor. Os sons vindos de elementos naturais, principalmente pela água como cascatas e fontes, possuem efeitos relaxante e calmante, podendo ser utilizado em ambientes externos e internos, e trazem respostas emocionais, além de mudanças positivas de humor (BERTOLLETI, 2011). Ainda segundo o autor o aroma é outro aspecto de suma importância para a qualidade dos ambientes. Através do cheiro, o morador pode de forma rápida liberar estímulos ao cérebro que rementem a possíveis lembranças do passado. Quando os cheiros são agradáveis, é possível que se resulte em melhor sensação de bem-estar e redução do estresse, além de relaxar e acalmar. No entanto, quando são desagradáveis é possível acelerar a respiração e como consequência resultar em aumento dos batimentos cardíacos, gerando assim sensação de mal-estar. Bertolleti (2011) descreve que composições cromáticas podem ter influência direta nas sensações térmicas dos ambientes. As cores frias podem resultar em sensação de frio quando comparadas a ambientes onde são compostos por cores quentes. Outro fator determinante para a qualidade de vida dos moradores de lares permanentes é a acessibilidade. De acordo com Bins Ely (2009) o termo acessibilidade passa o pressuposto de ausência de barreiras que possam dificultar ou impedir o deslocamento com autonomia e segurança, o que resultaem garantia da inclusão social de qualquer cidadão que possua a sua capacidade de mobilidade diminuída que é o caso dos idosos. Segundo Milaneze e Vazin (2016), ao se idealizar um projeto de arquitetura para lar de idosos é de suma importância que se conheça os aspectos técnicos e específicos quanto as exigências necessárias para que se possa atender as necessidades dos indivíduos por um todo, bem como as normas de acessibilidade, como também é necessário entender que os usuários em questão são pessoas de idade avançada e necessitam de propostas distintas do que se costuma planejar ou projetar para pessoas saudáveis e jovens. A NBR 9050 (2015) define a acessibilidade como A possibilidade e condições de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, mobiliários e equipamentos urbanos e pode ser verificada de diversas maneiras. Quando se pensa no deslocamento de idosos com mobilidade física reduzida, a preocupação é a garantia da inclusão social com segurança e conforto mediante a suspensão de barreiras e obstáculos, sendo fator determinante na qualidade de vida dos idosos. Para realizar o atendimento das necessidades físicas dos moradores, a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9050 se refere a respeito da acessibilidade às edificações, espaços e equipamentos urbanos, mobiliário, deve ser aplicada a todos os projetos e oferece as devidas especificações para serem aplicadas aos espaços. 3. METODOLOGIA A metodologia utilizada foi de caráter exploratória por meio de dados bibliográficos e documentais, utilizando-se de artigos, livros e materiais relacionados ao tema. A pesquisa possui natureza qualitativa e opinativa, na concepção das informações, com análises de estudos de casos. Nesse método de revisão as narrativas possuem natureza opinativa, pois a seleção do texto utilizado na pesquisa foi realizada segundo a opinião do autor com a intencionalidade de reforçar o seu ponto de vista, não seguindo um critério sistemático ou quantitativo para esta seleção (BERNARDO, NOBRE, JATENE, 2003). O estudo ocorreu no mês de maio de 2021, com base nos resumos disponíveis em meio eletrônico. Os títulos e os resumos de todos os artigos identificados na busca eletrônica foram revisados. Todos os artigos que preencheram o critério de inclusão, quando possível, foram obtidos integralmente para melhor compreensão. Para a apresentação dos artigos selecionados, elaborou-se um formulário composto pelos itens título do periódico, ano, autoria, país de origem e contribuições para o estudo. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados nos idiomas português, anais de congressos ou conferências, inglês e espanhol; artigos com disponibilidade de resumos e artigos publicados entre 1980 e 2016; Os critérios de exclusão foram: livros, editoriais, relatórios técnicos e científicos e documentos ministeriais; artigos repetidos nas diferentes bases de dados e artigos que não estavam direcionados para a temática do estudo. 4. Discussão de Resultados É indispensável que sejam considerados os aspectos subjetivos como a memória e a percepção em projetos que se destinam ao atendimento de indivíduos que já alcançaram a terceira idade, tendo em vista que o idoso se identifica e se apropria do espaço em que convive. Dessa forma contribui-se para que o mesmo desenvolva uma identificação com o local, podendo assim este espaço influenciar diretamente em sua saúde mental e física. Os ambientes que melhor apresentam respostas devem ser capazes de produzir a sensação de acolhimento e segurança. No entanto vale ressaltar que existe a necessidade de que o ambiente continue sendo estimulante e desafiador para o indivíduo, evitando que este ambiente crie constrangimento e ao mesmo tempo seja capaz de produzir conforto aos idosos. Os ambientes preferíveis são aqueles que permitem a acessibilidade em sua utilização, o que torna o processo de deslocamento fácil principalmente ao que se refere à conveniência, conforto e a possibilidade de se escolher, além de proteção e segurança. A iluminação destes espaços deve ser definida com cuidado redobrado em projetos que envolva ou seja direcionado a indivíduos idosos, tendo em vista que o processo de envelhecimento resulta em perdas sensoriais e cognitivas, principalmente em relação a visão, uma vez que o envelhecimento interfere a visão bem como a iluminação. Ao se compreender sobre ambientes direcionados aos idosos, é de suma importância que se mescle entre iluminação artificial e natural, ofertando assim ao usuário melhor proveito da luz natural. É de suma importância os espaços externos que usam totalmente a iluminação natural, o que pode influênciar na maior capacidade funcional dos idosos, tendo em vista que existe a possibilidade de desenvolvimento de desconforto em razão de iluminação em excesso ou iluminação deficiente. A luz solar é capaz de estimular também sistemas neuro-endócrinos e carcadianos, e a homeostase do organismo, assim sendo, capacitam o organismo a se manter em equilíbrio. Vale resaltar que a mudança de um ambiente para o outro não possua uma grande diferença de iluminação, tendo em vista que essa diferenciação rápida de luminosidade pode resultar em uma cegueira momentânea em idosos, resultando assim em possíveis acidentes e desconforto. Outro fator relacionado ao entendimento e interpretação do idoso em relação a iluminação é o efeito sombra e luz, que em diversos casos possui influência no campo visual do idoso que por sua vez acaba enxergando a luz como piso e a sombra como um buraco. A coloração dos ambientes desenvolvidos para idosos também exige atenção e são de suma importância, tendo em vista que as cores usadas de forma correta, podem criar ambientes que passam ao indivíduo sensação de bem-estar, além de uma possível melhoria na qualidade de vida. É necessário que exista atenção ao uso de cores em conjunto, tendo em vista que existe a possibilidade dessa junção de cores resultar em um ambiente que acarrete da falta de concentração dos idosos que possuem algum déficit cognitivo, é importante considerar que nem sempre os idosos conseguem assimilar a quantidade de estímulos resultantes desse conjunto. Entretanto, isso não significa que os ambientes devem ser trabalhados apenas com uma cor, até porque isto pode tornar difícil para o idoso a orientação no espaço, tendo em vista que as cores são relevantes na contribuição de orientação, e funcionam como uma referência para indivíduos idosos. Os tons vibrantes e quentes como laranja, vermelho e amarelo são indicados para ambientes desenvolvidos para idosos, tendo em vista que são cores estimulantes e encorajam os idosos a se manterem mais ativos, enquanto que as cores frias como verde e azul possuem melhor capacidade para redução de estresse e tensão. Mais que apenas padrões de necessidades básicas e de habitação, os lares para idosos devem funcionar como um “lar”, um local de reconhecimento, de aconchego, integração e afeito do idoso com a sociedade, mantendo assim a identidade e particularidade de seus residentes. Existe a necessidade de que os ambientes sejam distintos aos ambientes hospitalares e possuem personificação individual, para que os idosos tenham reconhecimento de si dentro do espaço. Tornar possível ao idoso que o mesmo preencha seu espaço com móveis e outros objetos pessoais com intuito de suprimir sua ausência de casa e que o ambiente se torne a sua casa. Essas técnicas facilitam o reconhecimento dentro do espaço, tendo em vista que isso será capaz de auxiliar de forma positiva na integração do idoso com o ambiente. Ambientes com maior planejamento possuem a capacidade de influenciar de forma positiva na vida de seus usuários, principalmente quando são indivíduos que já alcançaram a terceira idade e necessitam de melhores cuidados, levando em consideração que seus sentidos e funçõesjá não possuem a mesma funcionalidade como antes. Os ambientes de casa lar para idosos devem ser capazes de oferecer além do cuidado especializado, um ambiente aconchegante, familiar, humanizado e afetuoso, tendo em vista que este ambiente será um lar para o idoso, onde ele passará a grande parte do seu e provavelmente até seus últimos anos. É de grande importância que a identidade e individualidade dos moradores sejam preservadas, e que o atendimento de suas necessidades e vontades possam ser atendidas sempre que possível. Outro ponto importante é a possibilidade de integrar os residentes idosos que não fazem parte da instituição. O fato de tornar possível que idosos não residentes tenham acessos aos lares em atividades desenvolvidas dentro do ambiente, auxilia bastante na aceitação do ambiente e na qualidade de vida de ambos. Na Figura 6 é possível observar um exemplo de lar para idosos que se mostrou eficaz no Brasil. Localizado na cidade de Curitiba na região Sul do país, a casa de repouso Lar Elissa Village é 5 estrelas conta com 6 mil m² de área construída em meio a um espaço de 296 mil m² envolto pela natureza. Figura 6 – Lar Elissa Village Fonte: gazetadopovo.com.br Considerado o primeiro lar para idosos 5 estrelas, o lar busca atender de forma sofisticada os idosos que se hospedarem, com atendimento luxuoso e profissional, tratando assim dos idosos da melhor forma possível buscando trazer além de cuidado o real prazer em se viver durante a terceira idade. O espaço instiga os idosos a participarem de atividades de modo coletivo, a inspiração veio do ramo hoteleiro com a proposta de oferecer as facilidades de um hotel, trazendo conforto e requinte, em uma moradia assistida. Construído em um espaço de 300 mil m² envolto pela natureza com belas paisagens, o empreendimento possui 6.000 m² de área construída e conta com 74 apartamentos com suítes individuais, biblioteca, salão de beleza, espaços multiuso com salas de jogos, cinema, varanda para atividades de artes, espaço ecumênico, academia, piscina aquecida com elevador para os idosos dependentes, pista de caminhada, solarium, horta, jardinagem e restaurante. Projetado por Flavia Ranieri, arquiteta e urbanista brasileira que tem criado ambientes residenciais, de hospitalidade e comerciais com foco em consumidores longevos, bem como uma crescente coleção de produtos para esse público. A Figura 6 e 7 podemos observar as plantas humanizada envolto pela natureza, são espaços planejado trazendo harmonia com entorno. Dessa forma e possível notar que o projeto foge totalmente dos moldes tradicionais hospitalares, e traz um conceito de conforto e bem-estar ao indivíduo que necessita dos serviços de um lar para idosos. Figura 6 – Planta Humanizada Fonte: gazetadopovo.com.br Figura 7 – Planta Humanizada Fonte: gazetadopovo.com.br 5. Conclusão Frente a realidade e do dia a dia dos indivíduos que passam sua vida em cidades e locais privados de liberdade, é essencial que a arquitetura trate o presente tema de modo detalhado e específico, não apenas com base em análises e observações empíricas, mais sim de experiências fundamentadas e teóricas com base cientifica. A neuroarquitetura é um tema recente que ainda possui vasta amplitude a seu respeito a ser explorada, uma vez que seu conceito se encontra em desenvolvimento de pesquisa. Os testes baseados na literatura são existentes em diversas áreas como psicologia, arquitetura e medicina, todas associadas a neuroimagem. De modo corporativo o tema se faz ainda mais útil em razão do tempo de permanência das pessoas dentro desses lares e ao longo da vida em ambientes de trabalho, o que muda completamente o comportamento do usuário em relação a sua mente e ao comportamento. Quando o ambiente é precário de planejamento e arquitetura fica ainda mais difícil que os colaboradores consigam aplicar a saúde e o auxílio necessário a indivíduos idosos. Dessa forma esses ambientes podem vir a gerar problemas psicológicos graves como depressão, estresse, ansiedade, que além de causar malefícios mentais graves ainda prejudica a saúde física de quem necessita. A Neuroarquitetura e suas teorias não sugere que ideias criativas sejam retiradas dos projetos, ela busca sugerir o uso de ideias criativas como uma ferramenta nova e de suma importância na criação dos espaços para idosos. O ambiente para idosos deve ser projetado de acordo com as necessidades de seu público, tipos de atividades desenvolvidas e condições climáticas, tendo em vista que cada ambiente possui a necessidade de diferentes aplicações e técnicas que possuem coerência e subjetividade. Ao elaborar um projeto o arquiteto responsável pelo desenvolvimento desta estrutura para idosos deve possuir vasto conhecimento, tendo em vista que são inúmeras as ferramentas de auxilio que podem ser utilizadas, buscando técnicas e projetos de acordo com a situação desejada. Principalmente é importante que o arquiteto esteja atento para as atividades que serão desenvolvidas e os desejos dos indivíduos que já possuem experiências em lares para idosos. É importante que se preserve nestes espaços a saúde e a qualidade de vida, além da comunicação. 6. Referências AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Exercise and physical activity for older adults. Medicine & Science in Sports & Exercise, 2003. ARAÚJO, Claudia Lysia de Oliveira; SOUZA, Luciana Aparecida de; FARO, Ana Cristina Mancussi e. Trajetória das instituições de longa permanência para idosos no Brasil. História da Enfermagem: Revista Eletrônica (HERE), Brasília, v. 1, n. 2, p. 250-262, jul.-dez. 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: < http://www.ufpb.br/cia/contents/manuais/abnt-nbr9050-edicao- 2015.pdf>. Acesso em 11/05/2021 BERTOLETTI, Roberta. Uma Contribuição da arquitetura para a reforma psiquiátrica: estudo no Residencial Terapêutico Morada São Pedro em Porto Alegre. Florianópolis, SC, 2011. BIANCHI, Siva Alves. Qualidade do Lugar nas Instituições de Longa Permanência para Idosos — Contribuições Projetuais para Edificações na Cidade do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado Ciências em Arquitetura) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. BINS ELY, Vera Helena Moro. A Moradia está Adequada às Necessidades do Idoso? In: IV WORSHOP DE ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO – 2009, jul, 2009. BORGES, G.; LAZARONI, M.; SILVA, B. A Utilização do Treinamento Funcional na Melhora das Capacidades Físicas, Força e Equilíbrio, no Idoso. 2012. CASSOL, Paulo B. A gerontologia interface o meio ambiente como estratégia no cuidado e promoção da saúde. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 6, n. 6 p. 1043-1048, 2012. GONCALVES, Robson; DE PAIVA, Andreia. Triuno – Neurobusiness e Qualidade de Vida. 1º ed. Brasil: Clube de Autores, 2017. GUIMARAES, Guilherme Veiga et al. Reabilitação física no transplante de coração. Rev Bras Med Esporte [online]. 2004. GUIMARÃES, L. B.; OLIVEIRA, R.; MORAES, A. Diagnose Ergonômica em Cozinha para Idosos. 2000. p.20-27. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Síntese e Indicadores Sociais. 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminim os/sinteseindicsociais2017/SIS_2017.pdf. Acesso em: 11/05/2021. FUNDAÇÃO LAR HARMONIA. Disponível em: http://www.larharmonia.org.br/a- fundacao/. Acesso em 21/06/2021. LEITÃO, Lúcia. Espaço do abrigo? Espaço do afeto! In: PROJETO DO LUGAR: COLABORAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA, ARQUITETURA E URBANISMO, 2002, Rio de Janeiro: Contra Capa, 2002. p. 365-369. MATSUDO, S. M. Avaliação do idoso: Física e Funcional. 2º ed. Londrina: Midiograf, 2004. MATSUDO, S. M. M. Envelhecimento e atividade física.Londrina: Midiograf, 2001. Matsudo, S.M.; Matsudo, V.K.; Neto, T.L.B. Impacto do envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física. Revista Brasileira de Ciências e Movimento, v.8, n.4, p.21-32, 2004. http://www.larharmonia.org.br/a-fundacao/ http://www.larharmonia.org.br/a-fundacao/ MAZINI FILHO, Mauro Lúcio et al. Análise da interferência da prática da hidroginástica no desempenho das AVD’s em indivíduos idosos. Revista digital. Buenos Aires. Junho, 2009. MILANEZE, G. L. S.; VAZIN, T. Acessibilidade em instituições de longa permanência para idosos (ILPI’s), com base na análise de instituições em criciúma – SC. In: ENCONTRO NACIONAL DE ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2016, Recife. Anais eletrônicos Recife: ENEAC, 2016. MILANEZE, Giovana Letícia Schindler. Contribuições para projetos de arquitetura das instituições de longa permanência para idosos (ILPI), com base na análise de instituições em Criciúma - SC. 2013. MORIGUTI, J.; LUCIF JR, N.; FERRIOLLI, E. Nutrição para idosos. São Paulo: Roca, 1998. NERI, Anita L. Desenvolvimento e Envelhecimento: perspectivas biológicas, psico- lógicas e sociológicas. 2. ed. São Paulo: Papirus, 2006. p. 11-35. QUEVEDO, A. M. F. Residências para Idosos: Critérios de Projetos. Rio Grande do Sul, 2002. Porto Alegre, 2002. REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2009. ROSA, T.E.C. et al. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Revista Saúde Pública 2003; 37(1):40-8. SANTARÉM, J. M. Musculação em todas as idades - 1ED - SP - editora Manole Ltda - 200 pág, 2007. SANTOS, Claudia Rodrigues de Souza. O idoso no Brasil: da velhice desamparada à velhice dos direitos? Rio de Janeiro: UCAM, 2007. THIBAUD, Jean-Paul. O Ambiente Sensorial das Cidades: Para uma abordagem de ambiências urbanas. In: Tassara, E. T. O; Rabinovich, E.P.; Guedes, M. C. (Eds.) Psicologia e Ambiente. São Paulo: Educ. 2004. VASCONCELOS, Renata Thaís Bomm. Humanização de ambientes hospitalares: características arquitetônicas responsáveis pela integração interior/exterior. 2004. VILELA, Renata S. Envelhecimento ativo: moradia para o idoso. 2016. Artigo (Bacharel em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Moura Lacerda, Centro Tecnológico, São Paulo, 2016.