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CADERNO DE COMPORTAMENTO DE AUTOPROTEÇÃO - 2022 (Salvo Automaticamente)

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Unidade I – Vitimização Policial
1.1 – Etimologia da Vitimização
A segurança pública exclusiva do Estado, Max Weber, pertence a ele, o monopólio do uso legítimo da força, 
Para Alves (2020), a violência legal ou legítima é prevista em lei e ocorre nos casos onde o ordenamento jurídico prevê como de direito o uso de determinadas formas de violência, para o controle da ordem pública e o cumprimento da lei.
 
Silveira (2018) afirma que os crimes de roubo, furto e homicídio são os crimes que ocorrem com maior frequência e por isso, são os que mais atormentam e afetam diretamente o cotidiano da população brasileira, tornando-a ou sendo eleita a tornar- se vítima.
 
Neste sentido a vitimização se materializa em traumas, lesões ou mortes 
Mas o que vem a ser vitimização? Para Haidar (2016), a discussão sobre a vitimologia tem origem no pós-Segunda Guerra Mundial, 
 
Segundo ainda Haidar, a vitimização, enquanto ação de tornar alguém vítima, ou, melhor, vitimar indivíduo ou grupo, é um fenômeno complexo.
 ‘
 Sá (1996) nos ensina que a vitimização é um 
processo, pelo qual alguém (que poderá ser uma pessoa, um grupo, um segmento da sociedade) torna-se ou é eleito a tornar-se um objeto-alvo da violência por parte de outrem (que pode ser uma pessoa, um grupo etc.).
Ainda para Haidar, entre aqueles que podem ser vítimas são os indivíduos isoladamente ou em grupo, minorias sociais e culturais etc.
 
1.2 – Tipos ou espécies de Vitimização
 a vitimização dividida em três ; primária, secundária e terciária.
A vitimização primária, decorre exatamente do fato típico, surgindo então, os resultados daquela ação. ordem física, psicológica e/ou material.
Nesta esteira, Haidar (2016 apud SÁ, 1996, pag. 17) diz que na realidade, a vitimização, como disposta acima, não raras às vezes, decorre de uma relação de cumplicidade, de complementaridade e alternância de papéis, ou seja, o criminoso e a vítima agem um sobre o outro inconscientemente.
A vitimização secundária, também chamada de sobrevitimização , decorre daquelas causadas pelas instâncias formais, as quais detém o controle sobre o âmbito social (Polícias, Ministério Público, Judiciário etc.), ou seja, é o produto entre a Vítima e o sistema jurídico penal. Neste sentido, não é dado a devida importância na resolução do conflito, em relação ao sofrimento da vítima.
Este tipo de vitimização, segundo Câmara (2008, p.90), gera o descontentamento e a desconfiança das vítimas em relação o sistema de justiça, aumentando assim, o índice da cifra negra ou oculta, a qual representa a criminalidade não registada.
 (
18
)
A vitimização terciária, neste tipo, para além do delito causado pelo agressor e da falta de assistência dispensada pelo sistema de justiça, figura como causadora, a sociedade na qual está inserida a vítima, inclusive pelo grupo familiar.
Para Oliveira (1999, p.33), este tipo decorre da pressão imposta à vítima pela sociedade. É neste ambiente em que a vítima achando que irá encontrar apoio e conforto, se depara com posturas diferentes a esperada, causando-lhe mais dor e sofrimento.
Diante da conceituação acima, podemos observar claramente, os três tipos de vitimização nos exemplos abaixo:
FATO 01 - “Uma pessoa andando na rua, com o seu celular na mão, é observada atentamente por outra pessoa, a qual percebendo a desatenção daquela, se propõem a cometer um delito. De maneira rápida, saca uma arma de fogo e anuncia o assalto. Surpreendida, a vítima adota uma postura inadequada e reage ao assalto, vindo a ser agredida fisicamente e verbalmente, e ainda, tendo-lhe sido subtraído seu celular.”
FATO 02 – “Após o assalto, a vítima auxiliada por outras pessoas, liga e pede ajuda à Polícia. Durante o atendimento, o policial ao invés de acolher aquela vítima, passa a apontar seus erros, dizendo-lhe que não deveria ter reagido e que aquela atitude, poderia ter-lhe custado a vida. Informa ainda, que não há muito o que fazer para ajudar e que esta deveria procurar atendimento médico e, em seguida, registar o fato na delegacia, pois, a Guarnição tinha coisa mais importante a fazer.”
FATO 03 – “Diante deste fato, a vítima então, resolve ir direto para sua residência, acreditando que seria auxiliada. No entanto, sua família e vizinhos, ao tomarem conhecimento do ocorrido, passam a criticar a atitude da vítima, a qual não deveria ter exposto o celular na rua e, ainda, que não deveria ter reagido ao assalto, sendo então, motivo de chacota e críticas.”
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1.3 – Definição de Vitimização Policial
O Brasil enfrenta um cenário delicado quando o assunto é segurança pública, 
neste sentido, a violência urbana no país é um dos aspectos que mais atingem a vida dos cidadãos. (Alves, 2020).
 a morte de policiais vem sendo estudada Minayo (2007), Bassalo (2019), Duarte (2019) têm estudos técnico-científicos, a redução desses eventos.
Nesta linha (ALVES apud Silveira, 2018) nos afirma que os crimes de roubo, furto e homicídio são os delitos que ocorrem com maior incidência 
 
Neste diapasão a Polícia Militar do Estado do Pará – PMPA, instituição que compõe a administração direita do Governo do Estado, tem por missão institucional servir e proteger as pessoas e o patrimônio no território paraense, através do policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública. (BRASIL, 1988).
 
Souza e Minayo (2005) verificaram que a vitimização dos policiais acompanhou o crescimento das ocorrências criminais, mostrando que há relação entre o aumento da criminalidade e a vitimização policial, mesmo que este agente de segurança pública não esteja de trabalho, isto é, o período de folga dos policiais não exclui o risco de vitimização fatal dos policiais que atuam no Brasil.
A vitimização dos agentes de segurança em suas folgas requer muita atenção, vez que ocorrem não só por agressões ou crimes violentos, mas também em acidentes de trânsito (MINAYO et al., 2007).
 
Recentemente a vitimização policial foi objeto de estudo do Anuário Brasileiro de Segurança Pública – 2020, sob o ponto de vista da Pandemia da Covid-19, visto que o policial, em especial, o militar, esteve na linha de frente em razão da natureza de sua profissão, numa prova inequívoca, de que o risco é polissêmico.
 (MINAYO afirma que a “vitimização se materializa em traumas, lesões ou mortes ocorridas na defrontação da criminalidade e na manutenção da ordem pública”.
Considerando a falta de um conceito específico, Bassalo (2019) defini “vitimização policial como sendo um fenômeno social que incide sobre o policial pela sua mera condição de agente público responsável pelo cumprimento da lei e que se manifesta de diferentes formas, causando sofrimento psicológico, ferimentos ou a morte”.
1.4 – A lógica do “Super-homem”
 
A lógica do “Super-homem”2 nos remete a ideia de que o policial militar seria aquele agente do estado que no exercício de sua atividade, encontra-se com armamento, viatura e equipamentos, em companhia de uma fração de tropa, a qual exerce a sua atividade fim em um território delimitado. A sua demonstração de força vai desde a presença física até o uso da arma de fogo, nos casos em que for necessário.
Esta construção social, em certa medida, causa nos policiais uma sensação falsa de “superpoderes”, em razão da supremacia de força apresentada, trazendo uma percepção equivocada e com isso, aumentando a sua vulnerabilidade, devido a exposição demasiada ao perigo, tornando-se vítima de si mesmo.
1.5 – A síndrome da “Kriptonita”
 
 
 ideia inversa à lógica do “Super-homem”, a síndrome da “Kriptonita”3 busca demonstrar que o policial na sua folga se encontra sozinho, sem o equipamento de proteção individual (colete), portando a sua arma de fogo de forma “velada” e, em muitos casos, morando em área de risco, o qual aumenta a possibilidade de vitimização.
 
Unidade II – O risco como variável social.
2.1. Definições de Risco
 
“Uma bomba atômica por ano”. “termo” utilizado por Lima e Bueno (2017) 61,5 mil assassinatos ocorridos em 2016 no País. O mesmo numero que dizimoua cidade de Nagazaki, em 1945 no Japão.
 
A palavra risco assume diversas formas, podendo ser definida como palavra ou como significado. Mello (2014) argumenta que vivenciamos uma prudência contínua e ininterrupta contra todos os tipos de riscos, notadamente aqueles causados pela tecnologia e pelos estilos de vida moderna.
 Adams (2009), Aerosa (2009), Douglas e Wildavsky (1982) afirmam que o risco, é uma construção cultural, portanto é relativo. 
Nesta linha de raciocínio contribui Minayo, Souza e Constantino (2007):
Os estudiosos que avaliam risco apontam que as situações englobadas por essa noção não podem ser consideradas apenas como processos objetivos e redutíveis a análises quantitativas, uma vez que fatores culturais afetam o julgamento dos indivíduos sobre ocorrências arriscadas. (MINAYO, SOUZA E CONSTANTINO 2007, P. 2)
Os múltiplos olhares sobre o risco nos remetem a uma reflexão sobre o binômio Possibilidade x Realidade, tendo a incerteza como elemento transversal as definições sobre o tema. Ao encontro dessa reflexão corrobora Douglas e Wildavsky (1982, p. 4) “como não existe uma única concepção correta de risco, não há uma maneira de fazer com que todos os demais o aceitem”.
 
2.2. Tipos de risco
Delimitar o conceito e a extensão do significado da palavra “risco” constitui-se em uma complexa e árdua tarefa pois “seus limites e fronteiras são ambíguos, visto que sua noção se converte em múltiplos significados e conotações sociais” (AREOSA, 2008, p.1).
Compartilham desta ideia Douglas e Wildavsky (1982, p. 4) quando afirmam que “como não existe uma única concepção correta de risco, não há uma maneira de fazer com que todos os demais o aceitem”.
Mello (2014, p. 1) acrescenta ““risco” é polissêmico e admite muitos entendimentos enquanto palavras e muitas representações enquanto conceito. Além disso, pode ser trabalhado ao nível individual ou percebido por toda uma sociedade.”
Neste sentido o pesquisador, identificou nos policiais militares da Polícia Militar do Pará (PMPA) diferentes percepções do termo, dividindo-o em quatro categorias que abrangem: Risco Físico, Voluntário, Jurídico e Social.
 
a) Risco Físico: Se refere ao risco de o policial sofrer lesões, traumas e mortes, 
Ex: Acidente com VTR.
 
b) Risco Voluntário: Está ligado diretamente à escolha e ao gosto voluntário pela submissão ao risco.
Ex: Escolha de uma profissão 
d) Risco Jurídico: Está relacionada às questões administrativas e jurídicas oriundas de decisões erradas, sejam elas tomadas de forma individual ou em obediência às ordens superiores; 
e) Risco Social: Esculpido sob o conceito de estigma de Erving Goffmann (1988), que se refere aos perigos advindos da própria escolha profissional que, por si só, já é um risco (MINAYO, 2013).
 
2.3. Diferenças entre risco e perigo
 
 “perigo” é definido como uma ameaça totalmente imprevisível, incerta, arbitrária e permanente, isto é, como um elemento de caos e indeterminação, é uma possibilidade extrema de conceber essa ameaça.
 
O conceito de “risco” está situado numa zona onde a ameaça aleatória pode ser “domesticada” (Granjo, 2006).
Em outras palavras, o “risco” seria uma tentativa de atribuir uma ordem compreensível ao aleatório e a controlá-lo através da ação humana.
 o “risco”, ao tentar domesticar a ameaça, assume três vertentes complementares: 
a) uma manipulação quantitativa que pretende torná-la conhecida;
 b) uma tentativa da sua previsão probabilística; e 
c) uma presunção de controle sobre o aleatório.
O autor alerta que tal conceito não exclui que se possa pensar e agir de 
“A noção probabilística de “risco” pode criar novos perigos, devido a falsa sensação de controle sobre o aleatório e às atitudes temerárias que induz e legitima”. (Ganjo, 2006, p.1176).
Num mundo cada vez mais complexo, os riscos para a saúde parecem estar presentes em todo o lado e representam uma constante ameaça para as pessoas.
 . 
2.4. Exposições
Coube a NIKLAS LUHMAN (1991) o mérito de ter tentado uma primeira aproximação sistemática do problema do “risco” no campo da sociologia, no livro a “A sociedade do risco”.
 . Para ele, 
 RISCOS são aqueles cujos possíveis danos são consequências da própria decisão, isto é, são danos hipotético s em consequência da própria ação.
 PERIGO relaciona-se aos danos ou perdas com causas fora do controle, ou seja, são danos hipotéticos causados pela ação dos outros, da natureza ou de outras causas fora do próprio controle.
Ex 01: Quem fuma assume o RISCO de morrer de câncer, mas para os outros, o câncer continua sendo um perigo (Luhmann, p. 148).
Ex 02: Quem dirige em alta velocidade, assume o risco de morrer em um acidente automobilístico e é um PERIGO para os pedestres e outros motoristas.
Desta forma, um mesmo evento pode ser visto como um RISCO para um e, um
PERIGO para o outro.
Unidade III –Reações psicofisiológicas ao perigo.
3.1. O cérebro e as estratégias de sobrevivência
 reação de estresse agudo, que foi descrita pelo fisiologista Walter Bradford Cannon em 1927.
 resumidamente nas reações de LUTAR ou FUGIR.4
 
Vale destacar a importância do “medo” e sua importância enquanto aliado para a manutenção da vida, contudo, ter cuidado na administração do “excesso de medo” ou seu descontrole, o pânico, que pode tornar o sujeito incapaz de agir a partir de decisões acertadas e técnicas bem treinadas.
 
3.2. Resposta a situações de risco (ter conhecimento do que fazer)
As respostas às situações de risco são relativas ao trabalho prévio que o operador deverá desenvolver. São atividades eminentemente ligadas à profissão policial,
caracterizando-se por serem habilidades treinadas. Intangíveis, tais como: espírito de corpo,
sentimento do dever, correção de atitudes individuais e coletiva. São adquiridas na fase de formação ou treinamentos específicos
Através de treinamentos, realizados de forma técnica e responsável, 
“fantasias operacionais”, sem lastro técnico adequado.
 treinos básicos em estandes de tiro, utilização do airsoft, simunition, cenários envolvendo veículos, (APH Tático), dentre outros.
Uma das ferramentas fundamentais de treinamento é a criação de cenários mentais, que é entendida como um dos trabalhos prévios e fundamentais para subsidiar respostas pré-estabelecidas a cenários possíveis de crise.
 
 (
COMO
 
FUNCIONA?
1
2
3
CRIE
 
UM
 
PROBLEMA
SE
 
TRANSPORTE
 
PARA
 
ESSE
 
CENÁRIO
ACHE
 
ALTERNATIVAS
 
E
 
FAÇA
 
OS
 
TESTES
)
3.3. 
 
Unidade IV – Condicionamento e Habilidades Motoras
4.1. 
4.1.1 O Estresse de Combate
 
O policial, sendo um ser humano, não está imune a estas reações, mas com a desvantagem de não poder cometer erros, pois ele tem a “obrigação” de atuar com total controle sob qualquer situação, não podendo empregar força superior àquela exclusivamente necessária para controlar o seu agressor, sendo uma coisa para a qual não estamos fisicamente, biologicamente, psicologicamente, evolutivamente e mentalmente preparados. De modo geral, podemos dizer que existem duas classes de formas de pensar.
O Dr. Seymour Epstein (1998, p.51) classifica-os como Pensamento Racional (baixa estimulação) e Pensamento Intuitivo (alta estimulação).
O pensamento racional se apresenta quando não existe uma ameaça imediata, onde o indivíduo encontra-se submetido a estados de baixa estimulação. Neste estado, há tempo suficiente para pensar a solução adequada. 
O padrão de pensamento segue um método dedutivo, desenvolvendo-se passo a passo, e que pode ser facilmente explicado a outras pessoas. É, por exemplo, o tipo de pensamento que apresenta o policial em situações normais.
O pensamento intuitivo se apresenta quando é percebida uma ameaça e o sujeito encontra-se afetado pela liberação hormonal que foi induzida por um estado de alta estimulação.
 .....................................................................................
No que se refere ao estresse de combate, podemos estudar doisfatores: o psicológico e o fisiológico.
O fator psicológico é o que domina o medo, o desejo de viver e a preparação do sujeito passivo da agressão. 
Se passar primeiro pelo eustresse (estresse positivo) será um bom momento para iniciar a defesa, mas se entrar em distresse (estresse negativo) será quase impossível realizar uma defesa eficaz, pois perderá o controle do corpo e de suas reações. 
Quando entra em jogo a fisiologia, fator que não é dominado pelo sujeito, são produzidas diversas reações automáticas no corpo humano.
O corpo, segrega diversos hormônios, como, por exemplo, o cortisol , a adrenalina e a noradrenalina. respectivamente epinefrina e noraepinefrina
 Em tudo isto atuam o Sistema Nervoso Simpático e o Sistema Nervoso Parassimpático.
Sistema Nervoso Simpático nos prepara para o ataque ou a defesa inesperada, estimula as glândulas suprarrenais, dilata as pupilas, aumenta o ritmo cardíaco, fornece força e diminui as contrações estomacais 
O Sistema Nervoso Parassimpático - devolve a “calma” ao organismo, ou seja, a situação de repouso ou tranquilidade.
 
O cortisol também é denominado de hidrocortisona e é um hormônio esteroide, sendo a sua função aumentar a pressão arterial e encher a corrente sanguínea de glicose (a glicose é energia e fornece capacidade de resistência).
 
4.1.2 Reações ao Estresse de Combate
 mais conhecido como “Shell Shock”, podem ser divididas em primárias e secundárias. O primário é a percepção de uma ameaça externa que possa trazer risco à vida, . Os secundários são aqueles que fazem sua aparição quando se reduzem os recursos pessoais, diminuindo a capacidade para enfrentar de maneira efetiva a desorganização dos fatores psicológicos 
 
 
4.1.3 - O Estresse de Sobrevivência
A atividade policial está fortemente vinculada ao estresse, por duas razões fundamentais: primeiro, o policial desenvolve sua profissão e seu labor em um ambiente de muitos conflitos e riscos, 
 segundo, as ferramentas de trabalho do policial (arma de fogo e o bastão policial) geram ou adicionam um risco em suas utilizações que podem ser considerados como fatores de estresse.
Os principais fatores de risco aos quais um policial deve enfrentar em uma situação crítica, que possa ocorrer em uma determinada intervenção policial, são as consequências e os efeitos que são produzidos a nível fisiológico, cognitivo e comportamental, em consequência da ativação corporal produzida pelo estresse.
 .
O neocórtex nos permite traçar estratégias elaboradas graças a algo que é conhecido como o Ciclo OODA5 
 a amígdala se encarrega de enviar as ordens ao corpo preparando-o para uma possível ação física violenta.
 
A amígdala funciona como um disparador de respostas de emergência, que tarda menos a reagir aos estímulos que se apresentam, já que tem uma versão própria do ciclo OODA que dura aproximadamente 0,20 segundos.
 
Apesar de existirem outras variáveis que podem desencadear a reação de sobrevivência, existem alguns elementos fundamentais que possuem um impacto imediato no seu grau de ativação. São eles (GROSSMAN, 2004, p. 5):
· A surpresa do ataque;
· O nível de exposição violenta do agressor;
· A intenção humana por trás da ameaça;
· O nível de ameaça percebida (do risco de ferimento até a possibilidade de morte);
· O tempo disponível para reagir;
· O nível de confiança no treinamento e nas habilidades pessoais;
· O nível de experiência no trato com ameaças específicas;
· A responsabilidade pela própria segurança e
· O grau de esforço físico combinado com a ansiedade.
4.2. Os 4 “Rs” do treinamento eficaz em autoproteção
4.3. (Realismo, 
4.4. Repetição, 
4.5. Revisão de performance e 
4.6. Responsabilidade).
Real com repe e revi com responsailidades
O objetivo principal do Treinamento de Autoproteção é prepará-los para lidar com situações extremas, de vida ou morte, em que precisem tomar decisões em frações de segundos: “É MELHOR PERFORMAR RASOAVELMENTE BEM SOB CIRCUNSTÂNCIAS EXTREMAS DO QUE EXTREMAMENTE BEM EM CIRCUNSTÂNCIAS RAZOÁVEIS”. (ARTWHOL e CHRISTENSEN, 1997).
 
a) Realismo
O Treinamento de tiro em um stand controlado/monitorado, seguindo os protocolos de segurança, nunca representou nem de longe a dura realidade de um confronto armado real, 
Assim, o primeiro “R” diz respeito ao realismo necessário nesse tipo de treinamento e dois elementos básicos devem compor esse tópico: dinamismo e estresse suficientes para criar e induzir o estado de alerta e memória muscular necessários neste tipo de cenário. 
Lembre-se sempre da máxima: “suor no treinamento, poupa sangue no combate”. 
b) Repetição
Esse aspecto diz respeito a busca de performances de respostas mais eficazes aos casos de risco eminente, para que o conhecimento de técnicas e cenários diversos atue de forma, quase que automática, a identificar em que ponto o risco se encontra no momento do confronto.
 .
c) Revisão de Performance
O terceiro “R” trata sobre como revisar procedimentos e protocolos para entender as respostas em casos de ameaça, pois se você não recebe feedback de como está sendo sua performance, você não tem como saber se está no caminho certo. Quanto mais realista o feedback, melhor será a possibilidade de corrigir erros. Ex, “ESTUDO DE CASOS”. 
d) Responsabilidade
O último “R” trata sobre as consequências de se envolver em um confronto armado. Não estar no exercício da atividade, não significa estar livre de outros riscos, como o jurídico por exemplo.
Em um cenário em que o policial está de folga com a família no seu carro e sofre uma tentativa de assalto a mão armada, é recomendável confrontar? (um questionamento para instigar o raciocínio crítico).
Em casos de confronto armado você SEMPRE será responsável pelo resultado
/ consequências posteriores (um familiar ou um inocente ferido).
Nesse contexto a responsabilidade de estar treinado e preparado, está solidificada em 3 pilares básicos:
a) Responsabilidade social/jurídica: Você será julgado por seus atos, estejam eles certos ou errados;
b) Responsabilidade corporativa: Você representa a polícia sob qualquer condição, portanto, sua Corporação também tem a responsabilidade de lhe treinar para condições adversas);
c) Responsabilidade pessoal: Quando estiver em uma condição de confronto, é só você e seu treinamento, não subestime a capacidade de sobrevivência do seu agressor, e lembre-se, existe a forte possibilidade de não haver outra chance de se preparar melhor.
4.7. Cultura Policial e “Suspeição”, uma habilidade treinada
 
Suspeição
Outro intangível aprendido e treinado durante a fase de formação (que é desenvolvido ao longo da carreira), é a atitude de suspeição constante, que não pode ser “desligada” instantaneamente.
Essa habilidade treinada é a capacidade de “ler” pessoas, ambientes e situações que possam indicar algum tipo de exposição as diversas formas de risco.
Diz respeito ao nível de atenção (ESTADO DE PRONTIDÃO) com que vivenciamos o ambiente a nossa volta.
É capacidade de LER as pessoas e as situações e de antecipar os acontecimentos.
 
Unidade V – Consequências psicológicas em exposição ao perigo
5.1. Hipervigilância
É inegável a importância de estarmos vigilantes nos mais diversos cenários, 
Uma das manifestações resultantes da “descalibragem” deste estado de alerta é a Hipervigilância. Podemos caracterizá-la como uma preocupação exagerada, que gera ativações constantes no sistema nervoso, fazendo com que simples estímulos ambientas gerem sintomas característicos dos quadros de distúrbios de ansiedade, como veremos mais adiante. 
5.2. O uso de protocolos para controlar o estado de alerta (Código de Cores; Ciclo OODA) Fuzileiro Naval, jornalista e escritor americano Jeff Cooper, merece nosso destaque
pelo desenvolvimento de um “CÓDIGO DE CORES”
 
 consiste em quatro cores 
a) BRANCO (relaxado e desatento) é o estado adequado às situações em que o sujeito está em ambiente seguro e controlado, a exemplo das atividades domésticas e de lazer, com chances mínimas de exposição a perigos 
b) AMARELO(relaxado e atento) se refere ao que recomendamos como condição mínima para o operador de segurança pública transitar nos espaços públicos e demais espaços 
onde seja necessário que esteja em condições de identificar sinais de exposição ao perigo;
c) LARANJA (possível situação ameaçadora identificada) quando filtrado no ambiente elementos potencialmente ameaçadores e se faça necessário que a atenção do operador se volte para o contexto dessa situação, procurando as soluções mais eficazes para administrar o cenário;
d) VERMELHO (situação de ameaça confirmada) é o momento de colocar seus planos previamente trabalhados em ação, de forma a ter os resultados esperados, e de forma amplamente aceitável.
 (
CONDIÇÃO
NÍVEL
 
DO
 
ESTADO
 
DE
 
ALERTA
 
(PRONTIDÃO)
BRANCA
DESATENTO
AMARELA
ATENTO
 
MAS
 
RELAXADO
LARANJA
FOCO
 
DIRECIONADO.
 
EXISTE
 
UMA
 
POSSÍVEL
 
AMEAÇA
VERMELHA
PERIGO
 
CONFIRMADO
)
 
· Condição Branca: inconsciente e despreparado. Se atacado em condição branca, a única coisa que pode salvá-lo é a inadequação ou inépcia de seu atacante. Quando confrontado por algo desagradável, sua reação provavelmente será: "Oh meu Deus! Isso não pode estar acontecendo comigo."
	
	
	
	
	CONDIÇÃO
	NÍVEL DO ESTADO DE ALERTA (PRONTIDÃO)
	
	BRANCA
	
DESATENTO
· Condição Amarela: alerta relaxado. Nenhuma situação de ameaça específica. Sua mentalidade é que "hoje pode ser o dia em que terei que me defender". 
Em amarelo, você está "absorvendo" informações ao redor de uma maneira relaxada, mas alerta, como uma varredura de radar contínua de 360 graus. Como disse Cooper, "talvez eu tenha que atirar".
	CONDIÇÃO
	NÍVEL DO ESTADO DE ALERTA (PRONTIDÃO)
	
	
	AMARELA
	
ATENTO MAS RELAXADO
· Condição Laranja: alerta específico. Algo não está certo e chamou sua atenção. Seu "radar" detectou um alerta específico. Você muda seu foco principal para determinar se há uma ameaça (mas não abandona a posição de seis horas).
 .
	CONDIÇÃO
	NÍVEL DO ESTADO DE ALERTA (PRONTIDÃO)
	LARANJA
	FOCO DIRECIONADO. EXISTE UMA POSSÍVEL AMEAÇA
· Condição Vermelha: Condição Vermelha é LUTA. Seu gatilho mental (estabelecido na Condição Laranja) foi acionado. "Se 'X' acontecer, eu atiro naquela pessoa" - 'X' aconteceu, a luta começou.
	CONDIÇÃO
	NÍVEL DO ESTADO DE ALERTA (PRONTIDÃO)
	VERMELHA
	PERIGO CONFIRMADO
 (
Observar
) (
Agir
) (
Orientar
) (
Decidir
)Outro protocolo também importante que recomendamos para o treinamento diz respeito ao ciclo OBSERVAR, ORIENTAR, DECIDIR e AGIR, mais conhecido como ciclo O.O.D.A.
 
5.3. Efeitos a longo prazo da hípervigilância
 
Este estado costuma ser frequente também em sujeitos que desenvolveram Transtorno do Estresse Pós-traumático – TEPT e torna-se prudente procurar ajuda profissional para auxílio de tratamento.
 
5.4. Vitimização - a natureza da vítima (meios, motivação e oportunidade)
 
Para tal, é importante observar algumas recomendações como:
 
a) Evitar ostentar bens que gerem cobiça e sejam de fácil acesso e transporte;
b) Se portar de forma desatenta de forma a demonstrar e potencializar sua vulnerabilidade;
c) Selecionar melhor os ambientes que frequenta, bem como o tipo de companhia;
d) Considerar que o policial, pela natureza do que representa, é um tipo de vítima especial que requer cuidados diferenciados e uma ação com nível de tensão altíssimo;
e) Estar atento as características da arquitetura urbana que evitem ou favorecem as ações delituosas (visibilidade, iluminação, controles de acesso, vigilância natural...);
f) Controlar os acessos, inspecionando entradas e saídas;
g) Estar atento a atitudes suspeitas ou algo fora da rotina do ambiente;
h) Fomentar e interagir com as redes comunitárias de segurança;
i) Procurar conhecer e compreender o modus operandis das ações delituosas nos lugares onde circula;
j) Evitar envolver-se em conflitos desnecessários e/ou por motivo fútil;
l) Ajustar o nível de alerta quando em situações que aumentam a vulnerabilidade (entrar e sair do carro/casa, paradas em sinal de trânsito, utilização de transporte público, etc);
m) Orientar seus familiares em relação a seus protocolos de segurança definidos;
n) procurar, sempre que possível, manter-se em posição tática privilegiada de forma a viabilizar seu controle visual do ambiente, bem como aumentar suas possibilidades de respostas;
o) Quando em folga, privilegiar a discrição; dentre outras.
 
Unidade VI – A realidade da Autoproteção
 
6.1. Seleção de Equipamentos (conceito de EDC voltado a Autoproteção)
“Every Day Carry” termo em inglês que se refere a um kit de ferramentas ou equipamentos e suprimentos de uso diário, os quais são portados por uma pessoa para auxilio imediato em situações que vão desde o uso cotidiano, até um evento crítico, como um acidente de carro, ou mesmo um confronto armado.
O termo EDC, foi cunhado nos Estados Unidos da América, por veteranos das Forças Armadas que mesmo após baixa de suas respectivas corporações, mantiveram a filosofia de preparação para cenários adversos, isso é tão presente na cultura americana que os chamados “EDC KITS” são utilizados pelos mais variados profissionais que não necessariamente sejam ligados a atividade de segurança. 
Exemplos de itens que podem ser incluídos em um EDC ou GO BAG